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DE ENERGIA TÉRMICA
Figura 3.1 Máquina térmica genérica de conversão de energia térmica em trabalho de forma cíclica.
É útil que as grandezas também sejam definidas em termos de taxa temporal. Para tanto, um “ponto” será usado
sobre a grandeza, de forma que a Equação (3.1) possa ser reescrita, agora em termos de taxa temporal, como:
em que:
líq = potência líquida de eixo, em watts, disponível na máquina térmica para acionamento de, por exemplo, um
gerador elétrico ou o acionamento do eixo de outra máquina;
H = fluxo de calor proveniente do reservatório térmico de alta temperatura em watts;
Para o ciclo de Carnot, ainda é possível mostrar que a razão entre os fluxos de calor que aparece na Equação
(3.3) é dada pela razão entre as temperaturas absolutas dos reservatórios térmicos, TL e TH, ou seja:
Essa é a eficiência térmica de Carnot, ηC. Essa equação tem consequências muito relevantes. Em primeiro
lugar, informa que a eficiência térmica máxima teórica está associada tão somente com a razão entre as temperaturas
dos reservatórios térmicos. Em segundo lugar, a única possibilidade de ter uma máquina térmica com eficiência de
100 % é que a máquina rejeite o calor para um reservatório que esteja a zero absoluto (TL = 0 K). Tal reservatório
não existe naturalmente no planeta Terra, de forma que somente máquinas com menos de 100 % de eficiência
térmica de conversão de calor em trabalho podem ser construídas (no entanto, no espaço existe a possibilidade
teórica de se obterem máquinas com eficiências térmicas bem maiores, visto que é possível usar o espaço como
reservatório térmico de baixa temperatura cuja temperatura equivalente é da ordem de alguns kelvins). Em geral, os
reservatórios térmicos naturais (rios, lagos, mar e a atmosfera) têm uma temperatura em torno de 260 a 320 K,
variáveis ao longo do ano. Para efeitos ilustrativos, pode-se assumir um valor de 300 K. Dessa forma, a eficiência
térmica de Carnot agora só é limitada pela temperatura do reservatório de temperatura mais elevada (fonte de calor à
temperatura TH), como dado pela Equação (3.4). O gráfico da Figura 3.2 ilustra a eficiência térmica como função da
temperatura TH para TL = 300 K. Evidentemente, se a temperatura da fonte quente fosse infinitamente elevada, a
eficiência também seria máxima.
Exemplificando, suponha que se possa atribuir uma temperatura de 600 °C para dado processo de combustão.
Qual é a máxima eficiência térmica possível para um ciclo térmico que opere entre essa temperatura e o meio
ambiente (300 K)?
Resolução:
O ciclo de Carnot é um ciclo idealizado que assume que não há nenhuma perda de energia útil nos processos de
conversão, ou seja, que são processos reversíveis. Atrito, trocas de calor com diferenças finitas de temperaturas,
expansões não resistidas e expansões não adiabáticas são formas de perdas que dão origem a irreversibilidades no
ciclo, efeitos altamente indesejáveis.
O ciclo térmico de Carnot é formado por quatro processos fundamentais:
1) Troca de calor isotérmica reversível à temperatura elevada TH.
2) Realização de trabalho pela expansão do fluido de trabalho por um processo adiabático e reversível
(isentrópico).
3) Rejeição de calor isotérmico reversível à baixa temperatura TL.
4) Compressão do fluido de trabalho por um processo adiabático e reversível (isentrópico).
Nos processos (2) e (3) surge o conceito de processo adiabático e reversível. Tal processo recebe o nome de
processo isentrópico e se refere ao processo sofrido pelo fluido de trabalho sem que sua entropia seja alterada, como
discutido na Seção 2.6 do Capítulo 2. Isso significa que o máximo trabalho é extraído pela máquina térmica do
fluido de trabalho.
O ciclo de Carnot é uma teorização de um ciclo em que se poderia obter a máxima eficiência térmica, como já
mencionado, e que não está associado a nenhuma máquina, equipamento ou propriedades do fluido de trabalho.
Esse ciclo foi concebido pelo engeneheiro francês Sadi Carnot e publicado em seu famoso livro de 1824
(Reflections on the Motive Power of Fire).
No diagrama temperatura-entropia, o ciclo de Carnot é representado por um retângulo cujas arestas representam
os quatro processos mencionados, como ilustrado na Figura 3.3:
Uma vez mais é importante frisar que o ciclo de Carnot é uma referência teórica. Entretanto, percebe-se que é
possível na prática se aproximar desse ciclo, graças ao fato de as substâncias simples, como a água e outras
substâncias puras, manterem temperatura constante durante o processo de mudança de fase sob pressão constante.
Assim, utiliza-se essa propriedade para se tentar reproduzir no mundo real as vantagens do ciclo de Carnot, isto é,
máxima conversão de calor em trabalho, dados dois reservatórios térmicos. Com isso, chega-se finalmente ao ciclo
de Carnot, agora ilustrado no diagrama T-s de uma substância pura como a água e os equipamentos ideais
necessários, tudo isso indicado na Figura 3.4.
Figura 3.4 (a) Representação do ciclo de Carnot no diagrama T-s de uma substância simples como a água. (b) Equipamentos
ideais necessários à realização do ciclo de Carnot: turbina, condensador, bomba e gerador de vapor.
Referindo-se à Figura 3.4, calor, QH, é adicionado ao ciclo no processo 1-2 à temperatura constante TH. Como se
sabe, pressão e temperatura permanecem inalterados nesse processo em virtude da vaporização da água. O
equipamento empregado para isso é o gerador de vapor ou caldeira. Pode ser também uma caldeira de
recuperação de um ciclo combinado (Seção 3.6.1).
