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A Fonoaudiologia e o Canto

Lidia Maria de Gouveia


Universidade Cruzeiro do Sul

INTRODUÇÃO

Atualmente a fonoaudiologia tem se voltado para estudar o profissional da voz, mais


especificamente o cantor, seja ele do estilo popular ou erudito. Porem pouco se fala
sobre qual o momento esse profissional deve fazer um exame apurado sobre sua
condição vocal, podendo ter assim uma orientação profissional sobre o desempenho de
sua voz.
Nos últimos tempos a fonoaudiologia tem reservado atenção especial ao campo
denominado voz profissional, de forma que indivíduos que utilizam a voz como
instrumento de trabalho estão cada vez mais próximos dos Fonoaudiólogos, mostrando
que ha necessidade de uma orientação para a preparação vocal, melhorando o
desempenho vocal do indivíduo, seja ele professor, radialista, repórter, ator ou cantor.
Vamos considerar neste estudo o profissional da voz falada aquele indivíduo que, para
exercer sua profissão, deve depender de sua voz, sendo esta seu instrumento de
trabalho. Autores diversos procuram definir o profissional da voz como "indivíduos que
utilizam a voz de maneira continuada, os quais procuram, por meio de um modo de
expressão elaborada, atingir um publico especifico ou determinado" (Satallof – 1991) ou
como " o indivíduo que ganha seu sustento utilizando sua voz" (Boone – 1992).
Especificamente neste estudo, não nos aprofundaremos na estrutura vocal, respiratória e
demais esquemas os quais complementam a atividade canto, mas sim os problemas
decorrentes do canto, seu mau uso, má formação ou orientação, e como tratar estes
problemas através da fonoaudiologia.
Quando um cantor, no decorrer de seu trabalho vocal percebe que há "alguma coisa
errada" com a emissão de seu som, questiona-se sobre o que estaria acontecendo com
sua "garganta" e o que poderia estar prejudicando seu instrumento de trabalho.
O primeiro passo a ser feito é a consulta médico-clínica, para posterior encaminhamento
ao médico-fonoaudiólogo.
Do ponto de vista funcional, cantar é essencialmente diferente do falar. As evidências
indicam que seu controle central está em um local diverso no cérebro e os músculos do
trato vocal movimentam-se de maneira distinta. Cantar também é uma forma de
comunicação, e uma forma de expressão dos sentimentos. Em geral, temos um conceito
pré-concebido de que através da fala nos comunicamos melhor e pelo canto nos
expressamos artisticamente, como se pudéssemos separar na vida, uma metade racional
para a fala e outra emocional para o canto, quando na realidade somos as duas partes
concomitantes, onde podemos e devemos nos expressar e nos comunicar ao mesmo
tempo.
Todos podemos cantar e o canto tem de ser trabalhado, exercitado e aprimorado. O dom
de cantar existe mas, em grande parte dos casos, as condições anatômicas e fisiológicas
podem ser auxiliares importantes.
Quando o cantor procura um fonoaudiólogo , este profissional submete seu paciente às
seguintes etapas:
 Avaliação vocal do cantor;
 Anamnese - Levantamento histórico do problema:
 Exame físico
 Exame de imagem
 Tratamento proposto
 Orientação quanto a saúde vocal

AVALIAÇÃO VOCAL DO CANTOR

Existem diferenças entre a avaliação vocal de um cantor e a de um indivíduo que utilize


apenas a voz falada, mesmo que de forma profissional. No primeiro momento, as
características e as queixas vocais do cantor devem ser percebidas, pelo médico e pelo
fonoaudiólogo, distintamente em relação aos aspectos particulares da fala e do canto.
Embora exista um único órgão e praticamente um mesmo grupo de músculos
responsáveis pelas duas funções, há vários aspectos fundamentais relacionados a
produção vocal que diferem muito se compararmos a voz falada com a voz cantada. Em
muitos casos o cantor precisa do auxilio do terapeuta ou médico para identificar sua
queixa em relação à voz, diferenciando as características da voz falada e da cantada,
separadamente. É comum o indivíduo procurar um profissional queixando-se
especificamente de problemas em relação à voz cantada, como por exemplo, uma
passagem de escala ou, ao contrario, não ter nenhuma percepção da forma como ele
utiliza a voz falada.
No momento da avaliação, é necessário distinguir qual a real queixa, o motivo da
consulta, e de que modo está inserida na voz falada ou cantada. Deve-se verificar ao
mesmo tempo, qual a percepção que o indivíduo possui em relação a sua voz e sua
queixa vocal.
Considerando-se a avaliação inicial de qualquer pessoa disfônica ou com queixas
relacionadas, deve-se obter informações, antes de tratá-lo ou ser encaminhado à
fonoterapia, as quais serão efetuadas na anamnese.

