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O Coração Etérico ...

Um estudo
A formação do Novo Órgão Etérico do Coração à Luz da Cultura
de Mistérios Michaélica do presente como Rudolf Steiner requer
para a nossa Era em suas Palestras
“A Missão de Michael e a Revelação dos Mistérios do Ser do
Homem”

“Die Sendung Michaels und Die Offenbarung der eigentlichen


Geheimnisse des Menschenwesens”

Ruth Haertl, Michaelmas 2000


Tradução Inglês Monica Gold

Tradução Português Sonia Homrich

Este ensaio concernente ao coração Etérico toca o mais profundo dos


mistérios do ser humano. Atinge os processos individuais da vida
humana e suas mudanças evolucionárias que afetam toda a
humanidade. O conhecimento destas mudanças é significante para nós
quando queremos expandir as nossas habilidades para a cognição do
Carma.

Iniciamos com o breve sumário do desenvolvimento do órgão


Etérico do coração. Rudolf Steiner descreveu o processo em grandes
detalhes falando sobre a formação do órgão etérico do coração das
crianças.

Antes do nascimento as forças etéricas são “trazidas”, “atraídas” e


unem-se para criar um corpo individual etérico. As forças etéricas
mantêm em si substâncias que são tiradas de todo o cosmos.

 
Figura 1
(Fonte: GA 212,
26 Maio 1922)

Desenhando um coração etérico Rudolf Steiner nos mostra a


periferia das estrelas, o coração entre o sol e a lua, enquanto abaixo a
terra é indicada. “É importante compreender que quando descendendo
ao mundo da terra nós trazemos em nós a imagem do cosmos”. Esta
primeira configuração do coração etérico de Rudolf Steiner tem um
aspecto provisional ou hereditário. Permanece com a criança até a
perda dos dentes de leite. Em torno dos 7 anos decai. Rudolf Steiner
diz com estas palavras “ele decai”. É rejeitado exatamente como os
dentes são descartados na idade dos 7 anos. As maravilhosas
configurações cósmicas das imagens estelares esvaem-se mais e mais à
aproximação do aniversário dos 7 anos. Isto ocorre à época quando o
próprio corpo etérico da criança nasce.

Raios de configuração do éter iniciam uma nova forma e se


esforçam da periferia ao centro. Ali acumulam em torno do coração
físico e como crescem juntos, um segundo coração etérico nasce. É o
órgão etérico individualizado do jovem que cresce e amadurece na
idade dos 7 aos 14 anos.

Isto ocorre através de um processo onde passo a passo o novo


coração etérico repõe tudo que morre do coração hereditário. O novo
coração é condensado da esfera do mundo integral (como um todo).

Em outra passagem das palestras de Steiner, lemos que na


puberdade o corpo astral é reestruturado numa nova configuração. Na
mesma área do corpo na qual o segundo coração Etérico foi formado
como um reflexo das estrelas, sol e lua, as forças do corpo astral
estabelecem um órgão central adicional. Estes dois órgãos tecem
interna e externamente de si mesmos, como um órgão central único, e
dentro deste são inscritas todas as ações, todas as motivações morais,
as intenções humanas e as idéias.

Em uma de suas palestras Rudolf Steiner fala de uma caixa


pequena na qual tudo que é concernente à nossa vida é gravado. Como
estudantes no caminho de iniciação nós damos gradualmente um
significado, tornando-nos aptos a ler e interpretar nossas ações
cármicas do passado, nós assumimos crescer em direção ao
entendimento, à compreensão de tudo que está inscrito no coração
etérico. Foi no dia 27 de Fevereiro de 1925 em seu 63° aniversário que
Rudolf Steiner deu à Dra. Ita Wegman a meditação relacionada ao
tema, que se segue:
“Corações interpretam o Carma
Quando corações aprendem a ler
A Palavra,
Que cria na Vida Humana;
Quando corações aprendem a
Falar a Palavra
Que cria no
Ser Humano”

Na estrutura acima mencionada da reestrutura do corpo astral está a


imagem de tudo que o ser humano vivencia no mundo espiritual entre a
morte e o renascimento. Grandes segredos estão inscritos no corpo
astral nesta ocasião. Durante a juventude do ser humano estes segredos
emergem pouco a pouco com os órgãos físicos e etéricos, os quais
mantêm agora profundos segredos cósmicos, como que aprisionados
numa enseada que os nutrem. A partir do “Eu” [Nota 1] o qual em
compreensão em boa disposição conecta-se com o nosso corpo astral,
estes segredos com as intenções (positivas e menos positivas) e as
motivações são gravados (como imagem estampada) no órgão do
coração etérico, na pequena caixa citada. Por esta razão, Rudolf Steiner
fala que ocorre uma união conjunta do Eu com o coração etérico e
astral. E isto significa um total ajustamento do carma individual com as
leis cósmicas.

