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Disciplina: Tutela Processual e Responsabilidade Civil e Unidade: V


Administrativa Ambiental
Professor: Augusto Grieco

5. TUTELAS CONSTITUCIONAIS. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO.


AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
CONSTITUCIONALIDADE.

5.1 Mandado de Segurança Coletivo

5.2 Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de


Constitucionalidade
5.1 Mandado de Segurança Coletivo

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, marco do


processo de redemocratização do Estado Brasileiro, trouxe importantes
instrumentos de tutela dos direitos fundamentais, individuais e coletivos.
Esses instrumentos foram denominados de remédios constitucionais,
podendo ser citados o habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança,
individual e coletivo e o mandado de injunção.
<Saiba mais início>
Para saber mais sobre os remédios constitucionais, a obra de Flávio
Martins Alves Nunes Júnior é bem didática e permite uma visão resumida das
principais ações constitucionais.
NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. Remédios Constitucionais. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
<Saiba mais fim>.
Flávio Martins Alves Nunes Júnior explica que os remédios constitucionais
“são normas de conteúdo assecuratório dos direitos fundamentais e que
possuem estrutura procedimental de ação” (NUNES JÚNIOR, 2011, p. 110).
Ingo Wolfgang Sarlet, por sua vez, ensina que os remédios constitucionais
são procedimentos de matriz constitucional (e, neste sentido, ações
constitucionais),

que outorgam ao indivíduo, inclusive na condição de


integrante de uma coletividade, a possibilidade de se
defender de ingerências indevidas em sua esfera privada,
protegendo-se contra abusos de poder, agressões aos
seus direitos, além de viabilizarem a efetivação dos direitos
e garantias fundamentais em geral (SARLET, 2007, p.
199).

<Lembrete início>
Remédios Constitucionais são ações para a defesa de direitos e garantias
fundamentais previstos na Constituição da República.
<Lembrete fim>
Também estabeleceu medidas para a proteção do ordenamento jurídico
em face de adoção de normas violadoras do Texto Constitucional, sendo
exemplos a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade.

Art 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser


impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;

Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco ressaltam que o


mandado de segurança coletivo não configura uma nova modalidade de ação
constitucional.

Não se trata, dessa forma, de nova modalidade de ação


constitucional, ao lado do mandado de segurança
tradicional, mas de forma diversa de legitimação
processual ad causam. Segundo jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, “os princípios básicos que
regem o mandado de segurança individual informam e
condicionam, no plano jurídico-processual, a utilização do
writ mandamental coletivo” (MENDES e BRANCO, 2015, p.
442)

O mandado de segurança coletivo foi disciplinado, junto com o


mandado de segurança individual, pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto de 2009.
Trata-se de um remédio constitucional criado pela Constituição da
República de 1988, destinado a tutelar os direitos transindividuais (ou
metaindividuais ou coletivos em sentido amplo).
Apresenta as seguintes características:
- Proteger direito líquido e certo.
- Não amparado por habeas corpus ou habeas data.
- Ato ou omissão marcado por ilegalidade ou abuso de poder.
- Ato praticado por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público.
Conforme o art. 21 da Lei nº 12.106/2009, o mandado de segurança
coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus
integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo
menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de
parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde
que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
especial.
Esse dispositivo, em consonância com a CRFB/1988, trata da
legitimidade ativa para a impetração do mandado de segurança coletivo.
Como se percebe, esse remédio constitucional pode ser impetrado por
partido político com representação no Congresso Nacional ou organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano.
<Observação início>
Legitimidade Ativa:
- partido político
- organização sindical
- entidade de classe
- associação
<Observação fim>.
Trata-se de hipótese de substituição processual ou legitimidade
extraordinária, na medida em que se pleiteia, em nome próprio, direito alheio.
O Supremo Tribunal Federal já havia se posicionado nesse sentido no RE
182.543, da relatoria do Ministro Carlos Velloso.

