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Editora Saber Ltda.

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Hélio Fittipaldi A tecnologia avança a passos largos nos dias de hoje
e muitas pessoas estão perdendo o tempo de reação e
de se adequarem aos avanços. Todo dia precisamos rever
nossas posições, pois podemos perder o emprego por
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ficar defasados, ou até o próprio negócio se os produtos
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(ou serviços) ficaram obsoletos.
Editor e Diretor Responsável
Hélio Fittipaldi Com a internet disponibilizando informações, muitos
Conselho Editorial
concorrentes surgem e com melhores preços, assim, Hélio Fittipaldi
Luiz Henrique C. Bernardes; tentamos através de nossas páginas, disseminar o conhe-
Newton C. Braga
cimento tecnológico e o do mercado.
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Carlos C. Tartaglioni;
Diego M. Gomes pessoas que preferem ler na tela dos computadores, dos celulares inteligentes,
Redação dos tablets e, logo, logo, nas televisões das salas de muitos lares.
Rafaela Turiani Por este motivo estamos disponibilizando nosso conteúdo por diversos
Publicidade meios e, aos poucos, os leitores irão definindo quais os seus preferidos para se
Caroline Ferreira;
Marileide de Oliveira manterem atualizados.
Colaboradores Já notamos uma tendência crescente, que é a de ler em papel em determinadas
Alexandre Capelli;
Filipe Pereira; situações e, ao mesmo tempo, quando é preciso uma consulta rápida recorrer
Francisco Bezerra Filho;
Guilherme Kenji Yamamoto; ao meio digital.
Henrique Machado Martins;
Newton C. Braga; Tendo isto em mente e para facilitar as consultas a todos, estamos a partir
Renan Airosa Machado de Azevedo; deste mês de agosto/2013 com o novo portal da Saber Eletrônica e Eletrônica
Wagner Rambo
Total (www.sabereletronica.com.br) apresentando um visual mais claro e bem
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Conheça os principais tipos de de ruído e do demodulador
Associada da:
sensores de temperatura ................ 08 do receptor em FM .......................... 31
Conversor A/D para Joystick ............ 10 Estudo das fontes ressonantes ......... 36
Transmissores ................................... 16 Práticas com o multímetro
Aterramento elétrico eficiente ......... 19 no teste de componentes .............. 40
Características e tendências das Inglês para eletrônicos .................... 46
Associação Nacional das Editoras
de Publicações Técnicas, Dirigidas emissoras de radiodifusão ............ 23 Introdução à tecnologia FPGA .......... 48
e Especializadas Provador de isolamento ................ 27 Perguntas e respostas ....................... 50

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ELETRÔNICA TOTAL - Nº 150 / 2011
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Notícias

Tecnologia propõe nova forma de


interação com as torneiras
Abrir (ou fechar) uma torneira com “Assim, com o uso da eletricidade periódicas nos sensores, o que se traduz
um simples toque em qualquer ponto estática, a tecnologia Proximity reduz em economia para shoppings, hotéis e
da peça. É com isso que a tecnologia drasticamente a incidência de falhas e outras instalações públicas”, explica o
Touch2O®, da Delta Faucet, se diferen- a necessidade de trocas ou calibragens diretor da Delta Faucet, Luiz Lunardelli.
cia das outras torneiras de acionamento
automático.
Essa tecnologia funciona com a
eletricidade estática do contato do
corpo humano ao corpo da peça. Por
isso, evita que cores de roupas ou a
luminosidade do ambiente interfiram no
sistema de funcionamento da torneira.
Além da Touch2O®, a tecnologia
Proximity® equipa linhas de torneiras
automáticas para uso em banheiros
públicos, com uma diferença essencial:
ao invés de utilizar o infravermelho,
como os sensores mais comuns, as
peças detectam a presença das mãos
por meio de eletricidade estática.

Economia de energia é mais eficaz


com o uso de lâmpadas de LED
Quando a situação financeira aperta, rada com outras tecnologias, podendo Desta forma, além de manter a tempera-
todo mundo começa a listar gastos para durar até 10 anos (em média), depen- tura ambiente mais baixa, evita danos a
ver como enxugar o orçamento. Em dendo da intensidade do uso. alguns materiais como estofados, couro e
tempos de dúvidas quanto à inflação, sai Na LLUM | Bronzearte as lâmpadas pisos”, explica Marcelo M. Mizuno, coorde-
na frente quem consegue evitar gastos de LED são produzidas em diversos nador de comunicação da empresa. Sua
desnecessários. No caso da energia tamanhos, podendo ser utilizadas nos longa durabilidade e o fato de não possuir
elétrica, muita gente aprendeu que a mais variados ambientes e lustres. “Um metais pesados em sua composição
substituição das lâmpadas halógenas grande diferencial da lâmpada de LED tornam o LED uma boa opção para quem
pelas fluorescentes traz um ganho sig- é que seu facho de luz é livre de calor. quer uma casa eco-friendly.
nificativo no fim do mês. O que poucos
ainda sabem é que, com as lâmpadas de
LED, a economia pode ser ainda maior.
LED significa Light Emitting Diode,
ou seja, diodo emissor de luz, que é
capaz de converter 80% da energia em
luz, sendo bastante econômica e com
ótima capacidade de iluminar. Outra
grande vantagem é que a lâmpada de
LED é resistente aos impactos e tem
vida útil muito superior quando compa-

4 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Notícias

Robtec traz novas versões


da Impressora 3D Cube
A Robtec traz ao Brasil em parceria CD (Crisp Definition) e HD (High Defi-
com a 3D Systems, a CubeX, impres- nition). O novo sistema de impressão
sora 3D de uso pessoal. 3D da CubeX não utiliza parafusos e
O equipamento chega em três ver- rolamentos, e acompanha um software
sões: a tradicional X, a Duo e a Trio. As amigável para criação de desenhos a
impressoras são portáteis, pequenas, serem materializados.
e são modelos superiores à Cube, “Estamos satisfeitos em oferecer,
lançada em abril pela empresa no país. num curto espaço de tempo, essas
Agora, os usuários aficionados impressoras 3D. Isso significa que,
por tecnologia têm à disposição uma além da popularização do equipamento,
impressora 3D com a maior área de estamos revolucionando a forma de pro-
impressão existente, rapidez no fun- dução e consumo das pessoas. Nossa
cionamento, e com a possibilidade de gama de impressoras 3D é a mais com-
imprimir um único objeto em diferentes pleta do continente latino-americano, já
materiais (plásticos ABS e PLA) e que oferece opções para todos os gostos
cores - são mais de 30 opções, sendo e necessidades, e realmente estamos
possível obter até 4.000 combinações avançando ainda mais no segmento e
para colorir as criações. Ainda, o agregando valor e tecnologia a diversos
equipamento permite imprimir em três setores”, comemora Luiz Fernando Dom-
resoluções: SD (Standart Definition), pieri, diretor geral da Robtec.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 5


Instrumentação

10 NI ELVIS
razões para usar o

Professores podem usar o NI Educational Laboratory Virtual


Instrumentation Suite (NI ELVIS) para ensinar conceitos de pro-
jetos de circuitos, instrumentação, controle, telecomunicações
e teoria de microcontroladores. Com um novo osciloscópio de
100 MS/s no NI ELVIS II+, nunca foi tão fácil explorar compo-
nentes de alta frequência, caracterizar circuitos e investigar
tempos de resposta. Descubra as 10 razões pelas quais você
deve adotar o NI ELVIS, a plataforma educacional líder para sala
de aula ou laboratório.

Guilherme Kenji Yamamoto


Renan Airosa Machado de Azevedo
National Instruments

Componentes da plataforma 12 Instrumentos integrados Desenvolvido em LabVIEW


NI Electronics Education O NI ELVIS inclui 12 dos instru- Os instrumentos do NI ELVIS são
O NI ELVIS é o componente primário mentos mais utilizados em laboratório, baseados no ambiente gráfico de desen-
da plataforma NI Electronics Educa- dispondo de osciloscópio, multímetro volvimento líder da indústria, NI Lab-
tion juntamente com o NI LabVIEW e digital, gerador de função, alimentação VIEW. Ele traz um diagrama de blocos
NI Multisim, que é a ferramenta-líder variável, analisador de sinal dinâmico gráfico e uma programação baseada
para simulação SPICE e captura de (DSA), analisador de diagrama de em fluxo de dados, que permite realizar
esquemáticos elétricos. A plataforma Bode, analisador de 2 e 3 fios de aplicações personalizadas e medições.
NI Electronics Education pode ajudá- corrente-tensão, gerador de forma de Por exemplo, os instrumentos do NI
-lo a ensinar conceitos de circuitos onda arbitrária, E/S digital e analisador ELVIS podem ser acessados dentro do
elétricos por ser a ponte entre a teoria de impedância em uma única plata- LabVIEW por serem instrumentos virtu-
e o mundo real. Os estudantes podem forma. Esta gama de instrumentos em ais abertos, e os professores podem tirar
simular conceitos teóricos no Multisim, uma plataforma compacta traz para o vantagens deste recurso para criar ins-
prototipar o circuito no NI ELVIS e com- laboratório uma redução de custos tanto trumentos personalizados, assim como
parar o resultado da simulação com o em termos de espaço quanto em termos usar outros recursos de programação
resultado real no LabVIEW e LabVIEW de manutenção. Adicionalmente, os ins- que o LabVIEW oferece para projetar,
Signal Express. Com o NI ELVIS II+ e trumentos do NI ELVIS foram projetados prototipar e depurar sistemas.
o Multisim, aprender sobre circuitos para serem usados com o ambiente de
elétricos torna-se mais interativo com os programação gráfica LabVIEW, permi- Plataforma de
novos recursos como o 3D NI ELVIS e tindo aos professores personalizarem aprendizado à distância
a função para acessar os instrumentos os instrumentos para atender as suas Professores ao redor do mundo têm
do NI ELVIS através do Multisim. necessidades específicas. obtido sucesso ao usarem o NI ELVIS

6 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Instrumentação

e o LabVIEW como plataformas de uma linha de placas para a plataforma cessadores ColdFire e transceivers
aprendizado. Com as interfaces remo- do NI ELVIS como a QNET DC-010 de RF. O Kit inclui também o software
tas do LabVIEW, professores podem para controle de motor, a QNET-012 Freescale CodeWarrior que pode
publicar os VIs na internet, permitindo para AVAC (Aquecimento, Ventilação ser usado para programar as MCUs.
o monitoramento e controle online, de e arcondicionado), a QNET-013 para Adicionalmente, como a placa foi
modo que permita o acesso a estudan- decolagem e aterrissagem vertical, feita para o NI ELVIS, os professo-
tes de qualquer lugar e, como resultado a QNET-014 para mecatrônica e a res podem usar os 12 instrumentos
temos a facilidade na demonstração de QNET-011 para controle avançado (com integrados para testar diferentes
conceitos e realização experimentos à pêndulo invertido). Com os VIs inclusos parâmetros, como tensão de opera-
distância. e o plano de aula documentado, os ção, e medir as variáveis, fornecendo
professores agora podem ensinar sis- assim uma experiência completa em
Plataforma de aprendizado temas de controle e usar experimentos projetos, protótipos e implementação
multidisciplinar reais para ensinar conceitos como PID na indústria.
O NI ELVIS é uma plataforma e lugar das raízes.
aberta que dá às empresas-líderes Bioinstrumentação com NI
em áreas como controle, dispositivos Conceitos de ELVIS II+ e NI Multisim
embarcados, eletrônica digital ou telecomunicações com a Bioinstrumentação é um curso
telecomunicações, a possibilidade de Emona Instruments requisitado por todos os estudantes
desenvolverem placas plug-in que os A Emona Instruments usa a abor- de engenharia biomédica, e possui
professores podem usar para ensinar dagem de diagrama de blocos para como foco ensinar a teoria, o projeto
conceitos. Estas placas plug-in do NI ensinar conceitos de telecomunicações e a prototipagem de circuitos elétri-
ELVIS e o software LabVIEW possibili- e fibra óptica. O DATEx - telecommu- cos, além de como trabalhar com
tam o aprendizado em uma plataforma nications trainer - é o módulo para o sensores e instrumentos de medição.
de engenharia multidisciplinar. Os NI ELVIS e fornece aos professores O NI ELVIS II+ e a integração com o
professores podem usar o NI ELVIS uma plataforma para ensinar conceitos Multisim, inclui recursos como o 3D
para ensinar conceitos como circuitos básicos de telecomunicações. Com o NI ELVIS II e instrumentos simulados/
elétricos, medição, instrumentação, DATEx, os estudantes podem construir reais no Multisim, o que converge
controle, telecomunicações e projetos sistemas de comunicações em har- para uma plataforma ideal no ensino
embarcados para diferentes discipli- dware ligando blocos de circuitos atra- de bioinstrumentação. O manual do
nas, incluindo elétrica, computação, vés de cabos de interconexão. A FOTEx curso para bioinstrumentação inclui
biomedicina, mecânica, aeroespacial oferece uma abordagem similar para o tópicos de projetos de circuitos e
e física. estudo de fibras ópticas, transmissão e instrumentação, e pode ser perso-
perda de sinal. nalizado para atender planos de aula
Dezenas de programas de Após construir o circuito, os estudan- individuais.
ensino documentados e tes podem aplicar a geração de sinal e
fornecidos gratuitamente as funções de medição do LabVIEW, jun- Conclusão
Com um plano de aula pré-escrito tamente com a plataforma do NI ELVIS A plataforma NI ELVIS pode ser
por universidades ao redor do mundo e para explorar o sistema. Os kits DATEx usada em uma ampla faixa de apli-
disponível para download, começar a e FOTEx incluem aulas pré-escritas que cações e disciplinas, aumentando os
utilizar o NI ELVIS é muito simples. Os ajudam os estudantes a compreenderem recursos do seu laboratório por meio
professores também podem mudar os estes tópicos complexos. das placas plug-in, possibilitando ir do
requisitos para atender as suas neces- projeto de circuitos eletrônicos para o
sidades e elaborar os seus próprios Conceitos de MCU/Embedded ensino de conceitos de telecomunica-
exercícios, e usar a comunidade NI com o Freescale ções, microcontroladores, sistemas
para compartilhar com outros professo- Microcontroladores e sistemas embarcados, simulação e controle
res. Junto com cada currículo, existem embarcados estão se tornando cada avançado, entre outros. Você também
apostilas e VIs de exemplo. vez mais comuns na indústria. Os pode otimizar o uso dos laboratórios
professores podem utilizar a placa da por meio da padronização, economia
Conceitos para projeto de Freescale MCU com NI ELVIS para de espaço e custo de manutenção,
controle com a Quanser ensinar os estudantes a projetarem e além de possibilitar o compartilha-
Professores podem usar o NI ELVIS testarem microcontroladores. A placa mento das aulas entre as diversas
para ensinar conceitos de controle e plug-in inclui um USB HCS12(x)/ disciplinas, de uma maneira fácil,
simulação, usando para isso as diferen- HCS08. Os módulos da Freescale sendo apenas necessário alterar as
tes placas criadas pela Quanser, líder que os professores podem conectar placas plug-in. Isto é possível com a
em sistemas de projetos de controle vol- na placa, incluem os MCUs da família plataforma de projeto e prototipagem
tados para o ensino. A Quanser oferece HCSO8, HCS12/HCS12x/DSP, pro- NI ELVIS. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 7


Instrumentação

Conheça os principais tipos de


Sensores de Temperatura
aplicados na indústria
A temperatura é uma Termopar Termistor
medida da energia cinética Os termopares são os sensores de Um termistor é um pedaço de semi-
temperatura mais comumente usados condutor feito de óxidos metálicos que
existente em uma amos- porque eles são relativamente baratos, são pressionados em uma pequena
tra de material, expressa além de serem sensores precisos que gota, disco, wafer, ou outra forma
em unidades de graus em podem operar sobre uma larga faixa sinterizada para medir altas tempera-
uma escala padrão. Você de temperatura. Um termopar é criado turas. Por último, eles são revestidos
pode medir temperatura de quando dois metais diferentes se tocam com epóxi ou vidro. Como ocorre com
muitas formas diferentes, e o ponto de contato produz uma os RTDs, você pode passar uma cor-
pequena tensão de circuito aberto como rente através de um termistor para ler
que variam em custo do uma função da temperatura. Você pode a tensão sobre ele e determinar sua
equipamento e precisão. Os usar esta tensão termoelétrica, conhe- temperatura. No entanto, diferente-
modelos mais comuns de cida como tensão de Seebeck, para mente dos RTDs, os termistores têm
sensores são os termopares, calcular a temperatura. Para pequenas uma resistência maior (2.000 a 10.000
os RTDs, e os termistores. mudanças na temperatura, a tensão á Ω) e uma sensibilidade muito maior
aproximadamente linear. (~200 Ω/°C), permitindo-lhe alcançarem
Você pode escolher diferentes tipos maiores sensibilidades sem limitação
de termopar designados por letras de faixa de temperatura (até 300 °C).
Guilherme Kenji Yamamoto maiúsculas que indicam suas compo- Atente para a figura 3.
Renan Airosa Machado de Azevedo sições de acordo com as convenções
National Instruments
do American National Standards Insti- Projetando o melhor sistema
tute (ANSI). Os tipos mais comuns de de medição para sensores de
termopar incluem B, E, K, N, R, S, e T. temperatura
Veja a figura 1. O condicionamento de sinal é
necessário para fazer medições de
RTD temperatura precisas e confiáveis. Ao
Um RTD de platina é um dispositivo projetar um correto sistema de medição
feito de bobinas (ou filmes) de metal, para seu sensor de temperatura, você
normalmente platina. Quando aquecido, deve considerar amplificação, isola-
a resistência do metal aumenta; quando mento, filtragem, excitação, precisão,
resfriado, a resistência diminui. Passar resolução, e compensação de junta
corrente através de um RTD gera uma fria (CJC).
tensão sobre ele. Medindo esta tensão,
você pode determinar sua resistência Amplificação
e, então, sua temperatura. A relação Sinais de saída dos sensores de
entre resistência e temperatura é rela- temperatura estão tipicamente na faixa
tivamente linear. Tipicamente, os RTDs de milivolts, então você deve amplificar
têm uma resistência de 100 Ω a 0 °C e o sinal e tomar cuidado para prevenir
podem medir temperaturas até 850 °C. ruído no seu sistema de medição. Esco-
Observe a figura 2. lha um ganho que otimize os limites de

8 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Instrumentação

entrada do conversor analógico para rar dramaticamente a precisão de medi-


digital (ADC) no seu hardware. Para ções de termopar; RTDs e termistores
melhorar o desempenho de ruído do são conhecidos por produzir leituras
seu sistema, você pode amplificar as mais precisas. Além das considerações
tensões de baixo nível próximo à fonte do sensor, você deve comparar a pre-
de tensão ou ponto de medição. cisão e resolução requerida para sua
aplicação ao hardware de aquisição de
Isolamento dados e condicionamento de sinais que
Os termopares sendo montados ou você selecionou.
soldados diretamente em um material
condutor, como aço ou água, introdu- Compensação de
zem outra fonte de ruído. Esta confi- Junta Fria (CJC)
guração faz os termopares particular- CJC é uma tecnologia necessária
mente suscetíveis a tensão de modo para medições precisas de termopares.
comum e malhas de terra. O isolamento Uma tensão é gerada na conexão entre
ajuda a prevenir malhas de terra e pode o termopar e o terminal do dispositivo
aumentar dramaticamente a rejeição de aquisição de dados. A CJC melhora
da tensão de modo comum. Com o a precisão da sua medição, fornecendo
material condutor que tem uma tensão a temperatura nesta junção e aplicando
de modo comum maior, o isolamento é a correção apropriada. Entender como
necessário porque amplificadores não trabalha a CJC é importante porque o
isolados não podem medir sinais com erro introduzido pelo seu sensor de CJC
tensões de modo comum grandes. compõe qualquer outro erro já existente
em sua medição. Quando calcular a
Filtragem precisão do sistema, lembre-se de que
Filtros passabaixas são comumente este erro pode ser significante e deve
usados para efetivamente eliminar ser considerado. T
ruído de alta frequência em medições
de temperatura. Por exemplo, filtros
passabaixa são úteis para remover o
ruído de 60 Hz da rede elétrica, que é
predominante em muitos laboratórios e
configurações de plantas.

