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SILAS MALAFAIA
VENCENDO SITUAÇÕES DIFÍCEIS
CENTRAL
GOSPEL
Sumário
Apresentação..............................................................7
Capítulo 1
Como identificar uma tempestade
e lidar com ela.............................................................9
A força do vento contrário e do mar revolto...............13
Mantendo a calma e redobrando os esforços..............15
Crendo no socorro de Jesus........................................23
Capítulo 2
Por que Deus permite que
situações difíceis aconteçam?.....................................27
Para conhecermos a nós mesmos
e sermos purificados..................................................28
Para conhecermos mais e melhor quem é Jesus..........31
Para aprimorar a nossa fé..........................................34
Para aprendermos a ajudar aos outros.......................37
Capítulo 3
Como manter o equilíbrio e
vencer as situações difíceis........................................41
Creia que Deus está com você...................................42
Mantenha o medo sob controle.................................43
Não desista de lutar..................................................45
Clame por Jesus........................................................46
Siga à risca as instruções dadas por Jesus.................48
Glorifique a Deus pela vitória concedida a você.........51
Compartilhe sua experiência com outros...................55
APRESENTAÇÃO
Situações difíceis que neste livro também serão chamadas de
tempestades, são problemas graves do dia a dia pelos quais
passamos e que podem vir a ameaçar-nos por causarem grande
impacto sobre o curso dos acontecimentos em nossa vida. Essas
situações sempre criam transtornos e colocam-nos diante de
desafios que, às vezes, são grandes demais para a nossa limitada
capacidade de resolução.
Discutiremos nos capítulos a seguir a natureza de algumas
situações difíceis que costumamos enfrentar, veremos por que
Deus pode permitir que elas nos sobrevenham e daremos algumas
dicas para superá-las. Os textos bíblicos que usaremos para
ilustrar as situações difíceis da vida e os conceitos destacados
neste livro são Marcos 4.35-41 e Mateus 14.22-32, onde são
relatadas duas tempestades pelas quais os discípulos de Jesus
passaram.
No Capítulo 1, falaremos sobre o que normalmente é
considerada uma situação difícil e enfatizaremos a necessidade de
termos fé para vencer todas as tempestades da vida. No Capítulo 2,
discutiremos por que Deus às vezes permite que crises e
adversidades se abatam sobre nós. No Capítulo 3, destacaremos
algumas atitudes que nos ajudam a vencer as situações difíceis.
As dificuldades na vida são um tema bastante extenso e
complexo, trazendo muitos desdobramentos. Por isso, nosso
objetivo com este livro foi trazer uma análise sucinta, mas prática,
baseada na Bíblia, para ajudar o povo de Deus a encarar a
adversidade como algo comum a todo ser humano e como uma
oportunidade para conhecer melhor a si mesmo e ao Senhor, de
modo a superar os desafios e crescer espiritual e emocionalmente.
Sendo assim, ao ler essa mensagem, você constatará que
existe, sim, uma maneira de superar o impossível: crendo no poder
de Deus acima de todas as coisas e agindo em conformidade com
Sua Palavra.
Boa leitura!
CAPÍTULO 1
COMO IDENTIFICAR UMA TEMPESTADE E LIDAR COM ELA
O que é uma tempestade para você? Você já enfrentou
alguma situação tão difícil que se viu como um marujo num mar
encapelado?
Viver uma adversidade é de certa maneira algo muito parecido
com enfrentar uma tempestade em alto-mar. Sentimos que
estamos à deriva, à mercê de forças muito superiores às nossas,
desestabilizados e vulneráveis, e que, mesmo assim, ainda teremos
de ter atitudes eficazes para garantir nossa sobrevivência àquela
situação imprevisível e fora do nosso controle.
Então, a primeira coisa a fazer antes de estabelecermos um
plano de ação diante de uma tempestade é sabermos se realmente
se trata de uma tempestade ou se é um problema corriqueiro da
vida, em relação ao qual estamos fazendo "tempestade em copo
d'água".
