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INTRODUÇÃO

A comercialização agrícola em Moçambique é fundamental no fomento da produção


agrícola, geração de renda para os produtores e, em suma, no desenvolvimento
económico. MIC. (2013)

A comercialização de cereais desempenha um papel crucial na economia de


Moçambique, contribuindo para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável
do país (PEDSA, 2020).

A comercialização de produtos agrícolas é um dos principais impulsionadores do


relacionamento económico entre zonas rurais e as urbanas (Chongo, 2008). A forma
como os cereais são comercializados pode afectar a renda dos produtores, a
disponibilidade de alimentos, os preços no mercado e a estabilidade económica em
geral (Carrilho e Ribeiro, 2021)
OBJECTIVOS
geral:
 Avaliar a comercialização de cereais em Moçambique, identificando os principais
desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável do sector.

específicos:
 Identificar as principais etapas do processo de comercialização de cereais em
Moçambique.
 Identificar os atores envolvidos na comercialização de cereais e suas respectivas
funções.
 Analisar os desafios enfrentados pelos produtores na comercialização de cereais em
Moçambique.
 Propor estratégias e políticas para fortalecer a comercialização de cereais e
promover a segurança alimentar no país.
Problematização
A comercialização de cereais em Moçambique enfrenta diversos
desafios, tais como a falta de infra-estrutura adequada, dificuldades no
acesso a mercados, precariedade dos sistemas de armazenamento e
transporte, falta de informações sobre preços e demanda, entre outros.
Esses obstáculos comprometem a eficiência e a rentabilidade do sector,
além de dificultar a vida dos produtores rurais e limitar o acesso da
população a alimentos de qualidade.
Justificativa
Avaliar a comercialização de cereais em Moçambique é de suma
importância para a promoção da segurança alimentar e o
desenvolvimento sustentável do país. Compreender os desafios e
oportunidades desse sector possibilita a adopção de medidas efectivas
para melhorar a renda dos produtores, aumentar a disponibilidade de
alimentos, fortalecer a economia local e reduzir a dependência de
importações. Além disso, uma análise aprofundada da comercialização
de cereais servirá como base para a formulação de políticas públicas e
estratégias que impulsionem o crescimento do sector agrícola em
Moçambique.
REVISÃO LITERÁRIA
Comercialização em Moçambique
A comercialização desempenha um papel importante na economia nacional,
constituindo uma das principais fontes de rendimento das populações das zonas rurais,
um mecanismo de ligação da produção e do mercado entre as zonas rurais e as zonas
urbanas e é um instrumento indutor da produtividade agrícola (PICA, 2020).

Área com cultivo de cereais


Segundo o atlas mundial de dados em 2021, a área de terra destinada à produção de
cereais em Moçambique foi de 2.468.000 (hectares), referente à área colhida, os cereais
incluem trigo, arroz, milho, cevada, aveia, centeio, milhete, sorgo, trigo mourisco e
grãos mistos.
NOTA: Consideram-se apenas dados referentes a culturas colhidas apenas para
obtenção de grãos secos. São descartados dados de grãos colhidos para feno, verdes
para alimentação, ração ou silagem, e aqueles utilizados para pastagem.
Rendimento dos cereais
O rendimento de cereais foi de 1.009 (Kg/hectare), medido em
quilogramas por hectare de terra colhida, incluindo trigo, arroz, milho,
cevada, aveia, centeio, milheto, sorgo, trigo mourisco e grãos mistos.
A FAO aloca os dados de produção ao ano calendário em que a maior
parte da colheita ocorreu. A maior parte de uma colheita realizada perto
do final de um ano será utilizada no ano seguinte.
PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO MILHO
O milho é a cultura agrícola de maior importância em Moçambique, ocupando cerca de 1/3 da
área total cultivada no país (Howard et al., 2000). Esta cultura pode ser considerada uma
cultura tanto alimentar básica assim como de rendimento.

Tabela 1. Rendimento médio da cultura de milho em 2007.


Região Rendimento médio (Kg/ha)
Norte 734,2
Centro 945,0
Sul 413,4
Fonte: Calculado do TIA 2007
 Em 2020 o milho foi o cereal mais produzido, ultrapassando 1,6 milhão de toneladas,
seguido pelo sorgo (142.000 toneladas) e arroz (137.000 toneladas). Onde a província de
tete se destacou, tendo a maior produção de milho na campanha 2019/20, contribuindo com
28,26% do volume nacional.
 A província da Zambézia foi a maior produtora de arroz, respondendo por 31,23% da
produção nacional, e também lidera a produção de diversas variedades de feijão com
113.971 toneladas, um terço da produção nacional.
CAUSAS ASSOCIADAS A DISCREPÂNCIA NA COMERCIALIZAÇÃO DE
CEREAIS EM MOÇAMBIQUE
 Baixo uso de tecnologias melhoradas: O uso de insumos em Moçambique ainda é
baixo. O baixo uso de insumos pode estar associado ao tipo de agricultura praticada
por maior parte dos AFs (agricultura de subsistência) e a falta de condições para a
sua aquisição.
 Baixo acesso ao mercado: O acesso a mercados de insumos e produtos, ainda
constitui problema em Moçambique. Como consequência ainda reside o problema
da assimetria de informação ligada aos preços justos constituindo este, um factor
inibidor aos agricultores no que respeita o aumento da produção e o processo de
comercialização dos seus produtos (Lima, 1997 citado por Loganemio, 2013).