Assim podemos visualizar um processo dinâmico interior,


ativamente dando forma ao físico humano através do trabalho criativo
do Logos. Podemos dizer que o ser humano nasce a partir da profunda
sabedoria cósmica. Forças criativas trabalham através do
fortalecimento da Palavra nos invólucros, nas bainhas (de proteção do
Eu) do ser humano. O Logos no coração humano torna-se um órgão do
destino criativamente trabalhando em harmonia com as “bainhas” do
etérico e do astral e com o Eu do ser humano. É a criação de nosso
“respeito-à-inspiração” do órgão do coração que foi introduzido na
adolescência. Agora um milagre posterior da criação do ser humano se
segue.

Um processo contínuo ocorre no qual a humanidade torna-se co-


criadora. Através da pesquisa para o trabalho espiritual ativo o ser
humano individual torna-se co-criador de seu próprio destino num
nível bem mais alto. O ser humano não é mais passivo, o Logos não
mais cria no corpo físico sozinho. O fato é que a qualidade do “tornar-
se” depende do esforço com objetivos e no forte ampliar de forças da
vontade em cada ser humano. Nós mesmos podemos constatar como
isto acontece de sua maneira própria.
Podemos permanecer em respeito e admiração enquanto realizamos
inteiramente a extensão das possibilidades que são colocadas em
nossas próprias mãos. Em total liberdade podemos trabalhar na
configuração estrutural de nosso próprio coração etérico; o novo
coração que iniciou o processo atual de separação do coração físico em
1721 (Veja o desenho). O fato importante é que a perfeição desta nova
criação depende de um objetivo orientado e auto-direcionado rígido,
assim como o mais ativado e fortalecido desabrochar (em
desenvolvimento, em evolução) da força de vontade. Deve surgir a
partir de uma “fisiologia da liberdade” dada pelo Logos para a
transformação de nosso próprio ser. A frase “fisiologia da liberdade”
foi dada pelo Dr. Peter Selg, um jovem medico que escreveu o livro
“Do Logos ao Físico Humano” – “Vom Logos Menschlicher Physis”
(Verlag Goetheanum 2000).

A profundidade espiritual de Peter Selg, embora estritamente


dentro do modo de pensar do caminho das ciências naturais, seu não
usual conhecimento como um médico moderno, permite-o olhar para o
corpo humano de uma forma nova. Encontrou Peter Selg, que dentro
da estrutura do corpo físico criada pelo Logos existe um “espaço livre”
e isto prontamente o levou a cunhar a frase “Fisiologia da Liberdade”.
No livro acima citado ele olha para aquelas partes do corpo que
apontam o “espaço livre”.

 
Figura 2

O desenho que se segue foi tirado da GA 190 de 5 de Abril de


1919. Este desenho aponta o coração físico como ele nada no saco do
ambiente separado do coração etérico. Considerando estas idéias com
muito cuidado surge diante de nosso olho interior, de Rudolf Steiner, a
“Filosofia da Liberdade” (Filosofia da Atividade Espiritual)” (capitulo
9) [Nota 2]. Neste livro Steiner fala da emergência da consciência do Eu
através do corpo físico e a possibilidade desta consciência do Eu
evoluir porque o Eu faz parte do todo — no pensar espiritual. Adiante
ele diz no capítulo 9 que a organização física não faz parte na essência
do pensar e que ao contrário o que realmente ocorre é que o físico se
retira e cria um espaço para o pensar. O pensar do ser humano é livre!
A vontade, no entanto, é apenas acessível através do corpo humano.
Ela pode ser liberta se a atividade do pensar for fortalecida de tal forma
que o Eu é solto vagarosamente das profundezas da vontade. O leitor
pode ver como o majestoso processo da criação em liberdade está
profundamente conectado com o trabalho milagroso e criativo do ser
humano individual como ele se liberta do que o impede da correta
expansão da compreensão, do entendimento, do conhecimento do
coração etérico. Estamos falando do coração etérico como um órgão
para as vidas futuras (em desenvolvimento agora), um órgão com um
olhar para a cognição cármica. Isto tem sido verdadeiramente colocado
nas mãos do ser humano porque de acordo com Rudolf Steiner, no ano
de 2100 este processo está destinado a atingir lentamente a sua
conclusão.