A legitimidade das organizações sindicais, entidades de


classe ou associações, para a segurança coletiva, é
extraordinária, ocorrendo, em tal caso, substituição
processual. Não se exige, tratando-se de segurança
coletiva, a autorização expressa aludida no inciso XXI do
art. 5º da Constituição, que contempla hipótese de
representação (STF. RE 182.543/SP, 2ª Turma, Relator
Ministro Carlos Velloso).

Em se tratando de substituição processual, e não de representação, não


se faz necessária expressa autorização por parte dos substituídos, conforme se
verifica da súmula 629 do STF: A impetração de mandado de segurança
coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da
autorização destes.
Com relação à legitimidade do Ministério Público para a impetração do
mandado de segurança coletivo, a jurisprudência ainda é acanhada.
Embora não previsto expressamente no rol de legitimados ativos para a
impetração do mandado de segurança coletivo, há algumas decisões
reconhecendo a possibilidade do seu manejo pelo MP.

Processual civil. Agravo regimental no agravo de


instrumento. Art. 545 do CPC. Ação civil pública. Uso
irregular do solo urbano. Estabelecimento comercial
situado em área residencial. Legitimidade e interesse
de agir do Parquet. Arts. 127 e 129, inciso III, da CF/88,
e 1º da Lei n. 7.347/1985. Inconstitucionalidade de lei.
Controle incidenter tantum. Alegada violação do art.
471, inciso I, do CPC. Lei complementar superveniente.
Ausência de comando normativo insuficiente para
infirmar os fundamentos do acórdão estadual.
Aplicação, por analogia, da Súmula n. 284 do STF.
Contrariedade ao art. 535, inciso II, CPC. Inocorrência.
1. O Ministério Público está legitimado a defender os
interesses transindividuais, quais sejam os difusos, os
coletivos e os individuais homogêneos.
2. A Carta de 1988, ao evidenciar a importância da
cidadania no controle dos atos da Administração, com a
eleição dos valores imateriais do art. 37 da CF/1988 como
tuteláveis judicialmente, coadjuvados por uma série de
instrumentos processuais de defesa dos interesses
transindividuais, criou um microssistema de tutela de
interesses difusos referentes à probidade da Administração
Pública, nele encartando-se a ação cautelar inominada,
ação popular, a ação civil pública e o mandado de
segurança coletivo, como instrumentos concorrentes na
defesa desses direitos eclipsados por cláusulas pétreas.
3. Deveras, é mister concluir que a nova ordem
constitucional erigiu um autêntico “concurso de ações”
entre os instrumentos de tutela dos interesses
transindividuais e, a fortiori, legitimou o Ministério Público
para o manejo dos mesmos. [...] (STJ, AgRg no Ag. n.
1.249.132/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, j. em
24.8.2010, DJe de 9 set. 2010).

