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Universidade de São Paulo

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Departamento de Tecnologia da Arquitetura

AUT5823 - Conforto Ambiental em Espaços Urbanos Abertos

Acústica Urbana

Prof. Dra. Ranny L. X. N. Michalski

Ementa
• Acústica Urbana
• Ruído
• Avaliação do Ruído
• Legislação e Normas Técnicas
• Propagação do som ao ar livre
• Controle e Redução de Ruído Urbano
• Gestão de Ruído Urbano
• Mapa de Ruído Urbano
• Soluções para Espaços Urbanos
• Paisagem Sonora

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Acústica Urbana
• Ambiente urbano:
- composto de espaços construídos
que são acusticamente ricos.

• Espaços urbanos:
- são estruturas complexas:
- diversidade de fontes de ruído,
- diversidade de usos (atividade),
- as intervenções são complexas,
- a percepção de benefícios de intervenção não é imediata,
- os custos (financeiros e funcionais) podem ser elevados.

Acústica Urbana
• A qualidade urbana vive do equilíbrio entre espaços/momentos de
vivacidade e de tranquilidade:
em todos os aspectos sensoriais e na coerência entre estes.

• A percepção do espaço urbano é um processo cognitivo complexo


envolvendo:
- percepção climática,
- percepção lumínica,
- percepção sonora,
- percepção olfativa, visual,
- percepção ergonômica, e
- coerência.

• Diferentes fatores interagem e completam-se para uma imagem global: a


percepção de qualidade do espaço urbano.

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Acústica Urbana
• A concepção dos espaços urbanos precisa ser gerenciada cuidadosamente a
fim de possibilitar a criação de ambientes sonoros agradáveis, capazes de nos
proteger dos ruídos indesejáveis, que geram incômodos e acarretam danos à
saúde.

Ruído

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Ruído
• Qualquer som indesejável.

Sua classificação é
subjetiva (depende
do ouvinte)

• Percepção pessoal diferenciada.


• está presente em praticamente
todos os instantes da nossa vida.
• “Subproduto” do desenvolvimento
• O que pode acarretar?
Fonte: Veja São Paulo, Ed. Abril. 14/05/2008 e 11/08/2010

Efeitos nocivos do ruído no homem


Dependendo do: Nível de pressão sonora e
• Efeitos negativos Tempo de exposição do indivíduo
- Físicos
- Fisiológicos
- Psicológicos

Irritabilidade, estresse, fadiga,


depressão, distúrbios do sono,
diminuição da capacidade de
concentração, diminuição da
capacidade de aprendizagem,
dificuldade de comunicação,
tensões musculares, alterações
da pressão sanguínea,
problemas cardiovasculares e
respiratórios, perda auditiva.

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Efeitos nocivos do ruído no homem

• Perda da audição com a idade

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• Perda auditiva permanente com o
aumento dos anos de exposição

Poluição Sonora
• A poluição sonora é um problema de saúde pública. É o segundo maior agente
poluidor ambiental, depois da poluição do ar, Organização Mundial de Saúde (OMS).

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Começam as reclamações...

• Processos;
• Brigas;
• E até mortes!

Fonte: Veja São Paulo, Ed. Abril. 11/08/2010

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Estratégias de gestão e Controle de ruído
• Necessidade de adoção de estratégias de gestão e controle de ruído em
áreas urbanas.
• Necessidade de estabelecer normas, métodos e ações que:
- permitam o controle do ruído
- e visem à melhoria da qualidade sonora em áreas urbanas.

Acústica Urbana - áreas de pesquisa:


• Estudo das fontes sonoras urbanas;
• Estratégias de gestão e controle de ruído urbano;
• Predição de propagação sonora em micro, média e macro escalas;
- Em macro escala: softwares de simulação, mapas de ruído.
- Em micro escala: modelos físicos reduzidos.
• Estudo e proposição de Normas e Regulamentações;
• Efeitos de vários parâmetros urbanos e condições climáticas na propagação
sonora;
Exs: - influência da reflexão sonora de fachadas na propagação sonora.
- influência da distribuição do fluxo de veículos na acústica urbana.
• Avaliação quantitativa (objetiva) do ambiente e da paisagem sonora;
- levantamentos e medições in situ.
• Avaliação qualitativa (subjetiva) do ambiente e da paisagem sonora;
- avaliação psicológica, questionários, soundwalks, percursos sonoros.

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• Poluição sonora - problema de saúde pública.
• Além das preocupações com saúde, que obviamente devem ser
atendidas, devemos pensar também na questão do conforto.

Conforto Acústico
• A qualidade acústica dos ambientes é fator importante para os
engenheiros, arquitetos e urbanistas.

• Como abordar?

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Conforto Acústico

• Quais os tipos de ruído?

Tipos de Ruído
De um ponto de vista teórico se classifica ruído em dois grupos:

- ruídos originados no ar (ruídos aéreos)


- ruídos originados nos sólidos (ruídos estruturais ou de
impacto).

Esta classificação é muito importante, pois está em relação direta


com os tratamentos e procedimentos de redução do ruído.

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Conforto Acústico

• Se pensarmos de fora pra dentro:


– Quais as principais fontes de ruído urbano?
– Quais as principais fontes de ruído numa edificação?
– Quais as principais fontes de ruído numa sala?

Fontes de ruído

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Fontes de ruído • Fontes internas ao edifício:
- Comunicação oral,
• Fontes externas ao edifício: crianças chorando,
- Tráfego rodoviário
animais domésticos,
- Tráfego ferroviário cachorro latindo.
- Tráfego aéreo
- Televisores; aparelhos
- Atividades comerciais
eletrodomésticos
- Atividades industriais
- Atividades de recreação - Atividades realizadas pelos
moradores (passos; objetos
caindo, descarga, etc.)

- Maquinário diverso:
elevadores; canalização;
sistemas de ventilação e de ar
condicionado; máquinas de
lavar roupa, etc.

Avaliação do Ruído

• Como medir e avaliar?

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Avaliação do Ruído

• Avaliação quantitativa (objetiva) e Avaliação qualitativa (subjetiva):


- Difícil transformar medidas objetivas em efeitos subjetivos.
- Um especialista precisa de um método para uma medição objetiva
do nível de ruído.

• Como medir?
O parâmetro mais utilizado é o Nível de Pressão Sonora (NPS),
expresso em dB (decibel). É uma relação logarítmica entre a pressão
sonora no ambiente e uma pressão sonora de referência.

Avaliação do Ruído - Medição do NPS:


• Através de medições por: • sonômetro ou
medidor de pressão sonora

• O que ele mede? • O NPS de um som, expresso em dB.