ANAMNESE

A história do paciente pode ser bastante elucidativa, oferecendo condições de visualizar


as alterações, dando a impressão que estivessem sendo vistas através de uma fita de
videocassete, em câmera lenta. A anamnese, ou história problemática do paciente, é o
momento fundamental de qualquer avaliação. É o primeiro contato do cantor (paciente)
com o profissional médico(fonoaudiólogo).
No caso dos cantores, é importante que estes se sintam à vontade para colocar suas
ansiedades e possam sanar algumas de suas dúvidas, lembrando que, cultural e
historicamente, é difícil um cantor ter qualquer contato com em fonoaudiólogo ou
otorrinolaringologista.
Deve-se interrogar ou identificar alterações da audição, voz, deglutição, sensoriais
(sensibilidade cervical ou faringo-laríngea), anatômicas de cabeça e pescoço, dos órgãos
articulatórios da fala, dos órgãos ressonantais, da faringe e da laringe em particular,
alterações funcionais e respiratórias.
A consulta otorrinolaringologia e o exame da laringe são intrinsecamente ligados e a
anamnese detalhada do paciente disfônico é essencial para orientar o exame, qualquer
que seja o caso, o que permite muitas vezes que a suspeita diagnóstica já se oriente
nessa fase, por exemplo, pela administração de péssimos hábitos ou demonstração de
enorme ansiedade por parte do paciente.
Nesses casos, obtêm-se fatores geradores por si só de alterações da voz, que também
representam agravamento de outras situações e dificultam o restabelecimento do
paciente, exigindo intervenção terapêutica especifica. Da mesma forma, há necessidade
de se conhecer o quadro clinico geral, e as importantes e possíveis causas físicas e
psicológicas que podem afetar a laringe e a voz. É fundamental a analise dos fatores
específicos do aparelho fonador, paralelamente às alterações gerais tais como: diabetes
mellitus, hipertensão arterial, diminuição da capacidade ventilatória pulmonar,
insuficiência cardíaca, distúrbios metabólicos, endocrinos, alergicos, imunologicos, auto-
imunes, neurológicos, infecciosos, inflamatórios, digestivos, entre outros; neoplasias
benignas ou malignas; o uso ou abuso de drogas com álcool, cafeína, tabaco,
tranqüilizantes, maconha, cocaína ou outras; uso permanente ou prolongado de
medicamentos como corticóides, anticoagulantes plaquetariso, quimioterápicos, etc.;
estados de ansiedade, depressão, fadiga, estresse, estafa, insônia, gravidez e sindrome
pré-menstrual.
É importante conhecer o grau de autopercepção do indivíduo em relação a sua disfonia,
o que faz antever a sua dedicação ao tratamento. Dificilmente alguém que não tenha
consciência alguma de sua alteração vocal, sentindo-se normal, aceitará as medidas
diagnósticas ou do próprio tratamento.
Igualmente significativo torna-se saber a relevância pessoal ou profissional que possa ter
a disfonia. Temos dois casos distintos: o professor que se "beneficia" da disfonia ao estar
disfônico e aquele que sofre intensamente com o impedimento vocal, ou seja um cantor
ou ator em temporada. Ao primeiro pode-se supor que não se empenhe, ao menos
subconscientemente, pela cura, ao contrário do segundo, que normalmente terá
empenho exacerbado, ansioso, às vezes até tornando-se prejudicial, no sentido de tentar
estar logo recuperado. Portanto há necessidade de saber dosar os extremos para
obtenção de um bom resultado no tratamento.
A coleta detalhada da história vocal do paciente disfônico pode revelar aspectos
decisivos ao diagnóstico e à conduta do tratamento. A descrição do paciente revela sua
forma de encarar a relação com o médico e o fonoaudiólogo, se otimista, confiante,
participante, interessado, ou se adota uma posição crítica, pessimista, pouco confiante e
interpreta de foram deturpada as conclusões e determinações.
Deve-se proceder a pesquisa de história patológica detalhada sobre a saúde do paciente,
ou seja, as enfermidades que tenha sofrido no passado ou ainda sofra, e que possam ter
relevância no quadro atual. Em relação ao motivo recente que traz o paciente à consulta,
deve-se colher os dados de maneira a localizar uma causa e mensurar sinais e sintomas.
O exame otorrinolaringologico inclui, igualmente, a avaliação da audição, da voz, da fala,
da deglutição e as pesquisas de alterações anatômico-funcionais e preceptorias dos
órgãos articulatórios e ressonâncias, como a boca e língua, fossas nasais, rinofaringe e
faringe. Também a função pulmonar pode e deve ser avaliada, quando necessário.
A laringoscopia indireta é um método perfeitamente satisfatório para o diagnóstico de
indivíduos disfônicos ha poucos dias, aptos ou durante estado gripal, não tabagistas e
que não façam uso profissional da voz. Casos mais intensos e duradouros, não
associados a infeções virais ou bacterianas, devem demandar a utilização de um método
mais preciso, que forneça dados de maior confiabilidade possível a decisão terapeutica.
A utilizacao de videolaringoscopia e da videolaringoestroboscopia consagra-se como
fundamental no manejo de enfermidades da laringe e da voz.
Os pacientes com indicação de fonoterapia devem ser encaminhados acompanhados de
laudo minucioso que descreva a anamnese sumária ou dirigida, os achados no exame de
pregas vocais, mencionando seu aspecto e mobilidade, as características, simetria e
amplitude da onda mucosa e a eventual existência de fendas gloticas, referindo seu local,
extensão e formato. A conclusão e conduta devem ser discriminadas e devidamente
explanadas ao paciente.

