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Nosso humilde contributo ao serviço da Palavra de Deus

Por: Pe. Israel José NDUMBU, cmf

LITURGIA DOMINICAL – IVº DOMINGO DA QUARESMA – ANO A

1ª LEITURA: 1 Sm 16,1b.6-7.10-13a «Deus não vê como o homem; o homem olha às aparências, o


Senhor vê o coração»

Deus nos conhece desde sempre e desde dentro, porque somos obras de Suas mãos. Olha para nós
desde o coração, porque Seus olhos são cordiais e chegam ao coração. Eis a verdade chave que a
primeira leitura pretende hospedar no coração de cada um de nós. A eleição de David não foi
democrática, mas teocrática. Foi por isso que Samuel precisava de luz para enxergar os desígnios do
Senhor que escolhe o «mais novo» para manifestar a novidade dos seus critérios de salvação.
Escolheu o rapaz que cuidava das ovelhas (cf. 1 Sm 16, 6-13), porque queria pastores e não
candidatos a um cargo, escolheu-o naquela altura porque a sua juventude era agradável e necessária
aos gritos do povo, pouco importou a força física ou na impressão que provoca nos outros (cf.
Francisco, Cristo vive, nº 9). Deus nos conceda o mesmo olhar para que o ‘’novo’’ tenha espaço
nas nossas estruturas eclesiais muitas vezes resistentes à voz do Espírito Santo que sopra onde quer.

SALMO RESPONSORIAL 22 (23),1-6 «Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, não
temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo!»

O salmista vê em Deus o pastor que o leva a descançar em verdes prados, o conduz às águas
refrescantes, o guia por caminhos direitos e o protege de todos os males. É ainda o Senhor que lhe
prepara a mesa abundante, o acompanha durante a vida e o faz habitar em sua casa. Como podemos
constatar, do princípio ao fim, só o Senhor aparece em ação e nada exige, porque Deus actua por
amor e conduz quem O segue por amor. Por isso, todo aquele que segue Seu Filho, Cordeiro e
Pastor, encontra, todos os dias, a graça de Deus e a paz de alma. Nada tem a temer porque traz Jesus
no coração, pela fé no Evangelho que se tornou o cajado. Tendo nós também experimentado a força
do amor de Deus em muitas circunstâncias, digamos com Santo Agostinho: «Levou-me, por amor do
seu nome, não por meus méritos, nem pelos caminhos estreitos da sua justiça, mas pela água do
baptismo que refazem as forças dos que tinham perdido a inocência e o vigor».

2ª LEITURA: Ef 5,8-14 «...Agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz [...] Procurai sempre o
que mais agrada ao Senhor»

«Baptismo e iluminação constituem duas palavras da mesma sinfonia da verdade. Confirma esta
simbiose de ideias o facto de que os baptizados eram chamados de iluminados para viverem como
filhos da luz, isto é, em verdade e em santidade, em pura transparência, em liberdade e em amor.
Atenção, esta luz não vem dos nossos merecimentos nem tão pouco é frutos de uma consciência
perfecionista ou ainda puritanista. Ela vem de Cristo que prometeu aos que O seguem a sua graça.
Afinal, foi no baptismo que na nossa vida se deu um salto qualitativo, pois, cada um sabe que na sua
vida nunca faltaram momentos de trevas. «Muitas vezes caminhamos na vida cansados, carentes,
mas desejosos que a luz da esperança não se apague. Isto é o que queremos: que a luz da esperança
não se apague» (Francisco, Cristo vive, nº 48). Por isso, para nada adianta deter-se a recordar a
vida passada. Agora estamos imersos na luz de Cristo. Depende de ti procurar agradar ao Senhor!

EVANGELHO: Jo 9,1-41 «Como foi que se abriram os teus olhos?... Esse homem, que se chama
Jesus, fez um pouco de lobo, ungiu-me os olhos e disse-me: Vai lavar-te...Eu
fui, lavei-me e comecei a ver»

Na contraposição trevas-luz move-se o tema central do Evangelho e, por conseguinte, a centralidade


da mensagem cristã. Jesus Cristo é Aquele por Quem tudo começou a existir, tudo veio à existência,
tudo ganha dignidade, beleza e vida, porque Ele é a Luz dos homens(cf. Jo 1,3-4). Jesus iluminou o
cego de nascença, fê-lo ver e crer. No encontro de Jesus com o cego cada cristão pode facilmente
reconhecer a sua própria história, tal como a mulher samaritana reconheceu em Jesus o profeta
que enxergou a sua miséria interior e a sede de Deus que Ela precisava de saciar. Sendo assim,
precisamos nós aprender a dar os passos necessários para encontrar Jesus na nossa condição de
cegueira sociológica (aquela que nos faz julgar as coisas segundo as aparências), psico-espiritual
(orgulho, mentira, hipocrisia, falta de luz interior que nos faz projectar sobre os outros o que
negamos em nós ou comparar-se aos outros em função dos privilégios pessoais) e teológica
(incapacidade de reconhecer a imagem de Deus nos irmãos). Que Deus nos ilumine hoje e sempre.

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