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Obs.: O caderno não substitui uma leitura atenta da LC 80/94, bem como a leitura da legislação do
Estado. Recomenda-se fazer um comparativo entre a LC 80/94 e a LC estadual (do local em que
será realizado o concurso).
Tal ideia, vem de vários séculos atrás – surge nos primórdios da humanidade.
1.1.2. Atenas
1.1.3. Roma
É importante destacar que, nesse período, os escravos não eram sujeitos de direitos. Ou
seja, havia uma seletividade prévia. Mas, mesmo assim, já existia desigualdade social e havia uma
preocupação tímida com o acesso à justiça.
Dever de caridade dos advogados e dos juízes. Não se enxerga no direito de acesso à justiça
uma ideia de dever do Estado. O Estado tem que garantir os direitos, mas não compete ao Estado
garantir os instrumentos. Por isso, acesso à justiça era visto como caridade.
Todas as pessoas deviam ser iguais, mas na prática havia uma desigualdade material,
especialmente, no que tange ao acesso ao Judiciário: havia uma seletividade de quem podia
acessá-lo, já que advogados e o processo em si custavam.
TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI (a igualdade é um direito natural de todos os seres
humanos) – é aí que começa a mudar a visão de acesso à justiça, que deixa de ser caridade e
passa a ser um direito.
A mera previsão de direitos era insuficiente: era necessário garantir instrumentos para que
eles pudessem ser efetivados.
Surge a expressão “pro Deo” (seria a versão original da ideia de pro bono) – dever
caritativo.
Surge após as declarações de direito, trazendo de volta a ideia de caridade, que já havia
sido superada.
Essa Declaração, traz a ideia de um Estado que pratica políticas públicas para efetivar
direitos. Além de enumerar direitos, traz os instrumentos.
Porque, na maioria dos países, não há restrição da capacidade postulatória para a esfera
civil, como no Brasil. Então é possível, nesses países, que uma pessoa possa acionar a Justiça
sem advogado e, por isso, a assistência judiciária é voltada para a área criminal, em que se exige
capacidade postulatória.
Como exemplo, temos os EUA. Contudo, importante frisar que mesmo lá já se discute muito
essa questão de não precisar de advogado na área cível e que há uma tendência para mudar esse
cenário.
Com base nas diversas experiências, vivenciadas ao longo do tempo, três modelos de
prestação de assistência judiciária gratuita são vislumbrados.
O Estatuto da OAB, de 1963 que durou até 1994, previa a obrigação do advogado atuar
gratuitamente em prol de pessoas carentes.
Aqui, o Estado reconhece que tem que fazer alguma coisa: advogados privados,
remunerados pelo Estado, atuam para pessoas pobres.
2.2.1. Vantagens
• Menor custo – porque eles atuam por causa e não são funcionários do Estado – não
há custos previdenciários, de estrutura física etc.
2.2.2. Desvantagens
Há quem sustente que a terminologia “modelo público” é equivocada, porque modelo público
incluiria o judicare, já que é o Estado quem remunera os advogados.
É o modelo de Defensoria Pública: o Estado cria uma estrutura com dedicação exclusiva de
servidores públicos.
2.3.2. Desvantagens
• Maior custo;
Ana Paula Barcelos encara o direito de Acesso à Justiça como um mínimo existencial,
capaz de otimizar a concretização dos direitos. Assim, o argumento da reserva do possível não é
cabível para prejudicar a boa estrutura e desempenho da Defensoria Pública.
Educacional: as pessoas não tinham conhecimento dos seus direitos e de que poderiam
ingressar no judiciário;
Tutela dos direitos difusos e coletivos, prevista no artigo 4º, VII, da LC 80/94.
3.4.1. Geográfico
3.4.2. Linguístico
3.4.3. Cultural
Temor reverencial que as pessoas possuem das “autoridades”. Ex.: juízes, promotores,
defensores.
Por fim, cabe mencionar que a luta pelo efetivo acesso à justiça extrapola, e muito, o âmbito
do jurídico. Somente uma ação conjunta e progressiva, pautada pela pluralidade e pela dialética,
ECONÔMICO – quem é pobre, não tem Assistência judiciária gratuita aos pobres
condições de arcar com as custas do processo
e nem com honorários advogados. Esse
aspecto também influencia na compreensão
dos direitos das pessoas – muitas vezes a
pessoa nem sabe que tem direito
Assistência judiciária gratuita – favor real - “Em sendo o agravante tão pobre que jure não
ter bens móveis, nem de raiz, nem por onde pague o aggravo, e dizendo na audiência uma vez o
Pater Noster pela alma del Rey Don Diniz, ser-lhe-á havido como que pagasse os novencentos réis,
contanto em que tire de tudo certidão no tempo em que havia de pagar o aggravo”
Ou seja, a pessoa tinha que tirar certidão de tudo e rezar o pai nosso pela alma do rei Dom
Diniz.
IAB (1870) – O IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros) surge dessa ideia de assistência
judiciária.
4.3.1. CF de 1934
Foi a primeira no Brasil a prever o dever do Estado de prestar assistência judiciária gratuita
aos pobres.
CESPE DPE/RN: A determinação dirigida à União e aos estados para a concessão de assistência
judiciária aos necessitados surgiu pela primeira vez na Constituição de 1934. Correto!
Direito do indivíduo e dever estatal de prestação de assistência judiciária gratuita aos pobres
– assegurar advogado para atuar gratuitamente no processo judicial e isenção das custas.