Excitação
Como os RTDs e termistores são
dispositivos resistivos, você deve forne- F1. Termopares são baratos e podem operar
sobre uma grande faixa de temperaturas.
cer uma corrente de excitação e então
ler a tensão sobre seus terminais. Se o
calor extra não puder ser dissipado, o
aquecimento causado pela corrente de
excitação pode aumentar a temperatura
do elemento de detecção acima da tem-
peratura ambiente. O autoaquecimento
realmente muda a resistência do RTD
ou termistor, causando erro na medição. F2. Os RTDs são feitos de bobinas de metal
e podem medir temperaturas até 850 °C.
Você pode minimizar os efeitos do auto-
aquecimento fornecendo uma corrente
de excitação menor.

Precisão e Resolução
Ao escolher o sensor e o hardware
de aquisição de dados certos, você
deve conhecer os requisitos de precisão
e resolução para sua aplicação. Através
de filtragem e amplificação pode melho- F3. Passar corrente através de um termistor
gera uma tensão proporcional à temperatura.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 9


Robótica

Conversor A/D
para Joystick
R
Um projeto de grande obôs móveis autônomos como zido nos modelos mais atuais, o joystick
utilidade aos adeptos de já é de nosso conhecimento, consiste em um dispositivo que apre-
são unidades que apresentam a senta basicamente dois potenciôme-
modelismo e robótica, é capacidade de executar diversas tros, fixos perpendicularmente um em
o que descrevemos neste tarefas sem o auxílio de controles manu- relação ao outro, onde uma alavanca
artigo. Trata-se de um con- ais ou programação prévia. Contudo, mantida na posição central tipicamente
versor analógico/digital para para tornar a unidade robótica mais ver- com auxílio de molas, é movimentada
ser utilizado em sistemas sátil, pode-se implementar um sistema para cima e para baixo movendo o eixo
de radiocontrole ou mesmo radio- controlado, alternando assim os do primeiro potenciômetro; ou para
modos de operação da mesma. esquerda e para direita movendo o eixo
sistemas controlados dire- Para um robô móvel controlado do segundo potenciômetro.
tamente por fios, principal- remotamente, o controle de direção Os potenciômetros utilizados em
mente aos que dizem respei- é indubitavelmente uma das partes joysticks são muito semelhantes aos
to ao controle de direção de mais críticas, sendo este geralmente comumente aplicados na indústria ele-
dispositivos de modelismo implementado pelo projetista utilizando trônica, com a diferença de que variam
(carros, barcos, aviões, etc) quatro chaves (tácteis normalmente linearmente da resistência mínima (apro-
abertas, por exemplo), que represen- ximadamente 0 Ω) para a máxima (100
e robôs móveis. tam os respectivos comandos: frente, kΩ tipicamente) em um curto ângulo de
direita, esquerda, ré. Entretanto, estas movimento. São construídos assim para
chaves apresentam como principais que a alavanca utilizada no joystick não
desvantagens o desgaste natural de precise ser movimentada em um ângulo
Wagner Rambo seus contatos mecânicos e o fato de superior a 130° para percorrer toda faixa
Diretor da WR Kits tornarem menos ágil ao operador a de resistência de seus potenciômetros.
alternância de direções do robô. Se fossem empregados potenciômetros
O conversor A/D desenvolvido pela convencionais, cujo ângulo necessário
WR Kits contorna estes problemas cau- para percorrer toda faixa de resistência
sados pelas chaves de contatos sim- é de aproximadamente 270°, não seria
ples, substituindo-as por um joystick. Na possível realizar isto com um movimento
figura 1, pode-se observar um exemplo suave de alavanca.
de joystick que poderá ser utilizado
neste projeto. Este modelo de exemplo
traz ainda como recurso uma chave
táctil extra, que é acionada quando se
pressiona a pequena alavanca.
Naturalmente, há modelos de diver-
sos tamanhos e formatos. Quaisquer
tipos de joystick podem ser aplicados
a este projeto.

Características de um
controle com joystick
Largamente utilizado nos controles
dos primeiros videogames e reintrodu- F1. Exemplo de joystick que
pode ser empregado.

10 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Robótica

Um joystick facilita muito mais o con-


trole de navegação de um robô móvel
dando mais agilidade à troca de dire-
ção do mesmo, apresentando ainda a
vantagem de possuir um desgaste bem
inferior se comparado com as chaves
de contato simples. A desvantagem
de um joystick é que, para aplicá-lo ao
codificador de um sistema de radiocon- F2. Diagrama em blocos básico do
transmissor do radiocontrole.
trole ou utilizá-lo no controle direto com
fios da unidade comandada, o mesmo
necessita de um conversor A/D justa-
mente para converter suas grandezas
analógicas (oriundas da linearidade
dos potenciômetros) nos bits discretos
que serão aplicados já na entrada do
codificador (ou do driver quando um
controle de fios for implementado).
Na figura 2 apresentamos o dia-
grama de blocos básico para um
transmissor de radiocontrole com estas
características.
Na figura 3, outro diagrama de
blocos básico: para um controle idea-
lizado com fios ligados diretamente ao F3. Diagrama em blocos básico
de um controle com fios.
driver da unidade comandada.

O Circuito
Empregando-se um microcontrola-
dor de baixo custo facilmente encon-
trado no mercado nacional e mais
uns poucos componentes periféricos,
desenvolveu-se o circuito conversor
A/D para joystick. O microcontrolador
utilizado é o conhecido PIC 12F675, de
8 bits, que apresenta um conversor A/D
com 4 canais (AN0 a AN3) e um F4. Descrição dos pinos
do PIC 12F675.
oscilador interno de 4 MHz com boa
precisão. Existe a possibilidade de se
utilizar um oscilador externo de até 20 trolador para implementar este circuito a dois microcontroladores PIC 12F675
MHz com este dispositivo. fim de simplificar o mesmo ao máximo devido ao mesmo não apresentar
Na figura 4 pode-se observar os e, principalmente, pela versatilidade saídas digitais suficientes para imple-
pinos do PIC 12F675, fornecidos no que sua programação integra ao sis- mentar os 4 bits do controle de direção
datasheet do fabricante. tema, visto que, com um simples ajuste (o pino GP3 pode apenas ser progra-
Como se pode ver, este componente no código-fonte, já se pode alterar o mado como entrada digital, observe a
apresenta alimentação VDD no pino 1, ângulo de atuação do joystick sem que seta em uma única direção na figura 4).
e o VSS (terra do circuito) no pino 8. o hardware tenha de ser modificado, De acordo com o circuito da figura
Os pinos GP0, GP1, GP2, GP4 e GP5 característica muito útil visto que há 5, os potenciômetros do joystick estão
podem ser programados tanto como modelos diversificados de joysticks. representados individualmente no dia-
entrada quanto como saída digital Mas adiante, no artigo, explanaremos grama, sendo que o primeiro tem seu ter-
(observar as setas apontando para sobre o assunto. minal central conectado ao pino AN0 do
ambas as direções). O pino GP3 pode O diagrama esquemático completo primeiro microcontrolador; e o segundo
ser programado apenas como entrada do Conversor A/D pode ser visualizado tem o pino central conectado à mesma
digital e é também o pino de RESET do na figura 5. entrada no CI U2. Estes potenciôme-
circuito integrado. Como se pode observar nesse dia- tros atuam como divisores de tensão,
Optou-se pelo uso de um microcon- grama, foi necessária a utilização de variando a tensão de alimentação da

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 11


Robótica

F5. Diagrama esquemático


do Conversor A/D.

fonte de 0 a 5 V, sendo esta a grandeza


Box 1. Código-fonte para o Conversor A/D. analógica “lida” pelo pino do PIC. Os
pinos 2 e 3 (respectivamente GP5 e
int leitura //variável do tipo inteiro que armazena o valor da GP4) de ambos os CIs foram programa-
// grandeza analógica
das via software como saídas digitais.
void main () Os resistores R1 a R4 (todos com valor
{ de 10 kΩ) têm a função de manter estas
saídas em nível lógico baixo, isto é, são
ANSEL = 0x13; //Configura os pinos GP4 e PG5 como digitais resistores de pull-down.
CMCON = 7; //Desabilita os comparadores AD
adcon0 = 0b00000001 //Ativa o pino AN0 para utilizar seu canal AD Porém, quando a tensão lida pela
entrada analógica AN0 aproxima-se
TRISIO0_bit = 1; //pino GP0 configurado como entrada dos 5 V, a saída GP4 vai a nível high e,
TRISIO4_bit = 0; //pino GP4 configurado como saída quando a mesma tensão aproxima-se
TRISIO5_bit = 0; //pino GP5 configurado como saída de 0 V, é a saída GP5 que vai a nível
GPIO = 0; //Inicia GPIO em low high. Esta mesma análise vale para
ambos os microcontroladores utiliza-
while(1) //Laço infinito dos. Como será visto mais a frente, a
{ lógica principal de funcionamento deste
leitura = ADC_Read(0); //Armazena a grandeza analógica na variável leitura circuito foi implementada via software.
if(leitura>900) GPIO.f4 = 1; //Se leitura maior que 900, GP4 será high
else GPIO.f4 = 0; //Senão, GP4 será low Os diodos de uso geral D 1 a D4
if(leitura<123) GPIO.f5 = 1; //Se leitura menor que 123, GP5 será high apresentam a importante função de
else GPIO.f5 = 0; //Senão, GP5 será low fazer com que o sinal de cada saída
seja totalmente independente, não inter-

12 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Robótica

F6. Layout do Con- F7. Layout do Conversor A/D, F8. Layout do Conversor A/D,
versor A/D. trilhas do circuito impresso. máscara dos componentes.

ferindo umas nas outras pois, depen- placa de circuito impresso (oriente-se Para melhor visualização do projeto,
dendo do circuito codificador utilizado pelos chanfros), e também para posição apresentamos na figura 9 a imagem
no radiocontrole, poderiam ocorrer pro- dos diodos. Os resistores R1 a R4 são de em perspectiva 3D do layout idealizado
blemas como o funcionamento errático 1/8 W e 5% de tolerância. Os capacito- para este circuito.
das funções de comando. res C1 e C2 são de 100 nF e podem ser
Os capacitores C1 e C2 atuam no cerâmicos ou de poliéster. Os diodos O Programa
desacoplamento dos microcontrolado- D1 a D4, são diodos comuns de sinal, Partiremos da suposição de que o
res, em outras palavras, servem como sendo que qualquer equivalente pode leitor já tem o conhecimento necessá-
uma fonte de energia de ação rápida ser utilizado (1N914, por exemplo). É rio para programação e gravação de
junto ao circuito integrado, permitindo aconselhável o uso de soquetes DIL microcontroladores, especialmente os
que ele opere até que a fonte de ali- (dual in line) de 8 pinos para os circuitos da família PIC, portanto não entraremos
mentação principal possa fornecer a integrados, facilitando sua reprograma- nos pormenores sobre esta operação.
corrente que ele necessita, também ção se necessária e evitando aquecê-los Porém, o código-fonte escrito para este
apresentam a função de desviar ruído demais no momento da soldagem. Para projeto será fornecido para que o usu-
de alta frequência de volta para a fonte as interconexões do circuito sempre ário possa fazer os ajustes caso haja
de alimentação. sugerimos o uso de barra de pinos 11,2 necessidade.
mm 180° (padrão mother board), que O PIC 12F675 apresenta regis-
Montagem torna a montagem mais profissional. trador TRISIO, que tem a função de
Na figura 6 apresentamos uma Os potenciômetros do joystick configurar um pino como entrada ou
sugestão de layout para o circuito devem ser conectados nos pontos saída. Atribuindo-se “1” ao registrador,
proposto, onde pode-se observar cla- indicados da placa, observando que as este estará configurado como entrada
ramente a simplicidade da montagem. entradas analógicas (AN) localizam-se (INPUT) e; atribuindo-se “0”, o mesmo
As trilhas de circuito impresso, que na parte superior, isto é, nestes pontos será saída (OUTPUT). Para configurar
deverão ser desenhadas pelo projetista na qual o terminal central dos potenci- a inicialização dos pinos deste PIC
ou transferidas diretamente para a placa ômetros deve ser ligado. Os terminais (high ou low), utiliza-se o registrador
de fenolite (ou fibra de vidro) pelas técni- laterais podem ser conectados sem a GPIO, diferentemente de PICs maiores
cas de construção de placas (artesanal, preocupação de posição (explicaremos (16F628A, 18F4550, etc.) que utilizam o
silk-screen etc.) são apresentadas na isto no tópico “Prova e Uso”). Joysticks registrador PORT para a mesma função.
figura 7. Todos os furos pertinentes aos novos já podem ser facilmente adquiri- No box 1 apresentamos o código-
componentes utilizados podem ser de 1 dos no mercado local a preços bastante -fonte escrito para este projeto, rica-
mm. Para os furos de fixação da placa, acessíveis. Mas, fica a dica que os mente comentado para facilitar sua
utilize broca de 3,5 mm. mesmos podem ser reaproveitados de compreensão. A linguagem de progra-
Na figura 8 pode-se observar a controles de videogame fora de uso. mação utilizada foi a C e o compilador
máscara dos componentes presentes Outro local que o projetista pode pro- empregado para criação do código foi
no circuito, com suas respectivas refe- curar é nas empresas que trabalham o MikroC Pro For PIC, que consiste em
rências para melhor orientação. na manutenção de videogames, que um software livre para códigos até 2 kB.
Deve-se tomar cuidado com o posi- frequentemente apresentam controles Inicia-se o programa com a decla-
cionamento dos microcontroladores na velhos em sua sucata. ração de uma variável do tipo inteiro

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 13


Robótica

decimal da variável leitura for menor


que 123, o pino GP5 é que estará em
high. Os laços “else” complementam a
condição “if”, informando que se esta
condição for falsa, então o respectivo
pino estará em low.
Alhures, neste artigo, salientamos
que o usuário poderá ajustar facil-
mente a sensibilidade de seu joystick
realizando uma simples alteração no
software. Estes valores decimais de
900 e de 123 não foram obtidos por
acaso. O que ocorre é que no data-
sheet do fabricante do PIC 12F675, no
tópico “Módulo Conversor Analógico
para Digital” (Analog-to-Digital Con-
F9. Layout do Conversor verter module) está especificado que o
A/D em perspectiva.
microcontrolador apresenta 10 bits de
resolução. Isto significa que em decimal
temos: 210 = 1024
Em suma, a resolução de nosso
módulo conversor A/D em decimal pode
ser representada nos valores de 0 a 1023
(porque o zero também entra na conta-
gem). Portanto, utilizou-se estes dois
extremos como referência para o ajuste
de nosso joystick, concluindo-se que o
menor valor seria igual a 123 e o maior
seria portanto 900 (1023 − 123 = 900).
Vale destacar que os extremos
devem ser simétricos entre si, prefe-
rencialmente. Por exemplo, se o menor
valor para o seu joystick for de 300, então
o maior deverá ser 723 (1023 − 300 =
723), e assim sucessivamente. Os limites
superior e inferior desta resolução de
F10. Sugestão de teste 1024 devem ser obtidos de forma empí-
para Conversor A/D.
rica, como pode ser observado.
Compilando-se o código para gerar
chamada de “leitura” para armazenar Optou-se por iniciar todo GPIO em low o arquivo “.hex” referente ao mesmo,
o valor da grandeza analógica “lida” com o comando “GPIO = 0;”. basta gravá-lo nos dois PICs 12F675
pelo pino AN0 do PIC. Já na função Após as configurações iniciais de utilizados (U1 e U2) com o gravador de
“main” configura-se os pinos GP4 e nosso dispositivo, entramos no loop infi- sua preferência.
GP5 como digitais, utilizando-se para nito com o comando “while(1);”. Inicial-
isso o comando “ANSEL = 0x13;”. Deve- mente a função ADC_Read(), recebe Prova e Uso
-se desabilitar os comparadores A/D zero como parâmetro. Esta função está Com a montagem finalizada e
do PIC com o comando “CMCON = 7;”. contida na biblioteca do compilador e é minuciosamente verificada para corrigir
Para configurar o bit menos significativo ela que registra os valores analógicos possíveis erros, pode-se alimentar o
AN0 como pino analógico, foi utilizado através de AN0. circuito utilizando para isto uma fonte de
o comando “adcon0 = 0b00000001;” A priori, atribui-se o valor obtido na 5 V, que poderá ser construída a partir
(caso prefira o pino AN1 deve utilizar função ADC_Read(0) à nossa variável de um regulador de tensão LM7805, por
“adcon0 = 0b00000010;”, e assim por “leitura”. Em seguida criam-se dois laços exemplo. Para testar o funcionamento
diante). Depois, no registrador TRISIO de condição “if”. O primeiro diz que se do circuito, o leitor poderá conectar 4
configurou-se paulatinamente os bits o valor decimal de leitura for maior que LEDs comuns de 5 mm com resistor de
utilizados em nosso hardware, GP0 900, o pino GP4 estará em high. O 220 Ω à saída do conversor A/D, como
como entrada; GP4 e GP5 como saída. segundo, por sua vez, diz que se o valor sugere a figura 10.

