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Carcinoma do Endométrio
1. INTRODUÇÃO
A nível mundial, o carcinoma do endométrio é o 2º tumor mais frequente do tracto genital feminino; nos países europeus e EUA ocupa o
primeiro lugar. Em Portugal a incidência é de 13,2 – 17,3 por 100.000 mulheres e a mortalidade é de 2,4 – 3,4 por ano por 100.000
mulheres. Afecta principalmente mulheres na pós-menopausa com um pico de incidência entre os 55-60 anos. Ao longo da sua vida, 2 a
3% das mulheres vêm a desenvolver esta neoplasia.
2. FACTORES DE RISCO
- Idade - Raça branca
- Nuliparidade - Menopausa tardia
- História de infertilidade - História familiar
- Síndrome do Ovário Poliquístico - Terapêutica com estrogénios
- Tumores funcionantes do ovário - Tamoxifeno
- Obesidade - História pessoal de cancro da mama
- Hiperplasia com atipia - Dieta hiperlipídica
- Diabetes mellitus - Hereditariedade (Síndrome de Lynch II,
- Hipertensão Síndrome de Cowden, Síndrome de Peutz-
- Hipotiroidismo Jeghers)
3. RASTREIO
Não há meios apropriados para o rastreio desta neoplasia, seja pelos custos, falta de sensibilidade ou invasibilidade. Poder-se-á
justificar o uso da ecografia transvaginal e da histeroscopia com biópsia em caso de:
- Mulheres submetidas a terapêutica hormonal apenas com estrogénios
- Mulheres submetidas a tratamento com tamoxifeno (>5 anos)
- História familiar de Síndrome de Lynch II
- Exame físico e ginecológico a cada 6-12 meses a partir dos 20-25 anos;
- Ecografia transvaginal e histeroscopia anual a partir dos 25 anos;
- Histerectomia total com anexectomia bilateral a partir dos 35 anos.
5. ESTADIAMENTO
O estadiamento do carcinoma do endométrio é cirúrgico (FIGO 1988). Execeptuam-se os casos em que haja envolvimento do
colo, paramétrios, invasão do recto e/ou bexiga ou metástases à distância; nestes casos o estadiamento deverá ser clínico (FIGO
1971).
O grau de diferenciação (G), importante factor prognóstico, é atribuído de acordo com a percentagem de tumor com padrão de
crescimento não-escamoso ou não-morular. A presença de atipia marcada aumenta um grau nos tumores G1 e G2; nos
adenocarcinomas papilar serosos, de células claras e carcinomas de células escamosas, o grau de diferenciação é definido pelas
alterações nucleares.
Estádio IIIa (G1, G2, G3) – Tumor invade a serosa do corpo uterino e/ou os anexos e/ou citologia peritoneal positiva
Estádio IIIb (G1, G2, G3) – Metástases vaginais
Estádio IIIc (G1, G2, G3) – Metástases pélvicas e/ou lombo-aórticas
Estádio III – Extensão para além do útero, mas limitada à pequena bacia
Estádio IVa – Extensão para além da pequena bacia ou envolvimento da mucosa da bexiga e/ou recto
Estádio IVb – Extensão a órgãos distantes
6. AVALIAÇÃO PRÉ-TRATAMENTO
- História clínica
- Exame físico (especial atenção a massas abdominais e/ou pélvicas, cadeias ganglionares, exame ginecológico e
toque rectal)
- Exames laboratoriais de rotina (sangue e urina)
- ECG
- Pesquisa de sangue oculto nas fezes (?)
- Radiografia do tórax
- Ca 125
- TAC/RMN abdominopélvica (opcional)
- De acordo com a clínica:
- Cistoscopia / urografia intravenosa (opcional)
- Rectossigmoidoscopia /colonoscopia / clister opaco (opcional)
- Cintigrafia óssea (opcional)
- Se suspeita clínica de invasão do exocolo, deve confirmar-se com biópsia da lesão
7. TRATAMENTO
É cirúrgico (em 92 a 96% dos casos) excepto se: infiltração dos paramétrios, metástases vaginais extensas, invasão do bexiga e/ou
recto (confirmação histológica), contra-indicação médica ou metástases à distância.
As recorências locais devem ser tratadas, preferencialmente, por cirurgia ou radioterapia (eventualmente combinação de ambas).
8. FACTORES DE PROGNÓSTICO
• Idade, raça • Invasão dos espaços linfo-vasculares
• Tipo histológico • Dimensões do tumor e localização
• Grau de diferenciação histológica • Metástases anexiais
• Invasão miometrial • Citologia peritoneal
• Invasão do colo uterino • Metástases ganglionares
• Estádio • Ploidia do DNA