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Milagre “Tupiniquim”: “jabuti” ou Verdade

Um período caracterizado por uma dualidade, amado e odiado, composto por sangue e
sorrisos. A pergunta que surge é quem são os vilões e os mocinhos? Como toda história sempre
há várias narrativas. Mas há algo nas histórias que não condiz com vida, na vida os mocinhos
podem ser vilões e os vilões mocinhos.

O milagre econômico (1967-1973) se enquadra muito bem nessa narrativa, composto por
um período de grande violência e conflito. O período é governado por dois presidentes, Costa e
Silva (1967-1969) e Médic (1969-1973). Durante todo o milagre econômico o ministro da fazenda
foi Delfim Netto (1969-1973).

Durante esse período existiram três variáveis que explicam do porquê se compreende por
milagre: existiu um crescimento econômico acelerado, uma inflação instável e não existiram
grandes problemas na balança de pagamento que poderia levar o país a um estrangulamento
externo.

Um crescimento econômico em média maior que 10% ao ano, puxados principalmente


pela indústria. Ligados a um forte investimento em infraestrutura, como a ponte Rio Niterói e a
rodovia Transamazônica. Os bens de consumo duráveis também tiveram forte crescimento dado
a expansão do crédito. Já no setor agrícola, mesmo com problemas de safra, ela se manteve
acima do crescimento populacional do período e os serviços tiveram grande crescimento se
observarmos o período de 1968 a 1973 o crescimento em média foi de 11%.

Vale destacar que no milagre os investimentos privados foram de grande importância,


principalmente para se formar capital bruto que é responsável por aumentar a capacidade
produtiva do país.

Já no campo da inflação ela foi instável e foi de queda na maior parte do período. Números
impressionantes dado ao histórico do país de inflação alta e incontrolável. O santo Delfim mudou
o diagnóstico acerca da inflação, considerando uma capacidade ociosa do país a inflação não
deveria vir da demanda, mas sim dos custos. Essa mudança de percepção do santo ainda não
canonizado, dá a ele o poder divino de flexibilizar os instrumentos financeiros.

Mas até que ponto o santo fez o milagre, já que o mesmo mudou o conceito de inflação,
controlou os aumentos em vários setores e tabelou vários preços. Assim surge a indagação se os
índices oficiais realmente refletem a inflação do período.

Já no campo da balança comercial o país não teve muitos problemas, existiram durante
todo o período um crescimento tanto das importações como das exportações. As exportações são
explicadas pelo bom momento econômico vivido pelo mundo, conhecida como a era de ouro do
capitalismo, período de forte expansão econômica. Mesmo com todo esse boom internacional o
principal motor do progresso brasileiro no milagre foi o crescimento interno, como, por exemplo,
um fomento à indústria, com incentivos fiscais, assim se pode argumentar que o externo foi
responsável por equilibrar a balança comercial.

Existem os incrédulos que praguejam gritando não existir uma balança comercial instável,
já que foi necessário um forte endividamento externo para isso. A dívida externa nesse período
basicamente quadruplicou, gerando grandes problemas para o futuro.

Entre os santos e os incrédulos há a anos o debate se realmente existiu milagre.


Combatendo os números oficiais apresentados, se o crescimento ocorreu por uma capacidade
ociosa da economia ou por causa de um crescimento mundial, se as reformas anteriores no campo
tributário e financeiro foram os grandes responsáveis pelo progresso. E existem aqueles que
acreditam na mudança na condução financeira com o novo diagnóstico inflacionário, flexibilização
de contenção de demanda(monetária, fiscal e creditícia).

Mas sob toda essa complexidade de narrativas e dados, surge outra constatação sobre se
realmente um melhora para o país dado a falta de distribuição mais igualitária da fatia do bolo. O
que resta é reconhecer que foi um período rico em história, comparados aos clássicos épicos
gregos, cheios de conflitos, reviravoltas e muita contestação.

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