14 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Robótica

Atue no joystick para cima e verifique a high), altere os valores decimais no Lista de Materiais
qual LED irá acender. Após isso, mova código-fonte, diminuindo o limite infe- Circuitos Integrados:
a alavanca para baixo verificando que o rior e aumentando o limite superior. U1 e U2 - Microcontrolador PIC 12F675
primeiro LED se apaga e acenderá um Se a atuação do mesmo estiver lenta
segundo LED. Efetue o mesmo procedi- demais, basta aumentar o limite inferior Semicondutores
mento para as posições direita e esquerda e diminuir o limite superior. D1, D2, D3 e D4 - diodo 1N4148
da alavanca do joystick para observar Tratando-se de um circuito bem
quais LEDs irão acender. Cada posição pequeno, o mesmo pode facilmente ser Capacitores
terá apenas um respectivo LED aceso e, instalado dentro da caixa do controle C1 e C2 - 100 nF / 63V - disco cerâmico
ou poliéster
naturalmente, quando a alavanca estiver utilizado.
na posição central, todos deverão estar
Resistores
apagados. O conversor estará funcio- Conclusão R1, R2, R3 e R4 - 10 kΩ 1/8W 5%
nando perfeitamente desta forma. O circuito aqui proposto viabili-
Conhecidas as respectivas saídas de zou o estudo de noções básicas de Diversos
cada posição, é só conectá-las ao codifi- eletrônica digital, programação de Joystick - ver texto; Barra de pinos 11,2
cador do radiocontrole (ou driver de moto- microcontroladores, hardware e sof- mm (tamanhos diversos); PCI: Placa de
res), respeitando o correto sentido de tware, bem como os princípios de uma circuito impresso (fenolite ou fibra de
vidro); Soquetes DIL de 8 terminais para
navegação (frente, ré, direita, esquerda). conversão A/D. Aproveitou-se estes os circuitos integrados
Alterando a ligação dos potenciômetros elementos para o desenvolvimento de
ao circuito, você altera a saída que a um pequeno circuito de conversão A/D,
posição do joystick leva a nível alto. Isto para ser implementado em sistemas
pode ser feito caso o usuário prefira que radiocontrolados ou com fio. de sensibilidade de controle e durabi-
a saída “1” seja o comando para frente, Como já mencionado, a aplicação lidade dos componentes empregados.
a “2” a ré, e assim por diante. de um joystick a um sistema de nave- Nada impede do usuário utilizar mais
Caso ache que o joystick esteja gação (controle de direção), seja de um conversores como este para outras
atuando muito rápido nas saídas (com robô móvel ou outros dispositivos, traz funções da unidade comandada, que
um simples movimento já leva a saída uma série de vantagens em se tratando não a de navegação.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 15


Soluções

Transmissores:
Ruídos, Espúrios, Parasitas, e Harmônicas
Um dos maiores problemas que ocorrem quando se pretende colocar no ar um transmissor de
construção caseira ou um equipamento não muito bem elaborado, é a produção de sinais que não
correspondem à frequência que se deseja realmente transmitir, os quais podem causar interferên-
cias. Em especial, este problema tem sido enfrentado pelas pequenas emissoras experimentais
de FM, denominadas “comunitárias”, ou mesmo pelas “piratas”, e pode causar sérias interferências,
principalmente em serviços de orientação de aeronaves devido às proximidades das frequências.
Veja neste artigo quais são os principais tipos de sinais indevidos produzidos pelos transmissores,
e algumas ideias para evitá-los.
Newton C. Braga

U
m transmissor que produza uma
onda portadora pura deve emitir
sinais em uma única frequência.
No entanto, quando este trans-
missor é modulado, o sinal modulador
faz com que novas frequências apa-
reçam, ocupando normalmente uma
pequena faixa em torno da frequência
do sinal portador, conforme mostra a
figura 1.
Na prática, porém, os sinais de um
transmissor modulado não ficam res-
tritos apenas a esta faixa estreita, mas
espalham-se pelo espectro podendo F1. Um sinal modulado apresenta bandas late-
rais, ocupando uma certa faixa do espectro.
causar diversos tipos de problemas.

F2. Sinais produzidos


por um transmissor.

16 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Soluções

Na figura 2 temos um gráfico que


mostra o que pode ocorrer com um
transmissor em condições reais de
funcionamento (e que estão longe das
condições ideais).
O sinal principal e de maior ampli-
tude é, naturalmente, a portadora
gerada pelo transmissor.
Em condições normais, toda a
energia do transmissor deveria ser con-
centrada nesta frequência e irradiada.
Contudo, na prática, não é isso o
que acontece. Apenas para simplificar
nossa análise, vamos supor um trans-
missor que deva emitir uma portadora
(sem modulação) e ver que tipos de
sinais indevidos ele vai produzir.

Ruído de fase
Quando um transmissor gera o sinal
que deve transmitir, os componentes
usados no seu circuito não são abso-
lutamente lineares, o que quer dizer
que não temos a produção de um sinal
senoidal perfeito e nem ao menos de
forma absolutamente sincronizada.
Isso significa que as pequenas
diferenças entre as fases dos sinais
gerados a cada instante podem modular
a portadora, criando assim algumas
faixas de sinal que são emitidas jun-
tamente com ela. Estes sinais vão se
concentrar nas frequências próximas
da portadora, um pouco acima e um
pouco abaixo.

Ruído de fonte
Qualquer tipo de sinal indevido
que esteja presente no circuito de um
transmissor pode servir de fonte de
modulação.

F3. Um sinal é formado pela combinação de


sinais senoidais de frequência múltiplas.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 17


Soluções

F4. Filtro passabaixa usado em transmissores F5. Um capacitor deve ser ligado em paralelo
para eliminar ou reduzir harmônicas. com eletrolíticos nas fontes de transmissores.

A própria fonte de alimentação é Um transmissor de 1.000 watts pode ser responsável por realimenta-
uma fonte de sinal, gerando, assim, pode ter harmônicas tão fortes quanto ções e, com isso, pela emissão de espú-
um sinal modulador que será com- algumas dezenas de watts, alcançando rios. Um artifício para se evitar este tipo
binado com a frequência portadora, muitos quilômetros de distância e, com de problema é a ligação de um capacitor
transmitido com menor intensidade e isso, causando problemas caso caiam cerâmico de 100 nF em paralelo com o
se espalhando pelo espectro. em uma faixa utilizada por outro serviço. eletrolitico, veja a figura 5.
Este sinal, que aparece na forma de Circuitos especiais devem ser Os capacitores cerâmicos não são
ronco, depende justamente do ripple agregados às saídas dos transmisso- indutivos e, por isso, fornecem um
da fonte usada para alimentar o trans- res de modo a evitar a passagem das percurso para os sinais de RF que
missor, daí a necessidade de circuitos harmônicas, ou pelo menos reduzir poderiam realimentar o circuito.
com excelentes filtragens para este tipo sua intensidade a níveis tais que não
de aplicação. possam causar problemas, como o Divisão de frequência
Na maioria dos casos, como a exibido na figura 4. Os transistores bipolares, quando
fonte de alimentação tem retificação Neste circuito temos um filtro pas- usados em transmissores, tendem a
em onda completa, estes sinais se sabaixas que deixa passar o sinal apresentar um fenômeno interessante
espalham pelo espectro em intervalos fundamental, mas não as harmônicas que consiste na produção de uma
de 120 Hz, tanto acima como abaixo com o dobro, o triplo, o quádruplo, etc. oscilação parasita com metade da fre-
da frequência da portadora. da frequência. quência original.

Harmônicas Espúrios Soluções


Um sinal puro é um sinal senoidal Em certos circuitos de transmissores Evidentemente, não podemos deixar
perfeito. No entanto, na prática, os podem surgir realimentações de sinais que um transmissor irradie energia em
sinais gerados pelos transmissores que vão atingir circuitos diferentes do frequências que não sejam especifica-
não são senoides perfeitas, dada jus- mesmo aparelho como, por exemplo, mente aquelas em que ele deve operar.
tamente a não linearidade dos circuitos amplificadores de áudio, de modulação, Problemas de interferências são graves
usados para isso. ou mesmo a fonte de alimentação, e, por isso, proibidos pelas leis vigen-
Isso quer dizer que, conforme causando problemas. Com esta reali- tes. Inicialmente, um bom projeto de
Fourier explica, um sinal complexo mentação, os circuitos afetados tendem transmissor, que tenha características
de certa frequência como o produzido a entrar em oscilação gerando sinais que reduzam ao máximo a emissão de
por um transmissor, é formado por que passam a ser transmitidos em fre- sinais indevidos, é fundamental, quando
um sinal senoidal de determinada quências mais baixas e mais altas do se pensa em um aplicação prática de
frequência (fundamental) e sinais que a portadora. maior potência.
senoidais de frequências múltiplas Um caso comum que encontramos É por este motivo que existem
(harmônicas) que se estendem pelo deve-se ao fato de que os capacitores restrições ao uso de transmissores de
espectro com intensidade cada vez eletrolíticos usados em fontes de ali- construção caseira, principalmente
menor, mas até o infinito, de acordo mentação podem ser de papel enro- para as faixas mais sensíveis como as
com a figura 3. lado, formando assim uma estrutura de FM e de VHF. Em segundo lugar, o
Estes sinais de menor intensidade que, além da capacitância, tem uma circuito deve ter todos os recursos que
e frequências múltiplas são irradiados certa indutância. Esta indutância pode eliminem a possibilidade de que sinais
e podem causar problemas de interfe- ser importante, fazendo com que os indevidos sejam transmitidos. Filtros,
rências. Dependendo de como o sinal eletrolíticos passem a representar uma blindagens e desacoplamentos preci-
do transmissor seja gerado, as harmô- alta impedância para estes sinais. sam ser colocados cuidadosamente
nicas podem ter intensidade suficiente Em uma fonte que tenha somente nos locais em que qualquer problema
para causar sérios inconvenientes. capacitores eletrolíticos, esta indutância possa vir a ocorrer. T

18 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Como Funciona

Aterramento
Elétrico Eficiente
O aterramento elétrico, Para que serve o tender a assumir potencias diferentes
com certeza, é um assun- aterramento elétrico? de zero.
O aterramento elétrico tem três fun- O desbalanceamento de fases
to que gera um número ções principais: ocorre quando temos consumidores
enorme de dúvidas quanto Proteger o usuário do equipamento com necessidade de potências muito
às normas e procedimentos das descargas atmosféricas, através da distintas, ligadas em um mesmo link.
no que se refere ao ambien- viabilização de um caminho alternativo Por exemplo, um transformador ali-
te elétrico industrial. Muitas delas para a terra. menta, em um setor seu, uma resis-
vezes, o desconhecimento “Descarregar” cargas estáticas acu- tência comum, e no outro setor, um
muladas nas carcaças das máquinas ou pequeno supermercado. Essa diferença
das técnicas para realizar equipamentos para a terra. de demanda, em um mesmo link, pode
um aterramento eficien- Facilitar o funcionamento dos dispo- fazer com que o neutro varie seu poten-
te ocasiona a queima de sitivos de proteção (fusíveis, disjuntores cial (flutue).
equipamentos, ou pior, o etc.), através da corrente desviada para Para evitar que esse potencial
choque elétrico nos opera- a terra. “flutue”, ligamos (logo na entrada) o fio
dores desses equipamentos. Veremos, mais adiante, que existem neutro a uma haste de terra. Sendo
várias outras funções para o aterra- assim, qualquer potencial que tender
Mas o que é o “terra”? mento elétrico, até mesmo para elimi- a aparecer será escoado para a terra.
Qual é a diferença entre nação de EMI, porém as três acima são Ainda analisando a figura 1, vere-
terra, neutro, e massa? Quais as mais fundamentais. mos que o PC está ligado em 110 VCA,
são as normas que devo pois utiliza uma fase e o neutro.
seguir para garantir um bom Definições: Terra, Mas, ao mesmo tempo, ligamos sua
aterramento? Bem, esses Neutro, e Massa carcaça através de outro condutor na
Antes de tratarmos sobre os tipos mesma haste e damos o nome desse
são tópicos que este artigo de aterramento, devemos esclarecer condutor de “terra”.
tentará esclarecer. É fato que (de uma vez por todas!) o que é terra, Pergunta “fatídica”: Se o neutro e
o assunto “aterramento” é neutro, e massa. o terra estão conectados ao mesmo
bastante vasto e complexo, Na figura 1 temos um exemplo da ponto (haste de aterramento), por
porém, demonstraremos ligação de um PC à rede elétrica, que que um é chamado de terra e o outro
algumas regras básicas. possui duas fases (110 VCA, -110 VCA), de neutro?
e um neutro. Aqui vai a primeira definição: O
Essa alimentação é fornecida pela neutro é um “condutor” fornecido pela
concessionária de energia elétrica, concessionária de energia elétrica, pelo
Alexandre Capelli que somente liga a caixa de entrada qual há o “retorno” da corrente elétrica.
ao poste externo se houver uma O terra é um condutor construído
haste de aterramento- padrão dentro através de uma haste metálica e que,
do ambiente do usuário. Além disso, em situações normais, não deve possuir
a concessionária também exige dois corrente elétrica circulante.
disjuntores de proteção. Resumindo: A grande diferença
Teoricamente, o terminal neutro da entre terra e neutro é que pelo neutro
concessionária deve ter potencial igual há corrente circulando, e pelo terra não
a zero volt. Porém, devido ao desbalan- há. Quando houver alguma corrente
ceamento nas fases do transformador circulando pelo terra, normalmente ela
de distribuição, é comum esse terminal deverá ser transitória, isto é, o desvio de

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 19


Como Funciona

uma descarga atmosférica para a terra,


por exemplo. O fio- terra, por norma,
vem identificado pelas letras PE, e
deve ser de cor verde e amarela. Notem
ainda que ele está ligado à carcaça do
PC. A carcaça do PC ou de qualquer
outro equipamento, é o que chamamos
de “massa”.

Tipos de aterramento
A ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) possui uma norma
que rege o campo de instalações elé-
F1. Ligação de um tricas em baixa tensão. Essa norma é
PC à rede elétrica.
a NBR 5410, a qual, como todas as
demais normas da ABNT, possui subse-
ções. As subseções: 6.3.3.1.1, 6.3.3.1.2,
e 6.3.3.1.3 referem-se aos possíveis
sistemas de aterramento que podem
ser feitos na indústria.
Os três sistemas da NBR 5410 mais
utilizados na indústria são:

Sistema TN-S
Notem, pela figura 2, que temos
o secundário de um transformador
(cabine primária trifásica) ligado em Y.
F2. Siste- O neutro é aterrado logo na entrada,
ma TN-S.
e levado até a carga. Paralelamente,
outro condutor identificado como PE é
utilizado como fio- terra e é conectado
à carcaça (massa) do equipamento.

Sistema TN-C
Esse sistema, embora normalizado,
não é aconselhável, pois o fio- terra e
o neutro são constituídos pelo mesmo
condutor. Dessa vez, sua identificação
é PEN (e não PE, como o anterior).
Podemos notar pela figura 3 que após
o neutro ser aterrado na entrada, ele
F3. Siste- próprio é ligado ao neutro e à massa
ma TN-C.
do equipamento.

Sistema TT
Esse sistema é o mais eficiente
de todos. Na figura 4 veremos que o
neutro é aterrado logo na entrada e
segue (como neutro) até a carga (equi-
pamento). A massa do equipamento
é aterrada com uma haste própria,
independente da haste de aterramento
do neutro.
O leitor pode estar pensando “Mas
qual desses sistemas devo utilizar na
F4. Siste- prática?”
ma TT.