Exemplos esparsos:
• SP (1947 – PAJ);
4.3.2. CF de 1937
Getúlio Vargas.
Entre os artigos 68 e 79, o Código de Processo Civil de 1939 inaugurou o instituto da justiça
gratuita aos necessitados, representando uma evolução no acesso à justiça. O art. 68, V e parágrafo
único dispunha sobre a gratuidade quanto aos honorários do advogado, que poderia ser indicado
4.3.4. CF de 1946
Art. 141, § 35: “O Poder Público, na forma que a lei estabelecer, concederá
assistência judiciária aos necessitados”
Sob a égide de CF de 1946 surge a Lei 1.060/50 (Lei de Assistência Judiciária ou Lei da
Justiça Gratuita).
Necessitado – redação original – quem não pode pagar as custas processuais e honorários
de advogado sem prejuízo do sustento próprio ou da família – o necessitado para a Lei 1.060/50 é
um necessitado do ponto de vista financeiro.
Obs.: o juiz não tem que deferir o patrocínio dos advogados, mas ele tem que deferir a isenção de
custas processuais (justiça gratuita).
A lei 1.060/50 abrange pessoas nacionais e estrangeiras residentes no país. Não fala em
pessoa jurídica, mas o entendimento jurisprudencial é que ela se aplica sim às pessoas jurídicas,
com a condição de comprovação de ser necessitada.
4.3.6. CF de 1967
4.3.7. CF de 1969
Em virtude de haver a Lei 1060/50, que de modo bastante eficiente previu a gratuidade da
justiça, não previu este instituto, apenas fazendo uma referência a ele no art. 19.
4.3.9. CF de 1988
ADI 5296 – questiona a autonomia da DPU trazia pela EC 74/13 – não questiona o mérito,
mas a forma de aprovação da PEC, porque diz que a iniciativa da PEC foi parlamentar e deveria ter
sido do Poder Executivo. ADI ainda não foi julgada.
Parecer PGR: improcedência da ADI porque não há essa restrição temática de legitimidade
para a mudança da Constituição – não é legitimidade para propor lei e sim para propor emenda –
regramentos diferentes).
Alterou o caput do art. 134, da CF, tornando a redação idêntica ao art. 1º da LC 80/94, com
redação dada pela LC 132/2009.
Além disso, inclui o §4º ao art. 134 da CF, segundo o qual são princípios institucionais da
DP a unidade, a independência funcional e a indivisibilidade, aplicando-se, no que couber o art. 93
da CF, que trata dos magistrados, bem como o disposto no art. 96, II da CF, garantindo a DP a
iniciativa legislativa da criação e extinção de seus cargos.
Por fim, acrescentou ao ADCT o art. 98, que determina que o número de Defensores em
cada unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda. Assim, nos próximos 08 anos a
União, o DF e os Estados deverão contar com um DP em cada Comarca do país. Durante o prazo,
a alocação dos defensores deverá ser garantia nos locais de maior densidade populacional.
A competência para legislar sobre Defensoria Pública é concorrente entre a União (normas
gerais) e os Estados.
Por isso, medida provisória não pode tratar de matérias sobre DP, eis que é vedado tratar
de matéria reservada a lei complementar.
Os cargos de carreira são providos por concurso público, com participação da OAB prevista
pela LC 80/94.
O defensor não pode ser retirado das suas funções de maneira arbitrária – para evitar
ingerências contra si.
Vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (o defensor não pode
advogar nem em causa própria).
STF vai julgar ADI (4636) da OAB contra o dispositivo da LC 80 que prevê que a capacidade
postulatória do defensor decorre da nomeação e posse ao cargo (art. 4º, § 6º) – tema muito
polêmico.
Esse “no que couber” é um problema, porque é genérico. A dúvida que existe na Defensoria
é se esse “no que couber” exige regulamentação infraconstitucional. Ex.: questão da exigência dos
3 anos.
Aplica-se o seguinte:
Aqui, importante destacar a decisão do STJ sobre o tema, vejamos a sempre excelente
explicação do Dizer o Direito:
O art. 93, I, da CF/88 exige três anos de atividade jurídica para os candidatos nos concursos
da Magistratura. Essa exigência pode ser estendida para os concursos da Defensoria
Pública. No entanto, é indispensável a edição de uma lei complementar prevendo
isso (art. 37, I e art. 134, § 1º, da CF/88). Enquanto não for editada lei complementar
estendendo a exigência dos três anos para a Defensoria Pública, continua válida a regra do
art. 26 da LC 80/94, que exige do candidato ao cargo de Defensor Público apenas dois anos
de prática forense, computadas, inclusive as atividades realizadas antes da graduação em
Direito. Desse modo, não é possível que Resolução do Conselho Superior da Defensoria
Pública (ato infralegal) exija três anos de atividade jurídica depois da graduação para os
concursos de Defensor Público. STJ. 2ª Turma. REsp 1676831/AL, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 05/09/2017.
Desse modo, depois da EC 80/2014, as normas do art. 93 da CF/88 também devem ser
aplicadas à Defensoria Pública, no que couber.
O inciso I do art. 93 trata dos concursos públicos para a magistratura e exige do candidato
que ele tenha, no mínimo, 3 anos de atividade jurídica. Confira:
O STF entendeu que este art. 93, I, é autoaplicável, ou seja, possui natureza de norma
jurídica de eficácia plena, de sorte que não precisa de lei para produzir todos os seus efeitos.
