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Gerhardt*
Introdução
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2 Optou-se por não adotar, neste texto, o artigo “o” quando se for re-
ferir a estas duas categorias, e, sim, o seu plural (isto é, “os”) ou, como
no caso citado, o artigo indefinido “um”. Isto porque aquele tenderia a
deixar implícito - isto é, tenderia a sugerir ao imaginário do leitor - a
idéia de que seria possível se definir, de uma vez por todas, “O rural”
e “O urbano”. Já os outros dois termos (“os” e “um”) remeteriam, res-
pectivamente, a uma pluralidade de significados sobre o par “rural-
urbano” ou, no mínimo, a uma indefinição relativa acerca dos sentidos
que lhes deveriam ser atribuídos.
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de uma mesa e uma cadeira”.18 De fato, talvez esta seja uma das
razões que levaram um autor como Pahl a escrever, ainda du-
rante a década de 1960, que “em um contexto sociológico os
termos rural e urbano estão mais marcados por suas habilida-
des de confundir do que pelo seu poder de explicar” (Pahl,
1966: 299).
Por outro lado, esta mesma tendência não deixa de funcionar
como um constante desafio sociológico, visto que implica uma
necessidade permanente de se tentar ultrapassar tais naturali-
zações. Assim, dependendo de como se estará dando a objeti-
vação de significados construídos sobre as “ruralidades” por
dentro das ciências sociais, instala–se uma espécie de concor-
rência hermenêutica; ou seja, as eventuais traduções que cien-
tistas sociais fazem sobre um “rural” estarão sendo forjadas de
acordo com ambigüidades acionadas por interpretações concor-
rentes, mas que se complementam. Como resultado, esta tauto-
logia explicativa (mesmo que extremamente controversa) ajuda
a produzir uma espécie de senso comum douto sobre as “rura-
lidades”. Idéias genéricas, difusas e fragmentadas que a catego-
ria “rural” assume fora do campo de produção das ciências so-
ciais, ao serem apropriadas de forma sistemática e intencional-
mente refletida por cientistas sociais, passam a adquirir signifi-
cados bem definidos e, pelo menos provisoriamente, analitica-
mente pertinentes. Além disso, como um “rural” passa a ser
encarado como uma totalidade mais ou menos identificável,
torna-se possível especular acerca dos elementos que compori-
am e/ou organizariam esta mesma totalidade.
Embora possa ser algo controvertido, nesta disputa hermenêu-
tica o uso da categoria “rural” subentende uma constante repe-
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E esta situação fica ainda mais evidente quando se pensa na série de
idas e vindas que marcaram historicamente a popularização da categoria
“trabalhador rural”. De fato, caso se quisesse recontar o processo de
consolidação do seu uso, logo se perceberia a dificuldade de se separar,
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