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Aprovada por:
This work is a study of the gas produced in two types of landfill: sanitary and non
sanitary.
Gas was collected for analysis from two landfills located near the city of Rio de
Janeiro. Their construction and cover materials are very different.
Measurements were taken in situ, using portable automated equipment, and in the
laboratory, using chromatographic equipment. The investigation analysed the emissions
of methane and CO2. The cover soils were also studied to see if the cover materials
affected the degradation process of the waste in relation to oxygenation and rainfall. A
slow increase in the production of methane was observed after the rainfall, particularly
in the Terra Brava landfill where the soil cover is much more permeable than in the
Nova Iguaçu landfill. Two mathematical models were used to estimate the landfill gas
production. A preliminary evaluation of the potential landfill gas was carried out.
The importance of the research area is related to increasing societal pressure to
produce environmentally friendly solutions for the disposal of waste and the financial
benefit of controlling landfill gas, especially the methane.
SUMÁRIO
I – INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
1.1 – OBJETIVO DESTE TRABALHO ................................................................................. 2
1.2 – AS HIPÓTESES DESTE TRABALHO .......................................................................... 2
II – HISTÓRICO DOS GASES..................................................................................... 4
2.1-HISTÓRICO DOS GASES RELACIONADO À DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS ........................................................................................................................ 4
2.1.1 - PRINCÍPIO DE BARKER ..................................................................................... 5
2.1.2 - OS POSTULADOS DE ELIASSEN ........................................................................ 6
2.1.3 - A ROTA DE MCCARTY ..................................................................................... 7
2.1.4 - A ANALOGIA DE LIMA .................................................................................... 10
2.1.5 – EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE PRODUÇÃO DE GÁS PROVENIENTES DA
DECOMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS: ................................................................... 12
No Brasil estudos sobre gases em aterros vem se tornando a cada dia mais
freqüentes, devido ao gás ter seu valor energético como sendo uma alternativa em gerar
energia elétrica, pois sua recuperação trará enorme benefício ao setor elétrico, como
também ajudará a reduzir as emissões de metano para a atmosfera contribuindo com o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). A alternativa de aproveitamento
energético do gás e a redução de emissões, associadas à venda de créditos carbono
estariam atingindo as metas estabelecidas pelo Protocolo de Quioto.
A presente pesquisa faz parte de um programa que busca contribuir no estudo da
geração de gases em aterros de resíduos sólidos. A linha de pesquisa da qual faz parte a
presente dissertação vem sendo desenvolvida pelo G3, Grupo de Estudo de Tecnologia
de Resíduos, coordenado pelo Professor Cláudio Fernando Mahler.
Bactérias formadoras de
metano
Figura 2.1.a – Princípio de duas fases – Barker
MATÉRIA
ORGÂNICA
15% 65%
15%
ÁCIDO OUTROS
PROPIÔNICO ÁCIDOS Fase Ácida
20%
ÁCIDO
ACÉTICO
17% 35%
72%
Fase Metânica
CH4
(Metano)
13% 15%
Uma análise mais aprofundada dos estudos de Beard e McCarty revelou que o
chorume proveniente de aterro sanitário, quando tratado em reatores anaeróbios adquire
propriedades que favorecem seu tratamento final. Além de tornar fácil o seu tratamento,
o chorume resultante do processo anaeróbio pode servir como inóculo metanogênico
fazendo acelerar o processo de decomposição da fração sólida, ou passivo ambiental
mantido na célula. Essa característica do chorume de ser usado como um inoculante
biológico, futuramente poderá ser aplicado no desenvolvimento de sistemas de
tratamento de resíduos sólidos, como também em minimizar impactos ambientais
causados por algum lixão.
CÉLULA DE
LIXIVIADO
ATERRAMENTO
LIXIVIAÇÃO
BACTERIANA
Uma quinta fase foi adicionada ao modelo proposto por Rees (1980) ao modelo de
Farquhar e Rovers. Neste modelo, além dos gases, são ilustradas curvas teóricas de
degradação da celulose e dos ácidos graxos voláteis, como mostra a Figura 4.1.e.
Produtos
Capacidade de intermediários que Estabilização dos
Aterramento dos Os ácidos graxos
retenção em água dos apareceram na fase componentes orgânicos
resíduos nas células e voláteis (AVGs) se
resíduos é ultrapassada ácida são disponíveis os resíduos
início do acúmulo de tornam preponderantes
e inicia-se a formação transformados em e solubilizados nos
umidade; nos lixiviados;
lixiviados; metano e dióxido de lixiviados;
carbono em excesso;
Passagem de condições
Diminuição do pH se Crescimento do pH a
Compactação inicial aeróbias para Concentrações em
produz com valores mais elevado,
dos resíduos e anaeróbias. O aceptor nutrientes inicialmente
mobilização e possível controlado pela
fechamento das células de elétron passa do O2 elevadas se tornam
complexação de capacidade tampão do
do aterro; para os nitratos e limitantes;
espécies metálicas; sistema;
sulfatos;
-Potencial de óxido –
Detecção das primeiras Concentrações de Consumo de N2 e Produção de gases
redução se encontra em
mudanças dos metabólitos fósforo (P) para o entra em queda
valores baixos e
diferentes parâmetros intermediários (AGVs) crescimento dos acentuada e, em
consumo importante de
de degradação dos surgem nos lixiviados; microrganismos; seguida, cessa;
nutrientes;
resíduos.
O2 e espécies oxidadas
Tendências Detecção do H2 e Fenômenos de
reaparecem lentamente
perceptíveis de influência na natureza complexação e
e um aumento do
instalação de condições dos produtos precipitação de metais
potencial redox é
redutoras no meio. intermediários continuam a ocorrer;
observado;
formados.
Matérias orgânicas
Carga orgânica dos
resistentes a
lixiviados decresce e a
biodegradação são
produção de gases
convertidas em
aumenta
moléculas como ácidos
proporcionalmente.
húmicos.
Fonte: Pohland e Harper, 1985.
III – METODOLOGIA E MATERIAIS
Campo Laboratório
80 mm
143 mm
63 mm
Reservatório de
coleta
Injetor
Gás de Arraste
1- Controle de
entrada de gás
de arraste
2- Controle da
purga do septo
Forno de Colunas Coluna
capilar
3- Controle da
saída do
E.T. – Estação de Trabalho, microprocessador, integrador/registrador.
divisor
O cromatógrafo utilizado para análise dos gases CO2, CH4 e Ar foi o modelo CP -
3800, nº de série 101280, marca VARIAN e ano 2002.
Cromatógrafo: Varian modelo 3800 – Detector e coluna usados para a cromatografia:
- Detector de condutividade térmica:
- Coluna de Poraplot Q 50 metros x 0,53 mm
Uma terceira etapa foi desenvolvida com relação à coleta e ensaio do solo de
cobertura, já que existe a possibilidade do gás migrar pela camada de cobertura do
aterro. Admitiu-se que o material coletado da camada de cobertura provisória será o
mesmo material usado para a cobertura final.
- Cilindro de PVC com ∅interno= 9,5 cm, ∅externo= 11,0 cm e h = 20,0 cm;
- Saco plástico;
- Cilindro metálico (Anel de Kolpec) de 5,0 cm de diâmetro e 5,0 cm de altura;
- Faca;
- Colher de pedreiro;
- Machadinha;
- Colher de jardinagem.
a) Granulometria
O ensaio granulométrico foi realizado no Laboratório de Geotecnia da
COPPE/UFRJ, segundo a norma NBR 7181.
b) Limites de ATTERBERG
Os limites de ATTERBERG foram determinados de acordo com a norma NBR
6459 (Limite de Liquidez) e NBR 7180 (Limite de Plasticidade).
c) Ensaio de Compactação
TAMPA
MEDIDOR DE
PRESSÃO
P
CÂMARA DE PRESSÃO
AMOSTRA Patm + P
DE SOLO
PLACA
h POROSA
(15 bar)
Para definir lixo, ou resíduos sólidos, existem diversas formas e pontos de vista
para fazê-lo e, em geral, são definidos de acordo com a conveniência e preferência de
cada um.
“Tudo o que não presta e que se joga fora”, assim o dicionário da língua
portuguesa começa a explicação da palavra lixo. E continua: “Coisas inúteis, velhas,
sem valor” (FERREIRA ABH, 1997).
É comum definir lixo como “todo e qualquer resíduo resultante das atividades
diárias do homem na sociedade. Estes resíduos são, basicamente, sobras de alimentos,
papéis, papelões, plásticos, trapos, couros madeiras, latas, vidros, lamas, gases, vapores,
poeiras, sabões, detergentes e outras substâncias descartadas de forma consciente”.
Pode-se dizer, ainda, que resíduos sólidos “são os restos das atividades humanas,
consideradas pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis” (IPT/
CEMPRE, 2000).
A definição de resíduos sólidos no Brasil adotada pela norma brasileira NBR-
10004/ 87 e citado na Resolução CONAMA Nº. 5, de 05 de agosto de 1993, é definido
como:
“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de
comunidade de origem: Industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamentos de água, aqueles gerados em equipamentos, instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnica economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia
disponível.”
Lixo Domiciliar
Lixo Comercial
Lixo Público
Lixo Hospitalar
Lixo Industrial
Lixo Agrícola
Número de habitantes;
Poder aquisitivo;
Condições climáticas;
Hábitos e costumes;
Nível educacional.
A influência dos fatores citados pode ser expressa pela quantidade de lixo
gerada, pela sua composição física e parâmetros físico-químicos, todos indispensáveis
ao correto prognóstico de cenários futuros (Quadro 4.2).
Quadro 4.2 - Informações necessárias ao planejamento do gerenciamento do lixo
municipal.
Parâmetros Descrição Importância
Quantidade de lixo gerada por habitante num Fundamental para o planejamento de todo
Taxa de geração por período de tempo especificado; refere-se aos o sistema de gerenciamento do lixo,
habitantes volumes efetivamente coletados e à população principalmente no dimensionamento de
(kg/habitante.dia) atendida. instalações e equipamentos.
Referem-se às porcentagens das várias frações do Ponto de partida para estudos de
lixo, tais como papel, papelão, madeira, trapo, aproveitamento das diversas frações e
Composição física couro, plástico duro e mole, matéria orgânica, para compostagem.
metal ferroso, metal não ferroso, vidro, borracha e
outros.
Relação entre a massa e o volume do lixo; é Determina a capacidade volumétrica dos
Densidade aparente calculada para diversas fases do gerenciamento do meios de coleta, transporte, tratamento e
lixo. disposição final.
Influencia a escolha de tecnologia de
tratamento e equipamentos de coleta.
Tem influência notável sobre o poder
Umidade Quantidade de água contida na massa de lixo
calorífico, densidade e velocidade de
decomposição biológica dos resíduos
sólidos.
Juntamente com a umidade, informa, de
Teor de materiais
Quantidade de materiais que se prestam à maneira aproximada, sobre as
combustíveis e
incineração e de materiais inertes. propriedades de combustibilidade dos
incombustíveis
resíduos.
É a quantidade de calor gerada pela combustão de Avaliação para instalação de incineração.
1 kg de lixo ou resíduo misto (e não somente dos
Poder calorífico
materiais facilmente combustíveis).
Estimativas:
Geração atual: A x B x C0 (kg/dia);
Geração futura: {[A x ((1+Dn))] x [B x ((1+E)n)] x Ct } (kg/dia)
Fonte: IPT, 2000
Papel e papelão 13,4 16,7 16,8 29,2 25,9 17,0 29,6 14,43 18,8
Trapo de couro 1,5 2,7 3,1 3,8 4,3 - 3,0 4,52 3,0
Plástico - - - 1,9 4,3 7,5 9,0 12,08 22,9
Vidro 0,9 1,4 1,5 2,6 2,1 1,5 4,2 1,10 1,5
Metal e lata 1,7 2,2 2,2 7,8 4,2 3,25 5,3 3,24 3,0
Matéria orgânica 82,5 76,0 76,0 52,2 47,6 55,0 47,4 64,43 69,5
Fonte: PROEMA (1994), São Paulo (1992).
Ao se iniciar a amostragem pra determinação da composição física dos resíduos,
dados devem ser levantados referentes ao sistema de limpeza pública, como o número
de setores de coleta, freqüência de coleta, características dos veículos coletores (tipo,
número, capacidade, etc.), distância aos locais de tratamento e disposição final e
quantidade dos resíduos gerados.
Certos fatores também devem ser considerados, pois interferem na composição
física dos resíduos e na representatividade da amostragem, tais como: aspectos de
sazonalidade e climáticos; influências regionais e temporais (com flutuações na
economia).
O objetivo da amostragem de caracterização dos resíduos é a obtenção de uma
amostra representativa, ou seja, a coleta de uma parcela do resíduo a ser estudado que,
quando analisada apresente as mesmas características e propriedades de sua massa total.
As figuras a seguir mostram a composição física média e as formas de
gerenciamento do lixo municipal em alguns países, como uma maneira de se comparar
cada situação apresentada.
Brasil Europa
1,6%
2,9%
2,3% 28,1%
24,5% 16,2% 36,0%
9,7%
52,5% 7,2%
9,2% 9,8%
Papel /Papelão (a) Plástico
(b)
Vidro Metal
Outros Matéria Orgânica
Japão
Estados Unidos
7,0% 1,0%
34% 0% 2,5%
44% 40,0%
7%
5% 49,5%
LEGENDA 0,0%
10%
(d)
(c)
(e) (f)
Holanda Inglaterra
0,6% 1,0% 0%
1,4%
3,5% 3,5%
6% 30% 34,5%
11,5%
(g) (h)
LEGENDA
São Paulo
Rio de Janeiro
53,8% 18,8%
22,2%
54,6%
16,8%
3,0% 22,9%
1,5% 3,7%
2,8%
(i) (j)
Salvador
Porto Alegre
16,2%
22,1%
17,1%
55,0%
9,0%
9,2% 60,2% 2,9%
4,7% 3,7%
(k) (l)
LEGENDA
Incineração
O resultado da desproporção entre a disposição correta do lixo faz com que grande
parte dele não seja coletada, permanecendo nos logradouros ou sendo descartado em
lugares públicos, terrenos baldios, encostas ou cursos de água. O lixo destinado de
forma errada é prejudicial para o meio ambiente. Veja a seguir quanto tempo à natureza
leva para biodegradar alguns materiais presentes na composição do lixo, quando há
condições favoráveis para este processo de decomposição:
Quadro 4.4 – Tempo de decomposição dos resíduos sólidos na natureza.
