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Paulo Ghinato
Mestre em Engenharia de Produção PPGEPIUFRGS
Division of Systems Science - Graduate School of Science and Technology
Kobe University
Rokkodai-cho, Nada-Ku, Kobe 657, Japan
Palavras Chave: Sistema Toyota de Produção (STP), autonomação, just in time (J1T),
controle da qualidade zero defeitos (QCZD), Engenharia de Produção
Key words: Toyota Production System (TPS); autonomation; just-in-time (JIT); zero
defect quality control (ZDQC); production engineering.
RESUMO
As interpretações acerca do Sistema Toyota de Produção (STP), apontando o Just-ln-Time e o Kanban como
sua essência, demostram um entendimento limitado de sua verdadeira abrangência e potencialidade. O STP está
estruturado sobre a base da completa eliminação das perdas, tendo o JIT e a autonomação como seus dois pilares
de sustentação. O Controle da Qualidade Zero Defeitos (CQZD) aparece, também, como elemento essencial para
a operacionalização da autonomação e funcionalidade de todo o sistema. Neste artigo, pretende-se apresentar um
modelo que represente esta interpretação. Com este propósito, o modelo apresentado por Monden é adotado como
ponto de partida, introduzindo-lhe, no entanto, significativas mudanças. Neste artigo, discute-se cada uma das
relações mantidas pela autonomação e pelo CQZD com os diversos componentes do sistema.
ABSTRACT
The interpretations ofthe Toyota Production System (TPS) which point out to Just-In- Time (JIT) and Kanban
as its essence are evidence ofrestrictive understanding ofits real reach and strength. The TPS has the "complete
elimination ofwastes "as its grounds and JlT and autonomation (loS its two pillars. Zero Defect Quality Control
(ZDQC) appears as essential support to the operation of autonomation and Systems working. In this paper it is
proposed a model which may portray the above interpretation ofTPS. On this purpose, the model proposed by
Monden was taken up as a starting point. Nevertheless, it was necessary to introduce significant changes. It is
also discussed the nature o@flink-s among autonomation, ZDCQ and all Systems components.
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definir m com o rigor que um trabalho "kanban". "Estas caracterizações [do STP
científico exige, apresenta-se como uma como sendo JIT] são altamente superficiais
tarefa extremamente delicada. e indicam a falta de entendimento do
observador quanto a verdadeira essência do
Numa tentativa de "redefinição e Sistema Toyota de Produção.,,5
conciliação metodológica", Motta analisa
diversas publicações e encontra o JIT É fundamental que se entenda que o JIT
definido como filosofia, estratégia, sistema, é somente um "meio" de alcançar o
projeto, abordagem, técnica e programa, verdadeiro objetivo do STP que é o de
entre outras, como prova concreta da aumentar os lucros através da completa
grande dificuldade de conceituar JIT. 2 ·· - d e perd as. 6
e Illlunaçao
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Figura 3: Estrutura do Sistema Toyota de Produção Proposta pela Pesquisa
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chama a atenção para o fato de que muitas regras" para a aplicação exitosa do
empresas empenhadas em aplicar o STP "kanban". A terceira regra alerta que os
estão apenas preocupadas com a utilização produtos defeituosos não devem ser
efetiva dos tempos de folga, perdendo a enviados ao processo ulterior sob pena de
grande potencialidade do "nagara", que é a ocasionar uma auto-destruição do sistema
capacidade de imprimir um fluxo contínuo "kanban", já que não existem estoques
e unitário à produção através da destinados a compensar as perdas por
sincronização de trabalho e da quebra da fabricação de produtos defeituosos.
