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Estomatologia
Introdução
Este módulo abordará um assunto importante e controverso: um grupo de lesões que se
caracteriza pelo comportamento. Discutir esse assunto especificamente é importante porque
os pacientes que apresentam alguma dessas lesões tem risco para desenvolver um carcinoma
espinocelular em alguma parte da boca.
Ao longo dos anos, diferentes termos foram utilizados para identificar esse grupo de lesões.
No passado, “lesões pré-malignas”, “lesões pré-cancerosas” e lesões cancerizáveis foram os termos
de uso comum. Contudo, esses termos, de certa forma, dão o entendimento de que toda lesão que
tiver esse diagnóstico vai sofrer transformação maligna inevitavelmente, o que não é verdade. A fim
de deixar isso mais claro, pesquisadores renomados foram convidados pela Organização Mundial
de Saúde para padronizarem critérios diagnósticos e estabelecerem um consenso a respeito da
melhor forma de identificar esse grupo. Neste momento, em 2005, foram criados os termos “lesão
potencialmente maligna” e “condição potencialmente maligna”. Essa mudança teve duas intenções
principais:
1. Deixar claro que essas situações apresentam “potencial” para transformação, enfatizando,
assim, que isso não vai acontecer necessariamente com todos os casos;
2. Separar 2 grupos: (a) lesões que indicam risco de transformação onde a lesão está –
LESÕES POTENCIALMENTE MALIGNAS. Leucoplasia, eritroplasia e queilite actínica
fazem parte desse grupo; (b) doenças que indicam que o paciente tem risco de apresentar
um carcinoma espinocelular em alguma região da boca, existe uma condição orgânica
que predispõe o paciente a ter carcinomas. Dessa forma, trata-se de uma CONDIÇÃO
POTENCIALMENTE MALIGNA, tendo no líquen plano o seu principal exemplo. A partir
desse conceito, se um paciente tem lesões brancas na mucosa jugal bilateral, é possível
que ele tenha um carcinoma na língua, não necessariamente na mucosa jugal.
Em todo o mundo, os grupos de pesquisa foram ganhando experiência e isso mostrou que
mesmo em situações consideradas lesões potencialmente malignas, a transformação poderia
acontecer em qualquer região da boca, mesmo em uma região que não apresentava alterações
visíveis. Em outras palavras, um paciente que teve uma leucoplasia no palato do lado direito
pode ter um carcinoma na região retromolar inferior esquerda, onde anteriormente não havia
lesões. Quando o mundo científico se deu conta disso, os termos lesão potencialmente malignas
e condições potencialmente malignas foram abandonados e o termo adotado foi DESORDENS
POTENCIALMENTE MALIGNAS.
Esse grupo inclui diversas situações, sendo que as mais relevantes para nós (Brasil) são as
seguintes:
- LEUCOPLASIA
- ERITROPLASIA
- QUEILITE ACTÍNICA
- LÍQUEN PLANO
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BENIGNAS
Lesões que tem comportamento benigno, ou seja, não costumam levar o paciente a óbito. Este
grupo inclui doenças inflamatórias, infecciosas ou não, tumores benignos. Em geral, são lesões
que podem ser tratadas com mais facilidade pelo cirurgião-clínico geral, embora algumas de-
las sejam mais complexas e, as vezes, podem exigir atuação em colaboração com médicos.
POTENCIALMENTE MALIGNAS
Lesões que exigem maior cuidado, pois existe risco de haver transformação maligna ao longo
do tempo, seja o paciente tratado ou não. A identificação dessas lesões é fundamental para
fazermos diagnóstico precoce de câncer, interceptando uma lesão que o precede.
MALIGNAS
Compreende os cânceres de diferentes tipos, situações que devem ser prioridade para tra-
tamento. No grupo de pacientes que apresentam essas lesões, demora para começar o trata-
mento representa maior risco de mutilação, menor chance de cura e menor tempo de sobrevi-
da.
Os próximos materiais vão abordar cada uma dessas lesões separadamente. Aproveite!
REFERÊNCIAS
van der Waal I. Potentially malignant disorders of the oral and oropharyngeal mucosa; termino-
logy, classification and present concepts of management. Oral Oncol., V. 45, no.4-5, p.317-23, 2009.
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A B
C D
Imagens representativas das principais desordens potencialmente malignas: (A) leucoplasia, (B) eritroplasia,
(c) queilite actínca e (D) líquen plano.
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Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de
Telessaúde Brasil Redes.