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ASSOCIAÇÃO SANTA TERESINHA DE MOSSORÓ

FACULDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO NORTE -FCRN


CNPJ: 32.168.938/0001-01 – Praça Dom João Costa, 511 – Bairro Santo Antônio
59.611-120 – Mossoró/RN – (84) 3318-7648
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LAILA DE MELO CORDEIRO

RAYNAN SILVA DOS SANTOS

SÂMELA ESTER FRANÇA

ATIVIDADE AVALIATIVA

Atividade para fins didáticos, feito como


critério de avaliação parcial da disciplina
de Teorias e Técnicas: Humanistas e
Fenomenológicas, ministrada pela
Professora Gessica Raquel Rodrigues.

MOSSORÓ/RN
2020
Essa resenha irá expressar nossas opiniões sobre o livro “Dibs: Em busca de si
mesmo”, escrito pela autora Virgínia Mae Axline e traduzido por Célia Soares
Linhares, a edição a qual lemos foi a Nº 9.
Dibs em busca de si mesmo é um livro que retrata a história de um menino que
devido a péssimas experiências familiares, ele teve de partir em uma jornada em
busca de si mesmo, para se desenvolver como criança e ser humano. Com a ajuda de
sua psicóloga, que narra a história desse garotinho de apenas 6 anos de idade, ele
percorre um longo caminho junto de sua família, para melhorar sua convivência com
o mundo e expressar de forma mais aberta e espontânea, suas vontades e emoções. 
A estrutura do livro se divide em prólogo, introdução, vinte e quatro capítulos
e epílogo. O texto, se desenvolve a partir da vivência da própria autora como
psicóloga do jovem Dibs, no qual ela discorre, sessão por sessão, o desenvolvimento
do jovem, ela inclui também as reuniões que tem com a mãe dele e com suas
professoras e o epílogo consiste na autora comentando sobre o quão importante a
história de Dibs é para qualquer um que se encontre em uma busca por si mesmo,
incluindo uma carta de um dos ex-alunos de Virgínia, reforçando sua fala. 
O livro inicia-se com o relato do comportamento de Dibs, o qual recusava-se ir
para casa, ação essa que sempre repetia. Dibs frequentava a escola há dois anos e os
professores tentavam desenvolver um vínculo com ele, entretanto eram tentativas
frustradas. Os professores desconfiavam de que poderia haver algum atraso, com tudo
o garoto despertava curiosidade e questionamentos por diversos motivos, como por
exemplo quando agia como se conseguisse ler. A equipe pedagógica por não saber
mais como ajudar o garoto e sentir que já não eram o suficiente para contribuir com o
desenvolvimento do mesmo, pois sempre que falavam com sua mãe, a mesma pedia
para dar mais tempo ao garoto e Dibs já havia passado pela psicóloga e pediatra da
escola e nenhum resultado pôde ser observado. Então, Miss A. foi convidada pelos
professores para participar de uma reunião, na qual o foco é Dibs, foi quando ela
começou a conhecer um pouco sobre o garoto e percebeu o quanto ele havia cativado
o interesse do corpo estudantil com sua atitude peculiar, no qual era notável que,
apesar do distanciamento físico, ele estava atento a tudo que ocorria. Decidiu, assim,
que deveria conhecer Dibs em sua escola e caso tudo ocorresse bem, entraria em
contato com seus pais em busca da permissão para vê-lo em sessões semanais de
ludoterapia no Centro de Orientação Infantil. 
Miss A. solicitou aos professores para participar de uma aula, para assim
observar o comportamento de Dibs em sala de aula e, assim, lhe foi concedido. Em
sala era nítido ver como ele era extremamente reservado e evitava contato com as
pessoas ao seu redor de todas as formas, mas ao mesmo tempo era possível observar
que estava atento ao que acontecia a sua volta e participava, mesmo distante, a sua
maneira, como quando contavam histórias e ele as escutava embaixo da mesa. Nada
