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Curso EAD

Estomatologia

Definição
Desordem potencialmente maligna observada nos lábios devido à exposição crônica aos
raios solares (radiação ultravioleta - UV).
Frequência
Não existem estimativas precisas, mas sabe-se que é uma condição extremamente comum. Como
se trata de uma lesão assintomática e discreta nos estágios iniciais, provavelmente os casos são
subdiagnosticados.
Fatores etiológicos
O principal fator é a exposição à radiação UV sem proteção solar. Alguns autores sugerem
que o fumo também seria um fator, pois um grande número dos pacientes com queilite faz uso do
fumo simultaneamente.
Características Clínicas
A lesão se caracteriza pela perda de nitidez no contorno do lábio, devido a presença de manchas e
placas brancas na mucosa de transição do lábio, levando ao borramento da sua interface com a pele.
Além disso, outras alterações secundárias podem ser observadas:
• Placas brancas espessadas*

• Áreas descamativas – lábios que “descascam”

• Fissuras – lábios “rachados”

• Áreas ulceradas*

• Áreas crostosas (“de casca”)*

• Áreas endurecidas à palpação*

• Áreas erosivas/eritematosas*

• Áreas acastanhadas

As alterações indicadas com asterisco representam agravamento da doença, sendo a sua


identificação importante para direcionar a conduta.
Outra característica frequente é a perda de elasticidade, a qual resulta de alterações que
acontecem no tecido conjuntivo e que podem ser observadas quando as lesões são biopsiadas.
Essas alterações do tecido conjuntivo são chamadas de “elastose solar”.
Com relação ao perfil dos pacientes, observa-se que a maioria tem pele clara, é do gênero
masculino, tem mais do que 40 anos e trabalha em ambiente externo (pescadores, agricultores,
pintores, pedreiros) ou se expõe à radiação UV devido a atividades de lazer.
Diagnóstico diferencial
A queilite actínica aguda é uma alteração que acomete indivíduos jovens, sendo vista
comumente nos meses de verão devido a exposição intensa e episódica. Caracteriza-se pelo
surgimento de edema e vermelhidão, podendo evoluir para vesículas/bolhas que se rompem,
formam úlceras e depois crostas. Essa forma não apresenta risco de transformação, ou seja, não é
considerada uma desordem potencialmente maligna como a queilite actínica (crônica), foco deste
módulo. Optou-se por citá-la aqui para evitar confusão entre esta condição e a queilite actínica
crônica, foco do módulo.

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Conduta/Tratamento
Nos casos mais leves, onde as características de agravamento não são observadas, a biópsia
não é obrigatória. O paciente deve ser orientado a respeito da natureza potencialmente maligna da
lesão a fim de que compreenda a importância das medidas de proteção. Deve ser prescrito o uso de
protetor solar labial, conforme descrição abaixo:
USO EXTERNO (APLICAÇÃO TÓPICA):
Protetor solar labial – FPS 30 -------------------------------- 1 bastão
Aplicar uma camada fina sobre os lábios, 4 vezes ao dia, diariamente.
É importante enfatizar que o uso deve ser diário mesmo em dias nublados, pois nesses dias
também há radiação.
Quando houver áreas de ressecamento ou crosta, podem ser recomendadas medidas para
melhorar a hidratação do lábio, sendo o bepantol uma das alternativas:
USO EXTERNO (APLICAÇÃO TÓPICA):
Bepantol creme -------------------------------- 1 bisnaga
Aplicar uma camada fina sobre os lábios à noite, duas horas antes de ir dormir. Repetir o
procedimento diariamente.
Quando esta medida for necessária, o paciente deve ser reavaliado após 3-4 semanas e o uso
suspenso assim que houver remissão das áreas crostosas/descamativas.
Quando os sinais de agravamento, placas brancas e espessadas, úlceras, áreas crostosas,
endurecidas e erosivas, não regredirem após as medidas de hidratação, a biópsia parcial deve ser
realizada.
O exame histopatológico costuma mostrar aumento da camada de ceratina (hiperceratose),
elastose solar (alteração das fibras do tecido conjuntivo). A displasia epitelial pode estar presente
ou não. Quando esta alteração for observada o caso é considerado mais grave e o paciente deve
ser submetido a um controle mais rígido, ou seja, os intervalos das consultas de revisão serão mais
curtos (a cada 3 meses). Quando não houver displasia epitelial ao exame microscópico, as reconsultas
podem ser mais espaçadas (de 6 em 6 meses). Nessas consultas de controle a observação dos sinais
de agravamento exige que nova ou novas biópsias sejam realizadas. Além disso, deve-se questionar
se o paciente está utilizando proteção solar. Reforço da importância da proteção solar é realizado
sempre que necessário. Os pacientes que trabalham expostos ao sol devem ser orientados a utilizar
chapéu de aba larga. Os estudos apontam que a queilite actínica tem um potencial de transformação
maligna que varia entre 10 e 20%.
Considerações Finais
A detecção precoce desta lesão pode prevenir a transformação maligna. Os pacientes
precisam estar cientes desse risco e devem ser envolvidos na tentativa de estabilização das lesões.
Os sinais de progressão da doença devem ser ensinados para o paciente. Quando o próprio paciente
perceber estes sinais, é recomendável que a consulta de revisão seja antecipada.

