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SUPLEMENTO DIDÁTICO

2 De Brahms ao Chorinho,
com direito a efeitos sonoros
Anete susana Weichselbaum
1 SÍNTESE E CONTEXTUALIZAÇÃO DE LIVROS E CDs 1
2 APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS 2
2.1 Proposta musical 1 - Músicas de Brahms 3
2.1.1 Atividade musical 1 – Conhecendo e reinterpretando a Canção de ninar 3
2.1.2 Atividade musical 2 – Conhecendo mais sobre o compositor 4
2.1.3 Modo de aferição dos resultados 5
2.1.4 Organização dos alunos para as aulas 5
2.1.5 Infra-estrutura e material complementar 5
2.1.6 Atividades complementares 6
2.1.7 Referências complementares 6
2.2 Proposta musical 2 - Estrelas, areia, vento e mar... 7
2.2.1 Atividades musicais – sonoplastia 7
2.2.2 Modo de aferição dos resultados 7
2.2.3 Organização dos alunos para as aulas 8
2.2.4 Infra-estrutura e material complementar 8
2.2.5 Atividades complementares 8
2.2.6 Referências complementares 8
2.3 Proposta musical 3 - Música brasileira: chorinho 9
2.3.1 Apreciando o choro 9
2.3.2 Proposta de execução rítmica com cartelas 10
2.3.3 Atividade complementar 11
2.3.4 Modo de aferição dos resultados 11
2.3.5 Organização dos alunos para as aulas 12
2.3.6 Infra-estrutura e material complementar 12
2.3.7 Referências complementares 12
Atividades para levar para casa 13

Anete Susana Weichselbaum


Formada em Licenciatura em Música pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná – EMBAP (1993), especialista em Artes
– Música pela Faculdade de Artes do Paraná - FAP (1994) e mestre em Música pela Universidade do Rio de Janeiro – UNIRIO
(2003), linha de pesquisa ensino-aprendizagem em música e na área de concentração Música e Educação. Toca piano (já
acompanhou coro infanto-juvenil) e flauta doce.
Em relação às suas atividades profissionais, iniciou em 1994 a Oficina de Musicalização e Flauta Doce do Colégio Positivo
Júnior atuando na mesma instituição até junho de 1998. Desde 1995, leciona na EMBAP – nos cursos de Extensão (disciplina
de Educação Musical Coletiva) e Graduação e desde 2005, na pós-graduação. É membro da COPERVE - Comissão Permanente
do Vestibular da EMBAP desde 2006.
Desde 2006 ministra cursos voltados à formação de professores na área de música. Dentre estes cursos, incluem-se um curso
semi-presencial no Programa Descubra a Orquestra da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), a oficina A com-
posição musical de alunos – análise, sugestões e reflexões no 12º Simpósio Paranaense de Educação Musical e IX Encontro
Regional da ABEM – Região Sul e a oficina Composição na sala de aula – sugestões e reflexões no II Workshop Internacional
de Educação Musical Infantil, realizado pelo Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná e Prefeitura Municipal
de Curitiba. É co-autora do livro Sonoridades Brasileiras: método de flauta doce soprano (UFPR, 2008).

E-mail: weichselbaum@netpas.com.br

São Paulo I OUTUBRO I 2008


1 SÍNTESE E CONTEXTUALIZAÇÃO DE LIVROS E CDs

Brahms
Série Crianças Famosas. Ann Rachlin e Susan
Hellard. Tradução e adaptação do original de
Helena G. Klimes. São Paulo: Callis, 1993.
Com uma linguagem voltada para o público infanto-
juvenil, a série Crianças Famosas traz narrativas
sobre a infância e juventude de grandes compositores.
Os livros revelam sua paixão pela música,
e descrevem eventos curiosos sobre cada período
retratado. Todo o livro é ilustrado por Susan Hellard.
No final, a autora Ann Rachlin apresenta sugestões
de apreciação das obras mais conhecidas de cada
compositor. No volume dedicado a Brahms, vale a
pena ler como o pequeno músico não se cansava
Jogos pedagógicos para a de correr atrás dos seus objetivos, driblando as
educação musical adversidades.
GUIA, Rosa Lúcia dos Mares;
FRANÇA, Cecília Cavalieri. Belo Destinado para crianças até 9 anos.
Horizonte: Editora UFMG, 2005.
O livro oferece aos educadores a pos-
sibilidade de trabalhar conteúdos de
educação musical (teoria musical) na
forma de jogos. São ao todo 85 jogos
pedagógicos. A obra é estruturada em
conteúdos sistematizados e ordenados Canções curiosas
(por exemplo, pelos nomes das notas, Palavra Cantada (Palavra Cantada Produções
pelas alturas, durações etc.), que en- Musicais/MCD World Music)
volvem diversas habilidades cognitivas, O CD Canções curiosas é mais um dos trabalhos de
entre elas: formação, associação, Paulo Tatit e Sandra Peres. Em 1998 recebeu o Prêmio
memorização, reconhecimento, locali- Sharp e, dez anos depois, foi lançada uma versão em
zação, realização e criação. O objetivo espanhol. Esta coleção apresenta alguns sucessos do
do livro é habituar o leitor à teoria grupo Palavra Cantada, como Pindorama, Criança Não
musical, simplificando a compreensão Trabalha e Rato. Embora a obra seja destinada para
dos elementos abordados. crianças e pré-adolescentes, também é muito apre-
ciada por pais e educadores. Os temas são bastante
Destinado para alunos de 6 a 16 anos. variados, lúdicos e divertidos.