A legitimidade passiva do mandado de segurança coletivo é igual à do


mandado de segurança individual, não havendo diferenças significativas.
É importante saber que a Lei nº 12.016/2009 equipara às autoridades,
para os efeitos do mandado de segurança, os representantes ou órgãos de
partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os
dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas
atribuições.
Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo, ou seja, o
objeto do MS coletivo, podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito da Lei do Mandado de
Segurança, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo
ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito Lei do
Mandado de Segurança, os decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do
impetrante.
Flávio Martins Alves Nunes Júnior observa que a Lei nº 12.016/2009 optou
por não tutelar os direitos difusos por intermédio do mandado de segurança
coletivo, já que “não é possível assegurar um direito subjetivo líquido e certo para
um grupo indeterminado de pessoas”. (NUNES JÚNIOR, 2011, p. 205).
No que tange à competência para impetração do mandado de segurança
coletivo, esta vem definida nos mesmos dispositivos que tratam do mandado de
segurança individual. Relembrando que a competência para julgar os mandados
de segurança é definida em razão da autoridade que praticou o ato e da sede
funcional.
A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela
lei processual, ou seja, no Código de Processo Civil, será apresentada em duas
vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e
indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual
se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
Essa referência à pessoa jurídica a qual a autoridade coatora integra é
fundamental para que a mesma seja cientificada do feito. Assim, ao despachar
a petição inicial, o juiz ordenará, além da notificação da autoridade coatora, que
que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo,
ingresse no feito.
Conforme estabelecido no art. 9o da Lei do Mandado de Segurança, as
autoridades administrativas, no prazo de 48 horas da notificação da medida
liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao
Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do
Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada
do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros
necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da
medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.
Cabe assinalar que, no mandado de segurança coletivo, a liminar só
poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 horas. Assim,
não há concessão liminar inaudita altera pars no caso de mandado de segurança
coletivo.
Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do
oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de
recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica
interessada.
Da sentença, denegando ou concedendo o mandado de segurança, cabe
o recurso de apelação, estendendo-se à autoridade coatora o direito de recorrer
da decisão.
Cabe destacar que, concedida a segurança, a sentença estará sujeita
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição, ou seja, ao reexame necessário.
A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada
provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar.
No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada
limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo
de trinta dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.

4.5 Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de


Constitucionalidade

Outro instrumento importante para a proteção jurídica do meio ambiente


é o controle concentrado de constitucionalidade das normas.
Diante da constitucionalização do meio ambiente promovida pela
CRFB/1988, é possível utilizar o sistema de controle de constitucionalidade para
verificar a compatibilidade de atos normativos atentatórios às normas e
princípios constitucionais relacionados ao tema.
Predo Lenza ensina que são requisitos fundamentais e essenciais para o
controle de constitucionalidade, “a existência de uma Constituição rígida e a
atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de
constitucionalidade”. (LENZA, 2012, p. 239).
O controle de constitucionalidade pressupõe a existência de um
escalonamento normativo em que a Constituição se encontra no vértice do
ordenamento jurídico, servindo de fundamento de validade para todas as demais
normas jurídicas produzidas.
<Observação início>
A Constituição da República Federativa do Brasil é a norma de maior
hierarquia do ordenamento jurídico brasileiro.
<Observação fim>
Dirley da Cunha Júnior ressalta a necessidade de um controle de
constitucionalidade para garantir a supremacia da Constituição (CUNHA
JÚNIOR, 2007, p. 37).

Mas o controle de constitucionalidade, a par de assegurar


a superioridade e força normativa da Constituição, como
forma de sempre manter a prevalência das normas
constitucionais, também se apresenta como um relevante
meio de conter os excessos, abusos e desvios de poder,
garantindo os direitos fundamentais. O controle de
constitucionalidade, portanto, revela-se como uma
importante garantia da supremacia da Constituição,
haurindo daí a sua própria razão de ser.

