Você está na página 1de 19

Rumo à residência de

pré­‑requisito em Clínica Cirúrgica:


tudo o que você precisa saber
sobre câncer de cólon e reto
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................... 3

2. CARCINOGÊNESE ......................................................... 3

3. FATORES DE RISCO ....................................................... 5

4. RASTREAMENTO ........................................................... 9

5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS .................................. 10

6. ESTADIAMENTO ............................................................ 11

7. TRATAMENTO ................................................................ 14

6. SEGUIMENTO ................................................................ 18
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

1. Introdução
O câncer colorretal é uma das neoplasias malignas mais fre-
quentes no Ocidente. Mundialmente, é o terceiro câncer mais
comum em homens e o segundo em mulheres, ocorrendo o
mesmo no cenário brasileiro. É, também, a quarta causa mais
importante de morte por câncer no país, e cerca de metade dos
pacientes morre em menos de cinco anos após o tratamento.
O câncer colorretal pode ser prevenido por meio de triagem
prontamente disponível. Estima-se que a sequência de ade-
noma para carcinoma se desenrole ao longo de um período
de sete a dez anos.
Um aumento real na incidência do câncer de cólon direito
em relação ao esquerdo vem ocorrendo, provavelmente,
também, pela maior remoção de pólipos na retossigmoidos-
copia flexível.

2. Carcinogênese
A partir de uma mucosa do cólon normal, desenvolve-se um
precursor benigno – o pólipo, o qual pode evoluir em direção
a uma doença maligna. A carcinogênese do câncer color-
retal requer múltiplas alterações genéticas em uma célula
previamente normal, como a formação de sucessivos clones,
sendo necessários entre seis e dez eventos clonais para que
seja alcançado o fenótipo maligno final, que também requer
a aquisição de capacidade de metastização.
Tanto as formas esporádicas quanto as hereditárias têm um
componente genético associado, existindo basicamente três
tipos de genes cujas alterações genéticas podem levar a esse
câncer: proto-oncogenes; genes supressores tumorais; e ge-
nes reparadores de DNA.

3
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

Genes relacionados ao câncer colorretal

Cromos- Alterações nos Classes


Genes somos tumores (%) de gene
KRAS 12 50 Proto-oncogene
APC 5 80 Supressor tumoral
DCC 18 73 Supressor tumoral
SMAD4
18 40 Supressor tumoral
(DPC4, MADH4)
p53 17 50 a 70 Supressor tumoral
hMSH2 2 X Reparador DNA
hMSH1 3 Y Reparador DNA
hMSH6 2 W Reparador DNA
TGF-beta-1
3 Z Supressor tumoral
RII

Observação: X + Y + W + Z = 15% dos tumores esporádicos

Sequência de eventos genéticos propostos para


explicar a evolução do câncer colorretal

Perda
Perda Ativação Deleção Perda
de APC
de APC KRAS do 18q de p53

Epitélio Epitélio Adenoma Adenoma Adenoma


normal hiperproliferativo precoce intermediário tardio

5 a 10 anos

Outras
alterações

Carcinoma Metástases

4
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

3. Fatores de risco

Idade
O câncer colorretal é raro antes dos 40 anos, com aumento
da incidência entre 40 e 50 anos e com aumento sucessi-
vo a cada década. A incidência também é 25% maior em
homens.

Dieta
É unânime que a dieta mediterrânea, que se caracteriza
por baixo consumo de carne vermelha e elevado consumo
de azeite, peixe e vegetais frescos, desempenha papel im-
portante na prevenção.

Antecedentes pessoais de pólipo


O risco se encontra aumentado quando existem antece-
dentes pessoais de pólipos adenomatosos. Quanto maio-
res são o número e o tamanho dos pólipos, principalmente
> 1 cm, e, em caso de histologia vilosa ou tubulovilosa, mais
elevado é o risco.

Doença inflamatória intestinal


A Doença Inflamatória Intestinal (DII), que envolve o cólon,
constitui risco aumentado para o câncer colorretal (risco
aumentado em 5 a 15 vezes na pancolite e 3 vezes em caso
de colite esquerda).

