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As Clavículas de Salomão (do latim Clavis Salomonis) também conhecido como As Chaves de
Salomão é um dos mais célebres e enigmáticos livros de ocultismo da história. Ao mesmo tempo em
que é referência frequente em outros tantos tratados e citado constantemente por vários ocultistas,
sua autoria, bem como sua legitimidade são discutíveis.
 
 
Origens e conteúdo
 
A origem do grimório é incerta e a autoria atribuída ao bíblico Rei Salomão também é pouco
provável. Mas é possível que tenha sido elaborado no século XII da era cristã na região antiga do
Império Bizantino (parte da Europa, África e Ásia); apesar de ter ganhado notoriedade apenas a partir
do século XVII com o Renascimento. Mesmo assim, há algumas versões que surgiram no mesmo
período e têm uma estrutura bastante diferente entre si, tanto de conteúdo quanto de linguagem. Fato
que apenas amplia as lacunas sobre a real procedência do original.
O conteúdo em aramaico é baseado em antigas obras da Cabala e do judaísmo pré-cristão; bem
como da tradição esotérica do período clássico. Assim, de um modo geral, não difere de outros tantos
grimórios e traz descrições de cerimônias que fazem uso de objetos ritualísticos confeccionados pelo
próprio praticante a fim de evocar demônios que possam "trabalhar" a favor do magista.
O grimório traz ainda um alfabeto mágico e uma extensa simbologia formada por letras desse
alfabeto associadas à arquétipos ocultistas, como figuras geométricas, princípios masculino e feminino
da criação, ilustrações antropomórficas etc.
Da mesma forma que outros compêndios, As Clavículas de Salomão tem uma linguagem rebuscada
e rituais cerimoniais tão complexos que são quase impraticáveis. Assim, podemos entender que a obra
foi propositalmente elaborada dessa forma com o objetivo de impor ao pretenso mago uma espécie de
pré-avaliação; ou seja, se o magista compreende as descrições do livro, pode-se considerar que tem
um nível de conhecimento elevado e suficiente para utilizá-lo. Caso contrário, o magista não consegue
interpretá-lo e acaba por desistir. Por outro lado, a linguagem e a complexidade podem apenas
representar o contexto no qual foi elaborado; ou seja, por ocultistas medievais, escrito através de uma
conotação simbólica praticamente incompreensível ao entendimento do homem moderno.
  
O Legemeton
 
Há também um manuscrito conhecido comoLegemeton ou A Chave Menor de Salomão que é
paralelo às Clavículas de Salomão. Por vezes, o Legemeton é citado como um "capítulo" das Clavículas;
por outras, é uma obra à parte.
De qualquer forma, este manuscrito, que traz características históricas muito próximas a das
Clavículas de Salomão, é uma obra muito influente no ocultismo ocidental. Sua popularidade cresceu
principalmente depois que Samuel Mathers e Aleister Crowley, no início do século XX, elaboraram uma
tradução da obra do idioma original para o inglês moderno, intitulada The Goetia: The Lesser Key of
Solomon the King.
O Legemeton divide-se basicamente em cinco partes: Ars Goetia, Ars Theurgia Goetia, Ars
Paulina,Ars Almadel e Ars Notoria. Cada capítulo aborda um tema específico; porém, não há
necessariamente uma continuidade temática; isto é, a ordem em que estão dispostas não interfere na
estrutura da obra, uma vez que são independentes entre si.
O primeiro capítulo, Ars Goetia, trata essencialmente da descrição e de uma hierarquia atribuída à
setenta e dois demônios que teriam sido confinados pelo próprio Salomão e aprisionados em um vaso
de bronze selado com símbolos mágicos.
Ars Theurgia Goetia é o segundo capítulo do Legemeton e traz uma descrição de trinta e um
espíritos do ar, que foram igualmente invocados e confinados por Salomão, e também, instruções de
como escravizar a vontade desses espíritos e proteger-se de possíveis ataques.
A terceira parte, intitulada Ars Paulina (Arte de Paulo – em referência ao apóstolo cristão que teria
sido o mentor dessas técnicas) aborda tanto a invocação de Anjos, bem como, sua relação com o
zodíaco, astrologia e os quatro elementos.
Ars Almadel é o quarto capítulo. Seu conteúdo é bastante prático e orienta sobre a confecção de
talismãs, contendo descrições detalhadas sobre cores e materiais utilizados; além de citar conjurações
e momentos astrológicos mais favoráveis.
A quinta e última parte é a Ars Notoria. A Arte Notável é a revelação que Salomão recebeu de Deus
através de um anjo e traz, basicamente, orações e instruções de como utilizar este recurso de modo
mais eficiente.

As Chaves contemporâneas
 Atualmente, há nas bibliotecas de Londres e Paris, manuscritos medievais que seriam os
exemplares mais antigos que se tem registro de As Clavículas de Salomão. No entanto, é possível
encontrá-lo em várias versões em livrarias comuns e até mesmo pela Internet.
Deste modo, é evidente que encontrar uma versão "legítima" ou que ao menos se aproxime do
original, não parece ser possível nos dias de hoje. Até mesmo a aplicação prática de um grimório como
este parece inconcebível. De qualquer forma, As Clavículas de Salomão, é uma grande referência
histórica da busca humana pela sua espiritualidade. 

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