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INTRODUÇÃO
1. Chamado e reconhecimento
1
LARSEN, David. L. Anatomia da Pregação. São Paulo: Vida, 2005, p. 45.
2
CUYLER, Thedore L. Ao Jovem Pregador. Foz do Iguaçu, PR: Letras, 2014, p.13.
Diria que o único homem chamado a pregar é aquele que não pode
fazer qualquer outra coisa, no sentido de que ele não fica satisfeito com
qualquer outra coisa. Esta chamada para pregar se impõe de tal modo,
que ele diz: ‘não posso fazer outra coisa;3
3
LLOYD-JONES, Martyn. Pregação e pregadores. 2.ed. São José do Campos, Sp: FIEL, 2008,
p.98.
4
ANGLADA, Paulo. Introdução à Pregação Reformada: Uma investigação histórica sobre...
Ananindeua, Pa: KNOX, 2005, p. 87.
5
Isaías 6.8 (Revista e Atualizada).
profeta às nações.”6 . O profeta Amós depois de ser confrontado pelo sacerdote
Amazias, diz: “Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e
colhedor de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de após o gado e o Senhor me
disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel. ”7 Esses profetas não resistiram ao
chamamento divino e dedicaram a sua vida ao anuncio dos oráculos de Deus
para o povo de Israel.
No Novo Testamento, de imediato nos Evangelhos, tem-se como
referência a convocação dos doze apóstolos 8, de Paulo9 e Timóteo10, que
exerceram o ofício da proclamação da Palavra de Deus no primeiro século da
era cristã. É importante ressaltar, que esses homens de Deus que anunciaram a
Palavra também obtiveram o reconhecimento da igreja. Seu chamamento era
inquestionável por parte da comunidade dos discípulos de Jesus Cristo.
Concluindo esse ponto, é indispensável lembrar as palavras de James
D. Crane
Em primeiro lugar, a natureza do caso exige um chamamento divino
especial. O ministro da Palavra é chamado por dois nomes
significantes nos escritos do apóstolo Paulo: despenseiro (I Co 4.12) e
embaixador (II Co 5.18-20). A palavra traduzida por ‘despenseiro’ é
oikónomos, e significa, segundo Thayer, ‘aquele que maneja assuntos
domésticos; um mordomo, gerente, superintendente; um capataz ou
inspetor’. É claro que ninguém pode exercer as funções de mordomo,
gerente, capataz ou inspetor sem ser comissionado para isso pelo
dono daquilo que necessita ser vigiado, dirigido ou inspecionado. É
igualmente claro que aquele que é nomeado para tal posto terá que
desempenhar sua função com fidelidade e com o propósito de
aumentar lucros, não seus, mas daqueles que o escolheu. Sendo
ministro da Palavra um ‘despenseiro dos mistérios de Deus’,
concluímos que o é por designação divina. O mesmo raciocínio é valido
para o embaixador. Se o ministério da Palavra é ‘embaixador em nome
de Cristo’, é o não por vontade própria, mas sim por designação de
Deus.11
6
Jeremias 1.5
7
Amós 7.14-15.
8
Mateus 10.7
9
Atos 9.15
10
2 Timóteo 4.2
11
CRANE, James D. O Sermão Eficaz. 3.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1994, p.31-32.
comprometidas com a Bíblia, estão buscando obreiros habilitados e hábeis na
exposição das Sagradas Escrituras.
Todavia, são muitos pregadores que estão dando um empuxão para
baixo na credibilidade daqueles que foram chamados para o ministério da
Palavra. Isso não é simplesmente resultado de uma má formação ministerial,
mas principalmente por serem completamente repreensíveis em sua conduta
moral diante da igreja e da sociedade. Segundo John MacArthur
Como é trágico quando a vida de um pastor sabota a sua mensagem.
Os melhores e mais poderosos sermões expositivos não terão nenhum
efeito se a vida do pregador não for marcada pela justiça. O homem de
Deus deve viver uma vida de obediência a Palavra de Deus. Ele, de
todas as pessoas, deve praticar o que ele prega, ou ninguém o fará. O
Senhor somente permite que um homem justo de Deus, legitimamente
pregue a mensagem da justiça de Deus em Cristo. O medo de Paulo
era que ele chegasse a cair em tentação e fosse desqualificado como
pregador (1 Co 9.27). O homem de Deus deve ser moralmente acima
de toda repreensão (1 Tm 3.2; Tt 1.16)12
12
MACARTHUR, John (ed). Pregação: como pregar biblicamente. Eusébio, CE: Peregrino,
2018, p.110.
13
I Timóteo 3.7
14
É importante ressaltar que no terceiro capítulo de I Timóteo, dos versículos de 1-7, o apóstolo
Paulo já havia apresentado as credencias espirituais e morais daqueles que são chamados e
almejam o episcopado.