Embora por um lado, o que foi descrito faz parte de um processo


normal evolucionário, existe por outro lado, o pré-requisito que não
pode deixar de ser examinado. De acordo com Rudolf Steiner, é
importante que a humanidade crie a compensação espiritual, o
contrapeso do passado, quando o coração era uma Dádiva-divina, um
órgão protegido por Deus. Os seres humanos devem conectar o coração
etérico separado do mundo espiritual através de uma vida de
pensamento e sentimento transformados. Em nossa época
(contemporânea, Sardes) [Nota 3] os seres humanos necessitam
encontrar um novo caminho michaélico no qual eles procuram a
verdade, [Nota 4] então eles encontrarão o caminho correto para este
terceiro coração etérico criado còsmicamente. Este novo caminho
dinâmico espiritual dá ao ser humano a possibilidade de estruturar
ainda mais seu órgão do coração etérico como um órgão do sentido, na
maior diversidade possível. Como o terceiro coração é criado pelo
Logos na liberdade Michaélica [Nota 5] em conjunção com o ser
humano, este cresce em tamanho tanto quanto o organismo inteiro do
sangue. É um órgão invisível dos sentidos, um olho interior cognitivo
do coração revelando a corrente cármica de eventos através das
encarnações.

Rudolf Steiner indicou como o “estudante do espírito” [Nota 6] pode


aprender a pensar com este coração etérico e como ele pode proteger e
cuidar deste conhecimento. Quando o pensamento Michaélico é
verdadeiramente ativado, o conhecimento espiritual é coletado,
congregado, através do coração separado, não através da nobre cabeça
a qual descarta tanto o subjetivo como os sentimentos humanos; sim,
Michael irá abrir o caminho do pensar da cabeça para o coração, e os
corações e não as cabeças começarão a ter pensamentos. Tudo isto se
segue naturalmente à grande revelação do “criando” [Nota 7] (do
processo criativo) do terceiro coração, após o soltar-se do novo
formado coração etérico.

É a intenção de Michael que no futuro, a inteligência possa fluir


através do coração dos seres humanos e que esta será conectada às
mesmas forças divino-espirituais que ajudaram a criar o ser humano no
início dos tempos.

Em relação à quinta câmara do coração fui encaminhada à


autobiografia de Ehrenfried Pfeiffer (Perseus Verlag, Basel.) O autor
toca brevemente nas profundidades deste segredo oculto não apontando
para as referências de Steiner. Simplesmente ele indica a meditação do
ponto/círculo, dada por Steiner no curso curativo. [Nota 8]

Sumarizando podemos dizer que através da separação do coração


etérico e sua posterior expansão sobre a circulação sanguínea como um
todo, o pólo oposto é colocado em movimento. Torna-se possível às
almas conectarem-se com Michael a engajarem-se na escola “orientada
ao ideal” de iniciação. Em conseqüência, entrar em estreita conexão
com as hierarquias e o Cristo Etérico [Nota 9] — o qual revela a Si
mesmo hoje, como um anjo. É objetivo de Michael que a disciplina
espiritual leve ao “conhecimento-no-coração” e que o olho etérico se
torne um órgão de cognição.

Lemos nas Cartas-Michaélicas:

 “A força do Cristo imprime as imaginações humanas no


éter cósmico”.
 “O que o ser humano vivencia como fortalecimento da
imaginação consciente torna-se o conteúdo do mundo”.
 “Corações iniciam a ter pensamentos, este é o novo
caminho do ‘pensando-com-o-coração’”.
 “O novo órgão-do-coração desenvolvido lentamente
transforma-se em um olho ou melhor, num órgão do
sentido do coração-olho”.
 “Cada um que se esforça tremendamente na luz da
ciência spiritual e conecta-se com o Logos-Mundo
criativo através de pensamentos sentidos no coração,
cedo ou tarde aprenderá a ler o carma. Ao fazê-lo o ser
humano acrescenta à substância da juventude-etérica ou
ser angélico através do “como” revela a Si mesmo hoje,
o Cristo Etérico”.
Para os discípulos espiritualmente ativos na corrente
michaélica, o terceiro coração etérico torna-se:

1. um olho de auto-cognição, de reconhecimento, de


descoberta do verdadeiro Eu como o Ser Eterno do ser
humano,
2. ao mesmo tempo ele torna-se o olho do sentido-do-Eu,
o qual percebe o outro em seu verdadeiro Ser,
3. um olho de cognição para os seres supra-sensíveis e
para o próprio Cristo Etérico, protegido e nutrido na
cultura de mistérios Michaélica da vontade como é
destinado em nossa época cultural,
4. será também possível perceber o carma de outros assim
como a sua própria corrente carmática.