Como saber a diferença? Não é fácil saber se a situação em que
nos encontramos é mesmo uma tempestade ou se estamos
simplesmente exagerando. Muitas vezes, supervalorizamos
determinadas situações, porque temos uma visão distorcida dela, e
acabamos achando que uma ventania seguida de uma chuva forte,
mas passageira, é uma tempestade, quando, na verdade, não é. Por
isso, precisamos avaliar o tipo de problema que estamos
enfrentando e identificar se é uma tempestade ou apenas mais uma
dificuldade do dia a dia.
As tempestades são situações dificílimas, graves, eventos
realmente incomuns. Acredito que o principal indicativo de que a
adversidade vivenciada por nós seja, de fato, uma tempestade é a
nossa pequenez diante dela, algo que não foi causado por nós e
cuja intensidade e duração dos efeitos não tenhamos controle
algum.
Enfatizo isso porque há casos em que, por estarmos
fragilizados, não percebemos que temos como resolver o problema
com uma atitude simples. Assim, nada fazemos e ficamos reféns da
situação, permitindo que ela se agrave e transforme-se em uma
tempestade devastadora.
Existem pessoas que vivenciam crises financeiras porque
gastam mais do que recebem e não querem cortar gastos. Se
fizessem isto, o problema cessaria. Outras sofrem por não serem
promovidas, mas recusam-se a estudar, trabalhar com diligência
ou a buscar novas oportunidades em empresas em que poderiam
ser mais valorizadas.
Há pais que têm muitos dissabores por não dar bons exemplos
e por recusar-se a exercer sua autoridade com os filhos. Deixam os
"pirralhos" fazerem o que querem; depois, queixam-se e con-
tinuam não fazendo nada para reverter a situação.
Esses pais se veem como impotentes, quando, na verdade, não
o são. Bastaria posicionarem-se da forma correta para resolver o
problema. Mas não querem ter trabalho. E educar dá trabalho;
muito trabalho.
Sem falar de quem insiste em namorar uma pessoa atribulada,
e vive reclamando porque o sofrimento não tem fim. Não terá
mesmo, se ele não cair fora enquanto há tempo!
Esses são exemplos de situações diante das quais temos
escolhas e algum controle enquanto o problema não toma grandes
proporções. Mas existem certas situações difíceis que não criamos
e sobre as quais não exercemos controle em relação à intensidade
e à duração delas — uma enfermidade grave; um divórcio súbito
pela decisão unilateral do outro cônjuge; um luto ou crise
financeira causada pela morte inesperada de um ente querido; ou
qualquer outra coisa provocada por fatores externos e aleatórios
que tragam instabilidade, aflição, sofrimento intenso e prolongado.
Situações inesperadas como essas podem arrastar-nos para
um turbilhão de problemas se não lutarmos com todas as forças
para não sermos tragados por elas.
Nesses momentos cruciais, o que fazer? Como passar pela
tempestade sem sucumbir ao medo, ao desespero, e perder tudo o
que conquistamos? Como a Palavra de Deus nos instrui a agir em
meio à tempestade? O que esperar do Senhor na hora da tormenta?
Como perseverar até alcançar a calmaria?
Com base nos episódios narrados em Marcos 4.35-41 e em
Mateus 14.22-32, vamos ressaltar o que caracteriza uma
tempestade para, depois, analisar que atitudes dos discípulos de
Jesus os ajudaram a vencer a adversidade e a sair ilesos dessa
situação difícil.
A força do vento contrário e do mar revolto
E, naquele dia, sendo já tarde, [Jesus] disse-lhes: Passemos
para a outra margem. E eles, deixando a multidão, o levaram
consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele
outros barquinhos. E levantou-se grande temporal de vento, e
subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia de
água.
Marcos 4.35-37
E logo ordenou Jesus que os seus discípulos entrassem no
barco e fossem adiante, para a outra banda, enquanto despedia a
multidão. E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar à
parte. E, chegada já a tarde, estava ali só. E o barco estava já no
meio do mar, açoitado pelas ondas, porque o vento era contrário.
Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles...