AVALIAÇÃO DA VOZ DO CANTOR

A avaliação da voz do cantor inicia-se com a identificação da queixa, na anamnese,


levando-se em conta os aspectos da voz falada e cantada. Deve-se fazer um exame
clínico apurado, tentando compreender a ressonância e a articulação do cantor.
Quando se fala em avaliação da voz, deve-se levar em consideração vários aspectos
físicos e da emissão da voz. Observa-se os seguintes tópicos:
Exame físico:
 Postura
 Tipo Respiratório
 Tempo de emissão
 Coordenação Pneumofonoarticulatória
 Pitch
 Loudness
 Ressonância
 Articulação
 Ataque Vocal
 Qualidade Vocal
 Ritmo
 Tessitura
 Registro
 Brilho
 Projeção
Passaremos agora a dissertar sobre cada etapa da avaliação individual do cantor:
EXAME FÍSICO

Inicia-se pela apalpação da região cervical e pescoço, investigando-se o nível de tensão


de sua musculatura. Nesse exame pode-se observar a largura da laringe e o
posicionamento vertical da cartilagem tireóide no pescoço, o deslocamento lateral e sua
mobilidade vertical pela emissão ligada de tons agudos e graves. Pode-se verificar o
tamanho da abertura da boca, a movimentação da articulação temporo-mandibular(ATM),
a tonicidade e mobilidade dos lábios e bochechas. A língua é um músculo muito
importante para a fonação portanto deve-se verificar o tamanho, se é proporcional a
forma e tamanho da cavidade oral, seu tônus e sua mobilidade em relação aos sons.
Verifica-se a oclusão dentária, o formato do palato e o tamanho de toda a cavidade oral.
Observando-se a distância dos pilares amidalianos da parede da faringe
(orofaringe/nasofaringe). Verifica-se também o movimento mastigatório, o qual é muito
importante para a avaliação do profissional da voz. Se estiver sendo feita de maneira
inadequada, irá prejudicar o estado dos músculos responsáveis pela fonação

POSTURA

Na conversa espontânea, deve-se verificar a inclinação da cabeça, a tensão muscular


cervical, o posicionamento do queixo em relação ao peito, a inclinação dos ombros.
Observa-se a curvatura da coluna vertebral no andar e sentar, observando se a postura
assumida pelo cantor é a adequada para a fonação. É preciso observar se os aspectos
que caracterizam a postura do cantor durante a fala se modifica ou se mantém durante o
canto. É fácil encontrar pessoas que elevam o queixo quando cantam tons mais agudos,
com o incorreto e prejudicial intuito de auxiliar a elevação da laringe, posição que, sem
tensão e participação da musculatura extrínseca, ajudaria a emissão de sons agudos.

TIPOS RESPIRATÓRIOS

Há muita discussão sobre o tipo adequado de respiração para a fonação e canto, porém
deve-se observar se a respiração efetuada pelo cantor é a adequada para o canto.
Existem três tipos básicos de respiração que são o superior, misto e inferior. No canto
encontram-se vários casos de respiração inferior e mista, ou seja, o cantor, no ato do
canto recorre instintivamente a um tipo de respiração de forma que a pressão subglótica
torne-se mais longa, forte e estável.

TEMPO DE EMISSÃO

A capacidade de emitir um som por longo período e de enfatizar uma nota nos momentos
finais de uma sentença pode definir o repertório e longevidade da voz de um cantor.
Observa-se tal fato quando existe a solicitação para a emissão de um som ou vogal
prolongada ou sustentada, glissando ascendente e descendentemente e fazendo uma
vogal sustentada com intensificação no terço final da emissão.
COORDENAÇÃO PNEUMOFONOARTICULATÓRIA

É a coordenação entre a respiração e a fala. Observa-se o cantor durante uma conversa


espontânea, ou durante a leitura de um texto, mas pode fornecer dados irreais sobre a
coordenação respiratória. É comum verificarmos pessoas com dificuldade durante a fala,
porém quando lhe é solicitado uma leitura, e a pessoa percebe que está sendo avaliada,
imediatamente corrige as eventuais entradas de ar residual . A coordenação analisada é
um aspecto no qual, na maioria das vezes não se modifica da fala para o canto. Algumas
exceções acontecem quando o estilo de música adotado exige uma voz muito soprosa,
com um gasto de ar muito grande.