Tudo isto cresce dos frutos de uma vontade treinada. Refiro-me ao


verso de Setembro do Calendário da Alma:

Oh, Natureza, sua vida maternal


Carrego dentro da essência de minha vontade.
E em minha energia de fogo da vontade
Devo revestir meu esforço espiritual,
Aquele auto-sentido daí brota
Para manter-me em mim mesmo.

Natureza, tua existência materna


Eu carrego em minha entidade volitiva;
E o poder do fogo de minha vontade
Acera os impulsos de minha mente,
Para que gerem um sentimento de mim mesmo,
A fim de sustentar-me dentro de mim. [Nota 10]

Quando o Dr. Kaelin, [Nota 11] o cientista-pesquisador e médico


perguntou a Rudolf Steiner o porque da tendência a problemas
cardíacos ele explicou que de fato o coração etérico está se soltando do
físico. Isto foi mencionado antes.

Apreende-se da resposta de Rudolf Steiner que nós, no início do


século 21 permanecemos no ponto principal concernente ao processo
de desenvolvimento do coração etérico. Não podemos falhar na
pesquisa de todos os fatos concernentes com a maior clareza possível,
não podemos falhar na prática, no exercício e na purificação de nós
mesmos enquanto procurando pela verdade. Sim, podemos contribuir
para a formação correta do novo órgão do coração etérico; Michael nos
deixa livres, porém, ele tem expectativas e nos observa. Hoje muitas
pessoas não praticam, é sua omissão, uma trágica perda que ocorre
devido à falta de conhecimento a qual traz danos ao coração físico.
Muito mais devemos trabalhar em expandir nosso órgão do coração e
isto nos permite ascender à imaginação e à inspiração e às formas de
cognição onde nós vivenciamos nosso próprio olho cognitivo do
coração etérico no Logos-do-Sol.

Os raios poderosos do Espírito-do-Sol vivem no novo órgão do


coração etérico (GA 212 [Nota 12]). O ser humano um dia estará apto a
galgar infinitas alturas espirituais. Muito mais aspectos do tema devem
ser pesquisados. Em Basel, (Oct. 1, 1911 GA 130 [Nota 13]) Rudolf
Steiner falou sobre a eterização do sangue, fatos que são bem
conhecidos pelos estudantes de Antroposofia. Doenças do coração
podem predominantemente ser oriundas da ausência de atividade
espiritual. Características morais afetam a contração e a expansão dos
vasos capilares, e nossa vida da alma moral também influencia a
composição de nosso sangue.

Nosso sangue, visto de uma perspectiva espiritual, é submetido a


um constante processo de eterização, criando a fundação para a saúde e
a vida. Quando a atividade espiritual é suficientemente desenvolvida
isto tem um efeito positivo no sangue porque a substância usada pode
ser eterizada. Esta substância de éter tem a sua fonte oculta no sangue
etérico do Logos. É o sangue-do-coração do crucificado e subseqüente
ascensão do Logos. Ele está unido com o éter do Sol. Internamente
conectando-se o ser humano com o Ser de Cristo, vive nele
verdadeiramente, na substância eterizada de seu coração etérico e em
sua corrente sangüínea etérica a corrente sanguínea do crucificado.
[Nota 14] Quando o ser humano não se conecta internamente com o
Cristo, se ele O rejeita, o sangue etérico do Cristo é expulso da corrente
de sangue etérica deste ser humano. Esta é uma profunda verdade
oculta, o pré-requisito para a estupenda expansão do processo de
desenvolvimento do novo coração etérico. (A Eterização do Sangue,
uma palestra dada em Basle, 1 Out. 1911).

A cada batida cardíaca certa quantidade de substância é absorvida,


extraída, da pressão arterial e adicionada à substância etérica. Esta
substância etérica principia o irradiar no em torno, de tal forma que nos
tornamos conscientes do processo numa imagem. Para começar, temos
o ser humano na cruz física de seu corpo. Raios etéricos fluem do
centro de seu coração. Do coração de Cristo pregado na cruz da Árvore
da Vida flui Seu sangue na terra moribunda e nos corpos que morrem,
dos seres humanos. Como raios de sol etéricos eles irradiam longe, no
cosmos. Nós também tomamos em nós mesmos estes raios e baseados
no pequeno Sol etérico de nosso novo órgão de coração etérico
semelhantes correntes podem fluir longe no cosmos. Nós ancoramos e
abrigamnos em nosso coração etérico o criativo e ativo sol interior que
irradia calor e luz ao meio ambiente, até as longínquas partes do
cosmos. É o éter de calor que está predominantemente ativo no coração
etérico.

