02 Conhecimentos Gerais em Defesa PDF

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ADAGRO-PE

Fiscal Estadual Agropecuário


Especialidade Agronomia

1. Fitossanidade: Fitopatologia e Entomologia. ................................................................................... 1


2. Controle de plantas daninhas. ....................................................................................................... 13
3. Pragas Quarentenárias ausentes A1, pragas quarentenárias presentes A2 e Não Quarentenárias
Regulamentadas. .................................................................................................................................. 20
4. Manejo integrado de pragas. Quarentena vegetal. Área Livre de Praga - ALP, Local Livre de Praga-
LLP, Sistema de Mitigação de Riscos de Praga - SMRP ou Área de Baixa Prevalência de Praga –
ABPP.............. ........................................................................................................................................ 22
5. Certificação fitossanitária de origem. ............................................................................................ 34
6. Pragas de importância quarentenária e econômica para as culturas do mamão, manga, banana,
família das cucurbitáceas, uva, citrus e palma. ...................................................................................... 41
7. Permissão de Trânsito Vegetal - PTV. .......................................................................................... 72
8. Agrotóxicos: Tecnologia de aplicação. Receituário Agronômico. Uso correto e seguro de agrotóxicos
e afins. Destinação final de embalagens vazias de agrotóxicos. 9. Equipamentos de Proteção Individual
para o uso de agrotóxicos. 10. Toxicologia, classificação e tipos de agrotóxicos. 11. Transporte de
agrotóxicos. 12. Armazenamento de agrotóxicos.13. Resíduos de agrotóxicos em alimentos. .............. 73

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1. Fitossanidade: Fitopatologia e Entomologia.

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br

Fitopatologia

O termo fitopatologia é originário de três palavras gregas (Phyton = planta, vegetal), (Pathos = doença)
e (Logos = estudo, tratado), podendo ser definida como a ciência que estuda a interação entre planta,
doença e meio ambiente, estabelecendo deste modo os métodos de prevenção e controle.
Portanto, Fitopatologia é a ciência que estuda as doenças de plantas, abrangendo todos os seus
aspectos, desde a diagnose, sintomatologia, etiologia, epidemiologia, até o seu controle.

Doença em planta consiste de uma atividade fisiológica injuriosa, causada pela irritação contínua
provocada por fator causal primário, exibida através de atividade celular anormal e expressa através de
condições patológicas características, chamadas sintomas. Portanto é um processo dinâmico no qual o
hospedeiro (planta) e o agente causal, denominado de patógeno (fungos, bactérias, vírus, etc.), em íntima
relação com o ambiente, se influenciam mutuamente, resultando modificações morfológicas e fisiológicas.
No novo texto da Convenção Internacional para Proteção de Plantas (CIPP 2006) pragas e doenças
devem ser consideradas, conjuntamente, como pragas.
O conceito oficial de praga então estabelecido fica sendo: “qualquer espécie, raça ou biótipo de
vegetais, animais ou agentes patogênicos, nocivos aos vegetais ou produtos vegetais”, compreendendo
animais (insetos, ácaros e nematoides) e doenças (causadas por fungos, bactérias, vírus e viroides).

Sintomatologia

É a parte da fitopatologia que estuda os sintomas e sinais que caracterizam uma determinada doença
na planta.
Sintomas são reações da planta (hospedeiro) ante qualquer manifestação de agentes nocivos.
Sinais são estruturas do patógeno quando exteriorizadas no tecido doente.

Sintomas mais comuns associados às doenças de plantas

- Anasarca – extravasamento de conteúdo celular, que resulta em áreas de aspecto encharcado;


- Cancro – lesões necróticas, formando depressões nos tecidos corticais dos caules, tubérculos e
raízes;
- Clorose – ausência parcial ou total da coloração verde normal. Os órgãos afetados podem se tornar
verde-amarelado, amarelados ou mesmo esbranquiçados;
- Galha – desenvolvimento anormal de tecidos resultantes da hipertrofia (supercrescimento de células)
e, ou, hiperplasia (multiplicação excessiva de células);
- Gomose – exsudação de goma a partir de lesões, principalmente em caules ou frutos;
- Mancha – as manchas são mais comuns em folhas, mas também podem ocorrer em flores, frutos ou
ramos. O sintoma resulta da morte dos tecidos que se tornam secos e pardos. Dependendo da doença,
as manchas foliares têm formas variadas, podendo ser irregulares, angulares, circulares, etc.;
- Mosaico – áreas cloróticas intercaladas com áreas de verde mais escuro, observadas principalmente
em folhas;
- Murcha – perda de turgescência de folhas, pecíolos e hastes suculentas, decorrente da obstrução do
sistema vascular ou destruição do sistema radicular;
- Necrose – escurecimento de tecido resultante da morte/ desintegração de células;
- Podridão – morte e desintegração de tecidos, decorrente da atividade enzimática de fitopatógenos;
as podridões podem ser adjetivadas como: úmidas, secas, firmes, brancas, marrons, etc.;
- Pústula – pequena mancha necrótica (geralmente menor do que 1,0 cm), com elevação da epiderme,
que se rompe por força da produção e exposição de esporos fúngicos;

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- Requeima ou crestamento – necrose repentina de órgãos aéreos (folhas, flores e brotações);
- Tombamento (ou damping-off) – tombamento ou morte de mudas, resultante da podridão dos tecidos
tenros da base de seu caulículo. Se a podridão ocorrer antes da emergência da planta, havendo redução
no estande de semeadura, diz-se que houve “tombamento em pré-emergência”;
- Verrugose – crescimento excessivo de tecidos epidérmicos e corticais, geralmente modificados pela
ruptura e suberificação das paredes celulares, originando lesões salientes e ásperas, em frutos,
tubérculos e folhas.

A interação dos fatores patógeno, hospedeiro e ambiente é essencial para a ocorrência de doenças
em plantas. Entretanto, a severidade das doenças infecciosas pode ser maior ou menor, dependendo
de outros fatores que compõem os vértices do triângulo, representados na Figura 1 A.
Na agricultura moderna o homem é um fator tão importante no manejo das doenças que os autores
propõem a figura de um tetraedro, ao invés de um triângulo, para melhor representar as interações entre
fatores predisponentes à ocorrência de uma doença (Figura 1 B).

Tipologia de danos em plantas

Os danos causados pelos patógenos às plantas podem gerar efeitos dos mais diversos e significativos.
A tipologia de danos ajuda a identificar e delimitar os tipos e variedades de plantas que podem
desenvolver doenças em determinada área geográfica, minimizar o impacto agronômico imediato e não
comprometer a capacidade futura de produção. A tipologia de danos causados por patógenos inclui danos
potenciais e danos reais (Figura 2).

Dano Potencial

Dano que pode ocorrer na ausência de medidas de controle

Dano Real

É o dano que já ocorreu ou que ainda está ocorrendo.


O Dano Real divide-se em dois grupos: Dano real direto e Dano real indireto:

Dano Real Direto


Afeta a quantidade ou qualidade do produto ou ainda a capacidade futura de produção. Divide-se em
dois grupos: dano real direto primário e dano real direto secundário.

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Dano real direto primário – É o dano causado na pré-colheita e pós-colheita de produtos vegetais
devidos às doenças de plantas. Eles ocorrem desde a estocagem das sementes, passando pela
germinação, crescimento da planta, colheita, manuseio e estocagem do produto colhido.
Dano real direto secundário – É o dano cuja causa é o patógeno veiculado pelo solo ou disseminado
por órgãos de propagação vegetativa (sementes, tubérculos, ext.) de seu hospedeiro. Incluem-se aqui
também os patógenos que debilitam, usualmente, pela desfolha prematura de seus hospedeiros.
A tipologia de danos entre o causador do dano (patógeno) e quem sofreu o dano (planta) envolve um
efeito direto que afeta o produtor e o consumidor do produto. É de extrema relevância, avaliar o efeito dos
possíveis danos para gerar produtos em quantidades desejáveis e com qualidade.

Dano Real Indireto


Compreende os efeitos econômicos e sociais das doenças de plantas que estão além do impacto
agronômico imediato, podendo ocasionar danos no âmbito do produtor, da comunidade rural, do
consumidor, do Estado e do ambiente.
Referências Bibliográficas:

Carollo, Eliane Mazzoni. Manual básico de técnicas fitopatológicas / Eliane Mazzoni Carollo, Hermes Peixoto Santos Filho. – Cruz das Almas: Embrapa
Mandioca e Fruticultura BA, 2016.

Classificação de doenças de plantas1

Doença é resultante da interação entre hospedeiro, agente causal e ambiente. Diversos critérios,
baseados no hospedeiro e/ou no agente causal, têm sido usados para classificar doenças de plantas.
Quando o hospedeiro é tomado como referência, a classificação reúne as doenças que ocorrem numa
determinada espécie botânica.
Desta forma tem-se, por exemplo, as doenças do feijoeiro, do tomateiro, da cana-de-açúcar, etc. Esse
tipo de classificação tem um caráter eminentemente prático, pois é de interesse dos técnicos envolvidos
com cada cultura específica. Outra possibilidade, ainda ligada ao hospedeiro, é classificar doenças de
acordo com a parte ou idade da planta atacada. Assim, as doenças podem ser agrupadas, por exemplo,
em doenças de raiz, de colo, de parte aérea, etc.
A classificação de doenças tomando por base a natureza dos patógenos define os grupos de doenças
causadas por fungos, por bactérias, por vírus, etc. Este sistema de classificação tem como ponto
desfavorável agregar, num mesmo grupo, patógenos que, apesar da proximidade taxonômica, atuam de
forma diferente em relação à planta.
Como evidência, pode-se mencionar o contraste entre uma bactéria que provoca murcha (Ralstonia
solanacearum, por exemplo), cujo controle estaria mais próximo de uma murcha causada por fungo
(Fusarium oxysporum, por exemplo), e outra bactéria que causa podridão em órgãos de armazenamento
(Erwinia carotovora, por exemplo).
Esta última teria, do ponto de vista do controle, maior similaridade com um fungo causador de podridão,
como Rhizopus, por exemplo. O processo doença envolve alterações na fisiologia do hospedeiro. Com
base neste aspecto se propôs uma classificação para as doenças de plantas baseada nos processos
fisiológicos vitais da planta interferidos pelos patógenos. Os processos fisiológicos vitais de uma planta,
em ordem cronológica, podem ser resumidos nos seguintes:
I - Acúmulo de nutrientes em órgãos de armazenamento para o desenvolvimento de tecidos
embrionários.
II - Desenvolvimento de tecidos jovens às custas dos nutrientes armazenados.
III - Absorção de água e elementos minerais a partir de um substrato.
IV - Transporte de água e elementos minerais através do sistema vascular.
V - Fotossíntese.
VI - Utilização, pela planta, das substâncias elaboradas através da fotossíntese.

Assim, o desenvolvimento de uma planta a partir de uma semente contida num fruto envolveria várias
etapas sequenciais, como o apodrecimento do fruto para a liberação da semente; o desenvolvimento dos
tecidos embrionários da semente a partir das reservas da mesma; a formação dos tecidos jovens, como
radícula e caulículo, ainda a partir das reservas nutricionais da semente; a absorção de água e minerais
pelas raízes; o transporte de água e nutrientes minerais através dos vasos condutores; o desenvolvimento
das folhas, que passam a realizar fotossíntese, tornando a planta independente das reservas da semente;

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http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/14-39-41-apostilafitopatologia.pdf.

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o desenvolvimento completo da planta, tanto vegetativa como reprodutivamente, graças aos materiais
sintetizados por ela.
Considerando que estes processos vitais podem sofrer interferências provocadas por diferentes
patógenos, propôs-se grupos de doenças correspondentes:
- Grupo I - Doenças que destroem os órgãos de armazenamento
- Grupo II - Doenças que causam danos em plântulas
- Grupo III - Doenças que danificam as raízes
- Grupo IV - Doenças que atacam o sistema vascular
- •Grupo V - Doenças que interferem com a fotossíntese
- Grupo VI - Doenças que alteram o aproveitamento das substâncias fotossintetizadas

Esta classificação é conveniente pois, apesar de diferentes patógenos atuarem sobre um mesmo
processo vital, o modo de ação dos mesmos em relação ao hospedeiro envolve procedimentos
semelhantes (Tabela 1). Assim, diversos fungos e diversas bactérias podem causar lesões em folhas; a
doença provocada por estes patógenos, porém, interfere no mesmo processo fisiológico vital, ou seja, a
fotossíntese.
Em adição, doenças pertencentes a um mesmo grupo apresentam características semelhantes quanto
às diversas fases do ciclo de relações patógeno-hospedeiro, não raro apresentando idênticas medidas
para seu controle.

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Finalmente, este sistema de classificação permite, também, uma ordenação dos agentes causais de
doença segundo os graus de agressividade, parasitismo e especificidade (Fig. 1). Assim, de um modo
geral, à medida que se caminha do grupo I para o grupo VI, constata-se menor grau de agressividade no
patógeno, maior grau de evolução no parasitismo e maior especificidade do patógeno em relação ao
hospedeiro.
Em relação à agressividade, os patógenos dos grupos I e II apresentam alta capacidade destrutiva,
pois em curto espaço de tempo provocam a morte do órgão ou da planta atacada; são organismos
saprofíticos que, através de toxinas, levam, antes, o tecido à morte para, depois, colonizá-lo.
Quanto à evolução do parasitismo, os patógenos encontrados nos grupos V e VI são considerados
mais evoluídos, pois convivem com o hospedeiro, não provocando sua rápida destruição; ao invés de
toxinas, estes patógenos, geralmente, produzem estruturas especializadas em retirar nutrientes
diretamente da célula sem, no entanto, provocar sua morte imediata.
A especificidade dos patógenos em relação ao hospedeiro também aumenta do grupo I para o VI. Nos
primeiros grupos é comum a ocorrência de patógenos capazes de atacar indistintamente uma grama de
diferentes hospedeiros; por outro lado, nos últimos grupos estão presentes patógenos que causam
doença apenas em determinadas espécies vegetais. A ocorrência de raças patogênicas, com
especificidade a nível de cultivar, são de comum ocorrência nesses grupos superiores.

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Princípios gerais de controle de doenças de plantas

O controle de doenças de plantas é o mais importante objetivo prático da Fitopatologia, uma vez que
sem controle podem ocorrer enormes prejuízos. A eficiência produtiva tem sido a meta insistentemente
procurada pelo homem na sua luta pela sobrevivência.
Dessa busca incessante decorrem, paradoxalmente, muitos dos atuais problemas fitopatológicos.
Variedades de plantas continuamente selecionadas para atender às exigências de produção, comércio e
consumo aliam, muitas vezes, grande vulnerabilidade aos agentes fitopatogênicos.
Técnicas culturais, como densidade de plantio, monocultura baseada em uniformidade genética,
adubação, mecanização, irrigação, etc., necessárias para garantir alta produtividade, freqüentemente
favorecem a ocorrência de doenças. Contudo, nem essas variedades, nem essas atividades podem ser
drasticamente modificadas sem risco de diminuir a eficiência produtiva. Esta é a razão porque o controle
de doenças assume importância fundamental.

Conceitos de controle

Desde seus primórdios, a Fitopatologia preocupou-se em enfatizar a conotação econômica do controle


das doenças. Assim, o controle foi definido como a “prevenção dos prejuízos de uma doença" sendo
admitido em graus variáveis (parcial, lucrativo, completo, absoluto, etc.) mas “aceito como válido, para
fins práticos, somente quando lucrativo”. Este ponto de vista é aceito e compartilhado generalizadamente
pelos fitopatologistas.
Na prevenção e no tratamento de doenças deviam ser sempre considerados a eficiência dos métodos
e o custo dos tratamentos, sendo óbvio que os métodos empregados deveriam custar menos que os
prejuízos ocasionados. Entretanto, o controle de doenças de plantas só passou a ser racionalmente
cogitado a partir dos conhecimentos gerados pelo desenvolvimento da Fitopatologia como ciência
biológica.
Portanto, numa concepção biológica, controle pode ser definido como a “redução na incidência ou
severidade da doença”. Essa conotação biológica é de fundamental importância, pois dificilmente as
doenças podem ser controladas com eficiência sem o conhecimento adequado de sua etiologia, das
condições climáticas e culturais que as favorecem e das características do ciclo das relações patógeno-
hospedeiro, além da eficiência dos métodos de controle disponíveis.
As conceituações econômica e biológica estão intimamente relacionadas, pois a prevenção da doença
leva à diminuição dos danos (reduções do retorno e/ou qualidade da produção) e, eventualmente, das
perdas (reduções do retorno financeiro por unidade de área cultivada). Em vista disso e pelo fato do dano
ser uma função epidemiológica, embora doenças possam ser controladas em hospedeiros individuais, o
controle de doenças de plantas é um problema essencialmente populacional.

Os princípios de gerais de controle e o triângulo da doença

Os métodos de controle foram agrupados em quatro princípios biológicos gerais: exclusão - prevenção
da entrada de um patógeno numa área ainda não infestada; erradicação - eliminação do patógeno de
uma área em que foi introduzido; proteção - interposição de uma barreira protetora entre as partes
suscetíveis da planta e o inoculo do patógeno, antes de ocorrer a deposição; imunização -
desenvolvimento de plantas resistentes ou imunes ou, ainda, desenvolvimento, por meios naturais ou
artificiais, de uma população de plantas imunes ou altamente resistentes, em uma área infestada com o
patógeno.
Com o tempo, a esses princípios foi acrescentado o da terapia, que visa restabelecer a sanidade de
uma planta com a qual o patógeno já estabelecera uma íntima relação parasítica.
Esses princípios podem ser enunciados como passos sequenciais lógicos no controle de doenças de
plantas, levando em consideração o ciclo das relações patógeno-hospedeiro em uma determinada área
geográfica. Assim, a exclusão interfere na fase de disseminação, a erradicação na fonte de inoculo e na
sobrevivência, a proteção na inoculação e na germinação, a imunização, na penetração e colonização e
a terapia, na colonização e na reprodução (Fig. 1)

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Os princípios abordando os problemas de controle numa visão bidimensional do ciclo das relações
patógeno-hospedeiro, não poderiam abranger adequadamente todas as medidas de controle. A ação do
homem sobre o patógeno (exclusão e erradicação) e sobre o hospedeiro (proteção, imunização e terapia)
estava bem clara.
Entretanto, o fator ambiente, um dos vértices do triângulo da doença, foi deixado de lado. Em vista
disto, sugere-se que medidas de controle baseadas em modificações do ambiente obedecem ao princípio
da regulação. De fato, modificações da umidade, temperatura e luminosidade do ambiente, de reação e
propriedades do solo e da composição do ar, não se encaixam adequadamente dentro do princípio de
proteção, onde usualmente são colocadas, em livros textos de Fitopatologia.
Outras medidas de controle, também não satisfatoriamente ajustáveis aos princípios, são aquelas
referentes à escolha da área geográfica, local e época de plantio, profundidade de semeadura,
precocidade das variedades, etc. Tais medidas são atualmente agrupadas no princípio da evasão, que
pode ser definida como a prevenção da doença pelo plantio em épocas ou áreas quando ou onde o
inoculo é ineficiente, raro ou ausente. A evasão baseia-se, portanto, em táticas de fuga dirigidas contra o
patógeno e/ou contra o ambiente favorável ao desenvolvimento da doença.
A regulação e a evasão tornam os princípios de controle mais abrangentes, permitindo uma visão mais
global da natureza da doença e melhorando a compreensão de que qualquer alteração nos componentes
do triângulo da doença, isoladamente ou em conjunto, modifica o seu livre curso (Fig. 2).

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Os princípios de controle e a abordagem epidemiológica

Os princípios de controle fundamentam-se, essencialmente, em conhecimentos epidemiológicos, pois


atuam no triângulo hospedeiro-patógeno-ambiente, impedindo ou retardando o desenvolvimento
sequencial dos eventos do ciclo das relações patógeno hospedeiro.
Entretanto, o fator tempo, essencial para a compreensão de epidemias, só foi explicitamente
considerado a partir de 1963, pelas análises epidemiológicas baseadas na taxa de infecção e na
quantidade de inoculo inicial. Essa relação aparece simplificada na equação:

onde a proporção y de doença em um tempo t qualquer é determinada pelo inóculo inicial y0, pela taxa
média de infecção r e pelo tempo t durante o qual o hospedeiro esteve exposto ao patógeno. Baseado
nessa abordagem, três estratégias epidemiológicas podem ser utilizadas para minimizar os prejuízos de
uma doença:

a) Eliminar ou reduzir o inóculo (y0) ou atrasar o seu aparecimento


b) Diminuir a taxa de desenvolvimento da doença (r)
c) Encurtar o período de exposição (t) da cultura ao patógeno.

Essa abordagem matemática de como crescem as doenças infecciosas torna a epidemiologia uma
ciência quantitativa, permitindo uma melhor compreensão do desempenho das medidas de controle
adotadas (Fig. 3). Os princípios de controle sob os pontos de vista biológico e epidemiológico, atuando
nos mesmos fatores que compõem a doença, estão intimamente relacionados (Tabela 1).

Figura 3. Princípios de controle de doenças de plantas e modo de atuação de cada princípio [adaptado de Roberts & Boothroyd (1984)]

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Tabela 1. Relação entre métodos e princípios de controle e seus efeitos predominantes sobre os
componentes epidemiológicos [inóculo inicial (y0), taxa de infecção (r) e tempo de exposição do
hospedeiro ao patógeno (t)].

Questões

01. (SC/CE - Analista de Desenvolvimento Urbano - FUNCAB) Na disciplina de fitopatologia, “o


dano que pode ocorrer na ausência de medidas de controle” é definido como dano:
(A) potencial.
(B) primário
(C) secundário.
(D) indireto.
(E) real.

02. (Polícia Federal - Perito Criminal Federal - CESPE) Acerca da fitopatologia, julgue o item a
seguir.
Toda injuria apresentada é sinal de uma ação momentânea de um fator físico-mecânico ou químico
sobre o vegetal.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.A / 02.certo

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Comentários

01. Resposta: A

Vejamos os dois tipos de danos e a justificativa para assinalarmos a alternativa A

Dano Potencial: o que pode ocorrer na ausência de medidas de controle


Dano Real: é o dano que já ocorreu ou que ainda está ocorrendo.

02. Resposta: certo


Doença em planta consiste de uma atividade fisiológica injuriosa, causada pela irritação contínua
provocada por fator causal primário, exibida através de atividade celular anormal e expressa através de
condições patológicas características, chamadas sintomas. Portanto é um processo dinâmico no qual o
hospedeiro (planta) e o agente causal, denominado de patógeno (fungos, bactérias, vírus, etc.), em íntima
relação com o ambiente, se influenciam mutuamente, resultando modificações morfológicas e fisiológicas.

Entomologia2

Entomologia é a parte da Zoologia que se dedica ao estudo dos insetos.


Essa palavra é derivada do grego (entomon= segmentado e logos= tratado), podendo ser
etimologicamente definida como a “ciência que estuda os animais segmentados”.
O termo “inseto”, de uso geral, vem da palavra latina intersectum, significando entrecortado.
Tanto um termo como outro fazem alusão à presença da segmentação ou metameria somática.
Desde Aristóteles (350 AC) os insetos são referidos como animais articulados; a entomologia abrangia
então, não só os hexápodes, mas todos os invertebrados articulados, inclusive os vermes superiores.
O termo “Articulata” já foi usado por Cuvier para reunir os anelídeos e artrópodes. Desde Lamarck,
porém, o campo da entomologia limita-se ao estudo dos artrópodes cujas formas adultas possuem 3
pares de pernas, constituindo a classe Insecta, nome dado por Linneu (1758), tendo por muito tempo
Hexapoda, de Blainville (1816) e Latreille (1825), como sinônimo.
Atualmente, alguns hexápodes mais primitivos, que vinham sendo tratados como insetos, passaram a
integrar grupos distintos.
Dessa forma a classe Insecta, agora, abriga apenas os artrópodes dotados de 3 pares de pernas,
díceros, ectognatos e com desenvolvimento epimórfico.

Divisões

A entomologia é comumente dividida em básica ou pura, ocupando-se do estudo dos hexápodes, sem
preocupações de ordem econômica ou importância para o homem, e, aplicada ou econômica, que estuda
os insetos sob o ponto de vista de sua utilidade ou nocividade. Comportam, como principais subdivisões,
as referidas a seguir:

Entomologia geral - estuda os insetos procurando conhecer tanto sua organização anatômica externa
e interna, como também sua biologia, ecologia e fisiologia.

2
https://bit.ly/2Q4eldm

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Entomologia sistemática - tomando por base as semelhanças e diferenças que ocorrem entre os
insetos, procura classificá-los por similaridade, formando grupos naturais, fundamentados, atualmente,
em bases filogenéticas.

Entomologia agrícola - estuda os insetos, tanto nocivos como úteis à agricultura. Também referida
como Entomologia Econômica, é a que reúne maior número de pesquisadores e de publicações no
mundo.
Os insetos nocivos são os que proporcionam, direta ou indiretamente, algum prejuízo; no primeiro caso
- danos diretos - atacando os vegetais, tanto na lavoura como armazenados, servindo como exemplos a
lagarta-do-trigo Pseudaletia sequax Franc., 1951 e a lagarta-da-soja Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818
(LEPI., Noctuidae), o maranduvá-da-mandioca Erinnyis ello (L., 1758) (LEPI., Sphingidae) e vários
besouros, como a “vaquinha” Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (COLE., Chrysomelidae) e os
“burrinhos” Epicauta spp. (COLE., Meloidae); no segundo - dano indireto – introduzindo nas plantas
princípios tóxicos ou outros agentes que podem provocar distúrbios os mais diversos, como manchas e
deformações; os insetos cecidógenos representam um exemplo típico, pelas galhas ou cecídeas
produzidas por atrofia, hipertrofia ou hiperplasia dos tecidos vegetais; outros provocam a disseminação
de várias doenças de plantas, causadas especialmente por vírus, que são levados de uma planta para
outra, pelos chamados “insetos vetores”.
Os insetos úteis podem ser assim referidos tanto pela utilidade direta como indireta. No primeiro caso,
incluindo espécies que contribuem para a polinização de vegetais, como por exemplo a abelha-comum,
doméstica ou europeia Apis mellifera (L., 1758) (HYME., Apidae) de grande importância especialmente
em pomares, e, Blastophagus psenes (L., 1758) (HYME., Agaonidae), imprescindível para a frutificação
da figueira (Ficus carica), introduzida em vários países.
No segundo, incluindo espécies, referidas como insetos auxiliares, que são usadas para minimizar os
danos causados por diversas pragas da agricultura, pelo método do “controle biológico”; os agentes
usados para esse fim são chamados de um modo geral de “inimigos naturais” das diferentes pragas e
abrangem tanto predadores como parasitoides:
Predador - alimenta-se diretamente de suas vítimas, chamadas “presas”, devorando-as em seguida,
sendo exemplos o louva-a-deus (MANT.) e a maioria das “joaninhas” (COLE., Coccinellidae), destacando-
se Cycloneda sanguinea (L., 1763) e Eriopis connexa (Germar, 1824) comumente encontradas junto a
colônias de pulgões.
Parasitóide - deposita o ovo junto ou no interior do corpo de sua vítima, chamada de “hospedeiro”,
que servirá de alimento quando a larva eclodir; são exemplos diversas espécies de vespinhas ou
microhimenópteros, como as do gênero Aphidius (Braconidae), que parasitam grande número de pulgões,
as de Aphytis (Aphelinidae) em cochonilhas e Trissolcus (Scelionidae) em ovos de percevejos.
Também é comum o parasitismo de lagartas tanto por vespinhas, destacando-se as do gênero Cotesia
(Braconidae), como por dípteros Tachinidae.

Entomologia ambiental - estuda os insetos de interesse como indicadores de poluição, especialmente


hídrica, e, ainda, para estimar os níveis da degradação de florestas. O estudo e criação de espécies de
borboletas para ornamentação de parques e jardins está sendo atualmente objeto de grande atenção.

Entomologia farmacêutica - estuda os insetos que proporcionam matérias primas para a fabricação
de medicamentos. A geleia real produzida pela abelha é um exemplo dos mais expressivos; a cantaridina,
que apesar de ter propriedades vesicatórias atua também como afrodisíaco, presente em meloídeos, com
maior proporção na espécie europeia Lytta vesicatoria (L.,1758) (COLE., Meloidae) é outro exemplo.
Relacionam-se ainda com este ramo da Entomologia a busca da substância existente no besouro-do-
amendoim Ulomoides dermestoides (Fairmaire,1893) (COLE., Tenebrionidae) responsável por sua ação
medicinal, com propriedades anti-inflamatórias, bem como o estudo dos efeitos antirreumáticos do veneno
produzido por algumas abelhas e vespas.

Entomologia florestal - estuda os insetos associados às plantas florestais, tanto nativas como
cultivadas.
Relaciona-se intimamente à entomologia agrícola. Destacam-se pela importância vários coleópteros
cerambicídeos, como o “serrador-da-acácia-negra” [Oncideres impluviata (Germar, 1824)], a “broca-da-
erva-mate” (Hedypathes betulinus Klug, 1825), a “broca-do-eucalipto” [Phoracantha semipunctata (Fabr.,
1775)] e a “broca-do-pinheiro” [Parandra glabra (De Geer, 1774)], além de outros coleópteros e também
várias lagartas e cochonilhas.

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Entomologia forense - estuda os insetos que de alguma forma possam contribuir para o
esclarecimento de aspectos discutidos em âmbito judicial. São exemplos as formas necrófagas,
destacando-se espécies de Nicrophorus e Silpha (COLE., Silphidae), que podem indicar o tempo
decorrido na execução de homicídios.

Entomologia habitacional - estuda os insetos que ocorrem nas habitações, os quais podem molestar
pela simples presença ou picada, como danificar alimentos, objetos e outros bens humanos. A crescente
ocorrência de insetos em residências, hotéis, restaurantes, cinemas, bibliotecas etc, vem aumentando de
forma apreciável a importância deste ramo da entomologia aplicada.
Como exemplos mais expressivos podem ser lembradas as baratas Periplaneta americana (L., 1758)
(BLAT., Blattidae) e Blatella germanica (L., 1767) (BLAT., Blatellidae); o mosquito Culex quinquefasciatus
Say,1823 (DIPT., Culicidae) e a pulga Pulex irritans (L., 1758) (SIPH., Pulicidae), insetos hematófagos
causando desassossego; os cupins ou térmitas Kalotermes spp. (ISOP., Kalotermitidae) que vivem em
madeiras, prejudicando móveis e mesmo caibros, assoalhos e paredes; a traça Tineola uterella (Wals.,
1897) (LEPI., Tineidae) e a punilha Dermestes maculatus (DeGeer, 1774) (COLE., Dermestidae),
responsáveis por prejuízos em roupas, peles e tapetes; a falsa traça Lepisma saccharina (L., 1758)
(THNU., Lepistamidae) danificando quadros e papéis em geral; os piolhos-dos-livros Liposcelis spp.
(PSOC., Liposcelidae) comum em bibliotecas, produtos armazenados, herbários e coleções
entomológicas.

Entomologia industrial - estuda os insetos sob o ponto de vista da utilização industrial de seus
produtos. São exemplos a abelha, já citada, de grande importância na produção de mel e cera; o bicho-
da-seda Bombyx mori (L., 1758) (LEPI., Bombycidae), espécie de ampla utilização na sericicultura; as
cochonilhas Laccifer lacca (Kerr, 1782) (HEMI., Sternorrhyncha, Kerriidae) e Dactylopius coccus(Costa,
1835) (HEMI., Sternorrhyncha, Dactylopiidae), produtoras da verdadeira laca animal e do carmim de
melhor qualidade, respectivamente.

Entomologia médica - estuda os insetos que, de qualquer forma, podem afetar a saúde humana.
Como exemplos podem ser lembrados os “barbeiros” Triatoma infestans (Klug., 1834) e Panstrongylus
megistus (Burm., 1835) (HEMI., Heteroptera, Reduviidae) transmissores de Trypanosoma cruzi causador
da doença de Chagas; os mosquitos Aedes aegypti (L., 1762) transmissor dos vírus causadores da febre
amarela e da “dengue” e Anopheles spp. (DIPT., Culicidae) vetores do esporozoário Plasmodium vivax
causador da malária; o piolho Pediculus humanus (L., 1758) (PHTH., Anoplura, Pediculidae) transmissor
de Rickettsia, vírus causador do tifo exantemático; as lagartas urticantes de vários lepidópteros, como as
de Automeris spp. e Hylesia spp. (LEPI., Saturniidae), as “taturanas” ou “lagartas-de-fogo” Megalopyge
spp. (LEPI., Megalopygidae) e especialmente a “lagarta-assassina” [Lonomia obliqua Walker, 1855
(LEPI., Saturniidae)] capaz de causar hemorragias e óbitos.

Entomologia química ou toxicológica - preocupa-se com a procura e fabricação de substâncias


destinadas ao controle de insetos. Abrange os aspectos toxicológicos, incluindo os testes de eficiência e
seletividade de produtos.

Entomologia veterinária - estuda os insetos relacionados com a saúde dos animais. Como exemplos
destacam-se Dermatobia hominis (L., 1781) (DIPT., Cuterebridae) cujas larvas são conhecidas como
“bichoberne”; Gasterophilus nasalis (L., 1761) (DIPT., Gasterophilidae) causador da “gasterofilose” dos
eqüinos; Cochliomyia spp. (DIPT., Calliphoridae) moscas varejeiras responsáveis por miíases tanto em
animais como no homem; Melophagus ovinus (L., 1761) (DIPT., Hippoboscidae), ectoparasito
permanente de ovelhas; os piolhos das aves, como Menopon gallinae (L., 1758) (PHTH., Amblycera,
Menoponidae) entre outros, e os dos mamíferos, como Trichodectes spp. (PHTH., Ischnocera,
Trichodectidae) que se alimentam da base dos pelos e Haematopinus spp. (PHTH., Anoplura,
Haematopinidae) que são hematófagos, associados principalmente a bovinos e suínos.

Posição sistemática

Existe grande divergência entre os autores no tocante à hierarquia dos grupos que integram os
invertebrados que possuem pernas articuladas, incluídos em Insecta por Linneu e em Arthropoda por
Sieboldt & Stannius. Apesar do termo Hexapoda ter sido usado como sinônimo de Insecta por muito
tempo, e ainda sem diferenciação por BARNES, CALOW & OLIVE (1995), que elevam a hierarquia da

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maioria dos grupos, os mesmos são mantidos como táxons distintos na proposta de KRISTENSEN
(1991).
O quadro que segue dá uma visão geral da posição sistemática dos insetos desde filo:

A classe Ellipura reune as ordens Collembola e Protura, consideradas anteriormente por KRISTENSEN
(1981) como classes independentes, que juntamente com Diplura, formava o grupo “Entognatha”.

Questão

01. (DPF - Perito Criminal Federal - CESPE) A entomologia forense aplica conhecimentos sobre a
biologia dos insetos e outros artrópodes a processos criminais. Com a ajuda desses conhecimentos, é
possível, por exemplo, determinar o local e o tempo da ocorrência de incidentes, de acordo com a fauna
encontrada no cadáver. Acerca desse assunto, julgue o item subsecutivo.

A entomologia forense urbana é um estudo específico sobre infestação de pragas provocada por
artrópodes, aplicado a litígios que envolvam prestação de serviços entre contratantes e contratados para
limpeza em geral, como em shopping centers.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.errado

Comentário

01. Resposta: errado


Entomologia química ou toxicológica - preocupa-se com a procura e fabricação de substâncias
destinadas ao controle de insetos. Abrange os aspectos toxicológicos, incluindo os testes de eficiência e
seletividade de produtos.

2. Controle de plantas daninhas.

Planta daninha é qualquer espécie vegetal que, de alguma forma, interfere negativamente em alguma
atividade humana. Essa definição é simples, mas considera a ação entre indivíduos. Tudo o que será
discutido a seguir contribuirá para traçar estratégias de manejo visando reduzir ou eliminar os efeitos
prejudiciais e decorrentes da ocorrência de plantas daninhas em áreas agrícolas.
A ciência que trata das plantas daninhas envolve outras áreas do conhecimento, como fitopatologia,
fisiologia vegetal, economia, sociologia para desenvolver um programa de manejo o mais eficiente
possível. Deve-se atentar para o fato de que a melhor alternativa de controle não deve basear apenas na
eficácia, mas no impacto sobre o ambiente e a economia de recursos.

Características

Uma planta daninha, aparentemente, não difere de uma planta cultivada.


Tomemos como exemplos duas espécies bem conhecidas: o picão-preto (Bidens pilosa) e a soja
(Glycine max). Ambas são plantas que se originam de sementes, germinam, crescem, florescem,
frutificam, produzem sementes e morrem.

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Entretanto, algumas características das plantas daninhas tornam-nas muito temidas pelos produtores,
como segue:
• as sementes ou as estruturas de reprodução vegetativa apresentam capacidade de germinação em
estádios iniciais de desenvolvimento;
• capacidade de germinação em qualquer tipo de ambiente;
• grande longevidade dos propágulos e dormência (o que garante germinação descontínua no tempo
e no espaço);
• crescimento inicial rápido e vigoroso, principalmente, se a reprodução ocorre por meios vegetativos;
• rápida passagem da fase vegetativa para a reprodutiva;
• produção de grande número de propágulos (principalmente sementes);
• produção contínua de propágulos quando as condições são favoráveis;
• produção de propágulos mesmo quando as condições não são favoráveis;
• autopolinização, polinização cruzada, ou ambas; e
• os propágulos apresentam as mais variadas adaptações físicas e estruturais para dispersão a curta
ou longa distância.

Classificação

Todo indivíduo, animal ou vegetal, pode ser classificado de acordo com uma série de características,
com o objetivo reunir os assemelhados em grupos para facilitar seu estudo.
A classificação e a divisão das plantas daninhas em grupos podem facilitar a escolha de método(s) de
controle mais efetivo(s); com base em vários parâmetros: ciclo de vida, hábito de crescimento, mecanismo
de reprodução, meio de dispersão de propágulos e taxonomia.

Métodos de controle de plantas daninhas

Para discutir o manejo integrado de plantas daninhas em áreas agrícolas, é necessário que se
conheçam os métodos de controle, apresentados a seguir.

Prevenção

Desde que não ocorra infestação de uma ou mais espécies de plantas daninhas na área essa é a
melhor opção. Para prevenir sua entrada e disseminação em áreas nas quais elas não ocorrem é
fundamental que alguns cuidados sejam tomados:
• uso de sementes e mudas isentas de propágulos (sementes, rizomas, tubérculos e estolões) de
plantas daninhas;
• utilização de esterco animal e vegetal isento de propágulos (esterco fermentado);
• limpeza rigorosa de máquinas e implementos após a utilização em áreas infestadas;
• limpeza de margens de estradas, de cercas e de canais de irrigação; e
• isolamento de áreas;

• quarentena de animais trazidos de outras áreas para evitar que sementes e plantas daninhas possam
ser disseminadas por meio de suas fezes.

Em algumas situações, a prevenção é uma ação que depende de medidas governamentais, definidas
em legislação específica, sobre o comércio de sementes e mudas, tanto em nível nacional quanto
internacional (importação).

Controle cultural

As práticas culturais possibilitam vantagens competitivas para as plantas cultivadas em detrimento das
plantas daninhas. Nesse método de controle, são aproveitadas características da própria planta cultivada
ou do seu processo de cultivo.
Devem ser utilizadas cultivares de rápido crescimento e que sombreiem a superfície do solo antes da
emergência das plantas daninhas. Para isso devem ser usadas sementes e mudas de alto vigor, realizar
o plantio na época recomendada, nos espaçamentos e nas densidades adequados, realizar adubações
equilibradas, manejar corretamente a irrigação (se for o caso), adotar também o manejo integrado de
pragas e doenças, a rotação de culturas e o plantio direto.

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Em algumas situações, o controle cultural pode ser tão eficiente que dispense outros métodos de
controle para determinada espécie. Como exemplo, têm-se a alteração do arranjo espacial na cultura do
milho, com redução do espaçamento entre fileiras e o aumento do espaçamento entre plantas (para uma
mesma população).
O sombreamento da superfície do solo, provocado pela melhor distribuição das plantas, pode impedir
a germinação de sementes e o crescimento de espécies altamente exigentes em radiação solar, como a
tiririca e o capim marmelada.
Outra técnica bastante eficaz no controle de plantas daninhas é a rotação de culturas. Ela possibilita
manter a superfície do solo sempre coberta, inibindo o crescimento de plantas daninhas. Essa estratégia
tem sido a base do manejo integrado de plantas daninhas desde a antiguidade.
Resultados de alguns trabalhos tem-se mostrado promissores quando se alia a rotação ao plantio
direto, principalmente, para controle de espécies exigentes em luz e cujo mecanismo de reprodução é o
assexuado.