5
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

História familiar
Há risco importante de câncer colorretal em duas síndro-
mes de herança dominante: Polipose Adenomatosa Fami-
liar (PAF) e câncer colorretal hereditário não associado a
polipose (HNPCC). Mesmo aqueles sem as síndromes, caso
tenham um único parente de primeiro grau com câncer
colorretal, o risco aumenta duas vezes em relação à popu-
lação geral. O risco aumenta se dois parentes de primeiro
grau têm câncer colorretal ou se o caso-índice foi diagnos-
ticado antes dos 50 a 60 anos.
Deve-se realizar screening com colonoscopia, a partir dos
40 anos, em pacientes com parentes de primeiros grau
que desenvolveram câncer colorretal antes dos 60 anos, ou
dez anos antes da idade que o parente desenvolveu o cân-
cer (repetir a cada três a cinco anos, se resultado normal).
E, se o parente de primeiro grau desenvolveu câncer após
os 60 anos, o screening será realizado a partir dos 40 anos
ou dez anos antes da idade que o parente desenvolveu o
câncer, entretanto, repetindo-se o exame a cada 10 anos
(se normal).
Também se acredita que o risco de adenoma e câncer
esteja aumentado naqueles com familiares com pólipos
adenomatosos, recomendando-se screening a partir dos
40 anos, ou dez anos antes do caso mais jovem na família,
se história familiar de pólipo antes dos 60 anos (repetindo-
-se a cada cinco anos).

Polipose adenomatosa familiar


A PAF é uma síndrome clínica em que o cólon é sede de
inúmeros pólipos adenomatosos, em número maior do
que 100, e tem herança genética autossômica dominante
com penetração incompleta. É causada por uma mutação

6
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

germinativa no gene APC (Adenomatous Polyposis Coli),


localizado no cromossomo 5q, um gene supressor tumoral
responsável por modular a comunicação e a adesão celu-
lar. Há também um subgrupo dos doentes que apresenta
uma mutação no MUTYH (1p34.1), que causa uma polipose
hereditária recessiva.
A idade média de aparecimento de pólipos é dos 15 aos 20
anos e antecede o início do quadro clínico.
A probabilidade de câncer de cólon entre indivíduos com
polipose familiar aproxima-se de 100% por volta dos 40
anos, estando, por essa razão, indicada a colectomia pro-
filática a todos aqueles com a doença, assim que ela for
detectada. Pessoas pertencentes a famílias com PAF ou
pacientes com mais de 100 adenomas devem ser rastre-
ados com estudo genético e retossigmoidoscopias ou co-
lonoscopia a cada 12 meses, a partir da puberdade (10 a 12
anos), e continuar até 35 a 40 anos em caso de achados
negativos.

Câncer colorretal hereditário não associado a


polipose
Trata-se de um distúrbio autossômico dominante, tam-
bém conhecido como síndrome de Lynch. O pico de inci-
dência do câncer colorretal é aos 48 anos. Há maior preva-
lência desses tumores proximalmente ao ângulo esplênico
(70%), e registra-se tendência de desenvolvimento de vá-
rios deles (10%). Estima-se que cerca de 16% desenvolverão
outro câncer colorretal dez anos após o diagnóstico, 41%
após vinte anos e 62% após trinta anos. É responsável por
5 a 10% dos casos de câncer colorretal. São associadas ao
HNPCC neoplasias de:

7
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

• Endométrio;
• Ovário;
• Ureter e pelve renal;
• Intestino delgado;
• Estômago;
• Pâncreas;
• Vias biliares.

Há dois subgrupos bem definidos:


• Síndrome de Lynch I: a predisposição é apenas de
câncer colorretal;
• Síndrome de Lynch II: a predisposição é para esse
câncer e para tumores extraintestinais, especialmente
o carcinoma de endométrio e de ovário.
Há critérios clínicos para a definição de HNPCC, estabeleci-
dos por consensos internacionais, como os de Amsterdam II
(1999) e os de Bethesda (2002), descritos a seguir.

Critérios clínicos para a definição de câncer


colorretal hereditário não associado a polipose

Critérios de Amsterdam II (1999)


• Pelo menos três parentes devem apresentar câncer as-
sociado a HNPCC (colorretal, de endométrio, de intestino
delgado, de ureter); pelo menos um deles deve ser pa-
rente de primeiro grau dos outros dois
• Pelo menos duas gerações consecutivas devem ser afe-
tadas
• Pelo menos um câncer colorretal deve ser diagnosticado
em pacientes com menos de 50 anos
• PAF deve ser excluída

8
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

Critérios de Bethesda (2002)


• Câncer colorretal diagnosticado em paciente com me-
nos de 50 anos
• Presença de tumor sincrônico, metacrônico ou outro cân-
cer associado a HNPCC, independentemente da idade
• Câncer colorretal diagnosticado em um ou mais paren-
tes de primeiro grau, com HNPCC associado, antes dos
50 anos
• Câncer colorretal diagnosticado em dois ou mais paren-
tes de primeiro ou segundo graus, com câncer HNPCC
associado, independentemente da idade
• Câncer colorretal com histologia de alta instabilidade mi-
crossatélite-like, diagnosticado em paciente com menos
de 60 anos

