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Lendo o texto de Adélia Prado, fiquei pensando de certa forma o que poderia interligar as

minhas próprias memórias e como poderia relacionar isso. Devo comentar que comecei
lendo o texto achando que estava se referindo apenas por memórias felizes já que o título
me trouxe essa ideia ‘se ama, logo é bom’, mas não exatamente isso, pelo menos eu senti
enquanto continuava a leitura que as memórias grudentas que a mente ‘ama’ nem sempre
são as melhores ou que realmente boas.

E de certa forma, não só a mente guarda isso, corpo inteiro guarda e isso deixa bem claro
no texto quando se cita som, toque, imagem e outras leituras que não são apenas o cérebro
que processa aquela ‘emoção’, mas o conjunto inteiro do ser processado junto.

As vezes nem dá para perceber ao certo de onde essa memória vem, de onde vem esse se
emocionar, por isso fiquei me perguntando o que me emocionava, o que da minha
infância/adolescência havia guardado no corpo e confesso que demorei bastante para achar
isso, pois, mesmo achando que o ‘todo’ sente, estava tentando lembrar apenas com o
cérebro.

Voltando para o ‘amar diferente de ser bom’ para a memória, aquilo que de certa forma me
trouxe foram ‘grudes da pele’ de vivências não muito agradáveis, de uma repressão familiar,
uma falta de carinho, empatia, tudo vindo da minha própria mãe, que em toda oportunidade
virava as costas para mim, porém, agora eu sou a única pessoa que cuida dela.

A memória veio de forma ‘engraçada’, já que estou fazendo o texto enquanto escuto outra
disciplina que está falando de coisas similares.

A professora dessa disciplina passando um vídeo curto de relação ‘pai x filho’ me fez
lembrar bem dessas coisas ‘não agradáveis’, mas que o corpo ama sentir e causar reações
de choro, tremedeira e ansiedade.

Acredito que isso seja me emocionar. Mesmo que o emocionar, não esteja ligado a algo
bom… Me fez questionar na verdade o que era isso.

Em contrapartida, o mesmo vídeo me fez pensar em emoções não ruins que mesmo longe
da realidade do assunto do vídeo, se tornou ‘emoção’, pelo simples fato de também estar na
pele. Não sei ao certo o que seria relatar uma vivência infacia/adolescente, tenho ‘poucas
memórias’ dessas coisas, preciso ter contato com objetos, pessoas, sons e imagens para
que consiga me lembrar dessas emoções, o que torna um pouco complicado narrar algo
propriamente dito memória guardada, sendo que tudo que guardo é tão bem escondido que
só percebo quando outras coisas entram em contato com corpo.

Isso é bem dito e colocado no texto, acabei levando essa parte mais a sério, pois, de forma
meio complicada, eu não lembro de verdade, somente se eu tiver contato com coisas que
não sei qual é.

Memória é algo intrigante.

Como o pedido da atividade foi propriamente relatar, deixo aqui a emoção sentida entre os
pelos dos braços sobre o que me trouxe, de antemão avisando que nada é tão agradável
como o entendimento de senso comum.

Minha mãe tem ataques de transtorno bipolar desde que me entendo por alguém que
compreende o que é isso, acho que antes mesmo disso, já que já ouvi minha avó (mãe
dela) relatar esses surtos antes mesmo do meu nascimento. Acontece que por ter esses
surtos, ela faz/fala/age de formas que não é bem ela, que dois segundos depois parece que
está tudo bem, que ela não falou/fez/agiu daquela forma horrível e a memória que veio foi
de um ‘eu’ de doze anos, começando a ter problemas sérios de depressão, pânico social e
ansiedade.

Quando cheguei para minha mãe e disse isso (na epoca ela não se tratava), que estava
com problemas, que me sentia péssimo em ir até o colégio, pois, me sentia nervoso com
tantas pessoas me olhando ou perto de mim e tudo que ela fez foi debochar da minha cara,
falar que era bobagem, que eu estava com preguiça de ir para o colégio e que ia acabar
sendo que nem todos os meus primos, que ia desistir da escola por preguiça.

O mesmo quando falei que estava péssimo por conta da depressão, depois a ansiedade,
tudo a mesma coisa, a mesma frase que parece ficar gravado de forma secreta entre meus
olhos ‘bobagem’, junto de um sorriso debochado. Minha mãe começou a se tratar quando
completei dezoito anos, um surto forte de depressão junto do transtorno bipolar fizeram com
que ela tentasse tirar sua vida.

Acredito que se isso tivesse acontecido em outro momento da minha vida, eu teria apenas
debochado e falado ‘bobagem’, cheio de mágoas pelas coisas que ela me faz, porém, eu fui
e ainda sou a única pessoa que escuta, cuida, tem atenção nas próprias palavras para não
machucá-la. Fui e sou a pessoa que chora para dentro e tem ‘memória fraca’ para as
coisas, pois, se lembrasse sempre disso tudo, não estaria mais vivo.

Enfim, nada agradável, mas foi o que veio ao corpo ao ler o texto junto da outra disciplina
tocando, não faço ideia se era exatamente isso que era o desejado, porém, foi o que
chegou.

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