Controle mecânico

Realizado por meio de ferramentas ou implementos, sendo feito antes ou depois da semeadura das
culturas. As operações de preparo do solo como a aração e a gradagem eliminam a população infestante
com grande eficácia. O único inconveniente é a falta de persistência da ação de controle no solo, com
germinação e emergência de plantas daninhas logo em seguida.
Uma estratégia pode ser aração ou gradagem leves do solo (dependendo do nível de infestação)
alguns dias antes da semeadura para eliminar a vegetação existente e estimular a germinação e a
emergência de novas plantas a serem eliminadas com o preparo para a semeadura.
A capina com enxada, muito comum na agricultura familiar, ou com cultivadores de tração animal ou
trator são os métodos de controle mecânico mais utilizados.
A vantagem do uso da enxada é a grande eficácia de controle, a desvantagem, seu baixo rendimento
operacional. Os cultivadores, por sua vez apresentam rendimento operacional bem maior, mas a eficácia
de controle é menor, não controlando as plantas daninhas localizadas na linha de plantio.
A cobertura morta é também considerada uma forma eficaz de controle mecânico, atuando como
barreira física contra a entrada de luz, essencial ao processo de germinação. Muitas espécies são
fotoblásticas positivas, ou seja, necessitam de luz para iniciar a germinação.
Ademais, a quantidade de reserva nas sementes pode ser insuficiente para que a plântula em
emergência consiga atravessar a barreira imposta pela cobertura morta.
Além de evitar a passagem de luz e bloquear a emergência de plântulas, a cobertura morta reduz a
variação de temperatura (alta amplitude térmica) na camada superficial do solo onde se concentra grande
quantidade de sementes.
As variações têm influência na quebra de dormência das sementes de grande número de espécies
daninhas. Estudos mostraram que as sementes de picão preto, localizadas na superfície do solo, em
áreas em plantio direto, apresentaram germinação muito maior do que aquelas que se encontravam em
profundidade.
Portanto, em área sob plantio direto, pode haver maior infestação de plantas daninhas, principalmente,
nos primeiros anos. Com o esgotamento do banco de sementes do solo, reduz-se a intensidade de
infestação, se o manejo for bem realizado nas fases de pré semedura, de condução da lavoura e de pós-
colheita.

Controle físico

As plantas daninhas podem ser controladas por agentes como o fogo, a solarização e a alelopatia,
considerados os principais meios de controle físico.
O fogo, como indicado aqui, não se refere à queimada, que foi e ainda é muito utilizada na limpeza de
áreas de produção agrícola, principalmente, em terrenos recém-desbravados. O fogo deve ser
empregado para a produção de calor que causa a destruição das estruturas celulares da planta, levando-
a à morte. A principal forma é o uso de lança-chamas, portáteis ou tracionadas por trator. No controle
total, não são necessários maiores cuidados, porém, a aplicação de fogo em culturas já instaladas deve
ser feita dirigindo as chamas apenas para as plantas daninhas.
A solarização consiste em cobrir o solo úmido com um filme plástico transparente. A luz solar, formada
por ondas curtas de alta energia, atravessa o plástico e aquece o solo.
O calor produzido, na forma de ondas longas, não consegue atravessar o plástico, ficando acumulado
abaixo dele. Com o tempo, o solo se aquece e o calor é transmitido com grande eficiência pela água a

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uma profundidade maior. Esse aquecimento é suficiente para atingir temperaturas elevadas que causam
a morte de sementes de plantas daninhas.
A alelopatia é a ação de substâncias químicas com função biológica importante em plantas que
causam algum tipo de prejuízo em outras. Com a liberação desses compostos por decomposição de
tecidos vegetais, lixiviação, exsudação radicular e volatilização, pode ocorrer inibição da germinação e do
crescimento de plantas daninhas. Espécies utilizadas na cobertura do solo e na adubação verde podem
ter importância para o controle alelopático, além das próprias espécies cultivadas.

Controle biológico

O controle biológico de plantas daninhas é realizado por organismos vivos ou por produtos de seu
metabolismo, ainda é pouco aplicado, mas com grande interesse de pesquisadores. Os principais estudos
têm sido conduzidos com fungos e insetos. Os fungos provocam doenças nas plantas que paralisam seu
crescimento e podem acarretar sua morte.
Os insetos nas fases jovem ou adulta podem atacar plantas daninhas, provocando seu
enfraquecimento ou mesmo a morte.
O controle biológico é altamente específico, ou seja, um agente de controle ataca apenas uma espécie
ou poucas espécies dentro de um mesmo gênero de plantas.
Ele deve ser altamente seletivo para que os agentes de controle não provoquem danos às plantas
cultivadas.

Controle químico

Consiste no uso de herbicidas, produtos que podem ser aplicados antes ou depois da semeadura. Em
pré-plantio, tem finalidade de promover a dessecação das plantas daninhas em áreas de plantio direto.
A aplicação em pré-plantio incorporado é realizada no caso dos herbicidas que precisam ser
posicionados a certa profundidade por falta de movimentação no solo ou para evitar volatilização
(transformação em gases) e fotodecomposição (degradação pela luz).
A aplicação em pré-emergência é feita quando os herbicidas têm ação apenas sobre as sementes ou
em plantas em fase inicial de crescimento. A aplicação em pós emergência, tanto da cultura quanto da
planta daninha, têm ação de contato, quando atuam próximo ao local de absorção, ou sistêmica, quando
ele se distribui por outras partes da planta, como raízes, por exemplo. As principais vantagens do seu uso
são eficiência de controle, seletividade e melhor relação custo/benefício em algumas situações.
Os herbicidas podem ser classificados de acordo com seu mecanismo de ação, processo que
efetivamente causa a morte das plantas daninhas. Esse processo pode ser, por exemplo, a inibição da
atividade de alguma enzima que catalisa a síntese de substâncias na planta.
A seguir, serão apresentados os principais grupos de herbicidas, de acordo com os seus mecanismos
de ação, com alguns exemplos.

Inibidores da enzima Acetil Coenzima-A Carboxilase (ACCase)

Estes herbicidas têm efeito sobre espécies da família Poaceae (gramíneas) e seletivos para várias
espécies dicotiledôneas.
A ACCase é uma enzima-chave na síntese de lipídios, componentes importantes de estruturas como
a membrana celular. Logo após a aplicação, percebe-se paralisação do crescimento, descoloração dos
pontos de crescimento e clorose das folhas novas. Folhas mais velhas podem ficar arroxeadas,
alaranjadas ou vermelhas.

Os principais herbicidas inibidores da ACCase são:


• Arilfenoxipropionatos: diclofop, fenoxaprop, fluazifop, haloxyfop, propaquizafop, quizalofop; e
• Ciclohezanodionas: butroxydim, clethodim, sethoxydim, tepraloxydim.

Inibidores da enzima Aceto Lactatosintase (ALS)

Estes herbicidas têm efeito, principalmente, sobre espécies dicotiledôneas.


Algumas imidazolinonas têm efeito sobre gramíneas e algumas sulfoniluréias sobre ciperáceas.
A ALS é uma enzima importante na síntese de alguns aminoácidos (valina, leucina e isoleucina).
Alguns dias após a aplicação percebe-se a paralisação do crescimento, descoloração das folhas jovens,

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necrose de nervuras e de pecíolos e queda de folhas. As raízes das plantas crescem pouco e as raízes
secundárias são curtas.

Os principais herbicidas inibidores da ALS são:


• Imidazolinonas: imazamox, imazapyr, imazapic, imazaquin, imazethapyr;
• Sulfoniluréias: azinsulfuron, chlorimuron, flazasulfuron, halosulfuron, metsulfuron, nicosulfuron,
oxasulfuron, pyrazosulfuron;
• Sulfoanilidas: cloransulam, diclosulam, flumetsulam; e
• Outros: pyrithiobac, bispyribac.

Inibidores da enzima 5-enolpiruvilshiquimato-3-fosfatosintase (EPSPs)

Os herbicidas pertencentes a esse grupo têm efeito sobre espécies monocotiledôneas e dicotiledôneas
e não são seletivos para culturas, exceção feita à soja tolerante ao glyphosate.
A EPSPs é uma enzima importante na síntese de alguns aminoácidos (fenilalanina, tirosina e
triptofano). A aplicação desses herbicidas tem efeito rápido, paralisando o crescimento da planta.
Os principais sintomas são clorose de pontos de crescimento e de folhas jovens. Entre duas e três
semanas as plantas tornam-se totalmente necrosadas (secas).
Os principais herbicidas desse grupo são o glyphosate e o sulfosate.

Hormônios ou reguladores de crescimento

Os herbicidas pertencentes a esse grupo têm efeito sobre espécies dicotiledôneas e são seletivos para
gramíneas.
Eles provocam um desbalanço na atividade hormonal da planta sensível causando crescimento
desordenado dos tecidos vegetais. Os sintomas mais característicos são a epinastia (curvatura e
enrolamento) do ápice das plantas, espessamento do caule e do pecíolo e encarquilhamento das folhas.
A morte da planta ocorre por volta de quatro a cinco semanas após aplicação.

Os principais herbicidas hormonais são:


• Derivado do ácido benzóico: dicamba;
• Derivado do ácido fenoxiacético: 2,4-D;
• Derivados do ácido picolínico: fluroxipyr, picloran, triclopyr; e
• Outros: quinclorac.

Inibidores do Fotossistema I

Os herbicidas inibidores do fotossistema I controlam espécies mono e dicotiledôneas e são não


seletivos. Interrompem o transporte de elétrons no processo fotossintético e impedem a produção de
energia aos processos metabólicos da planta.
Os herbicidas, ao captarem os elétrons, tornam-se radicais livres com alto poder de oxidação. Isso
leva à formação de peróxido de hidrogênio, responsável pela peroxidação de lipídios e desnaturação de
membranas celulares. Os principais sintomas são murchamento e necrose das plantas, horas após a
aplicação. Em poucos dias, a planta já se encontra completamente necrótica.
Os herbicidas inibidores do fotossistema I são o diquat e o paraquat.

Inibidores do fotossistema II

Os inibidores do fotossistema II controlam espécies daninhas dicotiledôneas e são seletivos para


culturas mono e dicotiledôneas.
Estes herbicidas interrompem o fluxo normal de elétrons durante o processo fotossintético provocando
uma espécie de “sobrecarga” nas moléculas de clorofila. Essa condição pode causar a destruição direta
das membranas celulares ou a formação de radicais livres que atuam como no grupo anterior. Os
sintomas são: descoloração das folhas, surgimento de manchas aquosas e posterior necrose. O intervalo
entre a aplicação e a morte da planta pode ser de até cinco dias.

Os principais herbicidas inibidores do fotossistema II são:


• Triazinas: amtetryn, atrazine, cyanazine, hexazinone, metribuzin, prometryne, simazine;
• Uréias substituídas: diuron, isouron, linuron, tebuthiuron;

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• Uracilas: bromacil; e
• Outros: bentazon, ioxynil, propanil.

Inibidores da protoporfirinogênio oxidase (PROTOX)

Estes herbicidas controlam espécies daninhas dicotiledôneas em várias culturas, com destaque para
feijão e soja.
A enzima protorfirinogênio oxidase está envolvida na síntese de clorofila. A inibição dessa enzima leva
ao acúmulo de uma substância, protoforfirinogênio, que em níveis elevados passa a interagir com o
oxigênio formando radicais livres que causam a peroxidação de lipídios de membranas celulares. Os
sintomas são: descoloração das folhas com posterior necrose. A morte das plantas ocorre em poucos
dias.

Os herbicidas inibidores da PROTOX são:


• Difeniléteres: acifluorfen, fomesafen, lactofen, oxyfluorfen;
• Ftalimidas: flumiclorac, flumioxazin;
• Triazolinonas: carfentrazone, sulfentrazone; e
• Outro: oxadiazon.

Inibidores da síntese de caroteno

Estes herbicidas controlam espécies monocotiledôneas e dicotiledôneas anuais e algumas perenes.


Eles atuam interferindo na rota metabólica de terpenóides, essenciais na síntese de vários outros
compostos, entre eles os carotenos. Estes têm importante função protetora das clorofilas contra o excesso
de energia. As espécies sensíveis apresentam branqueamento quando emergem do solo e,
posteriormente, necrose e morte.
Os herbicidas inibidores da síntese de caroteno são clomazone, isoxaflutole e norflurazon.

Inibidores de divisão celular

Inibidores de crescimento da parte aérea

Estes herbicidas controlam gramíneas e algumas dicotiledôneas. O efeito negativo no crescimento das
plantas é devido a uma série de eventos: inibição da síntese de lipídios; elongação celular; síntese de
alguns hormônios, flavonóides e proteínas. As sementes das espécies sensíveis germinam, mas grande
parte das plântulas não emerge.
Caso a emergência ocorra, as folhas aprecem retorcidas com coloração verde-escura intensa. Nas
gramíneas, estas não emergem dos coleóptilos ou ficam comprimidas nos cartuchos. Nas dicotiledôneas,
as folhas apresentam-se encarquilhadas, com encurtamento da nervura central e depressão na ponta das
folhas.
Os principais herbicidas são:
• Amidas: acetochlor, alachlor, butachlor, metolachor, dimethenamid, napropamid;
• Carbamotioatos: molinate, thiobencarb.

Inibidores do crescimento de raízes

A exemplo dos últimos herbicidas citados, os inibidores do crescimento de raízes controlam


basicamente espécies gramíneas e poucas dicotiledôneas.
O mecanismo de ação desses herbicidas é a inibição da síntese de tubulina, proteína importante no
processo de divisão das células. A tubulina é um dos componentes do microtúbulo, responsável pela
separação dos cromossomos durante a divisão celular.
Os sintomas são inchaço do meristema radical, encurtamento e espessamento da raiz principal, sem
a formação de raízes secundárias. Em consequência, a parte aérea fica atrofiada e avermelhada. Nas
dicotiledôneas, pode ocorrer formação de calos nos caules das plantas próximos à superfície do solo.
Os herbicidas inibidores de síntese de tubulina são o oryzalin, o trifluralin, o pendimethalin e o
thiazopyr.

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Inibidores da enzima glutamina sintetase (GS)

A glutamina sintetase é uma enzima-chave no processo de incorporação de amônia nos tecidos


vegetais. Ela promove a união da amônia e do glutamato formando a glutamina, composto precursor de
vários aminoácidos.
Os sintomas nas plantas sensíveis são murchamento e clorose das folhas, levando à necrose intensa
e posterior morte. O herbicida pertencente a esse grupo é o amônio-glufosinato ou glufosinate.
Referências Bibliográficas:

Fontes, José Roberto Antoniol. Manejo integrado de plantas daninhas / José Roberto Antoniol Fontes, Jonas Lopes Neves – Planaltina, DF : Embrapa
Cerrados, 2003.

Questões

01. (UFSBA - Engenheiro Agrônomo – UFMT/2017) Sobre plantas daninhas, assinale a afirmativa
INCORRETA.
(A) São responsáveis pela não certificação das sementes e mudas de culturas, quando estas são
colhidas com sementes de determinadas espécies de plantas daninhas proibidas.
(B) Possuem a habilidade de produzir pouca quantidade de sementes, sendo facilmente perpetuadas
em função da dormência e germinação desuniforme.
(C) Podem ser hospedeiras alternativas de organismos nocivos a espécies vegetais, podendo causar
doenças como viroses e nematoses em plantas cultivadas.
(D) Apresentam mecanismos alternativos de reprodução, capacidade de germinar e emergir a
grandes profundidades, além da elevada capacidade de produção de dissemínulos.

02. (Prefeitura de Teresina/PI - Técnico de Nível Superior - FCC/2016) Sobre pragas e plantas
daninhas, considere:
I. Quando possível, escolher áreas de cultivo com baixa infestação por plantas daninhas.
II. Emprego de sementes isentas de propágulos de plantas daninhas.
III. Limpeza rigorosa de veículos, máquinas, implementos e ferramentas após utilização em áreas
infestadas, pois podem atuar como meios de dispersão de propágulos de espécies daninhas.
IV. Eliminação de plantas indesejadas em margens de estradas, de cercas e de canais de irrigação
antes que produzam propágulos.

Essas ações são


(A) as principais medidas de controle preventivo.
(B) de controle preventivo e visam impedir a introdução e o estabelecimento de espécies daninhas em
áreas de cultivo onde sabidamente elas não estão presentes.
(C) de manejo difícil (por exemplo, espécies com mais de um mecanismo de reprodução).
(D) medidas de erradicação por controle biológico e químico.
(E) medidas de erradicação, para controle econômico da produção

03. (EMATER/PR - Engenheiro Agrônomo - UEL/COPS) O controle de plantas daninhas consiste na


adoção de certas práticas que resultam na redução da infestação, mas não necessariamente na sua
completa eliminação.

Em relação ao controle de plantas daninhas, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.


( ) A alelopatia é a inibição química exercida por uma planta sobre a germinação ou desenvolvimento
de outras plantas, sendo, portanto, um tipo de controle biológico.
( ) Devido ao alto custo, o controle cultural de plantas daninhas só é praticado em pequenas áreas,
como em viveiros de plantas frutíferas e ornamentais.
( ) O controle biológico de plantas daninhas consiste no uso de práticas que visam prevenir a
introdução, o estabelecimento e/ou a disseminação de espécies de plantas daninhas em áreas ainda não
infestadas.
( ) A erradicação de plantas daninhas consiste no uso de práticas comuns ao bom manejo da água e
do solo, como a rotação de cultura, a variação do espaçamento da cultura e o uso de coberturas verdes.
( ) O controle mecânico consiste no uso de práticas de eliminação de plantas daninhas através do
efeito físico-mecânico, como arranco manual, capina, roçada e cobertura morta.

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Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
(A) V, F, V, F, F.
(B) V, F, F, F, V.
(C) F, V, V, V, F.
(D) F, V, F, F, V.
(E) F, F, V, V, V

Gabarito

01.B / 02.A / 03.B

Comentários

01. Resposta: B
Uma planta daninha, aparentemente, não difere de uma planta cultivada.
Algumas características das plantas daninhas tornam-nas muito temidas pelos produtores, como
segue:
• as sementes ou as estruturas de reprodução vegetativa apresentam capacidade de germinação em
estádios iniciais de desenvolvimento;
• capacidade de germinação em qualquer tipo de ambiente;
• produção de grande número de propágulos (principalmente sementes);

02. Resposta: A
Desde que não ocorra infestação de uma ou mais espécies de plantas daninhas na área essa é a
melhor opção. Para prevenir sua entrada e disseminação em áreas nas quais elas não ocorrem é
fundamental que alguns cuidados sejam tomados:
• uso de sementes e mudas isentas de propágulos (sementes, rizomas, tubérculos e estolões) de
plantas daninhas;
• utilização de esterco animal e vegetal isento de propágulos (esterco fermentado);
• limpeza rigorosa de máquinas e implementos após a utilização em áreas infestadas;
• limpeza de margens de estradas, de cercas e de canais de irrigação; e
• isolamento de áreas;

• quarentena de animais trazidos de outras áreas para evitar que sementes e plantas daninhas
possam ser disseminadas por meio de suas fezes.

03. B

3. Pragas Quarentenárias ausentes A1, pragas quarentenárias presentes A2 e


Não Quarentenárias Regulamentadas.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 45, DE 22 DE AGOSTO DE 20183

O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso da


atribuição que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição, tendo em vista o disposto
no art. 30, XIV, da Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991, nos arts. 1º e 2º, ambos do Decreto nº 24.114,
de 12 de abril de 1934, no art. VII, do Decreto nº 5.759, de 17 de abril de 2006, e o que consta no Processo
nº 21000.026355/2018-36, resolve:

Art. 1º Ficam estabelecidos regras e procedimentos para elaboração, atualização e divulgação das
listas de Pragas Quarentenárias Ausentes, Pragas Quarentenárias Presentes e Pragas Não
Quarentenárias Regulamentadas.

Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa, entende-se por:

3
http://www.imprensanacional.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/39115283/do1-2018-08-31-instrucao-normativa-n-45-de-22-de-
agosto-de-2018-39115003

. 20
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
I - Praga Quarentenária Ausente - PQA: praga de importância econômica potencial para uma área em
perigo, que não esteja presente no território nacional;
II - Praga Quarentenária Presente - PQP: praga de importância econômica potencial para uma área
em perigo, presente no país, porém não amplamente distribuída e que se encontra sob controle oficial;
III - Praga Não Quarentenária Regulamentada - PNQR: praga não quarentenária cuja presença em
plantas para plantar afeta o uso proposto dessas plantas, com impacto econômico inaceitável e que esteja
regulamentada dentro do território da parte contratante importadora.
Parágrafo único. O reconhecimento de um registro de ocorrência de uma praga no Brasil se dará com
base nos critérios estabelecidos na Norma Internacional de Medidas Fitossanitárias - NIMF Nº 8 ou outra
que a venha substituir.

Art. 3º A categorização de um organismo como praga quarentenária deve se dar com base em um
procedimento de Análise de Risco de Pragas - ARP, observadas as orientações contidas nas NIMF Nº 2
e Nº 11 ou outras que as venham substituir.

Art. 4º A elaboração, atualização e divulgação das listas de pragas de que trata o art. 1º serão
realizadas pelo Departamento de Sanidade Vegetal - DSV da Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA,
na condição de Organização Nacional de Proteção Fitossanitária do Brasil - ONPF junto à Convenção
Internacional de Proteção dos Vegetais - CIPV observadas as orientações contidas na NIMF Nº 19 ou
outra que a venha substituir.
§1º As listas de Pragas Quarentenárias Ausentes, Presentes e Não Quarentenárias Regulamentadas
serão publicadas no Diário Oficial da União (DOU) por meio de ato normativo da SDA e disponibilizadas
de forma periódica no portal institucional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA,
no endereço www.agricultura.gov.br.
§2º A atualização das listas de Pragas Quarentenárias Ausentes, Presentes e Não Quarentenárias
Regulamentadas será realizada a partir de informações resultantes de levantamentos fitossanitários
oficiais realizados pelo MAPA, notificações de ocorrência, alteração no status ou na taxonomia das
pragas, de estudos de ARP ou sempre que se impuser o interesse de preservação da sanidade vegetal
no País.

Art. 5º A notificação da suspeita ou da ocorrência de Praga Quarentenária Ausente no território


nacional ou de Praga Quarentenária Presente fora de sua área de ocorrência é obrigatória para todas as
entidades públicas ou privadas que realizem pesquisa científica e pelas categorias profissionais
diretamente vinculadas à área de defesa sanitária vegetal de qualquer órgão ou entidade envolvidos nas
ações de defesa agropecuária.
Parágrafo único. Os procedimentos, prazos, fluxo, periodicidade de informações e outras disposições
necessárias para cumprimento do disposto no caput deste artigo serão definidos em normas próprias da
SDA propostas pelo DSV.

Art. 6º A detecção no território nacional de um surto de Praga Quarentenária Ausente ou Praga


Quarentenária Presente não implica na alteração imediata do seu status, sempre que a praga estiver sob
controle oficial de erradicação ou quando a praga for detectada em áreas geográfica ou
epidemiologicamente isoladas, nas quais um controle de contenção eficiente pode ser estabelecido.
Parágrafo único. Nos casos de suspeita de detecção das pragas previstas no caput deverão ser
aplicados os procedimentos previstos nos planos de contingência respectivos ou em protocolo geral de
atendimento a suspeitas fitossanitárias definido pelo DSV.

Art. 7º Ficam revogadas a Portaria MAA nº 364, de 3 de julho de 1996, Portaria MAARA nº 180, de 21
de março de 1996, Portaria MAA nº 127, de 16 de abril de 1997, Instrução Normativa MAPA nº 52, de 20
de novembro de 2007, a Instrução Normativa MAPA nº 41, de 01 de julho de 2008, a Instrução Normativa
MAPA nº 59, de 18 de dezembro de 2013, a Instrução Normativa MAPA nº 12, de 23 de maio de 2014,
Instrução Normativa MAPA nº 32, de 3 de setembro de 2014, Instrução Normativa MAPA nº 42, de 9 de
dezembro de 2014, Instrução Normativa MAPA nº 21, de 03 de julho de 2015, Instrução Normativa MAPA
nº 26, de 14 de setembro de 2015 e a Instrução Normativa MAPA nº 39, de 17 de novembro de 2016.
Art. 8º Esta Instrução Normativa entra em vigor 30 (trinta) dias após a sua publicação.

BLAIRO MAGGI

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4. Manejo integrado de pragas. Quarentena vegetal. Área Livre de Praga - ALP,
Local Livre de Praga- LLP, Sistema de Mitigação de Riscos de Praga - SMRP ou
Área de Baixa Prevalência de Praga - ABPP.

Manejo Integrado de Pragas (MIP) e os Métodos Agroecológicos

O que é melhor curar? A febre ou a doença que a provoca? Responder a essa pergunta significa optar
pelo tratamento do efeito (a febre) ou da causa (doença) de um determinado problema. Assim como no
corpo humano habita uma série de microrganismos que coexistem pacificamente conosco, na lavoura
esses organismos também se encontram no solo, nas plantas e nos organismos dos animais. Só quando
o corpo e a agricultura se tornam fracos e desequilibrados em seu metabolismo, é que esses organismos
oportunistas atacam, tornando-se um problema. Isso significa que a origem do problema não é a
existência desses organismos, mas o desequilíbrio presente ou no corpo humano ou no ambiente
agrícola.4
Na agricultura convencional, as práticas de campo se direcionam para o efeito do desequilíbrio
ecológico existente. Este desequilíbrio gera a reprodução exagerada de insetos, fungos, ácaros e
bactérias, que acabam se tornando “pragas e doenças” das lavouras e das criações de animais. Aplicam-
se agrotóxicos nas culturas, injetam-se antibióticos e outros remédios nos animais buscando exterminar
esses organismos. Contudo, o desequilíbrio quer seja no metabolismo de plantas e animais, quer seja na
constituição físico-química e biológica do solo permanece.
E permanecendo a causa, os efeitos (pragas e doenças) cedo ou tarde reaparecerão, exigindo maiores
frequências de aplicação ou maiores doses de agrotóxicos num verdadeiro “círculo vicioso”.

Na agricultura orgânica, por sua vez, trabalha-se no sentido de estabelecer o equilíbrio ecológico em
todo o sistema. Parte-se da melhoria das condições do solo, que é a base da boa nutrição das plantas
que, bem nutridas, não adoecerão com facilidade, podendo resistir melhor a algum ataque eventual de
um organismo prejudicial. Cabe destacar o termo “eventual” porque num sistema equilibrado, não é
comum a reprodução exagerada de organismos prejudiciais, visto que existem no ambiente inimigos
naturais, que naturalmente irão controlar a população de pragas e doenças.
Desta forma, partindo da prevenção e do ataque às causas geradoras de desequilíbrio metabólico em
plantas e animais, os métodos agroecológicos de manejo de tais organismos se tornam bem sucedidos
à medida em que encaram uma propriedade do mesmo modo que um médico deveria olhar para uma
pessoa: como um “organismo”, uma individualidade única e repleta de interações dinâmicas e em
constante mudança.

Diferença entre o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e os Métodos Agroecológicos

O Manejo Integrado de Pragas (conhecido como MIP), constitui um plano de medidas voltadas para
diminuir o uso de agrotóxicos na produção convencional, buscando otimizar o uso desses produtos no
sistema. O princípio da agricultura convencional de atacar apenas os efeitos, permanece à medida em
que todas as práticas se voltam para o controle de pragas e doenças e não para o equilíbrio ecológico do
sistema. Contudo, existe uma preocupação em se utilizar agrotóxicos apenas quando a população desses
organismos atingir um nível de dano econômico (em que as perdas de produção gerem prejuízos
econômicos significativos), diminuindo a contaminação do ambiente com tais produtos.
Já os métodos agroecológicos buscam aplicar o princípio da prevenção, fortalecendo o solo e as
plantas através da promoção do equilíbrio ecológico em todo o ambiente. Seguindo essa lógica, o controle
agroecológico de insetos, fungos, ácaros, bactérias e viroses é realizado com medidas preventivas tais
como:

Plantio em épocas corretas e com variedades adaptadas ao clima e ao solo da região.


Fazer uso da adubação orgânica.
Rotação de culturas e adubação verde.
Cobertura morta e plantio direto.
Plantio de variedades e espécies resistentes às pragas e doenças.
Consorciação de culturas e manejo seletivo do mato.

4
http://planetaorganico.com.br/site/index.php/controle-agroecologico-de-pragas-e-doencas/
http://www.esmeraldazul.com/pt/blog/pragas-doencas-e-tratamentos-fitossanitarios/

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Evitar erosão do solo.
Fazer uso de adubos minerais pouco solúveis admitidos pela Instrução Normativa.
Uso de plantas que atuem como “quebra ventos” ou como “faixas protetoras”.
Nutrição equilibrada das plantas com macronutrientes e micronutrientes.
Conservação dos fragmentos florestais existentes na região.

Entretanto, cabe ressaltar que algumas das estratégias usadas no Manejo Integrado de Pragas, que
visa a diminuição do uso de agrotóxicos nas lavouras, podem ser adotadas pelos produtores orgânicos.
Vejamos, a seguir, tais estratégias com mais detalhes:

Estratégias para o Manejo Agroecológico de Pragas e Doenças

1 – Reconhecimento das pragas-chave da cultura:

Consiste em identificar qual o organismo que causa maior dano à cultura. Por exemplo, no caso do
algodão, o bicudo constitui o inseto mais importante no elenco de organismos que prejudicam a cultura.
Na cultura da banana os principais organismos são fungos, responsáveis pelo “Mal de Sigatoka” e pelo
“Mal do Panamá”
Conhecer a praga-chave de cada cultura ajudará o agricultor a adotar práticas que incentivem a
reprodução de seus principais inimigos naturais, ou que criem condições ambientais desfavoráveis à
multiplicação do organismo indesejável

2 – Reconhecimento dos inimigos naturais da cultura:

Diversos insetos, fungos e bactérias podem atuar beneficamente como agentes de controle biológico
das principais pragas e doenças e, o que é melhor, de forma gratuita na medida em que ocorrem
naturalmente no ambiente. Conhecer as principais espécies e favorecê-las através de diversas práticas
(manejo do mato nativo, adubação orgânica, preservação de fragmentos florestais, entre outros), é uma
estratégia fundamental para o sucesso do controle de pragas e doenças na agricultura agroecológica.

3 – Amostragem da população dos organismos prejudiciais:

Monitorar a presença das pragas através da contagem de ovos, largas e organismos adultos (no caso
de insetos), ou da vistoria das plantas (% de dano em caso de doenças fungicas ou bacterianas), é uma
atividade obrigatória para que o produtor saiba quando agir e o faça de modo a promover o equilíbrio
ecológico de todo o sistema de produção.

4 – Escolher e utilizar as táticas de controle:

Mesmo promovendo o equilíbrio do sistema, a persistência de determinadas pragas e doenças no


ambiente é comum e nem sempre basta a adoção apenas de medidas preventivas. A traça do tomateiro
(Tuta absoluta), a requeima da batata (Phytophora infestans) são exemplos desse caso.Assim, quando
existem ameaças destes organismos promoverem um dano econômico às culturas agroecológicas, será
necessário ao agricultor adotar práticas “curativas”. Tais práticas atuam como “remédios” para as plantas,
como o uso das caldas bordalesa ou sulfocálcica, por exemplo.

Pragas, doenças e tratamentos fitossanitários

Há que começar sempre com as medidas preventivas, antes de fazer qualquer aplicação dos
pesticidas autorizados na agricultura biológica (AB). A limitação natural é suficiente em muitos casos de
pragas de importância económica.
As medidas culturais são frequentemente a melhor maneira de evitar pragas ou doenças. Por vezes o
recurso a largadas de insetos ou ácaros auxiliares em luta biológica é a medida mais adequada, em
especial em cultura de estufa.
Como medidas prioritárias podemos incluir também o tratamento biológico com produtos à base de
microrganismos de ação inseticida ou fungicida, dada a sua grande seletividade e rápida biodegradação,
em comparação com os restantes produtos fitofarmacêuticos.
Já alguns produtos derivados de microrganismos com maior toxicidade para auxiliares (caso do
spinosade) não devem ser considerados como prática de proteção prioritária.

. 23
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
No caso em que as medidas prioritárias referidas não sejam suficientes, pode então aplicar-se um
pesticida autorizado em AB.
No entanto, ao abrigo da Lei 26/2013 alguns pesticidas biológicos não são autorizados para uso não
profissional, o que não faz muito sentido quando o Ministério da Agricultura e a sua Direção-Geral que
trata destes assuntos (DGAV) autoriza pesticidas de síntese química muito mais perigosos para o
ambiente e para a saúde humana, como é o caso do herbicida glifosato.
Para uso profissional o utilizador tem de ter o cartão de aplicador e o equipamento de proteção
individual (EPI) autorizado.
Os pesticidas autorizados em AB, homologados em Portugal e autorizados para uso não profissional,
são muito poucos, a saber:

Sulfato de cobre (comprar cal em separado para fazer a calda bordalesa tradicional, pois a calda
bordalesa comercial é só para uso profissional);
Enxofre-flor ou enxofre em pó polvilhável (o enxofre em pó molhável ou líquido, é só para uso
profissional);
Ortofosfato de ferro.

1.Caracóis e lesmas (várias espécies)

Medidas preventivas:

Favorecer os auxiliares (coleópteros estafilinídeos);


Colocar na horta, se possível, patos;
Faixas de proteção sobre o terreno, com o seja, a cinza (eficaz enquanto estiver seca).

Medidas curativas:

Ortofosfato de ferro (Ferramol / Biosani).

2.Mosca da couve (Delia radicum)

Culturas atacadas: couves, nabo, mostarda, colza, beterraba

Medidas preventivas:

Enrelvamento com trevo branco ou outro trevo rasteiro, à volta da couve;


Plantar fundo e fazer amontoa;
Espalhar serradura ou cinza entre as plantas;
Cobrir o solo com corte de relva ou folhagem;
Não deixar velhos troços de couve no terreno; retirar e queimar plantas atacadas;
Não usar estrume fresco;
Rede malha 0,9 mm ou manta térmica no viveiro e na cultura colocar por cima desta.

Medidas curativas:

Spinosade (Spintor).

3.Podridão cinzenta (Botrytis cinerea)

Culturas atacadas (principalmente em estufa): alface, tomate, linho, batata, girassol, alcachofra,
espargo, beringela, pimento, couve, melão, melancia, pepino, courgette, morango, feijão, ervilha, a maior
parte de Primavera/Verão.

Medidas preventivas:
Arejar a estufa, deixar sempre aberta, mesmo de noite (exceto com tempo ventoso);
Eliminar restos de plantas doentes;
Evitar excesso de vigor;
Evitar água sobre as plantas;

. 24
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
Podar cedo (tomate, melão) os rebentos laterais de modo a ter feridas de poda o mais pequenas
possível;
Aplicar argila bentonítica regularmente

4.Lepra (Taphrina deformans)

Culturas atacadas: pessegueiro e amendoeira.

Medidas preventivas:

Gluconato de cobre, ou adubo fitofortificante mineral de cobre com boro e zinco (Cuivrol), ou extrato
de algas.

Medidas curativas:

Fungicida de cobre (sulfato/calda bordalesa, hidróxido, ou óxido cuproso) – tratamento no estado B-


abrolhamento / poucos dias antes da floração.

Quarentena Vegetal5

É uma atividade que visa prevenir a difusão de pragas exóticas através de controle de vegetais
importados procedentes de países ou regiões suspeitas, cujo estado sanitário na ocasião da chegada,
ofereça dúvidas.
A quarentena vegetal é regulamentada pelo decreto n. 24.114 de 12 de abril de 1934 e é controlada
pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária - CDA do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA. Sendo o CDA quem determina, por critério técnico, o tempo necessário para a
permanência quarentenária.
Durante a quarentena, o material será inspecionado e após a sua última inspeção, será solicitado a
liberação do material ou caso seja necessário destruir o material, será lavrado o Termo de Destruição
com base nos exames laboratoriais. Após a tramitação da documentação o processo de quarentena é
encerrado.

Área Livre de Pragas - ALP6

Uma "área livre de pragas" é:” Uma área na qual uma praga específica não ocorre como demonstrado
por evidência científica e na qual, quando apropriado, esta condição é mantida oficialmente”.
O estabelecimento e utilização de uma ALP por uma ONPF permitem a exportação de vegetais,
produtos vegetais e outros artigos regulamentados do país em que a área está situada (país exportador)
para outro país (país importador), sem a necessidade de aplicação de medidas fitossanitárias adicionais
quando forem cumpridos determinados requisitos. Assim, o status livre de pragas referente a uma área
pode ser utilizado como base para uma certificação fitossanitária de plantas, produtos vegetais e outros
artigos regulamentados em relação à(s) praga(s) declarada(s). Também disponibiliza, como um elemento
na avaliação de risco de pragas, a confirmação científica da ausência de uma determinada praga em uma
área. A ALP é então um elemento na justificativa das medidas fitossanitárias adotadas por um país
importador para proteger uma área em perigo.
Embora o termo "áreas livres de pragas" englobe uma vasta gama de tipos (de um país inteiro que é
livre de uma praga a uma pequena área que é livre, mas situada dentro de um país onde há prevalência
da praga), verificou-se ser conveniente discutir os requisitos de ALPs definindo-se três tipos:
- um país inteiro
- uma parte não infestada de um país no qual está presente uma área infestada limitada
- uma parte não infestada de um país situada dentro de uma área no geral infestada.
Em cada um desses casos, a ALP pode, conforme apropriado, incluir a totalidade ou parte de vários
países.
Três principais componentes ou estágios são considerados no estabelecimento e posterior
manutenção de uma ALP:
- sistemas para estabelecer uma área livre de uma praga
- medidas fitossanitárias para manter uma área livre de uma praga
5
https://bit.ly/2P0FH3R
6
http://www.fao.org/3/a-w1127o.pdf

. 25
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
- controles para verificar a manutenção de uma área livre de uma praga
A natureza desses componentes variará de acordo com a biologia da praga, os tipos e as
características da ALP e o nível requerido de segurança fitossanitária, com base na análise de risco de
pragas. Os métodos utilizados para obter esses componentes podem incluir:
- compilação de dados
- levantamentos (delimitação, detecção, verificação)
- controles regulatórios
- auditoria (revisão e avaliação)
- documentação (relatórios, planos de trabalho).

1. REQUISITOS GERAIS PARA ÁREAS LIVRES DE PRAGAS (ALPs)

1.1 Determinação de uma ALP


A delimitação de uma ALP deveria ser pertinente com a biologia da praga de interesse. Isso afetará a
escala na qual é possível definir uma ALP e os tipos de limites pelos quais ela pode ser delimitada. Em
princípio, as ALPs deveriam ser delimitadas em estreita relação com a ocorrência da praga. Na prática,
porém, geralmente as ALPs são delimitadas por fronteiras facilmente reconhecíveis, coincidindo de
maneira aceitável com os limites biológicos de uma praga. Tais limites podem ser de natureza
administrativa (por exemplo, limites de país, unidade da federação ou município), características físicas
(por exemplo, rios, mares, montanhas, estradas) ou limites de propriedade que sejam claros para todas
as partes. Por várias razões práticas, pode-se também decidir estabelecer uma ALP dentro de uma área
considerada livre de praga e assim evitar a necessidade de delimitação exata dos verdadeiros limites da
ALP.

1.2 Estabelecimento e Manutenção de uma ALP


Existem três componentes principais para estabelecimento e manutenção de uma ALP. São eles:
- sistemas para estabelecer uma área livre de uma praga
- medidas fitossanitárias para manter uma área livre de uma praga
- controles para verificar a manutenção de uma área livre de uma praga.

A natureza desses componentes variará de acordo com:


a biologia da praga, incluindo:
- seu potencial de sobrevivência
- sua taxa de reprodução
- seus meios de dispersão
- disponibilidade de plantas hospedeiras, etc.

características relevantes da ALP, incluindo:


- tamanho
- grau de isolamento
- condições ecológicas
- homogeneidade, etc.
o nível de segurança fitossanitária requerido para o nível de risco avaliado, de acordo com a análise
de risco de pragas realizada.

As normas internacionais para medidas fitossanitárias: Diretrizes para vigilância e Diretrizes para
análise de risco de pragas, fornecem mais detalhes sobre vigilância geral e os requisitos de levantamento
específico.

1.2.1 Sistemas para estabelecer uma área livre de uma praga


Dois tipos gerais de sistemas para fornecer dados são reconhecidos, sendo possível utilizar variações
ou combinações dos dois. Eles são:
- vigilância geral
- levantamentos específicos.

Vigilância geral
Envolve a utilização de todas as fontes de dados como ONPFs, outras agências governamentais
nacionais e locais, instituições de pesquisa, universidades, sociedades científicas (incluindo especialistas
autônomos), produtores, consultores, museus e público em geral. As informações podem ser obtidas de:

. 26
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
- publicações científicas e comerciais
- dados históricos não publicados
- observações recentes.