PITCH
É a sensação auditiva que temos sobre a altura da voz, podendo ser classificado em
grave, médio ou agudo. Mede-se o pitchatravés de sistemas computadorizados de
análise vocal. Normalmente, no canto, o pitch eleva–se, pois há uma busca das
cavidades superiores de ressonância que acaba levando para a agudização do pitch,
muitas vezes camuflado por uma hipernasalisação.

LOUDNESS

Tem relação com a percepção do volume da voz e deve ter com o tipo de ambiente em
que a voz está sendo emitida. Pode ser classificado em forte, fraco e adequado. Na voz
cantada, deve-se lembrar do ambiente e da utilização da aparelhagem de amplificação
sonora. O cantor pode não possuir uma boa aparelhagem de som ou retornos eficientes,
fazendo com que produza uma voz cantada com muito volume, e solicitando ao seu
corpo que produza um apoio muito potente para que não ocorra sobrecarga das pregas
vocais. O cantor popular normalmente não precisa utilizar um volume maior para cantar
pois possui um bom sistema de amplificação. O cantor de coral emprega muitas vezes
excesso de volume para poder se escutar dentro do coro. O cantor lírico procura explorar
todas as suas caixas de ressonância, todo o seu potencial respiratório para atingir o
quarto formante e assim ser ouvido junto com a orquestra que o acompanha. A voz
transforma-se, neste momento, em mais um e único instrumento.

RESSONÂNCIA

A ressonância é classificada em seis tipos principais: equilibrada quando se utiliza de


forma distribuída os três focos principais de ressonância(laringe, oral e nasal); laringo-
faríngea onde há predomínio do foco na região do pescoço; hipernasal com constrição de
pilares onde o foco é acentuado no nariz, mas com esforço evidente causado por tensão
de musculatura orofaríngea; hiponasal onde não há nenhuma ressonância nasal; laringo-
faríngea com foco nasal compensatório onde o foco central é no pescoço e sem
nenhuma oralidade, normalmente em articulações muito travadas. Semelhantemente ao
pitch, a ressonância também se eleva, buscando as cavidades mais superiores no canto
em relação à fala.
ARTICULAÇÃO

A articulação pode ser precisa, imprecisa, travada, exagerada, pastosa ou aberta. Estas
características podem se combinar aos pares mas não de maneira fixa. Pode-se por
exemplo, encontrar uma articulação travada e precisa assim como uma aberta e
imprecisa. Nem sempre abrir mais a boca para cantar melhora a articulação das
palavras. Pode sim projetá-la muito mais.

ATAQUE VOCAL
O ataque vocal pode ser dividido em brusco, aspirado e suave, podendo ser observado
na fala espontânea. Normalmente o tipo de ataque se modifica da fala para o canto.
Existem pessoas que falam com ataque brusco, porém na hora de cantar optam pelo
estilo bossa-nova , que trabalha com um ataque mais suave.

QUALIDADE VOCAL OU TIMBRE


É o item que esclarece o diagnóstico no nível de pregas vocais. Costuma fechar a
avaliação perceptual da voz falada. No canto isso ocorre de forma diferente, pois na voz
cantada avalia-se a qualidade em relação direta com o estilo de música adotado e com a
forma pessoal de interpretação. Não é possível dizer que todo cantor de bossa-nova
possui uma voz patológica soprosa, pois esta soprosidade faz parte de um estilo de
cantar, de tornar a voz mais um instrumento dentro da música e não o principal deles. O
cantor de hard rock tem a voz rouca e áspera, mas pode-se utilizar outro modo de cantar
este estilo de música. A qualidade da voz cantada abre discussão para as características
vocais mais freqüentes em cada estilo de música. É impossível se discutir a qualidade
sem falar de estilo, ao contrário da voz falada, na qual a qualidade vocal tem relação
direta com a patologia.
Há várias maneiras de se nomear as qualidades e características vocais. Utilizamo-nos
da voz rouca (moderada/suave), suave, fluida, áspera, soprosa, com quebra de
sonoridade, tensa, pastosa, trêmula, estrangulada, infantil e diplofônica (bitonal).
Há outros nomes diferentes dos utilizados acima, mas estes combinados entre si quando
necessários são suficientes para definir precisamente uma qualidade vocal.