Mateus 14.22-25
Essas duas passagens bíblicas não são relatos diferentes sobre
um mesmo episódio. Essas tempestades ocorreram em momentos
distintos. Contudo, em ambas vemos elementos comuns: a força
do vento encapelou o mar, amedrontou os discípulos, impediu
momentaneamente que eles chegassem ao seu destino e quase os
levou a naufragar.
Segundo o texto em Marcos 4, os discípulos de Jesus estavam
enfrentando um grande temporal de vento, um vento muito
forte no mar da Galileia (na verdade um lago), de modo que
subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se
enchia de água. E, de acordo com Mateus 14, o barco deles foi
fortemente açoitado pelas ondas, porque o vento era
contrário.
De modo semelhante, quando o nosso problema é uma
tempestade, nosso barco, que simboliza nossa estrutura, é
sacudido pelo vento e pelas ondas bravias. Isso nos faz sentir
angústia e medo ante a possibilidade de perecermos, uma vez que
estamos diante de algo cuja força é muito superior à nossa.
Em uma verdadeira tempestade, algo poderoso —
representado pelo vento contrário — surge de repente, com fúria, e
transtorna o ambiente em que estamos— representado pelo mar
—, de modo que nossas emoções, nossa mente e até nosso corpo
ficam fragilizados pela situação.
A imagem do vento sacudindo as águas e estas açoitando o
barco, invadindo-o e podendo levá-lo a pique alude à ideia de que
a pessoa no barco está à mercê de coisas incontroláveis e furiosas
que se abatem sobre ela, podendo a qualquer momento perecer.
Isto porque os elementos da tempestade — o vento forte e o mar
encapelado — têm um caráter devastador. Assim, é comum a
pessoa que se encontra numa tempestade se apavorar. Mas ela não
deve, em hipótese alguma, entregar os pontos antes de receber o
socorro divino.
Mantendo a calma e redobrando os esforços
Os discípulos de Jesus sentiram medo, mas não se deixaram
vencer pela tempestade. Eles fizeram a parte que lhes cabia.
Na primeira tempestade, clamaram pela ajuda de Jesus; e
remaram muito, para que o barco em que estavam não fosse a
pique.
Na segunda tempestade, relatada em Mateus 14, os discípulos
haviam zarpado há mais de nove horas. Estavam no meio do lago
quando a tempestade os apanhou. Isso significa que, se voltassem
atrás, percorreriam a mesma distância para chegar ao seu destino.
Então, resolveram seguir em frente. Eles remaram muito, mas,
ainda assim, não conseguiam chegar à praia.
O vento contrário era tão intenso, que, depois de tanto tempo
remando, eles mal haviam saído do lugar onde se encontravam
quando a tempestade os pegou. Então, Jesus chegou, repreendeu o
vento, acalmou o mar, e eles puderam chegar à margem do lago.
Sabe o que aprendemos com isso? Que durante uma
tempestade que se abata sobre a nossa vida, devemos controlar o
medo, para que nosso potencial não seja inibido e não venhamos a
perecer.
Em meio à fúria daquilo que ameaça tragar-nos, devemos
aumentar a chama da fé e esforçar-nos ainda mais para alcançar
nosso objetivo, certos de que o Senhor está vendo a nossa luta e de
que Ele chegará no momento certo para nos dar a vitória de que
precisamos.
Muitos cristãos se enganam ao pensar que a presença de Jesus
no barco da vida deles significa que não enfrentarão tempestade
alguma. Então, quando começam a passar por dificuldades mais
sérias, pensam logo em desistir de remar ou em pular do barco.
Mas não devem fazer isto em hipótese alguma, pois só pioraria a
situação e os levaria a perecer. Eles precisam remar mais forte, crer
que Jesus está presente, que Ele não é indiferente ao problema
deles e que Ele vai manifestar-se em seu favor.
A presença de Jesus conosco não significa que a tempestade
eventualmente não açoitará nossa embarcação, e sim que jamais
naufragaremos! Jesus é Deus. Ele está no controle de tudo. Basta
uma palavra dele para esse vento contrário cessar, o mar se
acalmar, e chegarmos ao porto desejado.