Levantamentos específicos
Podem ser levantamentos de detecção ou delimitação. São levantamentos oficiais e deveriam seguir
um plano aprovado pela ONPF envolvida.

1.2.2 Medidas fitossanitárias para manter uma área livre de uma praga
Medidas específicas podem ser utilizadas para prevenir a introdução e disseminação de uma praga,
incluindo:
ações regulatórias, tais como:
- inclusão de uma praga em uma lista de pragas quarentenárias
- especificação dos requisitos de importação para um país ou região
- restrição do trânsito de determinados produtos dentro de áreas de um país ou países, incluindo zonas
tampão
-monitoramento rotineiro
-assessoria em extensão rural para os produtores.

A aplicação de medidas fitossanitárias para manter o status ‘livre de pragas’ só se justifica em uma
ALP, ou em qualquer parte de uma ALP, em que as condições ecológicas sejam adequadas ao
estabelecimento da praga.

1.2.3 Controles para verificar a manutenção de uma área livre de uma praga
Para verificar o status ‘livre de pragas’ em uma ALP e para fins de gestão interna, a continuidade desse
status deveria ser verificada após o estabelecimento da ALP e a implementação das medidas
fitossanitárias de manutenção. A intensidade dos sistemas de verificação utilizada deveria estar de acordo
com o nível de segurança fitossanitária requerido. Esses controles podem incluir:
- inspeção pontual de envios exportados
- exigência de que pesquisadores, consultores e inspetores notifiquem a ONPF de todas as ocorrências
da praga
- levantamentos de verificação.

1.3 Documentação e revisão


O estabelecimento e manutenção de uma ALP deveriam ser devidamente documentados e
periodicamente revisados.

Independentemente do tipo de ALP, a documentação deveria estar disponível, quando apropriado,


contendo:
- dados compilados para estabelecer a ALP
- várias medidas administrativas adotadas em apoio à ALP
- delimitação da ALP
- regulamentações fitossanitárias aplicadas
- detalhes técnicos de vigilância ou levantamento e sistemas de monitoramento utilizados.

Pode ser útil para uma ONPF enviar a documentação sobre uma ALP para um serviço central de
informações (FAO ou Organização Regional de Proteção Fitossanitária), com todos os detalhes
relevantes, de modo que a informação possa ser comunicada a todas as ONPFs interessadas que
solicitarem.
Quando uma ALP requer medidas complexas para seu estabelecimento e manutenção visando
fornecer um alto grau de segurança fitossanitária, pode se fazer necessário um plano operacional com
base em um acordo bilateral. Tal plano deveria listar detalhes específicos sobre as atividades necessárias
ao funcionamento do ALP, incluindo o papel e as responsabilidades dos produtores e comerciantes do
país onde está situada a ALP. As atividades seriam revistas e avaliadas periodicamente e os resultados
poderiam fazer parte do plano.

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1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
2. REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA DIFERENTES TIPOS DE ALP

O termo "área livre de pragas" abrange todos os tipos de ALP. Por conveniência, os requisitos da ALP
são discutidos dividindo-os em três tipos arbitrários de áreas livres de pragas:
- um país inteiro
- uma parte não infestada de um país no qual está presente uma área infestada limitada no qual está
presente uma área
- uma parte não infestada de um país situada em uma área no geral infestada.
Em cada um desses casos, a ALP pode, quando apropriado, envolver a totalidade ou parte de vários
países. Os requisitos específicos para os três tipos de áreas livres de pragas são discutidos abaixo.

2.1 País inteiro


Neste caso, uma área livre de uma praga específica no país inteiro aplica-se a uma entidade política
sob a responsabilidade de uma ONPF.

Os requisitos podem incluir:

2.1.1 Sistemas para estabelecer uma área livre de uma praga


Tanto os dados de vigilância geral quanto os de levantamentos específicos são aceitáveis. Eles são
diferentes na medida em que podem ser utilizados para diferentes tipos e graus de segurança
fitossanitária.

2.1.2 Medidas fitossanitárias para a manutenção de uma área livre de uma praga
Podem incluir os pontos listados no item 1.2.2.

2.1.3 Controles para verificar a manutenção de uma área livre de uma praga
Podem incluir os pontos listados no item 1.2.3.

2.1.4 Documentação e revisão


Podem incluir os elementos enumerados na seção 1.3.

2.2 Parte não infestada de um país no qual está presente uma área infestada limitada
Neste caso, a distribuição da praga é limitada a parte de um país, conforme determinado pela ONPF.
Os controles oficiais são aplicados para conter a população da praga. A ALP pode ser toda ou parte da
área não infestada.

Requisitos podem incluir:

2.2.1 Sistemas para estabelecer uma área livre de uma praga


Normalmente o status de ALP baseia-se na verificação por meio de levantamentos específicos. Um
levantamento de delimitação oficial pode ser utilizado para determinar a extensão da infestação e, além
disso, pode ser necessário um levantamento de detecção oficial na área não infestada para constatar a
ausência da praga.

A vigilância geral (ver 2.1.1 acima) também pode, caso apropriado, ser aplicada à parte não infestada
de um país em que esteja presente uma área infestada limitada.

2.2.2 Medidas fitossanitárias para manter uma área livre de uma praga
Podem incluir os pontos listados no item 1.2.2. Neste tipo de ALP, também podem ser requeridas
regulamentações fitossanitárias para o trânsito de mercadorias a partir da área infestada para a área não
infestada para prevenir a propagação da praga conforme descrito no item 1.2.2.

2.2.3 Controles para verificar a manutenção de uma área livre de uma praga
Podem incluir aqueles listados no seção 1.2.3. Os levantamentos de verificação têm maior relevância
neste tipo de ALP do que aqueles que envolvem um país inteiro.

. 28
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
2.2.4 Documentação e revisão
A documentação pode incluir evidências que descrevam os controles oficiais, tais como resultados de
levantamentos, regulamentações fitossanitárias e informações sobre a ONPF, conforme descrito no
seção 1.3.
2.3 Parte não infestada de um país situada dentro de uma área no geral infestada
Este tipo de ALP é uma área, dentro de uma área no geral infestada, que foi transformada em (ou
demonstrou ser) livre de uma praga específica. Ela é mantida livre da praga para que um país exportador
possa utilizar esse status como base para a certificação fitossanitária de vegetais e / ou produtos vegetais.
Em certos casos, uma ALP pode ser estabelecida dentro de uma área cujo status de infestação não
tenha se baseado em levantamentos específicos.
A ALP deveria ser adequadamente isolada em relação à biologia da praga.

Os requisitos deveriam incluir:

2.3.1 Sistemas para estabelecer uma área livre de uma praga


Levantamentos de delimitação e detecção seriam requeridos para este tipo de ALP.

2.3.2 Medidas fitossanitárias para manter uma área livre de uma praga
Podem incluir aquelas mencionadas no item 1.2.2. Para este tipo de ALP, também podem ser
requeridas regulamentações fitossanitárias para o trânsito de material hospedeiro a partir da área
infestada para a área não infestada para prevenir a dispersão da praga, conforme descrito na seção 1.2.2.

2.3.3 Controles para verificar a manutenção de uma área livre de uma praga
Estes podem incluir aqueles listados na seção 1.2.3. Levantamentos de verificação em curso
constituem uma exigência provável para este tipo de ALP.

2.3.4 Documentação e revisão


A documentação pode incluir evidências que descrevam os controles oficiais, tais como resultados de
levantamentos, regulamentações fitossanitárias e informações sobre a ONPF, conforme descrito na
seção 1.3. Como é provável que este tipo de ALP envolva um acordo entre parceiros comerciais, a sua
implementação necessitaria ser revista e avaliada pela ONPF do país importador.

Local Livre de Praga – LLP

Divisão de uma região geográfica acometida pela praga que até então não apresenta indícios de
infestação; (ex: estado, região)7

Distinção entre um Lugar de Produção Livre de Pragas ou um Local de Produção Livre de


Pragas e uma Área Livre de Pragas8

O conceito do lugar de produção livre de pragas é diferente daquele de área livre de. A área livre de
pragas tem o mesmo objetivo do lugar de produção livre de pragas, porém é implementada de maneira
diferente. Todas as diferenças entre um lugar de produção livre de pragas e uma área livre de pragas são
aplicadas igualmente a um local de produção livre de pragas.
Uma área livre de pragas é muito maior do que um lugar de produção, ela inclui muitos lugares de
produção e pode ser estendida para um país inteiro ou partes de diversos países. Uma área livre de
pragas pode estar isolada por uma barreira natural ou uma zona tampão apropriada, normalmente grande.
Um lugar de produção livre de pragas pode estar situado em uma área onde a praga de interesse é
prevalente e está isolado, se na totalidade, pela criação de uma zona tampão em sua vizinhança imediata.
Uma área livre de pragas é normalmente mantida por muitos anos sem interrupção, e por outro lado o
status de um lugar de produção livre de pragas pode ser mantido somente por uma ou poucas estações
de cultivo. Uma área livre de pragas é manejada como um todo pela ONPF do país exportador. Um lugar
de produção livre de pragas é manejado individualmente pelo produtor, sob a supervisão e
responsabilidade da ONPF. Caso a praga seja encontrada em uma área livre de pragas o status de toda
a área será questionado. Caso seja encontrada em um lugar de produção livre de pragas, aquele lugar
perderá seu status, mas outros lugares de produção na área, que operam o mesmo sistema, não serão
diretamente afetados. Essas diferenças nem sempre podem ser aplicadas em determinados casos. Um
7
http://www.cidasc.sc.gov.br/defesasanitariavegetal/files/2012/08/Artigo_Leonardo_Facin1.pdf
8
https://www.ippc.int/largefiles/NIMF_10_1999_PTFINAL_0.pdf

. 29
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
lugar de produção situado em uma área livre de pragas pode satisfazer, por esse fato, os requisitos para
um lugar de produção livre de pragas, embora o país importador possa solicitar verificação.
A escolha de um lugar de produção livre de pragas ou área livres de pragas como uma opção de
manejo dependerá da distribuição real da praga de interesse no país exportador, das características da
praga e de considerações administrativas. Ambos os sistemas podem oferecer segurança fitossanitária
adequada: a principal segurança da área livre de pragas está na comum aplicação de medidas a uma
área que abrange muitos lugares de produção; a principal segurança do lugar de produção livre de pragas
está no fato de que os procedimentos de manejo, levantamentos e inspeções são aplicados
especificamente e intensivamente para eles.

Sistema de Mitigação de Risco de Praga – SMRP

Área geográfica onde são aplicadas tecnologias para minimizar a ação da praga já presente, através
das várias técnicas de manejo integrado, acompanhadas por um profissional da área agronômica e
supervisionadas pelas instâncias do DSV.

Área de Baixa Prevalência de Praga – ABPP

Região onde há presença da praga, mas ela não está aclimatada ao ambiente ou as culturas presentes
na área não são hospedeiras “ideais”, não causando danos significativos à produção; contudo, sendo
ainda questão de risco de disseminação às regiões vizinhas.

Diferença entre uma área de baixa prevalência de pragas e uma área livre de pragas9

A principal diferença entre uma ABPP e uma ALP é que a presença da praga abaixo de um nível de
população especificado é aceita em uma ABPP, enquanto a praga é ausente na ALP. Quando a praga
está presente em uma área, a escolha do estabelecimento de uma ABPP ou a tentativa de se estabelecer
uma ALP como opção de manejo de pragas vai depender das características da praga, sua distribuição
na área de interesse e os fatores que determinam esta distribuição, a viabilidade geral operacional e
econômica do programa, bem como o objetivo de se estabelecer uma ABPP ou uma ALP específica.

REQUISITOS

2. Requisitos gerais

2.1 Determinação de uma área de baixa prevalência de pragas


O estabelecimento de uma ABPP é uma opção de manejo de pragas usada para manter ou reduzir a
população da praga abaixo de um determinado nível nessa área. Pode ser usado para facilitar o trânsito
de produtos básicos para fora das áreas onde a praga está presente, como para o trânsito interno ou para
exportação, e reduz ou limita os impactos da praga naquela área. Uma ABPP pode ser estabelecida para
pragas em uma ampla gama de condições ambientais e hospedeiros, e deveria também ter em conta a
biologia da praga e as características da área. Já que as ABPPs podem ser estabelecidas para diferentes
fins, o tamanho e a descrição da ABPP dependerá do propósito.

São exemplos de onde uma ABPP pode ser estabelecida por uma ONPF, de acordo com esta norma:
- uma área de produção onde os produtos são destinados à exportação
- uma área sob um programa de erradicação ou supressão
- uma área funcionando como zona tampão para proteger a ALP
- uma área dentro de uma ALP que tenha perdido seu status e esteja sob um plano de ação
emergencial
- como parte do controle oficial em relação a pragas não quarentenárias regulamentadas (ver NIMF Nº
16: Pragas não quarentenárias regulamentadas: conceito e aplicação)
- uma área de produção em uma área infestada de um país de onde se pretenda transportar produtos
para outra ABPP naquele país.
Onde uma ABPP for estabelecida e materiais hospedeiros forem destinados à exportação, eles podem
estar sujeitos a medidas fitossanitárias adicionais. Dessa forma, uma ABPP seria parte de um sistema de
mitigação de risco. Os sistemas de mitigação de risco estão detalhados na NIMF Nº 14: O uso de medidas

9
http://www.abcsem.com.br/upload/arquivos/NIMF_22_2005.pdf

. 30
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
integradas em um sistema de mitigação de risco para o manejo de pragas. Tais sistemas podem ser
bastante eficientes na mitigação do risco de pragas a um nível aceitável para o país importador e, assim,
em alguns casos, o risco de pragas pode ser reduzido ao do material hospedeiro proveniente de uma
ALP.

2.2 Planos operacionais


Na maioria dos casos, será necessário um plano operacional oficial que especifique os procedimentos
fitossanitários requeridos por um país. Se se pretende usar um ABPP para facilitar o comércio com outro
país, esse plano pode ter a forma de um plano de trabalho específico, como parte de um acordo bilateral
entre as duas ONPFs das partes contratantes importadora e exportadora, ou pode ser um requisito geral
de um país importador, que deveria estar disponível, mediante solicitação. Recomenda-se que o país
exportador consulte o país importador nas fases iniciais do processo, a fim de garantir que os requisitos
do país importador sejam atendidos.

3. Requisitos Específicos

3.1 Estabelecimento de uma ABPP


A baixa prevalência de pragas pode ocorrer naturalmente ou ser estabelecida por meio do
desenvolvimento e aplicação de medidas fitossanitárias destinadas a controlar a(s) praga(s).

3.1.1 Determinação dos níveis especificados de praga


Níveis especificados para as pragas relevantes deveriam ser estabelecidos pela ONPF do país onde
está localizada a ABPP, com precisão suficiente para permitir avaliar se os dados e protocolos de
vigilância são adequados para determinar se a prevalência de pragas está abaixo desses níveis. Níveis
especificados de pragas podem ser estabelecidos por meio de ARP, por exemplo, como descrito nas
NIMFs Nº 11 (Análise de risco de pragas para pragas quarentenárias, incluindo análise de riscos
ambientais e de organismos vivos modificados) e Nº 21 (Análise de risco de pragas para pragas não
quarentenárias regulamentadas). Se a ABPP é destinada a facilitar exportações, os níveis especificados
deveriam ser estabelecidos em conjunto com o país importador.

3.1.2 Descrição geográfica


A ONPF deveria descrever a ABPP com mapas de apoio demonstrando os limites da área. Se for o
caso, a descrição também poderá indicar os lugares de produção, as plantas hospedeiras próximas às
áreas de produção comercial, bem como as barreiras naturais e/ou zonas tampão que podem isolar a
área.
Pode ser útil indicar de que maneira o tamanho e a configuração das barreiras naturais e das zonas
tampão contribuem para a exclusão ou manejo da praga, ou porque elas servem como barreira para a
praga.

3.1.3 Documentação e verificação


A ONPF deveria verificar e documentar que todos os procedimentos sejam aplicados. Entre os
elementos desse processo, deveriam estar incluídos:
- procedimentos documentados a serem seguidos (i.e. manual de procedimentos)
- procedimentos aplicados e manutenção de registro desses procedimentos
- auditoria dos procedimentos
- ações corretivas desenvolvidas e aplicadas.

3.1.4 Procedimentos fitossanitários

3.1.4.1 Atividades de vigilância


O status da situação das pragas relevantes na área e, quando for o caso, da zona tampão, deveria ser
determinado pela vigilância (como descrito na NIMF Nº 6: Diretrizes para vigilância) durante períodos de
tempo adequados e com um nível de sensibilidade que possa detectar a praga especificada no nível
especificado, com nível de confiança apropriado. A vigilância deveria ser conduzida de acordo com os
protocolos para a(s) praga(s) especificada(s). Esses protocolos deveriam incluir a forma de medir se o
nível especificado de pragas foi mantido, e.g. o tipo de armadilha, o número de armadilhas por hectare, o
número aceitável de pragas (indivíduos) por armadilha por dia ou semana, número de amostras por
hectare, que precisam ser analisados e inspecionados, parte da planta a ser analisada ou inspecionada,
etc.

. 31
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
Os dados de vigilância deveriam ser coletados e documentados para demonstrar que as populações
das pragas especificadas não excedem os níveis especificados em todas as áreas da ABPP proposta e
qualquer zona tampão associada, e incluir, quando necessário, levantamentos de hospedeiros cultivados
e não cultivados ou habitats, particularmente no caso em que a praga é uma planta. Os dados da vigilância
deveriam ser pertinentes para os ciclos de vida das pragas especificadas e deveriam ser validados
estatisticamente para detectar e caracterizar os níveis de população das pragas.
Ao estabelecer uma ABPP, os relatórios técnicos de detecção da praga(s) especificada(s) e os
resultados das atividades de vigilância deveriam ser registrados e mantidos por um número suficiente de
anos, conforme a biologia, o potencial de reprodução e a gama de hospedeiros das pragas especificadas.
Contudo, para complementar esta informação, os dados deveriam ser fornecidos para a maior quantidade
de anos possível, antes do estabelecimento da ABPP.

3.1.4.2 Redução dos níveis de praga e manutenção da baixa prevalência


Na ABPP proposta, os procedimentos fitossanitários deveriam estar documentados e aplicados para
atender os níveis da(s) praga(s) nos hospedeiros cultivados, hospedeiros não cultivados ou habitats,
particularmente no caso em que a praga for uma planta. Esses procedimentos deveriam ser pertinentes
à biologia e ao comportamento das pragas especificadas. Entre os exemplos de procedimentos utilizados
para atender o nível especificado da praga, estão incluídos: eliminação de hospedeiros alternativos;
aplicação de agrotóxicos; liberação de agentes de controle biológico; uso de técnicas de armadilhamento
de alta densidade para capturar a praga.
Ao estabelecer uma ABPP, as atividades de controle deveriam ser registradas por uma quantidade
suficiente de anos, conforme a biologia, o potencial de reprodução e a gama de hospedeiros da(s)
praga(s) especificada(s). Contudo, para complementar esta informação, os dados deveriam ser
fornecidos pela maior quantidade de anos possível, antes do estabelecimento de uma ABPP.

3.1.4.3 Redução do risco de entrada de praga(s) especificada(s)


Nos casos em que se estabeleça uma ABPP para uma praga regulamentada, podem ser requeridas
medidas fitossanitárias para diminuir o risco de entrada das pragas especificadas na ABPP (NIMF Nº 20:
Diretrizes para um sistema fitossanitário regulatório de importação). Entre elas, estão incluídas:
- a regulamentação das vias e dos artigos que requeiram controle para manter a ABPP. Todas as vias
de ingresso e egresso da ABPP deveriam estar identificadas. Isso pode incluir a designação de pontos
de entrada e os requisitos para a documentação, o tratamento, a inspeção ou a amostragem antes ou no
momento de sua entrada na área.
- a verificação de documentos e do status fitossanitário dos envios, incluída a identificação de
espécimes interceptados da praga especificada e a manutenção de registros de amostragem
- a confirmação da aplicação e eficácia dos tratamentos requeridos
- a documentação de quaisquer outros procedimentos fitossanitários.

Uma ABPP pode ser estabelecida para as pragas regulamentadas domesticamente ou, para facilitar
as exportações, para as pragas regulamentadas em um país importador. Quando se estabelece uma
ABPP para uma praga que não está regulamentada para essa área, também podem ser aplicadas
medidas para diminuir o risco de entrada. Entretanto, tais medidas não deveriam restringir o comércio de
plantas e produtos vegetais para o país ou discriminar entre produtos básicos importados e os produzidos
no país.

3.1.4.4 Plano de ação corretiva


A ONPF deveria contar com um plano documentado a ser implementado, se o nível especificado da
praga for excedido na ABPP ou, quando necessário, nas zonas tampão (a seção 3.3 descreve outras
situações em que o status da ABPP pode ser alterado). O plano pode incluir um levantamento para
determinar a área na qual o nível especificado da praga foi excedido, amostragem do produto básico,
aplicação de agrotóxicos e/ou outras atividades de supressão. As medidas corretivas também deveriam
abordar todas as vias.

3.1.5 Verificação de uma área de baixa prevalência de pragas


A ONPF do país onde será estabelecida a ABPP deveria verificar se foram estabelecidas as medidas
necessárias para cumprir os requisitos da ABPP. Isso inclui a verificação de que todos os aspectos dos
procedimentos de documentação e verificação descritos na seção 3.1.3 foram implementados. Se a área
está sendo usada para exportação, a ONPF do país importador pode também querer verificar a
conformidade.

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3.2 Manutenção de uma área de baixa prevalência de pragas
Uma vez que seja estabelecida a ABPP, a ONPF deveria manter os procedimentos de documentação
e verificação estabelecidos e continuar os procedimentos de acompanhamento fitossanitário e controle
de trânsito, além de manter os registros. Deveriam ser mantidos os registros dos dois anos anteriores, no
mínimo, ou pelo tempo necessário para dar suporte ao programa. Se a ABPP está sendo utilizada para
fins de exportação, os registros deveriam estar disponíveis ao país importador. Além disso, os
procedimentos estabelecidos deveriam ser auditados regularmente, pelo menos uma vez ao ano.

3.3 Alteração no status de uma área de baixa prevalência de pragas


A razão principal que leva à alteração do status de uma ABPP é a detecção da(s) praga(s)
especificada(s) que ultrapassem o(s) nível(is) especificado(s) da praga dentro da ABPP.

Outros exemplos que podem causar alteração no status de uma ABPP e criar a necessidade de tomar
medidas são:
- falha frequente dos procedimentos regulatórios
- documentação incompleta que comprometa a integridade da ABPP.

As ações corretivas deveriam ser iniciadas com a maior brevidade possível, logo após a confirmação
de que o nível especificado da praga foi excedido na ABPP.
Dependendo do resultado das ações executadas, a ABPP pode:
- continuar (não se perde o status), se as ações fitossanitárias aplicadas (como parte do plano de ação
corretiva, no caso da detecção das pragas especificadas acima dos níveis especificados de pragas) foram
bem sucedidas
- continuar, se tiver sido corrigida uma falha das medidas normativas ou outras deficiências
- ser redefinida para excluir certa área, se excedido o nível especificado da praga em uma área limitada
que possa ser identificada e isolada - ser suspensa (perda do status).

Se a ABPP está sendo usada para fins de exportação, o país importador pode requerer que tais
situações e atividades associadas lhes sejam relatadas. A NIMF Nº 17: Notificação de pragas contém
orientações adicionais. Além disso, o país importador e o país exportador poderão, em acordo, definir um
plano de ação corretivo.

3.4 Suspensão e restabelecimento do status de uma área de baixa prevalência de pragas


Se uma ABPP for suspensa, deveria ser iniciada uma investigação para determinar o motivo da falha.
Ações corretivas e, se necessário, salvaguardas adicionais deveriam ser implementadas para prevenir a
reincidência da falha. A suspensão da ABPP permanecerá vigente até que seja demonstrado que as
populações da praga encontram-se abaixo do nível especificado durante um período de tempo adequado
ou que sejam corrigidas outras deficiências. Assim como no estabelecimento inicial de uma ABPP, o
período mínimo de tempo abaixo do nível especificado da praga para o restabelecimento do status de
ABPP dependerá da biologia da(s) praga(s) especificada(s). Havendo sido corrigido o motivo da falha e
verificada a integridade do sistema, pode-se restabelecer a ABPP.

Questão

01. (SEGEP/MA - Fiscal Estadual Agropecuário - FCC/2018) Na atualidade, os engenheiros


agrônomos presenciam uma preocupação crescente com a segurança alimentar, áreas de cultivos mais
sustentáveis e adequadas, concomitantes ao manejo adaptativo e integrado dos recursos naturais de uso
comum, propiciando alterações socioecológicas nos sistemas de cultivos tradicionais, visando menos
impactos ambientais adversos. Nesses sistemas, as novas exigências requerem metodologias
alternativas de controle dos vários tipos de pragas, sendo conhecidas, como
(A) manejo integrado de pragas; manejo ecológico de pragas; manejo agroecológico de pragas.
(B) manejo integrado de pragas; solarização dos solos; controle químico e genético.
(C) controle por comportamento; manejo ecológico de pragas; controle por organismos geneticamente
modificados.
(D) modelo socioecológico de desenvolvimento rural; sistemas agroindustriais; controle de populações
por radiação ultravioleta.
(E) controle através de manipulação da temperatura; controle de ação translaminar; controle de ação
sistêmica; modelo socioecológico de desenvolvimento rural.

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Gabarito

01. A

5. Certificação fitossanitária de origem.

INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA Nº 33, DE 24 DE AGOSTO DE 201610

O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso das


atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição, tendo em vista o disposto
no art. 2º do Decreto nº 5.741, de 30 de março de 2006, no Decreto nº 24.114, de 12 de abril de 1934, e
o que consta do Processo nº 21000.006487/2013-37, resolve:

Art. 1º Fica Aprovada a Norma Técnica para a utilização do Certificado Fitossanitário de Origem - CFO
e do Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado - CFOC desta Instrução Normativa.

CAPÍTULO I
DA EXIGÊNCIA, USO E CONTROLE DO CFO E DO CFOC

Art. 2º O Certificado Fitossanitário de Origem - CFO e o Certificado Fitossanitário de Origem


Consolidado - CFOC são os documentos emitidos na origem para atestar a condição fitossanitária da
partida de plantas ou de produtos vegetais de acordo com as normas de sanidade vegetal do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.
§ 1º A origem no CFO é a Unidade de Produção - UP, de propriedade rural ou de área de
agroextrativismo, a partir da qual saem partidas de plantas ou de produtos vegetais certificados.
§ 2º A origem no CFOC é a Unidade de Consolidação - UC, que poderá ser beneficiadora,
processadora ou embaladora, a partir da qual saem partidas provenientes de lotes de plantas ou de
produtos vegetais certificados.

Art. 3º O CFO ou o CFOC fundamentará a emissão da Permissão de Trânsito de Vegetais - PTV, nos
seguintes casos:
I - para as pragas regulamentadas, nas Unidades de Federação - UF com ocorrência registrada ou nas
UF de risco desconhecido, salvo quando a normativa específica dispensar a certificação;
II - para comprovar a origem da partida de plantas ou de produtos vegetais de Área Livre de Praga -
ALP, de Local Livre de Praga - LLP, de Sistema de Mitigação de Riscos de Praga- SMRP ou de Área de
Baixa Prevalência de Praga - ABPP, reconhecidos pelo MAPA; e
III - para atender exigência específica de certificação fitossanitária de origem para praga de interesse
de Unidade da Federação, com aprovação do Departamento de Sanidade Vegetal - DSV, ou por exigência
de Organização Nacional de Proteção Fitossanitária - ONPF de país importador.
Parágrafo único. Entende-se por UF de risco desconhecido como sendo aquela em que o Órgão
Estadual de Defesa Sanitária Vegetal - OEDSV, não realiza levantamentos anuais para comprovação da
não ocorrência de praga regulamentada.

Art. 4º O texto de Declaração Adicional, utilizado na emissão do CFO ou do CFOC, será informado
pelo MAPA ou fará parte do requisito fitossanitário de ONPF de país importador.
Parágrafo único. Quando se tratar de Declaração Adicional - DA15 (análise laboratorial), fica
dispensada a emissão de CFO e de CFOC, tendo em vista que o laudo emitido por laboratório de
diagnóstico fitossanitário credenciado pelo MAPA é documento oficial para subsidiar a emissão de
Certificado Fitossanitário - CF.

Art. 5º A identificação numérica do CFO e do CFOC será dada em ordem crescente, com código
numérico da UF, seguida do ano com dois dígitos, e número sequencial de quatro dígitos. § 1º Os
formulários do CFO e do CFOC que serão utilizados pelo Responsável Técnico habilitado seguirão os

10
http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/legislacao/2016/IN-MAPA-33.pdf.

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1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
modelos apresentados nos Anexos I, I-A, II e II-A, respectivamente. § 2º O código numérico da UF e do
município seguirá o padrão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

CAPÍTULO II
DO CURSO PARA HABILITAÇÃO DO RESPONSÁVEL TÉCNICO

Art. 6º O CFO e o CFOC serão emitidos e assinados por Engenheiro Agrônomo ou Engenheiro
Florestal, em suas respectivas áreas de competência profissional, após aprovação em curso, específico
para habilitação, organizado pelo OEDSV e aprovado pelo MAPA.
§ 1º O OEDSV deverá submeter o programa do curso à área de sanidade vegetal da Superintendência
Federal de Agricultura - SFA, da UF onde se realizará o curso, para emissão de parecer técnico.
§ 2º O prazo para emissão do parecer técnico pela área de sanidade vegetal da SFA será de 15 dias,
com encaminhamento ao DSV, que terá também 15 dias para manifestação sobre o curso. § 3º O curso
deverá abordar duas partes:
I - Orientação Geral: normas sobre certificação fitossanitária de origem e de origem consolidada (CFO
e CFOC), trânsito de plantas ou de produtos vegetais (Permissão de Trânsito de Vegetais - PTV), noções
sobre normas internacionais e certificação (Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais - CIPV,
Acordo sobre Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias - SPS, noções de ALP, SMRP e Análise
de Risco de Praga-ARP); e
II - Orientação Específica: aspectos sobre classificação taxonômica da praga, monitoramento, tipos de
armadilhas, levantamento e mapeamento da praga em condições de campo, identificação, coleta,
acondicionamento e transporte da amostra, bioecologia, sintomas, sinais, plantas hospedeiras, ações de
prevenção e métodos de controle.
§ 4º No caso de pragas amplamente disseminadas só será necessário abordar no curso para
habilitação a orientação geral.

Art. 7º No ato da inscrição no curso para habilitação, o Engenheiro Agrônomo ou Engenheiro Florestal
deverá apresentar comprovante de seu registro, ou visto, junto ao Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia - CREA.

Art. 8º Será exigida frequência integral do profissional interessado no curso, como condição para que
seja submetido à avaliação final.
§ 1º A avaliação final abordará prova teórica e quando houver possibilidade prova prática, sendo
necessário obter no mínimo, setenta e cinco por cento de aproveitamento para aprovação.
§ 2º O profissional poderá participar de curso específico em qualquer UF, podendo ser habilitado para
atuar em outra UF, desde que apresente declaração ou certificado de aprovação no curso do OEDSV
organizador do curso.
Art. 9º Para oficializar a habilitação, o Responsável Técnico - RT, deverá assinar duas vias do Termo
de Habilitação - TH, conforme o Anexo III, devendo o OEDSV encaminhar uma via à área de sanidade
vegetal da SFA, que fará sua inclusão no Cadastro Nacional dos Responsáveis Técnicos Habilitados para
emissão de CFO e de CFOC.
§ 1º O número do Termo de Habilitação fornecido pelo OEDSV será composto do código numérico da
UF, ano da primeira habilitação, com dois dígitos, e numeração sequencial.
§ 2º As pragas para as quais o Responsável Técnico está habilitado para emitir CFO ou CFOC
constarão no Anexo do Termo de Habilitação, conforme Anexo IV. § 3º O OEDSV fornecerá ao
Responsável Técnico habilitado carteira de habilitação, conforme Anexo V desta Instrução Normativa.
§ 4º A habilitação terá validade de cinco anos, considerando a data inicial aquela correspondente ao
treinamento específico da (s) praga (s) para a (s) qual (is) o RT se habilitou, sendo renovada por igual
período, através de solicitação escrita do RT habilitado ao OEDSV, com 30 (trinta) dias, no mínimo, antes
da data do vencimento.
§ 5º No caso de renovação, a validade da habilitação do RT para a praga será contada a partir da data
da concessão da habilitação.
§ 6º O RT poderá atuar em UF diferente daquela em que foi habilitado, desde que seja concedida a
extensão de sua habilitação pelo OEDSV na UF onde pretender atua r.
§ 7º O OEDSV que receber solicitação de extensão de habilitação deverá informar-se sobre a
regularidade da situação do Responsável Técnico Habilitado junto ao OEDSV de origem, para avaliação
da concessão da extensão da atuação.
§ 8º A identificação do Termo de Habilitação de extensão de atuação do RT será o número de sua
habilitação atual, acrescido da sigla da UF de extensão.

. 35
1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
§ 9º O RT poderá solicitar a renovação da habilitação para a praga no OEDSV da UF onde foi habilitado
inicialmente ou no OEDSV da UF onde foi concedida a extensão de habilitação.

Art. 10. O MAPA disponibilizará o Cadastro Nacional de RTs habilitados para emissão do CFO e do
CFOC, onde constará o nome do RT, o número da habilitação, a relação da (s) praga (s) para a (s) qual
(is) está habilitado, o prazo de validade da habilitação, por praga, UF da habilitação, UF de extensão de
habilitação e a assinatura.

Art. 11. O OEDSV será responsável pela notificação ao RT habilitado sobre a necessidade da
participação em treinamento específico, a ser realizado em período preestabelecido, para atualizar sua
habilitação para novas pragas regulamentadas ou de interesse da ONPF do país importador.
§ 1º O Responsável Técnico habilitado poderá solicitar, a qualquer momento, a inclusão em sua
habilitação das pragas previstas no caput deste artigo.
§ 2º Para obter a inclusão da nova praga em sua habilitação, o RT deverá solicitar treinamento, por
escrito, ao OEDSV, que o encaminhará a um especialista, com pós-graduação relacionada a essa praga,
após obter parecer técnico favorável da SFA.
§ 3º Após o treinamento e atendidos os critérios de avaliação, o especialista emitirá um certificado de
aprovação, para que o OEDSV atualize o Anexo do Termo de Habilitação do RT.
§ 4º O especialista interessado em ministrar curso específico de praga ou treinamento de RT habilitado,
previsto no §2º, será incluído no Cadastro Nacional de Especialista na Praga, que será disponibilizado
pelo MAPA.
§ 5º Pesquisador lotado em Centro de Pesquisa, que necessitar de CFO, por exigência de país
importador, poderá participar de treinamento em legislação fitossanitária para que possa ser habilitado
junto ao OEDSV, sendo dispensado da orientação específica mencionada no art. 6º, §3º, inciso II desta
Instrução Normativa, após obter parecer técnico favorável da área de sanidade vegetal da SFA pelo
código 00012016082500018

CAPÍTULO III
DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO

Art. 12. A Unidade de Produção - UP, deverá ser inscrita no OEDSV, por RT, no prazo previsto na
legislação específica da praga ou em plano de trabalho bilateral firmado pelo MAPA, para se habilitar à
certificação fitossanitária de origem.
§ 1º Não havendo prazo para inscrição de UP definido em legislação específica, como prevê o caput,
o requerimento de inscrição de UP de culturas anuais deverá ser protocolado no OEDSV, no mínimo 30
(trinta) dias antes do plantio, sendo permitido até o quinto dia útil após o início do plantio, em caso
excepcional, devidamente justificado pelo RT.
§ 2º O requerimento de inscrição de UP de cultura perene deverá ser protocolado no OEDSV, no
mínimo 120 (cento e vinte) dias antes do início da colheita, quando não houver medidas fitossanitárias a
serem cumpridas antes desse prazo, por exigência de país importador.
§ 3º Se houver medida fitossanitária a ser cumprida em cultura perene, como dispõe o parágrafo
anterior, o prazo de inscrição da UP será de 30 (trinta) dias antes da adoção da primeira medida.
§ 4º A UP padrão é a área contínua, de tamanho variável e identificada por um ponto georreferenciado,
plantada com a mesma espécie, cultivar, clone e estádio fisiológico, sob os mesmos tratos culturais e
controle fitossanitário.
§ 5º A UP no agroextrativismo é a área contínua, de tamanho variável e identificada por um ponto
georreferenciado, que representa a espécie a ser explorada. § 6º A UP no cultivo de planta ornamental,
olerícola e medicinal é a área plantada com a mesma espécie, em que:
I - poderão ser agrupados para a caracterização de uma UP tantos talhões descontínuos, de um
mesmo produto, desde que a soma dos talhões agrupados não exceda a 20 hectares, devendo esta UP
ser identificada por um ponto georreferenciado de um dos talhões que a compõe e por croqui de
localização dos talhões; e
II - talhões descontínuos de um mesmo produto que possuam área igual ou superior a 20 hectares
deverão constituir UPs individualizadas, e cada UP deverá ser identificada por um ponto georreferenciado.

Art. 13. RT e o produtor deverão preencher e assinar a Ficha de Inscrição da UP, conforme os Anexos
VI e VII desta Instrução Normativa, anexando cópia da carteira de identidade e do Cadastro de Pessoa
Física - CPF do interessado pela habilitação da UP e croqui de localização das UPs.

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§ 1º A propriedade receberá identificação numérica que será formada pelo código numérico da UF,
código numérico do município e o número sequencial com quatro dígitos.
§ 2º O OEDSV fornecerá o (s) código (s) da (s) UP (s) no ato da inscrição, que será composto pelo
código numérico da propriedade, ano com dois dígitos, e número sequencial com quatro dígitos.
§ 3º O RT poderá solicitar ao OEDSV a manutenção do número da habilitação da UP de cultura perene,
anualmente, conforme o Anexo VIII desta Instrução Normativa, nos prazos previstos no artigo 11, §§ 2º e
3º.
§ 4º As leituras das coordenadas geográficas, latitude e longitude, serão obtidas no Sistema Geodésico
SIRGAS 2000 ou, na ausência desse, o WGS 84.
§ 5º Durante a colheita, o lote formado deve ser identificado no campo com o número da UP para
garantir a origem e a identidade do produto.
§ 6º Na UP ou na UC agroextrativista deverá ocorrer a identificação do produto ou da embalagem com
rótulo, onde conste o nome do produto e o código da UP ou do lote, para permitir a rastreabilidade no
processo de certificação.
§ 7º O material coletado para análise fitossanitária oriundo de UP ou UC, por exigência do processo
de certificação, deverá ser encaminhado a laboratório de diagnóstico fitossanitário da Rede Nacional de
Laboratórios do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária, com ônus para o produtor ou
consolidador. § 8º A UP e a UC poderão ter mais de um RT habilitados junto ao OEDSV.

CAPÍTULO IV
DAS UNIDADES DE CONSOLIDAÇÃO

Art. 14. A UC deverá ser inscrita no OEDSV da UF onde estiver localizada, para se habilitar à
certificação fitossanitária de origem consolidada.
§ 1º O RT e o representante legal da UC deverão preencher e assinar a Ficha de Inscrição da UC,
conforme Anexo IX desta Instrução Normativa, anexando cópia da carteira de identidade e do CPF.
§ 2º O OEDSV deverá emitir Laudo de Vistoria da UC, conforme o Anexo X desta Instrução Normativa,
para validar a sua inscrição.
§ 3º A UC receberá identificação numérica, que será formada pelo código numérico da UF, código
numérico do município e o número sequencial com quatro dígitos.

Art. 15. A legislação específica da praga definirá as exigências a serem cumpridas no armazenamento
dos produtos certificados, no sentido de manter a sua condição fitossanitária de origem.
Parágrafo único. Na ausência de legislação específica devem ser adotados critérios mínimos para
manter a segurança fitossanitária dos produtos certificados, os quais são:
I - local específico para armazenamento de lotes de produtos certificados;
II - higienização das instalações, máquinas, equipamentos e pessoal;
III- destruição de resíduos.

CAPÍTULO V
DA EMISSÃO DO CERTIFICADO FITOSSANITÁRIO DE ORIGEM - CFO E DO CERTIFICADO
FITOSSANITÁRIO DE ORIGEM CONSOLIDADO - CFOC

Art. 16. O CFO será emitido para a partida de plantas e de produtos vegetais, de acordo com as normas
da praga, por exigência do MAPA ou de ONPF de país importa d o r.
§ 1º Cada produto deverá estar relacionado individualmente, por nome científico, comum e cultivar ou
clone, sendo exigida a identificação da UP, a relação da quantidade correspondente e a respectiva
Declaração Adicional.
§ 2º Um CFO poderá contemplar mais de um produto e mais de uma UP.
§ 3º O CFO será emitido preenchendo-se sem rasuras cada campo existente, não sendo permitida a
utilização do verso do documento. § 4º Os campos não utilizados devem ser anulados de forma a evitar
a adulteração do documento.
§ 5º O CFO poderá ser emitido também para a produção total estimada no início da colheita da UP,
sendo que em cada CFO emitido posteriormente deve constar o saldo remanescente da produção da U
P.
§ 6º O Anexo I-A desta Instrução Normativa, será utilizado para informações complementares dos
campos do formulário do CFO, quando for necessário.