• Usa escalas de ponderação, que são filtros em frequências que
procuram reproduzir a resposta do ouvido humano (percepção),
baseadas nas curvas de sonoridade, já que a resposta do ouvido em
função da frequência não tem uma variação linear.
Daí surge o nível de pressão sonora ponderada em A.

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Níveis de pressão
sonora típicos para
fontes comuns:

Avaliação do
Ruído Urbano
• Como avaliar?
Para obter uma avaliação do ruído e seus efeitos subjetivos,
foram estabelecidos vários índices ou critérios de conforto.
Os NPSs podem ser comparados com esses critérios de conforto.

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Critérios para avaliação de ruído:
• Vários países têm suas próprias normas e recomendações sobre
índices e níveis de ruído para vários tipos de ambientes.

Critérios utilizados no Brasil:

Avaliação do Ruído
Legislação e Normas Técnicas

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Avaliação de ruído: Norma Regulamentadora NR 15 -
Ministério do Trabalho - Atividades e Operações Insalubres
Anexo 1 da NR15:
• Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente:
Nível de ruído Máxima exposição
[dB(A)] diária permissível Fator de
85 8 horas dobra 5
90 4 horas
95 2 horas
100 1 hora
105 30 minutos
110 15 minutos
115 7 minutos
120 3 minutos

Avaliação de ruído: Norma Regulamentadora NR 15 -


Ministério do Trabalho - Atividades e Operações Insalubres
 Anexo 1 da NR15

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Avaliação de ruído: Norma Regulamentadora NR 15 -
Ministério do Trabalho - Atividades e Operações Insalubres
 Anexo 1 da NR15
• Limites de tolerância para ruídos de impacto (NR15).

Limite de Tolerância: 130 dB


(em dB linear)
Pode provocar ruptura de tímpano.

Legislação Federal de Ruído no Brasil:


IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) -
Resolução Conama 001 e 002 de 17 de agosto de 1990.

Resolução CONAMA nº 1/90: Estabelece critérios, padrões, diretrizes e


normas reguladoras da poluição sonora.

Resolução CONAMA nº 2/90: Estabelece normas, métodos e ações para


controlar o ruído excessivo que possa interferir na saúde e bem-estar da
população.

Medições e índices de acordo com as


normas ABNT NBR 10151 e NBR 10152.

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Avaliação do Ruído - Normas Brasileiras:
Normas técnicas ABNT NBR 10151 e 10152:
- processos de revisão pela ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).
- NBR 10151 – Avaliação do ruído em áreas habitadas
visando o conforto das comunidades - Procedimento, 2000.
- NBR 10152 – Níveis de ruído para conforto acústico,
1987.
- NBR 10152 – Acústica – Níveis
de pressão sonora em ambientes
internos a edificações, 2017.

NBR 10151 - Avaliação de ruído em áreas habitadas,


visando o conforto da comunidade - Procedimento:

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NBR 10151 - Avaliação de ruído em áreas habitadas,
visando o conforto da comunidade - Procedimento:
- Fixa níveis de aceitabilidade de ruído em comunidades (níveis de critério de
avaliação)

- Determina o procedimento de medição do ruído.

NBR 10151 - Avaliação de ruído em áreas habitadas,


visando o conforto da comunidade - Procedimento:
- Define o parâmetro:
LAeq (nível de pressão sonora equivalente ponderado em A):

É o ruído contínuo equivalente durante um certo intervalo de tempo.

 1 T LA (t ) 10 
LAeq  10 log   10 dt 
T
 0 

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NBR 10151 - Avaliação de ruído em áreas habitadas,
visando o conforto da comunidade - Procedimento:

- A duração do ruído deve ser avaliada sobre


um período de tempo relevante, como por
exemplo, “o período diurno e período
noturno”.
- Pode ser definido pelas autoridades locais
de acordo com os hábitos da população.
- Recomenda-se usar a faixa das 7 h às 22 h
para o período diurno e a faixa das 22 h
às 7 h para o período noturno.

NBR 10151 - Avaliação de ruído em áreas habitadas,


visando o conforto da comunidade - Procedimento:

Indicadores de ruído ambiente:


• Ld
→ LAeq no período diurno (07:00 h – 22:00h)

• Ln
→ LAeq no período noturno (22:00 h – 07:00h)

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NBR 10151 - Avaliação de ruído em áreas habitadas,
visando o conforto da comunidade - Procedimento:
• No exterior das edificações, as medições devem ser efetuadas
em pontos afastados aproximadamente 1,2 m do piso e pelo
menos 2 m do limite da propriedade e de quaisquer outras
superfícies refletoras, como muros, paredes etc.

d≥2m

h ≥ 1,2 m

NBR 10151 - Avaliação de ruído em áreas habitadas,


visando o conforto da comunidade - Procedimento:

Problemas:
“Se o nível de ruído ambiente for superior ao da Tabela 1 para a área e o
horário em questão, o NCA assume o valor do nível de ruído ambiente.”

Método de medição – precisou ser revisto.

21
NBR 10151 - Acústica – Medição e avaliação de
níveis de pressão sonora em áreas habitadas —
Aplicação de uso geral

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NBR 10151 - Acústica – Medição e avaliação de
níveis de pressão sonora em áreas habitadas —
Aplicação de uso geral

NBR 10151 - Acústica – Medição e avaliação de níveis de


pressão sonora em áreas habitadas — Aplicação de uso geral
LAeq,T (nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderada em A),
expresso em dB:

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NBR 10152 - Níveis de ruído para conforto acústico:

Foi revisada e substituída!

NBR 10152 – Acústica – Níveis de pressão sonora em


ambientes internos a edificações

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NBR 10152
- apresenta valores de referência para ambientes internos de
uma edificação de acordo com suas finalidades de uso

25
• Entretanto, não há uma política para controle de
poluição sonora e nem para planejamento,
gestão ou controle de ruído.
Um grande problema no Brasil...

Gestão e Controle de Ruído


• O documento “Guidelines for Community Noise”,
formulado em 1990, da Organização Mundial da
Saúde, destaca a importância do gerenciamento e
controle de ruído em países em desenvolvimento.

• O gerenciamento de ruído já é feito em países desenvolvidos há


algumas décadas.
- Green Paper (Comission of the European Communities, 1996)
- Diretiva Europeia 2002/49/CE (Parlamento Europeu, 2002)
- Regulamento Geral de Ruído (RGR)

Marcos que tornaram o gerenciamento de ruído


excessivo e sua mitigação obrigatórios na Europa.

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Gestão e Controle de Ruído
• A Diretiva Europeia 2002/49/EC possui três partes
principais:
• mapeamento de ruído (obrigatório para cidades acima de 250 mil
habitantes),
• um programa de ações e metas para combate à poluição sonora, e
• um sistema de informação ao público.
• América do Sul: programas em Santiago (Chile), Bogotá
(Colômbia) e Buenos Aires (Argentina).
• Brasil: o primeiro programa de mapeamento oficial foi o da
cidade de Fortaleza, algumas iniciativas de pesquisas em cidades
como Florianópolis, Belém, Rio de Janeiro, Curitiba e Aracaju.
E desde 2016 em São Paulo!

