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12/08/2016 Como se escreve: Decolonial ou Descolonial?

Rodrigo Freese Gonzatto


Pesquisador em Design de Interação

Como se escreve: Decolonial ou 19 ago ’15


Descolonial?
Por Rodrigo Gonzatto.
Em Blog, Fichamentos.

Estive estudando sobre modenidade e Assuntos Decolonial.

colonialidade, e fiquei intrigado com a questão da Endereço do link

utilização dos termos “decolonial e “descolonial” e permanente.

fui buscar se havia alguma diferença. Encontrei o 0 Comments

seguinte:

BALLESTRIN, Luciana. Entrevista de Luciana


Ballestrin concedida ao site IHU On-Line:

“Por sua vez, a expressão “decolonial” não pode ser


confundida com “descolonização”. Em termos históricos
e temporais, esta última indica uma superação do
colonialismo; por seu turno, a ideia de decolonialidade
indica exatamente o contrário e procura transcender a
colonialidade, a face obscura da modernidade, que
permanece operando ainda nos dias de hoje em um
padrão mundial de poder.
Trata-se de uma elaboração cunhada pelo grupo
Modernidade/Colonialidade nos anos 2000 e que
pretende inserir a América Latina de uma forma mais
radical e posicionada no debate pós-colonial, muitas
vezes criticado por um excesso de culturalismo e
mesmo eurocentrismo devido à influência pós-estrutural
e pós-moderna.”

COLAÇO, Thais Luzia. Novas Perspectivas para a


Antropologia Jurídica na América Latina: o Direito e o
Pensamento Decolonial. Florianópolis : Fundação Boiteux,
2012. Disponível em <
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/99625/VD-
Novas-Perspectivas-FINAL-02-08-2012.pdf?
sequence=1&isAllowed=y >
p.7-8 (nota de rodapé)
“Preferimos utilizar o termo “decolonial” e não
“descolonial”. O conceito em inglês é decoloniality;
sobre esse termo existe um consenso entre os autores
http://www.gonzatto.com/decolonial-ou-descolonial/ 1/5
12/08/2016 Como se escreve: Decolonial ou Descolonial?

vinculados a essa perspectiva de estudo. Já com


relação à tradução para espanhol e português não há
uma posição unânime. Entretanto, preferimos o termo
decolonial, pelos mesmos motivos que Walsh (2009, p.
15-16). A autora prefere utilizar o termo “decolonial”,
suprimindo o “s” para marcar uma distinção com o
significado de descolonizar em seu sentido clássico.
Deste modo quer salientar que a intenção não é
desfazer o colonial ou revertê-lo, ou seja, superar o
momento colonial pelo momento pós-colonial. A
intenção é provocar um posicionamento contínuo de
transgredir e insurgir. O decolonial implica, portanto, uma
luta contínua.”

WALSH, Catherine. Interculturalidad, Estado,


Sociedad: Luchas (de)coloniales de nuestra época.
Universidad Andina Simón Bolivar, Ediciones Abya-Yala,:
Quito, 2009. Disponível em <
http://www.flacsoandes.edu.ec/interculturalidad/wp-
content/uploads/2012/01/Interculturalidad-estado-y-
sociedad.pdf >
p.14-15 (nota de rodapé)
“Suprimir la “s” y nombrar “decolonial” no es promover
un anglicismo. Por el contrario, es marcar una distinción
con el significado en castellano del “des”. No
pretendemos simplemente desarmar, deshacer o
revertir lo colonial; es decir, pasar de un momento
colonial a un no colonial, como que fuera posible que
sus patrones y huellas desistan de existir. La intención,
más bien, esseñalar y provocar un posicionamiento –una
postura y actitud continua– de transgredir, intervenir, in-
surgir e incidir. Lo decolonial denota, entonces, un
camino de lucha continuo en el cual podemos identificar,
visibilizar y alentar “lugares” de exterioridad y
construcciones alternativas.”

Do site CECIES “PROYECTO: DICCIONARIO DEL


PENSAMIENTO ALTERNATIVO II.
Artigo: PENSAMIENTO
DESCOLONIAL/DECOLONIAL[1]. Disponível em <
http://www.cecies.org/articulo.asp?”id=285 >
“Se aceptan por lo general las dos anotaciones. En las
publicaciones argentinas ha prevalecido el uso de
“descolonial” mientras que en el resto de lo usual es
encontrar el galicismo “decolonial”.”

CASTILHO. Natalia Martinuzzi. Pensamento descolonial


e teoria crítica dos direitos humanos na América
Latina: um diálogo a partir da obra de Joauín Herrrera
Flores. (Dissertação). São Leopoldo: Universidade do
Vale do Rio dos Sinos, 2013. Disponível em <
http://biblioteca.asav.org.br/vinculos/00000A/00000A6C.pdf
>
p.12-13 (nota de rodapé)
“A opção pelo termo “descolonial” e não “decolonial” no
http://www.gonzatto.com/decolonial-ou-descolonial/ 2/5
12/08/2016 Como se escreve: Decolonial ou Descolonial?