NOTA: O MINAG (2011) através do PEDSA definiu um dos seu pilares como acesso ao
mercado. Este pilar visa desenvolver as infra-estruturas de armazenamento e comercialização.
Na perspectiva de melhorar o acesso ao mercado.
FACTORES QUE AFECTAM A PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO EM
MOÇAMBIQUE
 Baixo acesso ao crédito para agricultura: onde de se notou um decréscimo em
2012 de 26.2%,. ou seja, de 2.7% em 2002 para 2.1% em 2012.
 Fracas infra-estruturas de comunicação: As vias de acesso que ligam as zonas de
produção com os centros de consumo (vilas ou cidades) ainda são de difícil
transitabilidade.
MERCADO DE ARROZ
O mercado do arroz é basicamente oligopsónio, isto é, caracteriza-se por ter de um lado
muitos vendedores dispersos, e por outro lado poucos compradores. A quantidade de
produção de arroz nacional que é realmente comercializado é muitas vezes insuficiente
para sustentar os mercados nacionais. o excedente de arroz é vendido e consumido
localmente. O que sugere que o volume de produção em áreas do país não é alto o
suficiente para justificar a transportá-lo distâncias maiores para os mercados maiores,
regionais.
Contin…
Por isso, muitos mercados regionais e provinciais dependem de importações de arroz
para satisfazer a demanda do consumidor. Os subprodutos são quase na totalidade
vendidos no mercado interno. Os clientes são fábricas de ração e os pequenos
criadores. Os subprodutos de arroz concorrem no mercado com os subprodutos de
outros cereais como milho e trigo.

AGENTES (ACTORES) DA COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA


 produtos agrícolas
 agro-industriais
 Distribuidores
 Consumidores
 A cadeia de comercialização de um produto envolve diversos agentes ou canais de
distribuição interferindo no movimento desse produto desde a exploração agraria
até o consumidor final. Isso permite a inferência e analise de possíveis
transmissões de renda dentro da cadeia produtiva; avalia também o grau de
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE CERAIS NO PAÍS

Os cereais mais importados em Moçambique em 2019 incluem: arroz, trigo, e milho.

Os seis principais produtos agrícolas exportados em 2019 são: querosene, açúcar,

feijão, banana e tabaco.

O norte do país, na província de Nampula, é uma região com forte influência da

demanda do Malawi; quando este país não consegue boas colheitas (safra), recorre ao

milho moçambicano, nas províncias de Zambézia, Niassa e tete, principalmente. E

estas por sua vez podem fazer uma pressão indirecta sobre os preços em Nampula, uma

vez que, segundo paulo (2011), existe transmissão de preços entre Malawi e

Moçambique.
Mercados agrícolas em Moçambique
Segundo Mosca (2008), Moçambique faz parte dos mercados rurais que
possuem distorções que nem sempre permitem a verificação. As
dificuldades nas comunicações e os escassos meios de transporte, os
diferentes tipos de produtores e de consumidores, geram mercados
específicos, bastante delimitados espacial e socialmente.
 Os produtos agrícolas nacionais são consumidos principalmente nos
centros urbanos;
 são na maioria provenientes da agricultura familiar através rede
comercial existente, agências públicas ou privados que compram dos
pequenos produtores e utilizam-nos na alimentação ou processamento
(ex: produção de farinha e de ração).
Preços agrícolas em Moçambique
Eles são geralmente controlados pelo Governo. Onde para tal, são utilizados diferentes
instrumentos:
Impostos
Barreiras alfandegárias
Subsídios aos produtores e ao consumo
Bancos alimentares
Estabelecimento de preços oficiais
Quotas de produção
Gestão de estoques alimentares para estabilização dos mercados

As formas de controlo de preços (pelo Governo), influenciam sempre os mercados, a


competitividade dos produtores, a eficiência na utilização dos recursos e as contas públicas.
Por outro lado, pode-se estimular o consumo, aumentar a acessibilidade aos alimentos pelos
grupos sociais de menores rendimentos, contribuindo assim para a redução da pobreza
(MOSCA, 2008).
Contin…