20 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Como Funciona

Geralmente, o próprio fabricante do mento de barras é manter sempre a distân-


equipamento especifica qual sistema é cia entre elas, o mais próximo possível do
melhor para sua máquina, porém, como comprimento de uma barra.
regra geral, temos: É bom lembrar que essas são regras
• Sempre que possível, optar pelo práticas. Como dissemos anteriormente,
sistema TT em primeiro lugar; o dimensionamento do aterramento é
• Caso, por razões operacionais complexo, e repleto de cálculos. Para um
e estruturais do local, optar pelo trabalho mais preciso e científico, o leitor
sistema TN-S; deve consultar uma literatura própria.
• Somente optar pelo sistema TN-C
em último caso, isto é, quando Tratamento químico do solo
realmente for impossível esta- Como já observamos, a resistência
belecer qualquer um dos dois do terra depende muito da constituição
sistemas anteriores. química do solo.
Muitas vezes, o aumento de números
Procedimentos de “barras” de aterramento não conse-
Os cálculos e variáveis para dimen- gue diminuir a resistência do terra signi-
sionar um aterramento podem ser consi- ficativamente. Somente nessa situação
derados assuntos para “pós”-graduação devemos pensar em tratar quimicamente
em Engenharia Elétrica. A resistividade e o solo.
o tipo de solo, a geometria e constituição O tratamento químico tem uma
da haste de aterramento, e o formato grande desvantagem em relação ao
em que as hastes são distribuídas são aumento do número de hastes, pois a
alguns dos fatores que influenciam o terra, aos poucos, absorve os elementos
valor da resistência do aterramento. adicionados. Com o passar do tempo,
Como não podemos abordar tudo sua resistência volta a aumentar, por-
isso em um único artigo, daremos tanto, essa alternativa deve ser o último
algumas “dicas” que, com certeza, irão recurso.
ajudar: Há vários produtos que podem ser
colocados no solo antes (ou depois) da
Haste de aterramento instalação da haste para diminuirmos
A haste de aterramento normalmente a resistividade do solo. A Bentonita e o
é feita de uma alma de aço revestida de Gel são os mais utilizados. De qualquer
cobre. Seu comprimento pode variar de forma, o produto a ser utilizado para
1,5 a 4,0 m. As de 2,5 m são as mais essa finalidade deve ter as seguintes
utilizadas, pois diminuem o risco de características:
atingirem dutos subterrâneos em sua • Não ser tóxico;
instalação. • Deve reter umidade;
• Ter pH alcalino (não corrosivo);
O valor ideal • Não deve ser solúvel em água.
Para um bom aterramento, o valor Uma observação importante no que
deve ser menor ou igual a 5 Ω. Depen- se refere à instalação em baixa tensão,
dendo da química do solo (quantidade é a proibição (por norma) de tratamento
de água, salinidade, alcalinidade, etc.), químico do solo para equipamentos a
mais de uma haste pode se fazer neces- serem instalados em locais de acesso
sário para nos aproximarmos desse público (colunas de semáforos, caixas
valor. Caso isso ocorra, existem duas telefônicas, controladores de tráfego,
possibilidades. A primeira é o tratamento etc.). Essa medida visa resguardar a
químico do solo (que será analisado segurança das pessoas nesses locais.
mais adiante), e o agrupamento de
barras em paralelo. Medindo o terra
Uma regra para agruparem-se barras O instrumento clássico para medir a
é a da formação de polígonos. A figura 5 resistência do terra é o terrômetro.
mostra alguns passos. Notem que, quanto Esse instrumento tem duas hastes de
maior o número de barras, mais próximo a referência, que servem como divisores
um círculo ficamos. Outra regra no agrupa- resistivos conforme ilustra a figura 6.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 21


Como Funciona

Na verdade, o terrômetro “injeta” uma que circula por ela. Para um “terra” con- • Excesso de EMI gerado (interferên-
corrente pela terra que é transformada siderado razoável, essa corrente deve cias eletromagnéticas).
em “quedas” de tensão pelos resistores estar acima de 600 mA. • Aquecimento anormal das etapas
formados pelas hastes de referência, e Lembrando que essa prática é de potência (inversores, converso-
pela própria haste de terra. apenas um artifício (para não dizer res, etc.), e motorização.
Através do valor dessa queda de macete) com o qual podemos ter uma • Em caso de computadores pesso-
tensão, o mostrador é calibrado para ideia das condições gerais do ater- ais, funcionamento irregular com
indicar o valor ôhmico da resistência ramento. Em hipótese alguma esse constantes “travamentos”.
do terra. método pode ser utilizado para a deter- • Falhas intermitentes, que não
Uma grande dificuldade na utilização minação de um valor preciso. seguem um padrão.
desse instrumento é achar um local • Queima de CIs ou placas eletrôni-
apropriado para instalar as hastes de Implicações de um cas sem razão aparente, mesmo
referência. Normalmente, o chão das mau aterramento elas sendo novas e confiáveis.
fábricas é concretado e, com certeza, Ao contrário do que muitos pensam, • Para equipamentos com monitores
fazer dois “buracos” no chão (muitas os problemas que um aterramento de vídeo, interferências nas ima-
vezes, já pintado) não é algo agradável. deficiente pode causar não se limitam gens e ondulações podem ocorrer.
Infelizmente, caso haja a necessi- apenas aos aspectos de segurança.
dade de medir-se o terra, não temos É bem verdade que os principais Conclusão
outra opção a não ser essa. Mas, pode- efeitos de uma máquina mal aterrada Antes de executarmos qualquer tra-
mos ter uma ideia sobre o estado em que são choques elétricos ao operador, e balho (projeto, manutenção, instalação
ele se encontra, sem medi-lo propria- resposta lenta (ou ausente) dos sistemas etc.) na área eletroeletrônica, devemos
mente. A figura 7 revela esse “truque”. de proteção (fusíveis, disjuntores, etc.). observar todas as normas técnicas envol-
Em primeiro lugar, escolhemos uma Mas outros problemas operacionais vidas no processo.
fase qualquer e a conectamos ao polo podem ter origem no aterramento defi- Somente assim poderemos realizar
de uma lâmpada elétrica comum. Em ciente. um trabalho eficiente, e sem problemas
segundo lugar, ligamos o outro polo da A seguir, uma pequena lista do que já de natureza legal.
lâmpada na haste de terra que estamos observamos em campo. Caso alguém se Atualmente, com os programas de qua-
analisando. Quanto mais próximo do identifique com algum desses problemas lidade das empresas, apenas um serviço
normal for o brilho da lâmpada, mais e ainda não checou o seu aterramento, bem feito não é o suficiente. Laudos técni-
baixa é a resistência de terra. está aí a dica: cos e documentação adequada também
Caso o leitor queira ser mais preciso, • Quebra de comunicação entre são elementos integrantes do sistema.
imaginem um exemplo de uma lâmpada máquinas e PCs (CLP, CNC, etc.) Para quem estiver preparado, a
de 110 volts por 100 W. Ao fazer esse em modo online. Principalmente consultoria de serviços de instalações
teste em uma rede de 110 V com a lâm- se o protocolo de comunicação em baixa tensão de um mercado é, no
pada, podemos medir a corrente elétrica for RS-232. mínimo, interessante. T

F5. Agrupamento de
barras em paralelo.

F6. Um ter- F7. Verificação do


rômetro. estado do “terra”.

22 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Como Funciona

As principais características e tendências das


Emissoras de Radiodifusão
Este artigo tem como prin- Dimensões das antenas ângulo de 90° em relação ao segmento
cipal objetivo passar para usadas em AM e FM B, fixado na vertical, conforme mostra a
As antenas usadas, principalmente figura 2. Os fios de cobre ou tubos de
os técnicos que trabalham na transmissão AM, operando em latão, que formam os radiais com bitolas
nesta área as vantagens e ondas médias (625 – 1620 kHz) são acima de 2,5 mm, devem ser enterrados,
desvantagens dos meios de completamente diferentes das demais de preferência em uma área repleta de
transmissão usados pelas antenas, especialmente as publicadas alta umidade, por exemplo, área alagada
emissoras comerciais atuais. nesta Revista. Por exemplo, uma antena e/ ou pantanosa. Portanto, com a alta
As emissoras, até então, cortada para operar na frequência de condutividade, faz um bom contato entre
1.000 kHz, portanto no centro da faixa, os radiais e o solo.
usavam mais o processo de tem um comprimento de 300 metros, Neste tipo de antena, as ondas de
modulação em amplitude tornando sua instalação no campo rádio que a deixam, propagam-se em
(AM), mas a partir da década muito complicada, vide figura 1. duas frentes: uma acompanhando a
de 60 surgiu outro processo Em função disso, cada segmento superfície do solo, conhecida por “ondas
de modulação, bem mais com comprimento de meia onda (λ/2) terrestres”, e a outra através do espaço,
moderno, chamado de mo- corresponde a 150 m. Logicamente, conhecida por “ondas espaciais”. Os
uma antena com essas dimensões é radiais devem ser colocados no fundo
dulação em frequência (FM), inviável de ser instalada na vertical. de uma vala com 60 cm de profundidade
com muito mais vantagens Por outro lado, essa antena é do tipo por 40 cm de largura e com um compri-
em relação à modulação AM. omnidirecional, polarizada na vertical, mento igual ao radial a ser enterrado e
Em função disso, as emisso- transmitindo energia de RF em todas coberto com terra. Se o terreno não for
ras de AM atuais tendem a as direções em volta dela. Observe a úmido, devemos usar um sistema de
desaparecer em um futuro figura 3. gotejamento, para manter a vala úmida.
A antena de onda completa, vista Obs.: Não esquecer que o seg-
próximo, sendo substitu- na figura 1, foi dividida em segmentos mento B fixado na vertical é formado por
ídas pelas emissoras em A e B, cada um com um comprimento uma estrutura de ferro trançada super
FM, como será visto no final de 150 m. O segmento A é aterrado no pesada com algumas centenas de kg,
deste artigo. chão, na forma de radiais, formando difícil de ser mantida assim.

Francisco Bezerra Filho

F1. Dimensões de uma antena F2. Antena para ondas médias na vertical,
para operar em ondas médias. vendo-se o anel e os radiais.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 23


Como Funciona

Esse segmento, também conhe-


cido por “elemento vivo”, é apoiado
sobre uma base de material isolante,
tal como, vidro, porcelana ou fibra de
vidro, com o objetivo de isolá-lo da
terra. O segmento B posicionado na
vertical é do tipo autoestaiado, sendo
sustentado nessa posição por cabos
de aço usados como estirantes.
Por sua vez, os cabos de aço
também são isolados por castanhas a
base de material isolante, de maneira
a manter o elemento B também isolado
do solo. A energia a ser transmitida é
aplicada através do anel, no qual estão
ligados os radiais e o segmento B.

Custo da instalação das F3. Segmento B posicionado na vertical, F4. Instalação das antenas de FM
vendo-se os estirantes e os isoladores. com transmissão omnidirecional.
antenas AM x FM
O maior problema das emissoras de
AM diz respeito ao custo da instalação cionamento de uma emissora de AM se o solo é úmido ou seco, o meio na
da sua antena transmissora, além da elevam em muito o custo final da sua qual o sinal se propaga, se a água é
sua manutenção preventiva ao longo instalação, enquanto que o mesmo não salgada ou não, e o horário.
do seu uso. Como vimos, a antena acontece com as emissoras de FM. Outro fator que faz aumentar o seu
transmissora deve ser instalada em As emissoras de FM operam em alcance é a umidade do solo sobre o
área de brejo, portanto zona rural longe altas frequências, as dimensões físicas qual o sinal se propaga, por exemplo,
do estúdio de produção, ao passo que de suas antenas são pequenas, per- em um dia chuvoso, no solo úmido,
o transmissor deve ficar o mais próximo mitindo sua instalação a baixo custo. é possível receber-se uma emissora
possível da antena transmissora. Pelo As antenas de FM também são do tipo mesmo longe do mar, a centenas de
fato da antena/ transmissor ficar na omnidirecional, transmitindo energia em quilômetros de distância, o que não
zona rural e o estúdio no centro da toda a sua volta, como exibe a figura 4. ocorre em um dia ensolarado.
cidade, há a necessidade de instalar Elas devem ser instaladas em locais Dependendo dos fatores vistos
uma linha de transmissão de áudio, com os mais altos possíveis, como o alto de acima, uma emissora de AM operando
milhares de metros ligando o estúdio à uma montanha, em torres ou prédios. em ondas médias pode ter um alcance
entrada do transmissor. O objetivo é obter-se uma melhor linha médio de 800 km. Em volta de sua
Por outro lado, deve-se prever a de visada, isto é, melhor alcance óptico antena, o exemplo acima pode ser
instalação de rede de energia elé- em volta dela. melhor exemplificado: quando esta-
trica, do tipo trifásica, no local onde o mos a beira-mar, principalmente à
transmissor irá operar. O proprietário Potência noite, podemos sintonizar em ondas
da emissora deverá adquirir o terreno transmitida x Alcance médias não só diversas emissoras
onde a antena/ transmissor serão ins- Como podemos observar através instaladas próximas do mar como
talados, cercando-a e sinalizando-a em da tabela 1, as emissoras de AM também a quilômetros de distância do
toda a sua volta contra o perigo de alta têm um ótimo alcance em volta da local, por exemplo, rádios de Buenos
tensão, assim como da energia de RF antena transmissora. O alcance vai Aires – Argentina, Uruguai, Porto
irradiada pela antena. depender de diversos fatores, como Alegre, Recife, Fortaleza, e muitas
Como podemos observar, todos por exemplo, a potência transmitida, outras.
esses recursos necessários ao fun- o local onde a antena está instalada, Já no caso das emissoras de FM,
nas quais o sinal se propaga em linha
Potência Transmitida Alcance reta, o alcance depende de dois fatores:
1 kW 40 km a potência transmitida e a altura das
AM 625 a 1625 kHz 10 kW 200 km antenas TX e RX. O alcance vai depen-
100 kW 800 km der da linha de visada que há entre
100 W 10 km as duas antenas. Para isso, a antena
1 kW 50 km receptora (RX) deve estar localizada em
FM 88 a 108 MHz
10 kW 80 km um ponto totalmente livre de obstácu-
T1. Comparativo entre 100 kW 120 km los sólidos, de maneira que ela possa
potência e alcance.

24 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Como Funciona

“ver” a antena transmissora. Se houver


algum obstáculo sólido entre elas, como
uma elevação, prédios altos, rochas ou
árvores, que possa obstruir a passagem
do sinal transmitido, ele será absorvido
e/ ou refletido em outra direção, não
sendo recebido pela antena receptora,
como mostra a figura 5.
Nos exemplos dados na tabela
1 trata-se de valores médios, pois o
alcance em cada caso depende muito
da topografia do terreno e das alturas
das antenas TX e RX.
O alcance do sinal em FM também
está limitado pelo raio de curvatura da
Terra. No exemplo dado na figura 6,
em qualquer receptor localizado além
dos pontos A fora do alcance óptico,
o sinal não será mais recebido. Por
mais que aumentemos a potência do
sinal transmitido, o alcance aumen-
tará muito pouco, não indo além dos
pontos A.
Através do exemplo dado na tabela
1 podemos perceber que quando
aumentamos a potência transmitida
de 10 kW para 100 kW (um aumento
de dez vezes), o alcance aumenta
de uma vez e meia, indo de 80 para
120 km.
Como vimos, o alcance das emis-
soras de FM está limitado pelo raio
de curvatura da Terra. O sinal só será
recebido até um raio de 120 km em
volta da antena transmissora, con-
forme ilustram as figura 6 e 7.
Uma emissora de FM transmitindo
a partir da cidade de São Paulo, por
exemplo, com uma potência de 100
kW só será recebida em cidades dis-
tantes de até 100 km de São Paulo.
Passada essa distância, o sinal não
será mais recebido, e se for, será
muito fraco, como pode ser observado
na figura 7.
É muito comum quando estamos
ouvindo uma emissora de AM às 6
horas da tarde, o locutor entrar no ar
e avisar que vão sair do ar por alguns
minutos para a troca de transmisso-
res, e em seguida a programação volta
ao normal. Isso acontece com todas
as emissoras de AM operando nesse
horário. O que sucede é que o técnico,
neste intervalo de tempo, tira do ar
um transmissor de boa qualidade

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 25


Como Funciona

F5. Sistema de transmissão na faixa de FM, F6. Pontos de alcance máximo F7. Raio de alcance máximo das emissoras
com a linha de visada desobstruída. na transmissão FM. de FM a partir de São Paulo.

operando com 10 kW, por exemplo, e missor com menor potência significa que pode ser instalada no alto dos
passa a operar a metade da potência menor faturamento e ao mesmo tempo prédios, próxima ao estúdio, facili-
com outro transmissor, ou seja, 5 kW, menos conta de energia a ser paga no tando a ligação estúdio-transmissor,
nem sempre de boa qualidade, mas final do mês. como foi mostrado na figura 4 C. Sua
com o mesmo alcance. Às 6 horas do grande desvantagem em relação ao
dia seguinte, ele inverte novamente: Características técnicas das sistema AM está no seu alcance,
sai o de 5 kW e entra o de 10 kW para emissoras de FM e de AM que é limitado a um raio máximo
operar durante o dia. A grande vantagem da transmis- de 120 km em torno de sua antena
Isso acontece pela seguinte razão: são em FM em relação à transmissão transmissora, já mostrado na figura
vamos supor duas emissoras de AM AM é a ampla faixa de áudio transmi- 7, ao passo que a transmissão AM
operando em ondas médias trans- tida, de até 15 kHz, enquanto que em atinja um raio de 800 km, portanto
mitindo na mesma frequência, uma AM não vai além de 5 kHz. Com uma um alcance bem maior.
operando em São Paulo e a outra em faixa de 15 kHz podem ser transmiti- O sistema de transmissão AM,
Cuiabá, com uma distância superior das todas as notas musicais geradas por sua vez, apresenta duas grandes
a 1.600 km entre elas. Em um ponto pelos instrumentos de uma orquestra, desvantagens em relação ao sistema
intermediário entre as duas cidades assim como as notas geradas pelo FM: a faixa de áudio transmitida é
há uma área de guarda, determinada voz do cantor sem que haja perdas de no máximo 5 kHz, e com isso,
pela Anatel, onde a emissora de São de informações. O sistema de trans- as notas musicais que estão acima
Paulo não pode invadir essa área e missão de FM, através do processo deste valor são cortadas, não sendo
nem a de Cuiabá. de multiplexação, torna possível trans- transmitidas. Como consequência,
Levando-se em consideração formar o canal de voz em dois camais uma música reproduzida por um
que à noite a propagação é boa, se de 15 kHz (direito e esquerdo), e com receptor AM é pobre em notas musi-
continuasse transmitindo à noite com isso faz transmissão estéreo. cais. A outra desvantagem está no
a mesma potência que transmite Enquanto parte dos instrumentos custo da instalação da antena trans-
durante o dia, inevitavelmente haveria são transmitidos por um canal, os missora, como já observamos através
invasão de área, pois teria área de demais instrumentos são transmitidos das figuras 2 e 3.
sobreposição ou de influência mútua pelo outro canal, sendo ambos canais Em função dessas desvantagens,
das duas emissoras, o que é proibido. reproduzidos em caixas acústicas já há um projeto do Governo Federal
Essa redução de potência tem dois separadas com efeito estereofônico. através da Anatel para que, no futuro,
motivos: o primeiro é para que não Isso passa a sensação para o ouvinte, se possa substituir todas as emissoras
haja invasão de área, e o segundo como se ele estivesse assistindo a de AM em operação por emissoras
(o mais importante para o dono da orquestra ao vivo, o que não acontece de FM, pois estas apresentam uma
emissora) é que à noite a audiência em AM. melhor qualidade no sinal transmitido,
cai e não há muito ouvintes. Em con- Outra grande vantagem de trans- além de ter uma instalação bem mais
sequência disso, o preço do anúncio missão em FM é a facilidade na ins- fácil, principalmente da sua antena
neste horário também se reduz. Trans- talação de sua antena transmissora transmissora. T