RITMO
É um aspecto que avaliamos apenas na voz falada, pois na cantada dependerá do estilo,
melodia e harmonia da música e da maneira como o cantor interpreta a canção. Na fala
usamos um ritmo lento, acelerado, muito acelerado e adequado.

TESSITURA
A tessitura e a extensão são dois aspectos a serem avaliados apenas na voz cantada.
Quando o cantor disfônico tem queixa apenas na voz cantada não há necessidade de
avaliação dos dois aspectos. Pesquisar a tessitura do cantor, que seriam as notas
confortáveis dentro da sua extensão vocal, quando o cantor está totalmente disfônico, é
algo que não tem muito sentido.
Quando o cantor apresenta a queixa de dificuldade nos agudos ou quebra de sonoridade
na passagem, solicita-se que emita a escala completa para se avaliar a dificuldade, mas
não há como classificar definitivamente a região onde esse cantor deve produzir sua voz
cantada sem esforço ou prejuízo do trato vocal, pois a hora da avaliação é um momento
atípico. Conforme o trabalho fonoterapêutico evolui deve-se rever a tessitura, assim como
a extensão vocal.
A classificação vocal das vozes masculinas em tenor, barítono e baixo e das femininas
em soprano, mezzo-soprano e contralto têm relação com o canto lírico, é muitas vezes
empregada no canto popular, porém mais para auxiliar na definição da tessitura do que
para classificar uma voz dentro de um repertório específico. Considerando-se as formas
diferentes de configuração glótica do canto popular para o lírico, não acredita-se na
importância dessa classificação para o canto popular.

REGISTRO
É o modo de vibração variado das pregas vocais de acordo com vários pitchs,
fornecendo diferentes qualidades vocais que são chamados de registro, que nada mais é
do que a produção de freqüências consecutivas que se originam da mesma maneira da
freqüência fundamental. Deve ser avaliado apenas na voz cantada, pois trata-se de um
conceito dividido em registro basal (fry), modal (peito e cabeça) e falsete.

BRILHO
Tem relação direta com o uso das cavidades de ressonância e a produção de formantes.
Quanto mais amplo for o uso dessas cavidades maior será a riqueza de harmônicos
amplificados, fazendo com que a voz pareça cheia, preenchendo todo o ambiente.
A posição da laringe no pescoço é responsável pelo colorido do som produzido. No bel
canto, com a laringe baixa, temos um som mais límpido e alegre, enquanto no canto
dramático, com laringe alta, o som é escuro mas cheio de nuanças.

PROJEÇÃO
Termo advindo do canto, mas muito utilizado no meio teatral e em oratória. Tem relação
direta com respiração, pressão subglótica e superiormente com a boca aberta. Não é
possível se ouvir um cantor com projeção com a articulação totalmente travada. Na
avaliação deve-se evitar termos qualitativos (boa projeção/péssima projeção). Deve-se
gravar a voz do cantor para registro, solicitando sonorizações específicas, como vogais
(/a/e/i/) prolongadas, escalas ascendente e descendente em stacattoe ligatto, fala
encadeada (dias da semana, meses do ano) e conversa espontânea.
Havendo gravações antigas e recentes, é interessante ouví-lo para compreender o
processo de desenvolvimento da voz cantada. A avaliação in locco é fundamental para
comparar dados ao vivo, e para conhecer o ambiente de trabalho do cantor.
ALTERAÇAO DE VOZ NO CANTO – DISFONIA FUNCIONAL

As alterações de voz mais comumente encontradas nos cantores são chamadas de


disfonias funcionais, que podem ser causadas por uso inadequado dos músculos
voluntários da fonação, que incluem os músculos da laringe, faringe, mandíbula, língua,
pescoço e sistema respiratório. O desalinhamento postural também é um achado clínico
freqüente. Algumas disfonias podem ser atribuídas a técnicas vocais incorretas tais
como: Coordenação pneumofonoarticulatória pobre, uso excessivo ou inadequado da
válvula laríngea, foco ressonantal inadequado, dificuldades no controle dinâmico
de pitch e loudness.
Por definição, a disfonia funcional é a alteração vocal que decorre geralmente do mau
uso ou abuso de um aparelho fonador anatômica e fisiologicamente intacto, mas que
também pode ser resultado de um mecanismo compensatório mal adaptado, como
conseqüência de uma condição orgânica preexistente. Mesmo nos casos de alteração
vocal onde a função laríngea é normal ao exame clínico, ou quando há presença de
sinais de tensão muscular laríngea anormal, a disfonia é classificada com funcional.
A disfonia funcional com abuso vocal prolongado pode levar ao desenvolvimento de
alterações orgânicas secundárias, como os nódulos vocais. Apesar desses serem
considerados entidades patológicas individualizadas, eles são resultado de uma disfonia
funcional precedente.