RESÍDUOS TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO
Jornais 2 a 6 semanas
Embalagens de papel 1 a 4 meses
Guardanapos 3 meses
Pontas de cigarro 2 anos
Palito de fósforo 2 anos
Chicletes 5 anos
Casca de frutas 3 meses
Náilon 30 a 40 anos
Copinhos de plástico 200 a 450 anos
Latas de alumínio 100 a 500 anos
Tampinhas de garrafa 100 a 500 anos
Pilhas e baterias 100 a 500 anos
Garrafas de vidro ou plástico Mais de 500 anos
Fonte: Grippi (2001)
A disposição final do lixo é a última fase de um sistema de limpeza urbana, sendo
que esta etapa é efetuada logo após a coleta. Em alguns casos, visando melhores
resultados econômicos, sanitários e ou ambientais, o lixo é principalmente processado
para depois ser disposto ao local apropriado (CPU / IBAM, 1998).
Quando o processamento tem por objetivo fundamental a diminuição dos
inconvenientes sanitários ao homem e ao meio ambiente, então se pode dizer que o lixo
foi submetido a um tratamento. Há várias formas de processamento e disposição final
aplicáveis ao lixo urbano, sendo descritas a seguir:
4.6.1 - Compactação
4.6.3 - Incineração
4.6.4 - Compostagem
4.6.5 - Reciclagem
4.6.6 - Lixão
Segundo o IPT (op. cit.), lixão é uma forma inadequada de disposição final de
resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de
proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Os resíduos assim lançados acarretam
problemas à saúde pública, como proliferação de vetores de doenças (moscas,
mosquitos, baratas, ratos, etc.), geração de maus odores e, principalmente, a poluição do
solo e das águas superficiais e subterrâneas através do chorume (líquido de cor preto,
mal cheiroso e de elevado potencial poluidor produzido pela decomposição da matéria
orgânica contida no lixo), comprometendo os recursos hídricos.
Acrescenta-se a esta situação o total descontrole quanto aos tipos de resíduos
recebidos nestes locais, verificando-se até mesmo a disposição de dejetos originados
dos serviços de saúde e das indústrias.
Comumente ainda se associam aos lixões fatos altamente indesejáveis, como a
criação de porcos e a existência de catadores os quais, muitas vezes, residem no próprio
local. A Figura 4.5 mostra o exemplo de um lixão.
Fonte: IPT, 1995
Figura 4.5 - Vazadouro ou Lixão
Segundo o IPT (op. cit.), é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos
no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os
impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada
jornada de trabalho.
Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada, pois similarmente
ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é minimizada. Porém, geralmente
não dispõe de impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das águas
subterrâneas), nem processos de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases
gerados.
Esse método é preferível ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais que
causa e aos seus custos de operação, é inferior ao aterro sanitário.
4.6.8 - Aterro Sanitário
Digestão anaeróbia
( Nível do chorume)
O2 O2 O2 O2
AR
Digestão aeróbia
Tratamento Biológico
( inoculação biológica)
A alternativa por digestão aeróbia tem sido indicada como a que traz as maiores
vantagens para decomposição do lixo. Esta forma de tratamento só não é usada de uma
maneira generalizada devido aos seus maiores custos diretos, comparada com anaeróbia.
São abertas valas na massa de lixo com uso de equipamento adequado (retro-
escavadeira), para a instalação de drenos de percolados e biogás.
Tabela 5.1.3 – Peso molecular, densidade e peso específico dos gases encontrados
no aterro controlado em condições padrão (0 ºC, 1 atm)
Peso molecular Densidade Peso específico
Gás Fórmula
(g) (g/l) (kg/m3)
Ar 28,97 1,2928 1,293
Amoníaco NH3 17,03 0,7708 0,771
Dióxido de
CO2 44,00 1,9768 1,977
carbono
Monóxido de
CO 28,00 1,2501 1,250
carbono
Hidrogênio H2 2,016 0,0898 0,089
Sulfeto de
H2S 34,08 1,5392 1,539
hidrogênio
Metano CH4 16,03 0,7167 0,717
Nitrogênio N2 28,02 1,2507 1,251
Oxigênio O2 32,00 1,4289 1,428
Fonte: Tchobanoglous et al. (1994)
Nota: Para um comportamento de gás ideal, a densidade é igual à mp/RT, donde m é o peso
molecular do gás, p é a pressão, R é a constante universal dos gases, e T é a temperatura
utilizando uma série de unidades consistente.
O início de uma explosão começa com três principais elementos que constituem o
triângulo do fogo:
Isso significa que uma mistura de um gás combustível com um comburente poderá
se inflamar, apenas por estar submetida a uma temperatura a partir dos valores indicados
na tabela acima, sem a necessidade de uma centelha ou chama aberta.
O gás de aterro pode formar uma mistura explosiva quando combinado com o
oxigênio em certas proporções.
A Figura 5.1.2 mostra a exibição de caminhos potenciais para o gás de aterro.
Fonte: ATSDR, 2005.
Figura 5.1.2 – Exibição de Caminhos Potenciais do Gás de Aterro
As seguintes condições do gás no aterro devem ser satisfeitas (landfill gás) para
que se haja risco de explosão:
a) Produção de gás: O aterro deve estar produzindo gás, e este gás deve conter
compostos químicos que devem estar presentes em quantidade suficiente para
levar à explosão.
b) Migração de gás: O gás deve estar apto a migrar pelo aterro. Tubos enterrados
ou a geologia natural subsuperfícial podem prover caminhos preferenciais para o
gás. Os sistemas de coleta e tratamento dos gases, se operado corretamente,
reduz a quantidade de gás que é capaz de escapar para fora do aterro.
c) Gás coletado em um espaço confinado: O gás deve estar concentrado em um
espaço confinado no qual pudesse, potencialmente, explodir. Um espaço
confinado pode ser: um buraco, um recinto residencial, ou um porão. A
concentração pra qual o gás tem potencial para explodir é definido em termos de
limites de explosividade inferior e superior (LEL – Lower Explosive Limit e
UEL – Uper Explosive Limit), como definido abaixo:
Outros gases de aterro: Outros constituintes do gás de aterro são inflamáveis (e.g.,
amônia, sulfeto de hidrogênio, e NMOCs – Compostos Orgânicos Não-Metano).
Entretanto, por ser improvável que estes gases estejam em concentrações acima do
LEL, raramente causam perigos de explosão como gases individuais. Por exemplo, o
benzeno (um MNOC que pode ser encontrado no gás de aterro) é explosivo entre o
LEL de 1,2% e UEL de 7,8%. Todavia, concentrações de benzeno no gás de aterro são
muito improváveis de alcançar estes níveis. Se o benzeno for detectado no gás de
aterro em uma concentração de 2 ppb (ou 0,0000002% por volume de ar), então o
benzeno teria de ser coletado em um espaço fechado a uma concentração 6 milhões de
vezes maior que a concentração encontrada no gás de aterro para causar um perigo de
explosão.
A Tabela 5.1.7 mostra o potencial de perigos de explosão causados pelos
constituintes importantes do gás de aterro. Ressalta-se que o metano é o mais provável
constituinte do gás de aterro que pode levar a um risco de explosão. Outros constituintes
presentes no gás de aterro estão, improvavelmente, em concentrações bastante altas para
causar um perigo de explosão.
Tabela 5.1.7 – Potencial de perigo de explosão de componentes comuns do gás de aterro
COMPONENTE POTENCIAL CAUSADOR DE RISCO DE EXPLOSÃO
O sistema de coleta reduz os níveis de migração de gás pra fora do aterro nas áreas
envolta.
Está migrando gás pra fora do aterro?
O monitoramento de dados fora da área pode ser necessário para responder esta
questão.
Se o gás está migrando para fora do aterro e estruturas são alcançadas, há
locais para coletar gás?
O escapamento incontrolado de gás para fora de um aterro pode migrar para
estruturas sobre este mesmo aterro ou para área do entorno. Contudo, quanto mais
afastada do aterro encontra-se esta estrutura, mas improvável torna-se a migração
dos gases em concentração alta o suficiente para trazer perigo de explosão. Os
lugares mais comuns para coletar gases são porões, espaços rastejantes, ou portos de
serviços público enterrados na entrada. Residências com porões, especialmente
aqueles com tubos ou rachadura no porão que permitiria a entrada do gás, são os
lugares mais prováveis para coletar gás.
É coletado o gás em concentrações que são bastante altas para trazer perigo de
explosão?
Os gases podem ser inflamados por muitas fontes diferentes, por tal fornalha no
porão ou por uma chama piloto do fogão a gás. Outras fontes podem incluir velas,
palitos de fósforos, cigarros, ou uma faísca. Por existirem diversas fontes de ignição,
é mais seguro supor que o potencial para uma fonte de ignição está sempre presente.
Fonte: ATSDR, 2005.
O aterro é então classificado como seco ou molhado. Um aterro seco terá uma
decomposição mais lenta do que um aterro molhado, o que acarreta em taxa de
produção de LFG mais baixa, e o tempo de produção mais demorado. Alguns dos
fatores que influenciam o teor de umidade de um aterro incluem a precipitação e a
temperatura no local, tipo de cobertura de aterro, condição de cobertura (isto é,
irregular, íntegra), tipo de sistema de coleta de chorume, e tipo de base de aterro ou
alinhamento natural. A classificação do local como seco ou molhado é principalmente
uma função da quantidade de precipitação que se infiltra na massa de lixo. Um enfoque
conservador para classificar um local como molhado ou seco se baseia na média anual
das precipitações. Um aterro em que uma porção significativa do resíduo esteja
localizada dentro de um nível de lençol freático/chorume deveria ser considerado
também como um local molhado. Para discussão geral, locais situados em áreas com
menos de 500 mm/ano serão classificados como locais relativamente secos, mais de 500
e menos do que 1000 mm/ano como locais relativamente molhados, e locais situados
em áreas com mais de 1000 mm/ano como locais molhados. Na América Latina e
Caribe (LAC), a maioria dos aterros é considerada como local relativamente molhado
ou totalmente molhado. Discussão mais aprofundada sobre a importância deste aspecto
relacionado aos locais da LAC será proporcionada com o debate sobre modelagem e as
designações de parâmetros aplicáveis.
A capacidade de local ajustada está localizada no eixo esquerdo da tabela de
aterro úmido ou seco. Isto enfoca o efeito que o tamanho do local (pequeno, médio,
grande) tem na produção de gás. O status atual do enchimento do local está situado no
eixo de baixo. Isto é definido como a porcentagem com que o local é preenchido ou o
número de anos desde o fechamento do local. Isso enfoca a idade do local.
A produção de LFG é determinada pela interseção da capacidade do local
ajustada e a condição atual de preenchimento. A produção de LFG é categorizada como
“alta”, “media” ou “baixa”. Cada categoria é delineada por números que indicam um
nível crescente de severidade dentro da categoria. A produção máxima de LFG ocorre
tipicamente dentro de dois anos de fechamento do local se o local tiver tido um
cronograma de enchimento anual bastante uniforme. É importante considerar o
potencial de produção futura de LFG na avaliação e planejamento da necessidade de
controles de LFG. A Figura 5.3.a demonstra que a produção de LFG de um local
aumenta à medida que ele é preenchido e, daí, lentamente declina depois do fechamento
do local.
Outros assuntos relacionados à produção de LFG, que são de preocupação,
incluem o perigo de migração subsuperficial do LFG e o impacto do LFG sobre a
qualidade do ar.
Os fatores primários que influenciam a distância com que o gás migra desde os
resíduos até os solos adjacentes são a permeabilidade do solo adjacente ao aterro e o
tipo de cobertura de superfície de terra ao redor do aterro. Geralmente, quanto maior for
à permeabilidade do solo adjacente ao aterro, maior será à distância de migração
possível. O conteúdo de água do solo tem um efeito importante em sua permeabilidade
com respeito ao fluxo de LFG. À medida que o conteúdo de água aumenta, há uma
transmissibilidade efetiva de solo ou resíduo para o fluxo de gás que diminui. Além
disso, o tipo de cobertura de superfície afeta a ventilação do LFG que pode escapar para
a atmosfera. Superfícies congeladas ou pavimentadas limitam a ventilação de gás para a
atmosfera e, portanto, aumentam a distancia de migração potencial. Um alinhamento do
aterro pode reduzir grandemente o potencial para a migração de subsuperfície. A
presença de solos heterogêneos ao redor do local ou esgotos e outro serviço de utilidade
enterrado aumentarão a distância de migração potencial ao longo desses corredores. O
LFG pode migrar a uma distancia significativa a partir do aterro em esgotos ou leito de
esgoto. A avaliação do potencial para migração subsuperficial a partir de um local deve
considerar esses fatores.
Os determinantes primários de impactos de qualidade de ar são as quantidades de
LFG emitida para a atmosfera, a concentração de compostos gasosos no LFG, a
proximidade do receptor do aterro e as condições meteorológicas.