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1506599 E-book gerado especialmente para MARCIA NUNES RIBEIRO LEAL
§ 7º O OEDSV, como Instância Intermediária do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade
Agropecuária, deverá estabelecer procedimentos próprios de controle para assegurar a emissão da PTV
apenas para a produção estimada da UP inscrita no OEDSV.

Art. 17. O CFOC será emitido para a partida de plantas e de produtos vegetais, formada a partir de
lotes de produtos certificados com CFO, ou CFOC, ou PTV, ou CF, ou Certificado Fitossanitário de
Reexportação - CFR, de acordo com as normas da praga, por exigência do MAPA ou de ONPF de país
importador.
§ 1º Cada produto deve estar relacionado individualmente, sendo obrigatória a identificação do lote, a
relação da quantidade correspondente e a respectiva Declaração Adicional.
§ 2º Um CFOC poderá contemplar mais de um produto e mais de uma UP.
§ 3º O CFOC será emitido preenchendo-se sem rasuras cada campo existente, não sendo permitida
a utilização do verso do documento.
§ 4º Os campos não utilizados deverão ser anulados.
§ 5º O Anexo II-A será utilizado para informações complementares dos campos do formulário do
CFOC, se necessário.
§ 6º Define-se lote, para fins de CFOC, como o conjunto de produtos da mesma espécie, cultivar ou
clone, de tamanho definido e que apresentam conformidades fitossanitárias semelhantes, formado por
produtos previamente certificados com CFO, CFOC, PTV, CF ou CFR.
§ 7º Cada lote formado deverá estar identificado com um número, composto pelo código da inscrição
da Unidade de Consolidação, ano, com dois dígitos, e número sequencial com quatro dígitos.
§ 8º O RT deverá manter no Livro de Acompanhamento os registros do CFO, CFOC, PTV, CF ou CFR
dos produtos que deram origem a cada lote formado e o número do (s) CFOC (s) emitidos para as partidas
formadas a partir dele.
§ 9º O CFOC poderá ser emitido também para a quantidade total do lote de produto consolidado na
Unidade de Consolidação, sendo que em cada CFOC emitido posteriormente deve constar o saldo
remanescente da quantidade do lote consolidado.

Art. 18. O CFO e o CFOC deverão ser emitidos em três vias, com a seguinte destinação:
I - 1a via: destinada a acompanhar a partida até o momento da emissão da PTV, ficando retida pelo
OEDSV para ser anexado à cópia da PTV;
II - 2a via: destinada ao emitente; e
III - 3a via: destinada ao produtor ou a UC.
Parágrafo único. No caso de emissão eletrônica será admitida a emissão em uma única via.

Art. 19. O CFO e CFOC terão prazo de validade de até trinta dias, a partir das datas de suas emissões,
e somente serão válidos nos modelos oficiais, originais e preenchidos corretamente. Art. 20. A legislação
específica da praga ou plano de trabalho bilateral firmado pelo MAPA poderá estabelecer exigência do
uso de lacre, no ato da emissão do CFO ou CFOC.

CAPÍTULO VI
DAS OBRIGAÇÕES PARA O USO DO CFO E CFOC

Art. 21. O RT de UP realizará inspeções de acordo com a legislação específica da praga e, na ausência
de normativa, deverá realizar inspeções periódicas para a certificação de plantas e de produtos vegetais.

Art. 22. O RT de UC realizará inspeções de acordo com a legislação específica da praga e, na ausência
de normativa, deverá realizar inspeções em cada partida certificada, antes da formação do lote.

Art. 23. O OEDSV, como Instância Intermediária do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade
Agropecuária, deverá estabelecer procedimentos próprios de controle para assegurar a efetiva
assistência do RT, nos locais de atuação da UF.

Art. 24. O RT deverá elaborar e manter à disposição dos órgãos de fiscalização o Livro de
Acompanhamento numerado com páginas numeradas, com registro das inspeções realizadas e
orientações prescritas, além das informações técnicas exigidas por esta Instrução Normativa e pela
legislação específica da praga ou do produto, devendo ser assinado pelo RT e pelo contratante ou
representante legal. § 1º O Livro de Acompanhamento citado neste artigo deverá conter, no mínimo, as
seguintes informações, por UP, para fundamentar a emissão do CFO:

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I - dados da origem da semente, muda ou porta-enxerto; II - espécie;
III - cultivar ou clone;
IV - área plantada por cultivar ou clone;
V - dados do monitoramento da praga;
VI - resultados das análises laboratoriais realizadas;
VII - anotações das principais ocorrências fitossanitárias;
VIII - ações de prevenção e método de controle adotado;
IX - estimativa da produção;
X - tratamentos fitossanitários realizados para a praga, anotando os agrotóxicos utilizados, dose, data
da aplicação e período de carência;
XI - quantidade colhida e, quando exigido, o manejo pós-colheita; e
XII- croqui de localização da UP na propriedade e respectivas coordenadas geográficas.
§ 2º O Livro de Acompanhamento deverá estar em local de fácil acesso na propriedade da UP; não
havendo sede na propriedade, o RT definirá o local no município de localização da UP.
§ 3º O Livro de Acompanhamento da UC deverá conter, no mínimo, as seguintes informações para
fundamentar a emissão do CFOC: pelo código 00012016082500019
I - anotações de controle de entrada de produtos na UC, com os respectivos números dos CFO, CFOC,
PTV, CF e CFR que compuseram cada lote, conforme Anexo XII desta Instrução Normativa, e a legislação
específica;
II - espécie;
III - cultivar ou clone;
IV - quantidade do lote;
V - controle de saída das partidas certificadas com o CFOC; e
VI - registro das inspeções realizadas pelo RT e por fiscal estadual ou federal.
§ 4º A UP ou a UC que aderir ao sistema de Produção Integrada do MAPA poderá substituir o livro,
citado neste artigo, pelos cadernos de campo e de pós-colheita, previstos nas Diretrizes Gerais para a
Produção Integrada de Frutas - DGPIF, desde que as informações mínimas obrigatórias para cada UP ou
lote estejam abrangidas pelos registros.
§ 5º As anotações de acompanhamento, quando elaboradas e mantidas na forma eletrônica, devem
ser impressas e numeradas, formando um Livro de Acompanhamento, para efeito de fiscalização e
auditoria.
§ 6º Os documentos comprobatórios das atividades realizadas pelo RT deverão estar à disposição da
fiscalização.

Art. 25. As irregularidades verificadas em relação ao CFO e ao CFOC serão formalmente apuradas
pelo OEDSV.
§ 1º As irregularidades comprovadas acarretarão advertência por escrito, sendo a reincidência motivo
de suspensão ou desabilitação.
§ 2º Não havendo comprovação de má-fé, o profissional poderá ser novamente habilitado após novo
treinamento.
§ 3º Os casos de comprovada má-fé resultarão em desabilitação imediata e irreversível do RT, sendo
notificado o fato ao CREA e o encaminhamento do processo ao Ministério Público Federal, para
enquadramento nas penalidades previstas no Art. 259, do Código Penal Brasileiro, e no art. 61 da Lei no
9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais).

CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 26. O RT deverá encaminhar, mensalmente, ao OEDSV, até o vigésimo dia do mês subsequente,
relatórios sobre CFO e CFOC emitidos no mês anterior, conforme os Anexos XI e XII desta Instrução
Normativa.

Art. 27. O OEDSV deverá encaminhar relatórios consolidados com informações sobre os CFO e CFOC
emitidos a cada semestre à área de sanidade vegetal da SFA na UF, até o último dia do mês subsequente
ao semestre, conforme o Anexo XIII desta Instrução Normativa.

Art. 28. Havendo sistema informatizado para emissão de CFO e de CFOC, os formulários, documentos
e relatórios serão emitidos ou anexados eletronicamente.

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Art. 29. O OEDSV estabelecerá sistema de controle interno e fiscalizará as atividades dos RTs
credenciados, cabendo ao MAPA realizar auditoria em todo o processo de Certificação Fitossanitária de
Origem.

Art. 30. Aprovar o modelo do CFO, do CFOC e dos demais modelos, conforme os Anexos I a XIII desta
Instrução Normativa.

Art. 31. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 32. Fica revogada a Instrução Normativa nº 55, de 04 de novembro de 2007.

Anexos disponíveis em:


http://www.abrasem.com.br/wp-content/uploads/2016/08/INSTRU%C3%87%C3%83O-NORMATIVA-No-33-DE-24-DE-AGOSTO-DE-2016.pdf

Questões

01. Analise a IN 33 de 2016 e julgue o item abaixo como certo ou errado:

A origem no CFO é a Unidade de Produção, que poderá ser beneficiadora, processadora ou


embaladora, a partir da qual saem partidas provenientes de lotes de plantas ou de produtos vegetais
certificados.
(..) Certo (..) Errado

02. Analise a IN 33 de 2016 e julgue o item abaixo como certo ou errado:

A legislação específica da praga definirá as exigências a serem cumpridas no armazenamento dos


produtos certificados, no sentido de manter a sua condição fitossanitária de origem, no entanto, na
ausência de legislação específica devem ser adotados critérios mínimos para manter a segurança
fitossanitária dos produtos certificados, como por exemplo, o local específico para armazenamento de
lotes de produtos certificados.
(..) Certo (....) Errado

Gabarito

01.Errado / 02.Certo

Comentários

01. Resposta: Errado


Art. 2º O Certificado Fitossanitário de Origem - CFO e o Certificado Fitossanitário de Origem
Consolidado - CFOC são os documentos emitidos na origem para atestar a condição fitossanitária da
partida de plantas ou de produtos vegetais de acordo com as normas de sanidade vegetal do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.
§ 1º A origem no CFO é a Unidade de Produção - UP, de propriedade rural ou de área de
agroextrativismo, a partir da qual saem partidas de plantas ou de produtos vegetais certificados.
§ 2º A origem no CFOC é a Unidade de Consolidação - UC, que poderá ser beneficiadora,
processadora ou embaladora, a partir da qual saem partidas provenientes de lotes de plantas ou de
produtos vegetais certificados.

02. Resposta: Certo


Art. 15. A legislação específica da praga definirá as exigências a serem cumpridas no armazenamento
dos produtos certificados, no sentido de manter a sua condição fitossanitária de origem.
Parágrafo único. Na ausência de legislação específica devem ser adotados critérios mínimos para
manter a segurança fitossanitária dos produtos certificados, os quais são:
I - local específico para armazenamento de lotes de produtos certificados;
II - higienização das instalações, máquinas, equipamentos e pessoal;
III- destruição de resíduos.

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6. Pragas de importância quarentenária e econômica para as culturas do mamão,
manga, banana, família das cucurbitáceas, uva, citrus e palma.

Abaixo disponibilizaremos os conhecimentos básicos sobre práticas culturais, métodos de controle de


pragas, doenças e plantas invasoras e tratamento fitossanitário das seguintes explorações que seguem:

BANANA

Banana - Musa spp.

As bananeiras pertencem à família botânica Musaceae e são originárias do Extremo Oriente. São
plantas típicas das regiões úmidas com crescimento contínuo, paralisando seu desenvolvimento em
temperaturas abaixo dos 13º C. As cultivares de interesse comercial apresentam altura que varia de 1,8
a 6,0 m. Dada à característica de emitir sempre novas brotações do rizoma principal, denominadas filhos,
filhotes, perfilhos ou rebentos, o bananal é permanente na área, porém com as plantas se renovando
ciclicamente. A banana é um alimento energético, sendo composta basicamente de água e carboidratos,
contendo pouca proteína e gordura. É rica em sais minerais como sódio, magnésio, fósforo e,
especialmente, potássio. Há predominância de vitamina C, contendo também A, B2, B6 e niacina, entre
outras.

Clima e solo: a temperatura ideal para a bananeira está entre 20 e 30ºC, sendo aceitável a faixa de
13 a 35ºC. Temperaturas acima de 35ºC e, especialmente, abaixo de 12ºC provocam paralisação no
desenvolvimento e danos aos frutos (chiling ou friagem). As cultivares do subgrupo Cavendish são mais
sensíveis ao frio, enquanto a “Maçã” e as cultivares do subgrupo Prata são mais tolerantes. É importante
evitar áreas com ocorrência de geadas ou de ventos fortes. O total de chuvas por ano deve ser superior
a 1.200 mm, bem distribuídas durante o ano. A cultivar Ouro é pouco tolerante à falta de água, enquanto
as do subgrupo Cavendish são medianamente tolerantes e as demais resistem mais a períodos de seca.
Umidade relativa alta, acima de 80%, favorece o desenvolvimento das plantas, entretanto, em áreas mais
úmidas há maior incidência de doenças nas folhas e frutos. Preferir solos bem drenados (lençol freático
abaixo de 60 cm), pouco acidentados e evitar áreas sujeitas à inundação.

Práticas de conservação do solo: plantar em nível; na formação do bananal em relevo acidentado,


utilizar plantas de cobertura nas entrelinhas no primeiro ciclo de produção ou manter o solo coberto,
manejando a vegetação espontânea com roçadeira ou herbicida de contato. Dispor os pseudocaules
cortados em fileiras nas entrelinhas, formando curvas de nível. Implantar as demais práticas
conservacionistas, como terraceamento, cordões de vegetação permanente, entre outras, de acordo com
as condições de cultivo locais.

Propagação: recomenda-se o plantio de mudas produzidas por biotecnologia, também conhecidas


como mudas micropropagadas, as quais devem ter garantia quanto ao percentual máximo de ocorrência
de mutação somaclonal e ser isentas de pragas e doenças. As mudas micropropagadas são precoces,
apresentam maior número de perfilhos e potencial produtivo. Ainda é possível utilizar mudas produzidas
pelo “método tradicional” (rizoma, pedaço de rizoma, chifrinho, chifre ou chifrão), desde que sejam
coletadas em áreas livres de nematoide, broca ou mal-do-Panamá e tratadas, visando impedir a
transmissão de pragas e doenças para os bananais novos.

Plantio: as mudas oriundas de propagação vegetativa (rizoma, pedaço de rizoma, chifrinho, chifre ou
chifrão) devem ser escalpeladas e desinfestadas com solução de hipoclorito de sódio, para eliminar
pragas como broca e nematoides. As mudas produzidas por biotecnologia devem estar aclimatadas
adequadamente e transplantadas no campo com cerca de 4 a 6 folhas e 30 a 40 cm de altura. O plantio
de ambos os tipos de mudas pode ser feito em covas (30 x 30 x 30 cm) ou sulcos (30 cm de profundidade).
Sessenta dias após o plantio, proceder amontoa ou fechamento dos sulcos. A melhor época de plantio é
no início da primavera, quando ocorrem temperaturas amenas e aumenta a precipitação. Dispondo de
irrigação, o plantio pode ser feito o ano todo.

Espaçamento: cultivares de porte baixo ou médio devem ser plantadas em espaçamento de 2,0 x 2,0
m ou 2,0 x 2,5 m; para cultivares de porte alto, 2,0 x 3,0 m ou 3,0 x 3,0 m. Em plantios irrigados, utilizar

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fileiras duplas; para cultivares de porte baixo ou médio, o espaçamento deve ser de 3,0 x 2,5 x 1,0 m;
para as de porte alto, 4,0 x 2,5 x 1,0 m.

Mudas necessárias: cultivares de porte baixo ou médio - 2.000 ou 2.500 mudas por hectare; porte
alto - 1.111 ou 1.667 mudas por hectare.

Adubação e calagem: as recomendações de adubação e calagem devem ser estabelecidas a partir


da análise do solo e de metas de produtividade. A calagem deve ser calculada visando elevar o índice de
saturação por bases para 60% e o teor de magnésio acima de 9 mmolc dm-3. Usar sempre calcário
dolomítico, aplicado em área total e incorporado ao solo.

Adubação de plantio: aplicar por cova 10 litros de esterco de curral ou 2 litros de esterco de aves e
a metade da dose de fósforo, estabelecida a partir da análise do solo e da produtividade esperada. Em
solos com menos de 1,3 mg dm-3 de Zn, aplicar, no plantio, 5 kg ha-1 de Zn. O adubo orgânico deve
estar bem curtido e ser misturado com a terra no fundo da cova ou sulco. Repetir, se possível, anualmente
a adubação orgânica.

Adubação de formação: as doses de adubo por planta são determinadas, levando em consideração
a meta de produtividade para a primeira safra, os teores de P e K do solo e o espaçamento do bananal.
Aos 30-40 dias após o plantio, aplicar 20% das doses de N e K. Aos 70-90 dias, aplicar o restante da
adubação fosfatada e 50% das doses de N e K e aos 120-150 dias, o restante da adubação N e K. Aplicar
os fertilizantes em círculos de 100 cm de diâmetro ao redor da planta. Utilizar fontes de N ou P capazes
de fornecer, anualmente, 30 kg ha-1 de S.

Adubação de produção: as doses de N, P e K por família a serem aplicadas em cada safra deverão
ser ajustadas com o uso, em função da meta de produtividade, dos teores de P e K verificados na análise
do solo e do espaçamento do bananal. Em áreas sujeitas a períodos de seca sazonais, a adubação
deverá ser parcelada em três aplicações (início, meio e fim da estação das chuvas), distribuindo o adubo
em uma faixa de 100 cm, em semicírculo, na frente do rebento mais jovem (sentido do caminhamento do
bananal). Em áreas onde as chuvas forem bem distribuídas no ano ou com irrigação, parcelar a adubação
de produção em seis aplicações ao longo do ano. O parcelamento das doses de N e K é importante para
aumentar a eficiência destes fertilizantes. Outra forma de aumentar a eficiência do N e K aplicados é fazer
a adubação via água de irrigação (fertirrigação), o que permite elevar o rendimento em frutos com mesma
dose de adubo, em relação à aplicação convencional na superfície do solo. Utilizar fontes de N ou P
capazes de fornecer, anualmente, 30 kg ha-1 de S.

Adubação com micronutrientes: quando diagnosticada deficiência, aplicar anualmente 25 g de


sulfato de zinco e 10 g de ácido bórico, em orifício aberto no rizoma com auxílio da “Lurdinha”, por ocasião
do desbaste.

Controle de pragas: broca e nematoides - plantar somente mudas livres dessas pragas, visto que
mudas contaminadas são uma das principais formas de introdução desses patógenos em bananais
novos; aos 30 dias após o plantio, aplicar nematicida sistêmico rente à muda e antes da amontoa ou
fechamento do sulco, repetindo o tratamento após 6 meses. Em mudas obtidas por biotecnologia e em
áreas livres de nematoide, não é preciso fazer esse tratamento no plantio. No bananal em produção,
aplicar o nematicida logo após a colheita, dentro do pseudocaule da planta-mãe com o auxílio da
“Lurdinha”. Após seis meses, repetir o tratamento dividindo a dose entre os filhos desbastados. Para o
controle de broca, utilizar iscas tipo queijo ou telha (20 a 30 iscas/ha), tratadas com inseticida, nematicida
ou inseticida biológico (Beauveria bassiana). Tripes - esses pequenos insetos causam danos na casca
dos frutos, depreciando seu valor comercial. Como medidas de controle, recomendam-se a eliminação
dos “corações”, bem como o posterior ensacamento dos cachos com sacos de polietileno.
Controle de doenças: vírus - utilizar mudas micropropagadas certificadas quanto a ausência de vírus;
eliminar todas as plantas do bananal com sintomas, para evitar a disseminação.
Sigatoka amarela - os sintomas nas folhas iniciam-se por pontuações com leve descoloração,
passando por estrias cloróticas e manchas necróticas elípticas, alongadas e dispostas paralelamente às
nervuras secundárias. Essas lesões têm a parte central acinzentada, bordas amarelecidas e podem
coalescer, comprometendo uma grande área foliar.
Sigatoka negra - muito mais agressiva e destrutiva que a Sigatoka amarela, pois além de infectar as
folhas novas ataca também as folhas velhas, sendo seus sintomas iniciados com descoloração em forma

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de pontos ou estrias na cor “café”, entre as nervuras secundárias da segunda à quarta folha a partir da
vela, sendo observada somente na face inferior das folhas. As lesões iniciais progridem para estrias
pretas, observadas somente na face superior da folha e evoluem para lesões negras, contrastando com
as de cor marrom da face inferior, podendo avançar para todas as folhas da planta. A tomada de decisão
do momento da aplicação de fungicidas deve se basear no monitoramento da severidade da doença. A
aplicação de fungicidas a partir de calendário fixo ou da simples observação pode resultar em controle
ineficiente, ou uso desnecessário de produtos químicos. Alternar princípios ativos dos fungicidas, para
evitar a resistência dos fungos. Mal-do-Panamá - as plantas apresentam amarelecimento progressivo a
partir das folhas mais velhas para as mais novas, com posterior quebra do pecíolo junto ao pseudocaule,
o que confere à planta a aparência de um guarda-chuva fechado. Observam-se inicialmente, em cortes
transversais e longitudinais do pseudocaule ou do rizoma de plantas doentes, pequenas manchas
isoladas de coloração preta que, em estádio mais avançado, evoluem para pontuações de coloração
pardo-avermelhada. No rizoma, a descoloração é mais pronunciada na área de densa vascularização,
podendo-se observar que a planta-mãe está contaminando os filhos com a troca de seiva que ocorre
entre eles. Devido ao entupimento dos vasos da planta-mãe, há paralisação da circulação da seiva e ela
seca em poucos meses. Utilizar cultivares tolerantes e adubação equilibrada, bem como nutrição com
micronutrientes. O inóculo da doença permanece no solo por vários anos, o que impede o plantio de
cultivares suscetíveis na mesma área.

Reforma do bananal: efetuar reformas periódicas dos bananais. Um indicador de ordem prática do
momento em que o bananal exige uma reforma é a inexistência de neto, quando da colheita da planta-
mãe. Produtividade decrescente e redução da resposta à adubação também indicam o momento de
reformar o bananal.

Outros tratos culturais: após as adubações, eliminar as folhas velhas com penado ou facão e retirar
as brotações supérfluas (desbaste), deixando apenas uma família por cova. Manter o solo do bananal
sempre coberto com vegetação espontânea ou com material orgânico proveniente do desbaste e
desfolha. Em terrenos declivosos, fazer somente roçadas ou usar herbicida de contato, evitar mobilizar o
solo. O escoramento (tutoramento) das bananeiras é necessário em regiões onde há ocorrência de ventos
fortes. Dependendo da cultivar e dispondo-se de quebra-ventos eficientes, não há necessidade de escorar
as plantas. Entretanto, em bananais com ataque severo de nematoide ou broca ou em bananais com
deficiência de cálcio ou magnésio, deverá ser feito o escoramento, para reduzir as perdas por tombamento
das bananeiras. Utilizam-se bambus e fitilhos de polietileno para escorar as plantas.

Colheita: no momento da colheita, o pseudocaule deve ser cortado parcialmente o mais alto possível,
fazendo com que o cacho desça até a altura do ombro colhedor. Cortar o engaço sem que o cacho toque
no solo. Os cachos devem ser retirados do bananal tomando-se cuidado para evitar danos mecânicos
aos frutos, os quais depreciam seu preço de venda. Empregar carretas forradas com espuma ou cabo
aéreo no transporte dos cachos até a casa de embalagem. A colheita deve ser feita quando a fruta atingir
a plenitude de seu desenvolvimento (mercado interno), ou segundo o diâmetro de fruta solicitado pelo
importador.

Produtividade normal: um cacho por pé ao ano, variando de 10 a 50 kg segundo a cultivar. A


produtividade por área pode variar de 10 a 60 t ha-1 em função da cultivar, do manejo do bananal e das
condições edafoclimáticas.

Culturas intercalares: feijão de mesa, apenas no período de formação. Não usar gramíneas.

Comercialização: a comercialização de frutos é realizada em pencas ou buquês de 6 a 8 bananas,


acondicionados em embalagens padronizadas (caixa de madeira, papelão ou plástico). Frutos para
mercados próximos podem ser climatizados (maturação controlada em estufa) nas regiões produtoras e
para áreas mais distantes, climatizar no destino.

UVA

Uva - Vitis spp.

A videira pertence à família Vitaceae, gênero Vitis. Destacam-se a Vitis vinifera L., de origem euro-
asiática e a Vitis labrusca L., de origem americana.

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Porta-enxertos: os principais porta-enxertos utilizados no Estado de São Paulo são: Ripária do Traviú
ou 106-8 Mgt, 420A, Kober 5BB, Paulsen 1103, IAC 313 Tropical, IAC 571-6 Jundiaí, IAC 572 Jales e IAC
766 Campinas.

Uvas para mesa: dividem-se em comuns ou rústicas e finas. As principais uvas comuns ou rústicas
cultivadas no Estado de São Paulo são a Niagara Rosada e a Niagara Branca. Nas regiões tradicionais
de Jundiaí e São Miguel Arcanjo os porta-enxertos recomendados são Ripária do Traviú, IAC 766 e IAC
571-6; nas regiões oeste e noroeste recomendam-se os porta-enxertos IAC 572, IAC 766 e IAC 313. As
principais uvas finas cultivadas no Estado de São Paulo são: Itália, Rubi, Benitaka, Brasil, Redimeire,
Redglobe e as sem sementes Centennial Seedless e Vênus. Nas regiões de Jundiaí e São Miguel Arcanjo
os porta-enxertos recomendados são 420A, Kober 5BB e IAC 766; nas regiões oeste e noroeste
recomendam-se os porta-enxertos IAC 572, IAC 766 e IAC 313.

Uvas para indústria: dividem-se em comuns, híbridas e finas. As principais uvas comuns cultivadas
no Estado de São Paulo para produção de vinho, suco, geleia, vinagre e derivados são Niagara Rosada,
Niagara Branca, Isabel e Bordô e os porta-enxertos recomendados são os mesmos que para as uvas
comuns para mesa. As principais uvas híbridas em cultivo para produção de vinho, suco e derivados são
IAC 138-22 Máximo e IAC 116-31 Rainha. As principais uvas finas para produção de vinho tinto são
Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Syrah e Merlot; e para vinho branco são Semillon, Sauvignon
Blanc, Chardonnay, Moscato Branco e Moscato Giallo.

Uvas em potencial: cultivares IAC 871-41 Patrícia, IAC 21-14 Madalena, JD 930 Moscatel de Jundiaí,
Concord, Isabel Precoce, BRS Morena, BRS Clara, BRS Linda, BRS Vitória, BRS Núbia, BRS Cora, BRS
Violeta, BRS Carmem, BRS Magna, BRS Lorena e Moscato Embrapa.

Clima: as videiras são plantas com capacidade de adaptação climática que, aliada à existência de
grande quantidade de porta-enxertos, possibilita a escolha de combinações que melhor se adaptem às
diferentes regiões ecológicas do Estado de São Paulo, cujas condições climáticas relativas à temperatura
e disponibilidade hídrica conferem uma grande variação no comportamento fenológico das variedades de
uva, propiciando ao viticultor, possibilidade de produzir em diferentes épocas para sua melhor
comercialização. O zoneamento agrícola do Estado de São Paulo incluiu a videira, Vitis sp., num grupo
de espécies frutíferas consideradas de clima subtropical, ou seja, com menor exigência de frio hibernal
que as de clima temperado, para indicar as áreas aptas.

A área apta, com temperaturas médias anuais entre 17 e 22ºC e índice hídrico inferior a 100, apresenta
condições térmicas e hídricas satisfatórias e abrange quase toda a parte central e sul do Planalto Paulista,
inclusive o Vale do Paraíba e o Vale do Ribeira.
As características apresentadas por áreas menos favoráveis ao cultivo da videira são as seguintes:
a) Temperaturas baixas <17ºC - estão situadas nas áreas serranas frias da Serra da Mantiqueira e
do Mar;
b) Índice hídrico elevado “Im>100” - abrangem a área litorânea e encostas úmidas da Serra do Mar
e da Mantiqueira, com excesso de umidade que agrava problemas fitossanitários.

A área de cultivo da videira foi expandida para as regiões noroeste e oeste do Estado de São Paulo
em municípios como Jales e Dracena. As regiões leste e sudoeste tendo como referências Jundiaí e São
Miguel Arcanjo apresentam um período de seca de julho a setembro que favorece o repouso hibernal. As
regiões noroeste e oeste apresentam um período seco de abril a outubro, porém as temperaturas
elevadas da região nessa época favorecem uma maturação mais rápida, permitindo a colheita na
entressafra de outras regiões.

Época de plantio: estacas de porta-enxertos não enraizadas: plantio direto no campo em julho e
agosto; estacas pré-enraizadas de porta-enxertos conhecidas por “barbados”: plantio de agosto a
setembro; mudas de porta-enxertos enraizadas em sacolas plásticas: plantio de outubro a novembro;
mudas prontas obtidas por enxertia de mesa: agosto a setembro. No plantio de estacas de porta-enxertos,
a enxertia com a variedade copa deve ser realizada nos meses de julho a agosto do ano seguinte.

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Controle de pragas:

Das raízes - pérola-da-terra ou margarodes - uso de porta-enxertos tolerantes ou inseticidas


sistêmicos granulados no solo, como tiamethoxam e imidacloprid; filoxera - uso de porta-enxertos
resistentes;
Do tronco e dos ramos - cochonilhas - tratamento de inverno com calda sulfocálcica ou raspando-se
o tronco e aplicando óleo emulsionável a 1% mais um inseticida fosforado registrado; coleobrocas - retirar
os restos da poda de inverno e queimá-los; cigarrinha-das-fruteiras - poda de inverno e pulverizações
com inseticidas fosforados registrados;
Das folhas e dos brotos - maromba ou trombeta, grilo-mole, besouro-verde, filoxera na parte aérea,
lagarta-das-folhas, besouros - pulverizações com inseticidas fosforados registrados; mosca-branca -
imidacloprid e tiamethoxan; ácaros - pulverizações com acaricidas específicos;
Dos frutos - traça-dos-cachos - pulverizações com inseticidas piretroides registrados; mosca-das-
frutas - ensacamento dos frutos e pulverizações com inseticidas à base de fentiom, triclorfon e malation;
tripes - pulverizações com metildicarb.

Controle de doenças:

Fúngicas - antracnose - pulverizações com fungicidas cymoxanil, mancozeb, tiofanato metílico e


difenoconazol; peronóspora ou míldio - pulverizações com fungicidas cobre, mancozeb, maneb, metiram,
propineb, ziram, ferbam, folpet, captan, fosetil-alumínio, metalaxil-M, benalaxil, fenamidone e
dimetomorfe; oídio - pulverizações com fungicidas azoxestrobin, dinocap, piraclostobin, tolefluanid,
fenamirol, difenoconazolmetriram + piraclostrobina, boscalid; mancha-das-folhas - pulverizações com
fungicidas mancozeb, tiofanato metílico e difenoconazol; ferrugem - pulverizações com fungicidas calda
bordalesa, zineb, maneb, ferbam e captafol; declínio-da-videira e botriodiplodiose: aplicação de tiofanato
metílico nos cortes causados pela poda; podridão-amarga - pulverizações com fungicidas captan, ferban
e maneb; podridão-da-uva-madura - pulverizações com o fungicida maneb nas bagas, durante todo o
ciclo; podridão-negra - pulverizações com os fungicidas maneb e ferban; mofo-cinzento ou botritis -
pulverizações com fungicidas captan, folpet, procimidone e iprodione; murcha-de-fusarium ou fusariose -
usar porta-enxertos tolerantes como 1103 Paulsen, 99R e 110R.

Bacterianas - Xantomonas - usar material de propagação sadio, originário de locais livres da doença.

Vírus - realizar propagação com material isento de vírus, tanto para porta- enxertos como para copas.

Utilização de biorreguladores: os reguladores vegetais podem ser utilizados, em viticultura, para


controle do crescimento vegetativo, aumento da fertilidade das gemas, incremento da fixação de frutos,
desbaste de cachos, supressão de sementes, aceleração ou retardo da maturação dos frutos, controle
do enrugamento dos bagos, enraizamento de estacas e na micropropagação.

Cianamida - para interromper a dormência das gemas utilizam-se químicos a base de cianamida, que
são a cianamida cálcica ou calciocianamida e a cianamida hidrogenada. A dose padrão para a cianamida
cálcica é de 20%; para a cianamida hidrogenada, de 1,25% a 3,43% em função do clima e das condições
de repouso das gemas. Para melhorar a brotação em regiões com clima quente pode-se utilizar o
ethephon a 2160 mg L-1 associado à cianamida hidrogenada entre 1,47% a 1,96%.

Auxina - com a variedade Niagara, para reduzir as perdas pós-colheita, e a incidência de podridões
de frutos pode-se utilizar o ácido alfa naftaleno acético na dose de 150 mg L-1 de um dia a uma semana
antes da colheita.

Citocinina - dentre os químicos comerciais destacam-se o CPPU (N-(2-cloropiridil)-N-fenilureia),


também denominado forclorofenuron; e o thidiazuron (N-fenil-N1,2,3-tidiazol-5-tiureia). Para a Niagara
cultivada em regiões tropicais, como o noroeste e oeste do Estado de São Paulo, para melhoria da
aderência ao pedicelo e aumento do tamanho da baga, utiliza-se a mistura de thidiazuron 10 mg L-1 com
ácido giberélico 35 mg L-1 em pulverização direcionada aos cachos, aos 14 e 28 dias após o
florescimento.

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Giberelina - aplicada em pré-florescimento promove o aumento da ráquis; no florescimento, conforme
a variedade, propicia o desbaste ou aumento da fixação das flores. As doses variam com as variedades
e o clima dos locais de cultivo.

Ácido abscíssico (AAB) - para induzir a coloração da película das bagas em variedades de uvas
coloridas cultivadas em locais com pouca ou sem alternância de temperatura entre o dia e a noite, pode-
se aplicar o AAB em solução direcionada ao cacho, 7 a 10 dias após a viragem da cor.

Colheita:
a) Regiões leste e sudoeste do Estado de São Paulo: compreendem as regiões de Jundiaí,
Indaiatuba, Vinhedo, Valinhos, Louveira, Itupeva, Porto Feliz, Pilar do Sul e São Miguel Arcanjo. Realiza-
se a colheita da safra de verão no período de dezembro a fevereiro, sendo proveniente da poda de
inverno. Tem-se também a safra de inverno, no período de abril a junho, sendo proveniente da poda do
enxerto e da poda de verão realizadas no período de novembro a fevereiro.
b) Regiões noroeste e oeste do Estado de São Paulo: compreendem as regiões de Jales, Palmeira
d’Oeste, Urânia, Dracena e Tupi Paulista. Realiza-se a colheita da uva no período de junho a novembro,
entressafra das regiões leste e sudoeste do Estado de São Paulo. Para isso, realiza-se a poda de
produção, nos meses de fevereiro a junho, e a poda de formação dos ramos, nos meses de outubro a
novembro.

Produtividade: a produtividade da videira depende da variedade, do sistema de condução e do


manejo das plantas. Pode variar desde valores abaixo de 10 t ha-1 em cultivos de uvas finas para vinho,
em espaldeira, até 12, 15 até 18 t ha-1 para cultivares comuns para mesa ou indústria conduzidas em
espaldeira, podendo atingir de 25 a 30 t ha-1, em uvas rústicas ou finas para mesa ou indústria, em “Y”,
ainda podendo ainda chegar até 40-50 t ha-1, nas uvas finas para mesa conduzidas em latada.

MAMÃO

PRINCIPIOS E PRÁTICAS DO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS 11

Controle genético por meio de combinações varietais


Esta medida atua no princípio da imunização, pela seleção de cultivares que possuam resistência ou
tolerância a determinado grupo de patógenos. Em mamoeiro, os trabalhos existentes buscam a
imunização por meio de resistência quantitativa, qualitativa e premunização química e biológica.
Trabalhos conduzidos por Yeh & Gonsalves (1988), comprovaram que as estirpes fracas HA 5-1 e HA 6-
1 do PRSV-P, obtidas por mutação, foram utilizadas em Taiwan e Havaí, apresentando, ambas, grande
potencial e alta eficiência para o controle da mancha anelar do mamoeiro por premunização, entretanto
não conseguiram premunizar estirpes do vírus no Brasil (Tennant et al., 1994); O princípio de imunização
tem como exemplo de maior sucesso o mamão transgênico resistente ao vírus PRSV, no Havaí,
atualmente plantado comercialmente (Gonsalves, 1998).

Utilização de mudas sadias


A produção de mudas sadias se insere no princípio de exclusão, pois impede de levar qualquer praga
para novos plantios. Alguns tipos de vírus podem ser transmitidos por mudas obtidas próximas a pomares
que possuam plantas doentes. Artrópodes como ácaros, insetos ou fungos que causam a oidiose, pinta
preta e o tombamento causado por Pythium podem ser evitadas ou ter a sua incidência diminuída com o
uso de mudas sadias obtidas em locais protegidos ou distantes do pomar (Oliveira et al., 1994).

Rotação de culturas
A rotação de cultura é uma prática associada ao princípio de erradicação e tem como objetivo principal
reduzir o inóculo ou a população da praga em determinada área. Associada a outras práticas, a rotação
de cultura pode agir principalmente sobre pragas do sistema radicular ou transmitidas por insetos vetores.
Recomendada do ponto de vista técnica, esta medida pode não ser vantajosa do ponto de vista
econômico e em mamoeiro não existem estudos que permitam a indicação do seu uso como uma medida
de controle econômica ou eficiente.

11
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/50655/1/Manejo-integrado-P6-2-HermesPeixoto.pdf

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Preparo do solo
O que se pretende neste caso é aliar as práticas conservacionistas com o controle das pragas. O
preparo do solo é uma prática associada ao princípio de regulação e para que seja efetivo no manejo
integrado é fundamental que seja bem feito antes do plantio e serve mais para pragas do solo que podem
ser beneficiadas ou prejudicadas pelo excesso de água, pela falta de aeração em solos compactados,
por ferimentos causados por implementos agrícolas entre outros. Mais aplicado a fungos e nematóides,
este princípio pode ser bastante útil no controle de podridão de raízes.

Adubação orgânica e mineral


A adubação quer orgânica quer mineral, é encarada como prática essencial ao princípio de regulação,
atuando na redução da taxa de progresso da praga, principalmente pragas do solo ou com preferência
por tecidos novos ou floração. Os estudos sobre a associação da adubação e a predisposição de ataque
de pragas ainda não estão bem desenvolvidos em mamoeiro, porém sabe-se que para outras culturas
determinado tipo de adubação pode favorecer a predisposição de uma praga, ou desfavorecer o
aparecimento de outra.

Quebra ventos
A utilização de quebra-ventos é uma prática de manejo integrado associada à regulação, sendo mais
empregada para controle de pragas da parte aérea. Utilizada com sucesso para outras culturas como o
citros, vem sendo utilizado recentemente em mamoeiro em pomares com histórico de mancha anelar,
doença causada por vírus e transmitida por vetores (Ometo & Caramori, 1981).

Prevenção contra ferimentos


Os ferimentos destroem as barreiras mecânicas das células das plantas. Esta medida está associada
à regulação ambiental. São classificados como ferimentos os químicos decorrentes da utilização
inadequada de adubos e pesticidas, e físicos, produzidos por condições climáticas e instrumentos de
corte e biológicos provocados por nematoides, caramujos, roedores.

Manejo de plantas concorrentes e consorciadas


O manejo de plantas concorrentes, além de auxiliar na regulação de aspectos físicos e químicos do
ambiente, também é fundamental no controle de artrópodes vetores de patógenos como os ácaros ou na
preservação de inimigos naturais, desta forma não exercendo nenhuma ação direta sobre as pragas ou
seus hospedeiros. No caso da mancha anelar deve-se evitar o crescimento de cucurbitáceas dentro e
nas proximidades do pomar por ser hospedeiro preferencial do pulgão, agente vetor da doença o que
contribui para aumentar a população do vetor (Rezende & Fancelli, 1997; Lima & Camarço, 1997).
As coberturas vegetais devem ser avaliadas quanto à possível preferência por ácaros e insetos assim
como por inimigos naturais. Plantios de mamoeiro consorciados com citros, por esta última ser hospedeiro
preferencial do pulgão, não devem ser recomendados em função do aumento do número de pulgões na
área. Em citricultura o mentrasto é hospedeiro preferencial para ácaros predadores de pragas do
mamoeiro, aumentando a população destes agentes biocontroladores (Sato, 2005).