Avaliação do Ruído
• A principal ferramenta para o diagnóstico da distribuição e
quantificação do ruído em áreas determinadas são os

Mapas Acústicos ou Mapas de Ruído

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Mapa Acústico ou Mapa de Ruído

• fornece informação visual do comportamento acústico de uma


área geográfica, num determinado momento.

O quê num mapa de ruído?


• diferentes fontes de ruído
- tráfego rodoviário
- tráfego ferroviário
- tráfego aéreo
- indústria
- entretenimento e lazer

• usos do solo
• ocupação humana
• terrenos
• objetos
- edificações
- outras construções (muros, pontes, viadutos)

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Para que servem?
- determinar o número de pessoas e de habitações em uma
zona específica expostas a determinados níveis de ruído.
- identificar onde e em qual intensidade estão as pessoas
expostas a níveis excessivos de ruído,
- auxiliar no projeto de soluções mitigadoras do problema.
- ferramenta de apoio às decisões de planejamento e
ordenamento urbano com relação à gestão de ruído na cidade.

Mapas de Ruído – Como fazer?


• Elaborados a partir de:
- medições,
- modelos matemáticos preditivos,
- ou uma combinação de ambos.

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Mapas de Ruído - Metodologia recomendada
• Modelo previsional implementado em computador
Alguns softwares:
Cadna A (Datakustik)
Predictor-LimA (Bruel & Kjaer)
SoundPlan (Braunstein + Berndt)

• Softwares:

Mapas de Ruído – Como fazer?


• Para a construção do modelo acústico, são necessários
os dados de entrada.
• Validação do modelo através de medições acústicas.

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Avaliação de Ruído - Mapas de Ruído

31
• Dublin

Strategic noise map | The Barcelona City Web

http://w20.bcn.cat/WebMapaAcustic/mapa_soroll.aspx?lang=en

32
England Noise Map Viewer

http://www.extrium.co.uk/noiseviewer.html

Avaliação de Ruído - Mapas de Ruído


No Brasil, Fortaleza
tomou a iniciativa, por
meio da Secretaria do
Meio Ambiente, e foi a
primeira cidade brasileira
a ter sua Carta Acústica,
apresentada em setembro
de 2012.

Mapa sonoro do aeroporto de Fortaleza: períodos diurno e noturno.

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Mapa de Ruído Urbano da Cidade de SP
• Lei 16.499/2016, que estabelece o Mapa de Ruído em São Paulo:

- Em um prazo de sete anos a Prefeitura de São Paulo (o Poder Executivo


Municipal) terá que desenvolver e implantar o Mapa de Ruído Urbano da
cidade.

Avaliação de Ruído - Mapas de Ruído

Mapa sonoro da Avenida Paulista feito a partir de medições.

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Mapa de ruído urbano - Projeto Piloto SP - localizado entre as
Av. Paulista, Av. Brasil, Av. 9 de Julho e Av. 23 de Maio.

Dia Noite

Mapas de ruído
Reduzindo a velocidade:

35
Mudando tipo de pavimento 1:

Mudando tipo de pavimento 2:

36
• Exemplo de uso do Mapa de Ruído com a legislação atual - Lei de
Uso e Ocupação do Solo

37
Gestão e Controle de Ruído Urbano
• O mapeamento acústico das cidades é apenas o
primeiro passo para o início de um processo de gestão de
ruídos urbanos.
• É uma tarefa difícil, pois é preciso existir “vontade
política”.
Na Europa, esta iniciativa não partiu dos municípios, mas sim da
imposição do Parlamento Europeu com a Diretiva Europeia.

• Precisamos pensar nas cidades.

• Temos planejadores urbanos.

• Onde estão os planejadores sonoros urbanos?

FUTURO!

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Mapa do ruído identifica ruas barulhentas da
capital (Vídeo)

https://globoplay.globo.com/v/6897908/programa/

Barulho em São Paulo é comparado a um


despertador colado ao ouvido (Vídeo)

https://globoplay.globo.com/v/6782122/programa/

39
Programa Cidades e Soluções, com jornalista
André Trigueiro - de 03/11/18 (Vídeo)

https://www.youtube.com/watch?v=ZMOMnesqrRI&feature=youtu.be

Programa Cidades e Soluções - 03/11/2018


(Vídeo)

https://www.youtube.com/watch?v=ZMOMnesqrRI&feature=youtu.be

40
Propagação do som ao ar livre

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Propagação do som ao ar livre
• Normalmente estudada em termos desses três componentes:
• fonte sonora
• trajetória de transmissão
• receptor

Propagação do som ao ar livre


Como o som se propaga?
• A energia sonora gerada pela fonte sonora diminui com a distância
da fonte até o receptor, propagando-se até atingir um obstáculo.

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Como o som se propaga?
• Quando o som atinge um obstáculo, uma parte é refletida, outra
é absorvida, dissipando-se sob a forma de calor, e outra é
transmitida através do obstáculo.

Principais mecanismos de atenuação sonora ao ar livre


• A propagação do som ao ar livre é afetada pela atenuação sonora ao
longo do caminho de transmissão:
• Distância percorrida (distância fonte – receptor)
• Direcionalidade da fonte
• Absorção sonora do ar atmosférico
• Reflexões no solo, tipo e topografia do solo, terreno
• Vegetação
• Barreiras acústicas, naturais e artificiais
• Condições meteorológicas • variação de temperatura
• variação de umidade relativa do ar
• direção e velocidade do vento
• neblina
• precipitação

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Principais mecanismos de atenuação sonora ao ar livre

Atenuação de barreiras acústicas

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Barreiras Acústicas

• Barreiras naturais ou artificiais:


• Qualquer estrutura ou obstáculo entre a fonte e o receptor (já
existente e/ou especialmente construído para isso).
• Aterros, desníveis, taludes já existentes, construções que
funcionem como obstáculos à propagação do ruído, etc.

Barreiras Acústicas
• Caminhos do som da fonte ao receptor,
interrompidos por uma barreira

zona de sombra
zona de Fresnel acústica
(acima da barreira)
Ângulo de
difração

Som transmitido

Fonte Barreira Receptor


• O som que penetra na zona de sombra acústica tem seu nível reduzido
por difração. Essa redução chama-se atenuação da barreira (Abarreira).

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Barreiras Acústicas
• A difração é definida como sendo a modificação de um campo
sonoro devido à introdução de um obstáculo dentro deste campo
sonoro.
• Quanto maior o ângulo de difração, mais eficiente é a atenuação
da barreira.