CLASSIFICAÇÀO
Há várias propostas para a classificação das disfonias funcionais. Alguns autores
propõem abordagens mais amplas referindo-se aos mecanismos casuais e outros
baseiam-se nos aspectos clínicos-sintomáticos. É importante haver uma diferenciação
entre cada subgrupo de pacientes portadores de disfonia funcional.
Podemos classificar as disfonias funcionais em quatro tipos, que são: as disfonias
psicogênicas, a disfonia por habituação, o uso inapropriado de registro e as síndromes de
abuso vocal.

DISFONIAS PSICOGÊNICAS
Podem ser divididas em dois subtipos: as conversivas e as recidivantes. O padrão
recidivante normalmente é associado a um perfil psicopático e o conversivo, às
características histéricas e o aparecimento da alteração vocal é associado a algum fator
desencadeante. A qualidade vocal é caracterizada por afonia ou disfonia severa, com
sonoridade pobre. A laringoscopia pode ser normal ou evidenciar fenda glótica triangular
posterior(com redução da amplitude e assimetria da onda mucosa), ou ainda triangular
em toda a extensão(fenda pararela). Pode ser observada a constrição supraglótica
ântero-posterior parcial, projeção medial de pregas ventriculares ou inconsistência nos
achados laringoscópicos.

DISFONIA POR HABITUAÇÃO


Inicia-se por uma laringite viral ou cirurgia das pregas vocais, o que propicia uma
compensação inadequada do trato vocal organicamente comprometido. A disfonia
persiste mesmo após o desaparecimento do processo viral ou da cicatrização cirúrgica. A
terapia fonoaudiológica pré-cirúrgica pode evitar este tipo de alteração. Sintomas como
fadiga vocal e odinofonia podem ser observados. A qualidade vocal pode apresentar
soprosidade, aspereza, diplofonia ou fonação ventricular. A sonoridade geralmente é
pobre e a laringoscopia pode ser normal, mostrar aproximação de pregas ventriculares,
constrição supraglótica ântero-posterior parcial ou ainda fechamento supraglótico
esfinctérico.

USO INAPROPRIADO DE REGISTRO

A alteração vocal ocorre em homens durante o crescimento, manifesta-se depois da


puberdade como dificuldade em abaixar o pitch e acompanha-se de "quebras" no
registro. Podem ocorrer em ambos os sexos, porém não é tão evidente nas mulheres em
decorrência do seu tom habitual de fala. Alguns fatores psicológicos podem levar a
inibições durante este período de transição e estabelecer um padrão de fonação em
falsete. Estes casos devem ser diferenciados daqueles em que existam
comprometimentos hormonais ou conversivos. Não há sintomas associados. A qualidade
vocal caracteriza-se por pitcha normalmente alto e sonoridade pobre.
A laringoscopia é geralmente normal, mas pode haver tensão glótica. A laringe pode
também estar elevada e sua tração para baixo pode mostrar mudança de registro vocal
para um pitch mais adequado.

SINDROMES DE ABUSO VOCAL

As alterações vocais decorrentes das síndromes de abuso vocal são geralmente


flutuantes ou intermitentes e mantém-se por períodos prolongados. Os aspectos mais
comumente observados nestas alterações são: fadiga vocal, redução da extensão
dinâmica da voz, odinifonia, padrão respiratório inadequado e sindromes tencionais
músculo-esqueléticas. Outros sintomas, como alterações ressonantais e de pitch,
também podem ser observados. As síndromes de abuso vocal podem ocorrer com
freqüência também em profissionais da voz.
A qualidade vocal dos pacientes portadores de síndrome de abuso vocal mostra
características de soprosidade e aspereza, sonoridade pobre, quebras na
voz, pitch geralmente agravado e ataque vocal brusco.
A laringoscopia pode ser normal, mas também pode apresentar aproximação de bandas
ventriculares, constrição supraglótica ântero-posterior parcial e ainda fechamento
supraglótico do tipo esfinctérico.
Outros fatores devem ser observados em profissionais da voz com alterações
relacionadas ao abuso ou mau uso vocal. Algumas alterações na voz falada muitas vezes
não ocorrem na voz cantada, ou ocorrem em menor grau. Como exemplo, uma boa
técnica de canto não implicará em uma voz falada adequada. O apoio respiratório
também pode mostrar-se deficiente somente na voz falada. Apesar disso, a extensão
vocal não é afetada. A avaliação de profissionais da voz deve ser cuidadosa, levando-se
em conta as variáveis entre a voz falada e cantada.
Como alterações orgânicas secundárias temos: nódulos de pregas vocais, edema de
reinke e úlceras e granulomas, os quais passaremos a discertar.
NÓDULOS DE PREGAS VOCAIS