Encontramos importantes indicações da palestra de Rudolf Steiner


dada em 2 de Julho de 1921,

GA 205: [Nota 15]

“Quando olhamos o coração interior, encontramos que


existem forças coletadas do sistema metabólico e
membros. O que é conectado com as forças do coração
etérico sabemos que foi espiritualizado. Então, o que
tem a ver com a nossa vida exterior e nossas ações
também é espiritualizado e tecido nele. Aquilo que vem
sendo preparado no coração como forças torna-se em
predisposição e tendências carmática. ‘É simplesmente
escandaloso falar de uma bomba no coração ...’” [Nota
16]

“Veja, quando alguém conhece esta organização e


aprende a diferenciá-la então tudo parece como que
conectado num todo integrado. A pessoa precisa olhar
para esta integralidade, para a vida que se encontra entre
o nascimento e a morte. Desta forma pode-se olhar para
a mais íntima estrutura do ser humano. Não podemos
falar da cabeça porque simplesmente a cabeça é
eliminada: aquelas forças que são preenchidas com esta
encarnação, são as forças transformadas da última
encarnação. As atividades metabólicas que ocorrem não
são somente processos químicos que alguém pode
examinar fisiológica ou quimicamente. Existe outra
nuance importante onde a moralidade acontece. Esta
nuance moral é verdadeiramente guardada (arquivada)
no coração e transferida para a próxima encarnação.
Estudar o ser humano integral significa encontrar nele
as forças que alcançam além da vida na terra.”

Na GA 205, 2 Jul. 1921, pág. 110 Rudolf Steiner diz: “Você pode
imaginar a tremenda diferença que existe entre o que vive em nosso
coração durante esta encarnação e a condição na qual encontramos a
nós mesmos numa próxima nova vida após termos passado por um
longo período de desenvolvimento no tempo entre a morte e o novo
nascimento. Quando ainda você olha em seu coração interior você
acessa muito bem, naturalmente, apenas num caminho oculto, não
numa imaginação amplamente desenvolvida, o que você fará em sua
próxima vida. Pode-se dizer, veja você, não apenas numa maneira
abstrata, que a minha próxima vida é preparada hoje em todos os
detalhes carmáticos, mas pode-se também apontar para a “pequena
caixa” na qual o carma repousa, esperando o futuro.”

 
Figura 3

Outra importante palestra dada em 1 Maio 1915, GA 161, [Nota 17]


onde Rudolf Steiner fala sobre o coração etérico em relação com sua
nova posição atrás da cabeça fora do corpo físico. Ver o desenho. É de
extrema importância que isto seja levado em conta. É necessário
estudar como conseqüência e pesquisar o coração etérico e sua posição
olhando [Nota 18] — “O Conhecimento dos Mundos Superiores”
especialmente a parte “Alguns resultados da Iniciação” — “Alguns
Resultados da Iniciação”. A parte de sombras escuras atrás da cabeça
na imagem será o primeiro início do novo coração etérico. Surge como
uma poderosa rede de sangue eterizado que cria uma pele individual
fina separando-a do éter cósmico. Com isto nós damos um outro passo
na compreensão do tamanho e na posição do coração etérico.

Finalmente devemos direcionar nosso olhar para as possibilidades


que o novo coração etérico como um órgão dos sentidos ou Olho-Solar
está apto a se desenvolver para o futuro. Eu já indiquei. Ouvimos na
palestra de 6 Maio 1922 — quando olhamos em nós mesmos,
vivenciamos nosso olho etérico como um olho cognitivo. Torna-se um
órgão que direcionamos para nossas próprias profundezas. Aqui
vivenciamos as emoções em flamas, devastadoras e ardentes, os
desejos, as paixões e os “drives” [Nota 19] e por outro lado o que em
nós não se conecta com estes porque é o nosso ser eterno. Estes vivem
par a par com aquele. Então podemos dizer que o novo órgão etérico
torna-se cognitivo para nosso ser eterno nas profundezas da
organização metabólica e da vontade. Enquanto a nossa cabeça
sustenta a nossa alma como que sepultada por dentro, nós
compreendemos a nós mesmos, nosso ser eterno, nas escuras
profundezas da vontade purificada de emoções e “drives”. [Nota 20]
“Agora entramos nos domínios onde a alma e o espírito se tornam um”,
diz Rudolf Steiner em sua palestra de 6 Maio, 1922, GA212. [Nota 21]
“Na cabeça ou cérebro o ser humano é físico. O que é semelhante à
alma foi enterrado ali, é como um cadáver. Este cadáver é a área na
qual presentemente toda a pesquisa científica natural olha diretamente
para a alma. Mas na realidade, a alma é verdadeira para si e conectada
ao espírito abaixo do coração. O novo e lindíssimo órgão dos sentidos
o qual é tão amplo quanto o organismo sangüíneo, encontra o eterno
ser do homem próximo de tudo que surge das profundezas da vontade
como impulsos (drives) e emoções.”