Composição do resíduo
A maioria dos resíduos residenciais e comerciais dispostos em um aterro de
resíduo sólido municipal são decompostos. O resto que sobra consiste de vários
materiais inertes tal como o concreto, cinza, solo, metais, plásticos e outros materiais
não decompostáveis. Quanto mais facilmente é decomposta a fração orgânica do
resíduo, mais acelerada será a taxa de produção de gás no aterro. Resíduos de alimentos
estão incluídos nesta categoria. Deste modo, um alto percentual de resíduos de alimento
no aterro provavelmente conduzirá em uma acelerada taxa de geração de gás. Alguns
resíduos decompostáveis, tais como pedaços grandes de madeira, que não são inertes,
mas se decompõem lentamente, na prática, não contribuem significantemente com a
geração de gás.
Idade do resíduo
A geração de gás (metano) num aterro possui duas variáveis dependentes do
tempo: tempo de atraso e tempo de conversão. O tempo de atraso (retardo) é o período
que vai da disposição dos resíduos até o início da geração do metano (início da Fase
III). Tempo de conversão é o período que vai da disposição dos resíduos até o final da
geração do metano (final da Fase V). Por exemplo, os resíduos de jardim têm os tempos
de atraso e conversão menores, enquanto que o couro e o plástico possuem tempos de
atraso e conversão maiores.
pH
A faixa de pH ótimo para a maioria das bactérias anaeróbias é 6,7 a 7,5 ou
próximo do neutro [i.e., pH = 7,0] (McBean et al., 1995). Dentro da faixa ótima de pH,
a metanogênises aumenta para uma taxa elevada de tal modo que à produção de metano
é maximizada. Fora da faixa ótima – um pH abaixo de 6 ou acima de 8 – a produção de
metano fica estritamente limitada. A maioria dos aterros tende ter ambientes levemente
ácidos.
Temperatura
As condições de temperatura de um aterro influenciam os tipos de bactérias
predominantes e o nível de produção de gás. A faixa ótima de temperatura para bactéria
mesofílica é 30 a 35ºC (86 a 95ºF), enquanto que para as bactérias termofílicas é 45 a
65ºC (113 a 149ºF). As temófilas geralmente produzem altas taxas de geração de gás;
contudo, a maior parte dos aterros ocorre na faixa das mesófilas. As máximas
temperaturas do aterro frequentemente são alcançadas dentro de 45 dias após a
disposição dos resíduos como um resultado da atividade aeróbia microbiológica. Então
diminui a temperatura do aterro uma vez desenvolvida as condições anaeróbias.
Grandes flutuações de temperaturas são típicas nas camadas superficiais de um aterro
como um resultado de mudanças na temperatura de ar ambiente. Os resíduos dispostos a
uma profundidade de 15 m (50 ft) ou mais não sofrem a influência da temperatura
externa. Temperaturas tão altas quanto 70ºC (185ºF) têm sido observadas (McBean et
al., 1985). Elevadas temperaturas de gás dentro de um aterro são o resultado da
atividade biológica. As temperaturas típicas do gás produzido num aterro variam,
tipicamente, entre 30 a 60ºC (86 a 140ºF) (EMCON, 1980 e 1981). A atividade
metanogênica é severamente limitada para temperaturas abaixo de 15ºC (59ºF), ao
passo que sua atividade ótima varia na faixa de 30 a 40ºC (86 a 104ºF) (McBean et al.,
1995). Por outro dado, as temperaturas no liner encontram-se na faixa de 20 a 25ºC (68
a 77ºF), atentando para o fato de que o calor aumenta dentro da massa de resíduo (G. R.
Koerner et al., 1996).
Outros Fatores
Outros fatores que podem influenciar a taxa de geração de gás são os nutrientes,
bactérias, potencial oxidação-redução, densidade da produção gás, compactação dos
resíduos, dimensões do aterro (área e profundidade), operação do aterro e
processamento de resíduos variáveis.
4a − b − 2c + 3d 4a + b − 2c − 3d
Ca H bOc N d + H 2O → CH 4
4 8
(5.2.1)
4a − b + 2c + 3d
+ CO2 + dNH 3
8
A decomposição dos resíduos sólidos, que está relacionada com a produção de gás
em aterros pode ser dividida em 4 ou 5 fases, dependendo do autor (ASTD, 2005 ou
USEPA, 2004).
Na Figura 5.2.b, pode ser visto um exemplo de divisão em 4 fases.
Aeróbia Anaeróbia
COD, g/l
TVA, g/l
Estabilização, tempo em dias.
Figura 5.2.c – Fases geradas na geração de gases de aterro (modificado por Kreith, 1994)
Fase III (Fase ácida) – Nesta Fase o resíduo é degradado anaerobicamente. A primeira
perda é por hidrólise, na qual moléculas orgânicas maiores são convertidas em menores,
e moléculas solúveis e hidrogênio são produzidos. As bactérias acidogênicas convertem
então os compostos hidrolisados em ácidos orgânicos voláteis (VOAs). Os ácidos, por
sua vez, causam uma mudança no pH (e.g., de 5,5 para 6,5) aumentando as
concentrações de metais pesados no chorume. A biomassa disponível que cresce
associada às bactérias metanogênicas, e o rápido consumo de substratos e nutrientes são
uma característica predominante desta Fase. O primeiro gás formado nesta Fase é o
dióxido de carbono.
Visto que os aterros são heterogêneos e todo resíduo não é colocado ao mesmo
tempo, as Fases descritas acima ocorrem simultaneamente em diferentes áreas e
profundidades de um aterro ativo ou recentemente fechado. A separação entre Fases é
freqüentemente mascarada quando um aterro está ativo e resíduos novos são
adicionadas aos pré-existentes. Após o fechamento do aterro, e devido à presença de
resíduos em diferentes fases de degradação, este tende a ser impulsionado para a Fase
IV, mantendo-se nesta fase por um logo período de tempo.
A taxa de degradação dos resíduos é controlada pela quantidade, pelos tipos de
materiais degradáveis, pela temperatura, pela umidade presente, e por outros fatores.
Resíduos de alimentos podem degradar cinco vezes mais rápido do que resíduo de
jardim, quinze vezes mais rápido do que resíduo de papel, e cinqüenta vezes mais rápido
do que madeira ou couro (USEPA, 2004). Com o aumento inicial da temperatura,
devido à liberação de calor durante a degradação aeróbia, há o aumento da degradação
(aumento da taxa de reação). Com há perda de calor pelos resíduos para o ambiente, há
o decréscimo de temperatura ao longo tempo. Em aterros profundos, este calor é mais
bem mantido, fazendo com que a degradação seja mais rápida nestes aterros do que em
aterros rasos. A água que é produzida no processo de biodegradação aeróbia é utilizada
pelo processo de biodegradação anaeróbia. Em adição, a água que se movimenta através
de um aterro ajuda a misturar as enzimas, bactérias, e substratos. O nível de umidade
requerido pelas bactérias metanogênicas é muito baixo. Isto ocorre porque a geração de
gás acontece nas condições de menor umidade (USEPA, 2004 apud Mc Bean et al.,
1995).
Embora o teor de umidade seja considerado um importante fator para a emissão de
gás, existe muita variação nos níveis de emissão de local para local. Tipicamente se diz
que emissões de gás em regiões mais áridas ocorrem durante um período mais longo de
tempo do que em áreas com temperaturas mais amenas. Para aquelas áreas operadas
como um aterro úmido, no qual há adição de chorume ou existem outros líquidos sendo
adicionados, as taxas de emissão de gás são muito mais altas e existe um alto nível de
emissões fugitivas de gás, dependendo de como o líquido é adicionado à área (USEPA,
2004).
onde:
Q(CH4)i = Metano produzido no ano i a partir da seção i do resíduo;
k = Constante da geração de metano;
L0 = Potencial da geração de metano;
mi = Massa de resíduo despejada no ano i; e
ti = Anos após o fechamento.
É pratica normal presumir que o LFG gerado consiste de 50 % de metano e 50 %
de dióxido de carbono para que o LFG total produzido seja igual a duas vezes a
quantidade de metano calculado a partir da Equação 5.3.1. Esta equação é a base para o
Modelo de Emissões de LFG (LandGEM) do U.S. EPA, que está disponível a partir do
site da Internet da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (U.S.EPA)
(http://www.epa.gov/ttn/atw/landfill/landflpg.html). O Modelo School Canyon prediz a
produção de LFG durante algum tempo como uma função da constante de geração de
LFG (k), do potencial de geração de metano (L0) e dos registros históricos de despejo
de lixo e das projeções do resíduo futuro num aterro. A U.S. EPA designa valores pré-
estabelecidos para cada um desses parâmetros para uma avaliação preliminar
conservadora do aterro. No entanto, esses parâmetros de insumo precisam ser
selecionados com conhecimento das condições de aterro especificas e da localização
geográfica. Na LAC, as diferenças no conteúdo orgânico do lixo, a presença de
umidade, ou o grau ao qual o resíduo é compactado variarão e, na maioria dos casos,
aumentará o potencial para a geração de LFG em relação ao lixo tipicamente encontrado
na América do Norte e na Europa. Este modelo foi selecionado para uso neste Manual
não porque seja o único modelo disponível, ou mesmo o melhor modelo disponível. No
entanto, o Modelo School Canyon: é adequado para o objetivo pretendido; é o modelo
mais comumente empregado e aceito nas Américas do Norte e do Sul; e tem a melhor
base de dados disponível na LAC. O Modelo School Canyon é também simples de se
compreender e aplicar e é, geralmente, aceito por aquelas agências e instituições
financeiras que estão interessadas em apoiar esses tipos de projetos na América do
Norte e na América Latina e Caribe (LAC).
A Figura 5.3.b ilustra a curva de geração de LFG produzida usando o Modelo
School Canyon com os valores pré-estabelecidos da EPA norte-americana (k=0,05 e
L0=170 m3 de metano por tonelada de resíduo) para um aterro com uma taxa de
deposição constante de 500.000 toneladas por ano durante 25 anos (de 1990 a 2015). A
Figura 4.4.b mostra duas curvas, a quantidade total teórica de LFG produzida e o LFG
coletado presumindo uma eficiência de sistema de coleta típica de 75 por cento. Uma
avaliação da geração de LFG cuja premissa é que 75% do combustível possam ser
coletados não é irracional, mas seria considerada relativamente agressiva. Uma
porcentagem de recuperação de 50% do combustível é considerada conservadora e
prontamente atingível, presumindo-se que tanto a caracterização do lixo como o
exercício de modelagem esteja baseado em dados e premissas razoáveis.
A constante taxa de geração de metano (k) representa a taxa de decomposição
biológica de primeira ordem à qual o metano é gerado depois da colocação do resíduo.
Esta constante é influenciada pelo teor de umidade, pela disponibilidade de nutrientes,
pelo pH e pela temperatura. Como mencionado anteriormente, o teor de umidade dentro
de um aterro é um dos parâmetros mais importantes que afetam a taxa de geração de
gás. A umidade serve como um meio para transportarem nutrientes e bactérias. O teor
de umidade dentro de um aterro é influenciado primeiramente pela infiltração da
precipitação através da cobertura do aterro. Outros fatores que afetam o teor de umidade
no aterro e a taxa de geração de gás incluem o teor de umidade inicial do resíduo; a
quantidade e o tipo da cobertura diária usada no aterro; a permeabilidade e o tempo de
colocação da cobertura final; o tipo do alinhamento de base; o sistema de coleta do
chorume; e a profundidade do lixo no aterro. Típicos valores k variam de 0.02 para
aterros secos a 0,07 para aterros molhados. O valor pré-estabelecido usado pela EPA
dos EUA para aterros com mais do que 25 polegadas (625 mm) de precipitação por ano
são de 0,05 (EPA dos EUA, 1994). Este valor se considera que produza uma estimativa
razoável de geração de metano em certas regiões geográficas e sob certas condições de
aterro.
Fonte: Manual de preparação de gás de aterro sanitário para projeto de energia (Banco Mundial)
Precipitação Valores k
Lixo Moderadamente
140 200
Degradável
Para este modelo é estimada também uma vida útil de 9 anos e um despejo anual
de lixo em 170 mil toneladas, a taxa média de geração é então aplicada e uma produção
de biogás anual é calculada. A seguinte equação para determinar a produção de biogás
após a disposição dos resíduos sólidos no aterro, é baseada na cinética de primeira
ordem, que é descrita baixo:
S1 = S 0 (e − k t ) (5.3.2)
Onde:
S1 ⇒ Peso (em gramas) dos SVB remanescente no aterro num período
determinado t;
t ⇒ Tempo em dias após a disposição dos resíduos;
S0 ⇒ Peso inicial dos SVB em gramas no início da disposição dos resíduos no
aterro;
k ⇒ Coeficiente de deterioração orgânica. É definido pelas características dos
resíduos, pelo seu teor de umidade, pelo clima geral onde o aterro está
situado.
Onde:
DG ⇒ Volume de gás metano (CH4) produzido em litros por unidade de tempo;
C ⇒ Volume de metano produzido por grama de SVB consumido (definido
como
0,52 l/g);
DDS ⇒ Peso do SVB consumido em gramas em um intervalo específico de
tempo a partir da disposição dos resíduos no aterro.
Q CH = L 0 R (e − k c − e − k t )
4
(5.3.4)
Onde:
QCH4 ⇒ Taxa de geração de metano para tempo t, m3/ano;
L0 ⇒ Potencial de geração de metano, m3 CH4/Mg de resíduo;
R ⇒ Taxa de deposição média anual de resíduo durante a vida útil do aterro,
Mg/ano;
k ⇒ Taxa de geração de metano constante, ano-1;
c ⇒ Tempo desde o fechamento do aterro, anos (c = 0 para aterros ativos); e
t ⇒ Tempo desde o início de deposição do resíduo, anos.