A Defensoria Pública é regida pela Lei Complementar nº 80/94. Esta Lei traz regra diferente
do art. 93, I, da CF/88.
Segundo a LC 80/94, nos concursos para o cargo de Defensor Público federal, o candidato
precisa ter apenas 2 anos de prática forense, sendo que esse período pode ser computado por meio
de atividades realizadas antes da colação de grau:
• O inciso I do art. 93 da CF/88, que exige três anos de atividade jurídica para o
candidato ao cargo, aplica-se para os concursos da DPU?
1ª posição: o art. 93, I, da CF/88 aplica-se à Defensoria Pública, por força do art. 134, § 4º,
e, portanto, o art. 26, caput e § 1º da LC 80/94 não estão mais em vigor.
Como consequência, exigem-se três anos de atividade jurídica, que somente podem ser
computados depois da colação de grau. Isso porque foi assim que o STF interpretou o art. 93, I, da
CF/88 para os concursos da Magistratura, devendo ser adotada a mesma exegese para a
Defensoria Pública.
Esta foi a interpretação dada pelo Conselho Superior da Defensoria Pública da União
(Resolução 118/2015).
2ª posição: o art. 93, I, da CF/88 aplica-se à Defensoria Pública. Assim, exigem-se três anos
de atividade jurídica do candidato ao cargo de Defensor Público.
No entanto, esses três anos de atividade jurídica podem ser computados antes da colação
de grau. Os partidários dessa corrente alegam que:
Logo, para essa corrente, o caput do art. 26 da LC 80/94 não foi recepcionado pela EC
80/2014, mas o § 1º continua em vigor por não ser incompatível com a emenda.
3ª posição: é possível aplicar o art. 93, I, da CF/88 à Defensoria Pública, no entanto, para
isso, exige-se a edição de uma lei complementar alterando a LC 80/94.
Enquanto não houver lei complementar disciplinando o tema segundo o art. 93, I, da CF/88,
permanece válida a exigência de dois anos de prática forense prevista no art. 26 da LC 80/94.
Posição do STJ
O STJ possui um precedente recente adotando a 3ª corrente. Veja, em resumo, o que foi
decidido:
O art. 93, I, da CF/88 exige três anos de atividade jurídica para os candidatos
nos concursos da Magistratura. Essa exigência pode ser estendida para os
concursos da Defensoria Pública. No entanto, é indispensável a edição de
uma lei complementar prevendo isso (art. 37, I e art. 134, § 1º, da CF/88).
Enquanto não for editada lei complementar estendendo a exigência dos três
anos para a Defensoria Pública, continua válida a regra do art. 26 da LC
80/94, que exige do candidato ao cargo de Defensor Público apenas dois
anos de prática forense, computadas, inclusive as atividades realizadas antes
da graduação em Direito. Desse modo, não é possível que Resolução do
Conselho Superior da Defensoria Pública (ato infralegal) exija três anos de
atividade jurídica depois da graduação para os concursos de Defensor
A questão, por envolver tema constitucional, será ao fim resolvida pelo STF. Vamos aguardar
o que o Supremo irá decidir.
No caso dos concursos da Defensoria Pública dos Estados, a LC 80/94 nem sequer exige 2
anos de prática forense. Confira:
Nesses casos, deve-se analisar a lei que rege a Defensoria Pública no Estado. A maioria
das leis complementares estaduais que conheço repete a previsão do art. 26 da LC 80/94 e exige
dois anos de prática forense, permitindo o estágio profissional realizado antes da colação de grau.
Para complicar ainda mais o tema, no caso do concurso da Defensoria Pública do DF, a LC
80/94 traz uma regra ligeiramente diferente. Isso porque se exige que o estágio tenha sido feito na
Defensoria Pública, exigência que não existe para o caso da DPU. Veja:
a) A alteração do número de membros dos tribunais inferiores – não se encaixa muito para
a Defensoria;
b) A criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos
juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e
dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver;
c) A criação ou extinção dos tribunais inferiores – não se encaixa muito para a Defensoria.
A criação de unidades internas pela Defensoria já decorria da sua autonomia
administrativa;
d) A alteração da organização e da divisão judiciárias – iniciativa de alteração da LC
Estadual compete ao DPG? Não há bibliografia sobre esse assunto ainda e ele é bem
discutível. O professor entende que não, porque esse dispositivo não revoga outros
dispositivos constitucionais que preveem a competência privativa do chefe do Poder
Executivo.
Pode-se dizer que a Defensoria tem uma nova autonomia: AUTONOMIA LEGISLATIVA. O
DPG encaminha ao Poder Legislativo. Mas depende de sanção do Poder Executivo.
Teto fixado pelo art. 37, XI (por força de remissão do art. 135 e do art. 39, §4º, da CF) –
90,25% de Min. do STF (para o TJ, MPE, PGE e Defensoria Estadual)
MP estadual aproveitou o embalo e foi no mesmo sentido: editou resolução com previsão de
teto de 100% do salário dos ministros do STF para os membros do MP – mas sem decisão do STF
nesse sentido (a decisão do STF é para os magistrados).
Algumas defensorias no país, por meio de regulamentação interna (assim como fez o MP),
já consideram o teto de 100%.
5.5. ADCT
Mudanças efetuadas pela EC 80/14 no art. 98 do ADCT (por isso a PEC foi chamada de
“PEC das Comarcas”):
Ex.: curadoria especial; defesa criminal – mas se a pessoa tem condições financeira, é
possível pedir o arbitramento de honorários em prol da DPE ao juiz; tutela coletiva; educação em
direitos; participação em conselhos comunitários e em políticas públicas.