Barreiras Acústicas
• Barreiras longas → barreiras
onde a difração sonora no topo (e
não nas bordas laterais) é que
determina a atenuação por elas
conferida.

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Barreiras Acústicas
• Redução sonora no caminho de propagação
• Principais ferramentas utilizadas em controle de ruído, pois podem
bloquear a propagação do som na direção dos receptores expostos a
elevados níveis de ruído.

Barreira com painéis metálicos sanduíche:


Barreira em madeira de pinho
chapas de alumínio com recheio de lã de rocha

Atenuação de edificações

• Edificações atenuam os níveis sonoros quando se interpõem entre


a fonte sonora e o receptor. O som é difratado no topo das
edificações.

47
Atenuação de edificações
• Devido a aberturas entre as edificações, uma fileira de
edificações atenua menos do que uma barreira contínua de mesma
altura.
• 1 fileira: atenuação máxima de 10 dB (resultados de campo).
• Fileiras subsequentes conferem atenuação menor: 1,5 dB de
atenuação para cada fileira adicional, até o limite de 10 – 15 dB
de atenuação total.

Atenuação de vegetação densa


• Cinturão verde: funciona como barreira acústica vazada.
• Atenuação máxima de 10 dB (resultados de campo).

Pelo menos cerca de 10 m


de vegetação densa para
uma redução de 1 dB.

• Largura do cinturão;
Fatores que influenciam: • Altura do cinturão;
• Localização do cinturão;
• Configuração do plantio.

48
Largura do cinturão
• A vegetação deve ter largura superior a 15 m, pois cortinas de
vegetação menores que isso geralmente são ineficazes, por não
gerar o espalhamento necessário para produzir atenuação sonora.
• Na faixa de frequências de 200 a 2000 Hz, a atenuação será da
ordem de 7 dB para cada 30 m de largura do cinturão verde. Essa
atenuação somente ocorrerá após os primeiros 15 m de largura da
vegetação.

Altura do cinturão
• A área com vegetação deve ser densamente ocupada com
árvores que se elevem pelo menos 5 m acima da linha de visão.

49
Amplificação sonora causada pela
reverberação urbana
• As múltiplas reflexões nas fachadas das edificações que
margeiam as vias de tráfego podem amplificar o ruído de tráfego:
→ causam reverberação urbana.
• Rua em “U”: atenção às reflexões!

- Rua em U: é uma estrada ladeada por


edifícios quase contíguos com alturas
mais ou menos homogêneas entre eles.

• Rua em “U”: atenção às reflexões!

Rua em “U”: Rua em “L”:


- Barreiras contínuas. - Barreira em um dos lados.
- Campo acústico reverberante: - Propagação sonora: aproxima-
reflexões x fachadas. se do campo livre.

50
Efeitos de gradientes de temperatura e
de velocidade do vento
• Variações de temperatura e de velocidade do vento com a altitude
provocam gradientes de velocidade do som.

• Influência da temperatura
• A velocidade de propagação do som no ar depende na
temperatura (é proporcional à temperatura).
temperatura maior → velocidade do som maior
• Gradiente de temperatura causa deformação da frente de onda
com criação de sombra acústica simétrica.

• Efeito de aumento da temperatura com a altura:

• Efeito de diminuição da temperatura com a altura:

51
• Influência do vento
• Distorção da frente de onda devido à velocidade e à direção do
vento. Criação de sombra acústica.
• A velocidade do vento aumenta verticalmente para cima, pois as
camadas de ar próximas ao solo tendem a frear por atrito.
• Variação do caminho das ondas sonoras com o efeito do vento:

(Bistafa)

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Atenuação sonora por elementos normalmente
encontrados ao longo de rodovias
α

Solo pavimentado ou “duro” α=0

Vegetação rasteira ou solo “macio” α = 0,5

Vegetação densa (com pelo menos α=0


5 m de altura)

Edificações

Muro e berma (barreiras de terra)

53
Ruído de tráfego
• Uma das principais fontes de poluição sonora ambiental:
• tráfego (rodoviário, ferroviário e aéreo).
• Como estimar o ruído de tráfego?
• Através de modelos simplificados, mas com limitações.
• Através de programas computacionais específicos.
• Processo complexo.

CONTEXTO URBANO

DIAGNÓSTICO DE RUÍDO URBANO

ESTRATÉGIAS

CONFORTO ACÚSTICO

54
Programa de Gestão do Ruído
Deve considerar:
• Monitoração do ruído
- Redução do ruído • Medidas de minimização
- Controle do ruído

• Redução e controle das emissões sonoras


- Conservação do ambiente sonoro

Espaços Urbanos

• Necessitam de intervenções para:

- redução do ruído

- gestão do ruído

- qualidade sonora

55
Gestão do Ruído em Espaços Urbanos
• A gestão do ruído deve ser parte da gestão urbanística:

- gestão dos espaços e do edificado


- gestão dos sistemas de transportes
- políticas de planejamento a longo prazo
- políticas e estratégias harmonizadas, a nível municipal, estadual e federal.

Espaços Urbanos
• Intervenções para gestão e redução do ruído:

- gestão do edificado
- ordenamento do território
- planejamento dos usos do solo
- gestão do tráfego
- gestão dos meios de transporte
- gestão da paisagem sonora

56
Soluções em Espaços Urbanos

Podem ser:
- técnicas
- funcionais
- de planejamento
- educacionais
- comportamentais.

- Devem considerar o custo benefício.

Como controlar ou reduzir a


propagação do ruído?

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Controle e Redução do Ruído
Há três métodos gerais de atuação:
• Redução na fonte
- Redução das emissões de ruído na fonte: 1a prioridade

• Redução no caminho de propagação


- Redução da transmissão nos caminhos de propagação:
2a prioridade • Colocar obstáculos entre a fonte e o receptor (já
existentes e/ou especialmente construídos para isso).

• Redução no receptor
- Redução das emissões de ruído no receptor:
última prioridade

Se possível atuar em dois ou até nos três!

Controle de ruído urbano


• Na fonte:
• Ruído de tráfego • Como controlar na fonte?

58
Redução do ruído de tráfego

• redução do tráfego
• redirecionamento do tráfego
- alteração dos percursos

• uso de veículos não motorizados


• preferência ao transporte público coletivo
- aumento do conforto nos veículos
- horários convenientes
- interfaces adequadas e ajustadas

Redução do ruído de tráfego

59
Redução do ruído de tráfego

• limitações de velocidade:
• Se uma frota de veículos circular a 120 km/h e gerar um nível de
pressão sonora de cerca de 78 dB(A);
a 90 km/h observa-se uma redução para 74 dB(A) e,
a 60 km/h o nível de pressão sonora fica reduzido a 70 dB(A) .