26 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Montagem

Provador de
Isolamento
U
A prova de isolamento de ma resistência de alguns mego- Ao gerar uma alta tensão de prova,
condutores e dispositivos hms ou mesmo algumas deze- da ordem de 500 volts, ele pode detectar
nas de megohms entre os enro- fugas muito pequenas, mesmo as respon-
eletroeletrônicos industriais lamentos de um transformador, sáveis por resistências de muitos mego-
e de eletrônica de consumo, ou entre os condutores de um fio que hms que aparelhos diversos operando
na qual resistências de deze- transporte dados num link de compu- com baixas tensões não acusariam.
nas de megohms já podem tadores, ou para um sensor de uma Funcionando com pilhas e tendo
significar um problema, so- máquina industrial (ou seu controle) uma lâmpada néon como indicadora,
mente poderá ser feita com poderá significar problemas, e estes este aparelho é bastante simples de
problemas exigem técnicas especiais montar, não exigindo nem ajustes espe-
a aplicação de uma tensão para sua detecção. ciais nem componentes críticos.
suficientemente alta para Muito mais graves são as resis- Dentre as provas que podem ser
excitar os instrumentos de tências de fuga que podem ocorrer feitas com ele, destacamos as seguintes:
medida. Isso significa que por deficiências de isolamento, que • Isolamento de cabos e fios;
instrumentos comuns, como aparecem em máquinas industriais, • Isolamento de máquinas indus-
os multímetros analógicos, eletrodomésticos e eletrônicos alimen- triais;
tados pela rede de energia onde existe o • Isolamento entre enrolamentos
não são apropriados para perigo de choques para os operadores. de transformadores;
esta finalidade. Uma máquina industrial que opere com • Isolamento de eletrodomésticos;
O teste que descreve- um elemento de aquecimento atuando • Isolamento entre componentes e
mos, apesar de ser portátil e sobre produtos úmidos e que tenha este invólucros ou carcaças;
operar com pilhas, gera altas elemento umedecido, ou ainda suas • Isolamento de capacitores e
tensões de prova podendo conexões internas deterioradas, poderá outros componentes que tenham
deixar passar pequenas correntes para dielétricos;
superar os 500 V, o que lhe a carcaça, as quais podem ser extrema- • Isolamento de instalações ou
garante um desempenho à mente perigosas para um operador que fiações elétricas.
altura que este tipo de apli- esteja, por exemplo, descalço. Observe
cação exige. a ilustração da figura 1. Características
Na bancada, o mesmo tipo de fuga • Tensão de alimentação: 6 V;
em um soldador pode aplicar tensões • Corrente drenada durante a
Newton C. Braga perigosas na ponta quente, capazes de prova: 80 a 200 mA;
causar a queima de dispositivos mais • Tensão de prova: 500 V (tip);
delicados como transistores de efeito • Resistência máxima de fuga
de campo e circuitos integrados CMOS, detectada: 50 megohms (tip).
pelo simples toque.
O aparelho que descrevemos aqui é Como funciona
muito interessante para quem trabalha O aparelho tem sua configuração
em condições onde a detecção de fugas mostrada em blocos na figura 2.
ou problemas de isolamento sejam Um inversor gera a alta tensão que é
importantes. aplicada ao componente (ou aparelho)

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 27


Montagem

F1. Fugas podem causar F2. Diagrama de blocos


choques perigosos. do aparelho.

em teste. Se houver fuga, a tensão que


aparece na lâmpada néon é suficiente
para ionizá-la e ela acende com um
brilho alaranjado característico do gás.
O brilho será tanto mais intenso quanto
maior for a fuga. Como esta lâmpada
opera tipicamente em função da tensão,
exigindo correntes muito baixas, mesmo
uma resistência de fuga da ordem de
dezenas de megohms é suficiente
para deixar passar uma corrente que
a acende.
Para produzir a alta tensão de
prova a partir de 6 V de pilhas comuns, F3. Forma de onda com
picos elevados.
usamos um inversor com base no
circuito integrado 555 na configuração
astável. Observe, todavia, que a alta tensão O dispositivo indicador é uma
Este circuito integrado gera um sinal que aparece neste ponto do circuito lâmpada néon que, conforme vimos,
entre 500 e 2 000 Hz e o aplica a um vem de uma fonte de resistência interna requer uma tensão da ordem de 80
transistor de potência, que tem como muito alta, ou seja, que não dispõe de V para acender, mas que precisa de
carga de coletor o enrolamento de baixa corrente. uma corrente extremamente baixa
tensão de um pequeno transformador. O Então, a corrente é extremamente para se manter acesa.
primário deste transformador é para a baixa e se tentarmos medir a tensão com Como a corrente de prova que
rede de 220 V, entretanto, como a forma um multímetro, ele certamente irá carre- temos neste circuito é extremamente
de onda gerada no circuito não é senoi- gar o circuito proporcionando uma falsa baixa, além do isolamento, poderemos
dal, ele não opera de maneira normal. indicação de valor, bem abaixo da tensão fazer a prova de capacitores de baixo
Assim, devido às suas características, real que existe com o circuito aberto. valor, que tenham tensões de trabalho
picos de tensão muito mais altos que os A alta tensão retificada é usada para de pelo menos 450 V.
220 V são produzidos, podendo chegar a carregar um capacitor de poliéster que Encostando as pontas de prova
mais de 500 V, conforme mostra a forma funciona como filtro e ao mesmo tempo nos terminais destes capacitores
de onda não simétrica gerada (figura 3). como reservatório de energia. (com valores na faixa de 47 pF a
Pelo fato da forma de onda obtida A alta tensão armazenada é uti- 100 nF), a carga sobre eles produz
no enrolamento de alta tensão do lizada para alimentar o circuito de uma piscada visível da lâmpada
transformador não ser simétrica, com a prova, no qual temos um resistor de 4,7 néon, o que é suficiente para
retificação podem ocorrer variações nos Mohms que limita a corrente de prova sabermos se eles se encontram em
resultados obtidos. Assim, em alguns no circuito externo, caso sua resistência bom estado.
casos, poderá ser necessário inverter seja muito baixa, e que serve também Se a lâmpada permanecer acesa
os terminais do enrolamento de alta para evitar que um toque acidental nas no teste de um capacitor deste tipo,
tensão do transformador no sentido de pontas de prova cause choques desa- é sinal de que, mesmo carregado
conseguir a tensão mais alta possível. gradáveis no operador. (ou descarregado) flui uma pequena

28 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Montagem

F4. Teste de isolamento F5. Diagrama do teste


de capacitores. de isolamento.

corrente entre suas armaduras. Caso


o brilho da lâmpada seja reduzido,
temos uma simples fuga, mas se o
brilho for máximo, teremos um capa-
citor em curto. Veja a figura 4.

Montagem
O diagrama completo do prova-
dor de isolamento é apresentado
na figura 5. Todos os componentes
principais incluindo o pequeno trans-
formador podem ser acomodados na
placa de circuito impresso, observe
a figura 6.
O transfor mador é do tipo de
alimentação comum com um enrola-
mento primário de 110/220 V (*) ou
só 220 V, já que a tomada de 110 V
permanecerá desligada, e um enrola-
mento secundário de 6+6 V ou 7,5 +
7,5 V com corrente entre 100 e 300 mA.
Como este tipo de transformador
varia bastante de tamanho em função
da corrente e do fabricante, será inte-
ressante tê-lo antes em mãos para
verificar se ele cabe no espaço dispo-
nível na placa que desenhamos. Se for
maior, deverá ser feita uma alteração
nesse espaço, o que não é difícil.
Para maior segurança, o circuito
integrado pode ser instalado em um
soquete DIL de 8 pinos. O transistor
pode ser o TIP31 ou equivalente
F6. Placa de circuito impresso próximo de média potência, com
do teste de isolamento.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 29


Montagem

invólucro TO-220, desde que NPN. tensão inversa de pico de pelo menos A intensidade com que a lâmpada
Este transistor deve ser dotado de um 800 V. Para ligar e desligar o aparelho brilha indica o grau de fuga existente
pequeno radiador de calor. usamos um interruptor simples de no elemento em prova. Essa fuga tanto
Os resistores são de 1/8 W e o qualquer tipo. pode ser devida à umidade quanto
capacitor C2 deve ser de poliéster com a problemas internos de isolamento
uma tensão de isolamento de pelo Prova e uso que, evidentemente, devem ser verifi-
menos 600 V. Os demais capacitores Para testar o aparelho é simples: cados. Na figura 8 indicamos o modo
são comuns, com as tensões e os ligando a alimentação poderemos de fazer a verificação do isolamento
tipos indicados na relação de material. ouvir o leve zumbido do transfor- de um cabo, que pode ser de uma
A lâmpada néon é do tipo NE-2H mador, indicando que o inversor se rede, de um sensor, ou simplesmente
ou equivalente, sem resistência encontra em funcionamento. Se isso de alimentação de algum eletroele-
interna, visto que alguns tipos que não ocorrer, verifique os componentes trônico.
são montados em soquetes possuem em torno do 555. Encostando uma O acendimento da lâmpada forte
internamente um resistor de alto valor. ponta de prova na outra, a lâmpada indica curto interno e o acendimento
Para as pilhas médias ou peque- néon deverá acender se tudo estiver fraco sinaliza que podem estar ocor-
nas deve ser usado um suporte apro- em ordem. rendo pequenas fugas. T
priado com a polaridade devidamente Para usar o aparelho, basta encos-
observada. A caixa utilizada na monta- tar as pontas de prova nos pontos Importante
gem vai ter seu tamanho determinado entre os quais se deseja verificar o Nunca use o aparelho na prova
principalmente pelo espaço que as isolamento. Na figura 7 temos um de circuitos eletrônicos que pos-
pilhas exigem. exemplo de prova de isolamento de suam componentes sensíveis a
Para a prova externa são coloca- um ferro comum de passar roupas. Se altas tensões como, por exemplo,
das duas pontas de prova comuns a lâmpada néon acender nesta prova, circuitos integrados CMOS e FETs.
As provas de componentes e fios
do tipo encontrado em multímetros, isso significa que existem fugas entre desses circuitos devem ser feitas
sendo uma vermelha e a outra preta. o circuito e a carcaça, as quais podem com a retiradas dos componentes
O diodo pode ser o 1N4007 ou causar choques na pessoa que tocar ou fios.
qualquer equivalente que tenha uma no ferro.

Lista de Materiais
Semicondutores:
CI1 - 555 - circuito integrado
Q1 - TIP31 - transistor NPN de potência
D1 - 1N4007 ou equivalente – diodo
de silício

Resistores: (1/8 W, 5%)


R1, R2 - 22 kΩ
R3 - 1 kΩ
R4 - 4,7 MΩ

Capacitores:
C1 - 100 nF - poliéster ou cerâmico
C2 - 100 nF/600V – poliéster
C3 - 100 μF/12V – eletrolítico F7. Teste de isolamento
de um eletrodoméstico.
Diversos:
NE1 - NE-2H - lâmpada néon
T1 - Transformador com primário de
110/220 V ou 220 V, e secundário
de 6+6 V ou 7,5+7,5 V com corrente
entre 100 mA e 300 mA
S1 - Interruptor simples
B1 – 6 V - 4 pilhas pequenas ou médias
PP1, PP2 - Pontas de prova

Placa de circuito impresso, caixa para


montagem, suporte de 4 pilhas peque-
nas ou médias, fios, solda etc.
F8. Testando o isolamento
de um cabo.

30 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Como Funciona

Funcionamento do limitador de ruído


e do demodulador do receptor em FM

N
Mostraremos um diagra- a figura 1 temos o diagrama em passivo, formado por dois diodos. Na
ma de bloco de um receptor blocos de um receptor de FM entrada (figura 2A) temos a portadora
formado por oito blocos, onde modulada em frequência, mas com
de FM formado por oito cada um executa uma função variação de amplitude. Essa variação
blocos, onde cada um exe- específica no funcionamento dele. aparece no lado do receptor na forma
cuta uma função específica, O receptor (RX) de FM difere em de ruído. Sobrepondo a portadora,
mas a principal diferença diversos pontos em relação a um recep- também aparece outro tipo de ruído
está no funcionamento do tor de AM operando em ondas médias. conhecido por ruído térmico, modu-
limitador de ruído e do dis- A começar pela frequência de operação: lando a portadora em amplitude. O
enquanto o RX de AM opera na faixa de ruído térmico é gerado em três ambien-
criminador de fase. O fun- 620 a 1625 kHz, o de FM opera na faixa tes: nos componentes no lado do TX, no
cionamento e a aplicação de 88 a 108 MHz, portanto em uma faixa espaço entre as antenas TX e RX, e nos
de cada um será mostrado bem mais alta. Outra diferença está na componentes no lado do RX.
a seguir. frequência de sintonia dos amplificado- Quando a portadora é demodulada,
res de FI: no RX de AM a FI opera em esses dois ruídos são somados, sendo
455 kHz com uma banda passante de ± que o resultado da soma é conhecido
Francisco Bezerra Filho 5 kHz, ao passo que o de FM opera em por ruído térmico total. Se os ruídos
10,7 MHz com uma banda passante de não forem eliminados antes da porta-
± 75 kHz em torno da portadora. dora ser demodulada, eles aparecem
Outra diferença está no demodula- nos alto-falantes, junto com a música,
dor: o RX de AM usa um demodulador prejudicando-a.
de envoltório para recuperar a mensa- Como vimos no processo de modu-
gem modulada em AM, já o RX de FM lação em FM, a mensagem estava
usa um discriminador de fase com o contida na variação de fase, que ocorria
mesmo objetivo. sobre o eixo da onda (figura 2C).
Assim, mesmo que o limitador elimine
Função do limitador de ruído parte de sua amplitude, onde está pre-
Na figura 2 temos o esquema sente o ruído, a mensagem presente na
elétrico do limitador de ruído, do tipo variação da fase não será prejudicada.

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1º andar – Sala 103

Fone: (011) 3337-2391


(falar com Fábio)
F1. Diagrama em blocos de um receptor de FM, válido tanto
para RX de uso doméstico quanto o profissional.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 31


Como Funciona

Com isso, só irá aparecer na saída


(figura 2C) a amplitude do sinal que está
posicionado entre as linhas A e B, mas
sem o ruído.
Observação: os amplificadores
sintonizados do receptor (RF e de FI)
operam no seu ganho máximo, não
havendo sobre eles controle de ganho,
a exemplo do C.A.G no receptor de
AM; no receptor de FM essa função
é exercida pelo limitador. Mesmo que
os sinais (emissoras) recebidos na
antena sofram grandes variações onde
F2. Circuito do limitador de ruído vendo cada emissora recebida tenha um nível
o sinal na entrada e na saída.
diferente, o demodulador posicionado
após o limitador, só irá “ver” o níveis
posicionados entre as linhas A e B.
Com isso, qualquer que seja o nível
do sinal recebido, o volume do som
reproduzido nos alto-falantes não se
altera, mantém-se constante.
Por outro lado, o limitador passivo
visto na figura 2B pode ser substituído
por um limitador ativo, por exemplo,um
amplificador a transistor operando nas
regiões de corte e saturação.