Nota-se que o modelo acima foi desenvolvido para estimar a geração de LFG
(Landfill Gás – Gás de Aterro) e não emissões para atmosfera. Outros destinos que
podem existir para o gás gerado em um aterro, incluindo a captura e subseqüente a
degradação microbiológica no interior da camada superficial do aterro. Atualmente, não
há dados que comprove este destino. É geralmente aceito que o volume de gás gerado
será emitido através da fenda ou outras aberturas na superfície do aterro.
Informação da área específica do aterro é geralmente disponibilizada para as
variáveis R, c, e t. Quando a informação da taxa de deposição de resíduo é limitada ou
desconhecida, R pode ser determinado dividindo o lixo em lugares pela idade do aterro.
Se uma documentação tem constatado que certo segmento (célula) de um aterro recebeu
somente resíduo não degradável, então o resíduo proveniente deste segmento do aterro
pode ser excluído fora do cálculo de R. Resíduo não degradável inclui concreto, tijolo,
rocha, vidro, gesso, quadro, tubo, plásticos, e objetos de metal. A taxa de deposição
média anual somente será estimada através deste método quando existir informação
inadequada sobre a atual taxa de deposição média. A variável tempo, “t”, inclui o
número total de anos que o resíduo tem sido depositado (incluindo o número de anos
que o aterro tem recebido resíduo e, se aplicável, tem sido fechamento).
ln 2
k= (5.3.5)
t 1/2
Onde:
k ⇒ Constante de decaimento (ano-1)
t1/2 ⇒ Tempo para a fração de COD decair pela metade em massa (anos)
Uma outra equação similar a Equação 5.3.4 (op. cit.), pode ser usada quando se
tem dados suficientes relacionados à disposição dos resíduos sólidos urbanos nos locais
de destinação, desde que se leve enconta a quantidade de lixo depositada em cada ano
(IPCC, 1996). Neste modelo a variável t é substituída por T-x na Equação 4.4.6, que
representa o número de anos que o lixo esteve depositado.
Q Tx = k R x L 0 e -k (T - x) (5.3.6)
Onde:
QTx ⇒ Quantidade de metano gerado no ano em vigência T pelos resíduos Rx
(m3/ano)
k ⇒ Constante de decaimento (ano-1)
Rx ⇒ Quantidade de lixo depositado no ano x (t)
L0 ⇒ Potencial de geração de metano do lixo (m3/t de lixo)
T ⇒ Ano em vigência
x ⇒ Ano de deposição do lixo no aterro
c) Modelo Tchobanoglous, Thessen & Vigil (1994):
Este modelo foi desenvolvido para determinar o volume de gás a partir dos
componentes lentamente e rapidamente biodegradáveis do lixo e da constituição
química de cada um de seus elementos. O volume de gás estimado a partir da Equação
5.3.7 supõe a conversão completa dos resíduos orgânicos biodegradáveis em CO2 e
CH4.
4a − b − 2c + 3d 4a + b − 2c − 3d
Ca H b Oc N d + H 2O → CH 4
4 8
(5.3.7)
4a − b + 2c + 3d
+ CO2 + dNH 3
8
Os parâmetros “a”, “b”, “c” e “d” da Equação 5.3.7 são obtidos através da relação
molar dos elementos químicos de composição dos resíduos orgânicos rapidamente e
lentamente degradáveis divididos pelo mol de nitrogênio. O peso de cada elemento
químico relacionado aos componentes dos resíduos é apresentado na Tabela 5.3.5.
Tabelas 5.3.5 – Componentes dos resíduos orgânicos decompostos e seus elementos
químicos
Peso Peso Composição (kg)
Componentes húmido seco
C H O N Cinzas
(kg) (kg)
Constituintes orgânicos rapidamente decompostos
Resíduos de
9,0 2,7 1,30 0,17 1,02 0,07 0,14
comida
Papel 34,0 32,0 13,92 1,92 14,08 0,10 1,92
Papelão 6,0 5,7 2,51 0,34 2,54 0,02 0,29
Resíduos de
11,1 4,4 2,10 0,26 1,67 0,15 0,20
jardim
Total 60,1 44,8 19,83 2,69 19,31 0,34 2,55
Constituintes orgânicos lentamente decompostos
Têxteis 2,0 1,8 0,99 0,12 0,56 0,08 0,05
Borracha 0,5 0,5 0,39 0,05 _ 0,01 0,05
Couro 0,5 0,4 0,24 0,03 0,05 0,04 0,04
Resíduos de
7,4 3,0 1,43 0,18 1,14 0,10 0,13
jardim
Madeira 2,0 1,6 0,79 0,10 0,69 _ 0,02
Total 12,4 7,3 3,84 0,48 2,44 0,23 0,29
Fonte: Tchobanoglous et al., 1994
3/4 h
2/4 h
1/4 h
1 2 3 4 5
Tempo (Anos)
5 10 15
Tempo (Anos)
400
Total
350
300
250
Gás produzido por
material de
200
decomposição rápida
depositado em 5 anos
150
Gás produzido por
material de
decomposição lenta
50
depositado em 5 anos
5 10 15 20 25
ECH4 = (Popurb x Taxa RSD x RSDf x FCM x COD x CODF x F 16/12 - R) x (1 - OX) (5.3.8)
Onde:
Taxa RSD ⇒ Taxa de geração de resíduos sólidos domésticos por habitante por
ano (kg RSD/habitante.ano).
Adequadoa 1,0
Inadequado
0,8
(profundo p/ ≥5,00 m de resíduo)
Inadequado
0,4
(não profundo p/ <5,00 m de resíduo)
COD = 0,4 x (A) + 0,17 x (B) + 0,15 x (C) + 0,30 x (E) (5.3.9)
Onde:
T= temperatura (ºC)
Onde:
Os parâmetros estimados por Oonk & Boom (1995) que são apresentados na
Tabela 5.3.11 são específicos para o caso de aterros alemães ou que possuam
composição do lixo e clima regional semelhante aos casos estudados.
f) Modelo GasSim
O modelo GasSim (Versão 1.00, Junho 2002) (Gregory et al., 2003) vem equipado
com duas aproximações matemáticas para calcular prognosticamente a emissão de
metano (manual GasSim Versão 1.00). A primeira aproximação usa a equação multi-
fase do GasSim, que é similar ao modelo descrito na Tabela 5.3.10. A segunda
aproximação para estimar a formação de LFG é a mesma usada pelo modelo LandGEM.
Assim da mesma maneira que o modelo LandGEM determina a massa de metano
gerada usando o potencial de geração de metano e a massa de carbono depositada, o
modelo GasSim faz a mesma determinação. A qualidade do LFG gerada é determinada
usando o potencial de geração de metano e a relação de metano com dióxido de
carbono. Tanto o modelo GasSim quanto o outro modelo pode matematicamente ser
descrito por:
L[1/ ([CH 4 ] /100)]
L1 = M (5.3.16)
Vm
Onde:
L1⇒ Potencial de geração de LFG (g/t)
Vm⇒ Volume molar (em CNTP) (2.241 x 10-2 m3 mol-1)
M⇒ Massa molar relativa de carbono (m3 Mg-1)
[CH4]⇒ Concentração de metano no LFG (%)
C = Ci x L 1 (5.3.17)
Onde:
C ⇒ Massa de carbono degradável (Mg)
Ci ⇒ Massa de carbono depositada (Mg)
Emissão CH4 (m3. h-1) = Produção CH4 – Recuperação CH4 – Oxidação CH4 (5.3.18)
A = F x H x (CH4) (5.3.19)
Onde:
A⇒ Quantidade recuperada de LFG (m3. ano-1)
F⇒ Taxa de extração de LFG (m3. h-1)
H⇒ Horas de operação anual do compressor (h)
(CH4)⇒ Concentração de metano no LFG (%)
A
P= (4.4.20)
η
Onde:
FE CH = ∑ FE 0 * ( ∑ A i * p i * k i * e -kt )
4
(5.3.21)
x 1,2,3
Onde:
FECH4 ⇒ Produção anual de metano (Nm3. ano-1)
FE0 ⇒ Potencial de geração de LFG (m3CH4 . t-1 de resíduos)
pi ⇒ Fração de resíduos com taxa de degradação ki (kg . kg-1 de resíduo)
ki ⇒ Taxa de degradação da fração i (ano-1)
t ⇒ Idade do resíduo (ano)
Ai ⇒ Fator de normalização
O modelo descreve três categorias de resíduo e cada categoria tem uma formação
específica de LFG com capacidade por tonelada de resíduo. As três categorias são
mostradas na Tabela 5.3.12.
Onde:
Me ⇒ Quantidade de emissão difusa de metano (Mg . ano-1)
M ⇒ Quantidade anual de resíduo depositado (Mg)
BDC ⇒ Relação de carbono biodegradável (Mg C . Mg-1 de resíduo)
BDCf ⇒ Relação de carbono biodegradável convertido em LFG (%)
F ⇒ Fator de cálculo de conversão de carbono em CH4
D ⇒ Eficiência de coleta (ativo com perda de LFG – 0,4; não reuperado – 0,9; LFG
ativo, recuperado e coberto - 0,1)
C = (CH4) (%)
Este método apresenta outro parâmetro básico que se refere ao tempo que cada
parcela classificada irá se decompor pela ação dos microorganismos, como pode ser
observado na Tabela 5.3.15.
Tabela 5.3.15 – Componentes e tempo de bioestabilização
Tempo (anos)
Componentes
T0,5a T1b
FD 2,0 4,0
MD 5,0 10,0
DD 20,0 100,0
ND - ∞
Fonte: Lima, 2002.
a
Meia vida do componente em termos de bioestabilização.
b
Tempo total para ocorrer a bioestabilização do componente.
O modelo também requer o fator de produção kn que representa a quantidade de
produção de metano em Nm3/t de lixo disposta no sistema, e que cada componente
classificado produzirá ao longo do tempo de processo.
Para os componentes facilmente degradáveis que tem um tempo maior de 4 anos,
como mostrado na Tabela 4.11, os valores de kn serão determinados ano-a-ano, como k1,
k2, k3, e k4. Da mesma maneira será feito para os componentes moderadamente
degradáveis que tem um tempo maior de 10 anos, em que os valores de kn serão
determinados como: k1, k2, k3, k4, k5, k6, k7, k8, k9, k10. Entretanto para realizar tal
determinação, certas condições são necessárias para início de cálculo:
St FD= S1 + S2 + S3 + S4 = 100%
St MD = S1 + S2 + ....... + S10 = 100%
As áreas são determinadas pelo modelo triangular de acordo com o tempo de
bioestabilização.
(%)
50
40
30
20
10 S2 S3
S1 S4
0
1 2 3 4 Tempo (anos)
Fonte: Lima, 2002
Figura 5.3.g – Distribuição de áreas no cálculo de FD
(%)
50
40
30 S5 S6
20 S4 S7
S3 S8
10
S2 S9
S1 S 10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (anos)
∂C A ∂C A ∂ 2C A
α (1 + β ) = - Vz + Dz 2
+G (5.4.1)
∂t ∂z ∂z
donde:
α = Porosidade total, cm3/cm3 (ft3/ft3).
β = Fator de retardação tendo em quantidade a troca de absorção e fase.
CA = Concentração do composto A, g/cm3 (lb.mol/ft3).
Vz = Velocidade de convecção vertical, cm/s (ft/d).
Dz = Coeficiente de difusão efetiva, cm2/s (ft2/d).
G = Parâmetro agrupado utilizado para justificar todos os términos de geração,
g/cm3.s (lb.mol/ft3.d).
z = Profundidade, m (ft).
A velocidade de convecção Vz na direção vertical pode ser estimada utilizando a
lei de Darcy da seguinte forma:
κ ∂P
Vz − (5.4.2)
µ ∂z
donde:
Vz = Velocidade de convecção, m/s (ft/d).
K = Permeabilidade intrínseca, m2 (ft2).
µ = Viscosidade da mistura de gás, N. s/m2 (lb . dt/ft3).
P = Pessão, N/m2 (lb/ft2).
z = Profundidade, m (ft).
Permeabilidade média ∂C
(Vz C)z+∆z − Dz
com prosidade
∂ z Z+∆z
∆z
Az
Z Z+∆z
O material acumula
líquido no volume de poro ∂C
− Dz
e na superfície de grão (Vz C)z ∂
médio. z Z
Volume de poros = α . Az . ∆z
Os valores típicos para a velocidade de convecção dos principais gases do aterro são
da ordem de 1 a 15 cm/d. Geralmente se leva enconta a resolução da equação (5.4.1)
utilizando os métodos numéricos de diferença finita ou elementos finitos juntamente
com computadores de alta velocidade.
As formas simplificadas da equação (5.4.1) podem ajudar a estimar as emissões sem
ter que recorrer a técnicas mais complexas de solução numérica que necessitem da
aplicação de programas computacionais. Por exemplo, se forem desprezados os efeitos
de absorção e produtivos, então a Equação (5.4.1) se reduz sob condições estáveis a:
dC A d 2C A
0 = − Vz + Dz (5.4.3)
dz dz 2
dC A
N A = − Dz (5.4.4)
dz
donde:
NA = Fluxo de gás, g/cm2.s.
(α gás )10 / 3
Dz = D (5.4.5)
α2
donde:
Dz = Coeficiente de difusão efetiva, cm2/s.
D = Coeficiente de difusão, cm2/s.
αgás = Porosidade cheia de gás, cm3/cm3.
α = Porosidade total em cm3/cm3.