Quando o discípulo de iniciação ascende para a cognição


imaginativa e inspirativa o que surge, então, como impulsos baixos e
instintos, não pode falar. Surge uma somatória de pensamentos em
imagens majestosas, revelando o que o ser humano era antes do
nascimento. O discípulo é transportado no tempo antes do nascimento.

Aquilo que vemos como uma visão através do coração, que se


tornou um órgão do sentido, este é nosso próprio ser eterno.
Vivenciamos nosso próprio Eu [Nota 22] de nosso eterno ser. Enquanto
continuamos a apressar, a empurrar em nosso próprio ser, as qualidades
semelhantes ao Sol, mudam. Chegamos ao ponto definido onde
encontramos conhecimento inspirado e onde tecemos com a inspiração
cognitiva numa imagem verdadeira do mundo. Agora em total
consciência através de um repentino solavanco interior em nossa alma
espiritual sente-se como se nos fundíssemos com o próprio Sol e no
mesmo instante quando chegamos à cognição inspirada, quando o
nosso sentido do coração torna-se um órgão cognitivo, subitamente
sentimos como o nosso coração é transplantado para o sol, sentimos
como se nós fossemos o sol, o sol é em nós, pertence a nós. [Nota 23] O
Sol torna-se o nosso olho, nosso ouvido e o nosso órgão do calor. Em
solavancos, nos encontramos assemelhados ao Sol. “Permanecemos
com a luz, tocamos seres espirituais com nossos órgãos de luz.” Aqui o
conhecimento supra-sensível atinge um outro estágio, um pequeno
passo adiante é dado. Então não apenas sentimos nós mesmos dentro
do Sol, mas percebemos nós mesmos “do outro lado do Sol” . Agora
nos movemos totalmente no Sol, sentimos fazer parte do Sol com o
nosso ser mais interior ser e vivenciamos o mundo dentro de nosso ser;
previamente ele estava fora, em torno de nós. Estas são palavras de
Rudolf Steiner. É uma vivência que temos enquanto inconscientes no
sono.
Agora precisamos atingir além da esfera do Sol e isto somente
ocorre através da inspiração e posteriormente da intuição. Aqui o Sol
físico nos separa do lugar no qual vivemos entre a morte e o novo
nascimento. O Sol físico nos impede de ver o espiritual. Através do
degrau adicionado, no entanto, agora conscientemente vivenciamos o
espírito do Sol e sentimos como se estivéssemos dentro do Sol
perambulando entre os caminhos do mundo. Alcançamos fora, a
semelhança ao Sol como “o Sol tem um Ser Espiritual”, algo como um
Super-Sol. Assim como a Lua exerce uma poderosa influência no ser
humano físico, assim o Sol tem uma enorme influência em sua alma.

 
Figura 4

Algo que foi dito no passado, através da clarividência instintiva,


conhecia-se que pessoas especialmente inclinadas espiritualmente são
não apenas o que são devido ao Sol e da Lua, mas que elas são o que
são através do Grande Ser Solar. Esta é a razão do porque no passado
pessoas eram pintadas com auras douradas. Assim, demonstrava-se que
a pessoa estava apta a alcançar não apenas os domínios da alma mas os
domínios do espírito e adiante, de tal forma que a extensão tornava-se
visível no etérico.Veja o desenho de Rudolf Steiner. Impulsos, paixões,
desejos não fluem do que está conectado com o super-sol, mas sim à
alma da terra. Vivencia-se um calor interior e um entusiasmo interior,
mas em pura forma espiritual, não através de impulsos e paixões. É
calor o que vem do mundo, do Grande Ser-do-Sol. [Nota 24]

Sumarizando, esta é a coroação do que um dia se percebe e


conhece espiritualmente, o novo órgão do coração etérico como o olho-
Solar, quando o Sol como Super-Sol espiritual torna-se olho cognitivo
no coração etérico.
Tudo que foi mencionado aqui, especialmente as possibilidades
estupendas para o coração etérico, é de grande significado porque
como sua fundação reside o ato Michaélico livre e criativamente
tomado pelas mãos do discípulo.

