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Literatura – Folha de atividades II

Atenção: Postar a cópia dos exercícios resolvidos no caderno.

1. Leia o texto para responder às questões.

Soneto Soneto
Os teus olhos gentis, encantadores, Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra.
Tua loira madeixa delicada, Em seus lábios que os meus lábios osculam
Tua boca por Vênus invejada, Micro-organismos fúnebres pululam
Onde habitam mil cândidos amores: Numa fermentação gorda de cidra.

Os teus braços, prisão dos amadores, Duras leis as que os homens e a hórrida hidra
Os teus globos de neve congelada, A uma só lei biológica vinculam,
Serão tornados breve a cinza!… a nada!… E a marcha das moléculas regulam,
Aos teus amantes causarão horrores!… Com a invariabilidade da clepsidra!…

Céus! e hei-de eu amar uma beleza, Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos
Que à cinza reduzida brevemente Roída toda de bichos, como os queijos
Há-de servir de horror à Natureza!… Sobre a mesa de orgíacos festins!…

Ah! mandai-me uma luz resplandecente, Amo meu Pai na atômica desordem
Que minha alma ilumine, e com pureza Entre as bocas necrófagas que o mordem
Só ame um Deus, que vive eternamente. E a terra infecta que lhe cobre os rins!
(José da Natividade Saldanha) (Augusto dos Anjos. Eu. 1935.)

Ao abordarem o tema da morte, os dois poemas transcritos, de José da Natividade Saldanha e Augusto dos
Anjos, identificam-se pelo mesmo sentimento inicial de horror à corrupção do corpo causada pela morte. Leia
com atenção os dois sonetos e, a seguir,

a) Aponte a solução encontrada pelo eu poemático, no poema de Saldanha, ante o horror que a corrupção do
corpo da mulher lhe causa.
b) Explique em que medida, no soneto de Augusto dos Anjos, é diferente o sentimento final do eu poemático
ante a pessoa morta

2. O texto que segue faz parte do livro A última quimera, romance sobre a vida de Augusto dos Anjos, escrito por
Ana Miranda. Leia com atenção e procure justificar a atitude atribuída a Bilac. Para responder, não esqueça
que Bilac era um poeta parnasiano.

Sei de cor todos os versos de Augusto dos Anjos, posso recitar qualquer um deles de frente para trás e de trás
para a frente. Mas nunca consegui imitar os modos de Augusto quando declamava, transfigurado, sem fazer quase
nenhum gesto, usando apenas a voz, numa frieza e paixão simultâneas, as sílabas escandidas com uma sonoridade
metálica, os olhos penetrantes, os lábios tensos. Tiro o chapéu, aperto-o contra o peito, e com uma voz trêmula, anuncio
o título do poema:
“Versos íntimos”. Raspo a garganta. E inicio a declamação.

“Vês ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera (...) Se a alguém causa ainda pena a tua chaga,
apedreja essa mão vil que te afaga, escarra nessa boca de beija!”.

Ao terminar estou suspenso, frio, quase tonto e abro os olhos. O senhor Bilac me fita, imóvel, os lábios entreabertos,
os olhos um pouco arregalados, ainda segurando o queixo.
“Pois bem”, ele diz. “Eh...” Tosse, cobrindo a boca com a mão. Depois se cala, visivelmente perturbado. Olha para
os lados. Num impulso súbito deseja livrar-se de mim. “Pois se quem morreu é o poeta que escreveu esses versos”,
ele diz, “então não se perdeu grande coisa”. E parte, caminhando depressa, como se fugisse.

Conto seus passos pela calçada: treze; no décimo quarto ele começa a atravessar a rua, no vigésimo oitavo cruza
com uma carruagem e em seguida desaparece na esquina. Fico sozinho. Agora sou eu quem está imóvel. Com que,
então, o senhor Bilac não apreciou o poema? Talvez eu devesse Ter escolhido outro, onde não aparecesse m palavras
tão pouco poéticas e sentimentos tão vis. Quiçá sejam versos materialistas demais. Mas esta é a verdade, sem
máscaras: Olavo Bilac não apreciou o poema. Imagino Augusto estendido numa cama, na pequena cidade perdida no
interior de Minas Gerais, pálido, gelado, lábios azulados, mãos rígidas, e Esther debruçada sobre seu peito, chorando.

3. Veja a imagem e faça o que se pede:

"Marilyn Monroe Dourada", realizado por Andy Warhol, em 1962, a partir de um retrato da atriz de cinema de
Hollywood publicado nos meios de comunicação, se aproxima do trabalho de Duchamp, artista precursor do
movimento dadaísta. Discorra sobre a semelhança no método de criação dos dois artistas.

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