Percebe-se que essa divisão clássica tem mais funções atípicas do que típicas, por isso
muitos entendem que ela está ultrapassada.
Proposta de nova classificação: todas as funções são típicas e devem ser classificadas de
acordo com a sua finalidade.
100 Regras de Brasília sobre Acesso à justiça das Pessoas em Condição de Vulnerabilidade
- 14ª Conferência Judicial Ibero-Americana 2008.
Ademais, o conceito de necessitado deve ser lido à luz da Constituição, que fala em
“insuficiência de recursos” e não “insuficiência de recursos financeiros”. Deve-se ir além do critério
financeiro.
ADI 3943 (CONAMP): questionamento do art. 5º da Lei da ACP que previa a legitimidade da
DP em ação civil pública. STF decidiu que o dispositivo é constitucional (unanimidade) e não fez o
recorte de que as pessoas atingidas por essa ação têm que ser necessariamente necessitadas,
porque a ação civil pública pode vir a atingir não só hipossuficientes econômicos.
A Defensoria tem um papel primordial de atender o hipossuficiente econômico, mas isso não
impede que a Defensoria atenda outros vulneráveis.
7. CONCEITOS IMPORTANTES
Serviço público mais amplo, que envolve informação, conscientização, educação em direitos
e construção de cidadania + assistência judiciária.
De acordo com Franklin Roger, a expressão assistência jurídica, por outro lado, possui
conotação bem mais ampla, abrangendo toda e qualquer atividade assistencial concernente ou
relacionada ao universo do Direito. Consiste no auxílio, na ajuda ou no amparo prestado no campo
jurídico – dentro ou fora de uma relação jurídico-processual.
8. AUTONOMIAS INSTITUCIONAIS
Alguns autores entendem que a Defensoria não integra o Poder Executivo e não está
vinculada a nenhum outro poder. A natureza jurídica seria de um “para-poder”.
Outros autores, inclusive o professor, entendem que a Defensoria está vinculada ao Poder
Executivo, assim como o Ministério Público. Tanto a DP quanto o MP estão ligados a políticas
públicas, ou seja, ligados à função executiva do poder estatal. Mas isso não significa que não há
autonomia. Professor refere-se à própria nomeação do DPG pelo governador mostra essa relação.
Para cumprir a sua função, a Defensoria não se submete à vontade de outras esferas de
poder. Ela age de maneira independente em relação ao cumprimento de sua função.
Ex.: cracolândia em 2012 – Defensoria manteve a atuação mesmo com o governo estadual
“batendo” na Defensoria. Isso não seria possível se não houvesse essa previsão.
Não confundir com independência funcional (que é prevista como garantia do defensor e
princípio institucional).
Essa proposta será ponderada pelo Poder Legislativo. Isso significa que a proposta da
Defensoria não será necessariamente acatada.
Mas atenção! O Poder Executivo não pode mexer na proposta da Defensoria (jurisprudência do
STF) – só o Poder Legislativo pode alterar quando a aprovar a lei orçamentária.
A Defensoria Pública pode enviar sua proposta orçamentária diretamente para a Assembleia
Legislativa ou Congresso Nacional?
NÃO. A CF/88 não assegura essa possibilidade à Instituição. O que a CF/88 prevê é que a
Defensoria Pública irá aprovar a sua proposta orçamentária e encaminhá-la ao chefe do Poder
Executivo. Este irá consolidar, ou seja, reunir em um único projeto de Lei Orçamentária, as
propostas orçamentárias do Executivo, do Judiciário, do MP e da Defensoria, encaminhando o
projeto para ser apreciado pelo Poder Legislativo.
Feitos esses esclarecimentos prévios, vejamos um caso julgado pelo STF no final de 2013
envolvendo a autonomia financeira da Defensoria Pública.
3) A Defensoria Pública foi prevista no projeto de lei como se fosse uma Secretária de Estado
vinculada ao Governador.
A ANADEP defendeu na ação que a proposta orçamentária da Defensoria deveria ter sido
encaminhada à Assembleia Legislativa pelo Governador do Estado como sendo um orçamento
autônomo (não integrante do orçamento do Poder Executivo), já que a Defensoria é um órgão
autônomo, que não pode ser equiparado a uma Secretaria de Estado.
Sendo o ato em questão dotado de efeitos concretos e oriundo de autoridade pública, poder-
se-ia cogitar da impetração de mandado de segurança coletivo para impugná-lo. No entanto, a
ANADEP não teria legitimidade ativa para propor o MS no presente caso. Isso porque o que está
sendo discutido é o direito que a Defensoria Pública possui de que a sua proposta orçamentária
para o ano de 2014 seja encaminhada à Assembleia sem a redução perpetrada pelo Governador
do Estado (art. 134, § 2º, da CF/88). Logo, o direito que está sendo defendido é da Defensoria
Pública (e não diretamente dos Defensores Públicos).
Sendo um direito da própria Instituição (e não dos associados), a associação não poderia
propor MS como substituto processual. Enfim, o único instrumento processual por meio do qual a
ANADEP poderia atacar o ato concreto do Governador do Estado seria realmente a ADPF.