Destinado para todas as idades.

Chorinhos de ouro
Movieplay Brasil.
Este CD apresenta uma coletânea de chorinhos interpretadas por músicos consagrados do
gênero. Traz arranjos diferentes da composição original, como na melodia de Odeon, por
exemplo, interpretada Claudya em estilo jazz executado pelo Zimbo Trio. Outra canção ao
gosto do público é Brasileirinho, tocada por Armandinho na guitarra baiana.

Destinado para todos os públicos.

De Brahms ao Chorinho, com direito a efeitos sonoros 0 Anete Susana Weichselbaum 1


2 APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS

Objetivos gerais Objetivos específicos


Apreciar músicas de compositores brasileiros e Apreciar gravações de CDs e execuções ao vivo de professores
estrangeiros com os alunos e realizar comentários e colegas, observando aspectos diversos, tais como: quem ou
sobre a obra; qual(is) instrumento(s) executa(m) a peça, se há repetições,
Executar músicas ou trechos musicais com a variações ou contrastes (de frases musicais ou seções), como a
voz, com instrumentos ou com outros recursos música inicia e termina (se há introdução, se todos os músicos
(por exemplo, percussão corporal), realizando uma tocam ou cantam juntos já no início ou se eles se revezam), se
interpretação segura, expressiva e fluente; ocorre alguma surpresa durante a peça e como é sua caracteri-
zação expressiva, entre outros;
Improvisar e/ou compor trechos musicais com
elementos sugeridos; Compor ou improvisar uma peça curta suave, executando-a com
a voz ou com instrumento;
Tocar/solfejar uma partitura ou trecho dela;
Compreender e realizar a leitura de ritmos retirados de exemplos
Realizar uma sonoplastia para uma canção, poema musicais, bem como executá-los em outros contextos (leituras,
ou tema sugerido. outras peças);
Utilizar recursos sonoros diversos (incluindo instrumentos mu-
sicais ou sons produzidos com materiais diversos) para produzir
uma sonoplastia para uma canção, poema ou tema sugerido.

Introdução
As três propostas que se seguem são sugestões
de como empregar os recursos do Acervo Cultural
do Projeto Guri (livros, CDs) em sala de aula. Você,
professor, mais do que ninguém, saberá adequar
as propostas aqui apresentadas ao seu inte-
resse didático e à sua turma. Algumas prevêem
desdobramentos e subdivisões, que também estão
sujeitos à sua realidade, criatividade e maneira de
trabalhar. Portanto, bom trabalho!

2 VOLUME 2 [11]
2.1 Proposta musical 1: Músicas de Brahms

2.1.1 Atividade 1 - Conhecendo e reinterpretando a Canção de ninar


Duração: de duas a três aulas

Público-alvo: alunos mais jovens (entre 7 e 9 anos)


Uma estratégia interessante para apresentar aos alunos a obra de um compositor é primeiro deixá-los ouvir uma de suas
peças musicais. O passo seguinte é fazer comentários sobre seu nome, sua época e outras curiosidades. Muitas vezes os
professores iniciam a atividade de apreciação comentando que seus alunos “irão ouvir uma música de um compositor já
falecido!”, mas este comentário pode gerar desinteresse ou preconceito por parte dos alunos. Vale então acrescentar a
importância histórica destes compositores.
De início, você poderá cantarolar com sílabas uma das mais conhecidas canções de Brahms: a Canção de ninar (que tem letra
originalmente em alemão); perguntando se algum deles a conhece. A execução deve ser bem suave e terna. Não é interes-
sante dizer de antemão que se trata de uma cantiga de ninar. Mesmo que nenhum deles conheça a versão original, poderão
reconhecer as características da música e discutir as prováveis finalidades que ela pode ter.
Assim que os alunos reconhecerem que se trata de uma cantiga de ninar, você poderá perguntar quais canções brasileiras ou
acalantos eles conhecem. Talvez os mais citados sejam Boi da cara preta, Dorme Neném, Tutu Marambá, entre outros.
Dependendo da turma, ensine a canção por imitação ou apresente a partitura e trabalhe sua leitura em aulas posteriores.