No processo 2-3 ocorre uma expansão adiabática e reversível (isentrópica), com a realização de trabalho, WT, de
eixo na turbina ideal. A rejeição de calor, QL, ocorre no condensador, trazendo o fluido de trabalho do estado 3
para o estado 4 por meio da condensação do vapor expandido na turbina. Esse processo ocorre sob pressão e
temperatura constantes. Finalmente, uma bomba ideal eleva a pressão da mistura bifásica do estado 4 para o estado
1 de forma adiabática e reversível, fechando o ciclo. Na prática, existem as dificuldades tecnológicas de se obter o
ciclo de Carnot e, por isso, define-se o chamado ciclo de Rankine, objeto da próxima seção.
Em virtude da ocorrência de uma redução na temperatura média de adição de calor no ciclo de Rankine (ciclo 1-
2-3-4-5-1) quando comparado com o ciclo de Carnot equivalente (ciclo 1-2-3-4′-1) da Figura 3.5, haverá uma
redução da eficiência térmica do ciclo.
Os equipamentos necessários à realização do ciclo de Rankine simples continuam os mesmos do ciclo de
Carnot. O balanço energético de cada componente é dado a seguir, desprezando-se a energia cinética e potencial:
em que h se refere às entalpias específicas, os índices são os estados indicados no ciclo da Figura 3.5 e os índices
“e”, “s” significam entrada e saída, “B” bomba e “T” turbina. As trocas de calor e de trabalho indicadas nas
expressões anteriores são específicas, ou seja, por unidade de vazão mássica em kJ/kg no SI. Desse modo, a
potência total da turbina T é dada pelo produto × wT, sendo a vazão mássica do fluido de trabalho que percorre
todo o ciclo e wT, o trabalho específico.
Convém ressaltar que na bomba o trabalho específico ainda pode ser estimado de modo simples, já que o líquido
é praticamente incompressível, isto é, o volume específico n é constante, conforme visto na Seção 2.8.1 do Capítulo
2. Com isso, tem-se que na região de líquido um processo isentrópico é dado por
Essa equação é idêntica à Equação (2.44).
Como o trabalho específico é dado pela diferença de entalpias, a Equação (3.8) se transforma em:
Para o cálculo das propriedades da água será empregada a tabela de propriedades da água do apêndice A.
Exemplo 3.1
Um ciclo de Rankine simples opera com água entre as pressões de 10 kPa (0,1 bar) e 15 MPa (150 bar). Determine:
Dados:
PV T hL hV
(bar) (°C) (kJ/kg) (kJ/kg) sL(kJ/kg · K) sv(kJ/kg · K)
Resolução:
wlíq = wT – wB
wT = h2 – h3
De h2 para h3: processo isentrópico
s2 = s3 = (1 – x3)sL + x3 sV
x3 = (s2 – sL)/(sV – sL) = (5,3097 – 0,6492)/(8,1591 – 0,6492) =
0,6213
Então:
h3 = (1 – x3)hL + x3hV = (1 – 0,6213) · 191,81 + 0,6213 · 2584,6 =
1678,4 kJ/kg
Assim,
wT = 2610,5 – 1678,4 = 932,1 kJ/kg
wlíq= wT – wB = 932,1 – 14,99 = 917,1 kJ/kg
qH = h2 – h5 = 2.610,5 – 206,8 = 2.403,7 kJ/kg
η Rankine = 917,1 / 2.403,7 = 0,3815 = 38,15%
Suponha 1 kW:
Figura 3.6 (a) Ciclo de Rankine com superaquecedor; (b) componentes do ciclo.
Exemplo 3.2
Um ciclo de Rankine com superaquecimento opera com água entre as pressões de 10 kPa (0,1 bar) e 4 MPa (40 bar) e uma temperatura nal de
superaquecimento de 600 °C. Determine:
Resolução:
O uxo de calor total por unidade de massa recebido é qe = qGV + qSA = 2605,6 + 873 = 3478,6 kJ/kg.
Para o condensador, temos:
qcond = h5 – h6
h5 = (1 – x5) h6 + x5h4
x5 = (s4 – sL) / (sV – sL) = (7,3688 – 0,6492) / (8,1501 – 0,6492) = 0,8958
Portanto,
b) A e ciência térmica:
Alternativamente, pode-se primeiro determinar a potência líquida do ciclo, isto é, wlíq = wT – wB.
Exemplo 3.3
Um ciclo de Rankine com reaquecimento opera com água entre as pressões de 10 kPa (0,1 bar) e 15 MPa (150 bar) e uma temperatura nal de
superaquecimento de 550 °C. A turbina consiste em dois estágios, sendo que no estágio de alta pressão o vapor é expandido até 1 MPa (10 bar).
Posteriormente, o vapor é reaquecido até a temperatura de 550 °C. Determine:
Resolução:
qGV = h3 – h1
a) Primeiro, determina-se h1 a partir do balanço energético na bomba:
Logo,
Então,
qR = h6 – h5
Nesse ponto é preciso determinar h5. Algumas considerações precisam ser feitas.
Note que a turbina é isentrópica, então s5 = s4. Duas possibilidades existem:
• no diagrama T-s, a expansão cai na região bifásica;
• no diagrama T-s, a expansão cai na região superaquecida.
Em qualquer caso s5 = s4 (turbina isentrópica). Da tabela de vapor superaquecido no Apêndice B (T = 550 °C, P = 15 MPa), s4 = 6,5198 kJ/kg
k.
Nesse ponto se veri ca a entropia do vapor saturado seco. Na tabela do Apêndice A para pressão de saturação de 1 MPa (10 bar) ⇒ sV = 6,5863
kJ/kg k.
Como s4 = s5 < sV (P = 1 MPa), então a primeira consideração é a correta, ou seja, a expansão cai na região bifásica.