A distribuição gratuita ou a preços inferiores aos do equilíbrio do


mercado, provocam geralmente impactos paralelos entre o produtor e o
consumidor.
 Quando existe escassez de oferta, os preços nos mercados informais
são superiores aos estabelecidos administrativamente.
 Em situação contrária, os mercados informais ficam repletos a preços
inferiores aos estabelecidos, deixando esta medida pública de produzir
os efeitos desejados pela administração (MOSCA, 2008).
Em Moçambique, grande parte dos pequenos produtores, pequenos
comerciantes ambulantes, varejistas), não possui conhecimento, tradição
e capacidade para investir em infra-estruturas comerciais e para a
formalização das actividades.
Canais de produção e comercialização
 Canal 1 (Produção de cereais para o consumo familiar): orientada para
subsistência dos próprios produtores, não havendo intervenção de nenhum actor de
mercado. (baixa produção , segurança alimentar familiar);
 Canal 2 (Comercialização de cereais com intervenção de intermediários): Este é
o principal canal de provisão de cereais para os mercados consumidores do país.
 Canal 3 (Comercialização de cereais sem intervenção de intermediários):
produtores, possuem informação sobre o preço , e preferirem transportar os seus
produtos pessoalmente para vender aos comerciantes grossistas, que oferecem
melhores preços, comparados aos dos intermediários.
 Canal 4 Produção e comercialização de cereais para processamento em farinha:
resulta da associação entre os canais 2 e 3, porém neles os grossistas são
maioritariamente as moageiras, que compram os cereais para processar em farinha e
outros derivados.
Figura 2 - Os canais de produção e comercialização de cereais em Moçambique.

Fonte: adaptado de SITOLE; MUDEMA, 2012.


Factores que afectam a escolha do canal de comercialização
 Natureza do produto: A maior perecibilidade dos produtos determina canais de
comercialização mais curtos, ou seja, que os locais de produção não distanciem dos
centros de consumo, a fim de evitar perdas;
 Natureza do mercado: Mercadorias de consumo restrito admitem um canal de
comercialização curto, ao passo que para artigos de grande consumo, que exigem
maior trabalho de distribuição, é necessário adoptar um canal de comercialização
mais longo.
 Margens de comercialização: Segundo MARQUES e AGUIAR (1993), é obtida
mediante diferença entre o preço de mercado do produto nos diferentes níveis da
cadeia de comercialização, já que entre o agricultor e o consumidor final existem
agentes intermediários que colocam o produto onde, quando e na forma que o
consumidor desejar.
METODOLOGIA

Material e Método

Para a elaboração do trabalho recorreu-se a pesquisa documental baseada na recolha

de dados numéricos para a validação da problemática em estudo, abrangido a

consulta de informação em relatórios e documentos em instituições como o

Ministério da Agricultura, a Direcção Nacional Indústria e Comercio, foram

consultadas também obras literárias e sites de internet relacionados com o assunto.


ESTRATÉGIAS PARA O FORTALECIMENTO DA COMERCIALIZAÇÃO DE
CEREAIS EM MOÇAMBIQUE

 Investimento em infra-estrutura: melhorar a infra-estrutura de transporte,


armazenamento e processamento de cereais. Construção e manutenção de estradas,
pontes e silos ajudariam no transporte e na redução de perdas pós-colheita e
melhorar a eficiência do sistema.
 Desenvolvimento de mercados locais: promover o desenvolvimento de mercados
locais para os cereais, estimulando a participação de pequenos agricultores e
produtores rurais. Incentivos fiscais e financeiros para estimular o
empreendedorismo agrícola, a criação de cooperativas e a formação de parcerias
entre produtores, processadores e comerciantes.
 Acesso a crédito e seguro agrícola: é fundamental para que os produtores invistam
em suas actividades e lidem com os riscos associados à produção e comercialização
de cereais. Programas de microcrédito e seguros que protejam os agricultores contra
perdas de safra devido a eventos climáticos adversos ou outros imprevistos.
 Fortalecimento da capacidade técnica: capacitação e treinamento dos agricultores
de práticas agrícolas, técnicas de armazenamento adequado, maneio pós-colheita e
técnicas de comercialização para melhorar a qualidade dos produtos, reduzir perdas
e aumentar a competitividade no mercado.
 Melhoria do acesso a informações: sistemas de colecta e disseminação de
informações sobre o mercado de cereais, climáticas para ajudar na tomada de
decisão sobre produção e comercialização. O pode ser feito por meio de plataformas
digitais, como aplicativos móveis, além de programas de extensão agrícola e
parcerias com organizações locais. Etc.
 Promoção da agricultura familiar: apoiar a importância da agricultura familiar na
produção de cereais e promover políticas que fortaleçam sua sustentabilidade e
resiliência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tempo de produção traz experiência para os agricultores na comercialização e
constituí uma força motivadora na adopção de estratégia de gerenciamento de risco
de preços. Pois, através da experiência o produtor conhece melhor o comprador seja
Privado ou Público que em muitos casos culmina com a celebração de contratos
informais e formais como forma de gestão de riscos de preços.

A maior parte dos produtores de cereais não fazem o uso de estratégia de


gerenciamento de riscos de preços na comercialização, devido a falta de informação.
Na maioria das vezes o objectivo deles é vender toda a produção de um só vez para
evitar o armazenamento da produção que depois é atacada por pragas pôs colheitas
fato que deprecia a qualidade do produto, isto porque o produtor não tem condições
ideais para armazenar o produto para a estocagem e posterior venda.
OBRIGADO!

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