É o poderoso chamado esotérico para cada discípulo de Michael,


para ajudar na criação da nova Terra-Sol. Este co-trabalho pode ser
assumido quando o corpo etérico e o coração etérico tornam-se
amplamente cristianizados a partir das novas faculdades do “coração-
etérico-olho-solar”, enquanto o coração aprende a interpretar os
eventos cármicos através do ler, dentro do Logos criativo e ativo.

Aprender a falar a Palavra que estrutura a vida humana requer que


a cultura Michaélica acordada nas forças da vontade, fortaleça a
vontade. Estas misteriosas e mágicas capacidades irão surgir para o ser
humano do futuro. Cedo ou tarde, o novo coração etérico do ser
humano tornar-se-á um órgão ativo que através de “insights” [Nota 25]
cármicos torna-se crescentemente apto a curar e ajudar na esfera social.
Ao pilar da cognição, o pilar da vontade deve ser acrescido, como a
coluna do sangue cristianizado.

Desta forma, o segredo do Graal vive na magnificência do ampliar


a alma espiritual oculta do coração etérico. O novo coração etérico
como um olho-espiritual cognitivo do ser eterno humano é o local onde
a Taça do Graal, o órgão etérico, acende como a força real, como o
sangue do Redentor. Christian Morgenstern pronuncia:

“Eu ergo meu coração a ti como o verdadeiro vaso do Graal ...”

É a vivência de estar totalmente imbuído com o espírito da


eternidade o qual preenche a alma receptiva do jovem Graal no cúltico
evento espiritual do altar do Sol. Aqui, espírito e alma se unem. É o
caminho Michaélico para a cidade celestial – a Nova Jerusalém.

Leituras:

“A Missão do Arcanjo Michael” (“The Mission of the Archangel


Michael”), A Revelação do Mistério Único do Ser Humano. Novembro
21–30, 1919, Dornach. Rudolf Steiner: GA 161, 190, 205, 212, 10.

Ehrenfried Pfeiffer, “Uma vida para o spiritual — Ein Leben fuer den
Geist” 1999 Perseus Verlag, Basel.

Peter Selg, “ Do Logos para o físico humano, o desdobramento da


fisiologia humana antroposófica no trabalho de Rudolf Steiner — Vom
Logos der Menschlicher Physis, die Entfaltung einer
anthroposophischen Humanphysiologie im Werk Rudolf Steiners.”
Goetheanum August 6, 2000.

Heinz Herbert Schoeffler, „ A formação do tempo dos corações“ —


“Die Zeitgestalt des Herzens.” 1974 Verlag Freies Geistesleben,
Stuttgart

Ruth Haertl, “ À procura da importância do conhecimento no Pensar do


Coração da Antropos-Sofia à Luz do Santo Graal — Auf der Suche
nach der Wirklichkeit der Erkenntnis im Denken des Herzens aus
Anthropos-Sophia im Lichte des Heiligen Graal.” Verlag Ch.
Moellmann, ISBN 3-931156-84-2

http://www.rsarchive.org/RelArtic/GoldM/etheric_heart.html

GA 194 Sendung Michaels, Die. Die Offenbarung der eigentlichen


Geheimnisse des Menschenwesens. 12 V Dornach 21/11–15/12/19.
Mision del Arcangel Micael, La (San Miguel).

Nota 1 Eu – Corpo físico, etérico, astral e Eu onde astral corresponde à


alma e Eu ao Espírito, diferindo de Ego que dá uma conotação ligada a
conceitos de psicologia e psiquiatria e diferem do que queremos aqui
transmitir. “Eu”, na medida em que o espírito é independente da alma,
não se mistura confundindo-se com esta e é eterno, sendo a
individualidade eterna do ser humano a que está em contínua evolução;
esta pode ser retrógrada ou direcionada ao futuro.

Nota 2 O link nos remete ao “Arquivo Rudolf Steiner”. Em Português,


veja A Filosofia da Liberdade da Editora Antroposófica
http://www.antroposofica.com.br

Nota 3 Era, ou época. Segundo Jacira Cardoso (nota 29, pág. 65) em
“O Apocalipse de João”, 2003, Editora Antroposófica, os termos —
era, período e época — são utilizados de acordo com a classificação
geológica embora esta não se aplique. Rudolf Steiner usa sem distinção
a terminologia. Assim, eras refere-se a eras planetárias, períodos
refere-se ao período atlântico ora em curso e épocas refere-se à época
contemporânea, Sardes, ou à próxima, russa ou Filadélfia.

Nota 4 Procurar a verdade: no cosmos e na terra ao mesmo tempo.

