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Estomatologia
Definição
Desordem potencialmente maligna observada nos lábios devido à exposição crônica aos
raios solares (radiação ultravioleta - UV).
Frequência
Não existem estimativas precisas, mas sabe-se que é uma condição extremamente comum. Como
se trata de uma lesão assintomática e discreta nos estágios iniciais, provavelmente os casos são
subdiagnosticados.
Fatores etiológicos
O principal fator é a exposição à radiação UV sem proteção solar. Alguns autores sugerem
que o fumo também seria um fator, pois um grande número dos pacientes com queilite faz uso do
fumo simultaneamente.
Características Clínicas
A lesão se caracteriza pela perda de nitidez no contorno do lábio, devido a presença de manchas e
placas brancas na mucosa de transição do lábio, levando ao borramento da sua interface com a pele.
Além disso, outras alterações secundárias podem ser observadas:
• Placas brancas espessadas*
• Áreas ulceradas*
• Áreas erosivas/eritematosas*
• Áreas acastanhadas
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Estomatologia
Conduta/Tratamento
Nos casos mais leves, onde as características de agravamento não são observadas, a biópsia
não é obrigatória. O paciente deve ser orientado a respeito da natureza potencialmente maligna da
lesão a fim de que compreenda a importância das medidas de proteção. Deve ser prescrito o uso de
protetor solar labial, conforme descrição abaixo:
USO EXTERNO (APLICAÇÃO TÓPICA):
Protetor solar labial – FPS 30 -------------------------------- 1 bastão
Aplicar uma camada fina sobre os lábios, 4 vezes ao dia, diariamente.
É importante enfatizar que o uso deve ser diário mesmo em dias nublados, pois nesses dias
também há radiação.
Quando houver áreas de ressecamento ou crosta, podem ser recomendadas medidas para
melhorar a hidratação do lábio, sendo o bepantol uma das alternativas:
USO EXTERNO (APLICAÇÃO TÓPICA):
Bepantol creme -------------------------------- 1 bisnaga
Aplicar uma camada fina sobre os lábios à noite, duas horas antes de ir dormir. Repetir o
procedimento diariamente.
Quando esta medida for necessária, o paciente deve ser reavaliado após 3-4 semanas e o uso
suspenso assim que houver remissão das áreas crostosas/descamativas.
Quando os sinais de agravamento, placas brancas e espessadas, úlceras, áreas crostosas,
endurecidas e erosivas, não regredirem após as medidas de hidratação, a biópsia parcial deve ser
realizada.
O exame histopatológico costuma mostrar aumento da camada de ceratina (hiperceratose),
elastose solar (alteração das fibras do tecido conjuntivo). A displasia epitelial pode estar presente
ou não. Quando esta alteração for observada o caso é considerado mais grave e o paciente deve
ser submetido a um controle mais rígido, ou seja, os intervalos das consultas de revisão serão mais
curtos (a cada 3 meses). Quando não houver displasia epitelial ao exame microscópico, as reconsultas
podem ser mais espaçadas (de 6 em 6 meses). Nessas consultas de controle a observação dos sinais
de agravamento exige que nova ou novas biópsias sejam realizadas. Além disso, deve-se questionar
se o paciente está utilizando proteção solar. Reforço da importância da proteção solar é realizado
sempre que necessário. Os pacientes que trabalham expostos ao sol devem ser orientados a utilizar
chapéu de aba larga. Os estudos apontam que a queilite actínica tem um potencial de transformação
maligna que varia entre 10 e 20%.
Considerações Finais
A detecção precoce desta lesão pode prevenir a transformação maligna. Os pacientes
precisam estar cientes desse risco e devem ser envolvidos na tentativa de estabilização das lesões.
Os sinais de progressão da doença devem ser ensinados para o paciente. Quando o próprio paciente
perceber estes sinais, é recomendável que a consulta de revisão seja antecipada.
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A B
C D
E F
Diferentes alterações podem ser observadas na queilite actínica: placas brancas (asterisco em A e B), crosta
(C, D e E). Em E, as crostas mais delgadas indicam que houve ulceração recente. Em F um caso de queilite
actíncia leve mostrando áreas descamativas.
Fonte: http://www.dermnetnz.org/topics/actinic-cheilitis/
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A B
C D
Em A, observa-se queilite actínica moderada, com manchas e placas brancas. A presença de placas mais
espessas (seta em B) ou de erosão/úlcera (seta em C e D) indicam possibilidade de transformação maligna
em carcinoma espinocelular e, por isso, deve-se realizar biópsia.
Referências
Kaugars GE, Pillion T, Svirsky JA, Page DG, Burns JC, Abbey LM. Actinic cheilitis: a review of 152
cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v.88, no.2, p.181-6, 1999.
Neville, B. W.; Damm, D. D.; Allen CM, Bouquot JE. Patologia Oral e Maxilofacial - 3ª Ed., Else-
vier, 2009.
Regezi, J. A.; Sciubba, J.; Jordan, R. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas - 6ª Edição,
Elsevier, 2013.
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Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de
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