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9º ANO

GEOGRAFIA

ATIVIDADE 1
Tema: Globalização e mundialização
Habilidades Essenciais: (EF09GE01-A) Compreender o processo de regionalização mundial, globalização e mundialização.
NOME:
UNIDADE ESCOLAR: ESCOLA JOÃO BATISTA
POESIA: EU, ETIQUETA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO
Poesia: Eu, etiqueta
Carlos Drummond de Andrade

Em minha calça está grudado um Ser pensante sentinte e solitário


nome Com outros seres diversos e
Que não é meu de batismo ou de conscientes
cartório De sua humana, invencível condição.
Um nome... estranho Agora sou anúncio
Meu blusão traz lembrete de bebida Ora vulgar ora bizarro.
Que jamais pus na boca, nessa vida, Em língua nacional ou em qualquer
Em minha camiseta, a marca de língua
cigarro (Qualquer, principalmente.)
Que não fumo, até hoje não fumei. E nisto me comprazo, tiro glória
Minhas meias falam de produtos De minha anulação.
Que nunca experimentei Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Mas são comunicados a meus pés. Eu é que mimosamente pago
Meu tênis é proclama colorido Para anunciar, para vender
De alguma coisa não provada Em bares festas praias pérgulas
Por este provador de longa idade. piscinas,
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, E bem à vista exibo esta etiqueta
Minha gravata e cinto e escova e Global no corpo que desiste
pente, De ser veste e sandália de uma
Meu copo, minha xícara, essência
Minha toalha de banho e sabonete, Tão viva, independente,
Meu isso, meu aquilo. Que moda ou suborno algum a
Desde a cabeça ao bico dos sapatos, compromete.
São mensagens, Onde terei jogado fora
Letras falantes, Meu gosto e capacidade de escolher,
Gritos visuais, Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Ordens de uso, abuso, reincidências. Tão minhas que no rosto se
Costume, hábito, premência, espelhavam
Indispensabilidade, E cada gesto, cada olhar,
E fazem de mim homem-anúncio Cada vinco da roupa
itinerante, Sou gravado de forma universal,
Escravo da matéria anunciada. Saio da estamparia, não de casa,
Estou, estou na moda. Da vitrine me tiram, recolocam,
É duro andar na moda, ainda que a Objeto pulsante mas objeto
moda Que se oferece como signo de outros
Seja negar minha identidade, Objetos estáticos, tarifados.
Trocá-lo por mil, açambarcando Por me ostentar assim, tão orgulhoso
Todas as marcas registradas, De ser não eu, mar artigo industrial,
Todos os logotipos do mercado. Peço que meu nome retifiquem.
Com que inocência demito-me de ser Já não me convém o título de homem.
Eu que antes era e me sabia Meu nome noco é Coisa.
Tão diverso de outros, tão mim Eu sou a Coisa, coisamente.
mesmo,                                                      C
arlos Drummond de Andrade.
Entendendo a poesia:
01 – Quais elementos do poema você observa na vida cotidiana?

02 – Qual a ordem de importância no poema entre esses três elementos: pessoa,


mercadoria e marca? 

03 – O poema faz uma crítica a sociedade atual. Qual é esta crítica? 

04 – O que são '' Logotipos do mercado'' Faça um levantamento dos logotipos, mais
conhecidos, as empresas que os detêm e os países de origem dessas empresas, ou seja,
onde estão as suas sedes?
      

05 – Você daria outro título a essa poesia? Qual?

06 – Pesquise no dicionário o significado da palavra “EU”.

07 – Agora, pesquise o significado da palavra “COISA”.


      

08 – Qual a diferença entre “EU” e “COISA”?

09 – Você, assim como o autor da poesia, também se sente “coisificado”? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Selecione um trecho da poesia que demonstre a perda da identidade para a


propaganda.

11 – Você procura “estar na moda”? Por quê?


      

12 – Na opinião de Carlos Drummond de Andrade, “estar na moda” significa abrir mão da


identidade. E na sua opinião?

13 – Você se julga “coisa” ou “homem”? Por quê?

14 – Na poesia há algumas palavras inventadas pelo autor. Exemplo: “coisamente”. Que tal
você inventar algumas e coloca-las numa frase?

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