4. Rastreamento
O teste imunobioquímico fecal para hemoglobina é mais es-
pecífico do que o teste de guáiaco por responder somente
à hemoglobina humana e não detectar sangramento gas-
trintestinal alto (a hemoglobina é digerida no trânsito) ou
alimentos com atividade de peroxidase.
A colonografia por tomografia computadorizada, também
conhecida como colonoscopia virtual, é um método não
invasivo de mapeamento do cólon, que utiliza a tomografia
helicoidal. Tem sido avaliada nos pacientes com colonosco-
pia incompleta (em torno de 11 a 12% das colonoscopias), ten-
do seu papel como teste diagnóstico inicial naqueles com
sintomas sugestivos.

9
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

A colonoscopia é o método com maior acurácia para o


diagnóstico de câncer colorretal, pois pode localizar a lesão,
biopsiá-la, detectar neoplasias sincrônicas e realizar a poli-
pectomia.

Rastreamento de acordo com grupos de risco

Risco aumentado
Um familiar de primeiro grau com câncer colorretal diag-
nosticado depois dos 60 anos de idade ou adenoma avan-
çado: colonoscopia a cada dez anos, iniciando-se aos 40
anos, como os pacientes com risco médio
Um familiar de primeiro grau com diagnóstico de câncer
colorretal antes dos 60 anos de idade, ou adenoma avança-
do, ou dois ou mais familiares de primeiro grau com câncer
colorretal ou adenoma avançado em qualquer idade: co-
lonoscopia a partir dos 40 anos ou 10 anos antes da idade
do caso-índice mais jovem, e repetida a cada cinco anos

Risco médio
Colonoscopia aos 50 anos (screening até 80 anos); se acha-
dos normais, colonoscopia a cada 10 anos

5. Manifestações clínicas
Em fase precoce, o câncer colorretal raramente provoca
sintomas. O quadro obstrutivo é mais frequente quando o
tumor está localizado no cólon esquerdo. A hemorragia di-
gestiva é outra das possíveis formas de apresentação, porém
mais rara. Sendo hematoquezia o sintoma hemorrágico
mais evidente, também pode se manifestar por fezes do tipo
melena ou sangue oculto positivo nas fezes. Assim, perante
uma hemorragia tipo hematoquezia, deve-se suspeitar de

10
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

um tumor com localização mais distal, nomeadamente des-


cendente ou do sigmoide. No caso de a hemorragia digesti-
va ser de melena, ou sangue oculto positivo, ou apenas um
contexto de anemia ferropênica, suspeita-se de tumor do
colón proximal. A alteração no hábito intestinal ocorre mais
nas lesões do cólon esquerdo.

6. Estadiamento

Pré-operatório
A mensuração do antígeno carcinoembrionário (CEA) tem
grande importância para o seguimento. O estádio clínico
deve ser realizado com exame físico, tomografia computa-
dorizada de abdome e pelve e imagens de tórax (o benefício
da tomografia de tórax é controverso).

Pós-operatório
A avaliação da agressividade tumoral e da sua invasibilidade
é feita, sem dúvida, pelo exame anatomopatológico. Faz-se
mister o estadiamento completo e internacionalmente utili-
zado. Sugere-se a classificação TNM da American Joint Com-
mittee on Cancer (AJCC) e Union for International Cancer
Control (UICC) de 2017.

11
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

Classificação TNM

T Tumor primário
Tx Tumor primário não avaliado
T0 Sem evidência de tumor primário
Tis Carcinoma in situ: tumor intraepitelial ou invasão
apenas da lâmina própria
T1 Tumor que invade a submucosa
T2 Tumor que invade a muscular própria
T3 Tumor que ultrapassa a muscular própria até os
tecidos pericólicos
T4 a - Tumor que atinge o peritônio visceral
b - Tumor que atinge outros órgãos ou estruturas

N Linfonodos regionais
Nx Linfonodos regionais não avaliados
N0 Ausência de metástases em linfonodos regionais
N1 Presença de metástases em 1 a 3 linfonodos regionais
N1a Metástases em 1 linfonodo regional
N1b Metástases em 2 a 3 linfonodos regionais
N1c Implantes tumorais na subserosa, no mesentério ou em
tecidos pericólicos e perirretais sem linfonodos regionais
acometidos
N2 Metástase em 4 ou mais linfonodos regionais
N2a Metástase em 4 a 6 linfonodos regionais
N2b Metástase em 7 ou mais linfonodos regionais