Portanto, temos que:
E, nalmente,
b) A e ciência térmica:
wB = 14,99 kJ/kg
wT = wT1 (trabalho especí co do estágio de alta 1) + wT2 (trabalho especí co do estágio de baixa 2)
wT1 = h4 – h5 = 3448,6 – 2747,9 = 700,7 kJ/kg
wT2 = h6 – h7 (h7 precisa ser determinado)
Para uma expansão isentrópica s6 = s7; s6 = 7,8982 kJ/kg k [tabela de vapor superaquecido interpolado do Apêndice B].
Note que s7 < s6 (precisa determinar x7):
Logo,
wT2 = 3587,2 – 2504,2 = 1083 kJ/kg
wT = 700,7 + 1093 = 1793,7 kJ/kg
ηT = (wT – wB)/qe = (wT – wB) / (qGV + qSA + qR) = (1793,7 – 14,99) / (2403,7 + 838,1 + 849,3) = 0,4347 ou 43,47 %
Quando a turbina não é isentrópica em função de perdas por atrito ou por troca de calor, o caminho percorrido
durante a expansão do vapor é irreversível (Figura 3.9 (a)). Desse modo, o rendimento isentrópico da turbina entre
as pressões de entrada (1) e saída (2) para a temperatura (T1) define-se como:
De forma análoga, o caminho é percorrido durante o bombeamento (Figura 3.9 (b)), e o trabalho isentrópico da
bomba de acordo com as Equações (2.44) e (2.45) é:
Figura 3.9 Perdas no ciclo de Rankine, (a) turbina e (b) bomba.
Outras perdas são efeitos de atrito na tubulação (queda de pressão) e trocas de calor não isotérmicas (caldeiras e
condensadores).
Exemplo 3.4
Uma central térmica a vapor opera segundo o ciclo indicado na gura a seguir. Sabendo-se que a e ciência da turbina é de 86 % e que a e ciência
da bomba é de 80 %, determine o rendimento térmico desse ciclo. Construa o diagrama T-s para o ciclo apresentado. Utilize a tabela de saturação
para água e vapor de água e considere que os processos ocorrem em regime permanente.
Os dados referentes a cada ponto do ciclo são:
É preciso considerar que todos os processos ocorrem em regime permanente (variações desprezíveis de energias cinética e potencial).
O diagrama T-s do ciclo é:
Como s2 = s1,
Assim,
|wB| = (h2s – h1) / ηB = v (P2 – P1) / ηB = 0,001009 (5000 – 10) / 0,8 = 6,3 kJ/kg
Meio ambiente
Soma de
Código Fluidos Pressão Vazão Toxicidade In amável Ozônio E.S. “+”
1 RC318 – – + + + – 3
2 R600a – + + – + + 4
3 R114 + – + + – – 3
4 R600 + + + – + + 5
5 R152a – + + +/– + + 4
6 R123 + – – + – + 3
7 R141b + + + + – + 5
Os resultados da análise de Feng e Kurita (2009) estão resumidos na Tabela 3.1, e também se baseiam na
publicação do Department of Natural Resources and Agricultural Engineering dos EUA. O trabalho deles mostrou
que as substâncias R141b e R600 têm a maior soma de fatores favoráveis, porém o R141b não é inflamável e parece
ser, no escopo desses critérios, um bom fluido de trabalho. Não obstante o campo ainda está aberto para novas
análises e utilização de outros fluidos.
• São as mais empregadas na produção de potência (capacidades de • Têm sua origem na indústria aeronáutica.
0,5 a 250 MW).
• As maiores turbinas aeroderivativas estão na faixa de potência entre
• São grandes e pesadas, já que, em geral, não há restrições quanto a 40 e 50 MW.
tamanho ou peso.
• São menos e cientes, porém de menor custo por quilowatt gerado • Usam componentes mais leves e mais compactos.
que as aeroderivativas.
• São mais e cientes (até 40 %), com taxas de compressão de 30:1.
• Podem atingir temperaturas máximas de até 1260 °C.
• Requerem investimentos mais elevados.
• Taxas de compressão podem atingir até 18:1 em novas unidades.
Figura 3.11 Componentes básicos de uma turbina a gás para geração de energia elétrica na imagem superior. A imagem de
baixo é a fotografia de uma turbina.
Os diagramas da Figura 3.13 indicam os processos termodinâmicos executados no ciclo de Brayton simples. A
Figura 3.13 (a) representa os processos no diagrama temperatura versus entropia específica (T-s). O diagrama
pressão versus volume específico (P-v) correspondente está representado na Figura 3.13 (b).
Figura 3.13 Representação dos processos ideais do ciclo de Brayton. (a) Diagrama temperatura × entropia específica (T-s); (b)
diagrama pressão × volume específico (P-v).
Com relação aos diagramas da Figura 3.13, note que T3 é a máxima temperatura do ciclo e T1, a menor
temperatura (ambiente, em geral). Assim, empregando-se a definição da eficiência térmica (Eq. 3.3) e com a
substituição das Equações (3.13) e (3.14), vem que:
sendo que k é a razão entre calores específicos, valendo 1,4 para o ar atmosférico. O gráfico da Figura 3.14 mostra a
dependência do rendimento térmico à taxa de compressão de um ciclo de Brayton. A taxa de compressão é a razão
entre a máxima (P2 = P4) e a mínima pressão do ciclo (P1 = P4).
Figura 3.14 Rendimento térmico em função da taxa de compressão para um Ciclo de Brayton.
Contrariamente ao caso do ciclo de Rankine, a análise simples do rendimento térmico não é suficiente para
determinar as melhores condições operacionais do ciclo de Brayton. Isso em razão de uma parte considerável do
trabalho produzido pelo eixo da turbina ser consumido pelo processo de compressão do ar no compressor. Assim
sendo, é importante verificar as condições em que o sistema acoplado turbina-compressor produz máximo trabalho
líquido.