No Brasil, convivem dois sistemas de controle de constitucionalidade: o


controle concentrado e o controle difuso.
O sistema difuso de controle de constitucionalidade funda-se na
possibilidade de qualquer juiz ou tribunal realizar a verificação de
compatibilidade da norma à Constituição. Esse controle se dá de forma
incidental, no caso concreto, sendo a verificação da constitucionalidade da
norma se apresenta como pressuposto lógico para a solução da lide.
Por sua vez, o sistema concentrado de controle de
constitucionalidade centraliza a verificação da verificação de compatibilidade
da norma com a Constituição em um ou mais órgão. O controle concentrado se
dá por meio do exercício de ação e a questão da constitucionalidade se revela
como o pedido principal da demanda.
As espécies de ações do controle concentrado no Brasil são as seguintes:
- Ação Direta de Inconstitucionalidade
- Ação Declaratória de Constitucionalidade
- Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
- Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva
- Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é uma ação de
competência originária do Supremo Tribunal Federal que tem por objetivo a
declaração de inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal ou
estadual.
Nessa ação, procede-se a uma análise em abstrato da norma impugnada,
sem avaliar a sua aplicação a um caso concreto.
A legitimidade ativa para propor a ação está prevista no art. 103 da
CRFB/1988.
- o Presidente da República;
- a Mesa do Senado Federal;
- a Mesa da Câmara dos Deputados;
- a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito
Federal;
- o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
- o Procurador-Geral da República;
- o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
- partido político com representação no Congresso Nacional;
- confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Elenca o artigo 103 da Constituição da República aqueles que podem
propor a Ação Direta de Inconstitucionalidade, quais sejam, o Presidente da
República; as Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das
Assembleias Legislativas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o
Governador de Estado ou do Distrito Federal; o Procurador-Geral da República;
o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido político com
representação no Congresso Nacional; e confederação sindical ou entidade de
classe de âmbito nacional.
No que tange a Ação Declaratória de Constitucionalidade, é importante
relembrar que quando da sua introdução em nosso ordenamento jurídico pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 03, de 1993, a legitimação foi estabelecida
somente em favor do Presidente da República, da Mesa do Senado Federal, da
Mesa da Câmara dos Deputados ou do Procurador-Geral da República. No
entanto, esse rol mais restrito foi ampliado pela Emenda Constitucional nº
45/2004, equiparando com o da Ação Direta de Inconstitucionalidade.
A base constitucional da Ação Direta de Inconstitucionalidade e da Ação
Declaratória de Constitucionalidade é o artigo 102, I, "a", da CRFB/1988.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,


precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;

A Lei nº 9.868/1999 dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta


de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o
Supremo Tribunal Federal.

Art. 2o Podem propor a ação direta de


inconstitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da
Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito
Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso
Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito
nacional.
Parágrafo único. (VETADO)
Art. 3o A petição indicará:
I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os
fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma
das impugnações;
II - o pedido, com suas especificações.
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de
instrumento de procuração, quando subscrita por
advogado, será apresentada em duas vias, devendo conter
cópias da lei ou do ato normativo impugnado e dos
documentos necessários para comprovar a impugnação.
Art. 4o A petição inicial inepta, não fundamentada e a
manifestamente improcedente serão liminarmente
indeferidas pelo relator.
Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a
petição inicial.
Art. 5o Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.
Parágrafo único. (VETADO)
Art. 6o O relator pedirá informações aos órgãos ou às
autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo
impugnado.
Parágrafo único. As informações serão prestadas no prazo
de trinta dias contado do recebimento do pedido.
Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no
processo de ação direta de inconstitucionalidade.
§ 1o (VETADO)
§ 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a
representatividade dos postulantes, poderá, por despacho
irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo
anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
Art. 8o Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos,
sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o
Procurador-Geral da República, que deverão manifestar-
se, cada qual, no prazo de quinze dias.
Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator
lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá
dia para julgamento.
§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria
ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das
informações existentes nos autos, poderá o relator
requisitar informações adicionais, designar perito ou
comissão de peritos para que emita parecer sobre a
questão, ou fixar data para, em audiência pública, ouvir
depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na
matéria.
§ 2o O relator poderá, ainda, solicitar informações aos
Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos
Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma
impugnada no âmbito de sua jurisdição.
§ 3o As informações, perícias e audiências a que se
referem os parágrafos anteriores serão realizadas no prazo
de trinta dias, contado da solicitação do relator.
Seção II
Da Medida Cautelar em Ação Direta de
Inconstitucionalidade
Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na
ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta
dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22,
após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais
emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão
pronunciar-se no prazo de cinco dias.
§ 1o O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-
Geral da União e o Procurador-Geral da República, no
prazo de três dias.
§ 2o No julgamento do pedido de medida cautelar, será
facultada sustentação oral aos representantes judiciais do
requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela
expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do
Tribunal.
§ 3o Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá
deferir a medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou
das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo
impugnado.
Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal
Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da
União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva
da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as
informações à autoridade da qual tiver emanado o ato,
observando-se, no que couber, o procedimento
estabelecido na Seção I deste Capítulo.
§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos,
será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal
entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.
§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a
legislação anterior acaso existente, salvo expressa
manifestação em sentido contrário.
Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em
face da relevância da matéria e de seu especial significado
para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a
prestação das informações, no prazo de dez dias, e a
manifestação do Advogado-Geral da União e do
Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo
de cinco dias, submeter o processo diretamente ao
Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a
ação.