Irrigação
A irrigação é uma prática que influencia o princípio de regulação do ambiente, mas pode ser agente
de disseminação de inóculos de pragas do solo ou aquelas que atacam flores ou frutos. O tipo de irrigação
em áreas com histórico de determinada praga deve ser definido. Irrigação por aspersão, por exemplo,
não deve ser utilizada em pomares com doenças que ocorrem durante o período de florescimento e
desenvolvimento de frutos, como pinta preta, corinesporiose, entre outras, pois além de servir como
agente de disseminação contribui para aumentar a umidade relativa dentro do pomar, condição
predisponente para muitas pragas. A irrigação por microaspersão deve ser bem dimensionada, pois
lâminas d’água ou instalação inadequada de bicos molhando a base da planta contribuem para o aumento
de incidência de pragas do solo (Nascimento et al., 2009)

Controle biológico
O controle biológico é uma prática de destaque dentro do manejo integrado responsável pela
manutenção do nível de equilíbrio das pragas e seu controle. No manejo de pragas do mamoeiro devem
ser observados os princípios básicos de controle biológico como conservação, introdução e multiplicação.
Em face do grande número de pragas existentes na cultura do mamoeiro, o método de conservação,
também denominado controle biológico natural, é o que deve ser mais utilizado, porque ele visa à
preservação dos inimigos naturais já existentes. Para isto, devem ser utilizados pesticidas mais seletivos,

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aplicados no momento correto e preservar as fontes de alimentação destes inimigos naturais. O
monitoramento das pragas deve levar em consideração a presença dos inimigos naturais para que se
estabeleçam estratégias de controle condizentes com a sua preservação. (Noronha et al., 2005).

Controle químico mediante monitoramento


O controle químico deve ser utilizado como uma medida complementar de todas estas práticas
descritas ou para pragas cujo comportamento epidemiológico ou de disseminação e dispersão não
permitam economicamente o uso das práticas em controle a médio ou longo prazo. Antes de se
estabelecer um programa de controle químico deve-se levar em consideração a sua eficácia, seu custo,
e principalmente o impacto que será provocado pelos produtos utilizados ao meio ambiente e aos inimigos
naturais, micorrizas, e bactérias fixadoras de nitrogênio. Para que se faça um controle químico efetivo e
preservador é necessário que as aplicações sejam feitas mediante resultados de monitoramento que
estabeleçam o momento exato em que determinada praga causa danos econômicos à planta (Santos
Filho et al., 2007).
O monitoramento das pragas permite estabelecer os níveis para as tomadas de decisão compatíveis
com o controle e a identificação dos inimigos naturais, obedecendo a metodologias de amostragem, que
serão apresentadas a seguir.

Monitoramento de pragas e seus inimigos naturais fundamentos do monitoramento

A base para o estabelecimento de qualquer sistema de MIP é o monitoramento por amostragem para
detecção do objeto-alvo a ser controlado, as pragas, e a identificação dos seus respectivos inimigos
naturais. Para tal, devem ser observadas todas as expressões dos sintomas, sinais ou presença da praga,
relacionando-as com a época de sua maior prevalência, fenologia da cultura, idade da planta, do seu grau
de susceptibilidade ao ataque, e relacionar estes aspectos com a influência que as condições
climáticas.possam exercer. Desta maneira, o monitoramento requer vistorias periódicas do pomar para
registro da presença das pragas, tipo de danos, sintomas, presença de inimigos naturais, estabelecendo-
se assim os procedimentos distintos e ideais para caracterizá-las e quantificá-las.

Princípios do Monitoramento

Amostragem
De acordo com o tipo de praga, a inspeção deve ser feita utilizando-se diferentes tipos de amostragem:
•Amostragem sistemática - feita para as pragas primárias e inimigos naturais e é realizada durante
todo o ano;
•Amostragem ocasional - realizada para as pragas secundárias. É feita ao mesmo tempo em que se
realiza a inspeção por amostragem sistemática, porém determinadas épocas do ano;
•Amostragem monitorada – são utilizadas armadilhas de atração de adultos de acordo com as
características específicas de cada praga.

Tamanho da amostra
O talhão a ser amostrado deve ser georeferenciado e o seu tamanho, para a cultura do mamoeiro, foi
estabelecido em dez hectares, contendo plantas uniformes, da mesma variedade e com a mesma idade.

Casualização
Para que a contagem das pragas represente bem o talhão, as plantas da amostragem devem ser
casualizadas num percurso em ziguezague.

Unidade da Amostra
É a parte da planta que deve ser inspecionada para detecção de determinada praga. Por exemplo,
para procurar o ácaro rajado amostra-se a primeira folha ainda verde mais próxima ao solo procedendo-
se três visadas na parte inferior da folha; para o ácaro branco, procede-se várias observações na folha
mais nova do ápice da planta. Desse modo, para cada praga é determinada a parte da planta que deve
ser inspecionada, o local e o número de observações.

Frequência da Inspeção
` É o intervalo de tempo entre uma inspeção e outra, determinado pela biologia da praga, pela sua
capacidade de reprodução, época do ano, período de incubação, distribuição espacial e temporal, dados
climáticos, inimigos naturais etc.

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Dados climáticos
Sempre que possível, devem ser considerados os dados climáticos provenientes de estações
meteorológicas localizadas nas proximidades dos talhões monitorados, tais como dias de chuva,
evapotranspiração, umidade relativa, radiação, horas de luz, duração média do vento, velocidade média
do vento e umidade no interior da copa. Como exemplo, o conhecimento de dados de umidade,
pluviosidade e neblina são muito úteis para o estabelecimento do controle da doença pinta preta do
mamoeiro.

Agentes do Monitoramento

Inspetor de pragas (pragueiro)


O avaliador do monitoramento é o inspetor fitossanitário, também conhecido como “pragueiro”. Ele é
o profissional auxiliar e de confiança do produtor, cuja função é fazer a inspeção dos talhões de acordo
com as técnicas do Manejo Integrado de Pragas. O inspetor é o responsável pela vistoria nas plantas,
detectando as pragas e os inimigos naturais existentes, registrando na ficha de campo e levando os
resultados a pessoas que possam tomar a decisão de controle, que pode ser o proprietário, o responsável
técnico, o gerente ou outro profissional indicado para a tomada de decisão.

Manejador de pragas
O manejador de pragas é o profissional que após receber treinamento sobre princípios, conceitos,
táticas e estratégias do manejo integrado, analisa as fichas de campo que lhes são entregues pelo
inspetor e baseado nos dados coletados, determina o nível de ação, levando em consideração aspectos
administrativos e gerenciais do pomar.

Documentos de Registros do Monitoramento

Ficha de campo
É o instrumento de anotação dos resultados da amostragem. Deve haver uma ficha de campo por
amostragem e por talhão. Com os dados anotados, serão calculadas as incidências e severidades das
pragas que serão repassadas para o caderno de campo, documento que deve permanecer no escritório
da propriedade para eventuais fiscalizações de conformidades.

Caderno de Campo
No caderno de campo da Produção Integrada de mamão, o documento de registro das tomadas de
decisão é uma planilha onde são anotados os dados referentes ao total de incidência da praga e também
o registro de dados posteriores à tomada de decisão como o produto que será aplicado, seu princípio
ativo, a dose utilizada, o volume da calda por hectare, o período de carência, o tipo de equipamento que
aplicou o produto, o nome do funcionário que preparou e/ou aplicou a calda.

Procedimentos para o Monitoramento das Principais Pragas


Ácaros rajado e vermelho: Tetranychus urticae e Tetranychus desertorum
Metodologia de inspeção: Com uma lupa de 10 aumentos visar a face inferior da primeira folha de
coloração verde a partir da base da planta. Nessa folha, proceder três (3) visadas na sua face inferior,
próximas à nervura central, anotando o número total de ácaros por planta. Encontrando 10 ou mais ácaros
na primeira visada interrompe-se a avaliação e anota 10 na ficha de campo.
Nível de Ação: Em período seco, inicia-se a pulverização quando a média das 30 plantas indicar seis
(6) ou mais ácaros por planta.

Ácaro branco: Polyphagotarsonemus latus


Metodologia de inspeção: Retirar uma folha do ápice da planta (folhas pequenas com coloração verde-
claro) medindo até cinco (5) cm de comprimento e, com uma lupa de 10 aumentos e um (1) cm2 de base,
dar várias visadas no verso da folha. Considerar a planta atacada quando for constatada a presença do
ácaro. Anotar 0 (zero) para a ausência do ácaro, (1) para a presença e (-) traço caso encontre apenas
sintomas. Durante a visita, o pragueiro deve estar alerta para observar plantas com sintomas de ataque
do ácaro, mesmo não sendo a planta escolhida na amostragem.
Nível de Ação: Descoberta uma planta ou reboleira com os sintomas, anotar em “observações” a sua
localização, indicando o número da planta da amostragem mais próxima. Neste caso, tomar a decisão de
controle para esta reboleira. Caso seja encontrada uma área foco por hectare, em cinco hectares ou mais,
tomar a decisão de controle em todo o talhão.

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Mosca Branca: Trialeurodes variabilis, Bemisia argentifolii
Metodologia de inspeção: Para o monitoramento da mosca branca, deve-se inspecionar a primeira
folha do ápice para a base que tiver em sua axila uma flor ainda fechada. Contar o número de formas
jovens do inseto (ninfas) e de pupas em metade da folha amostrada. Anotar, no quadrado correspondente,
o número de ninfas e pupas contado, e 0 (zero) para a ausência do inseto. Anotar, em observações, o
número de pupas parasitadas.
Nível de Ação: Em regiões com presença da meleira, considerar o talhão infectado quando se descobrir
a primeira planta com presença da espécie B. argentifolii. Para as demais espécies, o nível de controle
está em estudo.

Cochonilha: Aonidiella comperei


Metodologia de inspeção: Visar a presença da praga nos frutos e na região do caule, logo abaixo da
coluna de frutos. Anotar na ficha de campo 0 (zero) para a ausência e 1 para a presença de até uma
cochonilha.
Nível de infestação/controle: Não foi ainda definido o nível de infestação necessário para se iniciar o
controle em talhões para comercialização no país. Para talhões destinados ao exterior, encontrando-se
uma cochonilha, recomenda-se o controle da área.

Cigarrinha: Solanasca bordia


Metodologia de inspeção: Inspecionar a primeira folha de coloração verde a partir da base da planta.
Anotar o número de cigarrinhas no estágio de ninfa por planta e (-) traço para apenas sintomas em folhas.
Não encontrando sintomas ou praga, anota-se 0 (zero) Nível de Ação: Em definição.

Mandarová: Erinnys ello ello

Metodologia de inspeção: Para o monitoramento, é anotado na ficha de campo, em “observações”,


o número da planta monitorada com presença de ovos ou larvas.

Nível de Ação: Em caso da presença da fase de vida predominante a causar dano econômico e que
estejam bem distribuídas no talhão, iniciar a pulverização em menos de três dias.

Podridão de Phytophthora: Phytophthora palmivora

Metodologia de inspeção: Para o monitoramento da doença em plantas (raízes e colo), durante o


monitoramento demais pragas, verificar a presença ou ausência de sintomas de amarelecimento e
murcha de folhas, entortamento do ápice da planta ou lesão no tronco próximo ao solo. Anotar um (1)
para presença e 0 (zero) para ausência. Em caso de ataque em frutos, contar o número de frutos atacados
e anotar no quadrado correspondente da planilha.

Nível de Ação: Para o controle da praga nos frutos, iniciar uma pulverização para controle quando
15% das plantas apresentarem até cinco (5) frutos afetados, bem distribuídas ao longo do talhão. Em
caso de ocorrência localizada (reboleiras), fazer o controle apenas na área foco. Para a infecção na
planta, recomenda-se uma vistoria em todo o talhão e aplicação dos princípios de proteção, terapia e
erradicação caso a planta esteja em avançado grau de infestação.

Varíola ou Pinta Preta: Asperisporium caricae

Metodologia de inspeção: O monitoramento da pinta preta deve ser iniciado logo após a sexagem
das plantas quando o ataque acontece apenas nas folhas. Neste caso, escolher a primeira folha verde a
partir da base da planta, anotando no quadro correspondente à planta inspecionada: (0) para folha sem
lesão, (1) para folha com até cinco (5) lesões, (2) para folha com mais de cinco (5) lesões, limitadas a 20
e (3) para folhas com mais de 20 lesões ou áreas coalescidas. No caso de plantas com frutos, contar
todos os frutos da planta e todos os frutos com até uma pinta. Marcar (0) caso não encontre fruto
manchado, ou o percentual de frutos atacados em função do número total de frutos.

Nível de Ação: A tomada de decisão para controle da pinta preta, em folhas, acontecerá quando o
somatório dos níveis de incidência da doença na folha atingir 0,35 e, no caso dos frutos, quando a
incidência alcançar o nível 5,0% ou menos dependendo, das condições ambientais de umidade e
pluviosidade.

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Mancha de Corynespora: Corynespora cassiycola

Metodologia de inspeção: Para o monitoramento da Mancha de Corynespora, devem ser


consideradas, diferentemente, as plantas com e sem frutos. No caso de plantas sem frutos, escolher a
primeira folha do ápice para a base que tiver em sua axila uma flor ainda fechada, anotando a presença
de lesão no quadro correspondente à planta inspecionada. No caso de plantas com frutos, contar todos
os frutos da planta e todos os frutos com até uma mancha para estabelecer o percentual de frutos
atacados.

Nível de Ação: A tomada de decisão para controle da Corynespora deve ser igual ao da pinta preta,
para ataque nos frutos. Nas folhas, o índice ainda não está estabelecido em face do desconhecimento do
real prejuízo causado pela doença.

Podridão Preta ou Queima de Phoma: Phoma caricae-payae

Metodologia de inspeção: Inspecionar folhas novas no topo da planta, procurando pequenas


necroses nas suas margens ou na lâmina foliar, que podem se juntar formando anéis concêntricos com
pontuações negras no centro da lesão. Encontrando este tipo de lesão, anotar (1), não encontrando,
anotar 0 (zero).

Nível de ação: Adotar tomada de decisão de controle quando 15% das plantas inspecionadas, bem
distribuídas no talhão, apresentarem sintomas nas folhas novas.

Mancha Chocolate: Colletotrichum sp.

Metodologia de Inspeção: Inspecionar frutos ainda “de vez”, com até três rajas amarelas, que
apresentem lesões escuras, marrons, endurecidas ou recobertas por goma branca. Anotar 0 (zero) para
planta com ausência de lesão e (1) para planta que apresente até 1 fruto atacado com apenas uma lesão.

Nível de Ação: Adotar tomada de decisão de controle quando 10% das plantas inspecionadas, bem
distribuídas no talhão, apresentarem sintomas nos frutos.

Inimigos Naturais: Ácaros Predadores, Joaninhas e Bicho Lixeiro


Os principais inimigos naturais das pragas do mamoeiro são as joaninhas Cicloneda sanguinea e
Pentilia egena (esta última encontrada em associação com a cochonilha A. comperei), os ácaros
predadores Typhlodromalus manihoti e Neoseiulus idaeus e o bicho lixeiro Chrysoperla sp.

Metodologia de inspeção: Ao realizar o monitoramento das pragas, observar a ocorrência de inimigos


naturais, anotando na ficha: 0 (zero) para ausência e 1 para presença.

MANGA12

Durante seu desenvolvimento e produção, a mangueira é atacada por diversos artrópodes, que
provocam diferentes tipos de danos. Na literatura internacional, 260 espécies de insetos e ácaros têm
sido registrados como pragas de maior ou menor importância da mangueira (Peña et al., 1998). No Brasil,
das 148 espécies de insetos e ácaros associados à mangueira, como pragas-chave, secundárias ou
ocasionais, 31 danificam frutos, 78 danificam folhas, 18 danificam inflorescências, 9 danificam brotações
e 45 danificam ramos e troncos (Barbosa et al., 2005). Como praga-chave ou principal, considera-se
aquela que, com frequência, provoca danos econômicos, exigindo medidas de controle; praga secundária
aquela que embora cause danos à cultura, raramente provoca danos econômicos, enquanto as
esporádicas ou ocasionais podem causar danos em áreas localizadas em determinado período. A
classificação em praga-chave ou secundária pode variar, dependendo da região e uma praga secundária
pode tornar-se de importância econômica, como resultado de mudanças em práticas culturais e uso
indiscriminado de agrotóxicos.

12
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/OPB136ID-KknonkV9xQ.pdf

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Pragas-Chave na Cultura da Mangueira

MOSCAS-DAS-FRUTAS - Ceratitis capitata e Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae)


As moscas-das-frutas fazem parte de um grupo de pragas responsável por grandes prejuízos
econômicos na cultura da mangueira, não só pelos danos diretos que causam à produção, como, também,
pelas barreiras quarentenárias impostas pelos países importadores. A. obliqua é a principal mosca-das-
frutas que ataca a manga. No Vale do São Francisco C. capitata é a espécie mais comum, contudo, além
dessa espécie, são relacionadas onze espécies do gênero
Anastrepha A. zenildae, A. obliqua, A. sororcula, A. fraterculus, A. pickeli,
A. distincta, A. serpentina, A. manihot, A. dissimilis, A. montei e A. daciformis, das quais, apenas as
três últimas não utilizam a manga como hospedeira (Paranhos et al., 2004; Haji et al., 2001; Haji &
Miranda, 2000; Souza Filho, 1999; Nascimento et al., 1991). Os gêneros Bactrocera, Dirioxa and
Toxotrypana não foram ainda registrados.
Os ovos das moscas-das-frutas são introduzidos, por meio do ovipositor, abaixo da casca do fruto, de
preferência ainda imaturos. No local onde são depositados, pode ocorrer contaminação por fungos ou
bactérias, o que resulta no apodrecimento local do fruto. Aproximadamente dois dias após a postura,
eclode a larva, que passa a se alimentar da polpa do fruto hospedeiros, reduzindo sua qualidade e
tornando-o impróprio para consumo in natura, comercialização e industrialização. Os frutos atacados
amadurecem prematuramente e passam por processo de podridão generalizada (Nascimento et al.,
2002).

PRAGAS SECUNDÁRIAS DA MANGUEIRA

Pragas da Inflorescência e de Frutos

TRIPES - Selenothrips rubrocinctus e Frankliniella schultzei (Thysanoptera: Thripidae)


No Vale do São Francisco, S. rubrocinctus e F. schultzei são as espécies mais comuns de tripes que
atacam a mangueira. Espécies do gênero Frankliniella têm sido relatadas ocasionando danos em
panículas, por sua alimentação em nectários e anteras de flores, que poderá resultar em perda prematura
de pólen (Peña and Mohyuddin, 1997). S. rubrocinctus e F. schultzei também têm sido reportados
danificando frutos. Em altas infestações o dano é visível na casca dos frutos, que apresentam manchas
ou rachaduras que depreciam o seu valor com comercial (Barbosa et al., 2000a; Brandão & Boaretto,
1999).

LAGARTAS - Pleuroprucha asthenaria (Lepidoptera: Geometridae) e Cryptoblabes gnidiella


(Lepidoptera: Pyralidae).
Alimentam-se de pétalas e ovários de flores, resultando no secamento parcial ou total da inflorescência
com consequente diminuição da frutificação. Frutos pequenos e o pedúnculo podem, ainda, apresentar a
superfície da epiderme danificada pelas larvas, levando a queda ou amadurecimento precoce. A presença
destas lagartas é maior em inflorescências compactadas pelo uso do paclobutrazol ou, infectadas pelo
fungo Fusarium spp., (agente da malformação floral), ambiente favorável ao ataque da praga.
C. gnidiella também é uma praga comum em videiras na nossa região (Moreira et al., 2004) enquanto
P. asthenaria tem sido relatada em inflorescências e grãos de sorgo, na Colombia (Pulido, 1979).

MOSQUINHA-DA-MANGA, MOSCA-DA-PANÍCULA – Erosomyia mangiferae (Diptera:


Cecidomyiidae)

É originária da Índia e foi introduzida nas Américas por meio de mudas importadas (Cunha et al., 2000).
O primeiro relato sobre E. mangiferae, no Brasil, foi feito por Silva et al. (1968), sem que fosse mencionado
o local de ocorrência. Em meados de 1993, constatou-se sua presença no Submédio São Francisco.
Desde então, tem sido observado na região, acentuado aumento populacional desse inseto, estando
presente nos municípios de Petrolina, em Pernambuco, e em Juazeiro, Casa Nova, Remanso e
Sobradinho, na Bahia (Haji et al., 2000).
As larvas atacam panículas florais e os frutos em formação no estádio de “chumbinho”. Em
consequência do seu ataque ao eixo da inflorescência, pode haver perda total da panícula floral, podendo
ainda danificar botões florais e provocar a queda de frutos na fase de `chumbinho`. A presença dessa
praga no campo é de fácil visualização na planta, pois a panícula floral apresenta uma curvatura (Haji et
al., 2000; Barbosa et al., 2000a; Haji et al., 1996).

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COCHONILHAS
As cochonilhas Aulacaspis tubercularis, Saissetia oleae, Pinnaspis sp. e Pseudococus sp., infestam os
frutos da mangueira, podendo ocasionar exsudação de látex, manchas e deformações nos frutos,
desqualificandoos para fins comerciais (Peña, 2004; Icuma & Cunha, 2001; Gallo et al., 2002).
A.tubercularis é considerada a espécie mais importante nos pomares destinados à exportação
(Nascimento et al., 2002). De acordo com Souza Filho et al. (2004), há indícios de que o orifício feito para
a sua alimentação no fruto, favorece a penetração de patógenos de pós-colheita.

PULGÕES - Aphis gossypii, A. craccivora e Toxoptera aurantii (Hemiptera: Aphididae)


A ocorrência de pulgões em mangueira, em condições de campo, não é comum. Entretanto, em
plantios comerciais no Submédio São Francisco, observamse infestações de afídeos causando danos às
plantas. São insetos sugadores, polífagos e podem estar em outras culturas ou colonizando plantas
invasoras, localizadas próximas ou no interior do pomar (Barbosa et al., 2005; Ferreira & Barbosa, 2002).
Ao alimentarem-se da seiva, injetam na planta substâncias tóxicas, que provocam o o secamento e a
queda de flores, reduzindo, consequentemente, a produção de frutos. Além disso, há redução da
capacidade fotossintética da planta, devido à ocorrência de fumagina (Barbosa et al., 2001b).

ÁCARO - Oligonychus spp. (Acari: Tetranychidae)


Ocasionalmente, podem acarretar danos às flores e frutos novos. Infestações severas tornam os frutos
de coloração ferrugínea (Oliveira, 1980; Cunningham, 1991; Peña & Mohyuddin, 1997).
CIGARRINHA-DOS-PEDÚNCULOS - Aethalion reticulatum (Hemiptera: Aetalionidae)
Suga grande quantidade de seiva, colonizando pedúnculos, causando atraso no desenvolvimento e a
queda de frutos (Gallo et al., 2002; Souza Filho et al. 2004).

IRAPUÁ - Trigona spinipes (Hymenoptera: Apidae)


Em busca de resina para a construção de seus ninhos, estes insetos atacam flores e frutos da
mangueira, provocando a queda prematura de flores e frutos (Cunha et al., 2000).

PRAGAS DE FOLHAS E DE BROTAÇÕES

Pragas de folhas e brotações da mangueira causam danos pela redução da área fotossintética da
planta, reduzindo, consequentemente, a quantidade de fotossintatos translocados para as raízes e frutos
(Peña, 2004). No Brasil, as mais prejudiciais a mangueira são os tripes, os ácaros, a mosquinha da
manga, besouros, lagartas, pulgões e cochonilhas.

TRIPES - Selenothrips rubrocinctus e Frankliniella schultzei (Thysanoptera: Thripidae)


O ataque dos tripes nas folhas ocorre principalmente na superfície inferior, próximo à nervura central,
causando necrose e, posteriormente, queda prematura. As partes danificadas apresentam, inicialmente,
coloração prateada que pode evoluir para coloração ferruginosa, com pontos escuros, que são os
excrementos secos, os quais indicam a presença dos tripes (Nascimento & Carvalho, 1998; Peña et al.,
1998).

ÁCAROS
Os ácaros, principalmente os eriofídeos, acham-se mundialmente disseminados nos pomares de
mangueira. Há registro na literatura brasileira de várias espécies de ácaros, responsáveis por danos
causados em folhas e gemas da mangueira.

Microácaro da mangueira – Aceria (=Eriophyes) mangiferae (Acari: Eriophyidae)


É o ácaro mais prejudicial a mangueira. Habita as gemas florais e vegetativas. Ocorre principalmente
em época quente e seca (Cunha et al., 2000). Causa a morte das gemas terminais e laterais e
superbrotamento, dificultando o desenvolvimento das plantas novas que ficam raquíticas e de copa mal
formada (Gallo et al., 2002). Sua maior importância na mangueira é por ser vetor do fungo Fusarium spp.,
agente etiológico da malformação da mangueira (Moreira et al., 1999; Mora Aguilera et al., 1998), que é
uma das sérias doenças desta frutífera em São Paulo e na região semiárida, provocando drástica redução
na produção (Tavares, 1995; Rossetto et al., 1989).

Ácaro branco – Poliphagotarsonemus latus (Acari: Tarsonemidae)


São ácaros típicos de ponteiros, ocorrendo geralmente em mudas nas condições de viveiro Rossetto
et al. (1996). Infestam somente as partes novas da planta, como as folhas em formação, as quais tornam-

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se mais estreitas, com os bordos ligeiramente arqueados para baixo, havendo enrijecimento e queda de
folhas novas e morte dos ponteiros. No Submédio do Vale do São Francisco, sua ocorrência é comum
em pomares comerciais (Barbosa et al., 2002).

Oligonychus spp.
As espécies O. biharriensis e O. yothersi desenvolvem-se na face superior das folhas, recobrindo-as
com pequena quantidade de teia. São mais frequentes na época seca do ano (Flechtmann, 1976).
Podem tornar-se pragas importantes devido a desequilíbrios ocorridos pelo controle de outras pragas
(Peña et al., 1998). Causam danos em mangueira, devido ao secamento e queda de folhas. Em
infestações severas, as folhas apresentam-se recobertas por um pó, devido à grande quantidade de
ecdises do ácaro. De acordo com Flechtmann (1976), o ataque destes ácaros faz com que as folhas
percam seu brilho característico, observando-se entre os fios de teia certa quantidade de poeira e detritos,
conferindo um aspecto de sujeira às folhas, que apresentam um bronzeado característico.

Allonychus braziliensis (Acari: Tetranychidae)


As fêmeas de A. braziliensis são vermelhas, desenvolvem-se na face inferior das folhas, tecendo
considerável quantidade de teia (Cunha et al., 2000). Estes ácaros provocam, na face inferior das folhas,
o aparecimento de manchas esbranquiçadas, às vezes prateadas. Quando em infestações severas,
observa-se um bronzeamento na face superior da folha (Flechtmann, 1976).

Mosquinha-da-Manga, Mosca-da-Panícula – Erosomyia mangiferae


E. mangiferae ataca tecidos tenros das plantas, dentre eles as folhas novas e brotações. Nas folhas
novas, ocorrem inúmeras pontuações, contendo as larvas em seu interior. Essas pontuações tornam-se
escuras e necrosadas, após a saída das larvas, podendo ser confundidas com manchas fúngicas.
Contudo, os bordos das folhas atacadas apresentam ondulação característica, observando-se também
nas manchas, orifícios decorrentes da saída da larva. Nas brotações e no eixo da inflorescência,
observam-se pequenos orifícios, onde há formação de galerias que se tornam necrosadas, apresentando,
posteriormente, uma exsudação, principalmente nas brotações (Haji et al., 2000; Barbosa et al., 2000b).

BESOUROS
Besouro amarelo - Costalimaita ferruginea vulgata (Coleoptera: Chrysomelidae)
É um inseto polífago, de ampla distribuição geográfica, que ataca diversas plantas cultivadas, como
abacateiro, algodoeiro, bananeira, cajueiro, goiabeira e eucalipto, entre outras. Ataca as folhas mais
novas e brotos da mangueira (Cunha et al., 2000).
Ataca as folhas novas, perfurando-as e deixando-as com um aspecto rendilhado. Dependendo da
intensidade da infestação, a folha pode tornar-se inteiramente rendilhada, diminuindo consideravelmente
a área fotossintética (Gallo et al., 2002). No Vale do São Francisco não tem causado problemas, contudo
em São Paulo é considerada praga severa durante a implantação e formação dos pomares (Souza Filho
et al., 2004).

Besouro-de-limeira - Sternocolaspis quatordercimcostata (Coleoptera: Chrysomelidae)


Ataca as folhas novas, perfurando-as e deixando-as com um aspecto rendilhado, porém, mesmo em
alta densidades populacinais, o dano deste inseto limita-se à folhas novas (Nascimento et al., 2002).

PULGÕES - Aphis gossypii, A. craccivora e Toxoptera aurantii


Os pulgões localizam-se na face inferior das folhas ou em brotações. Ao alimentarem-se da seiva,
injetam na planta substâncias tóxicas, que provocam o encarquilhamento, a murcha, o secamento e a
queda de folhas. Além disso, há redução da capacidade fotossintética da planta, devido à ocorrência de
fumagina (Ferreira & Barbosa, 2002; Barbosa et al., 2001b).

LAGARTAS
Várias lagartas podem danificar folhas da mangueira. A mais comum é Megalopyge lanata
(Lepidoptera:Megalopygidae), conhecida como lagarta de fogo, lagarta cabeluda, taturana ou sassurana,
é uma espécie polífaga e de ampla distribuição geográfica (Gallo et al., 2002). Dependendendo do seu
estádio de desenvolvimento, ataca as folhas raspando ou cortando o limbo foliar (Rossetto et al., 1996).
No Vale do São Francisco, é raro a ocorrência de M. lanata, sendo mais comum o ataque de Eacles
imperialis magnifica, que destrói o limbo foliar, podendo desfolhar completamente as plantas.

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COCHONILHAS

As cochonilhas Aulacaspis tubercularis, Pseudaonidia tribitiformis, Saissetia coffeae, S. oleae,


Pinnaspis sp. e Pseudococus adonidum, atacam folhas da mangueira, podendo ocasionar em infestações
severas: queda de folhas, redução do crescimento da planta e o aparecimento de fumagina, devido a
produção de “honeydew” (Peña, 2004; Icuma & Cunha, 2001; Gallo et al., 2002; Nascimento et al., 2002).

FORMIGAS CORTADEIRAS Atta sexdens, Atta laevigata e Acromyrmex spp. (Hymenoptera,


Formicidae)
As formigas cortadeiras podem causar severas desfolhas em mudas, ainda nos viveiros e em pomares
em formação. Quando não controladas, após a transferência das mudas para o campo, retardam o
desenvolvimento e podem causar até morte de plantas (Cunha et al., 2000).

Nos pomares de manga é mais comum a ocorrência das espécies Atta sexdens e A. laevigata,
conhecidas vulgarmente como saúva limão e saúva cabeçade-vidro, respectivamente. Dentre as
quenquéns, são várias as espécies que podem causar danos à mangueira, em especial Acromyrmex
coronatus, A. crassispinus, A. laticeps, A. rugosus e A. subterraneus. Apesar de construírem ninhos mais
superficiais e menos populosos, não são menos importantes que as saúvas, principalmente pela
dificuldade de localização dos ninhos para a execução das medidas de controle (Brandão & Boaretto,
2002).

PRAGAS DE TRONCOS E DE RAMOS

Broca-da-mangueira - Hypocryphalus mangiferae (Coleoptera: Scolytidae)


Este inseto tem como único hospedeiro da mangueira, sendo encontrado, geralmente, em todas as
regiões do mundo onde existe esta fruteira. Com exceção do Brasil, em todos os países onde ocorre é
inexpressivo como praga. A presença em nosso país do fungo Ceratocistis fimbriata, agente causal da
doença “seca da mangueira”, faz com que H. mangiferae seja de relativa importância, por ser o vetor
desta doença. No Estado de São Paulo, Donadio (1980) relata que dos vários insetos que afetam os
ramos da mangueira, H. mangiferae é o mais importante. Contudo, o fungo pode também infectar as
plantas, penetrando pelas raízes sem necessidade de vetor, mas, também, pode ser disseminado pelas
mudas (Rossetto et al., 1996; Rossetto & Ribeiro, 1990). A “seca da mangueira” é capaz de causar a
morte de plantas em qualquer estádio de desenvolvimento, desde plantas jovens até árvores centenárias
(Gallo et al., 2002).
Ataca a região entre o lenho e a casca da mangueira, iniciando pelos ramos mais novos da parte
superior da planta. Posteriormente, atinge os galhos inferiores, progredindo em direção ao tronco. A
penetração do inseto na planta ocorre pelas cicatrizes da inserção das folhas ou extremidades cortadas
(Rossetto et al., 1989).

Coleobroca - Chlorida festiva (Coleoptera: Cerambycidae)


As larvas de C. festiva broqueiam o tronco e os ramos mais grossos da mangueira, abrindo galerias
que, dependendo do seu número, tamanho e localização, podem comprometer totalmente a planta (Gallo
et al., 2002; Nascimento & Carvalho, 1998).

COCHONILHAS
As cochonilhas Aulacaspis tubercularis, Saissetia coffeae, S. oleae, Ceroplastes sp., Pinnaspis
aspidistrae e Pseudococcus adonidum atacam a mangueira, determinando o secamento de ramos,
quando em alta infestação, pela sucção contínua da seiva (Brandão & Boaretto, 2002; Cunha et al., 1993;
Souza Filho et al. 2004).

AMOSTRAGEM, NÍVEL DE AÇÃO E CONTROLE DE PRAGAS DA MANGUEIRA

No campo, a simples observação visual não expressa a população real das pragas presentes no
plantio. Para o controle racional das pragas da mangueira, indica-se a realização de amostragens, isto é,
inspeções regulares na área, para verificação do nível de infestação da praga, com base no número de
insetos capturados em armadilhas (moscas-das-frutas), no número e nos sintomas de ataque (outras
pragas).
É importante se ter em mente que a presença da praga no campo não implica, necessariamente, em
seu controle, pois, se isto não significar perdas econômicas, sua presença ou injúrias poderão ser

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toleradas. Esta tolerância é o fator que distingue o Manejo Integrado de Pragas (MIP) do sistema
convencional de controle de pragas. Assim, só será realizado o controle quando o nível de ação for
atingido. O nível de controle ou nível de ação refere-se à menor densidade populacional da praga que
indica a necessidade de aplicação de táticas de controle, para impedir que uma perda de produção de
valor econômico seja atingida (Torres & Marques, 2000). É bom lembrar que o nível de controle deverá
ser adequado às condições da região onde o monitoramento estiver sendo executado e que a tolerância
desse índice, é em função do grau de exigência do mercado do destino da fruta, e ainda, se será utilizada
in natura ou para indústria.
O monitoramento e a determinação do nível de ação das pragas, possibilitam o controle, de maneira
racional e econômica, trazendo como consequência redução dos custos de produção, dos riscos de
resíduos nos frutos e de intoxicação de trabalhadores, resultando em produção econômica e
ambientalmente sustentável e em qualidade de vida para os produtores e trabalhadores do campo.
O monitoramento da população de moscas-das-frutas é realizado por meio de armadilhas. Para se
fazer o monitoramento das outras pragas, recomenda-se a divisão da área em parcelas de 1 a 5 ha, de 6
a 10 ha e de 11 a 15 ha. Nos casos de pomares com mais de 15 ha, dividi-los em parcelas menores, para
maior precisão da amostragem. Em parcelas com até 5 ha, amostrar 10 plantas; maior que 5 e até 10 ha,
amostrar 14 plantas, e maior que 10 e até 15 ha, amostrar 18 plantas (Barbosa et al., 2001c). As plantas
devem ser selecionadas ao acaso, fazendo-se caminhamento em forma de ziguezague. Deve-se levar
em consideração a uniformidade da parcela, em relação ao solo, idade da planta, manejo e tratos
culturais, assim como as plantas devem pertencer à mesma cultivar.

MÉTODOS DE AMOSTRAGEM
Moscas-das-frutas - Ceratitis capitata e Anastrepha spp.
Utilizam-se armadilhas do tipo Jackson para a coleta de machos de C. capitata e do tipo McPhail para
a coleta do gênero Anastrepha, uma para cada cinco hectares. A utilização de armadilhas permite
conhecer as espécies presentes na área, sua frequência e flutuação populacional no decorrer do ano,
sendo que o nível de controle é determinado pelo MAD (Mosca/Armadilha/Dia), que é calculado pela
fórmula: MAD=M/AxD, onde M é a quantidade de moscas capturadas; A é o número de armadilhas no
pomar e D é o número de dias de exposição da armadilha (Souza & Nascimento, 1999).

TRIPES - Selenothrips rubrocinctus e Frankliniella schultzei


Ramos: do início da brotação até o início da floração, efetuar cinco vezes a batedura (em bandeja
plástica branca) de oito ramos (brotações e/ou folhas novas) por planta, sendo dois em cada quadrante,
para observar a presença de tripes.
Inflorescências e frutos: a partir do início da floração até a fase de “chumbinho”, efetuar cinco vezes a
batedura de quatro panículas novas por planta (uma por quadrante), para contagem dos tripes. Da fase
de “chumbinho” até 25 dias antes da colheita, observar a presença de tripes em quatro frutos por planta
(um por quadrante).

LAGARTAS DA INFLORESCÊNCIA- Pleuroprucha asthenaria e Cryptoblabes gnidiella


Efetuar, ao acaso, a batedura (em bandeja plástica branca) de quatro panículas por planta (uma em
cada quadrante), para observar a presença ou ausência de lagartas. Quando as panículas forem
adensadas, devem ser abertas.

MOSQUINHA-DA-MANGA, Mosca-da-Panícula – Erosomyia mangiferae


Brotações: observar a presença ou ausência da praga ou seus danos, em oito brotações, sendo duas
em cada quadrante da planta;
Folhas novas: observar a presença da praga ou sintomas em folhas novas de oito ramos por planta,
sendo duas em cada quadrante;
Ramos: observar a presença ou ausência da praga na haste de oito ramos por planta, sendo dois
ramos por quadrante;
Inflorescências: observar a presença ou ausência da praga em quatro panículas por planta, sendo uma
em cada quadante;
Frutos: observar, até a fase de chumbinho, a presença ou ausência da praga em um fruto por
quadrante.

MICROÁCARO DA MANGUEIRA – Aceria (=Eriophyes) mangiferae

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Tendo em vista a dificuldade de visualização do ácaro a olho nu, a amostragem deve ser feita com
base nos sintomas da presença do ácaro (Fig. 2). Deve-se observar a presença da praga, em oito
brotações, sendo duas em cada quadrante da planta.

Besouro amarelo - Costalimaita ferruginea vulgata


Em plantios com até quatro anos de idade, o monitoramento deve ser feito rotineiramente. Faz-se a
inspeção de folhas novas, na periferia do pomar, onde normalmente o ataque é iniciado. Deve-se observar
a presença ou ausência da praga em folhas novas de oito ramos por planta, sendo dois em cada
quadrante (Souza Filho et al., 2004).

PALMA13

Desafios e Metas

As possibilidades de ampliação do cultivo de palma são evidentes. As pesquisas vêm buscando


melhorias no manejo e na identificação de cultivares resistentes. Entretanto, alguns desafios se mostram
eminentes quando o cultivo atingir largas escalas. Já prevendo essa situação, as metas dos
pesquisadores devem ser no aumento da área plantada, porém associado a um bom manejo dos palmais.
Um dos grandes entraves à expansão da cultura são os ataques de pragas, em especial da cochonilha
de escamas (Diaspis echinocacte) e do carmin (Dactylopius sp), que dizimam a produção e inviabilizam
muitos cultivos. O controle deve ser feito imediatamente de forma mecânica, química, biológica ou
genética (WARUMBY et al., 2005). Na área da genética, trabalhos têm sido feitos no intuito de identificar
clones resistentes (LOPES et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010; VASCONCELOS et al., 2009).
Na área entomológica, as pesquisas agregarão informações de produtos e doses recomendados para
o controle químico e indicação de inimigos naturais para o controle biológico. O controle químico é inviável
economicamente ao pequeno produtor, não sendo uma tecnologia adotada em grande escala no
semiárido e o controle alternativo, é ainda pouco eficaz (VASCONCELOS et al., 2009). Porém, vários
trabalhos indicam que o uso do controle biológico é eficiente no controle de insetos pragas (BARBOSA et
al, 2008; LACERDA et al, 2011; LOPES et al., 2009).
A melhor opção é o manejo integrado de pragas (MIP) (LIMA et al, 2011) e o monitoramento da área,
retirando as raquetes infestadas e queimando-as (WARUMBY et al., 2005). O controle mecânico, garante
o manejo adequado e a sobrevivência do palmal com práticas simples, porém eficazes.
Com a expansão do cultivo de palma, problemas fitossanitários, até então de ocorrência randômica,
ocorrerão com maior frequência e severidade. Os ataques mais comuns são de fungos, e medidas
preventivas como plantio de raquetes sadias, plantios em solos não infestados e eliminação de plantas
doentes, reduzem a sua ocorrência (COELHO, 2005).
Para que o cultivo da palma consiga se expandir, como é previsto com as mudanças climáticas, é
imprescindível que existam cultivares resistentes e/ou tolerantes a pragas e doenças, sendo a melhor
estratégia por ser não poluente, de baixo custo, de efeito persistente e não exigir tecnologia para ser
usado (VASCONCELOS et al., 2009). E para isso, a pesquisa na área entomológica e fitopatológica deve
estar conectada ao melhoramento genético.
É grande a quantidade de informação sobre palma forrageira, entretanto, na maioria dos artigos
publicados trata de manejos da cultura e uso na alimentação animal. São restritas as informações
referentes a temas como recursos genéticos e melhoramento vegetal.
Assim, entende-se que a demanda por pesquisas das referidas áreas é emergencial, uma vez que a
espécie se destaca como potencial numa região que carece de tecnologia que auxiliem no suprimento
alimentar dos animais, resultando na melhoria da renda dos pequenos agricultores e gerando segurança
alimentar aos agricultores familiares.