Retomando as equações dos trabalhos específicos dessas máquinas, tem-se:
O trabalho específico líquido da máquina é a diferença entre as Equações (3.22) e (3.21), ou seja:
Com a igualdade da Equação (3.19) e as relações isentrópicas entre P e T (Eq. 2.39), a equação do trabalho
líquido resulta em:
em que r = P2/P1 (n é taxa ou razão de compressão).
A expressão do trabalho específico real está posta no gráfico da Figura 3.15 para diversas razões de
temperaturas máxima e mínima T3/T1, tendo T1 = 300 K.
Figura 3.15 Trabalho específico líquido em função da taxa de compressão r para diversas razões de máxima e mínima
temperaturas (T3/T1).
Examinando as curvas do trabalho específico líquido para diversas razões de temperatura, nota-se que existe
uma taxa de compressão em que ocorre o máximo trabalho para cada razão de temperaturas. A linha tracejada une
todos esses pontos de máximo trabalho. Da matemática, sabe-se que a condição de maximização do trabalho é
obtida pela derivação da expressão do trabalho como função de r, e igualada a zero para razões de temperaturas
fixas T3/T1. Procedendo assim, obtém-se a seguinte condição de taxa de compressão em que o trabalho é máximo:
Exemplo 3.5
Uma turbina a gás simples foi projetada para operar nas seguintes condições:
temperatura máxima do ciclo: T3 = 840 °C;
temperatura de admissão do ar: T1 = 15 °C;
pressão máxima do ciclo: P3 = 520 kPa;
pressão mínima: P1 = 100 kPa.
Determine:
(a) o rendimento ou e ciência térmica do ciclo;
(b) o trabalho especí co do compressor;
(c) o trabalho especí co da turbina;
(d) o trabalho especí co líquido do ciclo;
(e) a vazão de ar necessária para produzir 1 kW;
(f) a temperatura T4 na seção de saída.
Resolução:
(k-1)/k
T2 / T1 = (P2 / P1) =
(k-1)/k 0,286
(P2 / P1) = (520/100) = 1,602
T2 = 288,15 × 1,602 = 461,61 K
Assim,
Desse modo,
f) A temperatura T4:
Como já calculado, T4 = 694,85 K = 421,7 °C.
3.3.2 Ciclo de Brayton simples com ine ciências
O ciclo de Brayton ideal não pode ser verificado na prática porque há perdas associadas com os processos de
compressão e expansão, sobretudo. Isso afeta grandemente o comportamento geral da máquina, pois considerável
parte do trabalho de eixo gerado pela turbina é consumida para acionar o compressor, podendo chegar de 40 % a 80
% do valor produzido pela turbina. De forma que se as eficiências caírem para valores muito baixos (60 %), nenhum
trabalho líquido será produzido pela turbina.
Usando os conceitos de eficiência isentrópica e dos trabalhos de compressão (Eq. 2.50 e seguintes) e de
expansão (Eq. 2.64 e seguintes) isentrópicos, pode-se calcular os trabalhos reais de compressão e de expansão:
O trabalho líquido real por unidade de massa na turbina, wT, é obtido pela subtração das equações anteriores, isto
é:
De forma análoga ao que foi feito na seção anterior, a taxa de compressão em que ocorre o máximo trabalho real
líquido, considerando rendimentos das máquinas, é obtida por meio da derivação da Equação 3.28 para obtenção do
ponto de máximo. Isso resulta em:
Se as eficiências das máquinas forem unitárias, isto é, ηC = 1 e ηturb = 1, então as Equações (3.25) e (3.20) são
resgatadas.
Exemplo 3.6
Considerando-se que a e ciência das máquinas afeta o desempenho global da turbina, pede-se:
(a) Considere uma máquina com um compressor de e ciência de hC = 80 % e turbina de e ciência de ηturb = 85 %.
(b) Assuma que a máxima temperatura do ciclo é T3 = 1200 K e que a menor temperatura é T1 = 300 K.
Resolução:
(a) A e ciência de um ciclo real é consideravelmente reduzida em função das irreversibilidades de expansão (na turbina) e de compressão (no
compressor), como se pode veri car nos grá cos que seguem.
(b) Por exemplo, se admitirmos uma taxa de compressão r =10, temos que, para o ciclo ideal, ηTid ~ 50 % e ηTreal ~ 22 % (ver grá co).
Exemplo 3.7
Resolução:
a) De acordo com o diagrama T-s para um ciclo de Brayton real, pode-se escrever:
wT = ηTCPT3 [1 – 1 / (P3/P1)(k-1)/k]
(k-1)/k
|wcomp| = (CPT1) [(P3 / P1) – 1]/ ηC
wlíq = wT + |wcomp|
Sabe-se que:
ηT = wlíq / qH
mas
Substituindo-se os termos de trabalho especí co na turbina e no compressor e desenvolvendo-se a equação de rendimento térmico, tem-se
que:
ηT = 22,8 %
b) O trabalho especí co real do compressor:
|wcomp| = (CPT1) [(P3 / P1)(k-1)/k – 1]/ ηC
|wcomp| = (1,0 × 288,15) [(5,2)0,286 – 1] / 0,8 = 216,7 kJ/kg
c) O trabalho especí co real da turbina:
(k-1)/k
wT = ηTCPT3 [1 – 1 / (P3/P1) ]
0,286
wT = 0,85 × 1,0 × 1113,15 [1 – 1/(5,2) ] = 355,4 kJ/kg
d) O trabalho especí co líquido real do ciclo:
wlíq = wT – |wcomp| = 355,4 – 216,7 = 138,7 kJ/kg
e) A vazão de ar necessária para produzir 1 kW:
Então,
ηtérmico wc wturb wT T4
Figura 3.17 Diagrama temperatura versus entropia para um ciclo de Brayton regenerativo.