Como visto acima, a ação direta de inconstitucionalidade é proposta ao


Supremo Tribunal Federal para arguir a inconstitucionalidade de lei, ato
normativo federal ou estadual.
A ADI pode ser proposta pelo Presidente da República, pelos Presidentes
do Senado, da Câmara ou de Assembleia Legislativa, pela Ordem dos
Advogados do Brasil, pelo Procurador-geral da República, por partido político e
por entidade sindical de âmbito nacional.
Impugna-se por meio de ação direta de inconstitucionalidade lei ou ato
normativo federal ou estadual. Excluem-se, portanto, do campo da ADI, os
atos municipais e distritais editados no exercício de competência legislativa
municipal. Essas normas podem ser arguidas por intermédio da ADPF (arguição
de descumprimento de preceito fundamental).
Por sua vez, a Ação Declaratória de Constitucionalidade é uma ação de
competência originária do STF que tem como objetivo a declaração de
conformidade de uma lei ou ato normativo federal autônomo (não regulamentar)
com a Constituição da Repúbica. Na ação, é feita a análise em abstrato da norma
impugnada, sem avaliar sua aplicação a um caso concreto. Como visto acima, a
legitimidade ativa para propor a ação está prevista no art. 103 da CF/1988.
<Observação início>
A Ação Direta de Inconstitucionalidade e a Ação Declaratória de
Constitucionalidade são as duas ações constitucionais que integram o chamado
controle concentrado de constitucionalidade das leis.
<Observação fim>
A Ação Direta e a Ação Declaratória têm a peculiaridade de tramitarem
através de um processo objetivo, ou seja, um processo que não é subjetivo e,
portanto, não tem partes pessoalmente interessadas no deslinde da causa.
Nessas ações, portanto, inexiste a concepção tradicional de contraditório.
O controle concentrado de constitucionalidade das normas é um
importante instrumento de tutela do meio ambiente, sobretudo em face de leis e
atos normativos potencialmente danosos ou que atentem contra os princípios
que regem o Direito Ambiental.
Como o meio ambiente foi constitucionalizado pelo Constituinte de 1988,
as normas constitucionais sobre a matéria passaram a ser paradigmas do
controle de constitucionalidade, configurando-se, em tese, a ofensa direta
quando a norma a ser questionada violar os dispositivos sobre meio ambiente
que se encontram no texto constitucional.
Para exemplificar, vejamos a notícia veiculada no sítio oficial do STF em
30 de julho de 2013, sobre o ajuizamento de uma ação direta de
inconstitucionalidade pela Procuradoria-Geral da República para questionar
norma estadual.