Figura 1: Melodia da Canção de Ninar


Johannes Brahms

Acompanhe o trabalho dos grupos enquanto ‘combinam’ sua improvisação/composição e a interpretam


(pode ser um acompanhamento mais reservado ou mais presente, fazendo perguntas ao grupo,
dando sugestões como continuar...);
Você, como professor, pode oferecer ”modelos” aos alunos, caso eles necessitem de outras sugestões; e
Estipule o tempo necessário para realizar a tarefa na aula e para realizar a apresentação das composições
ou improvisações para todo o grupo. Muitas vezes esta apresentação pode ser marcada para o início da aula
seguinte, reservando-se um tempo para um ensaio prévio dos grupos.

De Brahms ao Chorinho, com direito a efeitos sonoros 0 Anete Susana Weichselbaum 3


A seguir, peça para os Figura 2: Modelo sugerido
alunos repetirem um
esquema vocal parecido
com o da música de
Brahms (Figura 2) ou, se
for o caso, eles também
poderão tocar o esquema1
sugerido, observando uma
execução suave.

Neste momento, peça aos alunos que se dividam em grupos e improvisem um trecho musical bastante
singelo e suave. Se a improvisação for vocal, o grupo pode explorar sílabas diferentes das do exemplo do
professor (“tu”, “u”, “o”, “a” “nã”, entre outras). Se a improvisação for instrumental, os alunos podem utilizar
poucas notas, aquelas que eles já saibam executar com competência (por exemplo, de dó a sol).
É importante observar alguns aspectos durante a realização da tarefa:

2.1.2 Atividade musical 2 – Conhecendo mais sobre o compositor


Duração: de duas a três aulas

Público-alvo: alunos mais jovens Alguns exemplos:


(de 7 a 9 anos) Brahms não tinha um piano à sua disposição em casa. Alguns alunos do
No livro de Ann Rachlin, você poderá Projeto Guri também não têm o instrumento à sua disposição. Você pode
encontrar subsídios para mostrar perguntar aos alunos se eles se identificam com o jovem Brahms, como
aos alunos a obra de Brahms, fazem para estudar e se eles julgam importante praticar.
ilustrando sua obra musical com Jogo de reconhecimento aural2 de notas: você pode explicar que poucos
informações sobre a vida do com- músicos (como Brahms, Villa-Lobos) têm ouvido absoluto, ou seja, já sabem
positor quando criança. Recomendo qual nota está soando quando a escutam, mas a maioria dos demais músi-
que o livro seja lido para os alunos cos tem um ouvido relativo, que pode ser treinado, por exemplo, para “tirar”
pequenos em aulas alternadas, uma melodia “de ouvido”. De maneira lúdica e prazerosa, você pode estimu-
como capítulos de novela, para criar lar a percepção de notas e intervalos. Inicialmente, treine a percepção de
certa expectativa no desenrolar da graus conjuntos (notas vizinhas) da escala maior, com um âmbito reduzido
história. Em cada sessão de leitura, de notas (por exemplo, de dó a mi, de dó a sol). É interessante observar a
você poderá contextualizar o enredo direção do som (se subiu, desceu ou permaneceu). Tais exercícios podem
e fazer perguntas, comentários ou ser cantados ou escritos; se forem escritos, é interessante providenciar e
promover atividades. utilizar desenhos de escadas para escrever o nome da nota ou pentagramas
bem grandes, ou mesmo formados apenas por duas ou três linhas.

2.1.3 Modo de aferição dos resultados

Você pode realizar uma análise coletiva das atividades com seus alunos, questionando se o resultado das improvisações da Canção de
ninar foi ou não satisfatório e se a expressividade proposta na tarefa foi atingida (suave, calma). Caso a tarefa não tenha alcançado o re-
sultado satisfatório, pergunte aos alunos o que eles poderiam ter feito diferente, estimulando-os e motivando-os para as futuras tarefas.

1. Você pode adaptar o esquema às notas e ritmos que os alunos sejam capazes de executar.
2. Neste caso, o reconhecimento auditivo dos sons. O reconhecimento também pode ser referente à escrita, quando o aluno vê a nota na pauta e diz seu nome ou a toca.