Funcionamento do
demodulador
Na figura 3 temos o esquema
completo de um discriminador/demodu-
lador, muito comum nos receptores de
F3. Diagrama do discriminador usado na demodulação FM, tanto nos de uso doméstico como
de sinais modulados em FM.
nos profissionais, para recuperar os
sinais modulador em FM.
Funcionamento do limitador Só lembrando que, durante a ele- O circuito do primário formado por
O diodo D1 e D2, vistos na figura 2B vação da tensão positiva da portadora, L1 C1 está ressonante em 10,7 MHz ±
estão polarizados inversamente, por- o diodo D2 continua aberto. Quando 75 kHz, como uma banda passante
tanto, abertos. Na ausência do sinal da a portadora inverte de polaridade, de ± 75 kHz em torno da portadora
portadora aplicada ao ponto y, ou ainda aumentando agora no sentido negativo, com uma curva semelhante à vista na
quando a amplitude da portadora está quando a tensão no ponto y atinge um figura 1B. O secundário é formado
posicionada abaixo da linha dos diodos, nível acima de -0,7 V, o diodo D2 passa por dois circuitos, sendo o superior
eles não atuam. a conduzir (o diodo, no caso do Si, só formado por L2 C2, sintonizado 75 kHz
Quando a amplitude da portadora começa a conduzir quando a tensão acima da portadora (na realidade um
aumenta no sentido positivo, passando direta aplicada sobre ele é superior a 0,7 pouco acima de 75 kHz) com a tensão
além da linha A, a tensão no ponto V) ceifando a tensão que está abaixo da máxima de sintonia no ponto 1, vide
X também aumenta no sentido posi- linha V, eliminando-a. Lembramos que figura 1B. O circuito inferior, formado
tivo, contrapondo a tensão aplicada durante o aumento da tensão negativa, por L3 C3, ressonante 75 kHz abaixo
ao catodo de D1, que mantinha ele o diodo D2, por sua vez, também conti- da portadora (na realidade, um pouco
polarizado inversamente. Quando a nua aberto. Daí podemos concluir que abaixo), com uma tensão máxima de
tensão positiva presente no ponto y o diodo D1 ceifa a porção positiva da sintonia no ponto 2.
supera a tensão positiva do catodo portadora, a parte que está acima da Como podemos observar através
em + 0,7 V, o diodo passa a conduzir, linha A, eliminando-a enquanto o diodo das curvas vistas na figura 4B, o fator
mandando para o terra, através de C3, D2 ceifa a porção negativa da portadora, de mérito Q, de ambos os circuitos
a tensão que está acima da linha A, a porção que está abaixo da linha V, do secundário, é baixo, com baixa
eliminando-a. eliminando-a, vide a figura 2A. seletividade, proporcionando uma

32 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Como Funciona

banda passante bastante larga, vide


figura 4B. A interação das duas curvas
resultou em uma curva, conhecida por
curva “S”, linha cheia vista na figura 4B.
Quanto mais linear for o segmento OP
da curva, mais perfeito será o sinal
recuperado, vide figura 4C.
Na entrada do circuito do demodula-
dor, base de Q1, é injetada a portadora
modulada em FM, recebida através
da FI, com um desvio de ± 75 kHz em
torno da portadora, vide figura 4A. Só
lembrando que: do lado do TX durante o
processo de modulação (visto em artigo
anterior) quanto maior era a amplitude
do sinal modulante aplicado a entrada
do modulador, maior era o desvio da
portadora. Do lado do RX acontece
o contrário, quanto maior o desvio da
portadora, maior será a amplitude do
sinal modulante recuperado, linha cheia
vista na figura 4C.
À medida que a frequência da por-
tadora sofre um desvio no sentido posi-
tivo, irá induzir uma tensão no circuito
ressonante superior, formado por L2 C2,
proporcional do desvio, atingindo a tensão
máxima induzida no ponto 1, vide figura
4B. A tensão induzida será retificada pelo
diodo D1, que de acordo com sua posição
só irá deixar passar a tensão positiva da
portadora, aparecendo sobre a resistên-
cia de carga RC. Quando a portadora
sofre um desvio, agora no sentido nega-
tivo, vai induzir uma tensão no circuito
ressonante inferior, formado por L3 C3,
proporcional ao desvio, atingindo uma
tensão máxima induzida no ponto 2. A
tensão induzida será retificada pelo diodo
D2, que de acordo com a sua posição só
irá deixar passar a tensão negativa da
portadora. Daí o fato que a curva “S” vista
na figura 4B é formada por duas tensões,
sendo uma positiva a posicionada acima
do eixo X, e uma negativa posicionada
abaixo do eixo X.
Como podemos observar acima,
à medida que o desvio da portadora
aumenta tanto no sentido positivo como
negativo, a tensão induzida nos circuitos
do secundário também aumenta na
mesma proporção, excursionando ao
longo da reta “s” o desvio provocado pelo
sinal modulante/ mensagem aplicada ao
modulador do lado do TX. Por sua vez
o sinal na saída do demodulador, que

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 33


Como Funciona

F4. Curva “S” do discriminador, vendo a região F5. Circuito integrado usado
linear (O-P) e os sinais na entrada e na saída. no receptor de FM.

aparece sobre RC, também aumenta seria mais exatamente de 10,7 MHz, Nos receptores atuais estes tipos
na mesma proporção e no mesmo ritmo. mas sim um valor diferente do pre- de componentes não são mais usados.
Com isso, conseguimos recuperar, do visto. Quando a frequência central Eles foram compactados e colocados
lado do RX, o sinal/mensagem aplicado da FI é exatamente de 10,7 MHz, dentro de um circuito integrado, ocu-
ao modulador do lado do TX. a tensão Vcc presente na saída do pando pouco espaço. Os três circuitos
Só lembrando que os aparelhos de demodulador, que aparece sobre que estão dentro da linha pontilhada
TV, também usam demodulador seme- R1, vide figura 3, é zero. Neste caso, vista na figura 1, estão dentro de CI
lhante ao visto na figura 3, com a função não há correção na frequência do executando todas as funções destina-
de demodular o som, só que neste caso oscilador local. das a eles.
o desvio máximo é de ± 25 kHz, em torno Quando ocorre uma variação na Se os leitores abrirem hoje um
da portadora de 4,5 MHz. sua frequência, que poderá ser para receptor, com certeza, não irão encon-
mais ou para menos, neste caso a trar mais componentes discretos, mas
Aplicação e funcionamento tensão Vcc apresenta uma polaridade sim circuitos integrados, substituindo-
do controle automático de oposta ao sentido da variação da -os. O CI visto na figura 5 executa
frequência (C.A.F) frequência, trazendo-a para seu valor diversas funções em um receptor de
Alguns receptores de FM mais nominal, corrigindo-a. FM, tais como: limitador de ruído,
sofisticados usam uma tensão forne- A atuação do C.A.F pode ser demodulador, multiplexador e ampli-
cida pelo demodulador para controlar melhor observada em duas condições: ficador de áudio, além de outras
a frequência do oscilador local. quando sintonizamos uma emissora funções secundárias, visto ao lado
A frequência de FI presente no RX em um receptor que dispõe dessa dessa figura. O multiplexador converte
visto na figura 1 é resultante do batimento função, a emissora continua sinto- o canal de áudio recuperado em dois
que ocorre no misturador entre a frequên- nizada para sempre; ao contrário, canais: canal direito (R-RIGHT) e canal
cia recebida na antena (F1) e a frequência quando sintonizamos uma emissora esquerdo (L-LEFT).
gerada pelo oscilador local (F2). em um RX que não dispõe dessa Lembramos que o silenciador
As frequências F1 e F2 devem ter função, após um certo tempo, a sinto- (SQUELCH), presente no pino 10
valores tais que o batimento entre elas nia começa a fugir, sendo necessário do CI, só é usado nos receptores
resulte em uma frequência central exata retocá-la novamente. profissionais usados em sistemas de
de 10,7 MHz. telecomunicações (polícia, corpo de
Quando há uma var iação na Uso do circuito integrado CI bombeiros, ambulâncias, etc). Quando
frequência nominal do oscilador, Nos circuitos vistos nas figura 2 e 3, o ruído, na saída do receptor aumenta
variação esta provocada, por exem- foram usados componentes discretos a ponto da relação sinal/ruído (S/R)
plo, pela variação da temperatura do com o objetivo de facilitar aos leitores cair abaixo de um valor pré-estabele-
ambiente onde o RX está operando, a compreensão dos seus funciona- cido, ele atua cortando a mensagem,
a frequência de FI, neste caso, não mentos. silencionando-o. T

34 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


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Instrumentação

Estudo das
Fontes Ressonantes
Fontes chaveadas que comutam a corrente total da carga a
cada ciclo ficam sujeitas a picos de potência que reduzem a sua
vida útil e também podem gerar interferências eletromagnéticas
(EMI). Quando se aumenta a frequência de chaveamento para
tentar realizar uma redução de transformadores e componentes
de filtragem, as perdas de comutação são mais significativas. Por
outro lado, caso a mudança de estado das chaves ocorra quando
a tensão e/ou corrente por elas for nula, o chaveamento se faz sem
dissipação de potência, onde está o foco deste artigo que trata das
“fontes ressonantes”. Henrique Machado Martins

P
ode-se dizer que os converso- Então, para manter as perdas cons-
res de potência estão divididos tantes é necessário utilizar compo-
em dois grandes grupos: os nentes com melhores características,
conversores com comutação o que geralmente só é possível de
forçada (Hard Switching) e os con- se obter colocando um capacitor em
versores com comutação suave (Soft paralelo para reduzir a resistência série
Switching). Os primeiros e muito equivalente; no caso dos indutores é
utilizados conversores são aqueles necessário trabalhar com valores de
com modulação por largura de pulso indução reduzidos, pois as perdas no
(PWM), muito usados em dezenas núcleo também aumentam com a fre-
de quiloher tz, na qual as perdas quência, o que implica em um aumento
por comutação ainda são toleráveis. do tamanho do núcleo utilizado. É
Porém, com o grande crescimento possível, ainda, empregar núcleos de
da microeletrônica e da eletrônica, ferrite de melhor qualidade, os quais
houve a necessidade de diminuir o apresentam um custo mais elevado.
peso e volume dos componentes e, Outro fato importantíssimo está
ainda assim, aumentar a potência dos relacionado às perdas de comutação
conversores. no interruptor, que crescem de forma
Os conversores de potência são proporcional à frequência de opera-
constituídos por circuitos com inter- ção, desta forma para uma mesma
ruptores que “recortam” formas de potência, ao aumentar a frequência de
ondas de tensão e/ou corrente com operação, seria necessário aumentar
o objetivo de variar seu valor médio o tamanho do dissipador e/ou trocar
e, assim, entregar à saída um valor o transistor.
desejado de tensão ou corrente. Para minimizar estes problemas
Porém, este raciocínio se esquece foram introduzidos os conversores de
que os componentes não são ideais comutação suave, sendo os principais:
e que os mesmos apresentam um os ressonantes, os quase ressonantes
aumento nas perdas com o aumento e os multirressonantes. Eles fazem
da frequência. com que a tensão e/ou a corrente se

36 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Instrumentação

F1. Chaveamento de F2. Chaveamento para obter-se uma


uma carga. potência de 50% aplicada à carga.

anulem naturalmente no interruptor


e utilizam este momento para desli-
gar o interruptor, reduzindo assim as
perdas por comutação. Como nada é
perfeito, ao “ganhar” nas perdas por
comutação se perde em condução
devido às ondas senoidais das tensões
e correntes.
A seguir, será visto o que são as
fontes lineares, as chaveadas, o PWM
e as fontes ressonantes, alguns tipos
de perdas em fontes chaveadas e em
fontes ressonantes, além das topolo-
gias básicas de conversores ressonan-
tes que possibilitam a comutação sem
dissipação por potência (calor).

Fontes lineares F3. Gráfico de potência


na carga.
Em uma fonte de alimentação
linear, a tensão alternada da rede
elétrica é aumentada ou reduzida por Quando o interruptor está aberto do pulso varia de zero até o máximo,
um transformador. Depois, a tensão não há corrente na carga e a potência a potência também varia na mesma
alternada em forma de onda senoidal aplicada é nula. proporção. Este princípio é usado jus-
é retificada por diodos (ou por uma No instante em que o interruptor tamente no controle PWM: a largura do
ponte de diodos) para que somente os é fechado, a carga recebe a tensão pulso é modulada (variada) de modo a
ciclos positivos ou negativos da onda total da fonte e a potência aplicada é controlar o ciclo ativo do sinal aplicado
senoidal possam ser usados, a seguir a máxima. a uma carga e, com isso, a potência
estes são filtrados para reduzir o ripple Para se obter uma potência inter- aplicada a ela, conforme indica o grá-
(ondulação) e, finalmente, regulados mediária de 50% aplicada à carga fico na figura 3 a seguir.
pelo circuito regulador de tensão de deve-se fazer com que a chave seja Os circuitos integrados desta série
onde sairá a tensão contínua desejada. aberta e fechada rapidamente, de possuem implementados internamente
modo a ficar 50% do tempo aberta e um oscilador ajustado para um controle
PWM 50% fechada. Isso significa que, em preciso do ciclo ativo sob condições de
PWM é a abreviação de Pulse média, teremos metade do tempo lock-out de tensão, além de possuir
Width Modulation, ou Modulação de com corrente e metade do tempo sem uma corrente de partida menor que
Largura de Pulso. corrente, conforme mostra a figura 2. 0,5 mA. Além disso, eles possuem uma
Para que se entenda como funciona Variando-se a largura do pulso e referência de precisão para a entrada
essa tecnologia no controle de potên- também o intervalo de modo a termos do amplificador de erro, uma lógica
cia, partimos de um circuito imaginário ciclos ativos diferentes, pode-se con- para assegurar a operação travada,
formado por uma carga que deve ser trolar a potência média aplicada a um comparador PWM que também
controlada, de acordo com a figura 1. uma carga. Assim, quando a largura proporciona um controle de limitação

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 37


Instrumentação

F4. Perdas de comutação em F5. ZVS.


fontes chaveadas.

de corrente e uma etapa de saída “chaveada” ou comutada (transformada microeletrônica e também para ganhar
totem pole projetada para fornecer ou em tensão CA de alta frequência) utili- melhor desempenho.
drenar altas correntes de pico. zando-se transistores de potência. Essa Estas fontes realizam a comuta-
energia “chaveada” é passada por um ção quando a tensão e/ou a corrente
Fonte chaveada transformador (para elevar ou reduzir a estão anuladas pelo capacitor e indu-
É uma unidade de fonte de ali- tensão) e, finalmente, retificada e filtrada. tor. Quando a comutação ocorre nos
mentação eletrônica que incorpora A regulação ocorre devido a um circuito pontos de anulação da tensão ZVS
um regulador chaveado, ou seja; um de controle com realimentação que de (Zero Voltage Switching), fica indi-
circuito controlador interno que cha- acordo com a tensão de saída altera o cada conforme ilustra a figura 5. O
veia (comuta) a corrente, ligando e ciclo de condução do sinal de chavea- capacitor fica ligado em paralelo com
desligando rapidamente, controlando a mento, ajustando a tensão de saída para o dispositivo.
largura do pulso de uma onda quadrada um valor desejado e pré-definido. Quando a comutação ocorre nos
de forma a manter uma tensão de saída A vantagem é que o rendimento de pontos de anulação da corrente ZCS
estabilizada. Reguladores chaveados potência é maior e a perda por geração (Zero Current Switching), fica indicada
são utilizados para substituição de regu- de calor bem menor do que nas fontes conforme exibe a figura 6. O indutor
ladores lineares mais simples, quando lineares. Além disso, necessita de fica em série com o dispositivo.
uma eficiência maior, menor tamanho transformadores menores e mais leves. As principais vantagens dos con-
e maior leveza forem requeridas. Eles, A desvantagem é a emissão de ruídos versores ressonantes são as seguin-
entretanto, são mais complexos e mais e radiação devido à alta frequência de tes: operação com alta frequência; as
caros, e o chaveamento da corrente chaveamento. perdas de comutação são reduzidas
pode causar problemas de ruído (tanto (devido à existência de ZVS ou de
eletromagnético quanto sonoro) se não Perdas em fontes chaveadas ZCS); comutação suave com geração
forem cuidadosamente suprimidos, e As fontes chaveadas que não de EMI reduzida, contrariamente ao
projetos simples podem ter baixo fator possuem conversor ressonante têm que acontece nas topologias comuta-
de potência. perdas significativas quando ocorre o das (devido aos valores elevados de di/
A fonte de alimentação chaveada é chaveamento. Veja na figura 4. dt e de dv/dt); redução de dimensões
alimentada com uma tensão alternada (volume e peso); e grande densidade
(CA) para uma etapa de retificação (de Conversores ressoantes de potência.
alta ou baixa tensão) e filtrada através As fontes ressonantes foram desen- Desvantagens: Difícil dimensio-
de capacitores, a tensão resultante é volvidas para suprir a necessidade da namento das grandezas elétricas;

ZCS ZVS
Controle Tempo de condução constante Tempo de corte constante
Tensão no dispositivo Aproximadamente retangular Quase senoidal
Corrente no dispositivo Quase senoidal Aproximadamente retangular
Variação na carga Rmín. a 0 0 a Rmáx.
Ganho de tensão aumenta quando A frequência aumenta A frequência diminui
Ganho de tensão diminui quando R aumenta R diminui
Onda completa Diodo em paralelo com a carga Diodo em série com a carga
Meia onda Diodo em série com a carga Diodo em paralelo com a carga
T1. Comparação ZCS x ZVS (IST-DEEC 2007).

