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CONSERVAÇÃO PREVENTIVA

PARA ACERVOS MUSEOLÓGICOS


Sumário

Apresentação........................................................................................................... 3

Manuseio................................................................................................................. 4

Transporte................................................................................................................ 4

Materiais emoldurados............................................................................................. 6

Papel........................................................................................................................ 7

Escultura.................................................................................................................. 7

Tecidos..................................................................................................................... 8

Metais...................................................................................................................... 8

Mobiliários............................................................................................................... 9

Empréstimo.............................................................................................................. 9

Segurança.............................................................................................................. 10

Encerramento do Módulo 6..................................................................................... 13


Módulo 6 – Manuseio e transporte

Apresentação
Olá!

Iniciamos agora o Módulo 6.

O manuseio e o transporte de acervos envolve vários riscos, como vibrações, impactos


por batidas ou quedas e mudanças bruscas de temperatura, que provocam sérios
danos às peças (por exemplo: fissuras, craquelês e desprendimentos da camada
pictórica em pinturas e esculturas). Para evitar ou mitigar a ocorrência destes e outros
riscos, é necessário que toda equipe de funcionários do museu seja devidamente
treinada.

Neste módulo, abordaremos alguns procedimentos básicos para o manuseio e o


transporte de objetos museológicos de forma segura, bem como alguns procedimen-
tos recomendáveis em caso de empréstimos.

As referências bibliográficas deste curso estão disponíveis na plataforma.

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

Manuseio
§§ De maneira geral, o manuseio de qualquer objeto museológico só deve ser
efetuado por pessoal autorizado e que tenha treinamento adequado para esse
procedimento;
§§ As normas de manuseio deverão ser de conhecimento geral e estar acessíveis
a toda equipe;
§§ As obras/objetos deverão ser manuseadas o mínimo possível e com a menor
frequência;
§§ Manusear sempre um objeto por vez e usar as duas mãos ao carregá-lo;
§§ É importante o uso de EPIs adequados ao suporte dos objetos e ao procedimento
a ser realizado. Antes e após cada procedimento, é recomendável a higienização
das mãos e braços, sobretudo quando se tratar do manuseio de objetos com
infestação de micro-organismos;
§§ Antes de manusear os objetos, é necessário observar o estado de conservação
apresentado e se possuem pontos frágeis ou com quebras. Nunca manusear o
objeto por áreas delicadas ou danificadas;
§§ Peças de grandes dimensões devem ser observadas, preferencialmente, no lo-
cal onde se encontram expostas ou acondicionadas, para evitar riscos ao ob-
jeto;
§§ Dependendo das dimensões e peso, os objetos deverão ser manuseados por
mais de uma pessoa;
§§ Caso aconteça algum acidente que provoque danos ao objeto, o profissional
responsável pelo acervo deverá ser imediatamente comunicado.

Transporte
§§ Caso seja necessário transportar objetos de grandes dimensões de um espaço
a outro do museu, o procedimento deverá ser realizado com o uso de equipa-
mentos adequados, evitando colocar o objeto em risco;
§§ Objetos de pequeno porte devem ser carregados em bandejas com laterais
altas, forradas com espuma de polietileno expandido;

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

§§ Recomenda-se o uso de carrinhos de carga com


rodinhas de borracha ou silicone para transpor-
tar objetos de média e grande dimensões. Eles
deverão ser movidos lentamente e com atenção
ao trajeto percorrido. O procedimento deverá ser
realizado sempre por mais de uma pessoa e ob-
servando se possui alguma obstrução ou outros
obstáculos que possam comprometer o trans-
porte seguro do objeto. É preciso certificar-se de
que as rodas do carrinho estejam travadas du- Exemplo de carrinho utilizado no
rante o carregamento ou o descarregamento dos transporte de objetos/obras de
médio e grande portes
objetos;
§§ Nunca transformar objetos de suportes e categorias variadas, de tamanho,
peso ou materiais diferentes no mesmo veículo;
§§ Antes de realizar o transporte de qualquer objeto, este deverá ser acondicionado
em embalagem segura, mesmo que provisória;
§§ Não fazer movimentos rápidos ou desne-
cessários quando perto de alguma obra/
objeto, ficando sempre atento ao que está
no seu entorno;
§§ Avaliar o local para o qual o objeto será
transferido, observando se comporta o bem
em condições seguras;
§§ Sempre coloque os objetos sobre superfícies
previamente preparadas, com a colocação
de manta de polietileno expandido revestido
por TNT ou perlon.

Na sequência, abordaremos procedimentos de manuseio e transporte específicos


para alguns tipos de acervos, privilegiando os suportes mais comuns nos museus
brasileiros.