Família das Cucurbitáceas

Pepino14

Implantação da cultura

A cultura do pepino pode ser conduzida na forma rasteira ou tutorada, em ambiente aberto ou em
cultivo protegido (Figuras 6 e 7). O plantio pode ser feito tanto pela semeadura direta como por transplante
13
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/979108/1/DOC106.pdf
14
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/956387/1/ct113.pdf

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de mudas. A semeadura direta pode ser realizada em covas ou em sulcos. Neste caso, a semeadura em
sulcos deve ser preferida, pois possibilita maior desenvolvimento do sistema radicular e, assim, maior
aproveitamento da água e de nutrientes. O espaçamento para a cultura rasteira, com frutos destinados
ao consumo in natura pode ser em espaçamento de 1,5 x 1 m, permanecendo 2 plantas por cova. Em
plantio para pepino industrial o espaçamento indicado entre linhas é de 1 m e entre covas de 0,3 a 0,4 m,
sendo recomendadas três plantas por cova.
Em cultivo tutorado o espaçamento recomendado é de 1 m entre linhas e 0,4 a 0,6 m entre plantas
sendo recomendada apenas uma planta por cova.
A profundidade de plantio é de 1,5 a 2 cm, com cuidado para não deixar torrão sobre as sementes.
Para cultivares híbridas, que tem o preço de semente elevado, as mudas são produzidas em algum
tipo de recipiente. No passado, utilizou-se copinho de papel ou jornal, mas atualmente tem-se optado pelo
plantio em bandejas de polipropileno de 128 células. Geralmente utilizado em sistema de cultivo
protegido, as mudas produzidas por essa técnica estão prontas para o plantio entre 8 e 10 dias após a
semeadura.
O tutoramento do pepino a campo é realizado com estacas de bambu rachadas ao meio e colocadas
a 1,7 m de altura em forma de “V” invertido. O plantio é realizado em canteiros, e a cada 2 a 3 m são
colocados mourões que dão sustentação ao “cavalo”. Na extremidade superior dos mourões é esticado
um fio de arame (no 14 ou 16), os quais dão suporte ao bambu. Em cultivo protegido é utilizado uma
linha, sendo a mesma disposta na posição vertical ou arames horizontais sustentados por armações
metálicas.
Entre os quatro tipos de pepinos comerciais (caipira, aodai, conserva e japonês), os segmentos que
melhor se adaptam ao cultivo rasteiro são o caipira e conserva. O custo de produção por este método é
inferior e exige menor demanda de mão-de-obra. Já o pepino aodai é cultivado de forma exclusivamente
tutorada uma vez que o cultivo rasteiro lhe confere a indesejável “barriga branca”, que é tolerável no
pepino tipo caipira. O pepino japonês é o mais exigente de todos e deve ser conduzido em cultivo
protegido e tutorado.

Irrigação
O pepino é uma cultura exigente em água. A deficiência de água é muito prejudicial para esta cultura,
principalmente em solos de textura leve.
O estresse pela falta de água afeta os processos fisiológicos desde a fotossíntese até o metabolismo
dos carboidratos. Desta forma, a umidade do solo deve ser mantida próxima à capacidade de campo. No
plantio de outono-inverno praticamente toda água necessária para o desenvolvimento e produção da
cultura vem da irrigação. Nos plantios de primavera-verão a água de irrigação é necessária apenas para
suprir algumas deficiências pluviométricas.
Na cultura do pepino, os sistemas mais utilizados de irrigação são os de aspersão, sulcos,
microaspersão e gotejamento. Em campo aberto e onde a disponibilidade de água não é fator limitante,
o sistema predominante é a aspersão. Em sistemas de cultivo protegido o gotejamento dá melhores
resultados, pois irriga apenas o sistema radicular, evitando com isso a proliferação de diversas doenças
foliares, podendo ser utilizado para aplicar nutrientes (fertirrigação) permitindo também a economia de
água.

Principais pragas

A mosca-branca, Bemisia tabaci biótipo B


(Hemiptera: Aleyrodidae), é um inseto sugador muito pequeno. O adulto possui dorso amarelopalha,
quatro asas membranosas recobertas com pulverulência branca. As ninfas (forma jovem) são translúcidas
de coloração amarelo a amarelopálido.
Este inseto causa danos diretos ao pepino pela sucção contínua da seiva e ação toxicogênica,
provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das plantas. O líquido açucarado
expelido pelos insetos também favorece o desenvolvimento do fungo Capnodium, causador da fumagina
(lâmina preta), sobre as folhas e estruturas reprodutivas da planta, que pode também prejudicar a
aparência dos frutos.
Existem várias medidas de controle da moscabranca, com destaque para o controle cultural e o
controle químico. O controle cultural consiste na adoção de práticas que visam deixar o ambiente menos
favorável ao desenvolvimento da praga. Desta forma, recomenda-se o uso de sementes sadias e com
alto poder germinativo; o isolamento dos cultivos por data e área, evitando escalonamento de plantio;
instalação dos cultivos no sentido contrário ao vento, do mais velho para o mais novo, para desfavorecer
o deslocamento da praga das lavouras mais velhas para as novas; a implantação prévia de barreiras

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vivas ou faixas de cultivos (sorgo, capim elefante, milheto ou canade-açúcar) ao redor da lavoura; a
adoção de cultivo em ambiente protegido (estufas) com telado que dificulte a entrada da praga; o uso de
armadilhas amarelas adesivas, a manutenção de cultivos livres de plantas infestantes e a destruição de
restos culturais logo após a colheita.
O controle químico é a principal medida de controle da mosca-branca e existem vários inseticidas
registrados junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para a cultura do pepino.
Entretanto, o uso indiscriminado de agrotóxicos tem elevado substancialmente o custo de produção do
pepino e pode acarretar sérios danos ambientais e a contaminações da produção com resíduos tóxicos.
Os pulgões, Aphis gossypii e Myzus persicae (Hemiptera: Aphididae), são insetos sugadores de seiva,
de 1 a 3 mm de comprimento, com corpo periforme e mole e antenas bem desenvolvidas. As formas
jovens (ninfas) e os adultos de A. gossypii apresentam coloração do amarelo-claro ao verdeescuro,
enquanto M. persicae possui coloração verde-clara, rosada ou avermelhada. Estes pulgões podem atacar
o pepino durante todo o seu ciclo e ocorrem em grandes colônias na face inferior das folhas, brotações e
flores. A sucção contínua de seiva e a injeção de toxinas provocam definhamento de mudas e plantas
jovens, e encarquilhamento das folhas, brotos e ramos. A alimentação dos pulgões também favorece a
formação de fumagina sobre as folhas e estruturas reprodutivas da planta, afetando, consequentemente,
a fotossíntese, a produção e a qualidade dos frutos. Essas pragas também podem transmitir viroses ao
cultivo de pepino. Entre as maneiras de controle dos pulgões destacam-se: a instalação de cultivos em
local distante de plantios mais velhos de cucurbitáceas (pepino, melancia, melão, abóboras); a
implantação prévia de barreiras vivas ou faixas de cultivos ao redor da lavoura; a adoção de cultivo em
ambiente protegido (estufas) com telado que dificulte a entrada da praga; o plantio contra o vento; a
eliminação de plantas de pepino com viroses; o plantio de espécies vegetais no entorno e dentro da área
do cultivo (consórcio) que atraiam os inimigos naturais dos pulgões; a manutenção de vegetação nativa
entre talhões e, principalmente, o uso de cultivares resistentes às principais viroses do pepino transmitidas
pelos pulgões. Para o controle de pulgões recomenda-se o uso de inseticidas específicos

Os tripes, Thrips tabaci, Thrips palmi e Frankliniella schultzei (Thysanoptera: Thripidae), são insetos
diminutos, com 1 a 2 mm de comprimento, coloração amarelo-caro a marrom, cabeça quadrangular,
aparelho bucal do tipo raspadorsugador.
Os adultos possuem asas estreitas e franjadas, enquanto as formas jovens são ápteras.
São encontrados na face inferior das folhas, nas flores, hastes e gemas apicais e ficam abrigados entre
dobras e reentrâncias das plantas. Os tripés perfuram e sugam o conteúdo das células vegetais.
As folhas atacadas ficam com aspecto queimado ou prateado e pontuações escuras. Estas pragas
podem causar manchas e cicatrizes nos frutos em desenvolvimento. Os tripes também podem ser
transmissores de vírus ao pepineiro.
As brocas-das-cucurbitáceas, Diaphania nitidalis e Diaphania hyalinata (Lepidoptera: Pyralidae),
ocorrem frequentemente nos cultivos de pepino e podem ocasionar perdas significativas na produção.
Altas infestações ocorrem principalmente nos meses mais quentes do ano, ou seja, entre setembro e
março. A fase de lagarta é a responsável pelos danos na lavoura. Elas são facilmente encontradas no
lado inferior da folha e na base das flores, são esverdeadas e atingem 20 mm de comprimento.
Alimentam-se de folhas, brotos novos, ramos, mas, dão preferência aos frutos. Os brotos novos
atacados secam e os ramos ficam com as folhas secas. Nos frutos abrem galerias e destroem a polpa,
deixando-os inaptos para a comercialização.
Para o controle das brocas-das-cucurbitáceas recomenda-se a adoção de medidas culturais como: o
uso de cultivares de ciclo curto e adequação da época de plantio para a região, visando o escape de picos
populacionais das pragas, ou seja, entre
setembro e março; o isolamento dos talhões por data e área, evitando escalonamento de plantio; a
adoção de cultivos intercalares (policultivos) com plantas não hospedeiras das brocas, e que tenham
porte ereto; o cultivo protegido em estufas com telado que dificulte a entrada das mariposas; a sucessão
e rotação de culturas com plantas não hospedeiras das brocas, evitando-se plantios sucessivos de
pepineiro de outras cucurbitáceas na mesma área de cultivo; a remoção de flores e frutos atacados pelas
lagartas; a catação de flores e frutos caídos no chão; a destruição e incorporação dos restos culturais e
de cultivos abandonados; a eliminação de plantas voluntárias de cultivos anteriores antes do novo plantio
de pepino no mesmo local; e a adoção de vazio fitossanitário, de modo que a área de cultivo e todas as
outras áreas que lhe são próximas fiquem simultaneamente livres da cultura e de plantas hospedeiras
das brocas-dascucurbitáceas por, pelo menos, quatro semanas.
O controle químico, através do uso de inseticidas sintéticos, é a principal medida de controle das
brocas-das-cucurbitáceas e existem diversos produtos registrados para a cultura do pepino. Entretanto,

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deve-se tomar muito cuidado com produtos à base de piretróides e organofosforados visto que as
cucurbitáceas são muito sensíveis a estes grupos químicos.
O uso de inseticidas biológicos contendo a bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis também
pode controlar eficientemente essas pragas.
Vários inseticidas biológicos são registrados para o controle das brocas na cultura do pepino. Estes
produtos devem ser utilizados em fases iniciais do ataque, ou seja, quando as lagartas ainda são
pequenas (menores que 1 cm de comprimento), principalmente durante o período de floração-frutificação,
quando há intensa atividade de polinizadores no cultivo. As pulverizações devem ser dirigidas às folhas,
flores e frutos novos, e realizadas sempre com vento fraco e no final da tarde, quando as temperaturas
estão mais amenas.
As vaquinhas são besouros (Ordem Coleoptera), cujos adultos são pequenos e apresentam o primeiro
par de asas rígidas como um escudo, de cores variadas, com manchas amarelas, pretas ou acinzentadas.
O pepineiro pode ser atacado por várias espécies de vaquinhas, dentre elas, Acalymma bivittula,
Diabrotica spp., Cerotoma arcuata, Cerotoma unicornis e Epilachna cacica.
As larvas da vaquinha E. cacica chegam a 1 cm de comprimento, são amarelas e têm o corpo coberto
por espinhos pretos e longos. Larvas e adultos desta espécie atacam somente as folhas. As larvas das
demais espécies de vaquinhas apresentam coloração branca, vivem somente no solo e se alimentam de
raízes da planta, enquanto os adultos se alimentam das folhas e flores. O ataque às folhas pelos besouros
adultos, principalmente quando as plantas são jovens, resulta em grande número de pequenas
perfurações, que reduz a área fotossintética da planta; o ataque às flores pode ocasionar o seu aborto.
Em elevadas infestações de adultos podese comprometer a produção de frutos de pepino. O controle das
vaquinhas na fase adulta pode ser feita com pulverizações foliares dos inseticidas químicos.
Adicionalmente, podem-se utilizar pedaços de raízes de “tajujá” [Cayaponia tayuya; Ceratosanthes
hilariana; Cayaponia martiana] ou de cabaça verde (Lagenaria vulgaris) como isca, nos quais são
aplicados inseticidas químicos para eliminar os besouros que nelas pousarem. As iscas frescas devem
ser distribuídas em toda a borda do cultivo (campo aberto ou dentro da estufa), sendo substituídas
quinzenalmente.
Não se recomenda o controle químico de larvas de vaquinhas que vivem no solo. Quando necessário,
o controle químico deve ser realizado através da adoção de inseticidas menos tóxicos ao homem e ao
meio ambiente. É importante observar as recomendações agronômicas para cada produto, bem como, a
forma de aplicação, os cuidados durante sua manipulação, o período de carência, entre outros. É
necessário que o produtor procure sempre um engenheiro agrônomo, o qual irá prescrever um receituário
agronômico com todas as orientações técnicas sobre os procedimentos e cuidados com o uso dos
inseticidas na cultura do pepino. Também se devem seguir rigorosamente as recomendações da bula de
cada produto, principalmente no que se refere ao período de carência. Vale salientar que, vários tipos de
pepino são dependentes de insetos polinizadores (abelhas) para que ocorra a frutificação. Assim,
recomenda-se não pulverizar os inseticidas no período da manhã. Cuidado redobrado deve ser adotado
no uso dos produtos para se evitar a fitotoxidez ao pepineiro.

Principais doenças

Oídio
O oídio, cujo agente causal é o fungo Podosphaera xanthii (Sphaerotheca fuliginea) é uma doença
muito comum entre as cucurbitáceas, entre elas o pepino. Este patógeno encontra condições favoráveis
para desenvolvimento principalmente em cultivos sob ambientes protegidos. Os sintomas são visíveis nas
partes aéreas das plantas, mas as folhas são mais atacadas. Os sintomas se iniciam pelo crescimento
branco pulverulento formado por micélio. A coalescência das manchas pode afetar toda extensão da área
foliar das plantas.
O uso de cultivares resistentes é a maneira mais econômica de controle, contudo, nem sempre
possível de ser adotado. O controle químico é o método mais indicado e geralmente fungicidas a base de
enxofre dão bons resultados. No entanto, em condições mais favoráveis à doença, fungicidas sistêmicos
como os triazóis são os mais indicados pela maior eficiência de controle. O tratamento deve ser iniciado
logo na presença dos primeiros sintomas, os quais ocorrem na parte inferior da folha. Geralmente uma a
duas pulverizações são suficientes para o controle dessa doença.

Antracnose
A antracnose é uma doença causada pelo agente etiológico Colletotrichum gloeosporioides f.
sp.cucurbitae. É uma enfermidade muito importantena cultura do pepino tanto pela frequência quanto
pelos danos causados. Nas folhas, os sintomas se iniciam com o encharcamento do tecido, seguido de

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necrose. As lesões formadas podem variar de milímetros até centímetros e caracteriza-se por uma
mancha circular de cor parda com centro mais claro. Em estádios mais avançados da doença constatam-
se extensas áreas necrosadas pela coalescência das manchas. Nas hastes e pecíolos os sintomas se
caracterizam por lesões de formato elíptico, deprimidas e coloração variando de cinza a pardo. Em
condições de alta umidade, estas podem apresentar os esporos dos fungos que são formados por uma
massa rosada.
Nos frutos os sintomas são circulares a elípticos, deprimidos e podem apresentar a massa rosada de
esporos do fungo em estádios mais avançados.
As principais medidas de controle são o uso de sementes sadias, já que se constitui de grande fonte
de inóculo; destruição de restos culturais e de outras cucurbitáceas silvestres que possam estar
presentes; rotação de culturas com espécies antagônicas a proliferação do fungo; utilização de cultivares
resistentes que é a medida mais barata.
As cultivares de pepino Runner (aodai) e os pepinos de conserva Colônia, Guairá, Premio Supremo
são exemplos de cultivares resistentes a antracnose.
O controle químico com fungicidas protetores (mancozeb, chlorothalonil ou cúpricos) ou sistêmicos
(benomyl ou thiabendazóis) é o método mais utilizado. Essa doença requer cuidados especiais quando o
pepino é cultivado em sistema de cultivo protegido. Nessa condição a água de irrigação deve ser bem
manejada a fim de não favorecer o ataque de antracnose. Nesse sistema também é necessário a
manutenção e controle da temperatura e ventilação interna das casas de vegetação.

Cancro-das-hastes
O cancro-das-hastes (podridão de micosferela) é uma doença causada pelo fungo ascomiceto
Dydimella bryoniae. É uma doença muito importante para o pepino, principalmente em regiões úmidas.
Este patógeno pode atacar qualquer parte da planta. Nas mudas ocorre o tombamento pela necrose do
colo e nos cotilédones ocorrem manchas necróticas que evoluem e atingem o caule das plântulas. Nos
ramos, ocorre o encharcamento com exsudação de goma de coloração parda, passando a cinza e com
numerosos corpos de frutificação de coloração negra.
As lesões podem atingir todo o caule levando a morte da parte aérea acima da lesão. Esses sintomas
no colo da planta são facilmente confundíveis com outros ataques de fungos como Fusarium ou Diaporthe
e a diagnose correta da doença só é possível em laboratório de micologia.
Nas folhas os sintomas são manchas circulares de coloração parda variando de alguns milímetros até
alguns centímetros de diâmetro. Em estádios mais avançados também é visível a formação de corpos de
frutificação negros.
Esse fungo sobrevive em restos culturais, sementes e solo. O inóculo é disperso pela água a curtas
distâncias e pelo vento a longas distâncias. As medidas de controle mais indicadas são a rotação de
culturas com espécies que não sejam da família das cucurbitáceas, sementes tratadas com fungicidas
como captan e thiram, evitar locais com excesso de umidade, evitar locais próximos a outras culturas de
cucurbitáceas e rigoroso controle da água de irrigação em ambientes de cultivo protegido.

Míldio
O míldio é uma doença muito comum no pepino causado pelo fungo Pseudoperonospora cubensis
sendo favorecida por umidade e temperatura amenas. É um parasita obrigatório e pertence à classe dos
Oomycetes. A disseminação ocorre pelo vento e respingos de chuva e em condições de alta umidade nas
folhas e temperaturas entre 16 a 22º C esse patógeno encontra condições adequadas para a germinação
dos esporângios para a produção dos zoósporos.
Os sintomas se iniciam pela parte inferior da folha sob a forma de manchas cloróticas e angulosas que
se alastram pelo limbo. A evolução dos sintomas se dá pelo aumento do número de manchas,
principalmente ao longo das nervuras, enquanto na parte inferior da folha encontram-se manchas
encharcadas as quais, formam esporângios e esporângióforos de coloração verde oliva a púrpura. Essas
manchas, em estádio avançados, tornam-se necrosadas, reduzindo a área foliar e causando séria
redução na produtividade da cultura.
As medidas de controle mais eficientes são utilizar cultivares resistentes e evitar plantios em locais
favoráveis a doença. O controle químico é eficiente com fungicidas protetores (mancozeb, cúpricos ou
chlorothalonil) ou, sistêmicos (metalaxil-M ou azoxistrobina).

Mancha-zonada
A mancha-zonada ou mancha de Leandria é causada pelo fungo Leandria momordica. É uma doença
muito comum na região sudeste nas épocas mais quentes e úmidas do ano. Os sintomas têm início com

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pequenas manchas encharcadas que após a necrose tornam-se esbranquiçadas. Em seguida essas
necroses evoluem e subdividem-se e m pequenas áreas angulosas.
Em estádios mais avançados as manchas angulosas passam a arredondadas e coalescem. Os corpos
de frutificação do fungo aparecem na parte inferior da folha sob a forma de pequenos corpúsculos pretos
arredondados e isolados. Dentre as medidas de controle da mancha zonada destacam-se a escolha de
locais menos sujeitos ao excesso de umidade, lugares bem arejados, a rotação de culturas com espécies
não cucurbitáceas, uso de cultivares resistentes, e o controle químico com produtos protetores
(chlorothalonil) ou curativos (tebuconazol ou azoxistrobina).

Mancha-angular
A Mancha-angular é uma doença bacteriana causada por Pseudomonas syringae pv. lachrymans. Em
condições favoráveis essa doença tornase um grande problema, pois não existem cultivares resistentes
e os produtos fitossanitários recomendados não apresentam alta eficiência no controle.

Nematoide-das-galhas
Os nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita e M. javanica) podem causar sérios prejuízos à
cultura do pepino. Plantas atacadas por nematóides perdem o vigor, apresentam deficiência mineral, pois
o sistema radicular fica comprometido e sintomas de estresse hídrico nas horas mais quentes do dia
mesmo com adequada umidade do solo. Além disso, as plantas atacadas podem exibir baixa
produtividade e qualidade dos frutos. No sistema radicular é possível observar engrossamento irregular
e formação de galhas.
O controle de nematoide-das-galhas na cultura do pepino deve ser preventivo, ou seja, deve-se fazer
o alqueive que consiste em revolver o solo nos períodos mais secos do ano deixando o solo exposto a
insolação; evitar áreas infectadas com nematóides; rotação de culturas com plantas antagonistas ao
desenvolvimento desses patógenos.
Culturas como braquiárias, mucuna preta, cravo-dedefunto, crotálaria, são exemplos dessas plantas.
O controle químico não é indicado, pois não existe nenhum produto registrado para o controle de
nematóides-das-galhas para a cultura do pepino junto ao MAPA.

Melância15

O cultivo de melancia no Nordeste brasileiro representa uma importante Foto de renda para os
agricultores, principalmente para produtores de menor poder aquisitivo, seja em cultivo irrigado ou
dependente de chuva. Todavia, são vários os fatores que limitam a produtividade dessa cucurbitácea,
dentre os quais se destaca os danos ocasionados pelas pragas.
A seguir, serão apresentadas as principais pragas que ocorrem na cultura da melancia no Brasil e as
sugestões de alternativas de controle.
Tratando-se de controle de pragas, em especial considerando-se este dentro do contexto de manejo
integrado de pragas (MIP), tem-se como um dos primeiros passos a ser adotado o processo de
amostragem das espécies de artrópodes em questão. No entanto, para o cultivo da melancia as
informações não existem ou são muito escassas quanto a esse processo. Considerando-se que a planta
de melancia pertence à mesma família do melão; apresenta grande similaridade na forma de cultivo e,
principalmente, por apresentar praticamente as mesmas espécies de pragas que ocorrem na cultura do
meloeiro, sugere-se um planejamento de amostragem tomando-se como referência essa última cultura,
haja vista que já existe um programa de manejo integrado definido.
A frequência de amostragem na cultura deve ser planejada de forma sistemática, proporcionando ao
agricultor detectar a presença da praga logo no início da sua ocorrência, facilitando assim o controle da
mesma com a aplicação das táticas de controle recomendadas.
A amostragem deve ser efetuada com intervalo máximo de uma semana, tomando-se 20 pontos para
uma área de até 2,5 hectare. O caminhamento deve ser em ziguezague, percorrendo-se uniformemente
toda área a ser amostrada.

Mosca-branca Bemisia tabaci, biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae)


Este inseto apresenta alto potencial biótico, elevada capacidade de adaptar-se a novos hospedeiros e
a diferentes condições climáticas, além de possuir grande capacidade para desenvolver resistência aos
inseticidas. Estes fatores fazem com que seu controle se torne muito difícil.

15
https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Melancia/SistemaProducaoMelancia/pragas.htm

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Os fatores climáticos são condicionantes para o desenvolvimento da mosca-branca. Altas
temperaturas e baixa umidade relativa do ar favorecem seu desenvolvimento. Estas condições são muito
peculiares ao Semiárido do Nordeste brasileiro.
A disseminação da praga ocorre mais frequentemente pelo transporte de partes vegetais de plantas
infestadas de um local para outro. Na fase jovem, a mosca-branca apresenta quatro estágios ninfais,
sendo o primeiro com reduzida mobilidade e os demais estágios imóveis, permanecendo fixos na
superfície da folha.
O adulto da mosca-branca apresenta elevada mobilidade, sendo capaz de dispersar-se para longas
distâncias através do voo.

Danos
A mosca-branca pode ocasionar danos diretos e indiretos na cultura da melancia. Os danos diretos
são causados pela sucção da seiva da planta e inoculação de toxinas pelo inseto, provocando alterações
no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, comprometendo dessa forma a produtividade da
cultura. Em ataques severos, pode ser observado o amarelecimento das folhas mais velhas enquanto em
plantas jovens ocorre o secamento das folhas e, dependendo da intensidade da infestação, até mesmo
morte da plantas. O dano indireto dar-se-á pela excreção de parte do alimento ingerido pelo inseto e
excretado na forma de um líquido açucarado, que serve como meio de crescimento para o fungo saprófita
de coloração escura — fumagina —, que recobre as partes vegetais interferindo no processo
fotossintético da planta.

Controle
O manejo deve ser baseado em medidas preventivas e curativas. As medidas preventivas visam
dificultar ou retardar a entrada do inseto na área, bem como eliminar as suas Fotos de abrigo, de alimento
e de reprodução. Medidas que favoreçam o equilíbrio biológico no agrecossistema, também, devem ser
consideradas antes e após a implantação da cultura.
As principais medidas preventivas para o controle ou convivência com a mosca-branca são: a) fazer
plantios isolados; b) eliminar Fotos de inóculo como maxixe, abóbora ou ervas daninhas hospedeiras da
praga que estejam ao redor da área a ser plantada; c) iniciar o preparo do solo, mantendo a área limpa,
pelo menos 30 dias antes do plantio; d) rotação de culturas com plantas não hospedeiras; e) após o
plantio, manter a área isenta de plantas hospedeiras da praga, no interior e ao redor da cultura; f) não
permitir cultivos abandonados nas proximidades da área cultivada; g) eliminar os restos culturais
imediatamente após a colheita.
Como medida curativa, pode-se adotar o controle químico, porém considerando-se o uso das
substâncias químicas dentro de um programa de manejo integrado de pragas (MIP), pois, o uso exclusivo,
não criterioso e contínuo de inseticidas não é a solução permanente para o controle da mosca-branca.
Os produtos a serem utilizados no controle químico devem ser aqueles registrados no Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura do melancia, respeitando-se as doses
indicadas e o período de carência de cada produto.

Amostragem
O processo de amostragem deve ser realizado de preferência em horário com temperatura do dia mais
amena, geralmente de 6h às 9h. A amostragem deve ser realizada tomando-se 20 pontos por talhão de
até 2,5 hectares. Para o adulto, amostrar uma folha do quarto nó, a partir do ápice do ramo, observando-
se, a parte inferior da folha.

Nível de controle
Sugere-se que seja de oito insetos adultos, em média.

Brocas-das-cucurbitáceas – Diaphania nitidalis e Diaphania hyalinata (Lepidoptera: Pyralidae)


As lagartas podem atingir até 20 mm de comprimento. Contudo, essas duas espécies diferem quanto
à coloração dos adultos. D. nitidalis tem coloração marrom-violácea, com as asas apresentando uma área
central amarelada semitransparente e as bordas marrons-violáceos, enquanto D. hyalinata tem asas com
áreas semitransparentes, brancas e a faixa escura das bordas retilínea.
A postura é feita nas folhas, ramos, flores e frutos. O período larval é de aproximadamente 10 dias. O
ciclo evolutivo completo é de 25 a 30 dias.

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Danos
As lagartas atacam folhas, brotos, ramos, flores e frutos. Quando o ataque é severo observa-se, na
polpa dos frutos, abertura de galerias tornando-os inviáveis à comercialização. A espécie D. nitidalis ataca
os frutos em qualquer idade, enquanto D. hyalinata ataca preferencialmente as folhas, causando desfolha
total da planta, quando em altas populações.

Controle
O controle das brocas-das-cucurbitáceas é efetuado, basicamente, com uso de inseticidas. A ação
desses agroquímicos no controle de D. nitidalis é dificultada, pela preferência das lagartas pelas flores e
frutos, onde penetram rapidamente. As lagartas de D. hyalinata são controladas mais facilmente, pelo
fato de terem preferência pelas folhas. Vários princípios ativos são registrados pelo MAPA.
Na presença de lagartas nos primeiros estágios de desenvolvimento, a pulverização com Bacillus
thuringiensis pode apresentar elevada eficiência sem acarretar impacto negativo sobre os inimigos
naturais sem deixar resíduos nos frutos.

Amostragem
Avaliar 20 pontos em ziguezague, em uma área de até 2,5 hectares, com cada ponto correspondendo
a uma planta.

Nível de controle
Sugere-se que seja de 3 lagartas por planta, em média.

Pulgão – Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae)


Este inseto apresenta um potencial biótico muito elevado, formando colônias em brotações e folhas
novas da planta. Porém, na escassez de alimento, há o aparecimento de formas aladas que migram para
outras plantas em busca de alimento e formação de novas colônias.

Danos
O pulgão ataca a planta de melancia durante todo o ciclo de desenvolvimento sugando uma grande
quantidade de seiva das brotações e folhas novas da planta, causando o encarquilhamento e enrolamento
das folhas e gemas apicais, e ainda reduzindo a capacidade fotossintética da planta. Em elevadas
infestações, os danos diretos dessa praga podem levar a planta a morte. Como dano indireto, relata-se
como de muita importância a transmissão, pelo pulgão, do vírus do mosaico-das-cucurbitáceas, pois para
contaminação da planta é relatado que apenas a picada de um inseto contaminado pelo vírus é o
suficiente para que a planta seja infectada e passe a apresentar os sintomas de virose.

Amostragem
Avaliar em cada ponto, no total de 20, em uma área de até 2,5 hectares uma folha do terceiro nó a
partir do ápice do ramo.

Nível de controle
Sugere-se que seja de 10 insetos, em média. Todavia, quando são encontradas plantas com sintomas
de virose ou presença da praga na área, deve-se fazer o controle.

Controle
A aplicação de inseticidas para o controle do pulgão requer alguns cuidados e precauções, pois, esse
inseto é presa, ou hospedeiro preferencial para alguns inimigos naturais. Além disso, deve-se tomar
cuidado com o horário de aplicação, que não deve coincidir com o horário de visita dos insetos
polinizadores. Dentro do controle químico, recomenda-se efetuar o tratamento preventivo das sementes
com princípio ativo específico. Os produtos registrados pelo MAPA para o controle de pulgão encontram-
se na Tabela 1.
A eliminação de ervas daninhas hospedeiras do pulgão é uma importante medida de controle cultural.
No polo Petrolina, PE/Juazeiro, BA, constatou-se como ervas daninhas hospedeiras de A. gossypii:
beldroega (Portulaca oleracea L.), bredo (Amaranthus spinosus L.), pega pinto (Boerhaavia diffusa L.) e
malva branca (Sida cordifolia L.).
Outras medidas alternativas de controle são citadas como auxiliares na redução populacional da praga,
tais como: a) culturas atrativas aos inimigos naturais, como o sorgo, que é uma das Fotos de
desenvolvimento para a fauna benéfica; b) manutenção da vegetação nativa entre os talhões para

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preservar a fauna e a flora benéfica e, c) eliminação de plantas atacadas pelo vírus-do-mosaico a fim de
reduzir as Fotos de inóculo dentro do cultivo.

Moscas minadoras – Liriomyza sativae e Liriomyza huidobrensis (Diptera: Agromyzidae)


Os adultos da mosca-minadora são insetos pequenos, com aproximadamente 2 mm de comprimento,
coloração preta, com manchas amarelo-claras na cabeça e na região entre as asas. A larva da espécie
L. sativae tem coloração amarelo-intensa, ao passo que a de L. huidobrensis tem coloração branco-creme
e é mais robusta.
O período chuvoso é o mais favorável a essa praga. Todavia, tem-se verificado nos últimos anos,
elevados surtos populacionais da mosca minadora, L. sativae, em cucurbitáceas em períodos secos e de
temperaturas elevadas em regiões semiáridas do Nordeste brasileiro.

Danos
A fase larval é a que causa prejuízos, pois, o inseto abre galerias em formato de ziguezague nas folhas,
formando lesões esbranquiçadas. As galerias aumentam de tamanho à medida que as larvas crescem.
Um número elevado de minas nas folhas pode causar a seca das mesmas e resultar na queima dos frutos
pela exposição aos raios solares.

Controle cultural
Recomenda-se a destruição dos restos culturais e a não implantação do cultivo de melancia próximo
de espécies hospedeiras da mosca-minadora, tais como, feijão, ervilha, fava, batatinha, tomateiro,
berinjela, pimentão, entre outras.

Amostragem
Avaliar a folha mais desenvolvida do ramo em 20 pontos amostrados em uma área de até 2,5 hectares.

Nível de controle
Sugere-se que seja de cinco larvas vivas, em média.

Tripes Thrips tabaci (Thysanoptera: Thripidae)


Os tripes são insetos com 0,5 mm a 5,0 mm de comprimento, podendo apresentar formas aladas ou
ápteras. Os adultos são de coloração escura e as ninfas — formas jovens — são inicialmente de cor
branca e, posteriormente, amareladas.

Este inseto tem o hábito de se localizar nas partes mais tenras da planta, sendo comumente
encontrado na face inferior das folhas, em flores, nas hastes e gemas apicais. Alta temperatura e baixa
umidade do ar são condições climáticas muito favoráveis à ocorrência de altas infestações da praga.

Danos
Com a sucção contínua de seiva, a planta de melancia sob alta infestação de tripes apresenta áreas
totalmente necrosadas e prateadas, tendo a sua capacidade fotossintética reduzida e a presença de
brotos retorcidos e folhas encarquilhadas, as quais tornam-se coriácias e quebradiças, caindo logo em
seguida.

Controle
Como medida preventiva recomenda-se o tratamento de sementes através de inseticidas sistêmicos,
recomendados para a cultura da melancia. Pesquisas demonstraram que o tratamento de sementes
conferiu proteção à planta de melancia contra insetos sugadores como tripes e pulgão por um período de
20 a 30 dias, sem haver necessidade de aplicação de outro inseticida.
Como controle cultural, recomenda-se a eliminação de plantas hospedeiras da praga dentro e nas
proximidades do plantio, tais como bredo, maxixe, entre outras. A destruição dos restos culturais após a
colheita é uma tática de controle que evita a presença de focos do tripes em novos plantios.

Pragas secundárias
Além das pragas anteriormente citadas, outras espécies de artrópodes são encontradas associadas à
cultura da melancia, porém, proporcionando danos em menor escala, isto é, espécies que podem ser
consideradas como de importância secundária. Dentre estas, destaca-se a ocorrência da lagarta-rosca,
Agrotis ipsilon (Lepidoptera: Noctuidae), que efetua o corte das plantas jovens na altura do colo, tendo
como consequência a redução do estande; a vaquinha, Diabrotica speciosa (Coleoptera: Chrysomelidae),

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cujas larvas se alimentam das raízes e os adultos das folhas e flores, principalmente de folhas novas,
reduzindo a capacidade fotossintética e o desenvolvimento das plantas, e o ácaro-rajado, Tetranychus
urticae (Acari:Tetranychidae), cujos sintomas do ataque são observados pela torção nas folhas novas e
pontuações cloróticas nas folhas desenvolvidas, que posteriormente caem.
O tratamento de sementes antes do plantio é uma tática de controle que apresenta boa resposta contra
o ataque de lagarta-rosca e vaquinha na cultura da melancia.

Berinjela

Solanum melongena L.

Em 1575, Leonhard Rauwolf em missão botânica em Aleppo, Síria, descreveu uma planta chamada
“melongena”. Seu fruto, de cor violeta, era do tamanho de um ovo de ganso. Ainda que essa tenha sido
a primeira descrição oficial, a berinjela já havia sido relatada no século V em um livro chinês. Há indícios
de que ela já tenha sido cultivada em algumas regiões da Itália por volta do final do século XIV. Uma das
primeiras variedades a chegar à Inglaterra, por volta de 1500, produzia frutos brancos e do tamanho de
um ovo de galinha, daí seu nome em inglês eggplant. A berinjela tem como centro de origem primário a
Índia. É possível que a China seja o centro de origem secundário, com o desenvolvimento de variedades
de frutos pequenos, muito distintas daquelas originárias do centro de origem primário. A berinjela é uma
hortaliça anual, pertencente à família Solanaceae, cujo cultivo se concentra nas regiões de clima tropical
e subtropical. É uma planta arbustiva de caule semilenhoso e ereto alcançando de 1,0 a 1,8 m de altura,
com ramificações laterais. Seus frutos, cuja forma varia de alongada a oblonga, são de coloração vinho-
escuro, podendo também ser rajados ou claros. Entretanto, a melhor coloração para o mercado é vinho-
escuro. O sistema radicular pode atingir mais de 1 m de profundidade. Em vista do crescente interesse
da população em consumir produtos de origem vegetal, e inclusive devido às suas propriedades
medicinais, o volume comercializado dessa hortaliça vem aumentando gradativamente. Em 2011,
segundo o IEA/CATI, a área plantada no Estado de São Paulo foi de 1.272 hectares com produção de
39.417 toneladas e produtividade de 31 t ha-1.

Cultivares: tipo comum Napoli, Napolitana, Ciça; tipo conserva Ryoma.

Sistemas de cultivo: no campo e sob cultivo protegido. No caso de cultivo deve-se permitir a entrada
de insetos polinizadores. No campo, os canteiros devem ser construídos em nível. Conforme o tipo de
solo e declive do local é necessário terraceamento.

Clima e solo: prefere temperaturas entre 18 e 30 oC e 80% de umidade relativa do ar. O solo deve
ser permeável, bem drenado, fértil, com pH entre 6,0 e 6,5. É sensível ao frio, a geadas e ao excesso de
chuva na floração.

Época de plantio: setembro a fevereiro e, em regiões de clima quente, o ano todo.

Semeadura: em bandejas de isopor (preferência para 128 células). A quantidade de sementes para o
plantio definitivo de um hectare varia entre 150 e 200 g.

Espaçamento: no campo - 1,2 a 1,8 m x 0,80 a 1,0 m; sob cultivo protegido: 1,0 a 1,2 m x 0,50 a 0,70
m entrelinhas e entre plantas, respectivamente.

Transplante: realizado quando as mudas atingem entre 10 e 12 cm de altura, de 25 a 30 dias após a


semeadura em bandejas.

Densidade de plantio: varia de 5.555 a 10.416 plantas por hectare.

Calagem: aplicar calcário para elevar a saturação por bases a 80% e o teor de magnésio (Mg) do solo
a um mínimo de 8 mmolc dm-3.

Adubação orgânica: aplicar de 10 a 20 t ha-1 de esterco bovino curtido, ou 1/4 dessas quantidades
de esterco de galinha ou cama de frango, ambos bem curtidos. Outros fertilizantes orgânicos podem ser
utilizados nas mesmas doses do esterco de galinha como o composto orgânico e o húmus de minhoca,

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devendo ser considerado o aspecto econômico. O composto orgânico Bokashi pode ser utilizado na dose
de 150 a 300 g por m2, para ajudar na recuperação de solos degradados.

Adubação mineral de plantio: Aplicar, cerca de 10 dias antes do transplante das mudas, nos sulcos
de plantio 40 kg ha-1 de N; 120 a 480 kg ha-1 de P2O5 e 60 a 180 kg ha-1 de K2O. Acrescentar 1 a 1,5
kg ha-1 de boro (B), 2 a 4 kg ha-1 de zinco (Zn) e em solos deficientes, 2 kg ha-1 de cobre (Cu) e 1 kg
ha-1 de manganês (Mn). Aplicar também, com o NPK de plantio, 20 a 30 kg ha-1 de enxofre (S). As
quantidades maiores ou menores de nutrientes dependerão das análises do solo e foliar, da cultivar
utilizada, da produtividade esperada e do sistema de cultivo (campo ou estufa agrícola).