15
I Timóteo 6.11
16
MARCARTHR, 2018, p. 109.
Imediatamente se tem a fé e amor como virtudes cristãs que precisam
ser ressaltadas no homem de Deus, com o objetivo de não delir tudo aquilo que
ele prega, pois, “a prática da pregação não pode ser divorciada da pessoa do
pregador. ”17 Essas duas palavras são intercambiáveis nos escritos do apóstolo
Paulo e respectivamente se refere “ fidelidade ou integridade e, por outro, ao
amor sacrificial e serviçal que não dá margem para a cobiça.”18
E por fim são exigidas mais duas virtudes, que são perseverança e
mansidão. Warren W. Wiersbe é preciso ao comentar sobre a perseverança e
mansidão listadas por Paulo
A ‘constância’ dá a ideia de ‘perseverança’, de permanecer fime,
mesmo quando as dificuldades vêm. Não se trata de comodismo, mas
sim de uma coragem que prossegue em meio à adversidade.
‘Mansidão’ não é o mesmo que fraqueza; antes, é ‘poder sob controle’.
A perseverança corajosa sem mansidão torna o indivíduo um tirano.
Talvez o termo ‘brando’ expresse melhor seu significado.19
17
STOTT, John. Eu Creio Na Pregação. São Paulo: Vida, 2003, p.284.
18
STOTT, John. A Mensagem de I Timóteo e Tito: a vida da igreja local, a doutrina e o dever.
São Paulo: ABU, 2004, p. 158.
19
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Vl 6. Santo André, Sp: Geográfica,
2012, p. 307.
Todavia, é importante ressalta que tal conhecimento não se refere
necessariamente a aquisição intelectual, mas um conhecimento que produz
relacionamento com Deus e transformação de vida. O expositor bíblico precisa
ser nutrido pelo poder da Palavra de Deus antes querer nutrir outros. Ele precisa
ser um cristão que se aproxima da Bíblia com toda reverência, temor e
humildade, dizendo: “Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei
respeito. Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua palavra.” 20
As palavras do pastor David. L. Larsen contribuem significativamente
para o que vem sendo dito
Isso significa muito mais do que fazer uma exegese disciplinada
e rigorosa dos textos, visando a melhoria dos sermões que
pregar. Significa um estudo diligente, pessoal e devocional da
Bíblia
5. Vida de oração
20
Salmo 119.15-16.
21
BEEKE, Joel. Espiritualidade Reformada: uma teologia prática para a devoção a Deus. São
José dos Campos, Sp: FIEL, 2014, p. 567.
22
CARSON, D.A. Um Chamado à Reforma Espiritual. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 17.
A oração é indispensável para o ministro da Palavra e seu ministério.
A confissão, ações de graça e intercessão são insubstituíveis. Todo o trabalho
de um pregador será em vão se não for regado a oração. Um dos grandes
exemplos que se tem sobre uma vida de oração é de David Brainerd, um
missionário norte americano, que exerceu o ministério de pregação entre os
índios Delaware. Acompanhe os seguintes relatos no seu diário pessoal:
12 de abril. Nesta manhã, o Senhor agradou-se em levantar a luz do
seu rosto sobre mim, em oração secreta, e fez aquele momento muito
precioso para minha alma...Dia do Senhor, 18 de abril. Cedo pela
manhã, retirei-me ao bosque para oração...Dia 19 de abril. Dediquei
este dia ao jejum e à oração a Deus, pedindo a sua graça,
especialmente para preparar-me para obra do ministério...27 de abril.
Levantei-me e retirei-me cedo para as minhas devoções secretas; e
em oração...23
Deus usou David Brainerd para levar aquela etnia indígena aos pés
da Cruz através da proclamação do Evangelho de Cristo. Um ministério frutífero
plantado no jardim da oração.
Nas Escrituras Sagradas é relatado muitos exemplos de ministérios
solidificados pela oração. Ministérios que demonstraram a sua total dependência
de Deus para serem exitosos. Jesus Cristo regou o seu ministério com oração.
Iniciou e concluiu o seu ministério terreno com oração (Lc 3.21-22; 24.49-51). Os
apóstolos e cristãos primitivos oraram o tempo todo para anunciarem a Palavra
de Deus com intrepidez (Atos 4.29-31). Os apóstolos em especial se dedicaram
à oração (At 6.4). Paulo e seus companheiros dedicavam um bom tempo para a
oração (At 14.23; At 16.13)
23
EDWARDS, Jonathan. A Vida de David Brainerd. 2.ed. São José dos Campos, Sp: FIEL,
2017, p. 40-42.