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Painel de imagens – Queilite Actínica (Crônica)

A B

C D

E F
Diferentes alterações podem ser observadas na queilite actínica: placas brancas (asterisco em A e B), crosta
(C, D e E). Em E, as crostas mais delgadas indicam que houve ulceração recente. Em F um caso de queilite
actíncia leve mostrando áreas descamativas.
Fonte: http://www.dermnetnz.org/topics/actinic-cheilitis/

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Painel de imagens – Queilite Actínica (Crônica)

A B

C D

Em A, observa-se queilite actínica moderada, com manchas e placas brancas. A presença de placas mais
espessas (seta em B) ou de erosão/úlcera (seta em C e D) indicam possibilidade de transformação maligna
em carcinoma espinocelular e, por isso, deve-se realizar biópsia.

Fonte: A – FO/UFRGS e B, C e D – Neville et al (2009).

Referências

Kaugars GE, Pillion T, Svirsky JA, Page DG, Burns JC, Abbey LM. Actinic cheilitis: a review of 152
cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v.88, no.2, p.181-6, 1999.

Neville, B. W.; Damm, D. D.; Allen CM, Bouquot JE. Patologia Oral e Maxilofacial - 3ª Ed., Else-
vier, 2009.

Regezi, J. A.; Sciubba, J.; Jordan, R. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas - 6ª Edição,
Elsevier, 2013.

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Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de
Telessaúde Brasil Redes.

TelessaúdeRS-UFRGS Diagramação e Ilustração


Carolyne Vasquez Cabral
Coordenação Geral Angélica Dias Pinheiro
Roberto Nunes Umpierre Iasmine Paim Nique da Silva
Marcelo Rodrigues Gonçalves Lorenzo Costa Kupstaitis

Gerência de Projetos Projeto Gráfico


Ana Célia da Silva Siqueira Iasmine Paim Nique da Silva
Lorenzo Costa Kupstaitis
Coordenação Executiva Luiz Felipe Telles
Rodolfo Souza da Silva
Design do Objeto Virtual
Coordenação do curso de Aprendizagem
Vinicius Coelho Carrard Lorenzo Costa Kupstaitis
Matheus Lima dos Santos Garay
Coordenação da Teleducação
Ana Paula Borngräber Corrêa Edição/Filmagem/Animação
Diego Santos Madia
Conteudistas do Curso Rafael Martins Alves
Manoela Domingues Martins Bruno Tavares Rocha
Marco Antonio Trevizani Martins Luís Gustavo Ruwer da Silva
Vinicius Coelho Carrard
Vivian Petersen Wagner Divulgação
Camila Hofstetter Camini
Conteudistas do Objeto Virtual de Jovana Dullius
Aprendizagem
Renata de Almeida Zieger Design Instrucional
Fernando Neves Hugo Ana Paula Borngräber Corrêa
Stefanie Thieme Perotto
Karla Frichembruder Equipe de Teleducação
Vinicius Coelho Carrard Angélica Dias Pinheiro
Manoela Domingues Martins Ylana Elias Rodrigues
Marco Antônio Trevizani Martins

Revisores Dúvidas e informações sobre o curso


Bianca Dutra Guzenski Site: www.telessauders.ufrgs.br
Michelle Roxo Gonçalves E-mail: ead@telessauders.ufrgs.br
Otávio Pereira D’Avila Telefone: 51 33082098
Thiago Tomazetti Casotti

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