chamava sua atenção por muito tempo, de forma que mudava de foco rapidamente,
menos quando pegava um livro, ali permanecia concentrado, parecia saber ler, apesar
de ser algo duvidoso, tendo em vista sua desenvoltura em sala e sua idade, ele
também apresentava, aparentemente, um atraso na mobilidade em relação às outras
crianças.
 A psicóloga decidiu, então, fazer uso momentâneo da sala de ludoterapia com
Dibs, ela se surpreende por ele ter aceitado ir mesmo demonstrando insegurança. Ao
chegarem lá, ela avisou que estariam naquela sala por uma hora e que era livre para
escolher e fazer o que desejasse, Dibs não a olhava, e quando fazia logo desviava,
passeou pela sala analisando, era notável que murmurava, assim como fez no caminho
até lá, indagava-se a nomenclatura dos objetivos e posteriormente dava resposta na
terceira pessoa para si mesmo, algo interessante aconteceu naquela sala, quando ele
deparou-se com uma casa de brinquedo e externou que não gostava de portas
trancadas, paredes, que denunciava vivências passadas. 
Após esse encontro, Miss A. decide entrar em contato com a mãe de Dibs para
obter sua autorização, a fim de realizar a ludoterapia com a criança, assim, a mãe a
convida em sua casa para tomar chá, a visita consistia em esclarecer sobre o processo
de terapia e entregar os documentos que deveriam ser assinados pelos pais, é
importante ressaltar algumas observações feitas, a casa era um ambiente triste e a
psicóloga comenta ser uma família acorrentada emocionalmente, há também a fala da
mãe em relação a seu filho, que expõe um pouco do lugar que ela o coloca, ela fala
que não espera uma melhora de seu quadro e que Miss A. pode fazer estudos com ele,
para o bem da ciência e uma forma de poder ajudar outras crianças, é muito incômodo
a forma que refere-se a criança, chega a ser desumana e descaracterizada, parece estar
falando de um objeto estático e não de uma pessoa, muito menos seu filho.
Após uma longa demora por parte dos pais de Dibs, inicia-se então a jornada
de Dibs em busca de si, Miss A. finalmente havia recebido a permissão necessária
para iniciar as sessões de ludoterapia com Dibs e pontualmente ele foi deixado na
recepção por sua mãe, que o informou que voltaria uma hora depois para buscá-lo ali
mesmo. Ao avistar a psicóloga Dibs toma a iniciativa de pegar sua mão e a
acompanha para a sala de brinquedos, ao entrar na sala ele novamente começa a
indagar sobre todos os objetos que visualiza e em seguida responde a própria
pergunta. Miss A. nota que ele não havia tirado o casaco e o chapéu e o questiona
sobre isso, ele afirma que gostaria de tirá-los, porém não mostra iniciativa alguma de
que iria fazê-lo, logo fica claro para ela que o desejo de Dibs era que a mesma o
auxiliasse na retirada de seus acessórios.
 Após o debate do agasalho, Dibs se direciona para as tintas que ali estavam
expostas e começa a organizá-las de acordo com as cores do espectro, depois ele as
analisa mais de perto, chegando a ler seus rótulos em voz alta, se direciona então para
uma caixa de lápis de cor e então, ao ler o nome escrito na caixa, inicia um registro de
cada uma das cores dos lápis, escrevendo-as em uma folha de papel, fazendo um arco
de cores. Com base nas observações feitas por ela, havia se tornado claro que Dibs
não era retardado mental e que as esperanças de suas professoras eram de fato
coerentes. Porém Virgínia tentou se abster em apenas replicar fatos para ele, não
queria direcionar suas atividades ou influenciá-lo para desvirtuar sua personalidade.
As outras atividades que interessaram Dibs foi a caixa de areia, porém ao entrar nela,
ele ficou desconfortável com a textura da areia e com blocos de empilhar. Ao final da