Esses motores podem trabalhar em vários ciclos térmicos, sendo os mais difundidos os ciclos de Otto e de
Diesel, objetos de análise nas seções seguintes.
Devido à complexidade dos fenômenos que ocorrem em um MCI, foram concebidos os chamados ciclos-padrão
a ar. Nesse caso, os vários processos termodinâmicos que ocorrem na prática são modelos aproximados de
comportamento termodinâmico mais simples. Com relação aos ciclos-padrão a ar, é preciso fazer as considerações a
seguir:
• O fluido de trabalho é sempre o ar atmosférico, o qual é considerado um gás ideal, ou seja, ignora-se a
transformação química que ocorre durante o processo de combustão do ar com o combustível.
• A combustão é substituída por um processo de transferência de calor, ou melhor, um reservatório de alta
temperatura transfere calor QH para o ar.
• O ciclo é completado pela transferência de calor ao meio ambiente, isto é, o processo de exaustão dos produtos
de combustão é substituído pela transferência de calor QL para o reservatório de baixa temperatura.
• Todos os processos são internamente reversíveis.
• O ar apresenta calores específicos constantes.
Como podemos observar na Figura 3.18, o pistão se movimenta de forma alternativa entre o PMS e o PMI. O
PMS, ponto morto superior, é a máxima posição que a cabeça do pistão alcança. O PMI, ponto morto inferior, é o
ponto mais baixo que a cabeça do pistão alcança.
Quando o pistão está no PMS, V0 indica o volume da câmara de combustão. Quando o pistão está no PMI, tem-
se o volume total da câmara, VT.
O volume deslocado por um pistão, VD, é chamado de “cilindrada unitária”, definida por:
Em seu percurso entre o PMS e o PMI, o curso do pistão é S. Finalmente, d é o diâmetro do cilindro.
• Cilindrada, (VD)
É definida como o volume total deslocado pelos pistões quando percorre o curso por uma única vez, como visto no
esquema do pistão. É a forma da Equação (3.31), dada por:
em que:
N = número de cilindros/pistões;
d = diâmetro do cilindro;
s = curso.
• Taxa ou razão de compressão, (rV)
Essa taxa corresponde à razão entre o volume total do cilindro e o volume da câmara de combustão, conforme
esquema da Figura 3.15, isto é:
É claro que:
• admissão: o pistão, deslocando-se no sentido descendente, aspira a mistura ar-combustível, através da válvula de
admissão;
• compressão: atingindo o PMI, fecha-se a válvula de admissão e inicia-se a compressão da mistura ar-
combustível;
• combustão e expansão: pouco antes do pistão atingir o PMS, ocorre o início da combustão provocada pela
centelha da vela. A combustão ocorre praticamente sob volume constante no caso do ciclo de Otto e sob pressão
constante no ciclo de Diesel;
• exaustão: atingindo novamente o PMI, dá-se a abertura da válvula de exaustão, o que permite o início da
descarga dos produtos da combustão. Em seguida, em movimento ascendente, o pistão expulsa os produtos da
combustão.
Processo 1-2, compressão reversível e adiabática (isentrópica); modela e substitui a compressão da mistura ar +
combustível:
Figura 3.19 Diagramas P-V e T-S para o ciclo de Otto.
Processo 2-3, adição de calor QH a volume constante; substitui e modela a combustão da mistura de ar com
combustível:
O processo 3-4, expansão reversível e adiabática (isentrópica), substitui e modela o processo de expansão dos
produtos de combustão com realização de trabalho:
O processo 4-1, rejeição de calor QL sob volume constante, substitui e modela a exaustão dos produtos de
combustão para a atmosfera e nova admissão da mistura de ar com combustível.
O rendimento térmico do ciclo de Otto, ηT, é definido como a razão entre o trabalho líquido (WL = W3-4 – W1-2) e
o calor fornecido (QH):
Os processos 1-2 e 3-4 são isentrópicos, então é possível demonstrar, com a aplicação da Equação (2.39) que:
Substituindo o resultado anterior na Equação (3.40), obtém-se que a expressão final do rendimento térmico do
ciclo de Otto é:
sendo k igual à razão entre calores específicos, ou seja, k = Cp/Cv, que para o ar atmosférico, tem-se que k = 1,4.
rv = taxa de compressão (Eq. 3.33).
Observando a expressão da Equação 3.43, pode-se concluir que o rendimento do ciclo-padrão de Otto é função
apenas de:
• taxa ou razão de compressão, rv. Isso é notável, uma vez que o rendimento térmico do ciclo depende de um
parâmetro geométrico de construção do conjunto cilindro-pistão que pode ser alterado de acordo com o interesse
do projetista;
• coeficiente isentrópico do ar, k.
Além disso, a análise da expressão do rendimento térmico mostra que seu valor aumenta continuamente com a
taxa ou razão de compressão, como indicado na Figura 3.20. A pergunta natural que se segue é: Por que não se
trabalhar com a maior taxa de compressão possível, já que, com isso, o rendimento térmico aumenta?
Para o ciclo real, o limite de operação da taxa de compressão está associado com a tecnologia e a natureza do
combustível. É a chamada tendência de detonação do combustível (efeito de bater pino). Por isso, as taxas de
compressão dos motores de ciclo de Otto limitam-se a certos valores que dependem das características físico-
químicas dos combustíveis. A “resistência” ao fenômeno de detonação do combustível é medida pelo seu índice de
octanagem. Exemplo de alguns valores de taxa de compressão para alguns combustíveis:
Figura 3.20 Dependência da eficiência térmica com a taxa de compressão para um ciclo de Otto.