4 VOLUME 2 [13]
2.1.4 Organização dos alunos para as aulas
É importante contar com uma sala de aula arejada e, se possível, espaçosa. Isso para possibilitar que seus alunos
tenham liberdade de movimentos e possam trabalhar no chão ou sentados, de forma coletiva, individual ou em
grupos separados.
Os alunos podem realizar as atividades vocais em pé ou sentados; se a atividade envolver os instrumentos que eles
tocam, é interessante deixá-los sentados, preferencialmente na forma de meia-lua ou formando um grande círculo
ao redor da sala. Se considerar necessário, forneça estantes.
Para a realização específica da atividade de leitura do livro de Brahms, sugiro que você ou algum aluno leia o livro e
que os demais fiquem ao redor, preferencialmente sentados no chão. O número ideal é de até oito alunos por livro,
para proporcionar uma melhor visualização. Se a turma for muito grande, seria interessante ter mais de um exemplar
do livro à disposição ou fazer pausas na leitura para que o livro e os desenhos sejam mostrados aos demais alunos.

2.1.5 Infra-estrutura e material complementar

Sala de aula espaçosa e adequada, cadeiras, estantes, partitura da Canção de Ninar de Brahms
para servir como modelo para apresentar a peça vocalmente3, fotocópias da partitura (veja adiante)
para os alunos completarem os compassos escrevendo as notas que faltam.

2.1.6 Atividades complementares

Em relação à obra de Brahms, seria interessante ouvir com os alunos outras peças do mesmo compositor. Uma série bem conhecida
são as Danças Húngaras, compostas inicialmente para duo de piano e depois orquestradas pelo próprio compositor. Brahms compôs
ao todo 21 danças. Gravações dessas obras são fáceis de se encontrar em CDs diversos. As Danças Húngaras foram compostas
quando Brahms conheceu um violinista chamado Reményi – juntos, eles viajavam pela Hungria tocando concertos. Foi nesse contexto
que Brahms conheceu a música dos ciganos húngaros. O livro Forma e Estrutura na Música, de Roy Bennett, apresenta a melodia
da Dança Húngara nº 5 (p. 31). Com alunos mais adiantados, pode-se realizar, além da apreciação, uma atividade de leitura rítmica,
relacionando o ritmo apresentado na primeira parte da dança com o ritmo apresentado na presente sugestão (Figura 3). Essa atividade
poderá servir como estímulo para uma composição rítmica realizada em pequenos grupos (Figura 4). A composição pode ser realizada
a duas vozes, uma voz mantém o pulso com semínimas, enquanto a outra executa os ritmos estudados. Você também pode mostrar
aos alunos o esquema rítmico utilizando ligadura ao invés do ponto.

Figura 3: Trecho inicial da Dança Húngara n° 5

Figura 4: Sugestão de leitura rítmica com figuras pontuadas

etc.

etc.

3. Se desejar, também poderá tocar a peça no seu instrumento, porém, é importante também realizar a canção na forma vocal.

De Brahms ao Chorinho, com direito a efeitos sonoros 0 Anete Susana Weichselbaum 5


2.1.7 Referências complementares

BENNETT, Roy. Forma e estrutura na Música. Trad. de Luiz Carlos Csëko, revisão técnica
de Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
CD Brahms, orchestral masterpieces. The Classical Collection 22. Polydisc. 470. 186.
Inclui as Danças Húngaras 1, 3, 10, 18, 19, 20 e 21.

2.2 Proposta musical 2: Estrelas, areia, vento e mar...

Duração: de duas a três aulas

Público-alvo: alunos mais jovens (entre 7 e 9 anos)


Esta segunda proposta foi elaborada a partir da apreciação da canção Trilhares, do CD Canções curiosas, da Palavra Cantada.
Os aspectos que mais chamam a atenção nesta canção são o texto propriamente dito e a relação entre texto e sua “ambien-
tação sonora”, denominada aqui como sonoplastia, realizada com instrumentos de percussão, tais como: vaso, berimbau,
pau de chuva, mandira4 e prato. Outra característica musical que ainda poderia ser acrescentada é a métrica do compasso -
compasso composto (quaternário composto)5.
A idéia de trabalhar com os alunos a “sonorização” a partir de uma estória, de uma letra ou um assunto é uma estratégia bem
utilizada pelos educadores musicais.

