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Graduação em Psicologia

Estágio de Atendimento Supervisionado

Relato Semanal de Atividades

Nome: Heloisa Lima


R.A.: 19059532
Local de estágio: Unicesumar- sala de atendimento
Data: 24/04/2023
Horário: 14:00pm-15:00pm

Objetivo do Encontro:
Conhecer o paciente Felipe, de 12 anos. Buscar compreender a real demanda do
adolescente e sua perspectiva.
Procedimentos:
Associação livre, escuta ativa e criação de vínculo.

Descrição Detalhada da Atividade: atendimento 2, primeiro contato com o


adolescente.

Para o primeiro contato com o paciente descrito como “articulado” e” falante” planejei
uma sessão livre, como material apenas jogos como jenga, lego e a caixinha de puxar
conversa com a intenção de usá-los como ferramentas para uma associação livre.
Felipe chegou acompanhado da mãe Alessandra, logo na recepção pude perceber
que ambos se sentavam muito perto um do outro. Assim que chamei ele se aproximou
e respondeu as minhas investidas de assunto com muita facilidade, sem nenhum
problema com o contato, nos dirigimos então para a sala de atendimento.
Assim que entramos, Felipe foi logo em direção a mesa, sem demostrar grande
interesse nos brinquedos separados na bancada de apoio, mas sim, por uma
conversa, esboçar nenhuma vergonha com a interação. Depois que nos
apresentamos fiz algumas perguntas básicas, como por exemplo o que ele fazia com
a outra psicóloga, se ele gostava da escola, tinha dificuldade em fazer amigos, e a
grande parte das respostas mantinha-se igual constava nos relatórios de atendimento
do ano passado com exceção de um pequeno comentário feito ainda dentro dos
primeiros 20 minutos da sessão, com muita vergonha e receio o menino contou que
já havia visto os pais fazerem sexo algumas vezes e que aquilo o deixou muito
desconfortável, tanto que depois queria dormir entre os dois para evitar que
acontecesse novamente.
Com certa insistência de minha parte no assunto, ele deu mais detalhes, informando
que na época não sabia o que era, mas que não demorou muito tempo para entender,
deveria ter por volta dos sete anos e se deparou com a cena assim que abriu os olhos
ao acordar. Após pedir para mudar de assunto porque estava com muita vergonha se
dirigiu aos brinquedos separados na bancada de apoio, depois de começou a brincar
foi um pouco difícil extrair mais informações já que o menino fazia muitas
onomatopeias, mas de maneira geral os pontos que mais chamavam a atenção foram
os seguintes:
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• Felipe se entregou muito as brincadeiras, sem nenhum tipo de desconforto.


• Não desviava de nenhum tipo de perguntas, mas também não se permitia
aprofundar já que sempre que percebia minha interferência no rumo da
conversa cominava que “eu estou vendo o que você está fazendo, não vai
funcionar comigo hein”.
• Mencionou rapidamente vários medos que tinha, contando que fazia muitas
listas mentais elencando cada um deles e que juntos já passavam dos sete mil.
No entanto, não conseguia lembrar de todos eles para me dizer quais eram.
• Também fazia listas sobre coisas que ele gostaria que acontecessem, como
todos morrerem por exemplo, não por odiar todo mundo ou querer acabar com
a vida e sim por querer que tudo chegue a um fim. Queria morrer, mas queria
morrer velho depois de uma longa vida.
• Durante as brincadeiras fazia muitos sons altos e falava muitos palavrões. Em
dado momento usamos as peças de jenga para fazermos torres individuais,
demonstrou se divertir em derrubar minha torre, no começo ri mas depois da
terceira vez começou a me incomodar, então passei a derrubar sua torre ou
ameaçar ate induzi-lo a derrubar acidentalmente a própria torre. Tudo com risos
e brincadeiras. Fiz questão de exagerar minha reação sempre que as pecas
caiam e faziam barulhos altos acompanhados de seus gritos de empolgação.
• Assim que passamos para a caixa de lego Felipe encaixava as peças e dava
um soco para “encaixá-las melhor”, fazendo mais barulho. Segui a interação
normalmente até que sem perceber ao me inclinar para procurar uma peça na
caixa, coloquei suavemente minha mão sob a dele e induzi um movimento para
abaixar sua mão em punho após ele socar o lego, então pronunciei em tom
baixo “não faça assim”.
• Após esse movimento Felipe suspendeu qualquer movimento e comunicou seu
desconforto com o que eu havia acabado de fazer, após eu perguntar o que eu
havia feito ele respondeu “isso, falar assim comigo, eu não gosto. Entendeu a
indireta?”, que eu interpretei como não gostar da imposição de limites.
• Como não consegui compreender exatamente quais eram os medos
mencionados, pedi a ele como tarefa de casa me fazer uma lista com cinco
medos e cinco coisas que ele quer q aconteça, para que possamos discutir no
próximo encontro. Apertamos as mãos para oficializar e dei por encerrada a
sessão.
Assim que fui levá-lo a recepção para a mãe algo me chamou a atenção. Logo que
apontamos no corredor da clínica Alessandra se levantou da cadeira e veio
rapidamente ao nosso encontro, Felipe posicionou-se ao lado dela e agarrou sua mão
e em seguida virou para mim e disse “fale para ela o que você me falou la dentro”,
confusa perguntei o que seria e ele repetiu a frase. Percebi que estava se referindo a
tarefa de casa, expliquei para Alessandra e ela assentiu, e sem falar nenhuma palavra
foi embora as pressas.

Impressões Pessoais:
Felipe me parece um menino muito esperto, já que percebeu todas as minhas
tentativas de direcionar a conversa. Ao mesmo tempo em que pareceu buscar por
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autonomia, por ser bem articulado, assim que entrou em contato com a mãe voltou a
uma posição mais infantilizada. Vi como necessária mais uma sessão focada em
estabelecer vínculo, pois em sua resistência para adentrar nos assuntos referentes
aos seus medos pude perceber que não foi consolidado.
O menino pareceu testar minha postura com ele em diversos momentos, como
derrubando minhas torres e falando que não gostou de como falei com ele. Me
remeteu muito uma abordagem de filho único, já que eu também sou filha única,
pareceu um comportamento familiar. Creio que por isso senti ainda dificuldade com o
manejo, como se eu não tivesse real controle do meu trabalho com ele.

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