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Protocolo da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos sobre os Direitos das
Mulheres na África, mais conhecido como Protocolo de Maputo, é um instrumento internacional
de direitos humanos estabelecido pela União Africana que entrou em vigor em 2005.
Garante direitos às mulheres, incluindo a participação de processos político, a igualdade social e
política com os homens, a maior autonomia em suas decisões de saúde reprodutiva e o fim
da mutilação genital feminina .[1] Foi adotado pela União Africana em Maputo, Moçambique em 2003
sob a forma de um protocolo à Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (adotado em
1981, promulgado em 1986).

Origens
Após o reconhecimento de que os direitos das mulheres eram muitas vezes marginalizados no
contexto dos direitos humanos, uma reunião organizada pela Women in Law and Development in
Africa (WiLDAF) em março de 1995, em Lomé, em Tomé, exigiu o desenvolvimento de um
protocolo específico para a Carta dos Direitos Humanos e dos Povos para tratar dos direitos das
mulheres. A assembleia da União Africana mandatou a Comissão Africana dos Direitos Humanos e
dos Povos (CADHP) para desenvolver esse protocolo em sua 31a Sessão Ordinária em junho de
1995, em Adis Abeba .
A primeira versão (produzida por um grupo de especialistas da CADHP, representantes de ONGs
africanas e observadores internacionais, organizado pela CADHP em colaboração com a Comissão
Internacional de Juristas) foi submetida à CADHP em sua 22ª Sessão, em outubro de 1997, e
circulou para comentários a outras ONGs. A revisão em cooperação com as ONGs envolvidas
ocorreu em diferentes sessões de outubro a janeiro. Em abril de 1998, a 23ª sessão da CADHP
aprovou a nomeação de Julienne Ondziel Gnelenga, advogada congolesa, como a primeira relatora
especial de direitos da mulher na África, mandatando-a para trabalhar na adoção do projeto de
protocolo sobre os direitos das mulheres. O Secretariado da OUA recebeu a versão completa em
1999 e, em 2000, em Adis Abeba, o texto foi fundido ao Projeto de Convenção sobre Práticas
Tradicionais em uma sessão conjunta do Comitê Inter-Africano e da CADHP. Após um trabalho
adicional em reuniões e conferências de especialistas em 2001, o processo parou e o protocolo não
foi apresentado na cúpula inaugural da UA em 2002.
No início de 2003, a ONG Equality Now organizou uma conferência de grupos de mulheres, para
organizar uma campanha para pressionar a União Africana a adotar o protocolo, e o texto do
protocolo foi trazido para os padrões internacionais. O lobby foi bem-sucedido, a União Africana
retomou o processo e o documento final foi oficialmente adotado pela cúpula da seção da União
Africana, em 11 de julho de 2003.

Adoção e ratificação
Mapa do processo de ratificação do Protocolo de Maputo
  Assinado e ratificado
  Acedido
  Somente assinado
  Não assinado
  Territórios ultramarinos da Espanha, França, Portugal e Reino Unido, nenhum membro da UA

O protocolo foi adotado pela União Africana em 11 de julho de 2003 em Maputo, Moçambique.[2] Em


25 de novembro de 2005, tendo sido ratificado pelos 15 países membros requeridos da União
Africana, o protocolo entrou em vigor.[3]
Dos 54 países da União Africana, 49 assinaram o protocolo e 37 ratificaram e depositaram o
protocolo.[4] Os estados da UA que não assinaram nem ratificaram o Protocolo são a Botsuana e
o Egito. Os estados que assinaram, mas não ratificaram, são Argélia, Burundi, República Centro-
Africana, Chade, Eritreia, Etiópia, Madagascar, Maurício, Níger, São Tomé e Príncipe, República
Democrática Árabe do Saharaui, Somália, Sudão do Sul, Sudão e Tunísia.

Reservas
No encontro do Maputo, vários países expressaram reservas em relação a items do protocolo.[5]
Tunísia, Sudão, Quênia, Namíbia e África do Sul registraram reservas sobre algumas das cláusulas
relacionadas a casamentos. Egito, Líbia, Sudão, África do Sul e Zâmbia tinham reservas sobre
"separação judicial, divórcio e anulação de casamentos". Burundi, Senegal, Sudão, Ruanda e Líbia
mantiveram reservas com o Artigo 14, referente ao "direito à saúde e controle da reprodução". A
Líbia expressou reservas sobre um ponto relacionado a conflitos.
Artigos
Os principais artigos são:

 Artigo 2: Eliminação da Discriminação Contra as Mulheres


 Artigo 3: Direito à Dignidade
 Artigo 4: Direitos à Vida, Integridade e Segurança da Pessoa
 Artigo 5: Eliminação de Práticas Nocivas
o Isso se refere à mutilação genital feminina e outras práticas tradicionais que são
prejudiciais às mulheres.
 Artigo 6: Casamento
 Artigo 7: Separação, Divórcio e Anulação do Casamento
 Artigo 8: Acesso à Justiça e Proteção Igual perante a lei
 Artigo 9: Direito à Participação no Processo Político e de Tomada de Decisão
 Artigo 10: Direito à Paz
 Artigo 11: Proteção das Mulheres em Conflitos Armados
 Artigo 12: Direito à Educação e Treinamento
 Artigo 13: Direitos de Bem-estar Econômico e Social
 Artigo 14: Direitos a Saúde e Reprodutivos
 Artigo 15: Direito à Segurança alimentar
 Artigo 16: Direito à Moradia Adequada
 Artigo 17: Direito a um Contexto Cultural Positivo
 Artigo 18: Direito a um Ambiente Saudável e Sustentável
 Artigo 19: Direito ao Desenvolvimento Sustentável
 Artigo 20: Direitos das Viúvas
 Artigo 21: Direito à Herança
 Artigo 22: Proteção Especial da Mulher Idosa
 Artigo 23: Proteção Especial das Mulheres com Deficiência
 Artigo 24: Proteção Especial das Mulheres em Perigo
 Artigo 25: Remédios

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