sua hora, Dibs se mostrou resistente e faz um escândalo para voltar para casa com a
mãe.
Na segunda sessão Dibs solicitou novamente ajuda para retirar o casaco e o
chapéu, porém os pendurou na porta sozinho, como Miss A. havia o instruído na
última sessão. O mais curioso nessa sessão é como Dibs se dirige para a caixa de areia
e retira seus sapatos sem ajuda alguma, além de demonstrar o alto nível de seu
vocabulário e um desenvolvido conhecimento matemático, além de curiosamente
desenhar fechaduras nas portas da casinha de bonecas, trancando todas as suas portas
e janelas e em uma de suas brincadeiras ele enterra vários soldados de brinquedo. 
Mais tarde na sessão Dibs decide fazer um desenho para Miss A., no qual ele
desenha uma casa para ela, porém antes de entregá-lo, ele adiciona uma fechadura na
porta, grades nas janelas e em uma das janelas, pintada de um amarelo vibrante, ele
acrescentou um jarro com flores vermelhas, afirmando que aquele era o quarto de
brinquedos. Com a chegada do fim da sessão, Dibs iniciou uma série de desculpas
para continuar na sala com a terapeuta, porém a mesma explicou-lhe que eles teriam
apenas aquela hora semanal e quando a mesma terminasse, ele teria de ir, mesmo se
não quisesse. Antes de sair segurou a placa da sala e dando tapinhas nela, disse,
“Nossa sala de brinquedos” e foi embora sem reclamar com a mãe.
No terceiro encontro com Dibs no Centro, ele tira por iniciativa própria o
casaco e o chapéu, pendurando-os na porta. Uma das observações que a psicóloga faz
é de como o comportamento de Dibs oscila entre uma bebê que necessita de auxílio e
atenção e um alto nível de inteligência. Noto que nessa sessão, ele muda a forma
como se refere a si e às suas ações, colocando-as agora em primeira pessoa. Além
disso, novamente enterra os soldados, dizendo que estavam mortos e após uma
elaborada brincadeira na caixa de areia ele enterra 3 soldadinhos, após fazer uma
montanha de areia sobre eles, coloca um patinho no topo e antes de ir embora, pede
para Miss A. não deixar ninguém desfazer sua montanha, deixando-a como está.
Na semana seguinte ao chegar na sala, Dibs percebeu que a mesma não estava
como ele havia deixado na sessão anterior, o garoto observava e questionava Miss A.
o porquê de vários objetos não estarem como ele havia deixou. Dibs então, estava
com raiva e desapontado, Miss A. tentava trabalhar com o garoto nesse momento
questões de superação. Pouco depois Dibs pegou um lápis e começou a cavar na caixa
de areia, quebrou a ponta do lápis, então, Miss A. saiu da sala para apontá-lo,
enquanto ela saia, Dibs continuava sendo observado por uma equipe, na qual se
encontrava em um quarto escuro, dividido por um vidro de visão única. Enquanto
Miss A. não voltava, Dibs escava na caixa de areia, atrás de encontrar o soldado que
ele havia enterrado na semana passada, após encontrar, o enterrou de novo, de cabeça
para baixo, limpou as mãos e sorriu. Dibs é um menino bastante curioso, e abriu todas
as portas dos armários que haviam na sala de brinquedos, em busca de conhecer o que
teria lá dentro, porém, encontravam-se vazias. Dibs não escondia o quanto se sentia
feliz por estar naquela sala, contava os dias em que faltava para a chegada da quinta-
feira. Ele desenterrou o soldadinho novamente e o observou, identificando-o como o
seu pai, o garoto o espancou, socou e o levantava para poder derrubá-lo novamente.
Dibs voltava a remeter sobre seu cronograma semanal, até chegar o dia feliz em que
iria para a sala de brinquedos. O pai de Dibs que foi buscá-lo dessa vez, o garoto
tentava conversar com o seu pai, porém, era ordenado de forma grosseira para que
ficasse calado.   
