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COSMOVISÃO BÍBLICA
as implicações da escolha profissional e a vocação cristã
INTRODUÇÃO
Uma das questões menos compreendidas nas últimas décadas é o impacto do cristianismo
na civilização ocidental. Pessoas simplesmente assumem padrões de comportamento como se
sempre tivesse sido assim e como se isso fosse continuar para sempre. Crentes se alienam em
exercícios semanais de devoção e excitação espiritual com poucos reflexos morais e nas atividades
do dia a dia. Vivem como se “em marcha”, de domingo a domingo, ansiando pelos ajuntamentos,
sem serem verdadeiramente sal da terra e luz do mundo. Esquecem-se das lições da história, de
que a Reforma do Século 16 tirou a civilização ocidental das trevas características da Idade Média,
com a sua mensagem e influência.
Descrentes querem viver a vida moral dissoluta, mas dentro de uma estrutura da sociedade
que garanta sua segurança, seus bens, seu progresso profissional, sua voz de reclamar, de
reivindicar, de usufruir do avanço da ciência e dos bens de consumo, de desfrutar as benesses do
“capitalismo”, sem se aperceberem que tais “direitos” vieram exatamente porque a sociedade
ocidental, ou a cultura judaico-cristã influenciou a construção dessa sociedade em que vivemos e
na qual estamos acostumados a coexistir. Estão cegos quanto ao obscurantismo que impera nas
regiões onde a influência do cristianismo cessou de existir, ou onde ainda não chegou. Não
enxergam os exemplos presentes e que a norma, para uma humanidade caída em violência e
pecado, é a desvalorização da vida que se observa onde impera o islamismo, ou o hedonismo cruel
das ditaduras despóticas que adoram algum “líder supremo”, que assim se autoelege.
A palavra vocação é tão usada, quanto mal interpretada.
No que diz respeito à vocação para salvação há os que Descrentes querem viver a
vida moral dissoluta, mas
acreditam que ela é fruto do assentimento do ser humano
dentro de uma estrutura da
e que ele por si só pode achega-se a Deus. No que se
sociedade que garanta sua
refere ao chamado para o ministério, há os que se auto segurança...
intitulam pastores, apóstolos e profetas sem nenhuma convicção interna e externa, do chamado
divino. E por fim há os que pensam que pelo fato de desempenharem um serviço secular não
foram chamados para cumprir sua missão entre os homens.
Há propósito de Deus para nossa passagem pela terra. Primeiro Ele nos chamou
eficazmente e irresistivelmente para fazermos parte de seu povo eleito em Cristo. Segundo ele
vocaciona a todos os eleitos. Não podemos pensar que os chamados são apenas pastores ou
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missionários. Todos os crentes são chamados para servirem ao senhor com os seus dons e talentos,
nos diversos mistérios da igreja, e, nas diversas profissões seculares. Tanto um pastor como, um
médico pode servir a Deus através de suas profissões, mesmo que distintas.
Deus por sua livre graça, além de nós chama para fazermos parte de sua família e sermos o
povo eleito de seu rebanho, nos chama de igual modo para um ministério especifico na sua Igreja.
Calvino diz que: “Aqueles que presidem ao governo da Igreja, segundo a instituição de Cristo, são
chamados por Paulo [Ef 4.11], primeiro apóstolos; em seguida, profetas; terceiro evangelistas;
quarto pastores; finalmente, mestres; dos quais apenas os dois últimos têm função ordinária na
Igreja, os outros três o Senhor suscitou no início de seu reino, e às vezes ainda suscita, conforme
convém à necessidade dos tempos”.
Todos os que estão na obra do Senhor têm que definirem se realmente foram chamados por
Deus, para serem pastores de um rebanho, mestres no ensino, servos a disposição, ou se o Senhor
o quer em outro ministério. Todavia ninguém deve assumir qualquer ofício sem que seja chamado
pelo SENHOR. Esse fator será decisivo para uma profunda auto realização. Segundo Calvino
“para que alguém seja considerado verdadeiro ministro da Igreja, primeiro importa que tenha sido
devidamente chamado [Hb 5.4]; então, que responda ao chamado, isto é, empreenda e desempenhe
as funções a si conferidas”.