38 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Instrumentação

F6. ZCS. F7. Ressonante F8. Ressonante


Série. Paralelo.

controle mais complexo; e perdas de inclui um interruptor ressonante, este mas apenas reproduz os sinais de uma
condução não desprezáveis. A figura interruptor engloba uma bobina (L1) e delas, sendo necessário separar uma
6 representa o ZCS. Um exemplo de um capacitor (C1). única frequência de todo o conjunto.
circuito ressonante-série e mostrado Para essa finalidade utilizam-se os
na figura 7. Materiais e Métodos circuitos RLC ou LC em paralelo.
As fórmulas para os cálculos dos Neste capítulo mostraremos como Já uma aplicação para o circuito
circuitos em série são: foram realizados os softwares e har- RLC em série consiste em eliminar
• Resistor e indutor: Z = V (Xl² dwares aplicados nos testes e na uma frequência de um conjunto, como,
+ R²) pesquisa. por exemplo, em uma TV que recebe
• Resistor e capacitor: Z = V Os esquemas elétricos foram rea- sinais (frequências) de todos os canais
(Xc² + R²) lizados no software ambiente de pro- de televisão, e através de um circuito
• Resistor, indutor e capacitor: gramação PROTEUS. Este é utilizado LC em paralelo, apenas um canal é
Z = V (Xl – Xc)² + R² no desenvolvimento de projetos de selecionado. Entretanto, o sinal do
• Corrente: Ic = VT / Z eletrônica, possui diversos componen- canal compõe-se de vídeo e áudio,
Onde: tes onde é possível realizar simulações que devem ser encaminhados para
• Z = impedância dos circuitos montados, além de pos- circuitos diferentes. Para evitar que
• R = resistor suir osciloscópios e multímetros para o sinal de som interfira na imagem, é
• C = capacitor realização de possíveis medições. necessário acrescentar (antes do cir-
• Xl = reatâncias indutivas O método utilizado é o bibliográ- cuito de vídeo) um circuito que elimine
• Xc = reatâncias capacitivas fico. Foram pesquisadas várias fontes a frequência de som. Para esta função,
• L = indutor bibliográficas, comparando-se diversos utiliza-se um circuito RLC em série.
• V = tensão autores.
• Ic = Corrente no capacitor Foram testados os circuitos no Conclusão
Um exemplo de circuito ressonante software de programação PROTEUS. Circuitos ressonantes são novos no
paralelo é visto na figura 8. Na tabela 1 são comparados mercado e por isso devem ser estuda-
As fórmulas para os cálculos dos os resultados de “zero tensão” no dos e analisados, pois poderão cons-
circuitos em paralelo são: momento do chaveamento ZVS e de tituir o futuro das fontes chaveadas.
• Corrente no capacitor: Ic = “zero corrente” no momento do chave- Pode-se observar que o uso de
Vt / Xc amento ZCS. conversores ressonantes garante
• Corrente no indutor: Il = Vt / Xl um melhor desempenho/rendimento,
• Corrente total: It = V Ir² + (Il Aplicações para circuitos além de trabalhar com componentes
– Ic)² ressonantes RLC em Série e de menor porte na filtragem da fonte.
• Impedância no circuito para- em Paralelo Estes conversores visam aumentar o
lelo: Z = Vt / It Além de obterem um melhor desem- controle de chaveamento para obter-
penho e funcionalidade em fontes, os -se um valor de tensão desejada.
Conversores quase ressoantes circuitos ressonantes também pos- Empresas que investirem seus capitais
Os conversores quase ressonan- suem outras funções, tais como em neste diferencial, nestes conversores,
tes se assemelham às topologias um aparelho de rádio, por exemplo, estarão investindo em tecnologia e
de PWM com o mesmo princípio de que recebe os sinais (frequências) saindo na frente com relação aos seus
transferência de energia, onde se transmitidos por todas as emissoras, concorrentes. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 39


Instrumentação

Práticas com o Multímetro no


Teste de Componentes
O multímetro é o instru- Análise e identificação dos (A). No display deverá aparecer a
mento mais empregado no terminais de um diodo com indicação de resistência infinita;
teste e verificação de com- um multímetro • O diodo sob teste está em bom
Se o ânodo e o cátodo do diodo estado. Veja um mult-digital na
ponentes eletroeletrônicos. estão identificados: figura 1.
Neste artigo apresentamos • Selecionar através do comutador Se o ânodo e o cátodo do diodo não
algumas práticas para testar rotativo do multímetro a posição de estão identificados:
diversos tipos de compo- análise de junções PN (figura 0); • Selecionar através do comutador
nentes e analisar os resul- • Ligar as pontas de prova ao rotativo do multímetro a posição de
multímetro; análise de junções PN (figura 0);
tados obtidos, utilizando • Ligar a ponta de prova vermelha • Ligar as pontas de prova ao
sempre esse aparelho. do multímetro (+ da pilha interna) multímetro;
ao ânodo (A) e a ponta de prova • Ligar a ponta de prova vermelha
preta (- da pilha interna) ao do multímetro (+) a um dos ter-
cátodo (K). No display deverá minais e a ponta de prova preta
Filipe Pereira aparecer um certo valor da resis- (-) ao outro terminal.
tência da junção PN; Se no display aparecer um certo
• Ligar a ponta de prova vermelha valor de resistência, é sinal que esta-
do multímetro (+ da pilha interna) mos polarizando diretamente a junção
ao cátodo (K) e a ponta de prova PN. Logo o terminal do diodo que entrou
preta (- da pilha interna) ao ânodo em contato com a ponta de prova ver-

F0. Posição de análise de jun-


ções PN no multímetro.

F1. Multímetro F2. Conceito teórico sobre a polarização


Digital. de um diodo (Junção PN).

40 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Instrumentação

melha é o ânodo (A) e o terminal que


entrou em contato com a ponta de prova
preta é o cátodo (K).
Se no display aparecer a indica-
ção de resistência infinita, é sinal que
estamos polarizando inversamente a
junção PN. Logo o terminal do diodo
que entrou em contato com a ponta
de prova vermelha é o cátodo (K) e o
terminal que entrou em contato com a
ponta de prova preta é o ânodo (A): O
diodo sob teste está em bom estado.
Observe a figura 2.

Análise de tiristores
com um multímetro
Para comprovação de um tiristor
(figura 3 e 4) pode-se utilizar a função
de análise de junções PN (figura 0) de
um multímetro. Com as pontas de prova
ligadas em qualquer, sentido o compo- F3. Exemplos
de tiristores.
nente não deve conduzir entre os seus
terminais de ânodo e cátodo, indicando
um valor da resistência infinita.
Se medirmos a resistência entre o
ânodo e a gate, com as pontas de prova
ligadas em qualquer sentido, a resistên-
cia medida deve também ser infinita.
Podemos fazer uma comprovação
aproximada da gate, aplicando um
teste idêntico aos terminais de gate
e cátodo. Se aplicarmos uma polari-
zação direta (gate positiva e cátodo
negativo), a resistência indicada pelo
multímetro deve ser baixa. Se pelo
contrário polarizarmos inversamente
(gate negativa e cátodo positivo), a
resistência indicada pelo multímetro F4. Estrutura interna F5. Análise de um tiristor
do tiristor. com o multº.
deve ser alta.
Pode-se realizar um teste melhor,
com o multímetro na função de análise
de junções PN (figura 0), seguindo o
processo descrito na figura 5. Primeira-
mente, ligar a ponta de prova positiva ao
ânodo e a negativa ao cátodo. Colocar
em curto-circuito por breves instantes o
terminal de gate com o ânodo: deverá
obter-se uma leitura bastante baixa.
Ao deixar este curto-circuito, deverá
todavia obter-se uma leitura bastante
baixa, uma vez que o tiristor entrou em
condução, e a corrente deverá ser sufi-
ciente para proporcionar a manutenção
deste estado (a corrente poderá ser
insuficiente para produzir o efeito de
manutenção) . F6. Análise de um alto-falante
com o multímetro.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 41


Instrumentação

F7. Alto-falante F8. Alto-falante


bom. ruim.

Se uma das pontas de prova se ponteiro do multímetro analógico for a • Como o MOSFET de enriqueci-
desligar e voltar novamente a ligar, o zero e não sair ruído, o alto-falante está mento não tem o canal formado,
tiristor deverá bloquear (não conduz), em curto. Figura 8. a resistência indicada entre o
obtendo-se novamente uma leitura de Este teste não é 100% confiável. Às Dreno (D) e a Fonte (S) deve ser
elevada resistência. vezes a bobina do alto-falante está boa, infinita, seja qual for a polaridade
mas ele está com outro tipo de defeito aplicada (exceto na situação de
Teste/análise de um alto- como, por exemplo, o cone rasgado, existir um diodo de proteção
falante com um multímetro o entreferro da bobina móvel sujo etc. interno que fique polarizado
Veja, agora, a ilustração apresen- diretamente - fonte positiva em
tada na figura 6. Com um multímetro Análise de um MOSFET de relação ao dreno), figura 10;
pode-se medir a resistência da bobina enriquecimento com um • Colocar a ponta de prova posi-
e, em certos casos, provocar o movi- multímetro tiva (vermelha) na Gate (G) e a
mento do cone do alto-falante. Se uti- Evitar tocar com as mãos nos ter- ponta de prova negativa (preta)
lizar um multímetro analógico, deverá minais dos FET já que todos eles, mas na Fonte (S), o que irá induzir a
selecionar a escala x1, colocando uma especialmente os de tecnologia MOS, criação do canal N entre o Dreno
ponta de prova fixa num dos terminais são sensíveis a cargas elétricas estáti- e a Fonte;
do alto-falante e com a outra ponta de cas que podem danificar permanente- • Agora, seja qual for a polaridade
prova raspa-se no outro terminal. O mente a sua estrutura interna. aplicada pelas pontas de prova
ponteiro deverá deslocar-se sobre a aos terminais de Dreno e de
escala (indicando o valor da resistência Como verificar com um mul- Fonte, verificamos que passou a
da bobina) e deve ouvir-se um pequeno tímetro se um MOSFET de haver condução entre eles e uma
ruído produzido pelo movimento do enriquecimento está em bom certa resistência que depende
cone do alto-falante. estado? da dopagem do material semi-
Se utilizar um multímetro digital, ele Vamos utilizar como exemplo o tipo condutor que forma o canal.
indicará a resistência da bobina, mas o BS170. que é um NMOS de enriqueci- Observação: Para um PMOS de
alto-falante não produzirá ruído. mento (Enhancement). Veja a figura 9. enriquecimento (Enhancement) os
Se o ponteiro do multímetro analó- • Colocar o comutador rotativo do procedimentos são idênticos, tendo-se
gico não mexer (R = ∞), o alto-falante multímetro na posição de análise só que trocar a polaridade das pontas
está aberto. Observe a figura 7. Se o de junções PN (figura 0); de prova.

42 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Instrumentação

F9. MOSFET F10. Símbolo Eletrônico F11. Um


BS 170. do MOSFET. TRIAC.

F12. Símbolo eletrônico F13. Análise de um TRIAC com


do TRIAC. um multímetro.

Análise do TRIAC com o disparo do TRIAC). Ao deixar este Se não dispomos de um capacíme-
um multímetro curto-circuito, poderá obter-se ainda tro ou de um multímetro com escala de
Para comprovação de um TRIAC uma leitura bastante baixa, já que o capacitâncias:
pode-se utilizar a função de análise de TRIAC entrou em condução (isto se a • Selecionar o campo de medida
junções PN (figura 0) de um multímetro. corrente for suficiente para proporcionar de resistências;
De maneira semelhante ao tiristor, uma a manutenção do estado de condução), • Ligar as pontas de prova aos
comprovação de resistência entre os figura 13. Se uma das pontas de prova terminais do capacitor. Respeitar
terminais MT1 (ou T1) e MT2 (ou T2) se desligar e voltar novamente a ligar, a polaridade se for eletrolítico (de
deverá indicar uma resistência infinita o TRIAC deverá bloquear (não conduz), alumínio ou de tântalo), figura 15;
(junção PN inversamente polarizada), obtendo-se novamente uma leitura de • Se a resistência do capacitor sob
independentemente da polaridade das elevada resistência. teste der 0 Ω, o capacitor está em
pontas de prova. Atente para a figura 11. Observação: A corrente (IT) poderá curto-circuito;
Se medirmos a resistência entre ser insuficiente para produzir o efeito de • Se a resistência do capacitor sob
o terminal MT1 e a Gate (G), com as manutenção (IT < IH). teste der ∞, o capacitor está em
pontas de prova ligadas em qualquer bom estado (já que está sendo
sentido, a resistência medida deverá Medição e análise de medida a resistência do dielétrico).
indicar um valor baixo (junção PN capacitores com um
diretamente polarizada). Repare na multímetro Para observar a carga
figura 12. Olhe, agora, para a figura 14. do capacitor
Empregando o mesmo procedi- Ao ligar inicialmente o multímetro
mento de ensaio de disparo/manuten- Se dispusermos de um capa- (como ohmímetro) é muito provável
ção para o tiristor, o resultado deve ser címetro ou de um multímetro que se obtenha uma leitura baixa (da
exatamente igual com o TRIAC. Colo- digital com escala de capaci- resistência) – carga do capacitor →
cando as pontas de prova do multímetro tâncias: corrente elevada, mas a resistência
nos terminais MT1 e MT2 e curto-circui- Se conhecermos o valor da capaci- rapidamente subirá até um nível muito
tando por breves instantes o terminal de tância (através do código de cores ou elevado (quando a tensão no capaci-
gate com o terminal MT2 (independen- do código alfanumérico), deveremos tor = tensão na fonte → I = 0 logo R =
temente da polaridade), deverá obter-se selecionar o campo de medida imedia- ∞). O tempo que o capacitor demora
uma leitura bastante baixa (provocou-se tamente acima desse valor. em carregar-se por completo depende:

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 43


Instrumentação

F15. Análise de um capacitoror


com um multímetro.

F14. Entrada do multímetro F16. Medição da Junção PN em


para colocação do capacitor. paralelo com a resistor a medir.

• Da escala de resistência empre- • Se a resistência sob teste der Cuidados complementares


gada (se a escala R é elevada → valor 0Ω, o resistor está em Quando se pretender medir resis-
I é fraca → T de carga é grande); curto-circuito ou o campo de tores de elevado valor (aproximada-
• Do valor da capacidade do capa- medida selecionado é muito mente 1 MΩ ou mais), não se deve
citor (C↑ → T carga ↑). superior ao valor da resistência tocar com as mãos nos terminais do
Se o capacitor tem: a medir; componente, uma vez que colocare-
• C ↓ (centenas de nF ou menos), • Se a resistência sob teste der ∞, mos a resistência elétrica própria do
não importa a escala que se uti- (infinito), o resistor está em aberto nosso corpo (que é elevada) em para-
liza pois R = ∞. Na realidade pode ou o campo de medida selecio- lelo com a resistência que está sendo
não existir um período apreciável nado é muito inferior ao valor da medida, o que falseará o resultado da
de carga no caso dos capacitores resistência a medir. medição.
de baixa capacitância. Com um multímetro digital: Se
• C ↑ empregar uma escala de conhece o valor da resistência (atra- Medição e análise de
baixa resistência, para que o vés do código de cores ou do código resistores no circuito, com
tempo de carga seja pequeno. alfanumérico), deverá selecionar o um multímetro
campo de medida imediatamente Desligar o circuito: Não utilizar o
Medição e análise de acima desse valor: multímetro para medir resistores que se
resistores fora do circuito • Selecionar o campo de medida encontram inseridos num circuito sob
com um multímetro de resistências; tensão. Se tiver que medir resistores que
Com um multímetro analógico: Se • Ligar as pontas de prova ao fazem parte de um circuito, é necessário
conhece o valor da resistência (através multímetro; antes, desligar o circuito.
do código de cores ou do código alfanu- • Se a resistência sob teste der 0Ω, Componentes em paralelo com o
mérico) deverá selecionar o campo de o resistor está em curto-circuito resistor a medir: A medição de resistores
medida imediatamente acima desse valor: ou o campo de medida selecio- num circuito pode ser problemática, já
• Selecionar o campo de medida nado é muito superior ao valor da que frequentemente podem existir outros
de resistências; resistência a medir; (resistores, indutores, transformadores,
• Ligar as pontas de prova; • Se a resistência sob teste der ∞, semicondutores) em paralelo com o que
• Curto-circuitar as pontas de prova (infinito), o resistor está em aberto se quer medir.
e ajustar o zero (Sempre que ou o campo de medida selecio- Para combater o problema das resis-
mudar de campo de medida terá nado é muito inferior ao valor da tências em paralelo deve-se desligar um
que ajustar o zero); resistência a medir. dos terminais da resistor a medir.

44 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Instrumentação

Junção PN em paralelo com o Identificação com um


resistor a medir: A maioria dos apare- multímetro dos terminais e
lhos de medida de resistências funciona polaridade de um transistor
com uma tensão de teste que é superior bipolar
à tensão de polarização direta de uma Colocar o comutador rotativo do
junção PN de silício (0,6 - 1 V) ou de multímetro na posição de análise de
germânio (0,2 - 0,4 V). Qualquer junção junções PN (figura 0). Apenas para estas
PN polarizada diretamente que esteja em identificações podemos considerar o
paralelo com a resistência a medir pode transistor como dois diodos em oposição.
colocar em derivação a referida resistên- Figura 19A.
cia da junção PN e fornecer uma leitura
baixa. Veja a figura 16. Procedimentos
Um semicondutor polarizado inver- Os procedimentos serão apresenta-
samente (através das pontas de prova) dos a seguir:
ficará com uma resistência muito elevada
e obtém-se assim uma leitura correta. Identificação da base F17. Estrutura de um
JFET - Canal N.
Devemos encontrar um par de termi-
Análise de um JFET com nais em que, medindo a resistência num e
um multímetro noutro sentido, esteja seja muito elevada.
Como verificar com um multímetro se Estamos em presença do Emissor e do
um JFET está em bom estado. Atente, Coletor (entre C e E diodos em oposição
agora, para a ilustração dada na figura R ≈ ∞). Por exclusão de partes, o outro
17. Vamos utilizar como exemplo o terminal é a base;
2N3819, que é um JFET canal N.
• Colocar o comutador rotativo do Transistor PNP ou NPN?
multímetro na posição de análise Coloque a ponta de prova + ou – no
de junções PN (---figura 00); terminal da base e a outra ponta de prova
• Colocar a ponta de prova positiva num dos outros terminais.
(vermelha) na Gate (G) e a ponta • + na base = se R é pequeno, temos
de prova negativa (preta) no Dreno polarização direta da junção = o
(D) e na Fonte (S). O multímetro transistor é NPN;
deve indicar uma certa resistência • + na base = se R é grande, temos F18. Vista de cima
do JFET.
(junção PN canal/gate diretamente polarização inversa da junção = o
polarizada); Figura 18. transistor é PNP;
• Colocar o comutador rotativo do • - na base = se R é pequeno, temos
multímetro na posição de medição polarização direta da junção = o
de resistências; transistor é PNP;
• Colocar as pontas de prova com • - na base = se R é grande, temos
qualquer polaridade entre o Dreno polarização inversa da junção = o
(D) e a Fonte (S). O multímetro transistor é NPN.
deve indicar uma certa resistência
(que corresponde à resistência do Identificar o Emissor
material semicondutor do canal e o Coletor
N, que pode estar mais ou menos Entre o terminal de Base e qualquer
dopado). um dos outros terminais medimos a
Observação: Se medir a resistência resistência (no transistor NPN - positivo
do canal e, depois de polarizar inversa- na Base, no PNP - negativo na Base).
mente a junção PN canal/gate, tornar a A resistência entre a Base e o Coletor é
medi-la, poderá verificar que a resistência sensivelmente menor que a resistência
do canal aumentou (isto devido ao fato entre a Base e o Emissor.
da polarização inversa da junção PN ter
estreitado o canal devido ao aumento da Teste de fugas
zona de depleção). Para um JFET canal P A corrente de fuga de um transistor de
os procedimentos são idênticos, tendo-se silício é inferior a 1 μA, no entanto, num
só que trocar as polaridades das pontas transistor de germânio a corrente de fuga
de prova. já é significativa. Repare na figura 19B. F19. Teste de fugas
de um transistor.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 45