2.2.1 Atividades musicais – sonoplastia

Você pode iniciar a proposta pela apreciação da canção Trilhares. O aluno deve ter a oportunidade de comentar o que percebeu
na música apresentada. É importante valorizar as respostas fornecidas, bem como fomentar novas questões e enfoques sobre o
repertório ouvido a partir destas respostas. Sempre é interessante ouvir uma música mais de uma vez com a turma.
A partir da apreciação da música, você poderá ensinar a canção, primeiramente utilizando o CD e depois, se possível, cantando
à capela ou fazendo uso de algum instrumento para acompanhamento. É interessante oferecer a letra para os alunos, e convém
verificar se todos compreenderam a letra e seu sentido.
Uma vez aprendida a canção, proponha que os alunos explorem o som dos objetos da sala ou de instrumentos que eles têm
à disposição, a fim de realizar a sua “sonoplastia” ou “sonorização” – que tem como objetivo reforçar o caráter expressivo da
canção. Em seguida, os alunos cantarão a música, realizando sua sonoplastia. Esta pode ser previamente combinada, e você ou
um aluno poderá reger a turma. Como tarefa para a aula seguinte, os alunos poderão trazer junto outros materiais que julguem
pertinentes para a realização da tarefa, como chaves, sacolas plásticas, garrafas de vidro. Observação: é importante ficar
atento e observar se os alunos manipulam o material de modo correto e seguro, a fim de evitar “acidentes” em aula.
Um desdobramento desta atividade seria realizar só a sonoplastia sem canção, gravar a atividade e apreciá-la com os alunos.

4. Instrumento musical de percussão que se percute como pratos; epônimo da deusa hindu Mandira. Mais detalhes
em http://personales.com/espana/zaragoza/martincano/ep.6musicales.htm, acessado em 12 de setembro de 2008.
5. É interessante trabalhar reconhecimento e execução de compassos compostos com alunos mais velhos.

6 VOLUME 2 [15]
2.2.2 Modo de aferição dos resultados

Você pode realizar uma análise coletiva das atividades com os alunos, questionando se o resultado das sonoplastias foi
satisfatório ou não e se a proposta foi realizada com materiais adequados. Se for possível, grave a sonorização para posterior
apreciação com os alunos. Caso a tarefa não tenha alcançado o resultado satisfatório, pergunte aos alunos o que eles pode-
riam ter feito diferente, estimulando-os e motivando-os para as futuras tarefas.

2.2.3 Organização dos alunos para as aulas

Esta atividade poderá ser realizada de forma coletiva, com os alunos dispostos em círculos ou semicírculos, sentados em
cadeiras ou no chão. Se for o caso, em vez de você, professor, sempre tomar as decisões musicais e reger os alunos, você pode
escolher um aluno para realizar a regência.

2.2.4 Infra-estrutura e material complementar

Sala de aula ampla, arejada, contendo cadeiras ou carteiras, aparelho de som com CD, o CD mencionado na atividade, fotocópia
com a letra da canção para distribuir para os alunos e objetos diversos trazidos pelos alunos para realizar a sonoplastia.

2.2.5 Atividades complementares

Você pode adaptar esta proposta com alunos mais velhos trabalhando a questão da métrica em compassos compostos.
A partitura desta canção se encontra disponível no site da Palavra Cantada e apresenta a melodia, letra e cifra,
www.palavracantada.com.br.
Se o seu objetivo for trabalhar grupos de ritmo em compassos compostos, o livro Jogos pedagógicos para a educação
musical6 também traz sugestões de atividades de reconhecimento, leitura e execução7.

2.2.6 Referências complementares

MOURA, I.; BOSCARDIN, M. T. T.; ZAGONEL, B. Musicalizando crianças – teoria e


prática da educação musical. São Paulo: Ática, 1989.
Aborda o “conto sonoro” – narrativa junto à sonorização de histórias.

SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo: uma exploração pioneira pela história


passada e pelo atual estado do mais negligenciado aspecto do nosso ambiente: a
paisagem sonora. Trad. de Marisa Trench Fonterrada. São Paulo: Editora Unesp, 2001.
Aborda a “paisagem sonora” – termo proposto pela autora para englobar o conjunto
de sons presentes no cotidiano, incluindo zumbidos de animais, apitos, ruídos,
barulho de trovão, entre outros.

De Brahms ao Chorinho, com direito a efeitos sonoros 0 Anete Susana Weichselbaum 7