Dz = D α τ (5.4.6)
donde:
τ = Fator de tortuosidade (valor típico = 0,67)
5.4.1 - Movimento dos principais gases de aterro
Ainda que a maior parte do metano escape para a atmosfera, ambos, metano e
dióxido de carbono, hão de ser encontrados em concentrações de até 40% em distâncias
laterais que vão até 150 m dos bordos do aterro sem recobrimento. Em aterros sem
nenhuma ventilação, a extensão deste movimento lateral varia segundo as características
do material de cobertura e do solo circundante. Se tiver escapado o metano de uma
forma incontrolada, pode acumular-se (porque sua densidade é menor que o do ar)
debaixo de edifícios ou em outros lugares fechados, próximos ou dentro de um aterro
controlado. Com uma extração correta, o metano (CH4) não deve ser considerado um
problema (exceto pelo fato de que é um gás que influe no efeito estufa). Por outro lado,
o dióxido de carbono (CO2) é problemático por sua densidade. Como mostra a tabela
5.1.3 (op. cit.), o dióxido de carbono tem aproximadamente 1,5 vezes a densidade do ar
e 2,8 vezes a densidade do metano; por tanto, tende a mover-se para o fundo do aterro.
Como resultado, as concentrações de dióxido de carbono nas partes mais baixas do
aterro podem ser altas durante anos.
4/3
Dα (C Aatm − C Aver )
NA = − (5.4.7)
L
donde:
Na = Fluxo gasoso do composto A, g/cm2.s.
CAatm = Concentração do composto A na superfície de cobertura do aterro, g/cm3.
CAver = Concentração do composto A no fundo do aterro, g/cm3.
L = Profundidade do aterro, cm.
Os valores típicos para o coeficiente de difusão do metano e do dióxido de carbono são
0,20 cm2/s e 0,13 cm2/s.
Esta reação baixa o pH, que mais tarde pode aumentar a dureza e o conteúdo
mineral da água subterrânea mediante dissolução. Por exemplo, se o carbonato de cálcio
está presente na estrutura do solo, o ácido carbônico reagirá com este para formar
bicarbonato de cálcio solúvel, seguindo a seguinte reação:
H2O + CO2
Dα 4 / 3 (Ciatm − Cis Wi )
Ni = − (5.4.11)
L
donde:
Ni = Fluxo de vapor do composto i, g/cm2.s.
D = Coeficiente de difusão, cm2/s.
α = Porosidade do solo seco, cm3/cm3.
Ciatm = Concentração do composto i na superfície de cobertura do aterro, g/cm3.
Cis = Concentração saturada de vapor do composto i, g/cm3.
Wi = Fator para justificar a fração atual do composto i nos resíduos.
Ci, Wi = Concentração do composto i no fundo de cobertura do aterro, g/cm3.
L = Profundidade de cobertura do aterro, cm.
Pode ser simplificada a Equação (5.4.11) supondo que Ciatm é zero, esta suposição
é razoável, porque a concentração de oligoconstituintes quando chegam à superfície do
aterro diminuirá rapidamente pela dispersão causada por vento e por difusão causada
por ele antes. Com esta suposição, a estimação para o fluxo de massa de gás será
conservada; qualquer incremento de Ciatm produzirá um denso fluxo de massa. A forma
simplificada da Equação (5.4.11) é:
Dα 4 / 3 (C is Wi )
Ni = (5.4.12)
L
Sonda para controlar o
gás do aterro.
Ciatm
Atmosfera
Z=L
Cobertura do Aterro
Z=0
Cis
Interior do Aterro
CisWi
Tetracloreto de
0,058 0,062 0,066 0,071 0,075 0,080
caborno
1,1,1-
282,2 461,3 715,59 1.081 1.580 2.240
Tricloroetano
Tetracloreto de
289,3 470,9 741,2 1.124 1.648 2.353
caborno
Clorofórmio 427,9 676,7 1.026 1.517 2.166 3.012
1,2-Dicloroeteno 626,7 961,8 1.428 2.048 2.862 3.901
Guias de PVC
Areia c/ Selador (mistura com junta de
geotêxtil em de areia-betonita) borracha
cima e embaixo
Recobrimento
geomembrana
Variável Variável
Furos de
Furos de Ø11 cm a
Ø11 cm a cada 15 cm
cada 15 cm
(a) (b)
Fonte: Tchobanoglous et al. (1994)
Figura 5.5.1 – Chaminés de gás utilizadas na superfície de um aterro para o controle passivo do
gás de aterro: (a) Chaminé de gás para um aterro que não contém um recobrimento com
geomembrana, e (b) Chaminé de gás para um aterro que contém um recobrimento com
geomembrana sintética.
5.5.2 - Valas perimetrais de interceptação
Segundo Tchobanoglous et al. (1994), a interceptação do movimento lateral dos
gases de aterro pode ser feita utilizadando as valas perimetrais, que consiste em valas
interceptoras cheias de brita que contém tubulações horizontais de plástico perfurado
(normalmente cloreto de polivinila, PVC, ou polietileno, PE) (ver Figura 5.5.3). A
tubulação perfurada está conectada a chaminé vertical, através da qual o gás de aterro
que se acumula no recheio do fundo da vala pode se dirigir para a atmosfera. Para
facilitar a coleta do gás na vala, frequentemente é instalado um recobrimento de
membrana na parede da vala que está localizada no lado externo do aterro.
Fornecimento de gás
para a chama piloto
Cinta de
encanador
3.00 m
Corrente
Bombona de
gás (opcional)
0.69 m
Terra compactada
União (opcional)
Brita #2
Variável
(a)
~
0.60 m
(b)
Tubulação
Vala de brita em perfurada para a
volta do aterro Gás de aterro eliminação de gás
Aterro (a)
Parede de barro
colocada em volta do Gás de aterro
aterro (b) Parede de barro
projetada de modo
de baixa
Gás de aterro queimado
permeabilidade
ou convertido em energia
Poços de coleta
de gás Sistema de cobertura
impermeável
Poço cheio de
brita
Sistema de
isolamento
impermeável
(c)
Sistema de coleta de lixiviado
Poço de gás de
extração de gás de
Estação de
Resíduos aterro
extração
Condução de
Corte – AA’ Zona gás
aproximada
de influência
Borda do
A’ aterro
Sondas de
controle de
gás
Coletor de
A condensado
Zona
(a) aproximada
de influência
Estação de
extração
1
1-Vala recheada;
Recobrimento
de membrana 2-Tubulação coletora
2
sintética de gás.
Sondas de
controle de
gás
B’ Vala de
extração de
B gás
Tubulação
coletora de
gás perfurada
(b)
Condução de gás
Recheio
Válvula de 0,5 cm
0.90 m
Entrada para medir o
0.15 m fluxo de gás
Recheio de brita
0.80 m
Betonita
Profundidade do poço variável
Tubulação de PVC
Variável
União telescópica
0.60 m
Betonita
Variável
Tubulação ranhurada de PVC
0.30 m
Brita
Buraco de
Ø 0.76 m
Figura 5.5.5 - Detalhe representativo de uma chaminé para a extração do gás de aterro.
(cortesia da Junta de Califórnia para a Gestão Integral de Resíduos).
b) Valas perimétricas para a extração de gás
As bases perimétricas de extração (ver Figura 5.5.4.b) normalmente são instaladas
no solo original adjacente do perímetro do aterro. São utilizadas normalmente em
aterros pouco profundos, com profundidades de 8.00 m ou menos. As bases estão cheias
de brita e contém tubulações de plástico perfuradas que se conectam lateralmente a um
coletor e compressor centrífugo de extração. As valas de extração podem estender-se
verticalmente desde a superfície do aterro até a profundidade total dos resíduos ou até a
água subterrânea, e podem ser seladas adicionalmente na superfície com um
recobrimento de membrana. O compressor cria uma zona de pressão negativa em cada
vala que se estende para os resíduos sólidos. O gás de aterro migrando nesta zona é
aspirado pela tubulação perfurada e coletado, e subsequentemente emitido ou queimado
na estação do compressor. Também podem ser feitos ajustes no fluxo mediante válvulas
de controle em cada vala (Tchobanoglous et al., 1994).
Gerador
Escape
(a)
Gás comprimido
Câmara de combustão
Gerador Eletricidade
Combustível Compressor
gasoso de gás T1 T2
Ar ambiente Escape
T1-Turbina compressor.
T2-Turbina de gás.
(b)
Fonte: Tchobanoglous et al., 1994
Figura 5.8.1 - Diagrama de fluxo esquemático para a recuperação de energia a partir de
combustível gasoso: (a) utilizando motor de combustão interna, e (b) utilizando turbina
a gás.
5.8.3 - Purificação e recuperação do gás
Segundo Tchobanoglous et al. (1994), a possibilidade de aproveitar
potencialmente o CO2, contido no gás de aterro, poderá ser feita mediante a separação
do CH4 e o CO2. A separação de CO2 e de CH4 pode ser realizada mediante absorção
física, absorção química, e mediante separação por membrana. Nas absorções física e
química, um componente se absorve preferencialmente utilizando um solvente
adequado. A separação mediante membrana implica o uso de uma membrana
semipermeável para separar o CO2 do CH4. Futuramente serão desenvolvidas
membranas semipermeáveis que deixam passar o CO2, H2S e H2O, enquanto é retido o
CH4. Existem membranas em forma de lâminas planas ou em fibras ocas que já são
utilizadas. Para incrementar a eficácia da separação, as lâminas são retorcidas em forma
de espiral sobre um meio suporte, enquanto as fibras ocas são feitas em juntas
agrupadas.
- aquecimento direto;
- geração elétrica;
- suprimento alimentar químico;
- purificação do gás da qualidade do sistema de coleta; e
- recuperação calorífica.
Cada um destes métodos tem uma variedade de aplicação do LFG. Uma lista
completa de aplicações e tecnologias é mostrada abaixo:
a) Aplicações de aquecimento direto:
- Uso industrial para caldeiras;
- Aquecimento e refrigeração do espaço;
- Aquecimento/ pós-queima industrial.
b) Aplicações de geração elétrica:
- Processamento e uso em máquinas de troca de combustão interna (RIC-
Reciprocating Internal Combustion) (i.e., combustão estequiométrica ou
combustão fina);
- Processamento e uso em gás e turbinas a vapor;
- Processamento e uso em células combustíveis.
c) Suprimento alimentar em Processos de Produção Química:
- Conversão do metanol (e opcional industrial ou uso combustível veicular);
- Conversão em combustível diesel (e subseqüente uso como combustível
veicular);
d) Purificação do gás da qualidade do sistema de coleta:
- Utilização como combustível veicular;
- Incorporação na rede local do gás natural.
e) Recuperação calorífica através dos queimadores (Flares) do aterro (Landfill):
- Usando o ciclo orgânico de Rankine;
- Usando o ciclo motor de Stirling.
137
5.9.1.3 - Economias de Geração Elétrica
Geralmente, existem três aplicações para a geração elétrica a partir do LFG:
Motores de combustão interna, turbinas a gás, e células combustíveis. Como de 1992,
eram aproximadamente 61 projetos que gerariam eletricidade usando motores de
combustão interna (IC) e 24 turbinas, calcula-se num total de produção de 344 MWh.
Hoje, a maioria dos aterros opera com projetos de recuperação de energia sob um
contrato de uso. Motores IC são mais econômicos quando o suprimento de LFG é
suficiente para produzir 1 a 3 MWh. Turbinas são mais econômicas para locais com
produção acima de 3 MWh. As vantagens dos motores de combustão incluem
comparativamente capital de custos baixos (entre US$950 e US$1.250/kW), eficiência,
um alto grau de padronização, e facilidade de se transportar de um lado para o outro do
aterro. Uma das desvantagens com motores IC (internal combustion) são as emissões.
Existem dois tipos de motores IC, cada um apresentando características distintas de
emissões. Motores de combustão estequiométrica geram altas emissões de óxidos de
nitrogênio (NOx). Motores fina-queima geram emissões de NOx e CO baixas, deste
modo são melhor utlizados para aplicações onde estas emissões são preocupantes.
No futuro, células de combustível podem vir a ser atrativas por causa de sua alta
eficiência energética, impactos de emissões dispensáveis, e convenientes para todos os
tamanhos de aterro, apesar de alguns estudos sugerirem que células de combustível
seriam mais competitivas em projetos pequenos (menor que 1 MW) e médios (menor
que 3 MW). Somando-se a isto o baixo custo de operação e manutenção. Atualmente,
138
entretanto, desvantagens econômicas e técnicas tornam as células combustíveis não
competitivas com as técnicas mais convencionais. Estas incluem um custo alto de
capital, para se projetar um processo de limpeza do LFG que possa remover os
constituintes traços do LFG (células de combustível necessitam de uma maior grade de
purificação de LFG do que as outras), e custo alto da própria célula de combustível
(cerca de US$3.000/kW usando tecnologia do estado-da-arte). Por causa dos avanços
continuados da tecnologia de células combustível e a possibilidade futura de um maior
rigor no controle de emissões gasosas, que tornam outras tecnologias mais custosas,
alguns estudos estimam que as células de combustível se tornarão mais competitivas por
volta do fim deste século. (É estimada uma produção de custo de capital tão baixo
quanto US$1.500/ kW em 1998). De acordo com um estudo feito pelo Instituto de
Pesquisa de Energia Elétrica (EPRI-Eletric Power Research Institute), se usinas
geradoras individuais fossem usadas em aterros, 6.000 MWh de eletricidade poderia ser
gerado do LFG. Um outro estudo preparado pela EPA sugere que, aproximadamente, o
total de energia liberada, gerada em cerca de 7.500 aterros, usando células combustível
de recuperação de energia, pudesse ser de 4.370 MWh.
139
VI – ESTUDO DE CASO
140
Fonte: http://www.pageatlas.hpg.ig.com.br
Fonte: http://www.dner.gov.br/rodovias/mapas
Figura 6.2 - Mapa de Localização do Aterro Nova Iguaçu (CTR)
141
A área situa-se próximo aos centros geradores de lixo, oferecendo economia nos
custos de transportes, não dispõe de concentração urbana em suas imediações e
apresenta características topográficas e paisagísticas favoráveis à operação do aterro.