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

Materiais emoldurados
§§ O objeto emoldurado deverá ser protegido de qualquer tipo de impacto, por
mais leve que seja;
§§ Antes de manusear o objeto, observe se ele se encontra devidamente afixado
à sua moldura;
§§ Durante o transporte, manuseie o objeto com uma mão na parte inferior e a
outra pela lateral da moldura, ou com uma mão em cada lateral, observando
sempre a posição mais estável para o objeto;
§§ Nunca segure um quadro colocando os dedos entre a parte posterior da tela e
o chassis. Isso poderá ocasionar graves danos à superfície do quadro;
§§ Os quadros não emoldurados devem ser transportados segurando-os apenas
pelas laterais externas. Os dedos não devem tocar a face do quadro nem
envolver o chassi;
§§ Para transportar obras de grandes dimensões, será necessária a participação
de duas ou mais pessoas nessa atividade. O quadro deverá ser transportado
o mais próximo possível do solo, tomando cuidado para não arrastar ou bater
nas soleiras das portas.

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

Papel
§§ Em hipótese alguma se deve tocar a imagem
fotográfica, pois a umidade e o sal presentes nas
mãos deixam impressões digitais e manchas;
§§ É preciso reforçar os cuidados com desenhos a
carvão ou a lápis, ou com qualquer material que
manche facilmente. Estes devem ser transpor-
tados individualmente dentro de uma caixa ou
suporte rígido com laterais altas;
§§ Empilhar apenas obras ou documentos de mes-
mo tamanho ou de tamanhos similares, com a
maior na parte inferior e a menor por cima das demais. Os blocos devem ser
pequenos e as documentos intercalados por papel neutro;
§§ Obras empilhadas devem sempre ser transportadas na posição horizontal, para
evitar dobras e vincos no suporte;
§§ Deve-se evitar formar pilhas para o transporte de livros;
§§ Obras raras nunca devem ser empilhadas, bem como obras que apresentam
fragilidade de suporte.

Escultura
§§ Os objetos devem ser manuseados pela base, nunca pelas partes mais delica-
das;
§§ Devem ser transportadas na posição que assegure máxima estabilidade. Al-
guns objetos, cujo peso é maior na parte superior, não podem ser postos em pé
sem reforços que lhes garantam maior estabilidade;
§§ Os objetos de grandes dimensões devem ser manuseados por duas ou mais
pessoas e nunca devem ser colocados no solo, uma vez que isso dificultaria
sua correta movimentação;
§§ As esculturas pesadas devem ser estabilizadas com o uso de espumas e ca-
darços de algodão, a fim de evitar que se desloquem durante o translado.

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

Tecidos
§§ Devem ser manuseados sempre em posição horizontal;
§§ Ao manipular um têxtil, verificar a fragilidade das fibras do tecido;
§§ Transportar os objetos um a um, evitando-se tocar diretamente neles;
§§ Utilizar sempre uma base rígida revestida com TNT ou perlon para fazer o
transporte das peças.

Metais
§§ Objetos metálicos deverão ser manuseados apenas com luvas de algodão,
para evitar que sais e ácidos liberados na transpiração reajam com o metal,
provocando degradações;
§§ Metais que se apresentam em degradação, com desprendimentos em placas,
devem ser manuseados apenas com luvas vinílicas.

Carruagem, acervo Museu Histórico Luvas de algodão


Nacional/Ibram

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

Mobiliários
§§ Os móveis nunca devem ser arrastados.
Eles devem ser levemente erguidos para ser
transportados;
§§ Nunca devem ser erguidos pelos braços ou
partes salientes;
§§ As cadeiras devem ser levantadas pela es-
trutura do assento;
§§ O móvel deve permanecer sempre em
posição mais apropriada, nunca em posição que o coloque em risco.

Empréstimo
O empréstimo de obras e objetos museológicos a outras instituições para exposições
temporárias é uma atividade que exige um bom planejamento, prevendo os possíveis
riscos aos quais a obra/objeto está exposta, desde sua retirada da reserva técnica, o
trajeto de ida e volta, até durante o período em que permanecerá em exposição.

Deverá ser elaborado um contrato de empréstimo de obras (Termo de Comodato/Termo


de Cessão de Uso), no qual estejam definidas de forma clara as responsabilidades
pertinentes de cada instituição envolvida. Nenhum objeto deverá ser emprestado
sem essa documentação e sem a contratação de uma seguradora.

Antes de realizar o empréstimo de obras e objetos, é necessária a realização de um


laudo de estado de conservação, a fim de verificar a presença de degradações nos
objetos. Este laudo deverá ser conferido e assinado por profissionais responsáveis
pelo acervo e gestores das duas instituições, e uma cópia desse documento deverá
ser disponibilizada para a instituição receptora dos objetos.