SIM. O Plenário do STF referendou medida liminar concedida pelo Relator, determinando
que o Governador do Estado da Paraíba e o Secretário de Planejamento façam a imediata
complementação do Projeto de Lei Orçamentária para nele incluir a Proposta Orçamentária da
Defensoria Pública como Órgão Autônomo e nos valores por ela aprovados. STF. Plenário. ADPF
307 Referendo-MC/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/12/2013.
Vale ressaltar que, apesar de o julgamento ainda não ter sido concluído, a liminar concedida
é, na prática, irreversível, de forma que podemos considerar que o entendimento do STF sobre o
tema é esse.
Segundo apontou o Min. Dias Toffoli, tal conduta constitui inegável desrespeito à autonomia
administrativa da instituição, além de ingerência indevida no estabelecimento de sua programação
administrativa e financeira.
A Defensoria Pública poderia ter sido classificada, no projeto da Lei Orçamentária enviado
pelo Governador à ALE, como se fosse uma Secretaria de Estado?
NÃO. O STF possui entendimento pacífico no sentido de que são inconstitucionais leis ou
outros atos que subordinem a Defensoria Pública ao Poder Executivo, por implicar violação à
autonomia funcional e administrativa da instituição. Vale ressaltar que o art. 134, § 2º da CF/88
possui eficácia plena e aplicabilidade imediata. Nesse sentido, confira-se os seguintes julgados:
SIM, mas essa providência não era a redução unilateral dos valores, como foi feito.
9. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS
Cabe à DP:
a) Orientação jurídica;
b) Promoção dos direitos humanos;
c) Defesa, em todos os graus judicial e extrajudicial, dos direitos difusos e coletivos.
a) Unidade;
c) Independência funcional
10.3.1. Unidade
Aplicação prática desse princípio pode ser verificada no seguinte julgado do STJ.
Quando o defensor se manifesta, não age em nome próprio, age em nome da instituição.
Ex.: impetração de habeas corpus, ajuizamento de ação etc.: a nomenclatura utilizada é “por meio
da DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO X”, e não “por meio do Defensor Público Fulano de tal”.
10.3.2. Indivisibilidade
Significa que a Defensoria Pública consiste em “um todo orgânico, não estando sujeita a
rupturas ou fracionamentos”. Esse princípio permite que seus membros se substituam uns aos
outros, a fim de que a prestação da assistência jurídica aconteça sem solução de continuidade, de
forma a não deixar os necessitados sem a devida assistência.
Neste sentido: “A Defensoria Pública pertence aos Defensores Públicos e aos assistidos, e
a sua razão de ser consiste no fato de que as suas normas fundamentais e o funcionamento de
seus órgãos não podem sofrer qualquer solução de continuidade. Uma vez deflagrada a atuação
do Defensor Público, deve a assistência jurídica ser prestada até atingir o seu objetivo, mesmo nos
Atenção! Algumas leis estaduais, a exemplo da DPE/SP traz como atribuições. A LC 80/94,
em seu art. 4º, refere-se a funções institucionais.
Destaque para a possibilidade de a Defensoria agir sem provocação – ex.: defensor vai a
um estabelecimento penal mesmo que ninguém denuncie nada, ele vai para fiscalizar.
Art. 4º-A. São direitos dos assistidos da Defensoria Pública, além daqueles
previstos na legislação estadual ou em atos normativos internos:
I – a informação sobre:
a) localização e horário de funcionamento dos órgãos da Defensoria Pública;
b) a tramitação dos processos e os procedimentos para a realização de
exames, perícias e outras providências necessárias à defesa de seus
interesses;
II – a qualidade e a eficiência do atendimento;
III – o direito de ter sua pretensão revista no caso de recusa de atuação pelo
Defensor Público;
IV – o patrocínio de seus direitos e interesses pelo defensor natural;
V – a atuação de Defensores Públicos distintos, quando verificada a
existência de interesses antagônicos ou colidentes entre destinatários de
suas funções.
O primeiro direito é do de informação, tendo em vista que o assistido deve ser informado dos
horários de atendimento, dos locais em que o atendimento será feito, bem como do processo e
procedimento referente ao seu atendimento, tais como perícias.
O Defensor Público poderá deixar de patrocinar ação, quando ela for manifestamente
incabível ou inconveniente aos interesses da parte sob seu patrocínio, comunicando o fato ao
Defensor Público Geral, com as razões de seu proceder. Nestes casos, assistido possui o direito
de sua pretensão ser revista.
Quer o princípio do defensor natural designar que, da mesma forma que a ordem
jurídica repele o juiz e o acusador de exceção, também a defesa pública deve ser
desempenhada por um profissional com atribuição previamente fixada em lei ou em
regramento interno da instituição, proibindo-se, desta forma, designações arbitrárias
ou discricionárias, assim como a remoção do defensor público do processo ou caso
que esteja atuando sem que tenha havido justa causa.
O princípio do defensor natural traz consigo tanto uma garantia para o próprio
defensor público quanto para o assistido da Defensoria Pública, possuindo,
portanto, uma dupla destinação subjetiva.
Antes de caminharmos para o fim deste tópico, uma pergunta: o assistido tem direito
a ser ouvido e a se manifestar previamente à substituição (legal) do defensor público
que acompanha o seu caso? Um exemplo pode facilitar a compreensão.