No dia seguinte a mãe Dibs telefona para Miss A. solicitando um encontro, no
qual ela parece abalada emocionalmente e desabafa relatando sua história familiar e o
contexto em que sua família situa-se, mencionando como tudo mudou desde a
chegada de Dibs em suas vidas, que desistiu de sua carreira, seu casamento havia
mudado, haviam se afastado de amigos e tudo por causa da criança e a vergonha que
seu modo de ser lhe trazia, ela deposita nele toda essa culpa, relata também sobre
acontecimento da noite anterior, onde o pai refere-se ao garoto de forma ofensiva e
este fala que o odeia, o que levou o pai a trancá-lo em seu quarto e por final perceber
junto a mãe como haviam falhados e como não eram perfeitos.
No encontro com Dibs, após a esclarecedora reunião com sua mãe, Miss A.
pode ter uma maior compreensão sobre ele e sua família, nessa sessão ele enterrou as
paredes e portas da casa de bonecas, dizendo que tinha se livrado delas. Entre diversas
brincadeiras, Bibs decide cantar para a terapeuta, porém a letra proferida por Dibs era
de ódio e violência em relação às portas e a quem as trancava e ao final, sobre como
ele desejava ser livre. Antes de partir, ele conta para a psicóloga que depois dali ele e
a irmã irão tomar vacina e expressa como ficaria feliz em vê-la sofrer e chorar de dor
com a injeção, que se isso acontecesse, ele ficaria muito feliz.
A sexta sessão atraiu meu foco ao fato de que ao enterrar o boneco, que Dibs
nomeou de papai, ele o enterrou sobre uma grande montanha de areia, para que o
mesmo não pudesse fugir. Já sétima sessão, Dibs constrói uma cidade e conta para
Miss A. uma história sobre a árvore próxima a janela de seu quarto, que ela cresceu
muito e um dos galhos se estava tão próximo de sua janela que ele podia tocá-lo,
porém o pai mandou cortar a árvore, mesmo com os protestos de Dibs e ao descobrir
que Dibs tentava alcançar o galho de sua janela, ele também instalou grades nas
janelas dos quartos de Dibs e sua irmã, mas Jake (o jardineiro), deu para Dibs o galho
que chegava até seu quarto, que ele guarda até hoje. Com o decorrer da sessão Miss
A. questiona Dibs sobre o porquê de trancar as portas e janelas da casinha, o que
resultou em sua volta para o estado de bebê, pedindo até mesmo para que ela o
ajudasse a amarrar o cadarço, coisa que ele já tinha demonstrado experiência em
fazer.
Na próxima semana Dibs teve de faltar, pois estava com catapora e ao
encontrar-se novamente com Miss A. ele disse que havia sentido falta de visitá-la e
que tinha gostado muito do cartão que a mesma o tinha enviado. Ele demora bastante
a responder quando questionado se conversava com o pai, dizendo que não o
respondia por não querer. Nessa sessão ele demonstra o quanto gosta de ler e até
questiona o que é terapia para ela antes de ir. Na nona sessão, Dibs expressa o quanto
odeia a cor amarela, que ele diz ser a cor das prisões, nessa mesma sessão ele decide
fazer um chá, porém acidentalmente ele derrama o chá e fica se chamando de
estúpido, cancelando o chá devido ao acidente.
Na décima sessão, a mãe chega orgulhosa da inteligência que Dibs vinha
demonstrando em casa, durante a sessão Dibs diz gostar muito da Miss A., pois ela
não o chama de idiota, quando ele precisa de ajuda ou não sabe de algo, ela se dispõe
a ajudar, com o decorrer das brincadeiras, Dibs encontra um frasco de detergente e ao
tentar prová-lo, a psicóloga o impede, fazendo com que ele se retraia e fique
magoado. Nas outras duas sessões Dibs não enterra os soldadinhos na caixa de areia,
expõe que o pai gosta mais dele agora do que antes, falando que o mesmo o trancava
no quarto, porém não possui mais esse costume e ao Miss A. questionar se Dibs
gostaria de outras crianças para brincar ali, ele prontamente recusou, afirmando que