Os morros que circundam a área constituem uma proteção natural no que diz respeito à
dispersão de odores, ao arraste de lixo pelo vento e a agressão à estética. Apresenta
também de grande disponibilidade de solos argilosos que são empregados como área de
empréstimo para a cobertura diária dos resíduos.
142
Tabela 6.1 - Resíduos Depositados na CTR - Nova Iguaçu (toneladas)
Lixo Público a Grandes
Mês/Ano Varrição Total
Domiciliar Granel Geradores
Fev/03 7.414,61 7.321,51 276,70 - 15.012,82
Mar/03 13.564,72 17.527,13 476,48 - 31.568,33
Abr/03 13.884,10 8.039,12 102,51 - 22.025,73
Mai/03 14.574,45 13.290,35 174,03 - 28.038,83
Jun/03 11.845,28 11.845,28 381,57 30,95 24.103,08
Jul/03 11.942,93 15.337,91 336,53 463,79 28.081,16
Ago/03 10.837,14 13.282,47 497,45 63,02 24.680,08
Set/03 10.502,73 10.613,53 727,42 137,03 21.980,71
Out/03 11.298,00 12.692,24 604,58 5.113,13 29.707,95
Nov/03 11.949,44 10.919,07 601,30 10.821,75 34.291,56
Dez/03 14.784,76 11.353,78 466,61 5.423,14 32.028,29
Total (=) 132.598,16 132.222,39 4.645,19 22.052,81 291.518,55
Fonte: Prefeitura Nova Iguaçu.
Dentro das principais características básicas, que foi projetado o Aterro Sanitário,
para minimizar impactos ambientais locais e regionais, podem ser destacadas:
143
Recobrimento final eficiente, para minimizar impactos ambientais desfavoráveis
após o seu encerramento;
144
As águas das nascentes canalizados por este sistema serão aproveitadas para o
suprimento das unidades de apoio do Viveiro de mudas e como bebedouro para
avifauna presente, servindo de indicador da qualidade da água.
2.00 MIN. 2.00 MIN.
TAPE DRENANTE
(AREIA) AREIA MÉDIA A GROSSA
LAVADA (CR>60%)
0.35 0.25
TUBO CA 3 PERFURADO
400 mm
BRITA Nº 4
0.50
145
Fonte: CTR-Nova Iguaçu (Aterro Sanitário de Adrianópolis)
Figura 6.6.a – Manta PEAD sobre a base preparada
146
A principal função da geomembrana é o de evitar a contaminação do lençol
freático com a criação de uma barreira artificial à percolação do chorume, proveniente
da decomposição de resíduos e também da ação de águas pluviais, bem como garantir as
condições mecânicas necessárias para a manutenção do sistema.
A proteção de geotêxtil tem sido utilizada protegida por uma camada mínima de
solo de 0,30m. Essas camadas visam evitar o puncionamento das geomembranas por
elementos pontiagudos e/ou perfurantes, que ocorrem na massa de resíduos recebidos
pelos aterros.
147
Fonte: CTR-Nova Iguaçu (Aterro Sanitário de Adrianópolis)
Figura 6.7.a – 1ª Disposição de resíduos no aterro
148
6.1.6 - Sistema de Drenagem de Percolados e Gases
Este sistema será concebido com três dispositivos básicos: poços verticais, drenos
horizontais e drenos de talude, descritos a seguir:
149
Estes drenos são alteados simultaneamente à disposição dos resíduos sólidos
recebidos.
Drenos Horizontais - projetados para captar o chorume e os gases gerados nas células e
conduzi-los aos drenos verticais de gás. Foram implantados na base do aterro onde
seguem o alinhamento dos drenos de brita da fundação.
b) Piezômetros
c) Poços de Monitoramento
150
6.1.9 - Aproveitamento do Biogás
151
Os resíduos depositados são provenientes de coleta pública e domiciliar, em média
de 500 toneladas por dia de resíduos, sendo que no local há presença de catadores
separando materiais recicláveis dos não-recicláveis do lixo. Só em 1995, foram
despejados no aterro Terra Brava 209.887 t, sendo: 99.183 t de lixo domiciliar; 45.435 t
de lixo de varrição de praia e 65.269 de outros resíduos. Os resíduos recebidos pelo
aterro são das classes IIA (não inerte) e IIB (inerte) segundo a norma NBR 10004
(2004) da ABNT.
A operação de despejo dos caminhões é feito da seguinte forma: Após a pesagem
dos veículos coletores de resíduos sólidos na balança situada na entrada e saída desses
veículos (caminhões), estes se dirigem a área de despejo, despejando o lixo coletado. Os
catadores começam a atuar, enquanto os tratores de esteiras empurram o lixo
espalhando-o e compactando-o. Parte deste lixo não é coberto de forma adequada, ou
seja, coberto irregularmente. O material usado para cobertura é extraído da própria área
do entorno, por meio de desmontes e cortes na encostas.
No local há instalados drenos verticais para drenagem dos gases provenientes do
processo de decomposição biológica dos resíduos, sendo estes gases lançados à
atmosfera. Entretanto, não há ainda uma forma de captar o gás produzido para seu
aproveitamento energético, porém vem sendo estudada esta possibilidade de utilização
do biogás.
Além da grande quantidade de vetores transmissores de doença, principalmente
moscas, há também outros insetos que podem ser observados. Observa-se a presença de
urubus em grande quantidade, em que utilizam as matas vizinhas para fazerem seus
ninhos, procriando-se com muita facilidade.
O aterro também está situado próximo a um núcleo populacional. Em um dos
loteamentos, os moradores que compõem este núcleo são os mais prejudicados, pois a
rua que dá acesso as suas moradias, o início dessa rua está situado a uma distância
aproximada de 65,00 metros do muro de contenção que limita a área do aterro.
152
A drenagem dos gases é feita por meio de drenos verticais que foram construídos
de forma a permitir a saída dos gases para a atmosfera, como também direcionar o
percolado (chorume) gerado durante a operação e após o fechamento do aterro, ao
sistema de drenagem de percolados da fundação. Em anexo há um mapa de localização
dos drenos de gás.
6.3 - Produção de Gases nos aterros Nova Iguaçu e Terra Brava relacionados ao
Processo de Decomposição Biológica ou Digestão Anaeróbia
Os gases produzidos nos aterros Nova Iguaçu e Terra Brava estão relacionados aos
estágios de decomposição biológica. Rizo e Leite (2004) observam que esta degradação
é resultado de interações complexas os quais são descritas abaixo:
1° Estágio: Hidrólise e Fermentação
2° Estágio: Acetogênese e Deidrogenação
3° Estágio: Metanogênese
A Tabela abaixo mostra a relação dos gases produzidos pela decomposição
biológica relacionados aos três estágios de decomposição.
Gases Estágios
Produzidos no
1º Hidrólise e
Processo 2º Acetogênese 3º Metanogênese
Fermentação
CH4 XXXX
H2 S XXXX
153
O 1º Estágio compreende a produção de gases dióxido de carbono (CO2) e
Hidrogênio (H2) gerados pelas bactérias hidrolíticas-fermentativas, em que estas
realizam a hidrólise dos compostos carboidratos, proteínas e lipídeos originando outros
compostos (açucares, aminoácidos, ácidos graxos de cadeias longas e álcoois) que
quando fermentados geram ácidos, outros álcoois e gases.
O 2º Estágio há a produção de gases CO2, H2S (gás sulfídrico) e H2, sendo estes
gases são provenientes do processo de decomposição anaeróbia causada por três grupos
distintos de bactérias: Acetogênicas, Homoacetogênicas e Redutoras de Sulfato. Estas
bactérias utilizam os intermediários solúveis, o acetato, o hidrogênio e o dióxido de
carbono, provenientes do 1º estágio, produzindo mais acetato, H2, CO2 e H2S.
154
Fonte: Rizzo e Leite, 2004
Figura 6.9 - Representação esquemática da interação interespécies nos bioreatores
anaeróbios (Adaptação de Barbosa,1988, Vazoller, 1993 e Saw et al., 1988)
155
6.4 - Descrição dos Drenos em relação aos resíduos aterrados
Os drenos de gás do aterro sanitário Nova Iguaçu estão situados em áreas de
resíduos sólidos urbanos de disposição recente. Ou seja, pode ser considerado como lixo
novo o que na classificação de degradação proposta por Rees (1980), significa que o
estágio de degradação pode ser I e II
Para o aterro Terra Brava, os drenos de gás estão localizados em áreas com
resíduos sólidos urbanos dispostos aparentemente há bastante tempo, caracterizando
lixo antigo, com exceção do disposto no dreno de gás 5, que está situado em uma área
de resíduos sólidos de serviços de saúde. Assim, os gases produzidos nos drenos 1, 2, 3
e 4 indicam que o lixo está no estágio de degradação III. No local do dreno 5 a produção
de gases indica que está no Estágio V ou então o dreno encontra-se obstruído.
156
VII - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
100
PENEIRAS: 270 200 100 60 40 30 20 10 4 3/8 1/2 3/4 1 11/2 2 3
0
90 10
80 20
70 30
PORCENTAGEM PASSANDO
PORCENTAGEM RETIDA
60 40
50 50
40 PROXIMO ÃO
PRÓXIMO AO PDR 1
DRENO 60
30 70
20 80
10 90
0 100
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
100
PENEIRAS: 270 200 100 60 40 30 20 10 4 3/8 1/2 3/4 1 11/2 2 3
0
90 10
80 20
70 30
PORCENTAGEM PASSANDO
PORCENTAGEM RETIDA
60 40
50 50
40 PROXIMO ÃO
PRÓXIMO AO PDR 22
DRENO 60
30 70
20 80
10 90
0 100
157
AREIA PEDREGULHO
ABNT ARGILA SILTE FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO
100
PENEIRAS: 270 200 100 60 40 30 20 10 4 3/8 1/2 3/4 1 11/2 2 3
0
90 10
80 20
70 30
PORCENTAGEM PASSANDO
PORCENTAGEM RETIDA
60 40
50 50
40 PROXIMO ÃO
PRÓXIMO AO PDR 33
DRENO 60
30 70
20 80
10 90
0 100
PROXIMIDADE
MATERIAL MÉDIA
DRENO 1 DRENO 2 DRENO 3
Pedregulho 21% 25% 25% 24%
Segundo a Tabela acima montada a partir das Figuras 6.a a 6.c, a camada de
cobertura deste aterro é constituída em média de 24% de pedregulho, 43% de areia, 18%
de silte e 16% de argila. Sendo este solo classificado como S (areia), pois é a fração
granulométrica que predomina mais.
158
Tomando a curva característica do solo próximo ao Dreno 3, obtém-se o diâmetro
de D60 é igual a 0,70 mm e D10 é igual a 0,004 mm. Então, o coeficiente de não
uniformidade (CNU) é determinado pela relação:
CNU = D60/D10 = 0,70/0,004 = 175
O solo é considerado como bem graduado por apresentar um CNU>6,
classificando o solo como areia bem graduada ou SW.
O material que passa pela peneira nº 200 (0,075 mm) é mostrado na Tabela 7.3,
sendo que as porcentagens de material são comparadas para saber se o solo de cobertura
terá uma granulação grosseira ou fina.
Este solo é de granulação grosseira, pois seus percentuais de finos são menores
que 50%.
159
7.2 – Caracterização da Curva de Retenção de Umidade do Aterro Terra Brava
35 Próximo ao Dreno
PDR1 1
30
Próximo ao Dreno
PDR2 2
25
Próximo ao Dreno
PDR5 5
20
15
10
5
0
%Satur 0,01 0,1 1,5
Sucção (MPa)
Figura 7.4 – Sucção versus Umidade Retida
160
7.3 – Resultados dos ensaios da camada de cobertura do Aterro Nova Iguaçu
161
do Índice de Plasticidade (IP), onde entrarão com esses valores na carta de plasticidade,
determinando a característica secundária do solo.
Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 7.5.
Tabela 7.5 – Índices de Consistência do Solo
LL (%) LP (%) IP (%)
COTAS (m)
(Limite de Liquidez) (Limite de Plasticidade) (Índice de Plasticidade)
47.00 71,8 34,4 37,4
48.00 101,8 40,9 60,9
49.40 75,8 35,0 40,8
55.00 51,9 25,3 26,6
MÉDIA 75,3 33,9 41,4
hot - 33.5 %
peso específico aparente seco ( kN/m3 )
γ - 12.78 kN/m3
s
12.0
11.0
162
15.0
hot - 28.7 %
peso específico aparente seco ( kN/m3 )
γ - 14.10 kN/m3
14.0 s
13.0
12.0
15.0
hot - 29.5 %
peso específico aparente seco ( kN/m3 )
γ - 14.10kN/m3
14.0 s
13.0
12.0
163
16.0
hot - 21.0 %
peso específico aparente seco ( kN/m3 )
γ - 15.85 kN/m3
s
15.0
14.0
O solo apresenta uma umidade média de 28,18% e peso específico seco médio de
14,21 KN/m3.
A média está dentro da faixa de 28 a 30% para umidade ótima e 14 a 15% para o
peso específico seco.
Para as cotas 48.00, 47.00 e 49.40, suas umidades ótimas estão acima da média,
mas para seus pesos específicos secos seus valores estão abaixo da média (14,21
KN/m3). Nota-se também que para as cotas 47.00 e 49.40 seus pesos específicos são
iguais.
164
7.3.2.1 – Ensaios CBR/ ISC (Índice Suporte Califórnia)
Os resultados obtidos nestes ensaios são mostrados na Tabela 7.7. Para o ISC
obtiveram-se dois valores iguais de 9,9% relacionados às cotas 47.00 e 55.00 m. A
média do ISC da em torno de 8,0%, sendo este valor menor que o da cota 49.40 (8.9%).