2.3 Proposta musical 3 - Música brasileira: chorinho

Duração: de duas a seis aulas As atividades desta proposta variam em função


da idade de seus alunos. Com os mais novos,
aconselho enfatizar os aspectos materiais e
Público-alvo: todos os alunos (veja a observação referente à faixa etária
expressivos da música, como: os instrumentos
que se segue no quadro)
que tocam a melodia, o contracanto, o acompa-
Você pode iniciar este projeto ouvindo exemplos de Chorinhos com seus nhamento, como é a expressividade da música,
alunos. No final desta seção do suplemento, você encontrará uma tabela se há algum instrumento que toca diferente,
com alguns dados sobre o surgimento do chorinho, bem como uma ativi- como se quisesse “brincar”. Já com alunos mais
dade com nomes e obras de alguns compositores bastante conhecidos, a experientes musicalmente, pode-se enfatizar
fim de acrescentar informações sobre o gênero e fomentar o interesse de aspectos formais do discurso, como as várias
seus alunos pela apreciação. A atividade rítmica sugerida pode e deve ser seções, os contrastes entre elas, se são execu-
praticada em aulas seguidas. Desse modo, o planejamento de uma aula tadas da mesma maneira ou são variadas, se há
contemplará tempo para a apreciação, para os comentários da apreciação, improvisos. Geralmente o choro é estruturado
para o treino de ritmos e sua execução, para a gravação de eventual na forma Rondó – formado pelas partes A B A C A,
improviso ou composição e outros aspectos. sendo que a parte A se repete. Alguns choros
também apresentam introdução e um final.

2.3.1 Apreciando o choro

Para iniciar a atividade de apreciação, sugiro duas músicas do CD Chorinhos de ouro 8: Urubu malandro e Odeon.

a) Urubu malandro (faixa 02)9 - nesta


faixa é apresentado um arranjo sobre
o tema de Urubu malandro. Você pode
trabalhar com seus alunos menores a
questão do reconhecimento dos timbres,
Sugestão de atividade
das vozes e da expressividade da música. Proponha que seus alunos realizem uma execução com caráter definido por
Pode perguntar se o instrumento princi- eles: brincalhão, aborrecido, magoado, entre outros. Para facilitar a realização
pal (neste caso, o clarinete) parece estar da tarefa, você poderá “limitar” alguns aspectos, como a extensão de notas, e
“aborrecido”, “brincalhão” e perguntar sugerir que os alunos explorem e utilizem os recursos expressivos do instru-
a seus alunos como eles imaginam que mento como articulações diferentes, bem como maneiras não convencionais
o instrumentista realizou estes efeitos. de tocar seu instrumento – abafando o som ou tocando só com uma parte do
Em relação às vozes, é interessante instrumento (por exemplo, se for a flauta doce, utilizar somente a cabeça).
notar que no final da música uma voz
se mantém na mesma nota, enquanto a
outra prepara o final.

Orientação sobre as atividades para levar para casa


Estas atividades têm como objetivo enriquecer o conhecimento dos alunos
sobre o chorinho.
Em relação à atividade de relacionar colunas, você poderá selecionar outros
exemplos musicais de choro e ouvir a música inteira ou somente trechos
com seus alunos e incluir nomes de chorões e obras no exercício. Os exem-
plos constantes da atividade foram todos retirados do CD Chorinhos de ouro.

8. Gravadora Movieplay Brasil.


9. Grupo Vou Vivendo. Louro e João de Barro.

8 VOLUME 2 [17]
b) Odeon (faixa 03)10 - esta música é
bem conhecida do público. Já foi tema Considerando a parte A da música, peça para os alunos adap-
de novela, tendo sua execução cantada. tarem uma peça instrumental que eles executem para vocal
Inicialmente foi composta para piano ou para vocal e instrumental. Esta atividade pode ser realizada
pelo Ernesto Nazareth, que na época pela turma toda ou em dois ou três grupos.
queria valorizar sua música instrumental, Considerando novamente a parte A, peça que os alunos compo-
denominando-a de tango brasileiro, em nham, no instrumento ou vocalmente, uma pequena música em
oposição à dança do maxixe, considerada que os contornos melódicos sejam semelhantes e mantenham
lasciva. A música apresenta três seções, a mesma direção predominante. No exemplo de Odeon, o
distribuídas na forma de rondó. Neste desenho melódico predominante é de frases descendentes que
arranjo, a melodia da parte A é realizada conservam o mesmo ritmo.
vocalmente e, na repetição da parte A,
a cantora improvisa, compartilhando a me- Peça que os alunos componham uma peça na forma rondó.
lodia com o piano. O grupo instrumental Você poderá fornecer a parte A – e os alunos, em grupos,
confere um toque jazzístico à execução. deverão compor as demais partes – tantas quantas forem os
Como se trata de um arranjo, seria inte- grupos: B, C, E etc. Este rondó também poderá ser somente
ressante ouvir uma gravação original desta rítmico. É uma atividade muito interessante.
peça para piano (Ver sugestões – Eudóxia
de Barros).