O rendimento térmico do ciclo de Diesel, ηT, é definido como a razão entre o trabalho líquido do ciclo e o calor
fornecido (QH):
Pela Primeira Lei, tem-se que WL = QH – QL, e, substituindo-se as Equações (3.46) e (3.47),
Pelo processo isentrópico 1-2 e pelo processo isobárico 2-3, tem-se, da Equação (2.39)
Desse modo, após algumas manipulações, obtém-se a expressão final da eficiência térmica do ciclo de Diesel;
Exemplo 3.8
Um ciclo-padrão a ar de Diesel apresenta taxa de compressão rV = 20 e o calor por unidade de massa transferido ao uido de trabalho, por ciclo, é
de 1800 kJ/kg. Sabendo-se que no início do processo de compressão a pressão é P1 = 0,1 MPa (1 bar) e a temperatura T1 = 15 °C, determine:
Resolução:
A Segunda Lei da Termodinâmica para o processo de compressão 1-2 diz que: s2 = s1. Dessa forma, temos:
k-1 k
T2 / T1 = (V1 / V2) e P2 / P1 = (V1 / V2)
Portanto,
T3/T4 = (V4/V3)k-1
ηT = wlíq / qH
PME = wlíq / (v1 – v2)
Por conseguinte:
V1 = (0,287 × 288,2)/100 = 0,827 m3/kg
V2 = V1/20 = 0,827/20 = 0,04135 m3/kg
T2/T1 = (V1/V2)k-1 = 200,4 = 3,3145 ⇒ T2 = 955,2 K
P2/P1 = (V1/V2)k = 201,4 = 66,29 ⇒ P2 = 6,629 MPa
qH = q2-3 = CP (T3 – T2) = 1800 kJ/kg
T3 – T2 = 1800/1,004 = 1793 ⇒ T3 = 2748 K
3
V3 / V2 = T3 / T2 = 2748/955, 2 = 2,8769 ⇒ V3 = 0,11896 m /kg
k-1 0,4
T3 / T4 = (V4 / V3) = (0,827/0,11896) = 2,1719 ⇒ T4 = 1265 K
qL = q4-1 = CV (T1 – T4) = 0,717 (288,2 – 1265) = –700,4 kJ/kg
Wlíq = 1800 – 700,4 = 1099,6 kJ/kg
ηT = wlíq / qH = 1099,6/1800 = 61,1 %
PME = wlíq / (V1 – V2) = 1099,6 / (0,827 – 0,04135) = 1400 kPa
Analisando-se a equação da eficiência térmica do ciclo de Diesel (Eq. 3.54) observa-se que a expressão difere da do
ciclo de Otto (Eq. 3.43) pelo termo entre colchetes, que é uma função de rc, isto é, f(rc). Por outro lado, f(rc) é função
sempre maior que 1, pois rc é maior que 1. Isso está indicado na Equação (3.55). Sucede que, para determinada taxa
de compressão rV, o ciclo de Otto é mais eficiente que o ciclo de Diesel, conforme indicado na Figura 3.22 (maior
área líquida do ciclo).
Entretanto, na prática, sabe-se que o ciclo de Diesel é mais resistente ao fenômeno da detonação, e que os
motores baseados nesse ciclo trabalham com taxas de compressão mais elevadas, entre 18:1 e 20:1. Por outro lado,
no ciclo de Otto a gasolina e o álcool (flex) variam entre 10:1-14:1. Com isso, na prática, a eficiência térmica do
ciclo de Diesel pode acabar sendo maior que a do ciclo de Otto em função da sua taxa de compressão ser maior.
Figura 3.22 Comparação entre os diagramas P-V de um ciclo de Otto e de um ciclo de Diesel.
• a produção de frio pela utilização de uma máquina de absorção de calor (Seção 3.9);
• a produção de vapor de água ou aquecimento de algum outro fluido térmico;
• a produção de vapor para acionamento de uma turbina a vapor.
Os casos 1 e 2 aqui citados são geralmente objetos dos sistemas de cogeração, amplamente discutidos no
Capítulo 12. O caso 3 é o que nos interessa e se trata de um ciclo combinado em que os rejeitos térmicos de uma
turbina a gás são empregados para gerar vapor em uma caldeira de recuperação para acionamento de uma turbina a
vapor. A Figura 3.23 mostra o esquema de um ciclo combinado simples formado por uma turbina a gás e uma
turbina a vapor.
Com referência à Figura 3.23, pode-se definir a eficiência térmica do ciclo combinado como:
Por outro lado, substituindo-se a expressão da eficiência da turbina a vapor, ou seja, W·TV = ηTVQcomb, vem que:
Assumindo-se que a energia térmica dos gases de exaustão da chaminé da caldeira de recuperação seja muito
pequena, o fluxo de calor do ciclo combinado é:
O rendimento do ciclo combinado atinge valores mais elevados quando comparados com os casos em que as
máquinas operam isoladamente.
Por exemplo, considere um ciclo de Brayton com rendimento de 40 %, e um ciclo de Rankine com rendimento
de 25 %. O rendimento do ciclo combinado desse arranjo será de 55 %, como dado pela Equação (3.61).
Outra configuração possível se dá em máquina de eixo simples. Isto é, as duas turbinas trabalham em um só
eixo. Essa configuração reduz o custo de investimento, já que apenas um gerador é necessário. Contudo, a operação
das turbinas é sempre concomitante, exceto se a turbina a vapor estiver acoplada por meio de um sistema de
embreagem.
Ainda em referência à Figura 3.25, entre os pontos (x) e (y), a água sofre o processo de vaporização, sendo que
em (y) ela se transforma em vapor saturado. A partir do ponto (y) o vapor se torna superaquecido e vai deixar a
caldeira em (a). A temperatura de pinça é afetada pela pressão de vaporização da água.