Soluções

Inglês para
Eletrônicos Newton C. Braga

P
Dois termos técnicos, na CB é o acrônimo para Printed permissível. Diferentemente de “shall”,
verdade acrônimos, que Circuit Board ou Placa de que é um deve exigido; de “must” que
Circuito Impresso que, em por- é um deve essencial para que a coisa
podem trazer alguma con- tuguês, é abreviado por CI ou funcione; ou de “should” que é de um
fusão para os leitores que PCI. Por outro lado, IC é o acrônimo deve de uma recomendação. Veja que
ainda não dominam perfei- para Integrated Circuit ou Circuito Inte- temos ainda o “can” (pode), que signi-
tamente o inglês técnico, grado, que leva justamente a mesma fica que é possível mas não obrigatório.
são PCB e IC. Suas tradu- abreviação de circuito impresso, em A tradução desse pequeno texto
ções em português causam português, ou seja, CI. ficará, então, como:
São duas coisas diferentes : PCB
mais dúvida ainda, visto que é a placa onde são montados os com-
elas usam justamente os ponentes, isto é, a placa que serve “Solde os CIs (circuitos integrados),
mesmos acrônimos: CI. transistores, amplificador operacional
de chassi e que possui as trilhas de
CA3140 e o MOSFET na placa de cir-
Veja, neste artigo, quais cobre de interligação. Já, IC, é o cir- cuito impresso (PCI). Os soquetes dos
são as diferenças entre um cuito integrado ou componente que circuitos integrados não estão incluídos
possui em seu interior um “chip” de no kit, mas podem ser usados se assim
e outro para não fazer con- se desejar”
silício com os diversos elementos de
fusão nas traduções ou na um circuito, já interligados, de modo
escrita de um documento a realizar uma função.
técnico. O seguinte texto (em inglês) serve Confúcio
de exemplo para o uso desses termos: Os leitores já devem ter percebido
que é de extrema importância usar a
linguagem correta nas especificações
“Solder the ICs, transistors, CA3140 op
amp, and the MOSFET to the PCB. IC técnicas. Um termo impróprio pode
sockets are not included with the kit, but levar a erros, e erros podem levar a
may be used if desired”. desastres. Um pequeno texto com mais
de 2.000 anos, em inglês, é claro, do
grande filósofo chinês Confúcio, nos
Uma observação que deve ser feita mostra onde podemos chegar:
neste texto é em relação à regência
do verbo “to solder” (solder, solders,
“If language is not correct, then what is
soldering, soldered). Em português
said is not what is meant; if what is said
usamos “soldar um componente na is not what is meant, then what ought to
placa de circuito impresso” ou numa be done remains undone; if this remains
placa de circuito impresso. Em inglês a undone, morals and art deteriorate; if
regência é “to”. Assim, a forma correta morals and art deteriorate, justice will
go astray; if justice goes astray, the
de usar o verbo é: “to solder a compo-
will stand about in helpless confusion.
nent to a PCB”. Hence there must be no arbitrariness in
Outro termo importante nesta frase what is said”
é o verbo “may”. Como vimos em arti- Confucius.
gos anteriores desta série, ele indica
uma recomendação, não sendo obriga-
tória. Em outras palavras, o significado Esse texto, que ensina muito (não só
dado para “may” é um deve (ou pode) de inglês, mas também de moral), tem

46 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Soluções

algumas formas idiomáticas bastante


interessantes que devem ser analisadas “Se a linguagem não for correta, então o Acrônimos
mais detidamente: que é dito não é o que significa; se o que
IC (Integrated Circuit): Circuito
é dito não é o que significa, então o que
Começamos pelo termo “ought” Integrado
deve ser feito permanece sem ser feito;
que é explicado pelo “Collins Cobuild PCB (Printed Circuit Board): Placa de
se permanece sem ser feito, moral e arte
Circuito Impresso
English Language Dictionary” através se deterioram; se moral e arte se deterio-
KGB (Knowm Good Board): Placa de
do seguinte texto: “you use ought to say ram, a justiça se extravia; se a justiça se
circuito impresso correta.
you think that an action or someone’s extravia, o povo ficará numa confusão
LSI (Large Scale Integration):
sem socorro. Portanto, é preciso não ser
behaviour is morally right. If you say Integração em Larga Escala (também
arbitrário no que se diz”
ought not you think it is morally wrong”. Laboratório de Sistemas Integrados
Confúcio.
da USP)
A tradução desse texto diz tudo: MLB (Multi Layer Board): Placa de
“você usa “ought”(deve) para dizer que circuito impresso multimarcas.
T
pensa que uma ação ou procedimento PCA (Printed Circuit Assembly):
de alguém é moralmente certa. Se você Vocabulário Montagem em placa de circuito
diz “não deve”, você acredita (pensa) impresso: Usado para designar a placa
Solder: solde, solda, soldar com os componentes já montados.
que ela é moralmente errada” Op amp: amplificador operacional PWB (Printed Wiring Board): Placa
Outro termo que merece atenção é PCB (Printed Circuit Board): placa de de Conexões Impressas: o substrato
“goes astray”. O “Collins” tem o seguinte circuito Impresso formado pela placa e pelas conexões:
texto para designar a expressão “ goes Sockets: soquetes. o mesmo que PCB.
Meant: significado (de to mean – SMD (Surface Mount Devices):
astray”: “If something goes astray, it significar, means, meaning, meant) componentes para montagem em
gets lost while it is being taken or sent Ought: deve, é conveniente superfície
somewhere. Ex: The had gone astray”. Undone: desfeito (sem ser feito) SMT (Surface Mount Technology):
Traduzindo: Se alguma coisa se Deteriorate: deterioram Tecnologia para montagem em
extravia, ela se perde ao ser transpor- Astrays: desencaminhar, extraviar, superfície.
enganosa SMA: (Surface Mount Assembly):
tada ou enviada para algum lugar. Ex: Stand about: ficar em módulo ou circuito que tem os
A carta se extraviou. Helpless: sem socorro componentes usando a tecnologia de
A tradução para o texto de Confúcio Arbitrariness: arbitrariedade. montagem em superfície.
fica, então:

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 47


Componentes

Introdução à
tecnologia FPGA
A tecnologia FPGA (Field- O que é um FPGA? confiabilidade e velocidade na tempo-
programmable gate array) FPGAs são chips de silício repro- rização por hardware, mas não exigem
gramáveis que usam blocos lógicos grandes volumes para justificar o
continua a ganhar impulso, programáveis pré-construídos que têm grande gasto inicial de um projeto ASIC
e o mercado mundial de recursos de roteamento, você pode personalizado. O silício reprogramável
FPGA vem crescendo de US$ configurar esses chips para implemen- também tem a mesma flexibilidade de
1,9 bilhões em 2005 para tar funcionalidades personalizadas de um software rodando em um sistema
US$ 2,75 bilhões em 2010. hardware sem nunca ter que pegar em baseado em processador, mas não é
Desde sua invenção em uma placa de montagem ou ferro de limitado pelo número de núcleos de
solda. Você desenvolve tarefas de com- processamento disponível.
1984 pela Xilinx, os FPGAs putação digital em software e as com- Ao contrário dos processadores, os
passaram de um simples pila em um arquivo de configuração (ou FPGAs são verdadeiramente paralelos
chip de lógica personali- bitstream), que contém as informações por natureza, de modo que diferentes
zada até realmente subs- sobre como os componentes devem operações de processamento não têm
tituir circuitos integrados ser ligados entre si. Além disso, os que consumir os mesmos recursos.
de aplicações específicas FPGAs são totalmente reconfiguráveis Cada tarefa independente de pro-
e imediatamente assumem uma nova cessamento é atribuída a uma seção
(application-specific integrat- “personalidade” quando você recompila dedicada do chip, e pode funcionar de
ed circuits – ASIC) personali- uma nova configuração de circuito. forma autônoma, sem qualquer influ-
zadas para processamento No passado, a tecnologia FPGA só ência de outros blocos lógicos. Como
de sinais e aplicações de estava disponível para engenheiros com resultado, o desempenho de uma parte
controle. uma profunda compreensão do projeto da aplicação não é afetado quando um
Por que essa tecnologia de hardware digital. O surgimento de processamento adicional é inserido.
ferramentas de projeto de alto nível,
foi tão bem sucedida? Este no entanto, está mudando as regras Cinco dos Benefícios da
artigo fornece uma intro- da programação FPGA com as novas tecnologia FPGA
dução ao FPGA e destaca tecnologias que convertem diagramas Veja a seguir os principais bene-
alguns dos benefícios que de blocos gráficos, ou mesmo código fícios que podem ser obtidos através
fazem os FPGAs únicos. em C#, em circuitos de hardware digital. dessa inovadora tecnologia:
A adoção de chips FPGA em todos
os setores é dirigida pelo fato deles Desempenho
Guilherme Kenji Yamamoto combinarem as melhores partes do Aproveitando-se do paralelismo do
Renan Airosa Machado de Azevedo ASIC com sistemas baseados em hardware, os FPGAs excedem o poder
National Instruments
processador. Os FPGAs oferecem dos processadores digitais de sinais

48 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013


Componentes

(digital signal processors – DSPs) ASICs é fácil de justificar para os envios como no ASIC. Protocolos de comuni-
quebrando o paradigma de execução de milhares de chips OEMs por ano, cação digital, por exemplo, têm especi-
sequencial e realizando mais por um mas muitos usuários finais precisam ficações que podem mudar ao longo do
ciclo de clock. A BDTI, uma notável de funcionalidades personalizadas de tempo, e interfaces baseadas em ASIC
empresa de realização de benchmarks, hardware para as dezenas a centenas podem causar adiantamento de desa-
lançou estes mostrando como os de sistemas em desenvolvimento. A fios de compatibilidade e manutenção.
FPGAs podem oferecer muitas vezes o própria natureza do silício programável Por serem reconfiguráveis, os chips
poder de processamento por dólar de significa que não há nenhum custo para FPGA são capazes de acompanhar as
uma solução DSP em algumas aplica- a fabricação ou um longo prazo para a modificações futuras que possam ser
ções. Controlar entradas e saídas (E/S) montagem. Como os requisitos do sis- necessárias. Conforme um produto ou
no nível do hardware fornece tempos tema mudam frequentemente ao longo sistema amadurece, você pode fazer
de resposta muito mais rápidos devido do tempo, o custo de fazer mudanças melhorias funcionais sem gastar tempo
a funcionalidades especializadas para incrementais para projetos FPGA é reprojetando hardware ou modificando
aproximar aos requisitos da aplicação. insignificante quando comparado com o layout da placa.
a grande despesa de reprogramar um
Tempo de mercado ASIC. Escolhendo um FPGA
A tecnologia FPGA oferece flexi- Ao analisar as especificações de
bilidade e rapidez na capacidade de Confiabilidade um chip FPGA, note que elas são divi-
prototipagem em face às crescentes Enquanto as ferramentas de sof- didas em blocos lógicos configuráveis,
preocupações sobre o tempo de mer- tware fornecem o ambiente de progra- células lógicas, lógica de função fixa
cado. Você pode testar uma ideia (ou mação, os circuitos FPGA são fáceis como multiplicadores e recursos de
conceito) e verificar no hardware sem de implementar para a execução do memória como bloco de RAM integrada.
passar pelo longo processo de fabrica- programa. Sistemas baseados em Há muitos outros componentes do chip
ção de um projeto personalizado com processador, geralmente, envolvem FPGA, mas estes são normalmente
ASIC. Você pode então implementar várias camadas de abstração para os mais importantes para selecionar
mudanças incrementais e interagir com ajudar a agendar tarefas e comparti- e comparar FPGAs para uma determi-
o projeto de FPGA em poucas horas em lhar recursos entre vários processos. A nada aplicação.
vez de semanas. camada de driver controla os recursos A tabela 1 apresenta as especifi-
Os Hardwares de mercado (Com- de hardware e o sistema operacional cações dos recursos utilizados para
mercial off-the-shelf - COTS) também gerencia a memória e a largura de comparar chips FPGA Xilinx dentro de
estão disponíveis com diferentes tipos banda do processador. Para qualquer várias famílias. O número de portas
de E/S já conectados a um chip FPGA. núcleo do processador, apenas uma lógicas tem sido tradicionalmente uma
A crescente disponibilidade de ferra- instrução pode executar por vez, e os forma de comparar o tamanho dos chips
mentas de software de alto nível diminui sistemas baseados em processadores FPGA e a tecnologia ASIC, mas não
a curva de aprendizado com as cama- estão continuamente em risco devido acaba descrevendo realmente o número
das de abstração e, frequentemente, a tarefas de tempo crítico que anteci- de componentes individuais dentro de
inclui valiosos núcleos IP (funções pré- pam umas as outras. Os FPGAs, que um FPGA. Esta é uma das razões para
-construídas) para o controle avançado não utilizam sistemas operacionais, que a Xilinx não especifique o número
e processamento de sinais. minimizam as preocupações com a de portas do sistema para a nova família
confiabilidade da execução paralela e Virtex-5.
Custo o hardware determinístico dedicado a
A engenharia não recorrente (non- cada tarefa. Conclusão
recurring engineering – NRE) de des- A adoção da tecnologia FPGA vem
pesas em projetos personalizados com Manutenção a longo prazo aumentando, assim como o nível das
ASIC excede em muito, comparada às Como mencionado anteriormente, ferramentas que fornecem benefícios
soluções de hardware baseado em os chips FPGA são atualizáveis e não para engenheiros e cientistas de todas
FPGA. O grande investimento inicial em exigem tempo e dinheiro para reprojetar as áreas. T
Virtex-II Virtex-II Spartan-3 Spartan-3 Virtex-5 Virtex-5 Virtex-5 Virtex-5
1000 3000 1000 2000 LX30 LX50 LX85 LX110
Portas 1 milhão 3 milhões 1 milhão 2 milhões - - - -
Flip-Flops 10.240 28.672 15.360 40.960 19.200 28.800 51.840 69.120
LUTs 10.240 28.672 15.360 40.960 19.200 28.800 51.840 69.120
Multiplicadores 40 96 24 40 32 48 48 64
Bloco de RAM
720 1.728 432 720 1.152 1.728 3.456 4.608
(kb)
T1. Especificações de Recursos FPGA para várias famílias.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013 49


Componentes

Perguntas e Respostas mais Frequentes sobre


Componentes Eletrônicos Par
Finate
Newton C. Braga

Que cuidados devemos ter ao Como dimensionar a


manusear componentes MOS? potência de alto-falantes?
Os componentes MOS (Metal Oxide Semicondutor) possuem uma camada Os alto-falantes devem ser capa-
finíssima de um óxido metálico isolante (que lhe dá nome), isolando os seus zes de transformar em som toda a
diversos elementos, por exemplo, a porta do substrato. Esta capa pode ser potência de áudio fornecida pelo
facilmente rompida por qualquer descarga de uma tensão mais elevada como, equipamento de som. Se isso não
por exemplo, a provocada pela eletricidade estática acumulada em nosso ocorrer, pode haver um excedente
corpo. Assim, basta o contato dos dedos nos terminais destes componentes que se transforma em calor e o
para que a descarga produzida seja suficiente para furar esta capa, e assim alto-falante queima-se. Isso signi-
inutilizá-los. fica que o conjunto de alto-falantes
Circuitos integrados MOS, transistores de efeito de campo, circuitos de ligado em cada canal de um sistema
memórias de computadores e outros são alguns exemplos de componentes de som deve ser capaz de manusear
que não devem ser seguros pelos terminais. a potência deste canal.

O que é Como obter


impedância? componentes?
O modo como um circuito “vê” outro, para o qual deve transferir o sinal, Está cada vez mais difícil contar
pode ser medido por uma impedância. A impedância nada mais é do que a com lojas de componentes mesmo
“resistência” que um circuito representa, mas em termos de corrente contínua nos grandes centros. A redução do
ou alternada, ou seja, é composta por uma resistência pura, uma capacitância número de técnicos reparadores e
e uma indutância. Um circuito só consegue transferir para outro toda a energia montadores, já que é possível obter
de que ele dispõe, quando sua impedância de saída é igual à da entrada do muitos equipamentos em kits e as
outro circuito que deve receber os sinais. Por este motivo, para que os sinais empresas que fabricam os têm em
de uma etapa para outra de um circuito, ou de um equipamento para outro, suas oficinas autorizadas, dificultam a
sejam transferidos de modo eficiente, deve haver um casamento de impedân- obtenção dos componentes, mesmo
cias entre eles, ou seja, suas impedâncias devem ser iguais. os mais simples. Para os leitores que
Um caso importante a ser observado é o da entrada de certos circuitos precisam de componentes, existem
que não necessitam necessariamente de todo o sinal que lhes pode ser for- as seguintes alternativas:
necido para funcionar. Por exemplo, se um amplificador pode fornecer uma • Compra pelo correio ou Internet.
potência em sua saída de 1 W, mas o circuito que ele deve excitar só precisa Existem empresas que vendem
de 1 mW, as impedâncias não precisam ser casadas exatamente. Basta que componentes pelo Correio e Inter-
a tensão de saída do circuito que excita atinja o valor mínimo que o outro net como a RS, Farnell etc.
exige, mesmo que a potência transferida seja menor, para que haja o bom • Ida aos grandes centros que
funcionamento do circuito que deve receber o sinal. ainda possuem lojas, como São
Em um amplificador, se ligarmos alto-falantes com impedância total igual Paulo (Rua Santa Ifigênia) e Rio
a da saída, teremos o melhor rendimento. Com uma impedância menor, o de Janeiro.
sistema ainda funciona, mas a potência de áudio obtida será menor. O perigo • Obtenção de componentes a partir
está em usar alto-falantes com impedâncias menores que a saída do amplifi- de equipamentos fora de uso que
cador. Os circuitos podem ser forçados, ocorrendo a queima de componentes. possam ser desmontados.

50 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 157 / 2013

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