78 dB(A) 74 dB(A) 70 dB(A)

Redução do ruído de tráfego


• limitações de velocidade:
- Zonas de velocidade reduzida
- Permite uma redução de até 6 a 8 dB(A) sem alterar o volume de tráfego.

60
Redução do ruído de tráfego

• transportes alternativos
- veículos leves x pesados

Redução do ruído de tráfego

• Atuar nas rodovias

• Utilizar pavimentos de baixo


ruído
- asfaltos com amortecimento
- asfaltos com absorção acústica: pode
permitir uma redução na emissão do ruído
de tráfego rodoviário entre 3 e 5 dB(A).

61
Redução do ruído de tráfego
• perfis adequados
- traçado com curvas homogêneas, evitando declives acentuados.
- Perfil plano:

- Perfil convexo: separação (natural ou construída) entre vias de tráfego


pesado e vias secundárias ou ruas de pedestres

Redução do ruído de tráfego

- Perfil côncavo:

62
Redução do ruído de tráfego
• barreiras acústicas (naturais ou não)

Redução do ruído rodoviário

- Redução das emissões de ruído na fonte


 Redução de Veículos
 Pisos (asfaltos absorventes,
asfaltos com amortecimento)

- Redução da transmissão nos caminhos de propagação


 Geometria da estrada (projeto da estrada)
 Dispositivos atenuadores (barreiras acústicas)

63
Redução do ruído ferroviário
- Redução das emissões de ruído na fonte
- Redução de vibrações (redução da interação trilho veículo)
 mecanismos de excitação
 vibração dos veículos
 vibração do trilho
 vibração do solo

- Redução do ruído de rolamento

- Redução da transmissão nos


caminhos de propagação
 Barreiras Acústicas

Redução do ruído aeroviário

64
Redução do ruído aeroviário
- Redução das emissões de ruído na fonte
 Banimento das aeronaves mais ruidosas
 Planejamento e Gerenciamento do Uso do Solo
 Procedimentos de Atenuação de Ruído (procedimentos
especiais de saída e aproximação de aeronaves, visando o
menor impacto de ruído em certas regiões).
 Restrições Operacionais (últimas alternativas)
- Restrições de horário.

- Redução da transmissão nos caminhos de propagação


 Barreiras Acústicas

- Redução de ruído no receptor


 Tratamento acústico de residências

Caso do Aeroporto de Congonhas

Ação Civil Pública no MPF


A comunidade queria reduzir
o horário de funcionamento.

Restrições Operacionais:
Restrições de horário.

6 h às 23 h

65
Barreiras Acústicas
• No caminho de propagação.

• Barreiras naturais ou artificiais.

Exemplos de Barreiras Acústicas


Qual é a melhor configuração
para proteger a residência do
ruído de tráfego?
1)

2)

3)

66
Exemplos de Barreiras Acústicas
• Pobre: Largura estreita de árvores pode fornecer proteção visual, mas não acústica.
“linha de visão” acústica
da fonte ao receptor

• Boa: Rodovia elevada + acostamento de terra + barreira acústica podem fornecer


boa atenuação. Entretanto, rodovias elevadas a mais que 150 m podem produzir
quase os mesmos níveis sonoros que rodovias no mesmo nível, porque a linha de
visão não será bloqueada. acostamento de terra (coberto
com gramado denso)
barreira

Exemplos de Barreiras Acústicas

• Melhor: Vias em depressão, abaixo do nível, podem interromper ainda mais a


trajetória do som direto da fonte ao receptor, fornecendo maior atenuação por
difração.
rodovia em depressão
“linha de visão” acústica da fonte
ao receptor

67
Exemplos de Barreiras Acústicas
Qual é a melhor configuração
para proteger a residência do
ruído de tráfego?

1)

2)

3)

Barreiras Acústicas
Redução do ruído de tráfego

Pior configuração: paisagem não


proporciona proteção sonora.

Melhoria no desempenho: via


em nível inferior em relação
à massa edificada.

Melhor configuração: via em


posição elevada em relação à
massa edificada + barreira
topográfica.

68
Exemplos de Barreiras Acústicas
• Acostamentos de terra cobertos com gramado denso ou outro
material absorvente podem ser tão eficazes quanto barreiras finas
refletoras, reduzindo o ruído de 5 a 10 dB(A).

Exemplos de Barreiras Acústicas


• Espalhamento pelas árvores:
• A eficácia de acostamentos de terra pode ser reduzida por poucas
árvores, que podem espalhar a energia sonora, reduzindo a atenuação
em 5 dB ou mais em frequências maiores que 250 Hz.

69
Exemplos de Barreiras Acústicas
• Condomínio Moss Creek (Hilton Head Island, Carolina do Sul)
• Combinação acostamento de terra + barreira longa para reduzir ruído de
tráfego rodoviário numa área residencial.
barreira de madeira
vegetação

berma
nível

Barreiras Acústicas
Para redução do ruído de tráfego:

O traçado de uma estrada


pode tirar partido de barreiras
acústicas já existentes ou
mesmo de barreiras naturais.

70
Barreiras Acústicas

Barreiras com vegetação

71
Barreiras com vegetação

Barreiras com vegetação

72
Barreiras
• Soundtube (Citylink Urban
Highway) - Melbourne, Austrália
• um trecho em formato tubular
que constitui uma barreira de som
envoltória com 300 metros de
extensão, nos locais próximos a
apartamentos em North
Melbourne. O projeto consiste em
um esqueleto de metal onde são
acopladas placas acústicas
refletoras, concentradas nas
adjacências de um conjunto
habitacional. No lado oposto as
estruturas são vazadas.
Projeto: Denton Corker
Marshall Architects (DCM)

Exemplos de Barreiras Acústicas


• Soundtube - para amenizar a poluição sonora criada pela nova rodovia, com
o objetivo de não se ultrapassar um nível sonoro equivalente de 63 dB(A).
• O caráter modular do projeto permite facilmente instalar tubos similares à
medida que outros empreendimentos forem feitos próximos à rodovia, assim
como permite estender os já existentes.

73
Exemplos de Barreiras Acústicas
• Elevado Tamanduateí - São Paulo
- consiste em barreiras laterais, fechamentos e revestimentos acústicos e
atenuadores de ruídos (lamelas de absorção acústica instaladas nos túneis).

Exemplos de Barreiras Acústicas

• Elevado Tamanduateí

74
Edificações
• Receptor:
• O ruído que chega na
fachada entra na edificação?

• Temos que pensar nisso na


hora de projetar!

• Qual o ruído externo?


Quanto chega na fachada?
Quanto entra?