M Metástases a distância
M0 Ausência de metástase a distância
M1 Presença de metástase a distância
M1a Metástases confinadas a 1 órgão, sem metástase perito-
neal

12
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

M1b Metástases em 2 ou mais sítios ou órgãos, sem metásta-


se peritoneal
M1c Metástase isolada para peritônio ou com outros órgãos
envolvidos

Grupos prognósticos
Estádio 0 Tis N0 M0
T1 N0 M0
Estádio I
T2 N0 M0
Estádio IIa T3 N0 M0
Estádio IIb T4a N0 M0
Estádio IIc T4b N0 M0
T1-T2 N1-N1c M0
Estádio IIIa
T1 N2a M0
T3-T4a N1-N1c M0
Estádio IIIb T2-T3 N2a M0
T1-T2 N2b M0
T4a N2a M0
Estádio IIIc T3-T4a N2b M0
T4b N1-N2 M0
Estádio IVa Qualquer T Qualquer N M1a
Estádio IVb Qualquer T Qualquer N M1b
Estádio IVc Qualquer T Qualquer N M1c

Fonte: AJCC e UICC, 2017.

13
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

7. Tratamento
O tratamento depende do estádio da doença. As três princi-
pais modalidades são cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Cirúrgico
A cirurgia é o único tratamento curativo do câncer de cólon
localizado e também pode ser indicada em caso de doença
metastática potencialmente ressecável no fígado e/ou no
pulmão. As margens de ressecção proximal e distal devem
ser de 5 a 7 cm, com ressecção do suprimento vascular e lin-
fático associados. Os linfonodos a serem ressecados de acor-
do com o segmento estão apresentados a seguir.

Linfonodos a serem ressecados


de acordo com o segmento

Segmento Linfonodo regional


Pericólico, cecal anterior e posterior, ile-
Ceco
ocólico, cólico direito
Pericólico, ileocólico, cólico direito, có-
Cólon ascendente
lico médio
Flexura hepática Pericólico, cólico médio, cólico direito
Cólon transverso Pericólico, cólico médio
Pericólico, cólico médio, cólico esquer-
Flexura esplênica
do, mesentérico inferior
Pericólico, cólico esquerdo, mesentéri-
Cólon descendente
co inferior, sigmoide
Pericólico, mesentérico inferior, retal
Cólon sigmoide superior, sigmoide, mesentérico-sig-
moide

14
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

Pericólico, perirretal, cólico esquerdo,


Retossigmoide mesentérico-sigmoide, sigmoide, me-
sentérico inferior, retal superior, retal
médio
Perirretal, mesentérico sigmoide, me-
Reto sentérico inferior, pré-sacral, sacral la-
teral, ilíaco interno, promontório-sacral,
retal superior, retal médio, retal inferior

A invasão local do câncer colorretal para o diafragma, intes-


tino delgado, bexiga, ovários, útero, baço e fígado não con-
traindica a cirurgia para tratamento curativo. Dessa forma,
pode-se praticar a ressecção radical com a retirada em mo-
nobloco da estrutura extracolônica acometida.

Tipos de cirurgia de acordo com a localização da lesão

Ceco ou cólon direito


A hemicolectomia direita é usualmente realizada nos tumores
do ceco e cólon ascendente e alguns da flexura hepática
Cólon transverso
Colectomia do transverso é incomum, pois geralmente os cânce-
res se originam no lado esquerdo ou direito da linha média, por-
tanto uma hemicolectomia (estendida para a direita ou esquerda)
deve ser realizada para uma posterior linfadenectomia adequada
Cólon esquerdo
A hemicolectomia esquerda é indicada para tumores no trans-
verso distal e cólon descendente e seletos casos com câncer no
sigmoide proximal
Cólon sigmoide
Colectomia do sigmoide é a mais apropriada
Observação: a colectomia total é indicada a pacientes com tumores
sincrônicos do cólon.