• 1-2: compressão isentrópica (adiabática reversível s1 = s2), sendo que o estado 1 é vapor saturado seco, e o
estado 2 vapor superaquecido (processo de compressão realizado pelo compressor);
• 2-3: resfriamento e condensação a pressão constante (realizado pelo condensador), até que o estado 3 seja
líquido saturado a alta pressão (P2 = P3) — rejeição de calor;
• 3-4: expansão isentálpica (h3 = h4) por meio de válvula de expansão ou outro dispositivo de estrangulamento;
• 4-1: evaporação a pressão constante (P4 = P1); retirada de calor do meio. Nesse caso, a temperatura também é
constante e é denominada temperatura de evaporação. A evaporação do fluido é que retira o calor do meio que
se pretende resfriar (efeito de refrigeração).
Figura 3.26 Diagramas temperatura-entropia. (a) Ciclo de Carnot de refrigeração; (b) ciclo de refrigeração com expansão
isentálpica.
Figura 3.27 Ciclo-padrão de compressão mecânica a vapor. (a) Diagrama pressão-entalpia específica; (b) componentes básicos.
A Figura 3.27 (b) mostra os componentes básicos do ciclo-padrão esquematizado na mesma figura.
Definições importantes
Trabalho específico, w: trabalho líquido (isto é, potência de compressão por unidade fluxo de massa de
refrigerante) necessário para acionar o ciclo de refrigeração. Do diagrama P-h da Figura 3.27 (a), tem-se:
Potência de compressão, : potência total necessária para acionar o compressor do ciclo de refrigeração. Sendo a
vazão mássica de refrigerante [kg/s], tem-se:
Carga de refrigeração ou capacidade frigorífica: fluxo de calor total retirado do ambiente refrigerado. Também é
chamado de efeito de refrigeração. Pode ser específica q (por unidade de massa) ou total, . Do diagrama P-h da
Figura 3.27 (a), advém:
Coeficiente de desempenho – COP (do inglês, coefficient of performance): um parâmetro que indica uma espécie
de rendimento de um ciclo frigorífico qualquer. O COP é definido como a razão do efeito desejado (carga ou
capacidade de refrigeração) pela quantia gasta para se obter aquele efeito (potência de acionamento do compressor
do ciclo). Do diagrama P-h da Figura 3.27 (a), advém:
Exemplo 3.9
O refrigerante R134a é utilizado em um ciclo de compressão a vapor, tendo a temperatura de evaporação de 0 °C e de condensação de 26 °C. A vazão
mássica do refrigerante é de 0,08 kg/s.
Determine:
a) a potência do compressor em kW;
b) a carga de refrigeração, ou capacidade frigorí ca em kW e em TR (toneladas de refrigeração);
c) o COP.
Dados:
h1 = 247,23 kJ/kg;
h2 = 264,7 kJ/kg;
h3 = h4 = 85,75 kJ/kg (dados extraídos de uma tabela de propriedades termodinâmicas do refrigerante R134a).
Resolução:
Notas:
(*) 1 TR = 3,517 kW;
(**) O valor do COP obtido é bastante elevado, pois se trata de um exemplo ilustrativo, com efeito didático. Valores mais comuns para sistemas de
média capacidade giram em torno de 3 a 4, para ciclos de compressão a vapor de pequeno porte.
Geralmente o COP é maior que a unidade, o que significa que se obtém um efeito ou carga de refrigeração
superior ao “preço energético” que se paga por ele, que é o trabalho de compressão.
O COP ainda deve ser analisado com critério. Alguns projetistas, e mesmo fabricantes, costumam incluir na
potência de compressão a potência de acionamento de outros equipamentos e também de outros sistemas auxiliares.
Exemplo 3.10
O cálculo da capacidade de um sistema de ar condicionado resultou em 10 TR. Ao projetista foram apresentadas duas tecnologias que usam dois
tipos diferentes de refrigerantes. Em ambos os casos, a temperatura de evaporação é de 5 °C:
Considere que o líquido retorne do condensador com temperatura de 35 °C. Pede-se calcular os efeitos refrigerantes ou cargas de refrigeração e
as vazões mássicas de cada alternativa.
Resolução:
a) Isobutano:
b) R134a:
Nota: o efeito de refrigeração do isobutano é maior que o do R134a, signi cando que, para uma mesma capacidade de refrigeração, uma vazão
mássica menor de refrigerante de isobutano é necessária, reduzindo o tamanho geral do compressor e demais equipamentos.
Exemplo 3.11
Uma bomba de calor é utilizada para atender às necessidades de aquecimento de uma casa, mantendo-a a 20 °C. Nos dias em que a temperatura
externa cai para 2 °C, estima-se uma perda de calor da casa a uma taxa de 50.000 kJ/h. Se a bomba de calor, nessas condições, tiver um COP de 2,5,
determine (a) a potência elétrica consumida pela bomba de calor; (b) a potência elétrica consumida, caso o aquecimento se dê por meio de
resistências elétricas.
Resolução:
a) Note-se que, nesse caso, o COPBC é de nido como a razão entre a potência de aquecimento e a potência de acionamento do compressor, ou
seja:
b) O aquecimento elétrico direto seria a própria taxa de calor perdido pelo ambiente, ou melhor, 50.000 kJ/h = 11,1 kW.
Nota: este exemplo mostra a vantagem de se usar uma bomba de calor (consumo de 5,5 kW) em vez do aquecimento direto (consumo de 11,1
kW).