. - do Iayout por processo. 41
orgamzaçao
A qualidade assegurada desempenha
A Autonomação e a Qualidade um importante papel na manutenção do
Assegurada Controle da Qualidade Total (TQC) porque
uma vez que a qualidade do produto esteja
A qualidade assegurada, dentro do garantida através da aplicação do Controle
contexto do STP, pode ser definida como a da Qualidade Zero Defeitos (CQZD) e da
garantia de um fluxo contínuo de produtos Autonomação, as atividades e os esforços
livres de defeitos em todas as etapas do TQC podem ser dirigidos para a
(processos) de fabricação, ou seja, a melhoria da qualidade do trabalho em si44
garantia da eliminação total de qualquer (a verdadeira essência do TQC), atingindo
perda por fabricação de produtos resultados muito mais amplos do que seria
defeituosos. Ora, este é o resultado direto e possível com o foco dirigido às melhorias
mais significativo da aplicação da da qualidade do produto.
autonomação, uma vez que os operários e
as máquinas estão preparados para a A Autonomação e o "Just-in-Time"
interrupção do processamento ao primeiro (JIT)
sinal de anormalidade.
O TIT precisa de um mecanismo que
garanta que cada processo fabrique
A Toyota tem como um de seus
somente a quantidade necessária de
objetivos a satisfação do cliente com a
produtos, livres de qualquer defeito que
qualidade do produt042 . Portanto, a
possa impedir a sua utilização quando
qualidade assegurada é um elemento que
necessarlOS. Em outras palavras, o TIT
sustenta este compromisso com o mercado
necessita do suporte de um elemento capaz
e ao mesmo tempo atua como uma alavanca
de eliminar por completo as perdas por
de ampliação da participação da Toyota no
superprodução quantitativa e por
mercado mundial.
fabricação de produtos defeituosos.
Na estrutura do STP (fig. 3) percebe-se Foi discutido anteriormente a
que a qualidade assegurada é um elemento capacidade da autonomação em combater
fundamental para o funcionamento do estas duas perdas, portanto ela se constitui
"kanban". Monden, assim como diversos como uma base essencial para a
outros autores, enuncia um conjunto de 5 operacionalização do TIT.
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,..
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Notas
1. "É preciso cautela para não adotar apenas algumas partes [do STP]. Na medida em
que elas são interdependentes, devem ser introduzidas simultaneamente." (Ferro, citado
por Humphrey, em Hirata, 1993, p. 242-3).
2. Motta, Paulo César D., 1993, p. 55
3. ibidem, p. 55
4. ibidem, p. 56
5. Shingo, Shigeo, 1988, p. 388
6. ibidem, p. 412
7. ibidem
8. Monden, Yasuhiro, 1983; Productivity Press, 1986
9. Shingo, Shigeo, 1981; 1988
10. Monden, Yasuhiro, 1983
11. Olmo, Taiichi, 1988
12.Ver Womack, James P. et ai., 1992, p. 73
13. Shingo, Shigeo, 1986
14. Monden, Yasuhiro, 1984, p. 2
15. Execução simultânea de operações secundárias ou selecionadas e a operação
principal utilizando-se dos tempos de folga associados à operação principal de forma a
imprimir um fluxo contínuo a cada peça fabricada.
16. É uma abordagem de parceria entre todas as funções organizacionais, mas
particularmente entre a produção e a manutenção, de forma a implementar o aprimoramento
contínuo da qualidade do produto, da eficiência operacional, da garantia da capacidade
produtiva e da segurança.
17. Kotler, Philip et ai., 1986, p. 27-31
18. Shingo, Shigeo, 1986, p. xiii
19. Shingo, Shigeo, 1986, p. xv
20. Shingo, Shigeo, 1988, p. 205
21. Monden, Yasuhiro, 1984, p. I
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Referências Bibliográficas
GHINATO, P. Elementos para a São Paulo, Editora da Universidade de São
compreensão de princípios fundamentais Paulo, 1993.
do Sistema Toyota de Produção:
Autonomação e Zero Defeitos. Dissert. ISHIKAW A, K. Controle de qualidade
Mestrado PPGEP/uFRGS, Porto Alegre, total: à maneira japonesa. Rio de Janeiro,
1994. Ed .. Campus, 1993.
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