Nota 5 Micaélica ou Michaélica – prefiro a expressão Michaélica pois


mantém-se assim o nome do Arcanjo-Arqueu Michael.

Nota 6 Estudante ou discípulo do espírito, da ciência espiritual ou


antroposofia.

Nota 7 “Criando” ao invés de “criar” no sentido de que a relação


temporal é a do tempo presente, está acontecendo agora, está em
processo de criação.

Nota 8 Rudolf Steiner. Curso de Pedagogia Curativa, GA 317,


Palestras para médicos e pedagogos curativos, Dornach, 25 Junho–7
Julho, 1924. Curso de education Curativa, Curative Education, Rudolf
Steiner Press, London, 1972.

Nota 9 Cristo em sua Segunda Vinda, no Etérico da Terra, sendo


vivenciado por várias pessoas da atualidade, em várias localidades da
Terra a partir de 1933, com intensidade.

Nota 10 Rudolf Steiner. Disposição Anímica de Michael. Verso 26, 29


de Setembro – 5 de Outubro, Calendário Antroposófico da Alma.
Tradução Sonia Setzer/Rudolf Lanz.

Nota 11 Criador do método Kaelin de dinamólise capilar do sangue.


Realizado no Brasil na Clínica Vivenda Sant’Anna em Juiz de Fora,
coordenado em termos mundiais por Dra. Norma Priemer.

Nota 12 Rudolf Steiner. Menschliches Seelenleben uns Geistesstreben


im Zuzammenhahge mit Welt- und Erdentwickelung. Dornach 29
April – 17 Juni, 1922. GA 212

Nota 13 Rudolf Steiner. A Eterização do Sangue. A Intervenção do


Cristo Etérico na Evolução Terrestre. Uma palestra. 1 Outubro de
1911. GA 130 Basel 01/10/11. The Etherization of the Blood.

Nota 14 Deve-se ter em mente as descrições de Rudolf Steiner do


profundo significado do fenômeno supra-sensível que aconteceu diante
dos olhos de alguns iniciados, a passagem de um deus do Sol através
do portal da morte, e sua conquista de um corpo na luta travada no
Hades com as forças do mal, abrindo caminho para nossas
compensações carmáticas ocorrerem em liberdade.

Nota 15 Rudolf Steiner. Menschenwerden, Weltenseele und


Weltengeist – Erster Teil: Der Mensch als leiblich-seelische Wesenheit
in Seinem Verhältnis zur Welt. 13 Palestras, Stuttgart 16 Jun, Bern 28
Jun Dornach 24 Juni – 17 Juli 1921.

Nota 16 O prof. Manteufel realizou uma pesquisa na qual demonstrou


que o coração não é uma bomba. Friedrich Husemann, Otto Wolff. A
imagem do homem como base da Arte Médica. Ed. Resenha
Universitária, 1978. The Anthroposophical Approach to Medicine,
1989, Anthroposophic Press.

Nota 17 Rudolf Steiner GA 161. Wege der geistigen Erkenntnis und


der Erneuerung künstlerischer Weltanschauung. 13 palestras Dornach,
9 Jan. – 2 Mai, 1915.

Nota 18 Editora Antroposófica http://www.antroposófica.com.br

Nota 19 Sentimos como se a nossa vontade fosse torcida e espremida,


virada do avesso, podendo até sentir tonturas e câimbras na região,
fazendo literalmente a vivencia “das tripas, coração”. Nosso coração se
dilacera, se choca, se surpreende, dói em muitos pontos, parece que em
certos momentos até para nas vivências da separação do etérico e do
físico, criando o ponto do “nada” através da vivências do dia a dia. Em
cognição consciente da vontade e dos sentimentos.

Nota 20 “Drive” é o impulso, o incontrolável desejo que nos dilacera


para possuirmos algo, como a droga o é para o viciado.

Nota 21 Rudolf Steiner. GA 212. Menschlisches Seelenleben und


Geistesstreben in Zuzammenhange mit Welt- und Entwickelung. 9
Palestras. Dornach 29 Ab – 17 Jun 1922.

Nota 22 Nosso próprio Eu, nosso próprio “self”. Evitando similitudes


com a linguagem da psicologia e da psiquiatria, prefiro usar o termo
Eu, que é mais abrangente e integral, para a compreensão do texto.

Nota 23 Nós em Deus, Deus em nós.

Nota 24 Várias pessoas interpretam que a vida sem entusiasmo, sem


paixões significa uma vida sem o verdadeiro entusiasmo espiritual – e
é exatamente neste ponto que reside o engano.

Nota 25 Discernimento, introvisão.


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