A Procuradoria Geral da República (PGR) ajuizou, no


Supremo Tribunal Federal (STF), a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5014, em que questiona
alterações efetuadas pela Lei Estadual 12.377/2011 em
dispositivos da Lei 10.431/2006, do Estado da Bahia, que
dispõe sobre Política Estadual de Meio Ambiente e de
Proteção à Biodiversidade. Os principais questionamentos
dizem respeito ao acréscimo de dois incisos ao artigo 45
da lei alterada, que introduziram duas modalidades de
licenças ambientais não previstas na legislação federal: a
“Licença de Regularização” (LR) e a “Licença Ambiental
por Adesão e Compromisso” (LAC).
De acordo com a Lei 12.377/2011, a Licença de
Regularização será concedida para regularização de
atividades ou empreendimentos, em instalação ou em
funcionamento, existentes até a data da regulamentação
da lei, “mediante a apresentação de estudos de viabilidade
e comprovação da recuperação e/ou compensação
ambiental de seu passivo, caso não haja risco à saúde da
população e dos trabalhadores”.
A Procuradoria sustenta que a LR permite, portanto, que
atividades ou empreendimentos de qualquer porte,
ilegalmente instalados (justamente porque não se
submeteram ao processo de licenciamento ambiental),
continuem a funcionar simplesmente mediante a
“comprovação de viabilidade” e de “recuperação ou
compensação do passivo ambiental”. De acordo com a
PGR, “permite, até mesmo, que empreendimentos ainda
em implantação sigam descumprindo as normas
ambientais que disciplinam o regular licenciamento
ambiental”, abrindo-se a possibilidade de “convalidação de
inúmeras irregularidades” de empreendimentos em
funcionamento ou a serem instalados até a
regulamentação da lei, “em prejuízo da proteção ambiental
e contrariando toda a sistemática do procedimento de
licenciamento ambiental disciplinado em normas gerais
editadas pela União”.
Por seu turno, a Procuradoria afirma que a Licença
Ambiental por Adesão e Compromisso criou uma forma de
“autorregulação ambiental”, à margem da imposição
constitucional que determina a supervisão estadual sobre
as atividades potencialmente poluidoras. Segundo a PGR,
neste caso, a atuação do poder público é substituída por
mera declaração de adesão e compromisso do
empreendedor, sem qualquer controle efetivo do órgão
ambiental, mesmo que se trate de empreendimentos com
potencial poluidor.
A PGR lembra que a Resolução 4.250/2012 do Conselho
Estadual do Meio Ambiente da Bahia lista, entre as
atividades a serem submetidas ao licenciamento por
adesão, algumas “sabidamente poluidoras”, como a
instalação de frigoríficos, fabricação de artefatos de
borracha e plástico e postos de gasolina, e que essa
modalidade de licença será aplicada mesmo em
empreendimentos de grande porte.
As duas modalidades de licenciamento, segundo a PGR,
“permitem a instalação de atividades ou empreendimentos
sem a realização de qualquer tipo de estudo de impacto
ambiental, o que constitui clara afronta ao artigo 225,
parágrafo 1º, incisos IV e V, da Constituição Federal”. A
PGR alega, também, afronta ao pacto federativo e ao artigo
24, parágrafos 1º e 2º, da Constituição, que delimita a ação
legislativa dos estados nas matérias de competência
concorrente.
A alteração violaria também o artigo 6º, parágrafo 1º, da Lei
6.938/1981 (que instituiu a Política Nacional do Meio
Ambiente), que delimita a atuação legislativa dos estados-
membros em matéria de direito ambiental. “Não competia
ao estado da Bahia criar novos tipos de licenças ambientais
que, na verdade, constituem autorizações para que o
licenciamento ambiental – portanto, o estudo prévio de
impacto ambiental e o efetivo controle das atividades
poluidoras – não ocorra”, afirma a PGR.
Outro ponto impugnado é a alteração do artigo 147 da Lei
10.431/2006, que modificou as atribuições do Conselho
Estadual de Meio Ambiental (Cepram), organizado de
forma tripartite e paritária (com representantes do Poder
Executivo, do setor produtivo e das organizações civis de
defesa do meio ambiente), revogando previsão anterior
quanto à possibilidade de realização de consultas públicas
prévias para subsidiar a elaboração do termo de referência
do estudo de impacto ambiental. A mudança constituiria
“grave violação ao princípio da participação social na
proteção ambiental”.
Diante de tais alegações, a PGR pede a concessão de
liminar para suspender a eficácia dos artigos 40; 45, incisos
VII e VIII; e 147 da Lei baiana 10.431/2006, com a redação
que conferida pela Lei Estadual 12.377/2011. No mérito,
pede a declaração de inconstitucionalidade dos
dispositivos questionados. O relator da ADI 5014 é o
ministro Luiz Fux.

