Você está na página 1de 6

Faculdade De Letras E Ciências Sociais

Departamento de Arqueologia e Antropologia

Sociologia do Crime

Docente: Baltazar Muianga

Discente: Inocêncio Pascoal Eugénio Paulo Chovela

4° Ano/ 1° semestre

Teste I

Fonte para responder o questionário:

Machado, Helena. 2008. Manual de Sociologia do Crime. Porto: Afrontamento.

1. A pertinência da perspectiva sociológica do crime em relacao a definição jurídico-legal


que tratava o crime como um conceito objectivo, preciso e operacional, por considerar
crime aqueles comportamentos que resultassem de condenações judiciais, no entanto, este
conceito nao foi auto-evidente e unitário, tornou-se necessário perceber a diversidade de
elementos que podiam estar associados ao conceito jurídico-legal, como o relativismo
cultural e histórico. Neste sentido, a perspectiva sociológica concebeu o crime de forma
subjectiva como desvio rompendo assim com o conceito jurídico e a perspectiva
positivista que estudava o crime pelo criminoso e pela perspectivação das causas que
conduziriam à prática do crime. A perspectiva sociológica alargou a focagem de análise
implicando estudar as condições diversificadas do crime incluindo assim aspectos como
sócio-históricas da produção social dos desvios, o funcionamento dos mecanismos
informais de regulação social, as interacções entre os desviantes e os aparelhos de
controlo social e os impactos da reacção social sobre o sujeito definido como desviante.
Não só, a perspectiva sociologica de desvio aplica-se às condutas que transgridem as
normas de uma dada sociedade remetendo a análise operacional de classificação e
definição social variavel que variam em termos espácio-temporais. A conceptualização
sociológica do crime como desvio apresenta a vantagem de se demarcar de uma visão
puramente legalística da problemática criminal e encara o crime como um problema
social e um problema sociologico, ou seja, enquadra às expectativas socialmente criadas e
implica um estudo cientifico.

2. a). Tendo em conta o trecho expoxto em 2, o crime é considerado como funcional e útil
para a manutenção da própria sociedade na medida em que o crime é o resultado normal
do funcionamento do sistema social e da imperiosa necessidade de actualização da força
normativa dos seus valores. O crime é funcional porque o comportamento dos criminosos
desempenha funções sociais de criatividade e de inovação do sistema, por provarem a
falta de legitimidade e actualidade das regras de conduta. É util por expressar a
autoridade limitada da consciência colectiva e como um constituinte do factor de
mudança moral.

2. b). Os motivos pelos quais se considera que a abordagem do crime apresentada por Émile
Durkheim se afasta radicalmente do modelo médico de criminalidade em vigor no século
XIX deve-se a dois motivos: primeiro pela forma como o modelo médico de
criminalidade colocava ênfase nas estruturas sociais para explicar a ocorrência do crime,
este modelo punha de lado as causas do crime provocadas por factores individuais;
segundo modelo médico de criminalidade excluia qualquer ideia de diferença ou
anomalia, na medida em que a sua tese principal era a de que o crime é o resultado do
normal funcionamento do sistema e da actualização da força normativa dos seus valores.

3. Problematizando o trecho de na qual a maioria dos indivíduos em reclusão é de uma


classe social bastante pobre que provém de áreas periféricas da cidade feita na radiografia
das prisões em Maputo por Brito (2002) tendo em conta a teoria marxista que privílegia o
papel do sistema económico tanto no plano da distribuição diferencial da criminalidade,
como na génese e especificidade da produção das leis criminais, decorrente da evolução
histórica das estruturas económicas e dos conflitos sociais, neste sentido a teoria marxista
vê o direito como um instrumento dos grupos detentores de poder e serve para sancionar
e criminalizar as condutas dos grupos destituídos de propriedade, em particular aquelas
condutas susceptíveis de pôr em causa os interesses dos grupos sociais dominantes. Do
mesmo modo, o aparelho judiciário resiste à criminalização das condutas dos poderosos,
ou seja, a lei só é aplicavel aos grupos de classes sociais baixas e os de classe alta não.