Consideremos a hipótese de que o processo de João é acompanhado desde o início
por X, o seu defensor natural. Ocorre que o defensor público X, por algum motivo
temporário (férias, afastamento, licença etc.) ou definitivo (aposentadoria, remoção,
promoção etc.), não poderá prosseguir atuando no processo. Diante deste contexto,
o assistido tem direito a ser ouvido e a se manifestar sobre a substituição temporária
ou definitiva ou seu defensor natural? Coerente com o que sustentei anteriormente,
entendo que não há esse direito, já que o princípio do defensor natural limita e
condiciona o princípio da indivisibilidade, proibindo somente as substituições
arbitrárias do defensor natural. Neste sentido, já se posicionou o STF:
Um exemplo extraído da prática penal: o assistido terá o seu defensor natural que irá
atuar no caso em primeira instância e, havendo a interposição de recurso de
apelação contra a sentença penal condenatória, o assistido terá outro defensor
natural, conforme regras prévias de distribuição, que atuará perante o Tribunal, sendo
que, mantida a condenação e interposto eventual recurso extraordinário ou recurso
especial, o assistido poderá ter um terceiro defensor natural, responsável pela
atuação perante Tribunais Superiores, nada impedindo, ainda, que, transitada em
julgado a condenação, o assistido tenha um quarto defensor natural, com atribuição
para atuar na fase de execução da pena.
10.6.1. Garantias
Art. 127. São garantias dos membros da Defensoria Pública do Estado, sem
prejuízo de outras que a lei estadual estabelecer:
I - a independência funcional no desempenho de suas atribuições;
II - a inamovibilidade;
III - a irredutibilidade de vencimentos;
IV - a estabilidade.
1) Inamovibilidade
3) Estabilidade
4) Independência funcional
Merece atenção o art. 128, XII, da LC 80/94 – é prerrogativa do Defensor Público deixar de
patrocinar ação, quando manifestamente incabível ou inconveniente aos interesses da parte sob
seu patrocínio, comunicando ao DPG as razões do seu proceder, podendo este, se discordar
fundamentadamente das razões apresentadas, propor a ação ou designar outro Defensor Público
para que o faça.
Ex.: Um assistido procura a DP dizendo que ganhou na loteria, mas não recebeu o valor. Ao
ser perguntado sobre o bilhete, afirma que perdeu, mas que havia notado os números em uma
papel. Nota-se que é uma demanda juridicamente inviável. Outra situação: a pessoa chega na
Defensoria e diz “meu nome é Ernesto e quero mudá-lo” e o defensor acha que a pessoa não tinha
que mudar o nome, porque não tem nada demais nesse nome. O defensor não pode recusar. É
provável que o juiz indefira o pedido, mas não é certeza, e o defensor tem que atuar.
Se o DPG achar que o defensor usou da independência funcional por “preguiça”, ele pode
representá-lo na Corregedoria, mas não pode obrigar o defensor a atuar. Outro defensor tem que
ser designado, que age como um longa manus do DPG (como o art. 28 do CPP) – há autores
(Franklin Roger) que defendem que esse novo defensor designado pode se negar a atuar.
10.6.2. Prerrogativas
Ressalta-se que se não há prova do dia em que os autos chegaram na Instituição, o prazo
se inicia na data em que o Defensor der o "ciente" no processo. Nesse sentindo:
b) Receber os autos com vista (é um carimbo que possibilita que o defensor se manifeste por
meio de cota) – isso só vale para o processo físico.
c) Prazo em dobro
4) Poder de requisição
Obs.: Fazer comparativo com a lei do Estado, pois aqui aparecem diferenças.
1) Defensor Público-Geral
• Membros estáveis;
Art. 99. A Defensoria Pública do Estado tem por chefe o Defensor Público-
Geral, nomeado pelo Governador do Estado, dentre membros estáveis da
Eleição: todos os defensores votam e os eleitos compõem uma lista tríplice. O voto é:
• Obrigatório,
• Direto,
• Secreto,
Nomeação: Governador (também exonera o DPG nos casos previstos em lei), que tem a
prerrogativa de escolher livremente entre os integrantes da lista tríplice
• Conduta incompatível;
b) Subdefensor
Nomeação: DPG (livre nomeação e exoneração, não tem mandato, nem limite ou cláusula
de barreira) – tratamento diverso da DPU e DPDF (escolha pelo Conselho).
Função: auxilia e substitui o Defensor Público Geral em suas ausências (membro nato
obrigatório do Conselho).
Os Estados podem criar mais de um Subdefensor Público Geral – art. 99, § 2º da LC 80/94.
3) Conselho Superior
Elegíveis: todos os membros estáveis da carreira, não afastados (em exercício) – art. 101,
§4º da LC 80/94.
Presidido pelo Defensor Público Geral, que tem voto de qualidade (é mais do que voto de
desempate – se há empate, ele vota como membro nato e vota de novo o desempate), exceto em
matéria disciplinar.
Atenção! A Ouvidoria-Geral também não tem direito a voto. É membro nato, mas não pode votar. É
o único membro que não pode votar.
4) Corregedor-Geral
É um órgão de fiscalização.
Requisitos: Defensores integrantes da classe mais elevada da carreira – é o único cargo que
tem esse requisito.
1) Defensores Públicos.
1) Ouvidoria
Requisitos para o cargo: cidadão de reputação ilibada não integrante da carreira – qualquer
formação.
Atribuições:
2) Outros órgãos
10.9. PROMOÇÃO
10.10. REMOÇÃO
Art. 120. A remoção compulsória somente será aplicada com prévio parecer
do Conselho Superior, assegurada ampla defesa em processo administrativo
disciplinar.
c) A pedido (art.121).