aquele espaço, durante aquela hora especial, era apenas para eles dois. Conta também
que gosta das crianças e adultos da escola, porém diz que as crianças não gostam dele
e ao final da décima segunda sessão, ele corre para abraçar a mãe que o aguardava,
dizendo que a ama, surpreendendo não só a mãe, mas a terapeuta também.
Posteriormente a mãe de Dibs entra em contato solicitando um encontro com a
psicóloga, no qual narra sobre a perceptível evolução de Dibs em casa, relatando que
ele não teve mais acessos de raiva, expõe sua inteligência cognitiva, pintava, estava
feliz e mais aberto a comunicação, brincava com a irmã, não chupava mais o dedo,
estava mais leve, assim, podemos constatar que Dibs estava se encontrando e
coincidentemente sua família também. Outras que solicitaram uma reunião foram as
discentes da criança, as quais revelaram um avanço muito significativo do mesmo no
ambiente escolar, tanto socialmente como cognitivamente, mas ainda assim, foi nítido
perceber que ele estava segurando demonstrar sua capacidade cognitiva,
provavelmente pelo fator de inclusão social. 
Após os encontros, Virgínia se encontra com Dibs em sua décima quarta
sessão, no qual ele pediu para ir ao escritório da Miss A. e usou o gravador dela para
contar uma história, no qual ele conta o quanto odiava seu pai e disse que ele era
mesquinho e não gostava de Dibs, falou que o pai já não era tão mesquinho com ele,
mas antes era. Após as gravações ele foi para a sala de brinquedos, pegou o boneco-
pai e disse que ia prendê-lo enquanto o batia, depois de prender o pai que pedia
perdão e ajuda, Dibs o prendeu e enterrou a prisão, depois pegou o boneco-filho
dizendo ser ele e salvou o pai que disse que o amava e pediu desculpa por tudo que
tinha feito. Contou também sobre a ida à praia e como foi boa, falando que caminhou
e brincou com o pai e sua mãe estava muito feliz 
Na semana seguinte Dibs conta que vai embora para a praia com toda a família
durante o verão e no decorrer da sessão, diz que vai envenenar a irmã, mas ainda não,
pois precisa maturar a ideia antes de concretizá-la. Ordena que a boneca-mãe construa
uma montanha e se ela não construir, ele irá trancá-la em seu quarto, a boneca chora e
o boneco-filho tenta ajudá-la. Também conta que vai fazer um presente para cada
membro da família, para a avó dará o ramo da árvore que chegava ao seu quarto, para
a mãe dará um livro sobre flores, para o pai um peso para papéis e para a irmã ele
ainda se decidiu.
Na próxima sessão, Miss A. pega um novo brinquedo que possuía pequenas
peças para construir cidades, Dibs se interessou por ele ao entrar na sala e logo
começou a construir "seu mundo". Iniciou com uma casa, um caminhão e uma igreja
(cenário “exato” do consultório de Virgínia), ele conta que o seu mundo era cheio de
pessoas amigas e impressiona a psicóloga com sua ampla visão de mundo ao construir
uma cidade tão elaborada e cheia de movimento em sua história, ao finalizar a sessão,
ele deixa o “pai” parado no trânsito. 
A sessão desta semana é especial, pois era a última ida de Dibs ao Centro
antes das férias de verão, primeiro vão ao escritório e ele faz uma gravação
despedindo-se, posteriormente vão a sala de brinquedos e por meio das projeções ele
comunica não ter mais medo, ser tão grande quanto o pai e maior do que a mãe,
denunciando que Dibs conseguiu transbordar sua dor, ódio e medo, transferindo-os e
aprendendo a lidar com os mesmos, emergindo em meio a isso de forma harmônica
com suas capacidades e deixando para trás a vingança e agressividade direcionados às
pessoas ao seu redor, principalmente sua família. Havia desenvolvido respeito próprio