• Questão do isolamento

Projeto de Isolamento Sonoro


• Disposição dos edifícios:
- De forma que os ambientes menos sensíveis ao ruído (corredores,
escadas, cozinhas, dispensas, banheiros) fiquem virados para a fachada
mais exposta ao ruído, reservando as fachadas restantes para quartos, sala
de estar, etc.

75
Projeto de Isolamento Sonoro
• Disposição dos edifícios:

Projeto de Isolamento Sonoro


• Áreas não suscetíveis ao ruído, como espaço intermediário entre fontes sonoras
e áreas que precisam de silêncio.

76
Soluções – Configuração urbana e reflexão

Soluções
• Reduzir o número de fachadas expostas ao ruído

77
Soluções
• Reduzir o número de fachadas expostas ao ruído

Soluções
• Reduzir o número de fachadas expostas ao ruído

78
Edificações
• Residência Estudantil:

Arquiteto: Lacroix Chessex


Localização: Genebra, Suíça
Ano do projeto: 2014

Edificações - isolamento
• Residência Estudantil:

- Localizada na entrada de
Genebra, os apartamentos de
estudantes situam-se em um
terreno que segue a curva das
vias ferroviárias.

- A fachada consta de varandas


privadas no lado leste e longos
corredores no lado oeste.

79
Edificações - isolamento
• Residência Estudantil:
• A altura das balaustradas varia de
acordo com o ângulo de incidência de
ruído dos trens que passam por ali. Por
consequência, este princípio também
proporciona ao edifício uma fachada
que progressivamente vai se abrindo
para o céu.

Soluções em Espaços Urbanos - Edificações


• Edificações:

- localização
- altura
- usos
- distribuição
- absorção sonora das fachadas
- isolamento sonoro das fachadas

80
Soluções em Espaços Urbanos - Edificações
• Fachadas:
- isolamento sonoro das fachadas
Ponto fraco - isolamento sonoro das esquadrias.
Materiais leves (vibram com facilidade)
Elementos vazados (venezianas, grelhas) frestas entre
caixilhos e partes móveis = permeabilidade
Vidros duplos: custo elevado, esquadrias mantidas
abertas para ventilação...

Opções:
- Usar vidros com espessuras > 4 mm
- Assegurar boas condições de vedação
- Tomadas de ar: fachadas protegidas
- Tratamento com materiais absorventes

O isolamento sonoro só é eficaz enquanto as janelas permanecerem fechadas.

Soluções em Espaços Urbanos


• Exemplos de edifícios auto protegidos:
• Projetar edifícios ou locais que não sejam particularmente
suscetíveis ao ruído, para funcionarem como espaço intermediário
(áreas abafadoras) entre fontes sonoras e áreas que precisam de
silêncio.

81
Soluções em Espaços Urbanos - Edificações
• Exemplos de edifícios auto protegidos:

Soluções em Espaços Urbanos - Edificações


• Exemplos de edifícios auto protegidos:

Cuidado! Passagem de ar = passagem de ruído.

82
Soluções em Espaços Urbanos - Edificações
• Espessura da fachada:

83
Soluções – devem considerar:

• PLANEJAMENTO E USO DO SOLO:


• distribuição dos espaços e do edificado

• distribuição de áreas comuns


- jardins
- parques infantis

• intervenção arquitetônica
- configuração das edificações
- distribuição de fachadas
- distribuição de usos dos edifícios

Soluções
• Áreas residenciais próximas a zonas industriais ou
a eixos de transportes muito ruidosos:
- Devem estar em conformidade com regulamentos de ruído
- Aumentar disponibilidade de espaços públicos para descanso
na vizinhança
- Barreiras acústicas

84
Soluções
• Barreiras acústicas

Soluções
• Permeabilidade da forma urbana

Configuração e disposição do ruído em relação às ruas

85
Soluções
• Permeabilidade da forma urbana
- Edifícios perpendiculares à via: maior permeabilidade ao ruído.

Configuração e disposição do ruído em relação às ruas

Soluções
• Permeabilidade da forma urbana
- Edifícios paralelos à via: “muralha de proteção – interior da quadra.

86
Outras intervenções para gestão e controle de
ruído:
• Análise de incômodo
• Zoneamento
• Estabelecimento de zonas tranquilas
• Análise da qualidade sonora
• Gestão da paisagem sonora urbana
- mapas de ruído qualitativos
- gestão da sonoridade urbana

Soluções – Educação
• Educação:
• Campanhas de sensibilização
• Campanhas de informação sobre ruído e redução de ruído

• Introdução de programas e trabalhos sobre redução de ruído nas


escolas - tão cedo quanto possível
• Comunicação de resultados de ações de redução de ruído

87
Soluções – Educação

Soluções – Informação

88
Soluções – Educação e Informação
• INAD (International Noise Awareness Day)
• Dia Internacional da Conscientização Sobre o Ruído
Criado em 1996, nos Estados Unidos, para promover o evento mundial de
conscientização sobre o ruído, com diversas atividades e entre elas, 60 segundos de
silêncio, a fim de demonstrar o impacto do ruído na vida cotidiana da população.

89
Soluções – Custo Benefício
• Custo Benefício:
• Avaliação comparativa de custos e benefícios das
soluções
• Etapas
• resultados e benefícios
- curto prazo
- médio prazo
- longo prazo

90
Universidade de São Paulo

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Departamento de Tecnologia da Arquitetura

AUT5823 - Conforto Ambiental em Espaços Urbanos Abertos

Paisagem Sonora

Prof. Dra. Ranny L. X. N. Michalski

91
Ruído

• Como avaliar?
- Quantitativamente
- Qualitativamente

• Ruído é sempre resíduo?

• Nem sempre! A partir da década de 70, este modelo começou a ser


questionado, por não considerar os diversos aspectos humanos
envolvidos na percepção que temos do ambiente sonoro.

Paisagem Sonora - Soundscape

92
Paisagem Sonora - Soundscape

• Interação com a matéria urbanismo.


• Trata de um enfoque mais completo do som na cidade.
• Amplia a gama de estratégias de desenho urbano.

Ruído como recurso


• Processo da abordagem qualitativa, com caráter
multidisciplinar, tratando a questão do ruído inserindo o
contexto e as diversas variáveis humanas envolvidas.

Ruído como resíduo – abordagem quantitativa

Ruído como recurso – paisagem sonora

93
“Soundscape” denota o “ambiente acústico como
percebido ou experimentado e/ou entendido, por
pessoas, em um contexto.”

ISO 12913-1: 2014, Acoustics – Soundscape – Part 1:


Definition and conceptual framework
ISO 12913-2: Acoustics – Soundscape – Part 2: Data
collection and reporting requirements.

Qualidade do ambiente sonoro


- É resultado do confronto de zonas com vivacidade e de zonas com
tranquilidade (não só de menos ruído, mas também de composições
sonoras com elementos naturais e/ou tradicionais).