2.3.2 Proposta de execução rítmica com cartelas

A música brasileira tem ritmos bastante elaborados, com síncopes e contratempos. Exemplo disso é o choro. Na maioria
das vezes, ensinar essa rítmica sincopada se constitui em desafio para os professores. A próxima atividade rítmica, extraída
do livro Jogos pedagógicos para a educação musical, denominada “Jogo das Cartelas”, objetiva reconhecer auditiva
e visualmente as estruturas rítmicas (grupos rítmicos contidos em um pulso em compasso simples). Num segundo
momento, possibilita realizar atividades de reconhecimento do conjunto destas mesmas estruturas, bem como a posterior
leitura e execução dos alunos, visando um trabalho de fixação dos grupos rítmicos.
Esta atividade pode ser realiza por alunos em qualquer nível de aprendizado, dependendo dos grupos rítmicos seleciona-
dos. A fim de trabalhar a execução de música brasileira sincopada com alunos mais adiantados, sugiro:

O uso e a confecção de fichas com os seguintes grupos rítmicos ou outros a seu critério:

10. Claydia e Zimbo Trio. Música de Ernesto Nazareth e Ubaldo Sciangula.

De Brahms ao Chorinho, com direito a efeitos sonoros 0 Anete Susana Weichselbaum 9


O uso e a confecção de cartelas com quatro e cinco colunas contendo semínimas e espaços em branco para preencher
com as fichas (ver o exemplo já com os grupos rítmicos11).

Os alunos irão completar as fichas


dos espaços em branco, inicial-
mente reconhecendo os padrões
rítmicos e depois sua escrita.
Posteriormente, você pode pedir
para que reconheçam a seqüência
executada (linha correspondente
na cartela) e depois pedir que a
executem com palmas, com a voz
ou com notas repetidas no seu
instrumento.

2.3.3 Atividade complementar

Sugiro o Bingo Rítmico, do livro Jogos pedagógicos para a educação musical (pp. 116-17). Neste jogo, são distribuídas cartelas com
diversos esquemas rítmicos previamente elaborados pelo professor – conforme a dificuldade rítmica a ser trabalhada12. O objetivo
do jogo consiste em fazer com que os alunos reconheçam as seqüências executadas nas suas cartelas, marcando-as com peças
previamente fornecidas pelo professor. O jogo termina quando todos marcarem suas cartelas. É interessante, ao final, pedir que eles
executem as várias seqüências.
Por último, sempre é interessante ter à disposição fichas dos ritmos trabalhados em aula. Outra proposta consiste em realizar ditados
e leituras somente com as fichas, neste caso, sem cartelas.

2.3.4 Modo de aferição dos resultados

Neste projeto, você poderá realizar Apreciar outro exemplo de choro (que não tenha sido trabalhado em aula) com
três atividades distintas para verificar seus alunos e pedir comentários. Estes comentários podem ser entregues por
os conhecimentos de seus alunos. escrito (alunos maiores que 9 anos) ou feitos oralmente de forma coletiva. Você
No final, eles podem ser avaliados e poderá reunir os comentários escritos e as falas, comentando com a turma sobre
se auto-avaliarem com os conceitos: os resultados obtidos; se necessário, complementar ou corrigir alguma informação
excelente, muito bom, bom, e pode/ dada pelos alunos
posso melhorar. Realizar um ditado de ritmos (reconhecimento e escrita), seja com as fichas ou por
escrito. Pedir que os outros corrijam juntos seus colegas.
Realizar uma execução rítmica com seus alunos (com palmas, voz ou uma mesma
nota no instrumento) divididos em grupos. Pedir que os outros sejam “juízes” e
façam os comentários.

11. O Jogo das Cartelas se encontra na obra citada, pp. 114-15.


12. França e Guia (2005) sugerem diferentes níveis de dificuldade rítmica que podem ser trabalhados ao longo de um projeto didático de maior duração. O trabalho
com grupos rítmicos em compassos simples, bem como outras variantes desses jogos, pode durar até três anos.

10 VOLUME 2 [19]
3.3.5 Organização dos alunos para as aulas

Eles poderão tocar seus instrumentos sentados ou em pé. Para as atividades com as fichas e
cartelas rítmicas, os alunos podem estar sentados no chão ou em carteiras.

3.3.6 Infra-estrutura e material complementar

Sala de aula espaçosa com cadeiras ou carteiras, aparelho de som com CD, cartelas con-
feccionadas pelo professor com espaços para completar com fichas de ritmos diversos (com
grupos rítmicos em compassos simples)

3.3.7 Referências complementares

CDs de chorinhos diversos constantes Obras para consulta e sites


do acervo do Projeto Guri Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica.
CD Chorinhos didáticos para flauta (MoviePlay Brasil) 2. ed., São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998.
CD Som Pixinguinha (EMI) www.choromusic.com.br/o-que-e-o-choro.htm
CD Só Pixinguinha (Biscoito Fino) www.samba-choro.com.br/artistas

CDs de chorinhos diversos


CD Este Brasil que tanto amo – piano: Eudóxia de
Barros. Paulinas. Comep. Inclui os arranjos originais
do compositor Ernesto Nazareth, entre eles Odeon
e Brejeiro.
Brasil musical (Banco do Brasil – TomBrasil Produ-
ções Musicais). Catálogo – TB0012. Inclui as músicas
Urubu malandro (faixa 14 – variações para flauta)
e Brasileirinho (faixa 15, arranjo com pout-pourri
de temas brasileiros), ambas executadas na flauta
transversal por Altamiro Carrilho.