Art. 129. São deveres dos membros da Defensoria Pública dos Estados:
I - residir na localidade onde exercem suas funções, na forma do que dispuser
a lei estadual;
II - desempenhar com zelo e presteza, dentro dos prazos, os serviços a seu
cargo e os que, na forma da lei, lhes sejam atribuídos pelo Defensor Publico-
Geral;
III - representar ao Defensor Publico-Geral sobre as irregularidades de que
tiver ciência, em razão do cargo;
IV - prestar informações aos órgãos de administração superior da Defensoria
Pública do Estado, quando solicitadas;
V - atender ao expediente forense e participar dos atos judiciais, quando for
obrigatória a sua presença;
VI - declararse suspeito ou impedido, nos termos da lei;
VII - interpor os recursos cabíveis para qualquer instância ou Tribunal e
promover revisão criminal, sempre que encontrar fundamentos na lei,
jurisprudência ou prova dos autos, remetendo cópia à Corregedoria-Geral.
Art. 130. Além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos
membros da Defensoria Pública dos Estados é vedado:
I - exercer a advocacia fora das atribuições institucionais;
O CPC/2015, praticamente, derrogou esta Lei 1.060/50. Mas é importante fazer uma análise.
Ao final, far-se-á um quadro comparativo.
Pela Lei 1.065/50 era a dispensa do pagamento adiantado das despesas processuais em
favor de quem não dispõe de recursos para custeá-las sem prejuízo do sustento próprio ou do de
sua família (art. 2º, parágrafo único, Lei n. 1.060/50).
Caberá ao juiz conceder ou não, a negativa em nada interfere na atuação da DPE (já foi
questão de prova)
NÃO. É suficiente que se alegue na petição inicial (ou contestação) que não se dispõe de
meios para arcar com as despesas do processo (art. 4º), competindo ao juiz deferi-la [há presunção
CPC/2015 Art.98
§ 2o A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário
pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de
sua sucumbência.
§ 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
§ 4o A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar,
ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas.
§ 7o Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos emolumentos
previstos no § 1o, inciso IX, do presente artigo, observada a tabela e as
condições da lei estadual ou distrital respectiva.
§ 8o Na hipótese do § 1o, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao
preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o
notário ou registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao juízo competente
para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial do
SIM.
CPC/2015 Art.98
§ 5o A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os
atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas
processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
§ 6o Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de
despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do
procedimento.
1.9. A gratuidade judiciária pode ser analisada nas instâncias especiais (STF e STJ)?
DEPENDE.
R: Nesse caso, pode pedir a concessão do benefício da gratuidade da justiça, que será
analisado incidentalmente ao recurso interposto.
2º caso: Um conceituado médico ingressa com ação visando à reparação de danos morais.
Alega que é pobre e requer o benefício da justiça gratuita. O juízo de 1º grau indefere por haver
provas de que o requerente não é hipossuficiente. Recorre para o TJ, que confirma o provimento
monocrático. Recorre ao STJ, alegando que houve ofensa à Lei 1.060/50.
R: Nesse caso a justiça gratuita não é meramente incidental, trata-se de objeto principal do
recurso. Aqui é inviável o reconhecimento do recurso, uma vez que o foco do exame feito pelas
instâncias ordinárias se debruçou sobre a matéria de fato. Para o STJ dar provimento ao recurso,
Atenção!
SIM, pois a justiça gratuita submete-se a cláusula rebus sic stantibus, ou seja, se a parte
não é mais hipossuficiente, a alteração do panorama gerará a revogação do benefício.
O benefício será concedido aos nacionais e aos estrangeiros (o CPC/2015, não mais exige
que seja residente no país), bem como as pessoas jurídicas ou naturais.
Súmula 481 do STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica
com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com
os encargos processuais.
Contra a decisão que indeferir ou revogar, cabe agravo de instrumento. Salvo se a decisão
for proferida na sentença, hipótese que caberá apelação.
Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido
de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão
for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação.
§ 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão
do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.
§ 2o Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o
órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas
processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do
recurso.
Atenção! Não é necessário prévio preparo do recurso contra a decisão que indeferiu a justiça
gratuita (art. 101, §1º).
Ponto feito com base nas explicações do Prof. Márcio Cavalcante (Dizer o Direito).
12.1. CONCEITO
Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica),
a Defensoria Pública possui a função de custos vulnerabilis. Assim, segundo a tese da Instituição,
em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos vulneráveis seria possível a
Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua participação processual
ocorre não como representante da parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos
necessitados em geral.
No âmbito das execuções penais, a Defensoria Pública argumenta que, desde 2010, existe
previsão expressa na Lei nº 7.210/84 autorizando a intervenção da Instituição como custos
vulnerabilis:
No âmbito cível, especificamente no caso das ações possessórias, o art. 554, § 1º do CPC
é exemplo de intervenção custos vulnerabilis:
Vale ressaltar que as duas previsões acima são exemplificativas, admitindo-se a intervenção
defensorial como custos vulnerabilis em outras hipóteses. A Defensoria Pública defende, inclusive,
que essa intervenção pode ocorrer mesmo em casos nos quais não há vulnerabilidade econômica,
mas sim vulnerabilidade social, técnica, informacional, jurídica. É o caso, por exemplo, dos
consumidores, das crianças e adolescentes, dos idosos, dos indígenas etc. Veja o que diz o ECA:
Assim, nos casos de outras espécies de vulnerabilidades, não importa se estamos tratando
de pessoas economicamente necessitadas. As outras formas de vulnerabilidades já justificariam a
intervenção do órgão na causa.
12.2. OBJETIVO
Ainda não há muito escrito sobre o tema, no entanto, a tese institucional da Defensoria
Pública é a de os institutos são diversos.