• Um bom ambiente sonoro é um indicador de qualidade de vida.


• A paisagem sonora é percebida no seu contexto e na sua coerência
com as outras interpretações sensoriais, especialmente a visual. Torna-
se, então, importante avaliar a qualidade do ambiente urbano, através
do mapeamento qualitativo.

• “É possível trazer mais inteligibilidade aos mapeamentos sonoros


para atrair o olhar dos arquitetos?”

• Essa questão inspirou a tentativa de se expressar graficamente os


soundscapes.

94
Mapeamentos qualitativos de paisagens sonoras
• Estudos de paisagem sonora usam mapas sonoros ao invés de
mapas de ruído, investigando a contribuição de diferentes fontes
sonoras que usualmente não são consideradas para o controle do ruído
no ambiente urbano (ex: canto de pássaros, sons de água, etc.)

Mapa quantitativo
Mapas qualitativos de ruído
de ruído

Exemplos de aplicação de soundscape

95
1) Projeto Nauener Platz: Remodelling for Young and Old,
Berlim (Schulte-Fortkamp, 2010)

• implementação bem sucedida da abordagem de soundscape no projeto do


ambiente sonoro urbano.
• proteger a praça contra o ruído do tráfego local.
• Medições de ruído, dados de tráfego, gravações biauriculares e avaliações
qualitativas, como caminhadas sonoras e entrevistas.

Projeto Nauener Platz: Remodelling for Young and Old,


Berlim (Schulte-Fortkamp, 2010)
• instalação de: - barreira ao longo das principais vias
- “ilhas de áudio” (audio islands) com sons naturais.
• As soluções reduziram a exposição dos moradores a ruídos de baixa
frequência e tornaram o local mais agradável para os moradores escaparem
do ruído de tráfego.
• Projeto premiado com o “European Soundscape Award” pela European
Environment Agency e UK Noise Abatement Society (2012).

96
2) Cidade de Sheffield, Inglaterra
• Na estação de trem central:
• Sistema complexo de fontes e barreiras acústicas, como uma
estratégia para mascarar o ruído de tráfego vindo da via principal.
• Exemplo do uso de água no projeto urbano para melhorar a
percepção da qualidade acústica do ambiente.

Cidade de Sheffield, Inglaterra


• Diferentes recursos de água fornecem uma variedade espectral em
diferentes faixas de frequências, resultando no mascaramento do ruído de
tráfego.

97
3) Urban Sonic Garden, Milão, Itália
Parque Sempione e jardins do Milan Triennale Museum

• Introdução de sons naturais em ambientes urbanos para melhorar


a percepção aural, conforme comprovado em diversos estudos
(JANG & KOOK, 2005; MEMOLI et al., 2009).
• Tais sons podem mascarar sons mecânicos, alterando
substancialmente a sonoridade percebida.

3) Urban Sonic Garden, Milão, Itália


Parque Sempione e jardins do Milan Triennale Museum

http://www.musstdesign.com/

98
3) Urban Sonic Garden, Milão, Itália
Parque Sempione e jardins do Milan Triennale Museum

http://www.musstdesign.com/

4) Sonic Garden Lab Imperialino, Florença, Itália


Giardino Sonoro

http://www.musstdesign.com/

99
4) Sonic Garden Lab Imperialino, Florença, Itália
Giardino Sonoro

http://www.musstdesign.com/

5) Avaliação qualitativa da paisagem sonora no Parque Villa Lobos


São Paulo

Parque Villa-Lobos
Marcos Holtz (ME FAUUSP)

Avaliação qualitativa da paisagem sonora de parques urbanos. Estudo de caso: Parque Villa Lobos, em São Paulo.

Avaliação qualitativa do soundscape, com observação do comportamento dos usuários do


parque, aglomerações de pessoas, perguntas eventuais. Indicação de ações ou introdução de
elementos para otimizar a paisagem sonora estudada.

100
Medições sonoras com identificação
de fontes e do contexto

• Em amarelo:
- pontos de medição
dos objetos sonoros.

• Em cinza:
- pontos de medição
para verificação do
modelo 3D utilizado
para o mapeamento.

Metodologia

• Caminhadas exploratórias no parque em estudo


- Identificação das fontes sonoras dominantes

• Medições sonoras em cada soundscape selecionado


- Leq em bandas de 1/3 de oitava, de 63 Hz a 8000 Hz
- LAeq 2min
- Tabela com os níveis das principais fontes percebidas

• Mapa da distribuição sonora


- Modelo 3D em software específico

101
Metodologia

• Avaliação qualitativa do Soundscape


- Observação do comportamento dos usuários do
parque, aglomerações de pessoas, perguntas eventuais.

• Ao final:
- Recomendações de estratégias de projeto (indicação de
ações ou introdução de elementos) para otimizar as
paisagens sonoras avaliadas e para estudos futuros.

102
Av. Professor Fonseca Rodrigues

Mapa de ruídos do Parque (rodoviário e ferroviário)

103
Considerações sobre o tráfego urbano
• Avaliação quantitativa:
- Duas principais fontes de ruído:
Marginal Pinheiros e Av. P. Fonseca Rodrigues.
- Níveis de ruído variando de 46 dB(A) a 70 dB(A) em geral.
- Níveis mais altos próximo à Marginal: 65 e 70 dB(A) na ciclovia.
- Mais de 50% do parque exposto a níveis > 55 dB(A).
- Área mais silenciosa: no bosque com folhagem densa.

• Avaliação qualitativa:
- Contato visual direto com trânsito da Marginal Pinheiros.
- Contraste com a área arborizada da USP, do outro lado do Rio
Pinheiros.
- Desagradável (evoca lembranças das horas perdidas no trânsito
de São Paulo)
- Sem distanciamento necessário para o descanso e restauração.

Considerações sobre o tráfego urbano


• Recomendações
- Melhoria acústica na área
adjacente à Marginal Pinheiros,
junto à ciclovia.
- Bermas gramadas ou barreiras
acústicas dentro do parque, junto
ao talude.
- Inclusão de alguma fonte sonora
positiva, para mascarar o ruído
da Marginal. Ex: barreira de
vidro com lâmina d’água.
- Barreira acústica nas marginais,
junto às pistas, eliminando assim
o contato visual com os carros.

104
• Música clássica reproduzida por alto falantes suspensos em postes formando um
círculo.

• Mapeamento quantitativo do ponto 6:


sem e com a influência do objeto sonoro.

105
Considerações sobre o Ouvillas
• Avaliação quantitativa
- Níveis medidos de LAeq = 57 dB(A), variando entre 46 e 68 dB(A).