4. Tendo em conta a teoria de subcultura delinquente a separação dos pais está


correlacionada com as taxas de infração juvenil na medida em que o homem está ausente
ou se demite do papel de chefe de família. Neste sentido, o conjunto de padrões
normativos desenvolvida pela subcultura delinquente expressa uma obsessão por valores
exacerbados de masculinidade, que produz experiências maritais excepcionais e
transitórias, assim entendido faz com que os grupos de rua sejam quase que
exclusivamente masculinos e os seus membros revelam muitas vezes problemas de
identidade sexual por isso as mães que criam seus filhos, sozinhas são forçadas a
trabalhar fora para sustentar a casa, tendo menos tempo para vigiar o comportamento da
prole, ficando os jovens com “más companhias” como ilustra Werner (1990). A aplicacao
da teoria do desfasamento entre o que os jovens são levados a querer (pela estrutura
cultural) e o que lhes é efectivamente acessível (pela estrutura social). A estrutura das
oportunidades legitima bloqueiam sistematicamente o acesso aos recursos e posições
sociais desejadas dos jovens mais desfavorecidos.

5. A teoria de Marx preconiza o crime como resultado das desigualdades socias. Pois,
vivemos numa altura em que o crime está longe de ser uma questão de desigualdade
social. Neste ambito os estudos de follow-up explicariam tal situação a partir da aplicação
do acompanhamento das carreiras delinquentes, sobretudo após o termo de um
determinado tratamento institucional. Este tipo de técnica de pesquisa centra-se no
tratamento da delinquência e correspondente monitorização do paciente. Neste caso com
a recente deliberação de reclusos através da recém lei da aministia podia-se encaminhar
os beneficiados aos serviços de psiquiatria para que os fiessem acompanhamento psico
social.

6. Caso 1. Com a recente propagação do novo covid-19 o Presidente da República, gozando


das suas competencias decretou o estado de emergencia. Neste sentido certas actividades
foram proibidas de serem praticadas, como o comércio de bebidas alcoólicas em bares e
barracas. Neste ambito dois cidadãos de classes sociais diferentes (um de classe alta e
outro de classe baixa) foram encontrados trancados dentro de uma barraca consumindo
alcoól e consequentemente foram detidos por desacato a autoridade, ou por
incomprimento daquilo que sao as normas estabelecidas. Neste processo de detensão um
cidadao foi solto (o da classe alta) e o outro continua detido (o da classe baixa), quando
procurou-se saber porque um esta solto e outro não tendo em conta que os dois foram
detidos sob a mesma acusação, as informações apontam que o cidadão de classe alta não
tem nenhum incidente criminal e que não aparenta cometer tal tipo de acção porque vive
na elite e o de classe baixa, logo pelo local que vive (Polana canico B) explica a tal
atitude. A partir deste caso é possível compreender a partir de inquéritos sociais de
autodenúncia que permite perguntar às pessoas que crimes terão cometido num
determinado período de tempo. Não só, esta técnica, pode comprovar ao contrário do que
revelam as estatísticas oficiais de criminalidade a partir da teoria da associação
diferencial coadjuvado com o crime do colarinho branco de Edwin Sutherland que
defende o aprendizado como a base do comportamento criminal.

Caso 2. A partir de estudos de Furo (2017), na base inquéritos à vitimação afirma que
moradores do bairro Polana Caniço A, mostram-se descontentes e inseguros, deve-se ao
alto índice de criminalidade que vem se registando nos últimos tempos, quando procurou
saber as causas, apontam que os estes são aprendidos nas barracas.