Os registros históricos indicam que a primeira patente de um sistema de refrigeração por absorção comercial foi
obtida em 1860 por Ferdinand Carré, nos Estados Unidos. Tratava-se de um ciclo de amônia-água e tinha como
finalidade o uso na área de refrigeração. Mais recentemente, a partir de 1960, esse uso tem sido mais generalizado,
inclusive com uso para ar condicionado residencial.
Considere a Figura 3.30 para compreender a diferença operacional de um ciclo de compressão mecânica a vapor
e um ciclo de absorção. No ciclo de compressão mecânica a vapor, um compressor é responsável pela elevação da
pressão do vapor de baixa pressão para alta pressão, como indicado pelo retângulo tracejado na Figura 3.30 (a).
Trata-se de um componente único, em geral acionado por um motor elétrico. Com relação ao ciclo de absorção, a
elevação da pressão da linha de vapor de baixa pressão é obtida pelos processos térmicos de absorção do vapor Qabs
(com liberação do calor) por um líquido e pelo bombeamento da mistura ao nível da alta pressão pela bomba de
solução. A mistura de líquido refrigerante passa a receber calor de uma fonte, Qger, e, consequentemente, o fluido
refrigerante mais volátil se evapora e segue o processo normal do ciclo para o condensador. A solução fraca, que
contém a parte não evaporada do refrigerante, passa por uma válvula redutora de pressão e o ciclo se fecha. Esses
processos estão indicados na Figura 3.30 (b). Note que três componentes são comuns entre os ciclos de absorção e
os ciclos de compressão a vapor que são o condensador, a válvula de expansão e o evaporador. O “retângulo”
tracejado da figura superior indica que a função do compressor é substituída pelos componentes dentro do
“retângulo” tracejado da figura inferior.
A Figura 3.31 mostra os principais elementos que compõem o equipamento de refrigeração do ciclo de absorção
da mistura amônia-água. O gerador é responsável pela separação da amônia que entra no gerador misturada com
água no estado líquido no ponto 3 por meio do fornecimento de calor. O vapor de amônia produzido, ponto 7,
dirige-se ao condensador. A solução fraca, isto é, com baixa concentração de amônia, ponto 4, retorna para o
absorvedor. O calor fornecido ao gerador provém da combustão de um gás ou da recuperação de calor de uma
fonte térmica qualquer, como no caso de cogeração ou de energia solar.
Energia elétrica Funciona apenas com energia Utiliza tipicamente 7 % a 10 % da Utiliza tipicamente cerca de 5 %
elétrica. energia elétrica de que o da energia elétrica que o
compressor necessita para compressor utiliza.
trabalhar.
Refrigerante utilizado Varia com a aplicação. Amônia, com água como Água, com brometo de lítio como
absorvente. Um refrigerante absorvente.
natural de baixo custo.
Carga de absorvente (a disposição
é cara).
Energia térmica requerida Nenhuma. Vapor de baixa pressão, água Vapor de baixa pressão (unidades
quente ou rejeitos térmicos de simples estágio) e vapor de
como fontes de calor. alta pressão (unidades de
estágio duplo).
O condensador faz com que o vapor de amônia (7) se condense sob alta pressão, perdendo calor para o meio
ambiente. Do condensador sai, portanto, amônia em estado líquido em alta pressão, ponto 8. Do ponto 8 a amônia
líquida sofre um processo de expansão (queda de pressão) para obter o ponto 9 de uma mistura bifásica de amônia
líquida e seu vapor. O restante do líquido é evaporado no evaporador, saindo vapor saturado no estado 10. No
absorvedor, o vapor de amônia é absorvido pela solução fraca 6 em baixa pressão. A solução fraca é a que veio do
gerador (ponto 4), trocou calor com a solução forte no trocador de calor e saiu, ainda em alta pressão, no estado 5.
Na VE-2 a solução fraca sofre uma queda de pressão para obter o estado 6.
No absorvedor ocorre a mistura e a absorção da amônia pela solução fraca água/amônia, mediante retirada de
calor. Finalmente, a solução forte 1, rica em amônia, é bombeada, alcançando o estado 2, preaquecida no trocador
de calor, e entra no gerador no estado 3, fechando o ciclo.
O princípio de funcionamento do ciclo de absorção é, por assim dizer, tão fascinante que o próprio Einstein se
interessou pelo mesmo. A Figura 3.32 mostra o esquema de um ciclo idealizado por Szilard que, por último, acabou
também sendo patenteado juntamente com Einstein em 1930, nos Estados Unidos. O problema da época era o
excessivo vazamento que os ciclos de compressão mecânica a vapor tinham, e por isso Szilard e Einstein
propuseram um ciclo sem partes móveis.
Figura 3.30 (a) Ciclo de compressão mecânica a vapor componentes; (b) ciclo de absorção de calor. Os componentes dentro do
“retângulo” tracejado desempenham o papel do compressor.
Figura 3.31 Ciclo de refrigeração por absorção de amônia-água típico.
Figura 3.32 Fac-símile do refrigerador por absorção de Szilard e Einstein (US Patent, 1930).
• Célula de óxido sólido (SOFC): funciona em temperaturas entre 800 e 1000 °C, podendo ser alimentada com
hidrogênio e monóxido de carbono. A alta temperatura de operação dificulta a construção e encarece a
tecnologia, razão pela qual se buscam cerâmicas condutoras iônicas a temperaturas mais moderadas.
• Células de metanol direto e de etanol direto (DMFC e DEFC): são semelhantes às PEMFC, porém com
catalisadores capazes de oxidar as moléculas dos álcoois. As células DMFC estão em fase de teste, mas as
células DEFC, embora interessantes, necessitam de soluções tecnológicas porque o etanol não é tóxico e é
renovável. Essas células deverão ser muito utilizadas no mercado de equipamentos portáteis. Skoda (2014)
apresenta um esquema da célula (PEMFC).
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