e segurança. “Já não tinha medo de ser ele mesmo.”
Após as férias, a mãe de Dibs relata que ele tinha melhorado muito e que ela
mesma não via mais sentido em que eles continuassem a se encontrar, porém Dibs
havia solicitado esse último encontro para que pudessem se despedir. Dibs escreve
para Miss A. um cartão de despedida para que ela o adicionasse em seu arquivo. Após
isso, ele solicitou para que fossem para a sala de brinquedos, na qual Dibs derramou a
tinta amarela no chão e ficou feliz em se livrar dela. Dibs se despediu da sala e dos
brinquedos nela e ao encarar a igreja na janela, pediu para que fossem visitá-la. Ao
retornarem ele conta que está aprendendo a jogar beisebol com o pai para poder jogar
com os colegas na escola e assim eles se despedem, com Dibs mostrando completa
desenvoltura nas diversas áreas de sua vida, incluindo a social. O livro finaliza
relatando que posteriormente Miss A. descobriu que Dibs agora se encontra como um
estudante e membro valioso de uma escola para superdotados.
O livro demonstra uma grande coerência com o que nos foi mostrado em sala,
demonstrando com maestria vários dos conceitos usados como base pela psicologia.
Uma das essências da psicologia que mais pude observar foi o da empatia, a empatia
que a Virgínia expressa com Dibs é tão delicada e bem elaborada que chega a tocar a
alma de quem lê, com tamanha compaixão ela respeita o espaço de Dibs e suas
escolhas, ela compreende o sofrimento daquela criança e faz o que está ao seu alcance
para ajudá-la a se encontrar como indivíduo e reintegrá-lo a uma vida social e
emocional saudável. O impacto da autora é tão grande que não só ela muda a vida de
Dibs, como a de sua família e nos leva a refletir o quão significativo é esse processo
de autodescobrimento e exibe de forma cristalina a pureza do desabrochar de uma
nova personalidade em seus anos iniciais. Miss A. se coloca como um exemplo para
todos aqueles que buscam essa conexão tão lídima com uma criança e explora de
forma harmoniosa essa ligação, salientando não só seu lado positivo, mas também
suas dificuldades.
Analisando a obra, podemos notar que esta seria de extrema riqueza, para
graduandos do curso de psicologia que tenham interesse por uma abordagem voltada
para crianças,além de profissionais da pedagogia, por exemplo, que busquem uma
visão mais aprofundada das experiências vividas por uma criança e seu processo de
superação e desenvolvimento. As práticas apresentadas pelo livro são de ludoterapia,
é bastante significante e o modo como ela se debruça sobre o caso Dibs é fantástico e
extremamente rico para os que se interessem.  
A autora, Virgínia Axline nasceu no ano de 1911. Graduada em psicologia
pela Universidade Estadual de Ohio e Doutorado na Universidade de Columbia,
tornou-se conhecida por desenvolver técnicas de ludoterapia no tratamento com
crianças. Podemos dizer que sua principal obra é “Dibs: em busca de si mesmo”,
lançada no ano de 1964, narrando o processo do garoto mediante a prática de
ludoterapia. Além do livro de Dibs, teve mais uma obra traduzida para a língua
portuguesa, Ludoterapia: A dinâmica interior da criança. Lecionou na Universidade
de Nova York em turma de medicina. Faleceu no ano de
1988.                                                         
Essa resenha foi elaborada pelos seguintes membros: 

Laila de Melo Cordeiro, acadêmica do curso de psicologia da Faculdade Católica do


Rio Grande do Norte (FCRN).

Raynan Silva dos Santos, acadêmico do curso de psicologia da Faculdade Católica do


Rio Grande do Norte (FCRN).

Sâmela Ester França, acadêmica do curso de psicologia da Faculdade Católica do Rio


Grande do Norte (FCRN).

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