Você está na página 1de 3

1

CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTO AGOSTINHO - UNIFSA


PRÓ - REITORIA DE ENSINO
NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO – NUAPE
COORDENAÇÃO DE CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: Psicologia Social (2020/1°)
TURMA(S): 01N2A e 01N3A
DOCENTE: Ms. Samila Marques Leão
DISCENTE: Ianara Silva Evangelista
DATA: 30.05.2020

ATIVIDADE (3ª Avaliação de Aprendizagem)

Análise do filme A Onda


http://www.youtube.com/watch?v=zG3TfjAhs30

ATIVIDADE: Análise do filme A ONDA E


RESPONDER AS PERGUNTAS ABAIXO,
articulando com os temas sobre ideologia,
processo grupal e comunicação (2,0 pontos, em
dupla).

1. Conceitue ideologia e processo grupal para psicologia social crítica?


Conceituar ideologia não é uma tarefa fácil, tendo em vista que é um conceito amplo e
complexo. Desse modo, compreendo que ideologia pode ser entendida como um conjunto de
concepções, opiniões, normas, regras, valores, ideias de uma pessoa ou de um grupo ou pode
ser vista também como algo abstrato, ilusório em torno da realidade. Já o processo grupal
pode ser entendido como uma rede de relações onde as pessoas externam suas diferenças. Por
meio da convivência com o diferente, há também relações de poder que perpassam as decisões
e que o conflito é inerente a esse processo, porém, o diálogo que é estabelecido tem o intuito
de conciliar o que for possível, considerando que as pessoas são diversas e reconhecendo as
diferenças, de forma respeitosa.

2. Qual relação que o filme possui com a discussão de IDEOLOGIA, PROCESSO


GRUPAL e FORMAS DE COMUNICAÇÃO?
Rainer Wenger é um professor de formação libertária e faz um experimento em sala de aula,
onde ele tenta demonstrar na prática como acontece o poder da manipulação das massas e os
mecanismos do fascismo. Por meio de valores autoritários, ele utiliza do regime autocrático
(regime em que o governante exerce um poder absoluto e ilimitado assumindo formas de tirano,
ditador) para construir uma ideologia, a partir de um sentimento de pertencimento grupal, no
2

qual o grupo começa a criar regras padronizadas, onde podemos entender as formas de
comunicação, como por exemplo, a figura de um líder, a comunicação mobilizadora das
massas, a autorização para falar em sala de aula, uma espécie de uniforme, uma saudação,
adesivos com o símbolo, uma página na internet, pichações espalhadas pela cidade em locais
públicos, etc. Buscam sempre a unidade do grupo, onde as suas individualidades são
“apagadas” (eliminação das diferenças).

3. O filme faz referência a diversas ideologias (fascismo, anarquismos, nazismo). De


que formas essas ideologias influenciam os jovens ao longo ao filme e qual as
consequências disto?
O filme “A Onda” faz alusão aos regimes totalitários, especialmente à autocracia, fazendo
referência ao nazismo, onde influenciam o comportamento dos/as jovens e ganham adeptos
através do seu poder de pertencimento grupal. O sociólogo francês, Émile Durkheim, nos ajuda
a compreender o conceito de coesão social quando ele diz que não é possível existir um grupo
social sem coesão, pois um grupo só permanece unido e coeso, quando possui unidade,
interesse coletivo, solidariedade. Essa coesão é motivada pelos modos de agir, pelos costumes,
visto que todas as pessoas que aderem ao movimento “A Onda” seguem determinados
comportamentos e que não adere é hostilizado, excluído do grupo. E, durante o experimento
em sala de aula, o movimento ganha às ruas de forma intensa, através de um comportamento
violento pautado por relações de abuso de poder.

4. O filme nos mostra que determinadas situações podem nos levar a alienação e
cultivo de pensamentos autoritários. Faça uma relação disto com a realidade atual
que vivemos no nosso país.
Acredito que os extremos se tocam, assim penso que é muito difícil lidar com pensamentos
autoritários, tanto para a esquerda quanto para a direita. Acredito que o caminho é a
democracia, mesmo com as ameaças antidemocráticos, mediante a nossa atual conjuntura
política do país. O desinteresse pelas questões políticas e públicas, a manipulação das
informações pela mídia e por grupos políticos (por meio das fake news), onde qualquer
informação é vista como verdadeira, nos deixa suscetíveis a acreditar nas informações que são
disseminadas. Esse desinteresse pela política tem como consequência sermos governados por
péssimos políticos que utilizam do poder público para benefício próprio. Desse modo, a cultura
reproduz práticas em torno da não participação política, fazendo com que os indivíduos não
3

questionem a ordem social e determinados posicionamentos intolerantes são reproduzidos por


gerações.

5. De que forma o envolvimento com “A Onda” serviu para modificar o


comportamento e as posturas políticas dos alunos?
No filme, é notório que a autocracia, de certa forma, tem o poder se fascinar as massas em
torno do discurso de progresso e fortalecimento dos grupos (unidade), sendo que, o líder
conduz um processo de forma que tudo o que ele fala e faz é de verdade e inquestionável. No
início, as mudanças de comportamento (disciplinar) dos/as alunos/as foram perceptíveis (como
por exemplo, a forma de se portar e a participação durante as aulas, o entusiasmo para
aprender algo novo). Mas, no decorrer do filme, diversos problemas desse sistema autoritário
e violento vem à tona, onde os/as alunos/as vão se tornando fanáticos/as, brigando com outros
grupos (nazistas), tendo em vista que no meio das massas, as pessoas perdem (de forma
transitória) a identidade e o seu comportamento é modificado.

6. Como utilizar essas temáticas discutidas acima de forma crítica, emancipatória e


que promova a autonomia dos usuários que necessitam das práticas do psicólogo
social em contextos que estigmatizam, normatizam e punem?
A partir das leituras da disciplina de Psicologia Social, acredito que o/a Psicólogo/a Social
tem um papel muito importante junto às pessoas, aos grupos, sobretudo, comunitários (ou
escolares, levando em consideração, o filme) em torno da construção de um processo crítico,
emancipatório e autônomo por meio da promoção de políticas públicas e ações que promovam
espaços coletivos de trocas de informações para a população (em especial, a mais vulnerável),
tendo em vista que muitas pessoas são manipuladas por parte da mídia ou por um líder ou por
um grupo, com ideias de uma falsa democracia. Assim, o/a Psicólogo/a Social precisa
identificar essas concepções ideológicas mais gerais das pessoas e/ou dos grupos e, para além
disso, descortinar a realidade social para as pessoas que sofrem e que são prejudicadas pelas
diferenças sociais, revelando que essas relações são estabelecidas de forma desigual.
Parafraseando Pedrinho Guareshi (2013, p. 101), finalizo afirmando que o/a Psicólogo/a
Social irá contribuir para a “construção de uma sociedade economicamente justa,
politicamente democrática, culturalmente plural, eticamente solidária”.

Você também pode gostar