Ao contrário do que os pregadores de um evangelho
triunfalista anunciam, todos nós passamos por situações difíceis a
aflitivas. Sendo assim, promessas do tipo "venha para Jesus,
porque, se você é pobre, ficará rico; se é empregado, vai virar
patrão; se não tem casa própria e carro, terá ambos; se até hoje não
casou, vai se casar" não condizem com a realidade aludida nas
Escrituras, tampouco com o que Jesus disse a Seus seguidores
antes de morrer, ressuscitar e ascender ao céu sobre o preço de
segui-lo até o fim.
É verdade que Jesus pode realmente operar milagres em todas
as áreas. Ele tem poder para libertar, curar, salvar e transformar a
vida daquele que o reconhece como Salvador e Senhor. Mas quem
prega um evangelho triunfalista, da glorificação sem passar pela
cruz, cria uma falácia a partir da premissa absolutamente
verdadeira da onipotência divina.
Além disso, o fato de uma pessoa não conquistar exatamente
o que deseja e que pediu a Deus não pode ser visto como fracasso
na fé. Isso gera nas pessoas um complexo de inferioridade, porque
imaginam que outros tiveram fé e alcançaram o milagre, enquanto
elas não creram o suficiente para obter o que esperavam. Algumas
chegam até a pensar que decepcionaram Deus ou que Ele promete
coisas que não cumpre.
Jesus pode fazer qualquer coisa, mas a essência do evangelho
não é o materialismo
nem o aqui e o agora. Jesus morreu na cruz para salvar a nossa
alma e dar-nos vida eterna. Assim, um cristão, mesmo vivendo em
santidade, tendo muita fé e orando intensamente por algo que
deseja, pode não receber isso, se Deus achar que não é o melhor
para ele. Afinal, quando Jesus ensinou sobre persistirmos na
oração, disse:
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; ba-tei, e
abrir-se-vos-á. Porque aquele que pede recebe; e o que busca
encontra; e, ao que bate, se abre.
Mateus 7.7,8
Mas logo em seguida observou:
Qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho,
lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?
Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos,
quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe
pedirem?
Mateus 7.9-11
De uma coisa você pode ter certeza: Deus o ama e tem o
melhor para sua vida, ainda que você não perceba que melhor é
este. E o excelente de Deus para nós faz com que Ele nos conduza
por caminhos que às vezes não entendemos e que permita
tempestades em nossa trajetória rumo ao crescimento espiritual e
ao milagre.
Haverá lutas, tribulações e tempestades durante nossa vida
nesta terra. Jesus jamais disse o contrário. Todos nós conhecemos
o famoso alerta do Mestre em João 16.33: Tenho-vos dito isso,
para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas
tende bom ânimo; eu venci o mundo.
Se você já leu o Novo Testamento, especialmente as cartas de
Paulo sabe que ele foi um homem com uma bagagem teológica
tremenda e uma grande e consistente fé. Paulo orava, e pessoas
eram libertas, curadas, batizadas com Espírito Santo. Como lemos
em Atos 19.11,12, Paulo era capaz de atos maravilhosos:
E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias,
de sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos
enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos
saíam.
O próprio Paulo observou: Os sinais do meu apostolado
foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por
sinais, prodígios e maravilhas (2 Coríntios 12.12). No entanto,
ele não escapou da escola do sofrimento. Não deixou de
experimentar abatimento devido a lutas, perseguições e
tribulações. Leia o relato dele em 2 Coríntios 11.23-28; é uma
síntese de tudo quanto ele havia passado até então:
[Estive] Em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que
eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três
vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes
sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens,
muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em
perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos
na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos
entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas
vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez.
Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas
as igrejas.
Em suas cartas, Paulo disse coisa do tipo:
Porque, mesmo quando chegamos à Macedónia, a nossa carne
não teve repouso algum; antes, em tudo fomos atribulados: por
fora combates, temores por dentro.
2 Coríntios 7.5
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos,
mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados;
abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda parte a
mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de
Jesus se manifeste também em nossos corpos.
2 Coríntios 4.8-10