Adubação mineral de cobertura: aplicar 80 a 120 kg ha-1 de N e 80 a 120 kg ha-1 de K2O,


parcelando entre 4 e 8 vezes. As quantidades maiores ou menores de nutrientes dependerão das análises
do solo e foliar, da cultivar utilizada, da produtividade esperada e do sistema de cultivo. Caso se realize
a cobertura com fertilizantes através de fertirrigação, as aplicações deverão ser mais frequentes. Em
alguns tipos de solo e conforme as análises do solo e foliar pode-se realizar cobertura com fósforo
altamente solúvel, na dose de 20 a 40 kg ha-1 de P2O5.

Irrigação: durante o desenvolvimento das mudas e nos primeiros dias após o transplante, as regas
devem ser diárias. Posteriormente, devem ser feitas a cada 2 ou 4 dias, de acordo com o clima e o tipo
de solo.

Outros tratos culturais: manter a cultura no limpo. Estaquear as plantas bem desenvolvidas com
bambu de 1,5 m de altura, ou passar fitas nas linhas de plantio. Promover a desbrota do terço basal das
plantas.

Principais pragas: ácaro rajado e ácaro vermelho, vaquinha, pulgão, tripes, lagarta-rosca e broca
pequena.

Principais doenças: (a) causadas por fungos - murcha de Verticillium, murcha de Ascochyta,
antracnose, podridão de esclerotínia, tombamento e podridão do colo e da raiz, podridão de esclerócio,
podridão-algodão, murcha de Ascochyta, mancha de Stemphylium, podridão de fomopsis, mancha-de-
alternaria e podridão de Botritis; (b) causadas por bactérias - murcha bacteriana, mancha bacteriana e
podridão mole; (c) causadas por nematoides - nematoide das galhas.

Colheita: inicia-se entre 100 e 120 dias após a semeadura, prolongando-se por 3 ou mais meses. Sob
cultivo protegido, o período de colheita é maior em relação ao cultivo no campo. O ponto de colheita é o
de frutos bem coloridos, com polpa macia e sementes tenras. Com respeito à frequência da colheita, no
início da safra, a cada 3 a 5 dias e no verão, a cada 1 ou 2 dias. Colher de manhã, cortando o pedúnculo
bem curto.

Produtividade: no campo - 30 a 40 t ha-1; em estufa agrícola - 60 a 80 t ha-1.

Comercialização: caixas de 12 kg.

Rotação: repolho, cenoura, abóbora, alface, milho, milheto e adubos verdes.

Melão16

Monitoramento de Pragas em Meloeiro


Deverão ser realizadas inspeções sistemáticas nos campos de produção de melão, de modo a verificar
quaisquer ocorrências de pragas em seu início, conforme descritas a seguir:
Em cada amostragem, deve-se percorrer cada parcela em ziguezague, examinando-se 20 pontos para
parcelas de até 2,5 ha, e 40 pontos para parcelas de 2,5 a 5,0 ha, conforme esquema. A primeira
amostragem será iniciada na primeira linha à direita da parcela, enquanto que a segunda amostragem
será feita à esquerda da parcela, com o objetivo de percorrer toda a área.
O monitoramento será efetuado pelo menos a cada três dias.

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OBS.: A metodologia de amostragem e os níveis de controle utilizados neste documento poderão ser
atualizados a partir de novas descobertas da pesquisa.

Planilha para Amostragem no Campo


A correta amostragem dos insetos é de fundamental importância para auxiliar na tomada de decisão
sobre o controle das pragas. Para isto, utiliza-se uma planilha ou ficha de campo, onde são anotados
todos os resultados das amostragens.
A amostragem deve ser realizada pelo menos a cada três dias, e os dados, anotados na planilha, a
qual apresenta cabeçalho e corpo. Este último contém itens que devem ser preenchidos pelo monitor de
campo: nome do produtor, propriedade, lote, área, cultivar, fase fenológica da planta, data, mês e ano.
As duas primeiras colunas representam as pragas-chave e suas fases de desenvolvimento. A
numeração das colunas (1 a 20) corresponde aos pontos que devem ser amostrados. Cada ponto
corresponde a uma planta, folha, talo ou fruto. A penúltima coluna será preenchida com a média de insetos
obtidos nos 20 pontos amostrais. Já a última coluna contém os níveis de ação propostos para cada praga,
os quais devem ser comparados com os valores obtidos na coluna anterior (média de insetos) para a
tomada de decisão sobre a necessidade de controle.

Mosca-branca [Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B]


Sintomas de ataque – Tanto os adultos quanto as ninfas desses insetos sugam continuamente a
seiva da planta, causando redução do tamanho, peso dos frutos, produtividade, aparência e teor de
açúcares (°Brix). Além disso, as colônias excretam continuamente substâncias açucaradas denominadas
“mela”, que propiciam o surgimento da fumagina. As moscas-brancas também são vetores do vírus
causador do amarelão.

Amostragem – Amostrar durante o período mais fresco do dia, das 6h às 9h da manhã. Para o adulto
da mosca-branca, deve-se amostrar uma folha do terceiro ou quarto nó a partir do ápice do ramo,
observando-se, cuidadosamente, a parte inferior da folha. Quando as plantas são jovens, antes da
emissão dos ramos, convém amostrar a folha mais velha. Para as ninfas, deve-se amostrar uma folha do
oitavo ao décimo nó do ramo. Para a contagem das ninfas maduras ou pré-pupas, com olhos vermelhos,
deve-se usar uma lupa de bolso com aumento 10x. A área de abrangência da lupa, na parte inferior da
folha, deve-se limitar a 2,5 cm x 2,5 cm (6,25 cm2) próxima da nervura central da folha.
Nível de ação ou controle – Na presença de sintomas do amarelão, deve-se considerar o nível de
controle de duas moscas, adultos ou ninfas, em média, nos 20 pontos amostrados. Na ausência de
sintomas do amarelão, o nível de controle será de dez moscas, adultos ou ninfas, em média nos 20 pontos
amostrados (Figura 3).

Mosca-minadora (Liriomyza spp.)


Sintomas de ataque – As moscas-minadoras adultas possuem coloração preta com manchas
amarelas. As fêmeas possuem um ovipositor, com o qual depositam os ovos no interior das folhas. Ao
emergirem, as larvas se alimentam das células do parênquima da folha, fazendo galerias serpentiformes,
as quais se distribuem por toda a superfície foliar. As minas causam a redução da área fotossintética,
acarretando a redução da produção e do brix dos frutos. Além disso, em altas infestações, as folhas ficam
ressecadas e quebradiças, permitindo a exposição dos frutos ao sol, os quais ficam com queimaduras
que depreciam a qualidade externa.
Amostragem – Será feita em ziguezague, com um total de 20 pontos amostrais, onde cada ponto
corresponde à folha mais desenvolvida da rama, evitando-se, porém, as folhas em senescência, com
minas vazias e ressecadas, que se localizam na base da rama do meloeiro.
Como os adultos são muito sensíveis ao movimento, a contagem dos indivíduos sobre a folha deve
ser feita a uma certa distância.
Nível de ação ou de controle – Em plantas com até 30 dias de desenvolvimento, o nível de controle
é de cinco larvas ou adultos (em média) nos 20 pontos amostrados. A partir dos 30 dias, o nível de controle
é de 10 larvas ou adultos (em média) nos 20 pontos.

Pulgão (Aphis gossypii Glover)


Sintomas de ataque – As colônias de pulgões são compostas por adultos e ninfas de coloração verde-
amarelada. Em altas populações, causam o encarquilhamento e a deformação de plantas jovens,
brotações e folhas novas. Podem atuar como vetores de doenças, como o mosaico do meloeiro.
Amostragem – Examinar 20 pontos em ziguezague. Cada ponto corresponde a uma folha do quarto
nó do ramo, a partir do ápice da planta.

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Nível de ação ou de controle – Dez insetos (em média) nos 20 pontos amostrados.

Broca-das-cucurbitáceas (Diaphania nitidalis Cramer e D.


hyalinata Linnaeus)
Sintomas de ataque – As mariposas de D. nitidalis possuem asas com a margem externa de cor
marrom escura e a parte interna amarelada. As lagartas dessa espécie atacam flores e frutos. Quando o
ataque é severo, ocorre abertura de galerias na polpa dos frutos, inviabilizandoos para a comercialização.
Já as mariposas de D. hyalinata possuem asas com a margem externa de coloração marrom escura e
parte interna totalmente hialina, quase transparente. As lagartas dessa espécie atacam preferencialmente
as folhas, podendo causar a desfolha completa da planta, quando em altas populações.
Amostragem – Serão examinados 20 pontos em ziguezague, cada um correspondendo a uma planta.
Nível de ação ou de controle – Três lagartas (em média) nos 20 pontos amostrados.

Pragas Secundárias e de Importância Quarentenária


Mosca-das-frutas [Anastrepha grandis (MacQuart)]
Sintomas de ataque – A fêmea é uma mosca de coloração amarelada, com manchas nas asas. Possui
ovipositor bem desenvolvido com o qual perfura a casca do fruto para a oviposição. A larva se desenvolve
no interior do fruto, tornando-o inviável para consumo e industrialização.
Amostragem – É considerada praga quarentenária da cultura do melão, devendo ser rigorosamente
monitorada, com o uso de armadilhas do tipo McPhail (2 a 3 armadilhas por ha), contendo proteína
hidrolisada (500 mL para 10 L de água) como atraente. As armadilhas serão instaladas a 50 cm do solo
em um suporte de madeira, em forma de telhado, para proteção contra a incidência direta dos raios
solares.

CITROS

Principais informações e recomendações de cultivo

Os citros compreendem um grande grupo de plantas do gênero Citrus e outros gêneros afins
(Fortunella e Poncirus) ou híbridos da família Rutaceae, representados, na maioria, por laranjas (Citrus
sinensis), tangerinas (C. reticulata), mexericas (C. deliciosa), limões (C. limon), limas ácidas como o Tahiti
(C. latifolia) e o Galego (C. aurantiifolia), e doces como a lima da Pérsia (C. limettioides), pomelo (C.
paradisi), cidra (C. medica), laranja-azeda (C. aurantium) e toranjas (C. grandis). São originários
principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia, incluindo áreas da Austrália
e da África. Foram levados para a Europa na época das Cruzadas. Chegaram ao Brasil trazidos pelos
portugueses, no século XVI. Suas árvores, de porte médio, atingem em média quatro metros de altura; a
copa é densa, de formato normalmente arredondado. As folhas são aromáticas, assim como as flores,
pequenas e brancas, muito procuradas pelas abelhas melíferas e matéria-prima da água de flor de
laranjeira. Os frutos são ricos em vitamina C; possuem ainda vitaminas A e do complexo B, além de sais
minerais, principalmente cálcio, potássio, sódio, fósforo e ferro. A produção mundial de citros em 2011
atingiu 118,6 milhões de toneladas (t) e originou-se de extensa área cultivada (7,4 milhões de ha), superior
às áreas das principais frutíferas, como uva (7,1), banana (5,3), manga (5,1) e maçã (4,7), segundo dados
da FAO. Os maiores produtores de citros são China (20,4% da produção total), Brasil (18,6%) e EUA
(9%). As laranjas são os principais frutos cítricos cultivados no mundo, e os dois maiores produtores são
Brasil (28,5% do total mundial) e EUA (11,6%), os quais destinam a maioria dessas produções para a
indústria de suco de laranja. Por outro lado, a China é a principal produtora de tangerinas (48% do total
mundial) e de pomelos (44,7% da produção mundial), que são destinados basicamente ao seu mercado
interno. Nas exportações totais de citros para o mercado in natura, destacam-se as lideranças da Espanha
em tangerinas e laranjas e de um grupo composto por Espanha, Turquia e México, que predomina nas
exportações de limões e limas. A área ocupada com citros no Brasil em 2011 situou-se em 919,5 mil ha
e a produção alcançou 16,5 milhões de t, com grande concentração no Estado de São Paulo, que
respondeu por 77,2% da produção brasileira de laranjas (15,3 milhões t em 564 mil ha plantados), por
75,7% em limas e limões (853,1 mil t em 28,9 mil ha) e por 38,1% em tangerinas (382,8 mil t em 13,7 mil
ha), segundo dados do IBGE. Seguem em importância na produção brasileira de citros os Estados da
Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. O agronegócio paulista de citros está
diretamente associado à industrialização de laranja e ao grande mercado mundial de consumo de suco
de laranja. Em São Paulo, a grande maioria da produção de laranja (cerca de 80%) destina-se à indústria
e à exportação do suco (mais de 95% do produzido), sendo que nesse produto o Brasil é, não só o maior
produtor mundial, respondendo por mais da metade do total produzido, como, destacadamente, o grande

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exportador, pois mais de 80% das transações internacionais de suco de laranja são originárias do país.
Quanto à comercialização da laranja in natura, o direcionamento para exportação é incipiente e observa-
se, tanto no mercado interno como no externo, crescente exigência para melhoria da qualidade dos frutos.
No mercado interno brasileiro, nas compras de citros in natura destaca-se grande direcionamento de
laranja, tangerina e lima ácida, para o preparo de suco fresco. Para o Tahiti e o Galego, são importantes
também o consumo culinário e a mistura à cachaça, no preparo da tradicional “caipirinha” brasileira.

Clima: a laranja e os outros citros preferem clima com temperatura entre 23 e 32 oC e umidade relativa
do ar alta. Acima de 40 oC e abaixo de 13 oC, a taxa de fotossíntese diminui, o que acarreta perda de
produtividade. Os frutos produzidos nos climas mais frios, em geral, são mais ácidos e apresentam
coloração da casca e do suco mais intensa. Nos climas mais quentes os frutos são mais doces e de
coloração menos intensa.

Solo: solos profundos e permeáveis, com boa fertilidade (pouco ácidos - pH entre 5 e 6 - e com ampla
reserva de nutrientes) permitem maior desenvolvimento das árvores e maior produção de frutos.
Constituem condições desfavoráveis às plantas: a) solos pouco profundos, de textura muito argilosa, que
favorecem o encharcamento, comum nas porções baixas do terreno, ou a compactação de camadas
subsuperficiais, que limitam o desenvolvimento do sistema radicular; b) solos arenosos e pedregosos,
cuja capacidade de retenção de água é baixa e c) solos alcalinos, ácidos e salinos, que também limitam
o desenvolvimento das raízes. O plantio de pomares comerciais deve ser planejado com base na
avaliação da capacidade de uso da terra, para manutenção da sustentabilidade da produtividade. Assim,
a sistematização do terreno (construção de terraços, plantio em nível, construção de canais de drenagem,
plantio em camalhões, etc.), o uso da irrigação e o manejo da fertilidade do solo (calagem e adubação)
compõem estratégias para otimização da citricultura. Em pomares caseiros, o plantio é mais simples. As
principais classes de solos, onde predomina a citricultura brasileira, compreendem os Latossolos, os
Argissolos e os Neossolos. Entretanto, observa-se, em menores proporções, a ocorrência de plantios em
Alissolos, Cambissolos e Nitossolos.

Principais variedades de copas: as variedades cítricas apresentam ciclo de desenvolvimento que pode
variar de seis a dezesseis meses entre o florescimento (que ocorre na primavera para a maioria das
variedades) e a maturação dos frutos, dependendo da espécie ou variedade e das condições de solo e
clima do local de cultivo. Assim, as copas podem ser agrupadas, de acordo com a principal época de
maturação do seu grupo, em precoces, meia-estação e tardias, destacando-se a seguir suas principais
características.

Laranja Lima e Piralima - precoces, e Lima Verde - meia-estação: os frutos têm casca fina, de
coloração amarelo-esverdeada. De todas as variedades, são os de mais baixa acidez, sendo por isso
indicados para bebês, crianças e idosos. São doces e suculentos, ótimos para serem consumidos ao
natural. Dentro do grupo das laranjas limas, a Lima Verde é colhida no segundo semestre.

Laranja Baía e Baianinha - precoces: também conhecidas como laranjas-de-umbigo, por apresentar
um “umbigo” no fruto, do lado contrário ao pedúnculo. Os frutos não apresentam sementes, a casca é
bem amarela, a polpa suculenta e sabor ácido e adocicado. A Baianinha apresenta frutos menores que a
Baía.

Laranja Hamlin - precoce: os frutos, pequenos, têm casca fina e cor amarelada, baixo teor de suco,
poucos açúcares e ligeiramente ácido. Prestam-se principalmente para a produção de suco concentrado,
embora o interesse pela indústria de processamento esteja diminuindo gradativamente, pela menor
qualidade do produto final. Normalmente, é usada para misturas (blend) com sucos de outras variedades.
As árvores dessa variedade são muito produtivas.

Laranja Sanguinea de Mombuca - precoce: os frutos possuem polpa e suco de cor vermelha intensa
(violácea), devido à presença de antocianinas que atuam como protetores contra o estresse oxidativo,
doenças do coração e certos tipos de cânceres, em função de sua capacidade de inativação de radicais
livres.

Laranja Westin e Rubi - precoces a meia-estação: os frutos são bastante esféricos, com casca pouco
espessa, cor laranja intensa, com suco saboroso, servindo para o consumo ao natural ou industrializado.

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Valencia Americana - precoce a meia-estação: frutos são esféricos, de tamanho médio, com bom
rendimento em suco e alto conteúdo de vitamina C, porém com muitas sementes (25 por fruto). Plantas
altamente produtivas, semelhantes à Hamlin.

Laranja Pera - meia-estação: os frutos têm formato alongado, casca lisa, fina e amarela. A polpa é
suculenta, de sabor adocicado e levemente ácido. É muito consumida ao natural, e bastante utilizada no
preparo de sucos frescos e industrializados.

Laranja Valencia e Natal - tardias: apresentam frutos ovalados, casca ligeiramente grossa e têm suco
de coloração amarelo forte e adocicado. São consumidos in natura e no preparo de sucos frescos e
industrializados.

Laranja Charmute de Brotas - super tardia: variedade de origem desconhecida, e que se destaca
pela alta produção e pela qualidade dos frutos, com período de colheita que se estende de outubro a
fevereiro, em vista da capacidade de permanência dos frutos na planta por longo período.

Laranja Folha Murcha - super tardia: apresenta frutos médios, de esféricos a levemente achatados,
de coloração alaranjada, poucas sementes, com casca quase lisa e suco abundante e ligeiramente ácido.
As folhas são enroladas e parecem murchas, mesmo em períodos de abundância de chuvas.

Tangerina Cravo - precoce: os frutos são de tamanho médio, bastante saborosos, aromáticos e
apresentam casca de coloração alaranjada intensa, facilmente descascáveis.

Mexerica-do-Rio - precoce: os frutos são medianos, muito aromáticos, têm casca fina e lisa, são fáceis
de descascar e têm paladar bastante agradável.

Tangerina Ponkan - meia-estação: apresenta frutos grandes, fáceis de descascar, com gomos que
também se separam facilmente. Têm paladar bastante agradável. É uma das variedades mais apreciadas
pelo consumidor brasileiro.

Tangor Murcott - tardia: é um híbrido (cruzamento) de tangerina e laranja, os frutos são achatados,
com casca fina e aderente, com muitas sementes. Apresentam suco de cor alaranjada intensa, doce e
excelente para o consumo in natura e no preparo de sucos.

Lima ácida Tahiti - mais popularmente conhecido como “limão Tahiti”, apresenta frutos ligeiramente
ovalados, desprovidos de sementes e que devem ser consumidos com a casca ainda verde. São
utilizados em culinária e no preparo da caipirinha.

Lima ácida Galego - possui frutos pequenos, arredondados, com casca fina e ligeiramente amarela
quando maduros. Apresentam muitas sementes. O suco é excelente para o preparo de temperos,
limonada, torta de “limão” e caipirinha.

Limão Siciliano - apresenta frutos ovalados, grandes, de casca grossa e amarela, bastante
aromáticos e com acidez agradável, o que os tornam muito apreciados na culinária.

Pomelo Marsh Seedless - tem frutos arredondados, grandes, com casca fina e polpa com sabor
amargo. São pouco apreciados no Brasil; no exterior são conhecidos como grapefruit. Podem ser
consumidos como fruta fresca ou no preparo de suco.

Pragas e doenças: a laranja e os outros citros são atacados por ácaros, cigarrinhas, cochonilhas,
coleobrocas, formiga, lagartas, moscas-das-frutas, psilídeos e pulgões. As doenças mais comuns são
causadas por fungos (verrugose, melanose, rubelose, mancha preta e mancha marrom de alternaria), por
vírus e viroides (tristeza, leprose e exocorte) e bactérias (cancro cítrico, clorose variegada dos citros e
huanglongbing - HLB, ex-greening). Há também a ocorrência da gomose dos citros, um falso fungo, que
ataca as raízes e o tronco próximo ao solo. O cancro cítrico e o HLB são doenças denominadas
quaternárias A2 e, por força de lei, as plantas infectadas devem ser arrancadas dos pomares, inclusive
dos domésticos. A manutenção do pomar em bom estado fitossanitário requer vigilância sistemática e
efetiva ao aparecimento de problemas. Assim, amostragens ou inspeções periódicas (semanais ou
quinzenais) devem ser efetuadas nas plantas, para detecção de qualquer praga no início de seu ataque.

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Uma vez diagnosticado o problema recomenda-se buscar orientação técnica para tomada de medidas de
controle. No caso de doenças, a prevenção é a forma mais utilizada de controle, devendo também ser
orientada por um técnico. Existem no comércio diversos produtos agroquímicos (defensivos), cada qual
com especificidade de controle, seletividade a inimigos naturais e toxicidade ao aplicador e ao
consumidor. A escolha correta do defensivo é importante no sucesso da pulverização. Salienta-se que
existe um guia de defensivos denominado “Grade de Inseticidas, Acaricidas, Fungicidas para Produção
Integrada dos Citros (PIC) no Brasil”, elaborado por um comitê, que é atualizado sistematicamente, com
a inclusão e exclusão de produtos, disponível na Internet.

7. Permissão de Trânsito Vegetal - PTV.

PERMISSÃO DE TRÂNSITO VEGETAL - PTV

O IMA fiscaliza o trânsito de produtos agrícolas com o objetivo de impedir a disseminação de pragas
nos vegetais. O trabalho é feito por meio da inspeção das cargas, aferição da nota fiscal e da Permissão
de Trânsito Vegetal - PTV - exigidos pela legislação. A vistoria da documentação acontece nas barreiras
fixas de fiscalização sanitária e durante as blitze realizadas nas rodovias do Estado.17

Permissão de Trânsito Vegetal - PTV

A Permissão de Trânsito de Vegetais - PTV - é o documento exigido para acompanhar o transporte da


carga de vegetais e partes de vegetais que podem disseminar pragas regulamentadas pelo Ministério da
Agricultura.
São consideradas pragas regulamentadas aquelas de importância econômica, cujas perdas são
demonstradas cientificamente e que possuem procedimentos e medidas de controle e/ou prevenção
descritas em instruções normativas, portarias ou outro tipo de legislação.
A PTV é emitida no escritório do IMA mediante a apresentação do Certificado Fitossanitário de Origem
(CFO) ou Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado (CFOC), emitido por Engenheiro Agrônomo
habilitado no IMA. Nessas cargas, que necessitam de atenção especial, exige-se a PTV com Declaração
Adicional confirmando que os produtos transportados estão livres das seguintes pragas:

- Vespa da madeira: no transporte de pinus,


- Cancro Cítrico, Pinta Preta, Greening, Morte Súbita dos citros: no transporte de material de
propagação de citros,
- Cancro Cítrico: no transporte de frutos cítricos,
- Sigatoka Negra, Moko da Bananeira: material de propagação e de frutos da bananeira,
- BSV e CMV (vírus): no transporte de mudas de bananeira,
- Nematoide Meloidogyne spp.: no transporte de mudas de café,
- Xanthomonas campestris pv. Viticola: no transporte de frutos e mudas da videira,
- Mosca-negra-dos-citros: no transporte de frutos e material de propagação de abacate, álamo, amora,
ardísia, bananeira, buxinho, café, caju, carambola, cherimoia, citros, dama da noite, gengibre, goiaba,
graviola, grumixama, hibisco, jasmim-manga, lichia, louro, mamão, manga, maracujá, marmelo, pêra,
pinha, romã, rosa, sapoti e uva,
- PVX, PVY, PLRV, PVS, Alternaria spp., Cylindrocladium spp, Erwinia spp., Fusarium solani (tipo
eumartii), Fusarium spp., Meloidogyne spp., Phytophothora infestans, Pratylenchus spp, Ralstonia
solanacearum, Rhizoctonia solani, Spongospora subterrânea, Streptomyces spp e Helminthosporium
solani: no transporte de batata-semente.

17
http://www.ima.mg.gov.br/sanidade-vegetal/vegetal

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8. Agrotóxicos: Tecnologia de aplicação. Receituário Agronômico. Uso correto e
seguro de agrotóxicos e afins. Destinação final de embalagens vazias de
agrotóxicos. 9. Equipamentos de Proteção Individual para o uso de agrotóxicos.
10. Toxicologia, classificação e tipos de agrotóxicos. 11. Transporte de
agrotóxicos. 12. Armazenamento de agrotóxicos. 13. Resíduos de agrotóxicos
em alimentos.

Qualquer que seja o sistema de cultivo considerado, quando se pensa no controle de pragas, a adoção
de métodos de controle que minimizem ou dispensem o uso de agrotóxicos é desejável, visando tornar a
atividade agrícola ambientalmente mais segura. Entretanto, o controle químico ainda é o método, técnica
e economicamente, mais conveniente para um grande número de problemas fitossanitários observando-
se que, dentro de um sistema sustentável de produção, o agrotóxico deve ser utilizado como um bisturi e
não como uma foice. Controlar pragas e doenças é um conjunto de ações muito mais complexo do que
apenas aplicar um agrotóxico. Quando se pensa em pulverização, deve-se ter em mente que fatores
como o alvo a ser atingido, as características do produto utilizado, a máquina, o momento da aplicação e
as condições ambientais não estarão agindo de forma isolada, sendo a interação destes fatores a
responsável direta pela eficiência ou ineficiência do controle. Qualquer destes fatores que seja
desconsiderado, ou equacionado de forma errônea, poderá ser o responsável pelo insucesso da
aplicação. Não raro, um pulverizador simples, ajustado e operado adequadamente no momento correto,
produz resultados muito melhores que pulverizadores sofisticados operados inadequadamente sob
condições climáticas adversas. Assim, o entendimento de tais fatores, bem como de suas interações,
torna-se necessário para o sucesso no controle fitossanitário. Neste capítulo, alguns desses fatores
críticos são analisados.

Seleção do pulverizador

Um tratamento fitossanitário eficaz e econômico inicia-se com a escolha do pulverizador. Antes de


escolher o tipo e modelo de pulverizador a ser utilizado, a seleção da marca do equipamento a ser
adquirido é muito importante. A qualidade dos pulverizadores brasileiros é, via de regra, muito boa, pelo
menos a dos mais comumente encontrados no mercado nacional, visto que são exportados para vários
países do mundo, cumprindo inclusive os rígidos padrões de qualidade europeus. No entanto, nem
sempre um local para a aquisição de peças e material de reposição, ou mesmo um mecânico
especializado, estão disponíveis na região, fazendo com que se perca muito tempo com a máquina
parada, devido à falta de assistência técnica. Este problema é passível de ocorrer principalmente com
pulverizadores de maior porte, com um alto grau de componentes eletrônicos. Portanto, antes de se
decidir por qualquer marca, deve-se fazer um estudo da viabilidade de assistência técnica e da qualidade
da mesma na região.
Uma observação extremamente importante no momento da aquisição, quando a largura da faixa de
aplicação for dada pelo número de ruas a ser pulado em uma manobra, é verificar se o tamanho da barra
e o espaçamento entre bicos estão adequados ao espaçamento da cultura, evitando assim a necessidade
de modificação em um pulverizador novo. Apesar de seu dimensionamento ser pouco usual, a
inadequação desses fatores pode se constituir em importante fonte de perda aos agricultores.
Consideremos por exemplo um pulverizador com barra de 12 metros e 24 bicos espaçados de 0,50 m,
sendo utilizado no tratamento fitossanitário de 500 ha de milho plantados em espaçamento de 0,90 m e
realizando 3 pulverizações por ciclo da cultura. Nestas condições, a faixa efetivamente tratada seria 12
m (24 bicos x 0,50 m) enquanto a faixa considerada seria 11,7 m (13 linhas x 0,90 m). Assim, a cada
passada do pulverizador, uma faixa de 0,30 m seria tratada sem necessidade. Analisando-se que 500 ha
correspondem a 427.350,43 m lineares, considerando-se uma faixa tratada de 11,7 m (500 ha x 10.000
m² / 11,7 m), uma faixa de 0,30 m corresponderia a 12,8 ha tratados sem necessidade (427.350,43 m x
0,30 m / 10.000 m²), por pulverização. No ciclo todo, seriam desperdiçados produtos e mão de obra
suficientes para tratar 38,5 ha ou 7,7% da área total. Assim, a simples adoção de 0,45 m entre bicos, e
não 0,50 m, poderia representar uma economia significativa em produto e mão de obra. Sempre que o
resultado da operação número de bicos na barra x espaçamento entre bicos/espaçamento da cultura não
for exato, tais perdas estarão ocorrendo. Uma vez selecionada a marca, o tipo, tamanho e número de
pulverizadores necessários ao tratamento fitossanitário variam com as dimensões da área a ser tratada,
o tempo disponível para as pulverizações, aspectos da cultura, condições de topografia e solo, mão de
obra e número de tratores disponíveis, organização da propriedade e poder aquisitivo do agricultor. No

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entanto, quaisquer que sejam os tipos e modelos selecionados, eles devem ser robustos, de simples
funcionamento e manutenção, além de apresentar boa precisão e funcionamento, mesmo em condições
de trabalho desfavoráveis.

Identificação dos alvos biológico e químico

O produto fitossanitário deve exercer sua ação sobre um determinado organismo, que se deseja
controlar. Portanto, o alvo a ser atingido é esse organismo, seja ele uma planta daninha, um inseto ou um
fungo (alvo biológico). Entretanto, com os atuais conhecimentos e equipamentos disponíveis, não é
possível atingir somente o alvo biológico, devendo a fixação do alvo ser mais “abrangente”, recaindo
sobre outros itens (alvo químico). Dessa forma, enquanto a praga a ser controlada é, por exemplo, a
lagarta do cartucho (alvo biológico), as folhas deverão ser atingidas pela pulverização (alvo químico). A
capacidade e forma de redistribuição do produto na planta são fatores importantes na identificação do
alvo químico. Apesar de o agrotóxico poder não atingir o alvo biológico diretamente, poderá fazê-lo de
forma indireta através da sua redistribuição, que pode ocorrer pelo processo de translocação sistêmica,
movimentação translaminar (mesostêmica) ou pelo deslocamento superficial do depósito inicial do
produto. Em função da capacidade ou não de redistribuição do produto, o alvo químico poderá ser
mudado. Tomemos como exemplo o controle de plantas daninhas em pós-emergência tardia, como na
dessecação em plantio direto. Caso seja realizada com glifosato, que tem alta capacidade de
movimentação tanto no xilema (ascendente) quanto no floema (descendente), o alvo químico poderá ser
considerado como o terço superior das plantas daninhas, visto que as demais partes da planta serão
atingidas através da redistribuição do produto. Em contrapartida, caso se utilize o paraquat, que apresenta
apenas uma pequena redistribuição lateral, sem ação sistêmica, a aplicação deve ser realizada de forma
a cobrir a maior parte possível da planta daninha, para que o controle seja satisfatório. Cabe ainda lembrar
que, na hipótese do produto ser sistêmico, deve-se identificar se o mesmo tem movimentação apenas no
xilema (apoplástica ou acrópeta), apenas no floema (simplástica ou basípeta) ou em ambos, antes de se
identificar o alvo químico. Para isso, um engenheiro agrônomo deverá ser consultado.

Regulagem do pulverizador

Os procedimentos de regulagem e calibração devem ser realizados antes de se iniciar a aplicação, a


fim de adequar as condições de uso do equipamento. Entende-se por regulagem, o ato de configurar o
equipamento para a operação que será realizada e por calibração, a determinação do volume de calda
utilizado por hectare e a quantidade de produto a ser colocada no tanque. Assim, calibração é apenas o
passo final da regulagem. Antes de se iniciar a regulagem do pulverizador, uma vez que o mesmo estiver
acoplado e abastecido com água, devem-se observar as condições gerais de conservação do
equipamento (vazamentos, conectores e/ou mangueiras ressecadas, etc.), bem como o funcionamento
dos componentes do sistema hidráulico (filtros, bomba, regulador de pressão, etc.), e efetuar a
manutenção necessária. Estando em condições de uso, o pulverizador deve então ser levado ao local de
trabalho. A primeira observação a ser realizada é a adequação do espaçamento entre bicos e do número
de bicos na barra, quando a faixa de aplicação for medida em número de linhas da cultura a serem
tratadas, conforme o exposto no item “seleção do pulverizador”. Além da necessidade do espaçamento
entre bicos ser uniforme ao longo da barra para uniformizar a pulverização, o número de bicos deverá
também ser ajustado para que o bico da ponta pulverize sobre o meio da rua e não sobre uma linha de
plantio, evitando que possíveis super ou subdosagens, resultantes de variações no espaçamento de
plantio, venham a prejudicar a cultura, principalmente no início do ciclo, quando as folhas novas estão
mais sensíveis. A altura mínima de trabalho da barra, para que não haja interferência na regularidade da
pulverização, é aquela onde a altura do cruzamento da pulverização entre dois bicos consecutivos na
barra está próximo da metade da altura entre o bico e a cultura. Sempre que se precisar trabalhar com
gotas de finas a médias deve-se optar por pulverizadores com distância entre bicos menor, o que
possibilitará o controle da deriva, pela menor distância entre o alvo e o bico. Para situações onde seja
possível trabalhar com gotas muito grossas ou extremamente grossas, o controle da deriva será dado
pelo tamanho da gota. Tendo dimensionado o espaçamento e o número de bicos na barra, deve-se
realizar a avaliação da velocidade de deslocamento ideal para as condições de topografia, cultura,
cobertura do solo, equipamento utilizado e habilidade do operador. Na prática, mede-se 50 m dentro da
área a ser tratada e o pulverizador é posto a se deslocar nessa distância demarcada, numa marcha e
rotação pré-estabelecidas, observando-se os aspectos de dirigibilidade e de deslocamento da barra sobre
a cultura. Nessa fase, cuidado em selecionar sempre a rotação que proporcione 540 rpm na tomada de
potência, uma vez que esta é a rotação necessária para o adequado funcionamento da bomba e do

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sistema de agitação. Alterações na velocidade devem ser obtidas através da troca de marchas e nunca
da rotação, evitando assim interferência na homogeneidade da calda e consequentemente na eficácia do
produto a ser aplicado.
Selecionadas a marcha e a rotação de trabalho, deve-se avaliar a adequação das pontas de
pulverização, que deverá ser função do alvo químico selecionado, da cobertura desejada e da formulação
do agrotóxico a ser utilizado. Existem vários modelos de pontas disponíveis, cada uma produzindo um
espectro de tamanho de gotas diferente, larguras e padrões diferentes de deposição, sendo, portanto,
muito importante saber escolher aquela mais adequada ao trabalho a ser realizado. Cada modelo de
ponta de pulverização apresenta algumas características peculiares que a diferencia das demais. No
entanto, todas elas apresentam uma faixa ideal de pressão de trabalho e estão disponíveis com aberturas
de diferentes tamanhos. Pontas “defletoras”, ou de “impacto”, utilizadas a baixa pressão, são indicadas
para a aplicação de herbicidas ao solo, pois produzem gotas grandes e podem ser posicionadas mais
próximo ao alvo, devido ao grande ângulo de abertura do leque, reduzindo a deriva. Pontas de jato plano
(tipo “leque”) são produzidas em grande variedade de modelos, tamanhos e ângulos de abertura do leque,
embora os de uso mais frequente sejam os de 80 e 110o, e são utilizadas para aplicar agrotóxicos em
superfícies relativamente planas. As pontas de ângulo maior oferecem um leque maior, mas produzem
gotas menores. Pontas de jato cônico (tipo “cone”) podem ser basicamente de dois tipos, denominadas
de “cone vazio” e “cone cheio”. Estas pontas são utilizadas na pulverização de alvos irregulares, como
por exemplo, as folhas de uma cultura, pois como as gotas se aproximam do alvo de diferentes ângulos,
proporcionam melhor cobertura das superfícies. A deposição no cone vazio se concentra somente na
periferia do cone, sendo que no centro praticamente não há gotas. O cone cheio, por possuir gotas em
toda a área do cone, produz um perfil de deposição mais uniforme, sendo mais recomendado que os de
cone vazio para utilização em pulverizadores de barras. Apesar da crença de que pontas leque são para
aplicar herbicidas e pontas cônicas para inseticidas e fungicidas, não há nada de científico nessa
afirmação, podendo qualquer modelo ser utilizado para qualquer finalidade, desde que o espectro de
gotas produzido e a cobertura do alvo sejam adequados. De uma forma geral, gotas grossas a muito
grossas devem ser selecionadas quando o alvo for de fácil visualização a partir da barra de bicos, como
o solo ou na dessecação de uma pastagem com herbicida sistêmico; gotas de finas a médias devem ser
utilizadas em pulverizações onde a penetração na planta ou a elevada cobertura do alvo for importante,
como na aplicação de fungicidas de ação preventiva, com baixa redistribuição; e gotas de médias a
grossas devem ser utilizadas em situações intermediárias, como no controle de insetos, por exemplo,
onde a cobertura pode ser inferior à necessária para o controle de um fungo, uma vez que o inseto
caminha, e portanto, tem maior probabilidade de entrar em contato com o produto. Fatores como deriva
e evaporação devem sempre ser considerados a fim de se evitar perdas significativas. Entretanto, a
seleção de gotas grossas para o controle da deriva em situações onde a elevada cobertura ou a
penetração do alvo requerem o emprego de gotas de finas a médias pode prejudicar o controle. Nestes
casos, o controle da deriva deve ser realizado através de outros meios, como a utilização de menores
espaçamentos entre pontas, aliada a uma maior aproximação da barra ao alvo, como visto anteriormente.
Por fim, selecionada a ponta e o produto a ser utilizado, deve-se observar se as malhas dos filtros estão
adequadas à pulverização. Entende-se por malha de um filtro o número de aberturas que este apresenta
em uma polegada linear (2,54 cm). Dessa forma, quanto maior a malha, maior será o número de aberturas
em uma polegada e, consequentemente, menor o diâmetro de cada abertura. São normalmente
encontrados filtros com malhas 30, 50, 80 e 100. A malha a ser utilizada será fator de duas variáveis
importantes que são: a formulação do produto e o modelo e tamanho da ponta de pulverização. Quando
se trabalha com formulações Pó Molhável (PM) ou Suspensão Concentrada (SC), existem sólidos em
suspensão na calda que, caso possuam uma granulometria maior que a malha do filtro, poderão ficar
retidos pelo mesmo, reduzindo a quantidade de produto efetivamente aplicado, e aumentado a frequência
com que o filtro deve ser limpo. No caso da utilização destas formulações, filtros malhas 80 e 100 devem
ser evitados. Quando se trabalha com formulações que formam emulsões (Concentrado Emulsionável -
CE) ou soluções (Pó Solúvel - PS e Solução Aquosa Concentrada - SaqC ou Concentrado Solúvel - CS),
a malha não interfere na passagem dos produtos. Com relação às pontas de pulverização, para cada
modelo e vazão existe um filtro mais adequado, recomendado pelo fabricante. Pontas de menor vazão
exigem filtros finos (malha 80 ou 100) enquanto pontas de maior vazão podem ser utilizadas com filtros
mais grossos. De uma forma geral, filtros de malha 50 são recomendados para a maioria das aplicações.
Entretanto, alguns produtos PM, como a atrazina, quando adicionados a óleo no tanque, podem formar
grumos, elevando o diâmetro das partículas e causando problemas (Figura 1) com esta peneira. Malhas
maiores, como a 100, podem causar entupimentos frequentes, enquanto malhas menores, como a 30,
são incapazes de prevenir o entupimento das pontas de pulverização, exceto em vazões muito elevadas.

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De qualquer forma, a verificação da malha do filtro em função do produto e da ponta utilizados é a atitude
mais recomendada.