No dizer de Calvino há um duplo chamado ministerial: a vocação interior e a exterior. A
interior é de fato “bom testemunho de nosso coração, de que recebamos o ofício outorgado não
por ambição, nem por avareza, nem por qualquer outra cobiça, mas por sincero temor de Deus e
zelo pela edificação da Igreja”. Esse chamado é provem de Deus e somente dele e nunca dos
homens. A vocação exterior é a que diz respeito à ordem pública da igreja. Essa diz respeito à
eleição de Presbíteros, diáconos e outros ministérios, de modo que, após serem chamados por
Deus, são confirmados através da eleição da igreja. Para Calvino “só devem ser eleitos os que
professam a sã doutrina e vivem vida santa, que não foram manchados por nenhum vício notório
que os faça desprezíveis e seja causa de afronta para o
Ninguém deve assumir
ministério”.
qualquer ofício sem que seja
Finalmente os chamados pelo Senhor, confirmados chamado pelo SENHOR.
pela igreja, são empossados no ministério através da
imposição de mãos. No caso dos presbíteros pelos presbíteros, e os pastores pelos demais
ministros. Porém só se deve participar deste rito de ordenação ministros que já foram ordenados.
Um dos maiores legados do Calvinismo à cultura ocidental é uma nova atitude em relação
ao trabalho. Para Calvino o trabalho do homem é uma vocação de Deus. E está longe de ser
meramente um meio inevitável e um tanto tedioso de se obter as necessidades básicas da
existência, é das mais louváveis atividades humanas, pois, o trabalho é uma “bênção de Deus”, e
verdadeiramente respeitado e importante ante os olhos.
Ser “chamado” por Deus não implica em se afastar do mundo, mas exige engajamento
crítico em cada esfera da vida secular. O trabalho é entendido, assim, como uma atividade
profundamente espiritual, um labor socialmente benéfico. A transformação do status do trabalho
de uma atividade desagradável e degradante a ser evitada, se possível, para um meio honrado e
glorioso de afirmar a Deus e ao mundo que ele criou, é,
A vocação profissional deve
ser espiritual e com o pois, uma das mais importantes contribuições do
propósito de servir ao próximo Calvinismo à cultura ocidental.
Segundo Calvino em criando o homem, Deus o chama
a trabalhar. E que o trabalho é um dos elementos da vocação humana, e, que cada um é chamado
para um trabalho especifico e que deve desempenhá-lo com todo o entusiasmo e satisfação. E ele
acrescenta dizendo: “Criados foram os homens para fazer algo e ... Deus a cada um propicia
algum encargo e exercício para que não fiquem ociosos”.
Sendo assim para compreender a vontade de Deus é preciso primeiramente escolher uma
profissão em função do serviço a prestar e não do ganho a obter. A vocação profissional deve ser
espiritual e com o propósito de servir ao próximo. Para Calvino o uso da arte e da profissão
redunde no proveito comum de todos.
Por fim todos somos vocacionados ao trabalho. As Escrituras nos ensinam que Deus nos
criou para o trabalho e que ele faz parte do propósito de Deus para nós. Sabemos que no
cumprimento de nossa vocação estamos servindo primeiramente a Deus. Por isso devemos
responder ao chamado de Deus e o fazermos unicamente para sua glória. O Apostolo Paulo nos
ensina que: "E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor
Jesus, dando por ele graças a Deus...”. (Cl. 3.17,22-4.1)
CONCLUSÃO
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Sem. Wilson Roberto do Nascimento
4 ump/ipc
outubro 2019
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Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, para que ele pudesse conhecê-lo e
vivesse para o louvor da sua glória. Essa é a verdade de nosso catecismo quando diz “o fim
supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. A queda do homem o
tornou depravado e deformou a imago Dei de Deus presente no homem.
Porém, Deus por seu soberano poder e motivado unicamente por sua graça, antes da
fundação do mundo, chamou aqueles que são seus para adoção de filhos, e para fazerem parte da
sua família. Esta vocação eficaz é limitada somente aos eleitos.
Além de chamar eficazmente para a vida eterna Deus também nos chama para o ministério,
e na cosmovisão calvinista todos fomos vocacionados por Deus para um ministério especifico.
Somos chamados para servir a Deus e a sua igreja com os nossos dons e talentos e devemos
obedecer ao seu chamado e servi-lo, com o único propósito de glorificar o seu nome.
E uma vez salvos e inseridos na família de Deus ele nos chama para cumprir o seu mandato
cultural. Somos chamados para cuidar do mundo que vivemos e uns dos outros. Na visão
calvinista o trabalho é bênção de Deus e a vocação profissional deve ter uma motivação espiritual
e com o propósito de servir ao próximo. Por essa razão o eleito deve ser ético, e justo no seu
trabalho secular, refletindo a imagem do criador em suas vidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Ricardo. A Espiritualidade, O Evangelho e A Igreja. Editora Ultimato. São Paulo, SP. 2013
JR, Cornelius Plantinga. O Crente no Mundo de Deus. Editora Cultura Cristã. São Paulo, SP. 2008
VAN TIL, Henry R. O Conceito Calvinista de Cultura. Editora Cultura Cristã. São Paulo, SP. 2010
MCGRATH, Alister E. O Pensamento da Reforma. Editora Cultura Cristã. São Paulo, SP. 2014
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