De Brahms ao Chorinho, com direito a efeitos sonoros 0 Anete Susana Weichselbaum 11


projeto Guri
projeto Acervo cultural
suplemento: de Brahms ao chorinho, com direito a efeitos sonoros
Autora: Anete susana Weichselbaum

AtividAde pArA levAr pArA cAsA

Pólo: ____________________________________________________________________
Turma: ___________________________________________________________________
Nome do Aluno (a): ___________________________________________________________

Faça uma “pesquisa” com os pais, avós e conhecidos sobre acalantos, perguntando se eles conhecem outros exemplos de
cantigas de ninar e peça-lhes que cantem (tente aprender a letra e a música, e se quiser use um gravador para registrar.
Escreva a letra de sua música aqui:

Agora complete a partitura da Canção de Ninar de Brahms e depois toque. Se quiser, faça um arranjo!

Figura 5: Partitura da Canção de Ninar de Brahms para completar

Canção de Ninar Brahms

12

12 VOLUME 2 [21]
projeto Guri
projeto Acervo cultural
suplemento: de Brahms ao chorinho, com direito a efeitos sonoros
Autora: Anete susana Weichselbaum

AtividAde pArA levAr pArA cAsA

Pólo: ____________________________________________________________________
Turma: ___________________________________________________________________
Nome do Aluno (a): ___________________________________________________________

a) Relacione o nome de músicos chorões conhecidos com suas composições:

( 1 ) Pixinguinha ( ) Odeon
para saber mais sobre o choro
( 2 ) Ernesto Nazareth ( ) Brasileirinho
(ou chorinho)
( 3 ) Waldir Azevedo ( ) André de sapato novo
Os primeiros conjuntos de choro surgiram no Rio
( 4 ) André Victor Correa ( ) Carinhoso de Janeiro, por volta de 1870, formados em sua
maioria por modestos funcionários públicos que
moraram nos subúrbios cariocas ou no bairro da
Cidade Nova. Esses músicos eram conhecidos
como “chorões” devido ao caráter “choroso”,
b) As respostas para as palavras incompletas do texto estão no nostálgico e “magoado” de suas interpretações da
caça-palavras. Resolva o caça-palavras e complete as palavras! música estrangeira da época: p_ _ _ _ _,
x_ _ _ _, valsas, tangos e h_ _ _ _ _ _ _ _.
Neste sentido, o choro se refere mais particular-
F A X B U Q A E T R O C mente a um modo de tocar a música importada,
porém o gênero tem, em geral, um ritmo agitado e
L U O P D C Y A Z V I A alegre, caracterizado pelo virtuosismo e improviso
A T R O M B O N E A E V dos participantes.
É esperado que os chorões tenham a capacidade de
U E L L N L I N E E C A i_ _ _ _ _ _ _ _ _, tanto a linha melódica como
T A R C I T E A T Z O Q um c_ _ _ _ _ _ _ _ _ _, como um acompanha-
mento. A primeira formação do choro incluía a
I M M A M M M M M M N U flauta, violão e cavaquinho. Depois foram
acrescentados outros instrumentos, tais como
M H A S A T E I R A T I bandolim, f_ _ _ _ _ _, clarinete, saxofone, b_ _
I M P R O V I S A R R N _ _ _ _ _ _ _, t_ _ _ _ _ _ _ e oficlide. Foram
compositores bastante conhecidos:
B O M B A R D I N O A H Calado, Chiquinha Gonzada, Anacleto de Medeiros,
P_ _ _ _ _ _ _ _ _ _, Waldir Azevedo, João de
P I A X T A I G O Ç C O Barro (o “Braguinha”), entre outros. Em essência,
P I X I N G U I N H A I é um gênero puramente instrumental, as músicas
que têm letras tiveram seu texto acrescentado
Q E U X O T E S S A N A posteriormente.
H A V A N E I R A S T S
Fontes:
U A P S B M X T X N O E
Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e
folclórica. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998.
http://www.choromusic.com.br/o-que-e-o-choro.htm

De Brahms ao Chorinho, com direito a efeitos sonoros 0 Anete Susana Weichselbaum 13

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