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

Saiba mais
A Instrução Normativa Ibram nº 04/2018 orienta a cessão de uso de bens
culturais musealizados, disponível no sítio www.museus.gov.br. Entretanto,
é imprescindível também observar a legislação vigente específica para
tipologia do bem, principalmente quando se tratar de saída do país. Existem
normas para os seguintes bens culturais: bens tombados; objetos do
período colonial e imperial; livros antigos e documentos de valor histórico;
arqueológicos e paleontológicos.

Segurança
Com base nas informações obtidas no laudo, além da avaliação das condições de
transporte, do trajeto a ser realizado e das condições de exposição, deverá ser reali-
zado um projeto de riscos tomando como referência os agentes de degradação lista-
dos por Michalsky (1990). São eles:

§§ Danos físicos (vibração, choques, abrasão etc.);


§§ Ação de agentes biológicos (fungos, cupins, micro-organismos, animais etc.);
§§ Vandalismo e roubo;
§§ Água e umidade (infiltrações, enchentes etc.);
§§ Fogo;
§§ Sujidades (provenientes da poeira, poluição etc.);
§§ Radiação (raio ultravioleta – luz natural ou artificial);
§§ Flutuações inadequadas de umidade relativa e variações incorretas de tempe-
ratura.

Além desses fatores, devem ser considerados o ambiente climático onde as obras
estão acondicionadas ou expostas e o local para onde serão transportadas, além
do manuseio correto e do tipo de embalagem e transporte utilizado. Todas essas
questões deverão ser pontuadas no projeto, e este deverá nortear todas as etapas da
atividade, desde a remoção dos objetos até a sua devolução.

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

Os objetos deverão ser fotografados considerando as características e o seu estado


de conservação, uma vez que esses registros auxiliarão na constatação de mudanças
que podem ocorrer, como, por exemplo, surgimento de fissuras, craquelês, empena-
mentos, perdas da camada pictórica. Os registros deverão ser realizados de acordo
com todos os padrões estabelecidos para a documentação científica por imagem.

Os procedimentos de embalagem e transporte do objeto a ser emprestado deve­rão


ser realizados por uma equipe técnica experiente sob a supervisão do conserva-
dor-restaurador, que indicará o método de embalagem, desembalagem e material
mais adequado a ser utilizado, bem como a necessidade ou não da colocação, no
interior das embalagens, de sensores que registram a ocorrência de choques ou mo-
vimentos abruptos durante o transporte. As embalagens deverão ser devidamente
identificadas e sinalizadas.

O transporte deverá ser acompanhado por um courier, ou seja, um conservador-res-


taurador que terá a responsabilidade de acompanhar todo o processo de saída e re-
cebimento dos objetos, realizar laudos e demonstrar conhecimento do projeto elabo-
rado. E durante a exposição, deverá ter uma equipe de conservadores-restauradores
para o monitoramento e manutenção do estado de conservação das obras e das con-
dições ambientais.

Numa rápida pesquisa, é possível localizarmos várias matérias jornalísticas relatando


a ocorrência de roubos, furtos, incêndios, acidentes e atos de vandalismo em museus
nos mais diversos países, o que provoca perdas significativas em seus acervos.
Isso revela não só a fragilidade dos sistemas de seguranças implantados nestas
instituições, como também o despreparo das equipes para lidar com situações de
risco no que se refere à segurança.

Veremos, a seguir, algumas sugestões com o objetivo de mitigar a ocorrência de ações


relacionadas à segurança, que coloquem em riscos o acervo de instituições museo-
lógicas. São ações simples que deverão ser realizadas pela equipe de segurança e
de funcionários dos museus, mas que devem ser complementares a um programa de
segurança museológica, com o uso de câmeras, portas com detectores e treinamento
frequente da equipe.

§§ Toda a equipe de segurança e os monitores deverão ser devidamente treinados


para agir de forma adequada a cada situação;

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

§§ A equipe deverá efetuar vistoria diária, antes da abertura do museu e ao final do


expediente, para conferência dos objetos expostos e identificação de possíveis
danos;
§§ Bolsas e sacolas deverão ser deixadas na portaria ou guarda-volumes, a fim de
evitar possíveis acidentes ou furtos;
§§ As áreas de acesso ao público deverão estar constantemente sob vigilância.
Desta forma, faz-se necessária a instalação de um sistema de câmeras em
todos os espaços;
§§ A equipe de segurança e os funcionários da recepção não podem abandonar
seus postos de trabalho. Caso seja extremamente necessário, o profissional
deverá ser substituído momentaneamente por outro funcionário;
§§ Após o término do horário de visita, a equipe de segurança deverá fazer uma
vistoria minuciosa em todos os espaços do museu, verificando fechamento de
portas e de janelas.

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Módulo 6 – Manuseio e transporte

Encerramento do Módulo 6
Encerramos o Módulo 6.

No próximo módulo, estudaremos embalagem e acondicionamento.

Até lá!

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