O volume de calda utilizado nunca deverá ser o objetivo da regulagem, mas sim a consequência da
mesma. Regula-se um pulverizador para colocar a quantidade necessária de produto sobre o alvo
selecionado. Quanto menor o volume de água necessário para isso, maior a capacidade de trabalho dos
pulverizadores e menor o custo de produção. Como exemplo disso, a figura 2 mostra o erro que pode
estar ocorrendo quando se regula um pulverizador para aplicar 200 L ha-1, sem se considerar as demais
variáveis. Considerando-se que a cobertura necessária sobre o alvo químico fosse 50 gotas/cm², o
mesmo volume de calda poderia ou não ser eficaz, dependendo da ponta e do tamanho de gota
selecionado. Assim, o produto que proporciona controle é aquele que efetivamente chega ao alvo e não
o jogado. Quanto mais próximos estiverem esses volumes, maior a economicidade da pulverização.

Avaliação da pulverização

Um passo importante no processo de pulverização é avaliar a eficácia da regulagem realizada.


Qualquer que seja a praga a ser controlada e o sistema de pulverização selecionado, a cobertura deve
ser avaliada como forma de prever a eficiência do método. Para observações da cobertura, a primeira
providência é coletar uma amostra, e para isso, deve-se selecionar um amostrador capaz de ser marcado
pelas gotas, seja por meio da formação de manchas, crateras ou qualquer outro fenômeno visível. Pode-
se, por exemplo, empregar tiras de papel e adicionar à calda um corante qualquer que provoque sobre
elas manchas bem visíveis. Como corantes, podem ser empregadas anilinas, ou mesmo corantes
destinados a colorir tintas para pintura de paredes, que são fáceis de encontrar e têm baixo custo. O papel
neste caso deve apresentar uma qualidade uniforme em toda sua extensão, para que as condições sejam
uniformes entre as repetições. Assim, recomenda-se o uso do papel fotográfico, facilmente encontrado
em livrarias ou supermercados destinado à impressão de fotos em impressoras. Outra técnica adequada
à avaliação da cobertura é a utilização de papéis hidrossensíveis. Estes amostradores, originalmente
amarelos, tornam-se azuis ao contato das gotas de água, permitindo a visualização da cobertura. É um

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método bastante utilizado pela sua praticidade. Outro método também interessante é a utilização de
corantes fluorescentes. Nele, corantes fluorescentes, que podem ser tintas cintilantes normalmente
vendidas em lojas de material para artesanato, são diluídos em concentração adequada na calda de
pulverização e pulverizados sobre as plantas. Partes da plantas são então destacadas e a deposição
sobre elas avaliada em ambiente escuro, sob luz ultravioleta. Nesta condição, o pigmento brilhará,
evidenciando os pontos de deposição. Esta é uma técnica também bastante adequada à pesquisa, visto
que, além de se avaliar a própria planta, o fato de o pigmento ser invisível à luz do sol elimina a
tendencialidade na coleta de amostras. Independentemente do método selecionado para avaliação da
cobertura, é importante que o amostrador seja posicionado no alvo químico selecionado, para que os
resultados obtidos possam ter relação com a eficácia do controle. Uma vez cumpridos todos os passos,
o pulverizador estará então apto a realizar uma pulverização eficaz e econômica. Entretanto, em qualquer
que seja a pulverização, a eficiência e a segurança das aplicações dependem enormemente das
condições de clima durante a pulverização. Ventos, temperatura e umidade relativa do ar são fatores que
interferem diretamente no comportamento do agrotóxico, no seu deslocamento até o alvo, na sua eficácia
biológica e na velocidade de degradação. Assim, aplicações com ventos inferiores a 3 ou superiores a 10
km/h, temperaturas superiores a 30ºC e umidade relativa inferior a 55% devem ser evitadas.

Calibração de pulverizadores

A calibração consiste em se determinar o volume de calda que o pulverizador aplica por unidade de
área ou por planta, e ajustá-lo para a melhor condição operacional. Para se saber o volume de aplicação,
existem vários procedimentos práticos, sendo o mais indicado o uso da fórmula a seguir:

Entende-se como faixa de aplicação, a faixa de solo tratada a cada passada do pulverizador. No caso
da barra, por exemplo, seria a largura da barra, no caso de um turbopulverizador aplicando dos dois lados
em uma cultura de citros, seria o espaçamento entre ruas, e no caso de um costal pulverizando canteiros,
a largura do canteiro. Para se saber a vazão de uma ponta, basta dividir “q” pelo número de bicos na
barra. No caso de pulverizadores de barras, considerar a faixa de aplicação diretamente como a distância
entre bicos, faz com que se obtenha diretamente a vazão de uma ponta, mas esta é uma exceção. Os
processos de canecas graduadas são práticos no trabalho de campo, mas podem levar a erros graves
por problemas de imprecisão na graduação ou mesmo por não se observar a capacidade de vazão das
pontas em L/min, nas tabelas destas. Esse processo é desaconselhável no campo. Esses cálculos
normalmente são usados para ajustar o valor do volume de aplicação, deixando um valor arredondado,
que facilite a preparação da calda no tanque, evitando números fracionados.
Importante: se, durante a regulagem, a vazão de todos os bicos foram checados e o padrão de
deposição foi verificado pelo aferidor de pulverização, a medição do consumo em litro/ha pode ser feita
em apenas alguns bicos. Porém, se não foi feita anteriormente, a determinação do volume aplicado deve
ser feita em todos os bicos.

Preparo da calda

Para iniciar a pulverização propriamente dita é necessário preparar a calda a ser pulverizada. Para
isso, devem-se conhecer as diluições a serem realizadas.
Diluição - uma vez conhecido o volume a ser aplicado por hectare, deve-se fazer mais um cálculo para
se saber a quantidade do produto fitossanitário a ser diluído no tanque. Por exemplo, se o volume de
aplicação é de 200 L ha-1 e o produto a ser aplicado for um herbicida na dosagem de 2 kg ha-1 e se o
tanque tem capacidade para 600 litros, ter-se-ia o seguinte cálculo por regra de três simples:

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Portanto, deve-se diluir 6,0 kg de diuron no tanque de 600 litros para que a dosagem indicada seja
aplicada.
Dosagem - é importante salientar que existem diferentes formas de se indicar a dosagem dos produtos.
Dose é quantidade do produto, expressa em peso ou volume; dosagem é qualquer relação que envolve
quantidade, isto é, dose por unidade de peso, volume ou comprimento (Hayes, 1975). Basicamente, a
dosagem do produto pode ser recomendada por concentração (dose por litro) ou em dose por área. No
primeiro caso, o produto seria indicado assim: 200 mL de glifosato por 100 litros de água. No segundo
caso, seria: 6 litros de glifosato por hectare. A indicação, através da concentração, é apropriada somente
para aplicações de alto volume, onde há escorrimento de calda, de tal forma que a quantidade retida nas
folhas é proporcional à concentração da calda, independentemente do volume total aplicado. A vantagem
deste sistema está na sua simplicidade. A variação na superfície a ser coberta não precisa ser levada em
conta, isto é, a concentração a ser usada é a mesma, tanto para plantas pequenas, pouco enfolhadas,
como para plantas grandes, pois a quantidade se ajusta por si, desde que se aplique a calda até o
escorrimento. No entanto, as perdas por escorrimento podem ser significativas. A indicação através da
quantidade do produto por hectare é a forma preferida, principalmente, para os herbicidas e para os
inseticidas destinados às grandes culturas como a soja, milho e cana-de-açúcar. A vantagem deste
sistema está no fato de que independe do volume de calda empregado na distribuição do produto. À
primeira vista parece ser um sistema mais técnico que o anterior. Tratando-se de produtos distribuídos à
superfície do solo, como é a maioria dos herbicidas, esse sistema não encerra restrições. Tratando-se,
no entanto, de aplicação sobre superfície da cultura, deve-se levar em conta a relação existente entre a
superfície vegetal e a superfície do terreno. Numa lavoura nova, para um hectare do terreno, poderá haver
menos de um hectare da superfície de folhas, mas, a superfície foliar cresce rapidamente e, em pouco
tempo, esse mesmo hectare poderá apresentar 3 ou 5 hectares de superfície vegetal e, evidentemente,
não se pode indicar a mesma dosagem para situações tão diferentes. Portanto, a rigor, essa indicação
deve estar condicionada ao “índice de área foliar”, um parâmetro pouco empregado na prática. No caso
de plantas novas em linhas, pode-se adotar o sistema de aplicações em faixa, usando-se acessórios
específicos para isso. O que se verifica é que, atualmente, a indicação da dose por hectare não vem
acompanhada de nenhuma referência sobre o tamanho das plantas e nisso reside uma forma de
desajuste, normalmente acentuado, e em regra geral, as aplicações de fungicidas e inseticidas em plantas
novas, podem representar o emprego de uma sobre dosagem apreciável (Ramos e Pio, 2008).

Existem duas formas de o produtor aumentar seus lucros: a primeira é vendendo mais caro a produção,
o que não é fácil em função do controle de preços exercido pelo mercado, e a segunda é produzindo mais
barato, o que pode ser conseguido pelo investimento em novas técnicas e tecnologias. Ao considerar o
custo, tanto econômico quanto social, dos produtos fitossanitários, verifica-se que melhorias nas técnicas
de aplicação, com consequentes reduções nos desperdícios de energia e produtos, podem contribuir para
a redução substancial dos recursos alocados à produção, além da elevação da segurança ocupacional e
do ambiente. Obviamente, o investimento em novas tecnologias, apesar de não necessariamente
representar o aporte de expressivos valores monetários, deve ser acompanhado de um treinamento
adequado de todas as pessoas envolvidas, bem como por uma eficiente assessoria técnica. Por outro
lado, maiores investimentos devem ser direcionados também ao treinamento, em todos os níveis, como
forma de elevar a capacidade crítica geral e fazer com que tecnologias disponíveis cheguem mais
rapidamente e com qualidade ao agricultor. Padrões de avaliação da pulverização, através da utilização,
por exemplo, de papéis hidrossensíveis posicionados em pontos específicos da planta, buscando analisar
“o que” e “como” está chegando e não mais o quanto se está aplicando, passam a ser importantes no
sistema de produção. Por outro lado, a economia de produto, máquina e mão de obra envolvida, além de
duradoura após sua implantação, faz com que o retorno de qualquer investimento realizado seja, via de
regra, bastante rápido, muitas vezes ocorrendo dentro do próprio ano agrícola. Cabe, portanto, ao
agricultor, analisar seu sistema de produção, identificar possíveis problemas, buscar, avaliar e
implementar novas tecnologias que o ajudem a reduzir seu custo, face a este mercado cada vez mais

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globalizado e competitivo. Com toda certeza, muito ainda pode ser trabalhado com relação à eficácia e à
eficiência do tratamento fitossanitário.

Receituário Agronômico18

Entende-se por Receita ou Receituário (Anexo 01) a prescrição e orientação técnica para utilização de
agrotóxico ou a um, por profissional legalmente habilitado (Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002).
Dessa forma, os agrotóxicos e afins só poderão ser comercializados diretamente ao usuário, mediante
apresentação de receituário próprio.
Conforme estabelecido no artigo 13 da Lei 7.802/89 - A venda de agrotóxicos e afins aos usuários
será feita através de receituário próprio, prescrito por profissionais legalmente habilitados, salvo casos
excepcionais que forem previstos na regulamentação desta Lei; O Confea através da Resolução 344, de
27 de julho de 1990 definiu como profissionais habilitados pela prescrição do receituário agronômico os
Engenheiros Agrônomos e Engenheiros Florestais, nas respectivas áreas de habilitação. De acordo com
o Decreto Federal 4.560, de 30 de dezembro de 2002, nos termos do artigo 6º - Os Técnicos Agrícolas
podem se responsabilizar pela emissão de receitas de produtos agrotóxicos.

Conforme estabelecido na Lei 6.496, de 07 de dezembro de 1977:


Art. 1º - Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços
profissionais referentes à Engenharia e Agronomia fica sujeito à "Anotação de Responsabilidade Técnica"
(ART).

Art. 2º - A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo empreendimento de
engenharia e agronomia.
§ 1º - A ART será efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia (CREA), de acordo com Resolução própria do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(Confea).

A receita, específica para cada cultura ou problema, deve conter, necessariamente:


I - Nome do usuário, da propriedade e sua localização.
II- Diagnóstico.
III- Recomendação para que o usuário leia atentamente o rótulo e a bula do produto.
IV- Recomendação técnica com as seguintes informações:

a) nome do(s) produto(s) comercial(ais) que deverá(ão) ser utilizado(s) e de eventual(ais) produto(s)
equivalente(s).
b) cultura e áreas onde serão aplicados.
c) doses de aplicação e quantidades totais a serem adquiridas.
d) modalidade de aplicação, com anotação de instruções específicas, quando necessário, e,
obrigatoriamente, nos casos de aplicação aérea.
e) época de aplicação.
f) intervalo de segurança.
g) orientações quanto ao manejo integrado de pragas e de resistência.
h) precauções de uso.
i) orientação quanto à obrigatoriedade da utilização de EPI.

O receituário deverá ser expedido em, no mínimo, duas vias, destinando-se a primeira ao usuário e a
segunda ao estabelecimento comercial, que a manterá à disposição dos órgãos fiscalizadores pelo prazo
de 2 anos, contados da data de sua emissão.
As pessoas físicas ou jurídicas que sejam prestadoras de serviços na aplicação de agrotóxicos e afins
é exigido:
a) relação detalhada do estoque existente.
b) programa de treinamento de seus aplicadores de agrotóxicos e afins.
c) nome comercial dos produtos e quantidades aplicadas, acompanhados dos respectivos receituários
e guia de aplicação.
d) guia de aplicação, na qual deverão constar, no mínimo:
1) nome do usuário e endereço.

18
https://creapb.org.br/site/wp-content/uploads/2016/12/Cartilha-Receitua%CC%81rio-Agrono%CC%82mico.pdf

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2) cultura e área ou volumes tratados.
3) local da aplicação e endereço.
4) nome comercial do produto usado.
5) quantidade empregada do produto comercial.
6) forma de aplicação.
7) data da prestação do serviço.
8) precauções de uso e recomendações gerais quanto à saúde humana, animais domésticos e
proteção ao meio ambiente.
9) identificação e assinatura do responsável técnico, do aplicador e do usuário.
10 Receituário Agronômico Receituário Agronômico - Prescrição Técnica de Agrotóxicos
O registro da ART efetivar-se-á após o seu cadastro no sistema eletrônico do CREA e o recolhimento
do valor correspondente. Portanto, o início da atividade profissional sem o recolhimento do valor da ART
ensejará as sanções legais cabíveis.

Eis o que o Decreto 6.074/2002 versa sobre o tema:

Capítulo VI
Da Receita Agronômica

Art. 64. Os agrotóxicos e afins só poderão ser comercializados diretamente ao usuário, mediante
apresentação de receituário próprio emitido por profissional legalmente habilitado.

Art. 65. A receita de que trata o art. 64 deverá ser expedida em no mínimo duas vias, destinando-se a
primeira ao usuário e a segunda ao estabelecimento comercial que a manterá à disposição dos órgãos
fiscalizadores referidos no art. 71 pelo prazo de dois anos, contados da data de sua emissão.

Art. 66. A receita, específica para cada cultura ou problema, deverá conter, necessariamente:
I - nome do usuário, da propriedade e sua localização;
II - diagnóstico;
III - recomendação para que o usuário leia atentamente o rótulo e a bula do produto;
IV - recomendação técnica com as seguintes informações:
a) nome do(s) produto(s) comercial(ais) que deverá(ão) ser utilizado(s) e de eventual(ais) produto(s)
equivalente(s);
b) cultura e áreas onde serão aplicados;
c) doses de aplicação e quantidades totais a serem adquiridas;
d) modalidade de aplicação, com anotação de instruções específicas, quando necessário, e,
obrigatoriamente, nos casos de aplicação aérea;
e) época de aplicação;
f) intervalo de segurança;
g) orientações quanto ao manejo integrado de pragas e de resistência;
h) precauções de uso; e
i) orientação quanto à obrigatoriedade da utilização de EPI; e
V - data, nome, CPF e assinatura do profissional que a emitiu, além do seu registro no órgão
fiscalizador do exercício profissional.
Parágrafo único. Os produtos só poderão ser prescritos com observância das recomendações de uso
aprovadas em rótulo e bula.

Art. 67. Os órgãos responsáveis pelos setores de agricultura, saúde e meio ambiente poderão
dispensar, com base no art. 13 da Lei no 7.802, de 1989, a exigência do receituário para produtos
agrotóxicos e afins considerados de baixa periculosidade, conforme critérios a serem estabelecidos em
regulamento.
Parágrafo único. A dispensa da receita constará do rótulo e da bula do produto, podendo neles ser
acrescidas eventuais recomendações julgadas necessárias pelos órgãos competentes mencionados no
caput.

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Transporte de Agrotóxicos

Os riscos de acidentes durante o transporte de produtos químicos para uso agrícola exigem medidas
de prevenção. Tomar consciência de sua execução não é apenas importante, mas é cumprir a legislação
que rege a questão de transporte de produtos perigosos.
O não cumprimento das normas vigentes é uma infração que pode gerar multas para o vendedor do
produto e para o responsável por seu transporte.
Como proceder para o transporte de agrotóxicos:
a) Utilizar veículo tipo caminhonete, que deve estar em perfeitas condições de manutenção e uso.
b) Toda e qualquer embalagem de produto químico deve estar perfeitamente acondicionada e
organizada de forma segura, presa à carroceria e coberta por uma lona impermeável.
c) As embalagens transportadas não podem ter vazamentos ou estar danificadas.
d) O transporte de produtos químicos dentro das cabines ou na carroceria é terminantemente proibido
e) Ter em mãos a nota fiscal do produto e o envelope de transporte é uma exigência necessária para
condução dos agrotóxicos.
f) O responsável pela condução do veículo deve receber do revendedor as informações sobre o
produto, o envelope para transporte e a ficha de emergência para transporte.
g) A nota fiscal para produtos que apresentam “ficha de emergência com tarja vermelha” (Perigoso)
para o transporte, deve ter os seguintes dados: número da ONU, nome próprio para embarque, classe ou
subclasse do produto, assim como o grupo de embalagens.
h) Cada grupo de embalagem pode apresentar uma quantidade isenta para o transporte, ou seja, limite
de isenção, conforme o quadro abaixo:

Classificação de grupos de embalagens

Exigências para transportar produtos perigosos em quantidades acima dos limites de isenção:
a) O motorista deve ter habilitação especial.
b) O veículo deve ter rótulos de riscos e painéis de segurança.
c) O veículo deve conduzir kit de emergência com equipamentos de proteção individual, cones e placas
de sinalização, lanterna, pá etc.

Eis o que o Decreto 6.074/2002 versa sobre o tema:

Art. 63. O transporte de agrotóxicos, seus componentes e afins está sujeito às regras e aos
procedimentos estabelecidos na legislação específica.
Parágrafo único. O transporte de embalagens vazias de agrotóxicos e afins deverá ser efetuado com
a observância das recomendações constantes das bulas correspondentes.

Armazenamento de Agrotóxicos

O armazenamento requer condições específicas para conservação e uso adequado dos agrotóxicos.
São relacionados, a seguir, procedimentos para armazenamento de agrotóxicos na propriedade rural:
a) A instalação para armazenamento de produtos químicos (depósito) deve ficar separada de outras
construções, como residências ou instalações para animais e ser livre de quaisquer tipos de inundações.
b) O depósito deve ser de alvenaria, ter iluminação natural e boa ventilação.
c) O depósito deve ter piso de cimento e o telhado sem goteiras, permitindo condições adequadas
quanto à umidade do ambiente.
d) A construção do depósito deve prever instalações elétricas adequadas, em bom estado de
conservação e uso, para evitar curto-circuito e incêndios.
e) O depósito deve conter sinalização apropriada, com placa "Cuidado Veneno".

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f) A entrada no depósito será vetada a crianças, animais e pessoas não autorizadas, devendo
permanecer trancada.
g) Os produtos químicos devem estar armazenados separadamente de alimentos, rações animais,
medicamentos e sementes.
h) Sempre evitar o estoque de produtos químicos além das quantidades para uso em curto prazo.
i) Os restos de produtos não podem ser armazenados em embalagens sem tampa ou com vazamentos
e devem ser sempre mantidos em suas embalagens originais.

Eis o que o Decreto 6.074/2002 versa sobre o tema:

Art. 62. O armazenamento de agrotóxicos, seus componentes e afins obedecerá à legislação vigente
e às instruções fornecidas pelo fabricante, inclusive especificações e procedimentos a serem adotados
no caso de acidentes, derramamento ou vazamento de produto e, ainda, às normas municipais aplicáveis,
inclusive quanto à edificação e à localização.

Classificação19

A toxicidade da maioria dos agrotóxicos é expressa em valores referentes à Dose Média Letal (DL50),
por via oral, representada por miligramas do ingrediente ativo do produto por quilograma de peso vivo,
necessários para matar 50% da população de ratos ou de outro animal teste. A DL50 é usada para
estabelecer as medidas de segurança a serem seguidas para reduzir os riscos que o produto pode
apresentar à saúde humana.
Os agrotóxicos são agrupados em classes, de acordo com a sua toxicidade (Tabela abaixo).

Classes toxicológicas dos agrotóxicos com base na DL𝟓𝟎𝟏

A dose letal (DL501 ) é a dose de uma substância, expressa em mg/kg de peso vivo, necessária ingerir
ou administrar para provocar a morte de pelo menos 50% da população em estudo.

Rótulo

O rótulo do produto é a principal forma de comunicação entre o fabricante e os usuários. As


informações constantes no rótulo são resultados de anos de pesquisa e testes realizados com o produto
antes de receber a autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para ser
comercializado. Portanto, antes de manusear qualquer agrotóxico, deve ser feita leitura criteriosa de seu
rótulo. Impressas nas embalagens ou anexadas a elas devem ser encontradas as seguintes informações:
- as pragas que o agrotóxico deve controlar;
- as culturas para as quais o agrotóxico pode ser aplicado;
- as dosagens recomendadas para cada situação;
- a classificação toxicológica do agrotóxico;
- a forma pela qual o agrotóxico pode ser utilizado;
- o local onde o agrotóxico pode ser aplicado;
- a época em que o agrotóxico deve ser usado: pré-plantio, pré-emergência ou pós-emergência;
- o período de carência, ou seja, o intervalo de tempo, em dias, que deve ser observado entre a
aplicação do agrotóxico e a colheita do produto agrícola. A observância do período de carência é,

19
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/arroz/arvore/CONT000fohgb6co02wyiv8065610dc2ls9ti.html

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portanto, essencial para que o alimento colhido não possua resíduo do agrotóxico em níveis acima do
limite máximo permitido pelo Ministério da Saúde. A comercialização de produtos agrícolas contendo
resíduo de agrotóxico em níveis acima do limite máximo fixado por aquele Ministério é ilegal;
- se o agrotóxico pode ser misturado a outros de uso frequente, em situações semelhantes;
- e se o agrotóxico pode causar injúria às culturas para as quais é recomendado.

Uso de EPI’s ao aplicar agrotóxicos20

Situações de uso
Sempre que forem manipuladas embalagens de agrotóxicos (cheias ou vazias);
Sempre que estiver sendo preparada a calda;
Sempre que estiver sendo feita uma aplicação;
Sempre que alguém adentrar uma área recém tratada, ou seja, durante o período de segurança.

Importante:
Durante a pulverização aérea é proibida a entrada e permanência de qualquer pessoa na área a ser
tratada.
O empregador rural ou equiparado deverá sinalizar as áreas recém tratadas, informando o período
de reentrada, que é o período após a aplicação em que é vedada a entrada de pessoas sem uso de
EPIs.
A sinalização consta no rótulo/bula do produto, é obrigatória (NR 31) e pode apresentar certas
especificidades conforme a região geográfica.

Uso de EPIs por tipo de operação


Os EPIs não foram desenvolvidos para substituir os demais cuidados na aplicação e sim para
complementá-los, evitando-se a exposição.
Para reduzir os riscos de contaminação, as operações de manuseio e aplicação devem ser
realizadas com cuidado, para evitar ao máximo a exposição.

Como vestir e retirar os EPIs


Para garantir proteção adequada, os EPIs deverão ser vestidos e retirados de forma correta.

Como vestir o EPI

Calça e jaleco
A calça e o jaleco devem ser vestidos sobre a roupa comum (camiseta de algodão e bermuda), fato
que permitirá a retirada da vestimenta em locais abertos. O EPI pode ser usado sobre uma bermuda e
camiseta de algodão, para aumentar o conforto. Vestir uma roupa comum por baixo do EPI aumenta o
tempo de proteção pois evita que o suor sature o tecido hidrorepelente. O aplicador deve vestir primeiro
a calça do EPI e em seguida o jaleco, certificando-se que este fique sobre a calça e perfeitamente
ajustado.
O velcro deve ser fechado com os cordões para dentro da roupa. Caso o jaleco de EPI possua
capuz, o aplicador deve assegurar-se que estará devidamente vestido pois, caso contrário, servirá de
compartimento facilitando o acúmulo e retenção de produto. Vale ressaltar que o EPI deve ser
compatível com o porte físico do aplicador.

Importante: vestir uma roupa comum por baixo da vestimenta aumenta o tempo de proteção, pois
evita que o suor sature o tecido hidrorrepelente.
A roupa comum não pode ser de uso pessoal, conforme descrito na NR31.

Botas
Impermeáveis, devem ser calçadas sobre meias de algodão de cano longo, para evitar atrito com os
pés, tornozelos e canelas.
As bocas da calça do EPI sempre devem estar para fora do cano das botas, a fim de impedir o
escorrimento do produto para o interior do calçado.

20
https://www.fmcagricola.com.br/images/manuais/ANDEF_MANUAL_BOAS_PRATICAS_NO_USO_DE_EPIs_web.pdf

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Avental impermeável
Deve ser utilizado na parte da frente do jaleco durante o preparo da calda e pode ser usado na parte
de trás do jaleco durante as aplicações com equipamento costal. Para aplicações com equipamento
costal é fundamental que o pulverizador esteja funcionando bem e não apresente vazamentos.
Respirador
Deve ser colocado de forma que os dois elásticos fiquem fixados corretamente e sem dobras, um na
parte superior da cabeça e outro na parte inferior, na altura do pescoço, sem apertar as orelhas. O
respirador deve encaixar perfeitamente na face do trabalhador, não permitindo que haja abertura para a
entrada de partículas, névoas ou vapores. Para usar o respirador, o trabalhador deve estar sempre bem
barbeado.

Viseira facial / óculos de proteção


Deve ser ajustada firmemente na testa, mas sem apertar a cabeça do trabalhador. A viseira deve
ficar um pouco afastada do rosto para não embaçar.

Boné árabe
Deve ser colocado na cabeça sobre a viseira ou óculos. O velcro do boné árabe deve ser ajustado
sobre a viseira facial, assegurando que toda a face esteja protegida, assim como o pescoço e a cabeça.

Luvas
Último equipamento a ser vestido. Devem ser usadas de forma a evitar o contato do produto tóxico
com as mãos. As luvas devem ser compradas de acordo com o tamanho das mãos dos usuários. Não
devem ser muito justas para facilitar sua colocação e retirada.
Não podem ser muito grandes, pois podem atrapalhar o tato e causar acidentes, bem como permitir
que caia produto dentro delas. As luvas devem ser colocadas para dentro das mangas do jaleco
normalmente. No entanto, se o jato de pulverização for dirigido para cima da linha dos ombros do
trabalhador, elas devem ser vestidas para fora das mangas do jaleco. O objetivo é evitar que o produto
aplicado escorra para dentro das luvas e atinja as mãos.

Como tirar o EPI


Após a aplicação, normalmente a superfície externa do EPI está contaminada. Portanto, na retirada
do EPI, é importante evitar o contato das áreas mais atingidas com o corpo do usuário.
Antes de começar a retirar o EPI, recomenda-se que o aplicador lave as luvas vestidas. Isto ajudará
a reduzir os riscos de exposição acidental.

Referências Bibliográficas:
Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas/ Eds. Adriano Tosoni da Eira Aguiar, Charleston Gonçalves, Maria Elisa Ayres Guidetti Zagatto
Paterniani; et al. 7.ª Ed. rev. e atual. Campinas: Instituto Agronômico, 2014. 452 p. (Boletim IAC, n.º 200).

Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos21

Quase 99% das amostras de alimentos analisadas pela Anvisa, entre o período de 2013 e 2015, estão
livres de resíduos de agrotóxicos que representam risco agudo para a saúde. O dado faz parte do relatório
do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, o PARA, divulgado pela Agência
nesta sexta-feira (25/12), em Brasília. No total, foram 12.051 amostras monitoradas nos 27 estados do
Brasil e no Distrito Federal.
Esta é a primeira vez que a Anvisa monitora o risco agudo para saúde, uma vez que, nas edições
anteriores do PARA, as análises tinham o foco nas irregularidades observadas nos alimentos. O risco
agudo está relacionado às intoxicações que podem ocorrer dentro de um período de 24 horas após o
consumo do alimento que contenha resíduos. Este novo tipo de avaliação, que já vem sendo feito na
Europa, Estados Unidos, Canadá etc., leva em consideração a quantidade de consumo de determinado
alimento pelo brasileiro.
Foram avaliados cereais, leguminosas, frutas, hortaliças e raízes, totalizando 25 tipos de alimentos. O
critério de escolha foi o fato de que estes itens representam mais de 70% dos alimentos de origem vegetal
consumidos pela população brasileira, conforme detalhados na tabela a seguir.
Um dos alimentos com maior quantidade de amostras analisadas foi a laranja. Vigilâncias sanitárias
de estados e municípios realizaram a coleta de 744 amostras em supermercados de todas as capitais do

21
http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/divulgado-relatorio-sobre-residuos-de-agrotoxicos-em-
alimentos/219201/pop_up?_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_viewMode=print&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_languageId

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País. No montante avaliado, 684 amostras foram consideradas satisfatórias, sendo que, dessas, 141 não
apresentaram resíduos.
Uma das situações de risco identificadas na laranja está relacionada ao agrotóxico carbofurano, que
passa por processo de reavaliação na Anvisa. É a substância presente nas amostras que mais preocupa
quanto ao risco agudo, sendo que 11% das amostras de laranja apresentaram situações de risco relativas
ao carbofurano.
O agrotóxico carbendazim é outro que merece atenção quanto ao risco agudo. Os resultados do
programa revelaram que em 5% das amostras de abacaxi há potencial de risco relacionado à substância.
Um aspecto importante é que as análises do programa sempre são feitas com o alimento inteiro,
incluindo a casca, que, no caso da laranja e do abacaxi, não é comestível. Ou seja, com a eliminação da
casca, a possibilidade de risco é diminuída. Isso porque alguns estudos trazem indícios de que a casca
da laranja tem baixa permeabilidade aos principais agrotóxicos detectados, de modo que a possiblidade
de contaminação da polpa é reduzida.
Já para os demais produtos, como a abobrinha, o pimentão, o tomate e o morango, o risco agudo
calculado foi considerado aceitável em quantidade superior a 99% das amostras.
As irregularidades apontadas no relatório, apesar de não representarem risco apreciável à saúde do
consumidor do ponto de vista agudo, podem aumentar os riscos ao agricultor, caso ele utilize agrotóxicos
em desacordo com as recomendações de uso autorizadas pelos órgãos competentes.
As irregularidades também podem indicar uso excessivo do produto ou mesmo a colheita do alimento
antes do período de carência descrito na bula do agrotóxico. As situações de contaminação por deriva,
contaminação cruzada e solo, entre outros, também podem ocasionar a presença de resíduos irregulares
nos alimentos, principalmente nos casos em que os resíduos são detectados em concentrações muito
baixas.

Destinação final de embalagens vazias de agrotóxicos22

A destinação final das embalagens vazias de agrotóxicos é um procedimento complexo que requer a
participação efetiva de todos os agentes envolvidos na fabricação, comercialização, utilização,
licenciamento, fiscalização e monitoramento das atividades relacionadas com o manuseio, transporte,
armazenamento e processamento dessas embalagens.

Responsabilidades

Os Usuários deverão:
a) Preparar as embalagens vazias para devolvê-las nas unidades de recebimento:
• Embalagens rígidas laváveis: efetuar a lavagem das embalagens (Tríplice Lavagem ou Lavagem sob
Pressão);
• Embalagens rígidas não laváveis: mantê-las intactas, adequadamente tampadas e sem vazamento;
• Embalagens flexíveis contaminadas: acondicioná-las em sacos plásticos padronizados.
b) Armazenar, temporariamente, as embalagens vazias na propriedade;
c) Transportar e devolver as embalagens vazias, com suas respectivas tampas, para a unidade de
recebimento mais próxima (procurar orientação junto aos revendedores sobre os locais para devolução
das embalagens), no prazo de até um ano, contado da data de sua compra;
d) Manter em seu poder os comprovantes de entrega das embalagens e a nota fiscal de compra do
produto.

Os Revendedores deverão:
a) Disponibilizar e gerenciar unidades de recebimento (postos) para a devolução de embalagens vazias
pelos usuários/agricultores;
b) No ato da venda do produto, informar aos usuários/agricultores sobre os procedimentos de lavagem,
acondicionamento, armazenamento, transporte e devolução das embalagens vazias;
c) Informar o endereço da unidade de recebimento de embalagens vazias mais próxima para o usuário,
fazendo constar esta informação na Nota Fiscal de venda do produto;
d) Fazer constar dos receituários que emitirem, as informações sobre destino final das embalagens;
e) Implementar, em colaboração com o Poder Público, programas educativos e mecanismos de
controle e estímulo à lavagem (Tríplice ou sob Pressão) e à devolução das embalagens vazias por parte
dos usuários.

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https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/41/DESTINAcaO%20FINAL%20DE%20EMBALAGENS%20VAZIAS%20DE%20AGROTOXICOS.pdf.

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Os Fabricantes deverão:
a) Providenciar o recolhimento, a reciclagem ou a destruição das embalagens vazias devolvidas às
unidades de recebimento em, no máximo, um ano, a contar da data de devolução pelos
usuários/agricultores;
b) Informar os Canais de Distribuição sobre os locais onde se encontram instaladas as Centrais de
Recebimento de embalagens para as operações de prensagem e redução de volume;
c) Implementar, em colaboração com o Poder Público, programas educativos e mecanismos de
controle e estímulo à LAVAGEM (Tríplice e sob Pressão) e à devolução das embalagens vazias por parte
dos usuários;
d) Implementar, em colaboração com o Poder Público, medidas transitórias para orientação dos
usuários quanto ao atendimento das exigências previstas no Decreto nº 4.074/2002, enquanto se realizam
as adequações dos estabelecimentos comerciais e dos rótulos e bulas;
e) Alterar os modelos de rótulos e bulas para que constem informações sobre os procedimentos de
lavagem, armazenamento, transporte, devolução e destinação final das embalagens vazias.

Destino Final de Resíduos


A aplicação de um produto fitossanitário deve ser planejada de modo a evitar desperdícios e sobras.
No entanto, em caso de sobra, deve-se proceder da seguinte maneira:
Sobra da calda no tanque do pulverizador:
O volume da calda deve ser calculado adequadamente para evitar grandes sobras no final de uma
jornada de trabalho;
Se o volume de calda que sobrar no tanque do pulverizador for pequeno deve ser diluído em água e
aplicado nas bordaduras da área tratada ou nos carreadores;
Se o produto que estiver sendo aplicado for um herbicida o repasse em áreas tratadas poderá causar
fitotoxicidade e deve ser evitado.

Atentar-se para o fato de que nunca devem ser jogadas as sobras ou restos de produtos em rios, lagos
ou demais coleções de água.

Sobra de produto concentrado:


O produto concentrado deve ser mantido em sua embalagem original;
É importante certificar-se de que a embalagem está fechada adequadamente;
A embalagem deve ser armazenada em local seguro.

Produto Vencido ou Impróprio para Comercialização


Os problemas com produtos vencidos ou impróprios para a utilização normalmente são causados por
erros no manuseio.
Os produtos fitossanitários normalmente apresentam prazo de validade de 2 a 3 anos, tempo suficiente
para que sejam comercializados e aplicados.
A compra de quantidades desnecessárias ou falha na rotação de estoque poderão fazer com que
expirem os prazos de validade.
As embalagens dos produtos fitossanitários são dimensionadas para resistir com segurança às etapas
de transporte e armazenamento. Avarias nas informações de rótulo e bula ou danos nas embalagens
normalmente são causados pelo manuseio impróprio durante o transporte e ou armazenamento.
Produto vencido ou impróprio para comercialização
O revendedor deve comunicar ao fabricante qualquer avaria ou irregularidade que deixe o produto
impróprio para a comercialização;
O produto deverá ser devolvido à fábrica para destinação adequada;
Os custos envolvidos na devolução do produto para o fabricante, como o transporte, são de
responsabilidade do revendedor ou proprietário. Podendo haver negociação entre as partes.
É sempre importante ressaltar que tais informações não devem ser entendidas como o único critério
para o destino final de resíduos de produtos fitossanitários, deve sempre ser consultada as disposições
nas legislações estaduais e municipais.

Questões

01. (ADEPARÁ - Agente de Defesa Agropecuária – MOVENS) O uso do equipamento de proteção


individual (EPI) é obrigatório em qualquer aplicação de agrotóxico. Nesse sentido, assinale a opção que
apresenta os equipamentos que deverão ser utilizados na aplicação manual de defensivos agrícolas.

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(A) Luvas, respiradores, viseira, medidor graduado, capuz e avental.
(B) Viseira, boné árabe, capuz, avental, medidor graduado e funil com tela.
(C) Luvas, respiradores, viseira, boné árabe, capuz e avental.
(D) Respiradores, viseira, boné árabe e funil com tela.

02. (MPE/SP - Analista Técnico Científico - Engenheiro Agrônomo – VUNESP/2016) Em relação


ao receituário agronômico, é correto afirmar que
(A) a receita poderá conter a modalidade de aplicação, com anotação de instruções específicas,
quando necessário, e, obrigatoriamente, nos casos de aplicação aérea.
(B) mediante os seus conhecimentos fitotécnicos e fitossanitários, o agrônomo pode indicar uma
utilização do agrotóxico diferente daquela estabelecida no rótulo ou bula do produto.
(C) para aplicação aérea, é obrigatória a existência na receita de pelo menos duas das quatro
informações relacionadas à modalidade de aplicação.
(D) com a utilização de papel timbrado, número nacional do CRE e CPF, a receita pode ser rubricada,
dispensando-se a assinatura cartorial.
(E) a receita só se justifica se houver efetiva participação do profissional que a subscreve.

03. (EMATER/PA – Extensionista Rural I – Engenheiro Agrônomo – UNAMA) Agrotóxicos são


produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de
produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de
florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais,
cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de
seres vivos considerados nocivos.
Com relação à utilização legal dos agrotóxicos podemos afirmar que:
(A) Posto de recebimento é o estabelecimento mantido ou credenciado por um ou mais
estabelecimentos comerciais, ou conjuntamente com os fabricantes, destinado a receber e armazenar,
provisoriamente, embalagens vazias de agrotóxicos e afins devolvidas pelos usuários.
(B) Produto formulado equivalente - produto que, se comparado com outro produto formulado já
registrado, apesar de possuir indicações de uso diversas, são equivalentes entre si, com a mesma
composição qualitativa e cuja variação quantitativa de seus componentes não o leve a expressar
diferença no perfil toxicológico e ecotoxicológico frente ao do produto em referência.
(C) Período de carência, na aplicação de agrotóxicos em pós-colheita, é o intervalo de tempo entre a
última aplicação e a colheita.
(D) Produto técnico equivalente é o produto de diferente ingrediente ativo de outro produto técnico já
registrado, cujo teor, bem como o conteúdo de impurezas presentes, não variem a ponto de alterar seu
perfil toxicológico e ecotoxicológico.

04. (UFPE/UFRPE - Técnico em Agropecuária – COVEST) Qual o trio de equipamentos com uso
comum obrigatório no manuseio agrícola de agrotóxicos de qualquer classificação toxicológica?
(A) Máscaras protetoras, óculos e luvas impermeáveis.
(B) Máscaras protetoras, luvas impermeáveis e macacão com mangas compridas.
(C) Macacão com mangas compridas, botas impermeáveis e chapéu impermeável de abas largas.
(D) Óculos, luvas impermeáveis e botas impermeáveis.
(E) Avental impermeável, óculos e botas impermeáveis.

Gabarito

01.C / 02.E / 03.A/ 04.C

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Comentários

01. Resposta: C

02. Resposta: E
Decreto 6.074/2002 versa sobre o tema:
Art. 64. Os agrotóxicos e afins só poderão ser comercializados diretamente ao usuário, mediante
apresentação de receituário próprio emitido por profissional legalmente habilitado.

03. Resposta: A
Os Fabricantes deverão:
a) Providenciar o recolhimento, a reciclagem ou a destruição das embalagens vazias devolvidas às
unidades de recebimento em, no máximo, um ano, a contar da data de devolução pelos
usuários/agricultores;
b) Informar os Canais de Distribuição sobre os locais onde se encontram instaladas as Centrais de
Recebimento de embalagens para as operações de prensagem e redução de volume

04. Resposta: C

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