• Avaliação qualitativa
- A praça estava bem ocupada, com pessoas descansando.
- O som emitido pelas caixas mascara o ruído de fundo,
principalmente o dos aviões.
- Solução já aplicada em outros locais.
- No caso desta praça, a música tem aspecto central, com as caixas
de som em destaque.
- Ambiente acolhedor e repousante.
- Permite a contemplação musical.

Considerações sobre o Ouvillas


• Recomendações
- Repetir esta estratégia em outros locais do parque, com outros
tipos de música.

106
• Tambores feitos com fundo de latões reciclados e sinos feitos com correntes e tubos.

• Mapeamento quantitativo do ponto 7:


sem e com a influência do objeto sonoro.

107
• Mapeamento quantitativo do ponto 3:
sem e com a influência do objeto sonoro.

108
• Mapeamento quantitativo do ponto 5:
sem e com a influência do objeto sonoro.

109
• Mapeamento quantitativo do ponto 8:
sem e com a influência do objeto sonoro.

110
• Sinos tubulares suspensos por correntes e tocados com as mãos.

• Mapeamento quantitativo do ponto 9:


sem e com a influência do objeto sonoro.

111
Considerações sobre Quadras de basquete, Brinquedos
Sonoros e Playgrounds
• Avaliação quantitativa
- Quadra de basquete: LAeq = 64 dB(A)
- Brinquedo sonoro da Esplanada e central: LAeq = 58 e 69 dB(A)
- Playgrounds central e leste: LAeq = 59 e 54 dB(A)

• Avaliação qualitativa
- Ambientes com atividade humana costumam ser locais excitantes.
- As quadras de basquete atraem a atenção juntando pessoas ao seu
redor.
- Os playgrounds também são pontos focais de atenção.
- Brinquedos sonoros → estimulam a interação entre usuários na
criação do espaço sonoro.
- Diversas crianças e adultos os utilizam.

Considerações sobre Quadras de basquete, Brinquedos


Sonoros e Playgrounds

• Recomendações
- Aumento no número de instrumentos, para tornar o uso dos
brinquedos mais lúdico e com maior riqueza sonora.

112
• Praça com anfiteatro com shows variados, normalmente com música amplificada.

• Mapeamento quantitativo do ponto 10:


sem e com a influência do objeto sonoro.

113
Considerações sobre o Anfiteatro
• Avaliação quantitativa
- Níveis medidos de LAeq = 81 dB(A).
- Níveis mais altos encontrados no Parque.
• Avaliação qualitativa
- Apesar dos altos níveis sonoros medidos, área totalmente ocupada
por pessoas assistindo ao show.
- Palco localizado em um nível mais baixo → permite contato visual
entre público e artista a uma curta distância.
- Esta característica aguça a curiosidade e aproxima as pessoas.

Considerações sobre o Anfiteatro


• Recomendações
- A programação é essencialmente de música amplificada.
- Poderiam reservar horários para apresentações acústicas.

114
Considerações sobre o ruído de aeronaves
• Avaliação quantitativa
- O parque está na rota de pouso dos aviões (aeroporto de
Congonhas e próximo ao heliporto Helicidade).

- Durante o período da medição: 30 minutos:


11 passagens de aviões comerciais de grande porte → 33% do tempo
LAeq = 58 dB(A) e nível máximo de ruído LAmax = 69 dB(A);
3 helicópteros → 5,5% do tempo
LAeq = 58 dB(A) e nível máximo de ruído LAmax = 63 dB(A).

• Avaliação qualitativa
- Aeronaves são onipresentes em todo o parque.
- Invadem o ambiente sonoro, o dominam por alguns instantes e
desaparecem.
- Sem distanciamento necessário para descanso e restauração.

115
Considerações sobre o ruído de aeronaves
• Recomendações
- Desvio na rota dos helicópteros da área do parque.
- Mascaramento do ruído em determinadas áreas, criando ilhas
onde o ruído das aeronaves não é percebido.
- Isso pode ser feito com fontes d’água ou com a introdução de
sons da natureza.

Considerações Finais
• Parques → são importantes na restauração e descanso da população.
- Sons de origem mecânica – considerados desagradáveis.
• Redução dos ruídos indesejáveis e causadores de estresse:
- posicionamento adequado das áreas em relação às fontes de ruído;
- barreiras acústicas;
- substituição de pavimento;
- gerenciamento do tráfego rodoviário e aeronáutico, etc.
- Uso de dispositivos de mascaramento destes ruídos por sons
considerados positivos pelos usuários:
fontes com ruído d’água, música, ruídos de animais, etc.

116
Considerações Finais
• Ambientes ideiais para restauração e descanso não são
necessariamente os mais silenciosos.
- Alguns podem interpretar como agradáveis e repousantes, mas
outros podem considerá-los tediosos e sem vida.

• Um ambiente sonoro rico pode permitir ao usuário a construção


da sua experiência, alternando espaços de:
- Silêncio
- Contemplação
- Música
- Atividade humana
- Esportes

Considerações Finais
• O fato de tantas pessoas se reunirem em parques para compartilhar
o espaço de lazer, pode ser interpretado como fruto da necessidade
humana de agrupamento, do prazer na experiência coletiva.
• Grupos se formam compartilhando o mesmo ambiente sonoro.
- Sinal de afinidade.
• Praça Ouvilas e Anfiteatro
- A experiência musical agrupa pessoas com intenções semelhantes;
- Reforçando o sentimento de pertencer a um grupo.
• Playgrounds
- É nítido o bem estar das pessoas; Espaços cheios de vida;
- Lembranças de nossa própria infância.

117
Considerações Finais
• O projeto de parques pode levar em conta que:
- A criação do soundscape (experiência auditiva) pode ser
análoga a construção do landscape (experiência visual), onde
a diversidade de vegetação, mobiliário, texturas, luzes, etc. já
é feita pelos arquitetos paisagistas de maneira mais evidente.

• A percepção do soundscape é mais sutil e invisível, porém com


um componente emocional muito forte.
• Músicas, sons de crianças, cantos de pássaros, etc. podem ser
gatilhos para sensações de eventos anteriores, enriquecendo a
experiência.

Paisagem Sonora (Soundscape)


Conceito de paisagem sonora

instrumentos interessantes de
intervenção e projeto em meio urbano

gestão do ambiente sonoro

melhoria da percepção da qualidade de vida dos cidadãos

118
Urban Sound Planning - SONORUS

Urban Sound Planning - SONORUS


• É uma rede de treinamento europeia com o objetivo de unir
universidades, centros de pesquisa e empresas de diferentes
países para treinar uma nova geração de pesquisadores na área de
urban sound planning.

119
Urban Sound Planning - SONORUS

Urban Sound Planning - SONORUS

120
Urban Sound Planning - SONORUS

Urban Sound Planning - SONORUS

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