Em outra ação direta de inconstitucionalidade, que recebeu o número


5547 (ADI 5547), com relatoria do Ministro Edson Fachin, a Procuradoria-Geral
da República questiona a Resolução 458/2013, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama), que estabelece procedimentos para licenciamento
ambiental em assentamentos de reforma agrária.
Para a PGR, a norma viola o ordenamento constitucional ambiental e o
dever da União Federal e dos demais entes federados de proteção do ambiente,
conforme previsto no artigo 225, caput, da CRFB/1988. Fundamenta-se que, ao
fragmentar o licenciamento ambiental para assentamentos de reforma agrária e
determinar como regra a realização de licenciamento simplificado, a resolução
afrontou ainda os princípios constitucionais da vedação de retrocesso
ambiental, da proibição de proteção deficiente e da exigência de estudo de
impacto ambiental para atividades potencialmente poluidoras.

Janot afirma quer o Conama promoveu flexibilização


excessiva (e, por isso, inconstitucional) nas exigências até
então vigentes para licenciamento ambiental de projetos de
assentamento de reforma agrária, pois a resolução deixa
de exigir a licença prévia, de instalação e de operação e os
estudos ambientais necessários de acordo com cada caso,
ou seja, relatório de viabilidade ambiental, projeto básico,
relatório ambiental simplificado, plano de desenvolvimento
do assentamento e plano de recuperação do
assentamento.
‘No procedimento de licenciamento ambiental existe a
oportunidade de avaliar a compatibilidade do projeto de
assentamento com unidades de conservação e sua zona
de amortecimento, terras indígenas criadas ou em estudo,
áreas de patrimônio histórico e cultural, polígonos
minerários, projetos de rodovias e ferrovias, áreas de
relevante interesse para a conservação do ambiente e
outros projetos de grande interesse da nação, permitindo
participação de todos os interessados’, sustenta.
O procurador-geral cita ainda que o STF, no julgamento da
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1086, declarou
inconstitucional norma catarinense que afastou a regra do
artigo 225, parágrafo 1º, inciso IV, da CF, no caso de áreas
de florestamento ou reflorestamento para fins
empresariais. Na ADI 5547, Janot requer liminar para
suspender a eficácia da norma contestada. Ao final, pede
que seja declarada a inconstitucionalidade da Resolução
458/2013 do Conama”.
(Fonte: STF, 23/06/2016).

Além do controle concentrado de constitucionalidade no STF, os Tribunais


de Justiça dos Estados ou do Distrito Federal também são competentes para
processarem e julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra ato
normativo ou Lei municipal ou estadual face à Constituição Estadual.
Esse controle das normas estaduais e municipais em face das
Constituições Estaduais é importante na medida em que todos os entes
federativos tem competência legislativa para legislar sobre meio ambiente, nos
termos do art. 24, incisos VI e VIII da CRFB/1988 (competência concorrente).
Por fim, cabem algumas palavras sobre a arguição de descumprimento
de preceito fundamental (ADPF).

A ADPF foi introduzida no ordenamento jurídico pela CRFB/1988,


passando a integrar as espécies de controle concentrado de constitucionalidade.
Tem previsão no art. 102, § 1º, da CRFB/1988, que dispõe que a arguição
de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição,
será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
A Lei nº 9.882/1999 regulamenta esse dispositivo constitucional, para
dispor sobre o processo e o julgamento da arguição de descumprimento de
preceito fundamental.
A ADPF será proposta perante o STF, e terá por objeto evitar ou reparar
lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.
Conforme previsto no art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.882/1999,
caberá também a arguição de descumprimento de preceito fundamental quando
for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato
normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.
Portanto, é possível o ajuizamento de ADPF para verificar a
compatibilidade de norma municipal com preceito fundamental previsto na
CRFB/1988, inclusive anterior à promulgação da Constituição vigente.
Os legitimados ativos para a propositura da ADPF são os mesmos para a
ação direta de inconstitucionalidade.
Vejamos um exemplo de ADPF ajuizada pelo Procurador-Geral da
República em face do Município de Blumenau, Santa Catarina, envolvendo
matéria ambiental.