15
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

Tratamento dos tumores de cólon: (A) colectomia di-


reita, com ligadura da cólica direita e, eventualmen-
te, do ramo direito da cólica média, e (B) colectomia
esquerda, com ligadura da mesentérica inferior

A B

Câncer superficial (T1) bem diferenciado, pequeno (< 3 cm),


sem evidência radiográfica de metástase linfonodal regional,
localizado do reto médio a distal, com baixo risco de linfonodos
positivos e paciente capaz de seguimento pós-operatório agres-
sivo, pode ser manejado com excisão local, incluindo manejo
transanal e microcirurgia transanal endoscópica (se acima de
3 cm da linha denteada), com acesso transesfincteriano e pa-
rassacral posterior. No caso de tumores retais médios e altos,
empregam-se ressecção anterior baixa, anastomose coloanal e
preservação do esfíncter anal. Tumores de reto baixo (nos 5 cm
da borda anal) são um desafio em termos de controlar o tumor e
preservar o esfíncter. Ressecção abdominoperineal era o padrão
nesses casos, mas o problema era a colostomia permanente e a
alta incidência de disfunção urinária e sexual. As cirurgias pou-
padoras de esfíncter nos cânceres de reto são indicadas se os
pacientes preencherem todos os critérios: câncer retal invasivo
T2-T4; se margem distal negativa puder ser obtida; função es-
fincteriana anorretal pré-cirúrgica adequada.
A indicação definitiva para quimiorradioterapia neoadjuvante,
suportada em trials randomizados, é a presença de câncer re-
tal em T3 ou T4 ou linfonodo positivo. A seleção apropriada dos
pacientes é feita por estádio locorregional acurado com exame
físico, endoscopia e imagem com ressonância nuclear magnéti-
ca e ultrassonografia transretal.

16
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

Quimioterapia adjuvante
O objetivo é erradicar as micrometástases,
reduzindo a recorrência e aumentando a
taxa de cura. Os benefícios são claros nos
pacientes estádio III (linfonodo positivo),
com redução do risco de recorrência de
30% e de mortalidade de 22 a 32%. Seis me-
ses de curso de quimioterapia contendo
oxaliplatina são recomendados à maioria
dos pacientes.

Doença metastática
O achado de metástase hepática não contraindica a ressec-
ção radical do câncer colorretal e está presente em cerca de
20% dos casos. Atualmente, a única possibilidade de cura
para esses pacientes é a cirurgia, que oferece uma média de
40% de sobrevida em cinco anos.
Aos pacientes com bom performance status com mais de
quatro metástases, suspeita de envolvimento linfonodal
portal ou doença bilobar, sugere-se quimioterapia sistêmica
seguida por reavaliação cirúrgica. O regime quimioterápico
ótimo não foi estabelecido.
Um consenso define como critérios absolutos de irresseca-
bilidade a doença extra-hepática não tratável, ausência de
condições clínicas para cirurgia ou envolvimento de mais de
70% do fígado ou mais de seis segmentos. Para ressecção
ser considerada, muitos cirurgiões requerem que não haja
evidência radiográfica de envolvimento da artéria hepática,
ductos biliares maiores e veia porta principal, além da exis-
tência de reserva hepática adequada pós-ressecção.

17
CLÍNICA CIRÚRGICA – GASTROENTEROLOGIA
CÂNCER DE CÓLON E RETO

8. Seguimento
Deve-se realizar história clínica completa (anamnese e exa-
me físico) trimestralmente nos primeiros dois anos e semes-
-tralmente durante os anos quatro e cinco, medir os níveis
de CEA em cada visita por três anos, além de tomografia
toracoabdominopélvica anualmente durante três anos, e co-
lonoscopia em um ano após a ressecção e, se normal, a cada
três a cinco anos de acordo com os achados.
Os fatores patológicos que influenciam independentemente
o prognóstico são: metástases a distância, extensão local do
tumor, linfonodos positivos (principalmente o número de lin-
fonodos), doença residual, invasão linfovascular e perineural
e regressão nos tumores de reto tratados com neoadjuvân-
cia. A maioria das recidivas ocorre nos primeiros cinco anos
após a cirurgia (recidiva locorregional de 3 a 12% após terapia
com intenção curativa); para os estádios II e III, após cinco
anos, as taxas de recorrência não excedem 1,5% ao ano, e,
após oito anos, 0,5% ao ano.
As probabilidades de sobrevida em cinco anos para todos os
estádios é de 65%, com exceção do estádio IV (8%).

18
Gostou? Este conteúdo
faz parte do nosso curso
RETA FINAL R3
Este curso agrupa os principais tópicos dos
temas mais relevantes de forma direta. Com isso,
concentra as principais informações que não
podem deixar de ser lembradas semanas antes
das provas de Residência Médica de R3.

Fale com nossos consultores:


http://bit.ly/ATENDIMENTOMEDCEL1
Ou acesse: www.medcel.com.br/experimente2020

Siga a gente nas redes sociais:


@medcel @medcel medceloficial MedcelResidMedica

Você também pode gostar