A expansão do solo da cota 48.00 é maior que nos outros das cotas 47.00, 49.40 e 55.00
m. A média de expansão do solo fica em 0,7%, que é menor que 1,7% (cota 48.00 m) e
maior que os da cota 47.00, 49.40 e 55.00 m.
Tabela 7.7 – Índice Suporte Califórnia
Cotas ISC Expansão
(m) (%) (%)
47.00 9.9 0.3
A permeabilidade média dos solos é na ordem de 10-7 cm/s (10-9 m/s), que
caracteriza uma permeabilidade muito baixa.
165
7.5 - Aplicação dos modelos School Canyon e Lima:
Para aplicação dos dois modelos foram usados parâmetros de entrada conforme a
Tabela 7.9.
Quantidade de resíduos
365000 182500
(t/ano)
SCHOOL CANYON
Tempo de bioestabilização
4 4
para FD (anos)
Tempo de bioestabilização
10 10
para MD (anos)
a
Valor k de 0.04/ano são para áreas que recebem mais do que 25” de chuvas por ano e 0.02/ano
são para áreas que recebem menos que 25” de chuvas por ano (EPA, 1997).
b
O potencial de geração de metano (L0) está relacionado a fração orgânica dos resíduos
(Principalmente celulose). Quanto maior a celulose contida nos resíduos maior será o potencial
de geração. O valor 170 m3/t são para resíduos que apresentam maiores quantidades de celulose
e 100 para resíduos que apresentam menores quantidades de celulose (LandGEM – V3.02
User’s Guide, 2005).
166
*Os aterros não possuem composição gravimétrica dos seus resíduos
correspondente à fração facilmente degradável e moderadamente degradável. Então,
para aplicar o modelo de Lima, foi adotada para cada município a composição média
correspondente aos bairros do município do Rio de Janeiro que se assemelham aos
municípios de Nova Iguaçu e TB.
O município TB apresenta uma composição gravimétrica do lixo municipal
semelhante a dos bairros Tijuca e Botafogo do município do Rio. Da mesma forma,
acredita-se, que a composição gravimétrica do município de Nova Iguaçu é semelhante
a dos bairros Campo Grande e Bangu do município do Rio.
Esta comparação está relacionada aos padrões sócio-econômicos como,
população, padrões de vida, nível educacional, hábitos e costumes e outros, que vem
refletir sobre a composição do lixo.
167
7.5.1 – Resultados Obtidos com os Modelos School Canyon e Lima
Tabela 7.12 – Resultados do Modelo School Canyon para o Aterro Terra Brava
ANO QCH4 (m3/ano) Recuperação Anual de Gás (m3/ano)
1983 0 0
1984 730000 511000
1985 1431376,291 1001963,403
1986 2105251,223 1473675,856
1987 2752703,142 1926892,2
1988 3374768,108 2362337,676
1989 3972441,558 2780709,091
1990 4546679,897 3182675,928
1991 5098402,028 3568881,419
1992 5628490,825 3939943,577
1993 6137794,543 4296456,18
1994 6627128,176 4638989,724
1995 7097274,764 4968092,335
1996 7548986,64 5284290,648
1997 7982986,64 5588090,648
1998 8399969,257 5879978,48
1999 8800601,751 6160421,226
2000 9185525,22 6429867,654
2001 9555355,625 6688748,937
2002 9910684,772 6937479,34
2003 10252081,26 7176456,884
2004 10580091,41 7406063,985
2005 10895240,09 7626668,063
2006 11198031,61 7838622,13
2007 11488950,51 8042265,36
2008 11768462,32 8237923,625
2009 11307014,31 7914910,02
2010 10863659,94 7604561,959
2011 10437689,74 7306382,819
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
2058 1592688,182 1114881,727
168
Tabela 7.13 – Resultados do Modelo School Canyon para o Aterro
Nova Iguaçu
ANO QCH4 (m3/ano) Recuperação Anual de Gás (m3/ano)
2003 0 0
2004 2482000 1737400
2005 4866679,388 3406675,572
2006 7157854,16 5010497,912
2007 9359190,684 6551433,479
2008 11474211,57 8031948,097
2009 13506301,3 9454410,908
2010 15458711,65 10821098,15
2011 17334566,89 12134196,83
2012 19136868,8 13395808,16
2013 20868501,45 14607951,01
2014 22532235,8 15772565,06
2015 24130734,2 16891513,94
2016 25666554,58 17966588,2
2017 27142154,58 18999508,2
2018 28559895,47 19991926,83
2019 29922045,95 20945432,17
2020 31230785,75 21861550,02
2021 32488209,12 22741746,39
2022 33696328,22 23587429,76
2023 34857076,3 24399953,41
2024 35972310,78 25180617,55
2025 37043816,3 25930671,41
2026 38073307,49 26651315,24
2027 39062431,75 27343702,23
2028 40012771,89 28008940,33
2029 38443848,67 26910694,07
2030 36936443,8 25855510,66
2031 35488145,12 24841701,59
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
. . .
2078 5415139,817 3790597,872
Os gráficos a seguir foram plotados através dos resultados das tabelas (op. cit.),
em que estes mostram a produção e a recuperação anual do gás antes do fechamento e
após o fechamento.
169
Produção de Gás Anual
1,40E+07
1,20E+07
Produção de Gás (m/ano)
1,00E+07
3
Recuperação de LFG
6,00E+06
Até 2008 - São 25 anos
4,00E+06 aberto;
Após 2008 - São 50 anos
2,00E+06 fechado.
0,00E+00
1983
1988
1993
1998
2003
2008
2013
2018
2023
2028
2033
2038
2043
2048
2053
2058
Anos
Fonte: Tabela 7.12
Figura 7.9 – Produção Anual de Gás do Aterro Terra Brava
4,00E+07
3,50E+07
Produção de Gás (m/ano)
3,00E+07
3
Geração de LFG
2,50E+07
0,00E+00
2003
2008
2013
2018
2023
2028
2033
2038
2043
2048
2053
2058
2063
2068
2073
2078
Anos
170
Conforme o método descrito no Capítulo V aplicou-se este método para os aterros
Nova Iguaçu e Terra Brava, obtendo-se os seguintes resultados nas tabelas 7.14 e 7.15.
A partir desses resultados foram plotados os gráficos que são apresentados após as
tabelas.
1,40E+06
1,20E+06
Produção (m/ano)
1,00E+06
3
8,00E+05 Produção
Produção acumulada
6,00E+05
4,00E+05
2,00E+05
0,00E+00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Anos
Fonte: Tabela 7.15
Figura 7.11 – Produção Normal e Acumulada de Metano do Aterro Terra Brava
171
Tabela 7.15 – Resultado do Modelo de Lima para o Aterro Nova Iguaçu
Produção de CH4 Produção acumulada de CH4
Fator kn Peso do Lixo (kg) (m3/ano) (m3/ano) Ano
k1 79,24 4916593,80 4916593,80 1
k2 237,71 14749781,40 19666375,20 2
k3 241,68 14996244,00 34662619,20 3
k4 91,15 5655981,60 40318600,80 4
k5 17,87 1109081,70 41427682,50 5
k6 17,87 1109081,70 42536764,20 6
k7 13,90 862619,10 43399383,30 7
k8 9,93 616156,50 44015539,80 8
k9 5,96 369693,90 44385233,70 9
k10 1,99 123231,30 44508465,00 10
5,00E+07
4,50E+07
4,00E+07
Produção (m/ano)
3,50E+07
3,00E+07
3
Produção
2,50E+07
Produção acumulada
2,00E+07
1,50E+07
1,00E+07
5,00E+06
0,00E+00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Anos
Fonte: Tabela 7.16
Figura 7.12 – Produção Normal e Acumulada de Metano do Aterro Nova Iguaçu
172
7.6 – Gráficos
Os gráficos a seguir foram plotados através dos resultados obtidos pelas medições
de campo e análises cromatográficas dos gases (Anexo A) dos aterros Nova Iguaçu e
Terra Brava.
Dreno 9
60
Dreno 10
Dreno 11
40
Dreno 12
Dreno 13
20
Dreno 14
Dreno 15
0 Dreno 16
jul/03 nov/03 mai/04 jul/04 dez/04 Externa
Meses Lim. M áx.
100 Dreno 1
Dreno 2
80
Dreno 3
%LEL
60 Dreno 4
Dreno 5
40 Externa
Lim. Máx.
20
0
mar/04 mai/04 jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05
Meses
Fonte: Tabela A.9 (Anexo A)
Figura 7.14 – Limite inferior de explosividade do Aterro Terra Brava
173
7.6.2 – Gás metano (CH4) dos Aterros Nova Iguaçu e Terra Brava
Dreno 9
8
Dreno 10
Dreno 11
6
Dreno 12
Dreno 13
4
Dreno 14
Dreno 15
2
Dreno 16
Lim. M áx.
0
LEL (%Vol)
jul/03 nov/03 mai/04 jul/04 dez/04 UEL (%Vol)
Meses
Fonte: Tabela A.2 (Anexo A)
Figura 7.15 – Gás metano do Aterro Nova Iguaçu
10 Dreno 3
Dreno 4
8
Dreno 5
6 Externa
Lim M áx
4
LEL (%Vol)
2 UEL (%VOL)
0
mar/04 jun/04 set/04 dez/04 mar/05
Meses
Fonte: Tabela A.10 (Anexo A)
Figura 7.16 – Gás metano do Aterro Terra Brava
174
7.6.3 – Gás dióxido de carbono (CO2) dos Aterros Nova Iguaçu e Terra Brava
Dreno 1
Variação de CO2 ao longo do tempo
Dreno 2
6
Dreno 3
Dreno 4
5 Dreno 5
Dreno 6
4 Dreno 7
CO2 (%Vol)
Dreno 8
Dreno 9
3
Dreno 10
Dreno 11
2 Dreno 12
Dreno 13
1 Dreno 14
Dreno 15
Dreno 16
0
Externa
jul/03 nov/03 mai/04 jul/04 dez/04 Lim. Máx.
Meses
Fonte: Tabela A.3 (Anexo A)
Figura 7.17 – Gás dióxido de carbono do Aterro Nova Iguaçu
5 Dreno 1
Dreno 2
4
CO2 (%Vol)
Dreno 3
3 Dreno 4
Dreno 5
2 Externa
Lim. Máx.
1
0
mar/04 jun/04 set/04 dez/04 mar/05
Meses
Fonte: Tabela A.11 (Anexo A)
Figura 7.18 – Gás dióxido de carbono do Aterro Terra Brava
175
7.6.4 – Oxigênio (O2) dos Aterros Nova Iguaçu e Terra Brava
Dreno 1
Variação de O2 ao longo do tempo
Dreno 2
30
Dreno 3
Dreno 4
25
Dreno 5
Dreno 6
20 Dreno 7
O2 (%Vol)
Dreno 8
15 Dreno 9
Dreno 10
10 Dreno 11
Dreno 12
Dreno 13
5
Dreno 14
Dreno 15
0 Dreno 16
nov/03 mar/04 mai/04 jun/04 jul/04 out/04 dez/04 Externa
Meses Lim. M áx.
25
Dreno 1
20 Dreno 2
O2 (%Vol)
Dreno 3
15 Dreno 4
Dreno 5
10 Externa
Lim. M áx.
5
0
mar/04 jun/04 set/04 dez/04 mar/05
Meses
Fonte: Tabela A.13 (Anexo A)
Figura 7.20 – Oxigênio do Aterro Terra Brava
176
7.6.5 – Gás sulfídrico (H2S) dos Aterros Nova Iguaçu e Terra Brava
Dreno 1
Dreno 9
60 Dreno 10
Dreno 11
40
Dreno 12
Dreno 13
20
Dreno 14
Dreno 15
0
Dreno 16
nov/03 mar/04 mai/04 jun/04 jul/04 out/04 dez/04
Externa
Meses
Lim. Máx.
Fonte: Tabela A.5 (Anexo A)
Figura 7.21 – Gás sulfídrico do Aterro Nova Iguaçu
100
Dreno 1
80 Dreno 2
H2 S (ppm)
Dreno 3
60
Dreno 4
40 Dreno 5
Externa
20 Lim. M áx.
0
mar/04 jun/04 set/04 dez/04 mar/05
Meses
Fonte: Tabela A.12 (Anexo A)
Figura 7.22 – Gás sulfídrico do Aterro Terra Brava
177
7.6.6 – Temperaturas dos Gases dos Aterros Nova Iguaçu e Terra Brava
Dreno 1
TEMPERATURAS MENSAIS Dreno 2
80 Dreno 3
Dreno 4
70 Dreno 5
Dreno 6
60
Temperatura (ºC)
Dreno 7
50 Dreno 8
Dreno 9
40
Dreno 10
30 Dreno 11
Dreno 12
20 Dreno 13
Dreno 14
10
Dreno 15
0 Dreno 16
Externa
jul/03 set/03 nov/03 mar/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 out/04 dez/04
M édia mensal
Meses
TEMPERATURAS MENSAIS
60
Dreno 1
50
Dreno 2
Temperaturas (ºC)
40 Dreno 3
Dreno 4
30
Dreno 5
20
Externa
10 Média
mensal
0
mar/04 mai/04 jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05
Meses
Fonte: Tabela A.14 (Anexo A)
Figura 7.24 – Temperaturas dos gases do Aterro Terra Brava
178
7.6.7 – Cromatografia CH4 e CO2 dos Aterros Nova Iguaçu e Terra Brava
Pluviometria (mm)
CH4 (%Vol)
60 80 Dreno 7
Dreno 9
50
60 Dreno 10
40
Dreno 14
30 40 Média mensal
20 Pluviometria
20
10
0 0
jul/04 ago/04 out/04 dez/04 Média
Meses
70 180
160
60 Dreno 1
Pluviometria (mm)
140 Dreno 2
CH4 (%Vol)
50 120 Dreno 3
40 100 Dreno 4
80 Dreno 5
30
Média mensal
60
20 Pluviometria
40
10 20
0 0
jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05 mai/05
Meses
Fonte: Tabela A.15 (Anexo A)
Figura 7.26 – Metano do Aterro Terra Brava e Pluviometria
179
Variação do CO2 e Pluviometria em relação ao tempo
35 120
30 100
25 Dreno 2
Pluviometria (mm)
80 Dreno 7
CO2 (%Vol)
20 Dreno 9
60 Dreno 10
15
Dreno 14
40 Média mensal
10
Pluviometria
5 20
0 0
jul/04 ago/04 out/04 dez/04 Média
Meses
Fonte: Tabela A.8 (Anexo A)
Figura 7.27 – Dióxido de Carbono do Aterro Nova Iguaçu e Pluviometria
16 180
14 160 Dreno 1
Pluviometria (mm)
140 Dreno 2
12
CO2 (%Vol)
120 Dreno 3
10 Dreno 4
100
8 Dreno 5
80
Média mensal
6
60 Pluviometria
4 40
2 20
0 0
jul/04 set/04 nov/04 jan/05 mar/05 mai/05
Meses
Fonte: Tabela A.16 (Anexo A)
Figura 7.28 – Dióxido de Carbono do Aterro Terra Brava e Pluviometria
180
7.7 - Análise Estatística dos Resultados da Cromatografia dos Gases CO2 e CH4
dos Aterros Nova Iguaçu e Terra Brava
A maioria das análises estatísticas é feita com um número mínimo de medições ou
observações, ou seja, o tamanho das amostras deve ser de n≥30, de tal modo que as
conclusões tiradas sejam válidas para a população em estudo.