A Procuradoria-Geral da República ajuizou no Supremo


Tribunal Federal Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF 175) contra o artigo 60 da Lei
Complementar 142/97 do município de Blumenau (SC). O
procurador-geral alega que tal lei causa risco para o meio
ambiente e para a população da região. O artigo 60 diz que
serão consideradas áreas não edificáveis e não aterráveis
(Anea), as faixas marginais mínimas ao longo das águas
dormentes e correntes, conforme a área da bacia
hidrográfica a qual pertencem. De acordo com o
procurador, a Lei Complementar contraria o que está
estabelecido no Código Florestal (Lei 4.771/65) que define
“as áreas de preservação permanente ao longo das águas
correntes e dormentes, conferindo-lhes, no que margeiam
cursos d’água e nascentes, metragens mais extensas em
relação às normas municipais, decorrendo daí maior
benefício ambiental”. Ainda de acordo com a ADPF, o
artigo 225 da Constituição Federal destaca que “a eventual
necessidade de supressão da vegetação em área de
preservação permanente, em caráter estritamente
excepcional, terá de ser autorizada por lei que seja
específica para cada hipótese, vedada qualquer utilização
que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção” (Fonte: STF, publicada no sítio
oficial em 29 de junho de 2009).

Em relação aos efeitos da decisão, Luis Roberto Barroso ensina que a


decisão proferida em ADPF “tem eficácia contra todos e efeito vinculante
relativamente aos demais órgãos do Poder Público, como próprio ao exercício
da jurisdição constitucional em processo objetivo e concentrado” (BARROSO,
2006, p. 275).

<Resumo início>
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabeleceu em
entre os direitos e garantias importantes instrumentos de tutela dos direitos
fundamentais, individuais e coletivos.
Ao lado do mandado de segurança individual, remédio constitucional para
a proteção de direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público, a CRFB/1988 também dispôs sobre o mandado de segurança coletivo.
Embora com legitimação ativa diversa, não há diferenças significativas
entre essas duas espécies de MS, tanto que são disciplinados pela Lei nº
12.106/2009.
O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político
com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses
legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída
e em funcionamento há, pelo menos, um ano, em defesa de direitos líquidos e
certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma
dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada,
para tanto, autorização especial.
Portanto, o MS coletivo é direcionado para a defesa de interesses e
direitos metaindividuais, entre eles o meio ambiente, embora parte da doutrina
entenda que abrange tão somente os interesses ou direitos coletivos e
individuais homogêneos, já que em relação aos difusos, haveria a questão da
falta de certeza quanto às pessoas (que são indeterminadas na espécie difusa).
Outro instrumento importante para a proteção jurídica do meio ambiente
é o controle concentrado de constitucionalidade das normas.
Considerando que a CRFB/1988 elevou a bem jurídico
constitucionalmente protegido, as normas constitucionais sobre o meio ambiente
também podem servir de paradigma para o controle concentrado de leis e atos
normativos infraconstitucionais por intermédio da ação direta de
inconstitucionalidade ou a ação declaratória de constitucionalidade.
Interessante observar que a Procuradoria-Geral da República tem
utilizado a violação a normas de natureza principiológica para fundamentar o
ajuizamento de ações direta de inconstitucionalidade, como é o caso dos
princípios constitucionais da vedação de retrocesso ambiental, da proibição de
proteção deficiente e da exigência de estudo de impacto ambiental para
atividades potencialmente poluidoras.
Por fim, como os municípios também possuem legitimidade para legislar
em matéria de meio ambiente, é possível o controle de constitucionalidade de
normas municipais em face da Constituição do Estado Membro, ou até mesmo
o manejo da arguição de descumprimento de preceito fundamental em face da
CRFB/1988.

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