Exercendo, o poder normativo que lhe corresponde, a Assembleia Geral da OEA, campo de
representação democrática dos Estamos Membros, aprovou em sessão plenária realizada em 07
de junho de 2011 a Resolução n. 2656, intitulada “Garantias de acesso à justiça: o papel dos
defensores públicos oficiais”.
A Resolução faz referência tanto ao PIDCP quanto a CADH, referindo que as duas preveem
a hipótese de o Estado garantir um defensor público aos acusados em processo penal, quando
estes não constituírem ou não tiverem condições financeiras de o fazerem.
Ressalte-se que, até então, tal serviço era prestado por advogados particulares, numa
espécie de sistema pro bono, onde a aceitação de participação na demanda estava na maior parte
das vezes diretamente relacionada à exposição midiática que o caso pudesse trazer ao profissional,
já que na maioria dos casos as vítimas de graves violações a direitos humanos não possuem
recursos financeiros suficientes à contratação deste serviço. Resolve-se, assim, um problema típico
da relação de direito internacional, tendo em conta a valorização do indivíduo enquanto sujeito de
direito internacional e a possibilidade de postulação perante essa espécie de organismos.
Ou seja, agora não só a OEA exorta seus Estados membros a adotarem o sistema público
de assistência jurídica como ainda apoia, que o acesso a seus órgãos internos, como a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos, seja viabilizado
mediante a figura de um defensor público oficial, visando facilitar o acesso do cidadão necessitado
à justiça, interna e internacionalmente, almejando a mais completa e adequada tutela dos direitos
mais elementares do ser humano, que o acesso à justiça destina-se a instrumentalizar.
“Eles foram expulsos sem o devido processo legal, não tiveram direito a defesa, não foram
notificados e sequer puderam interpor recurso, devido ao tempo extremamente curto”,
explicou Roberto.
Após ser presa, a família foi julgada e absolvida e, então, denunciou o caso à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos e como não houve entendimento entre as partes, o
caso foi encaminhado à Corte Interamericana e assumido pelos Defensores Roberto e
Gustavo.
A família hoje reside no Chile, que inclusive, os acolheu como refugiados. No período em
que faziam a defensa do caso, Roberto e Gustavo chegaram a ir ao Chile e conversaram
com a família na sede da Defensoria Pública daquele país. A decisão saiu na segunda
quinzena de dezembro.
RESOLVE:
1. Afirmar que o acesso à justiça, como direito humano fundamental, é, ao mesmo tempo,
o meio que possibilita que se restabeleça o exercício dos direitos que tenham sido ignorados ou
violados.
2. Apoiar o trabalho que vêm desenvolvendo os defensores públicos oficiais dos Estados
do Hemisfério, que constitui um aspecto essencial para o fortalecimento do acesso à justiça e à
consolidação da democracia.
Trata da Defensoria Pública Oficial como garantia de acesso à justiça e das pessoas em
condições de vulnerabilidade.
RESOLVE
Mais uma vez, ressalta que o acesso à justiça não acaba com a entrada do processo no
Poder Judiciário, mas se estende ao longo do processo.
RESOLVE:
1. AFIRMAR que o acesso à justiça é tanto um direito fundamental, bem como um meio
para assegurar os direitos que foram desrespeitados ou que são desconhecidos;
2. APOIAR o trabalho que os Defensores Públicos estão realizando no Hemisférico, que é
essencial para o fortalecimento do acesso à justiça e para consolidação da democracia.
3. AFIRMAR a importância da prestação de serviço de assistência judiciária gratuita pelos
DP oficiais, que significa a promoção e a proteção do direito de acesso à justiça,
principalmente às pessoas que se encontram em situações especiais de vulnerabilidade,
em todas as fases do processo;
4. REITERAR aos Estados que já possuem o serviço de assistência jurídica gratuita
prestada pela DP, que tomem providencias para garantir aos Defensores Públicos
oficiais a plena autonomia funcional, financeira, orçamental e técnica;
5. DESTACAR, Apesar da diversidade dos sistemas jurídicos de cada país, a importância
da independência funcional, da autonomia financeira, da defesa do funcionário público
como parte dos esforços dos Estados-Membros, para assegurar um serviço público
eficiente, livre de interferência indevida e de controles obrigatórios, por outros ramos do
governo, que podem afetar sua autonomia funcional e os interesses de seus assistidos;
6. INCENTIVAR os Estados que não possuem Defensoria Pública, a cria-las em seu
ordenamento jurídico;
7. INCENTIVAR, quando necessário, que os Estados promovam a participação dos
Defensores Públicos no sistema interamericano de direitos humanos, a fim de que o
direito de defesa técnica seja exercido e garantido, desde a primeira atuação no
processo, dirigida contra uma pessoa em nível nacional, até quando da emissão de uma
sentença por parte da Corte Interamericana.
8. INSTAR os Estados a promover oportunidades de cooperação internacional, para o
intercâmbio de experiência e boas práticas na matéria.
9. INCENTIVAR os Estados e os órgãos do sistema interamericano a celebrar convênios
para a realização de capacitação e formação dos defensores públicos oficiais.
10. SOLICITAR, ao conselho permanente, a realização de uma segunda seção especial pela
Comissão de Assuntos Jurídicos e Políticos da OEA, sobre o intercâmbio de
experiências e boas práticas geradas a partir da implementação das Resoluções 2696/11
e 2714/12, no primeiro trimestre de 2014, com a presença dos Estados e suas