As tabelas de gases com resultados das análises cromatográficas (Anexo A) foram
submetidas às análises estatísticas, aplicando-se o coeficiente de correlação e testando a
significância que indicará se esta correlação existe ou não. Este teste se baseia em dois
tipos de ocorrência de erros:
- Erro Tipo I: Despreza-se a H0 (Hipótese nula) e se adota Ha (Hipótese alternativa);
- Erro Tipo II: Adota-se H0 e despreza-se Ha.
A hipótese nula (H0) afirma que não há correlação entre as variáveis, enquanto
que a hipótese alternativa (Ha) afirma o contrário, ou seja, há correlação.
A ocorrência do Erro Tipo I ou Tipo II vai depender da comparação entre as
significâncias, observadas da seguinte forma:
- Se a significância calculada for menor que a crítica (t0<tc), ocorre o Erro Tipo II,
adotando-se então a hipótese nula, o que indica que não há correlação;
- Se a significância calculada for maior que a crítica (t0>tc), ocorre o Erro Tipo I,
adotando-se então a hipótese alternativa, que afirma que há correlação entre as
variáveis.
Quando há correlação entre as variáveis, a sua classificação é feito pelo índice de
correlação como mostra a tabela abaixo:
Tabela 7.16 – Classificação do índice de correlação
Fonte: http://www.est.ufpr.br/~silvia/CE003/node74.html
181
7.7.1 - Dióxido de Carbono (CO2) do Aterro Nova Iguaçu
Apresentam-se a seguir valores de CO2 medidos no aterro de Nova Iguaçu:
182
7.7.2 - Metano (CH4) do Aterro Nova Iguaçu
São apresentados valores de CH4 medidos no aterro Nova Iguaçu:
183
7.7.3 – Dióxido de Carbono (CO2) do Aterro Terra Brava
Os valores medidos de CO2 no aterro Terra Brava são apresentados a seguir:
184
7.7.4 – Metano (CH4) do Aterro Terra Brava
São apresentados valores de CH4 medidos no aterro Terra Brava:
185
7.7.5 – Análise dos Resultados
Observou-se que as significâncias testadas para as correlações entre drenos e
pluviometria apontaram não haver correlação entre as variáveis, o que era esperado em
parte tendo em vista que as medidas pluviométricas não puderam ser realizadas
diretamente no aterro por razões de segurança.
As significâncias testadas para todas as matrizes de correlação entre drenos,
apontaram na maioria não haver correlação, o que se deve à heterogeneidade dos
resíduos, formas de operação e diferentes momentos de disposição, exceto para alguns
drenos.
As leituras de metano dos drenos 7 e 10 do aterro Nova Iguaçu, demonstraram
pelo teste da significância existir correlação entre estes. Esta correlação é muito forte
(rxy= 0,97), segundo a Tabela 7.16.
As medidas do dióxido de carbono dos drenos 1 e 2 do aterro Terra Brava,
indicaram a existência de correlação feita pelo teste da significância. A correlação
apontada é moderada (rxy= 0,60).
A correlação entre os drenos 3 e 4 do aterro Terra Brava para o CH4, apresentou
uma correlação moderada (rxy= 0,59), que pelo teste da significância atribuiu a
existência desta correlação.
Como se observou, a correlação positiva indica uma associação entre os drenos,
ou seja, ou seja, os aspectos qualitativos de ambos os drenos crescem conjuntamente.
Os resultados de CH4 referentes aos drenos 7 e 10 do aterro Nova Iguaçu, indicam
que os resíduos são homogêneos e dispostos de forma adequada, enquanto que os
resultados de CO2 dos drenos 1 e 2, CH4 dos drenos 3 e 4 do aterro Terra Brava
demonstram que os resíduos são menos homogêneos com momentos de disposição
poucos diferentes.
186
Ao aplicar o modelo School Canyon para os aterros Nova Iguaçu (Figura 7.10) e
Terra Brava (Figura 7.9), foi observado que o aterro Nova Iguaçu produzirá uma
quantidade de gás maior do que o aterro Terra Brava fruto das diferenças entre os
diversos aspectos componentes do aterro, em especial o fato que um é um aterro
sanitário e o outro não. Outro fator observado foi a recuperação do gás que mostrou
melhor aproveitamento para o aterro Nova Iguaçu (Figura 7.10) o que era claramente
esperado.
Ao aplicar o modelo de Lima para os dois aterros, observou que a produção de
gás também foi maior para o aterro Nova Iguaçu.
7.8.2 - Explosividade
A explosividade está associada à composição de metano, quando este atinge o 5%
em volume, o que corresponde a 100% do Limite Inferior de Explosividade.
Os gases emitidos pelos drenos do aterro Nova Iguaçu demonstraram que o
percentual de LEL variou de forma intensa no período de jul/03 a mai/04 (Figura 7.13),
enquanto que os drenos do aterro Terra Brava apresentaram pequenas variações no LEL
(Figura 7.14). Isto vem demonstrar uma decomposição inicialmente mais acelerada no
aterro Nova Iguaçu, o que naturalmente está relacionado à composição dos resíduos
depositados, a forma de disposição e às condições ambientais.
7.8.3 - Metano
O metano do aterro Nova Iguaçu apresentou composições bastante variadas nos
meses de jul/03 a mai/04 (Figura 7.15), atingindo valores máximos de 4.40% vol. de
metano.
Para o aterro Terra Brava observaram-se poucas variações na composição do gás
(Figura 7.16).
187
tipo de resíduo, composição, operação e fatores micro ambientais (e.g. temperatura)
contribuem para este fato.
7.8.5 - Oxigênio
O consumo de O2 pelas bactérias aeróbias observado no aterro Nova Iguaçu no
período de mar/04 a jun/04 (Figura 7.19) foi maior do que o do aterro Terra Brava
(Figura 7.20).
Observou-se também que de jun/04 a out/04 (Figura 7.19), há aumento da
presença de oxigênio, causado talvez pela forma de disposição dos resíduos.
O oxigênio consumido pelas aeróbias no aterro Terra Brava demonstrou que a
decomposição dos resíduos foi lenta, devido ao consumo de O2 ser baixo. Por outro
lado, a decomposição dos resíduos no aterro Nova Iguaçu é acelerada, já que as aeróbias
consomem praticamente todo o oxigênio.
188
Fonte: ATSDR, 2005
Figura 7.29 – Efeitos causados a saúde humana pelo H2S
7.8.7 - Temperatura
Segundo Markovich e Petrova (1966), as bactérias metanogênicas podem atuar
em duas faixas distintas de temperatura, a mesofílica, que varia de 29° a 45°C e a
termofílica, que vai de 45° a 70°C.
Como se observou, a temperatura média do aterro Nova Iguaçu vai de 29,1°C a
47,2°C (Figura 7.23), enquanto que a temperatura do aterro Terra Brava vai de 30° a
34,2°C (Figura 7.24). Isto vem demonstrar que no aterro Nova Iguaçu as bactérias
metanogênicas atuantes no processo são as mesofílicas e termofílicas, enquanto
aparentemente no aterro Terra Brava somente se observa a presença de bactérias
mesofílica.
189
7.9 - Observações Finais Parciais
A enorme quantidade de resultados apresentada indica algumas tendências, como
os efeitos climáticos na produção de gases e a emanação de gases na atmosfera,
indicando a importância de uma cobertura adequada no aterro, seja para um melhor
controle dos gases, seja para evitar um possível efeito prejudicial à saúde dos seres
vivos no ambiente.
Além disso, observou-se que contradizendo algumas indicações, mesmo fazendo
observações de gases em drenos de gases de grandes dimensões a pequenas
profundidades, foi observada a presença de gases como CH4, CO2 e H2S, conforme já
tinha sido constatado por Real (2005) em estudos com drenos de pequenas dimensões.
Vale observar por fim, que oxigênio presente na mistura gasosa, quando consumido
pelas bactérias, tem seu percentual na mistura gasosa (CH4, CO2, O2 e H2S) reduzido;
assim, entende-se por consumido nos meses subseqüentes àqueles em que as medições
tiveram valor nulo, ou seja, não indicaram a presença de oxigênio.
190
VIII - CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA NOVAS PESQUISAS
8.1 – Conclusão
191
forma de compactação há provavelmente uma maior oxigenação nas camadas
superiores e degradação aeróbia.
6. A relação entre pluviometria e produção de metano indicou leve efeito de
aumento na produção de metano em períodos após chuvas.
7. Segundo o modelo School Canyon a produção prevista de gás em aterros foi
maior no aterro de Nova Iguaçu sendo que para o modelo de Lima os valores
acumulados previstos ficaram próximos entre si. A causa desta semelhança
foram os valores pré-estabelecidos para o modelo de Lima, já que os mesmos
deveriam ser diferenciados para cada aterro, segundo a quantidade de resíduo e
gás. De qualquer forma, os modelos são empíricos e a escolha dos parâmetros
recomenda investigações mais profundas de modelos de representação da
produção de gases.
192
IX - COMENTÁRIOS FINAIS
1. O solo usado na cobertura do Aterro Terra Brava apresentou um pequeno
percentual de argila, sendo sua compactação deficiente, não tendo se observado
controle de qualidade da mesma. A espessura final de compactação era e é
variável.
2. Para o caso do aterro da CTR-NI (Central de Tratamento de Resíduos de Nova
Iguaçu) utilizou-se um solo com um percentual médio de argila correspondente a
57%. A compactação era feita corretamente, em camadas de 0,30 m de
espessuras, mas sem controle de qualidade da mesma. As camadas finais de
tinham 1,00 m de espessura.
3. Foram feitas 9 medidas em 16 pontos denominados PDR’s no Aterro Nova
Iguaçu. As medidas foram feitas de julho de 2003 a Dezembro de 2004, tendo-se
observado que a partir de maio de 2004 até 12/04 quase todos os drenos
apresentaram 100% de Limite Inferior de Explosividade em quase todos os
pontos. Também com relação ao CH4, a partir de maio de 2004 houve uma
estabilização aos % de CH4 em volume para o valor máximo mensurável para o
equipamento. O mesmo foi observado para o CO2.
4. As leituras de H2S apresentaram valores variados, tendo alguns pontos atingidos
o limite superior máximo dos sensores usados no equipamento.
5. No Aterro Nova Iguaçu as temperaturas nos drenos mostraram-se mais elevadas
do que a temperatura externa.
6. Os resultados das análises cromatográficas dos gases coletados em Nova Iguaçu
indicaram em média valores superiores a 50%. Por outro lado, a média
percentual de CO2 medido ficou entre 11 a 12% do total produzido.
7. De forma geral, na maioria dos 5 PDR’s estudados com exceção do 4 e 5 o
limite de explosividade foi observado pelo equipamento. Da mesma forma, o
CH4 chegou no limite superior de calibração do equipamento nos três primeiros
PDR’s investigados.
8. Dos 5 PDR’s investigados os três primeiros apresentaram valores no limite
inferior de CO2. No caso do H2S (sulfeto de hidrogênio ou gás sulfídrico), nem
todos os PDR’s apresentaram leituras que se aproximaram do limite máximo,
sendo que o PDR 5 praticamente não indicou presença deste gás.
9. Nos PDR’s 4 e 5 observou-se presença normal de oxigênio, com valores
próximos a 20,9% em volume.
193
10. As temperaturas nos pontos de medição eram sempre superiores à temperatura
ambiente, com exceção do PDR 6.
11. Com exceção do observado nos PDR’s 4 e 5, os PDR’s 1, 2 e 3 indicaram
produção significativa de CH4. Já a produção de CO2, mesmo nestes PDR’s
ficam entorno de 10%, sendo nos restantes praticamente nulas.
12. Observou-se que o mau cheiro oriundo dos resíduos e gases produzidos no
Aterro Terra Brava era pior do que no Aterro Nova Iguaçu.
As causas prováveis são:
a) Qualidade do solo usado em Nova Iguaçu;
b) Controle na disposição da camada;
c) Processos controlados de captação dos gases.
194
X – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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