decorrer da pesquisa decorre não só de uma opção


terminológica mas reflete uma escolha teórica e política
da autora no que tange ao conteúdo político e
epistemológico da discussão que envolve a utilização de
um termo ou de outro no bojo desse campo de estudo.
Para os autores que sustentam a necessidade de
utilização da expressão “decolonial”, como Catherine
Walsh, o prefixo “des” indicaria que os objetivos dessa
corrente estariam sintetizados somente por meio da
superação do colonialismo. Entretanto, no sentido
político e estratégico, reconhece-se que a utilização do
termo “descolonial” é mais utilizada nos artigos
científicos traduzidos para o português de autores que
utilizam a expressão “descolonização” não como
simples superação do colonialismo, mas como síntese
de uma ferramenta política, epistemológica e social de
construção de instituições e relações sociais realmente
pautadas pela superação das opressões e das
estruturas que conformam uma geopolítica mundial
extremamente desigual. Considera-se a utilização do
prefixo “des” como estratégica porque, dada a
baixíssima utilização desses autores e desse campo de
estudo no campo jurídico, é necessário considerar de
que maneira tais autores vem sendo traduzidos para a
língua portuguesa. Apesar dessa ressalva estratégica,
destaca-se que o debate em torno da “decolonialidade”
ou “descolonialidade” é extremamente relevante e deve
ser introduzido e aprofundado conforme as ideias e
discussões vão se tornado mais presentes para a
literatura jurídica brasileira.”

RESENDE, Ana Catarina Zema de. Direitos e Autonomia


Indígena no Brasil (1960 – 2010): uma análise histórica
à luz da teoria do sistema-mundo e do pensamento
decolonial. (tese). Brasília: UnB, 2014. Disponível em
< http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17769/1/2014_AnaCatarinaZemaDeResende.pdf
>
p.52-53 (nota de rodapé)
“Eduardo Restrepo e Axel Rojas explicam que, da
mesma forma que é preciso fazer uma distinção
analítica entre colonialismo e colonialidade, não se deve
também confundir descolonização com decolonialidade.
Por descolonização entende-se o processo de
superação do colonialismo, geralmente associado às
lutas anticoloniais no marco dos Estados que resultaram
na independência política das antigas colônias. A
decolonialidade refere-se ao processo que busca
transcender historicamente a colonialidade e, de acordo
com estes autores, supõe um projeto com um projeto
mais profundo e uma tarefa urgente para o nosso
presente de subversão do padrão de poder colonial
(2010, p. 16 – 17). Nesta tese, adota-se a expressão
descolonização (em itálico) no sentido de
decolonialidade, pois é a expressão usada pelo
movimento indígena de alguns países da América Latina
http://www.gonzatto.com/decolonial-ou-descolonial/ 3/5
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e que aparece na Constituição Política do Estado


Plurinacional da Bolívia de 2009. Para se referir ao
processo histórico de independência dos países
Latinoamericanos que teve início no final do século
XVIII e na África e Ásia ao longo do século XX, usamos
o termo descolonização sem o itálico. “

MARTINS, Paulo Henrique. O ensaio sobre o dom de


Marcel Mauss: um texto pioneiro da crítica
decolonial. In: Sociologias, Porto Alegre , v. 16, n. 36,
p. 22-41, Aug. 2014 .. Disponível em
< http://www.scielo.br/pdf/soc/v16n36/1517-4522-soc-16-
36-0022.pdf >.
p.23 (nota de rodapé n.2):
“O termo decolonial não é unânime. Por exemplo,
Dipesh Chakrabarty et al (2007, p. 3) o consideram
ambíguo, porque exigiria, segundo eles, uma libertação
completa do colonialismo. Eles preferem falar de
hybridizing encounter. Alain Caillé observa que muitas
dessas críticas são negativas, sem fornecer
oportunidades para a reconciliação (Caillé, 2010, p. 51).
De nossa parte, acreditamos que essas críticas são
legítimas. O desafio central não é romper com a
sociologia moderna, mas libertar o que foi reprimido
pela colonização. Parece justo dizer que o pensamento
decolonial é a tarefa de desconstrução do poder e do
conhecimento, seguido da reconstrução e/ou do
surgimento de outras formas de poder e conhecimento.”

—-
E, em outra discussão, um comentário interessante com
relação à ideia de “crítico”, p.26 de:
http://www.unsa.edu.ar/histocat/hamoderna/grosfoguelcastrogomez.pdf
“Presupongo que el pensamiento decolonial es crítico
de por sí, pero crítico en un sentido distinto del que le
dio Immanuel Kant a la palabra y del que, en esa
tradición, retomó Max Horkheimer a través del legado
marxista. “Decolonial” es el concepto que toma el lugar,
en otra genealogía de pensamiento (que es uno de los
objetivos de este artículo), del concepto “crítico” en el
pensamiento moderno de disenso en Europa. Esta
distinción —que motivó precisamente el encuentro en
Duke al que aludiré enseguida— se verá más
claramente en el resto del argumento. El proyecto
decolonial difi ere también del proyecto poscolonial,
aunque, como con el primero, mantiene buenas
relaciones de vecindario. La teoría poscolonial o los
estudios poscoloniales van a caballo entre la teoría
crítica europea proveniente del postestructuralismo
(Foucault, Lacan y Derrida) y las experiencias de la elite
intelectual en las ex-colonias inglesas en Asia y África
del Norte.”

http://www.gonzatto.com/decolonial-ou-descolonial/ 4/5
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com o nome de Spray Mount da3M. a mesma dos achou isso? Não funcionou?
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7 comments • 9 months ago• 1 comment • 9 months ago•
Rodrigo Gonzatto — Olá Fábio! Entendo que são Danielle Moscatelli — Adorei o post! Instigando o
'apenas classificações' se dispensarmos o viés político processo reflexivo. ;)
de toda classificação. Se há classificação, existe …

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