7. Na ordem de ideias, expoxta em 7 para aferir se todos os detentos estão a fazer refeições
de forma devida e regular deve-se usar o método quantitativo porque a investigação
quantitativa encontra relações entre variáveis, testa teorias e faz descrições recorrendo ao
tratamento estatístico dos dados recolhidos, no entanto ela chega à compreensão dos
fenómenos de forma indutiva, procurando compreender os sujeitos a partir dos seus
quadros de referência. E poderá se usar a técnica de inquéritos sociais que a apresentam
perguntas fechadas, de duração curta e que caracteriza-se por um número de perguntas
em regra elevado, com uma ordenação rigorosa, focadas dominantemente nos
conhecimentos e opiniões do entrevistado. O uso desta técnica de investigação visa
revelar e medir as atitudes colectivas dos cidadãos face ao crime e à justiça criminal e
apurar a situação económica, familiar e habitacional de criminosos e delinquentes, assim
como medir a propensão para o crime com base em factores como a classe social. No
entanto a partir deste método e esta técnica, o investigador não precisara necessáriamente
entrar em contacto com os detentos, na base deste método e técnica pode chegar a
conclusão se os detentos tem tido refeições de forma devida e regular e evitará a
propagação da COVID-19. Nos inquéritos sociais podemos encontrar vantagens e
desvantagens a partir da sua subdivisão onde os inquéritos de vitimação permitem
evidenciar o papel criminológico da vítima, na medida em que a maioria da criminalidade
oficial é criada pela própria vítima, que a relata às instâncias formais de controlo; analisa
a extensão e profundidade do conhecimento dos entrevistados sobre as vítimas de crime,
identifica sentimentos característicos das vítimas de crime e evidencia sentimentos de
segurança e insegurança e permitem aferir modelos de intervenção, ao nível da prevenção
local, nacional e regional da criminalidade. Apresenta limitações na sombra espessa
revelada em relação a determinados crimes; comprometem a aproximação à
criminalidade real com base nos inquéritos de vitimação, designadamente os processos de
auto-selecção da informação da parte das próprias vítimas por medo de retaliação ou por
solidariedade com o autor do crime e da não avaliação como crime de determinadas
actividades.

8. Os moradores do bairro Kamaxaquene queixam-se de abandono pelas entidades


responsáveis na manutenção da ordem e tranquilidade pública (PRM). Neste sentido, os
moradores daquele bairro alegam sofrer assaltos na calada da noite. Neste ambito para
averiguar a situação houve necessidade de fazer estudos para comprovar a veracidade
dos factos, mas os tais estudos feitos na base de inquéritos à vitimação contradiz o que os
moradores daquele bairrodizem viver.

9. Há necessidade da prática da triangulação metodológica na investigação criminal porque


o estudo científico do crime exige uma perspectiva interdisciplinar e de integração
metodológica que convoque e reúna diferentes saberes e métodos diversificados num
objectivo comum. A investigação sobre o crime neste caso deverá socorrer-se a
triangulação, para combinar métodos e técnicas de recolha de dados, que implique a
consulta de uma variedade de fontes num mesmo estudo, o uso de investigadores de
diversas áreas, o cruzamento de diferentes perspectivas teóricas e de diferentes
metodologias e técnicas de pesquisa, o que constitui uma vantagem para a ciência e para
os estudos criminológicos. No entanto esta triangulação apresenta desvantagens por ser
uma prática de difícil concretização porque não se tem ainda uma matéria disposta, uma
tradição de interdisciplinaridade e de integração no plano empírico, ao nível das
abordagens do fenómeno criminal.

10. A informação que os inquéritos à vitimação permitem aferir são as de experiências de


vítimas de crimes colocando questões durante um determinado período de tempo, as
pessoas foram vítimas de crimes, quantos e de que tipo e quais os motivos que
conduziram as vítimas a renunciar à sua participação às instâncias formais. No entanto
estas informações seriam aplicáveis no nosso contexto para se tomar medidas de
segurança para a prevenção de um eventual acontecimento, seja, chamaria a atencao das
entidades responsaveis a reestruturar o funcionamento das normas criminais.

Você também pode gostar