São lesões secundárias associadas às alterações funcionais da voz, caracterizando-se


por alteração na camada superficial da lâmina própria, representada histologicamente
pela presença de tecido edematoso e/ou fibrocolagenoso associado a um espessamento
do epitélio das pregas vocais, com queratinização superficial e acantose entre as cristas
epidérmicas. Apresentam-se como lesões esbranquiçadas, em torno da borda livre na
junção do terço médio de ambas as pregas vocais , que, ao entrarem em contato durante
a fonação, assumem a silhueta de um "beijo". Apresenta aspecto endurecido e algumas
vezes edematoso, principalmente em crianças. Há um aumento de massa e rigidez da
cobertura, assim como interferência na vibração mucosa contralateral. Na maioria dos
casos há presença de fenda triangular médio-posterior.
A incidência desta alteração em adultos é maior no sexo feminino e está sempre
associada ao abuso vocal e ao estresse. É a disfonia funcional mais comum entre as
crianças, predominando no sexo masculino. Em cantores, pode ocorrer secundariamente
à execução do canto fora da extensão adequada e por pobre apoio respiratório.
Os sintomas vocais mais comuns são fadiga vocal, alterações de pitch, alterações
ressonantais e extensão dinâmica reduzida.
A qualidade vocal mostra características de soprosidade, aspereza, quebra vocal e
ataque vocal brusco.

EDEMA DE REINKE

É uma lesão de aspecto edematoso e por vezes polipóide, o que lhe rendeu a
denominação de degeneração polipóide, ou ainda, pólipo edematoso de pregas vocais. É
geralmente bilateral, porém quase sempre assimétrica. Estende-se ao longo de toda a
borda livre das pregas vocais na maioria dos casos. Apresenta crescimento progressivo,
podendo obstruir completamente a glote com conseqüente asfixia, em seu estágio mais
avançado. Interfere na vibração mucosa contralateral e está freqüentemente associado
ao tabagismo crônico e, em menor escala, ao hipotireoidismo e ao refluxo
gastroesofágico. A fonoterapia pode reduzir a lesão em alguns casos, ainda que ocorra
melhora importante da qualidade vocal nos casos com lesões pouco exuberantes.
Entretanto, o encaminhamento posterior para tratamento cirúrgico é necessário.
A disfunção vocal geralmente é estável, de longa duração, e predomina no sexo
feminino. Os principais sintomas associados são fadiga vocal, alterações ressonantais e
extensão vocal reduzida. A qualidade vocal apresenta características de rouquidão,
compitch agravado, sonoridade pobre e quebras vocais.

ULCERAS E GRANULOMAS

São as únicas lesões orgânicas localizadas fora da borda livre das pregas vocais,
decorrentes de distúrbios funcionais da laringe. São associadas a processos
inflamatórios extralaríngeos ou secundários à entubação endotraqueal prolongada. Nos
casos funcionais, são provocados por trauma fonatório na apófise vocal das aritenóides,
em pacientes com importante tensão muscular laríngea e ataque vocal brusco.
Geralmente são lesões pequenas que comprometem o fechamento glótico. Quando são
de grandes dimensões, outras possibilidades diagnósticas devem ser aventadas.
O estabelecimento da alteração vocal é geralmente agudo(de dias a semanas), às vezes
intermitente por meses. Os sintomas mais freqüentes associados são odinofonia e fadiga
vocal.
A qualidade vocal manifesta-se sob forma de disfonia variável, com pitch grave e ataque
vocal brusco. A laringoscopia mostra ulceração do processo vocal uni ou bilateral, ou
granuloma, com hiperfechamento glótico posterior. Outros fatores observados em
pacientes portadores de úlceras ou granulomas são apoio respiratório pobre, uso de ar
residual, freqüente associação ao refluxo gastroesofágico, hábito de pigarrear e tossir e
abuso vocal.

TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA PARA CANTORES

A terapia vocal do cantor não difere completamente do processo terapêutico de um


paciente que apresenta disfonia funcional. O foco do tratamento, este sim, será diferente.
Com a queixa bem definida em relação aos aspectos da voz falada e cantada, inicia-se a
terapia que trabalhará simultaneamente os aspectos que forem necessários, tanto da voz
falada quanto da cantada.
Na terapia com cantores, o ouvido adquire importância na condução das orientações, na
forma de utilização da voz, assim como na maneira de realização dos exercícios
propostos. Quando se trabalha com o cantor, não se deve ficar centrado na patologia
laríngea ou no distúrbio da fonação e sim na maneira como o cantor está utilizando seu
aparelho vocal para produção da voz dentro do estilo e interpretação desejados.
Pode-se compreender o estilo do canto e tentar, juntamente com o cantor, por meio de
exercícios, possibilitar que produza, de maneira satisfatória e sem prejuízo do trato vocal,
a voz cantada desejada. O fonoaudiólogo não deve discutir a escolha de repertório, mas
esclarecer as possibilidades de cada voz, localizando o pitch confortável e a tessitura
adequada para o cantor assim como demonstrar aspectos anatomofisiológicos
existentes, mas muitas vezes desconhecidos, que possam facilitar ou limitar a produção
de algum tipo de voz cantada.
É necessário possuir algum conhecimento de termos músicais que, em geral, estão
presentes na terapia com o cantor, como por exemplo grave, agudo, oitava,
glissando, stacatto, escala ascendente ou descendente, acorde e outros que podem
aparecer conforme o tipo de canto adotado.
O cantor, em geral, questiona o profissional para saber como se procedem os exercícios
e outras duvidas, pois é natural que a pessoa que tem na voz cantada seu instrumento
profissional possua uma curiosidade maior em relação a sua voz, bem como receio em
ser examinado pelo otorrinolaringologista e ansiedade em tratar as dificuldades que se
manifestam na voz.
Aparecem alguns questionamentos por parte do cantor, porém esses são um desafio
constante para quem trabalha com a área da voz e tem consciência da influência da vida
emocional e psíquica na questão da comunicação.
As questões da saúde vocal devem ser tratadas com paciência e esclarecimento, sem
virar uma lista de proibições, pois o ideal é passar informações aos poucos e obter o
retorno do cantor sobre a verdadeira compreensão dos porquês sobre sua voz.
Não é fácil estabelecer um limite sobre onde começa a terapia fonoaudiológica do cantor,
pois o início de cada processo dependerá de cada indivíduo. Não existe hierarquia dentro
da terapia fonoaudiológica. Na voz tudo ocorre ao mesmo tempo. As necessidades são
de cada caso e sempre que possível devem ser trabalhadas no conjunto.
No caso dos cantores é fundamental trabalhar a parte respiratória no sentido de
conscientizar o papel da respiração na emissão da voz cantada, mostrando
preferencialmente a respiração costo-diafragmática, como a mais adequada para a sua
voz. O trabalho articulatório visando a abertura vertical e à precisão sonora dos fonemas
também tem destaque na rotina terapêutica. Os exercícios que auxiliam no abaixamento
da laringe tem demonstrado ótimo resultado, mesmo nos casos de cantores populares,
permitindo um movimento vertical livre nos graves e agudos. Exercícios de resistência
também são indicados para cantores que costumam cantar muitas horas por semana.
Massagem digital na laringe depois de cantar, ou antes de dormir, promove a
vasodilatação que possibilitará um maior relaxamento noturno, levando a uma qualidade
vocal mais satisfatória para os dias seguintes no uso intensivo da voz.
Não é possível abordar a parte de exercícios, pois cada indivíduo tem seu problema e os
exercícios devem ser aplicados de maneira pessoal. O terapeuta tem que experimentar
os exercícios consigo mesmo e, posteriormente, observar como cada paciente realiza ou
reage diante daquele exercício. De maneira geral, acredita-se que o terapeuta não
necessita ser um cantor ou músico para poder prestar atendimento, porém deve ouvir as
queixas do paciente e saber que as dúvidas que ocorrerem durante o processo
terapêutico poderão ser investigadas e respondidas por ambos, paciente e terapeuta.

CONCLUSÃO

Estivemos analisando alguns os problemas possíveis a serem apresentados na estrutura


funcional da laringe e cordas vocais, nos profissionais da voz, em específico com os
cantores.
Apresentamos alguns métodos a serem aplicados na avaliação e tratamento de tais
problemas, porém tal explanação não esgota o assunto.
Ficou claro porém que, para a eficácia levantamento dos problemas apresentados, bem
como o respectivo tratamento, há necessidade de se recorrer ao profissional médico da
voz, especificamente ao Otorrinolaringologista e ao Fonoterapeuta para a obtenção de
sucesso para a resolução dos distúrbios que possam ocorrer com a voz.
Creio porém que deve haver um relacionamento muito aproximado entre o profissional da
voz, o médico da voz e o preparador vocal, pois suas atividades se interagem e, com
essa aproximação o resultado pode se tornar mais produtivo, fazendo com que a voz do
profissional possa ser melhor elaborada para um bom resultado profissional.
Com este tipo de relacionamento, creio que os cinco profissionais da voz –
Otorrinolaringologista, Fonoaudiologista, Professor de Canto, Preparador Vocal e Cantor
– poderão crescer em conhecimento e sucesso profissional, onde cada um
individualmente alcançará a satisfação pessoal de aplicar o seu trabalho de modo direto,
com conhecimento e bem feito.
BIBLIOGRAFIA

Mestrado em Distúrbios da Comunicação


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Tópicos em Fonoaudiologia – Enfoque Multiprofissional
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Leslie Piccolloto Ferreira
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