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J. J.

Gremmelmaier

Tranca Rua

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2019

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mundos fantástico, muitas vezes vai interligando
Autor - J. J. Gremmelmaier historias aparentemente sem ligação nenhuma.
Edição do Autor Existem historias únicas, com começo meio e fim,
Primeira Edição e existe um universo de historias que se encai-
xam, formando o universo de personagens de
2019 J.J.Gremmelmaier.
Tranca Rua Normal encontrar um personagem de
Guerra e Paz em Crônicas de Gerson Travesso, ou
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte um Personagem de Fanes em Mundo de Peter.-
Este escritor está somado a milhares
Gremmelmaier, João Jose que surgiram com a possibilidade de produção
Tranca Rua / Romance de pessoal e vendas por demanda, surge criando
Ficção /087 pg./ João Jose Grem- suas capas, seus universos, seus conteúdos sem
se prender a regras editoriais, então verá histori-
melmaier / Curitiba, PR. / Edição as as vezes calmas, diria infantis, como Wave, e
do Autor / 2019 verá histórias violentas como Ódio, temos histori-
as que ele reuniu em Contos Reunidos, de apenas
1 - Literatura Brasileira – 20 paginas, como Amaná, ou historias de 5800
Romance – I – Titulo paginas como Crônicas de Gerson Travesso.
Indagado em 2018 sobre suas obras ele afirmava
85 – 62418 CDD – 978.426 que ainda tinha pelo menos 13 projetos ainda em
As opiniões contidas neste livro são dos andamento para termina.-
personagens e não obrigatoriamente asseme- Alguns autores se prendem a uma his-
lham-se as opiniões do autor, esta é uma obra de toria, este parece viajar em uma gama imensa de
ficção, sendo quase todos ou todos os nomes e assuntos, mas tendo em sua estrutura, uma
fatos fictícios (ou não). paixão pelo dialogo, se ele puder por um perso-
©Todos os direitos reservados a nagem a explicar, ele o faz, evitando narrativas
J.J.Gremmelmaier pesadas explicando o andamento, e mostrando
É vedada a reprodução total ou parcial que a historia sempre terá o entendimento
desta obra sem autorização do autor. diferenciado de cada personagem.
Sobre o Autor; Um autor a ser lido com calma, a mes-
João Jose Gremmelmaier, nasceu em 30 ma que ele escreve, continuamente.
de Outubro de 1967 em Curitiba, estado do
Paraná, no Brasil, formação em Economia,
empresário, teve de confecção de roupas, empre- Tranca Rua
sa de estamparia, empresa de venda de equipa- Tenho estado muito em
mentos de informática, e também trabalhou em minha cidade ficcional
um banco estatal.- chamada Curitiba, pois esta é
Amante da escrita, da conversa jogada apenas a minha cidade, não
fora, das conversas intermináveis, tem uma a dos demais Curitibanos.
verdadeira leva de escritos, em vários estilos, mas Kethen vai se deparar com uma representação
o que mais se dedicou foi o fantástico. se passando por uma Coroada, e em meio a
J.J Gremmelmaier escreve em suas ho- tentar a paz, um conto a mais sai dos cadernos e
ras de folga, a frente de seu computador, a algum da cabeça enventiva do autor.
tempo largou a caneta. Ele sempre destaca que
escreve para se divertir, não para ser um acadê- Agradeço aos amigos e colegas que
mico, ele tem uma característica própria de sempre me deram força a continuar a escrever,
escrita, alguns chamam de suave, alguns de mesmo sem ser aquele escritor, mas como sempre
despreocupada, ele a define como vomitada. me repito, escrevo para me divertir, e se conseguir
Autor de Obras como Fanes, Guerra e lhes levar juntos nesta aventura, já é uma vitória.
Paz, Mundo de Peter, Trissomia, Crônicas de
Gerson Travesso, Earth 630, Fim de Expediente, Ao terminar de ler este livro, empreste a
Marés de Sal, Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João um amigo se gostou, a um inimigo se não gostou,
Ninguém, Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas. - mas não o deixe parado, pois livros foram feitos
Aos poucos foi capaz de criar um uni- para correrem de mão em mão.
verso todo próprio de personagens. Uma coisa J.J.Gremmelmaier
que se enxerga com frequência em suas historias
é que começam aparentemente normais, tentan-
do narrativas diferentes, e sobre isto cria seus

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©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J. J. Gremmelmaier

Tranca Rua

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Vamos a mais uma aventura de Kethen
Silva, artista plástica, conhecida por Raiska, a
representação viva, nos enredos do autor em
Curitiba de Demon Pemba, alguém na historia
da cidade fictícia do autor, seguindo dentro
das crenças da personagem, sua forma bem
pessoal de crer e de encarar as divindades co-
mo evoluções espirituais, e não Deuses.
Estaremos em meio a uma historia que
atravessa um outro conto escrito na cidade,
chamado “A menina dos olhos Azuis” de Deni-
ze Ternoski. Também é o conto que data a
passagem de Evandro a Orun, então antecede-
ria o ultimo texto de Evandro.
Temos personagens de outros contos do
autor, que aparecem e somem, apenas como
integrantes da cidade.

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Ketlen olha o espirito da mãe.
— Problemas mães?
— Sei que tenho vontade de ficar
por perto, mas sinto como se algo grande
estivesse na cidade, não sei o que foi
aberto, mas se eu sumir, é por não querer
prejudicar nada.
— O que sente mãe?
— Caminhos abertos, não sei, mu-
dança de foco, as vezes eles usam algo para abrir uma mente, para
dispor de um caminho todo diferente.
Kethen não havia sentido nada, mas sabia que sua parte
sempre se referia a algo que lhe atravessaria a vida, não os demais,
ela sente a mãe sumir e senta-se a sala de seu sitio, olha para a
grama, para as estatuas as costas, sente os livros a prateleira ao
fundo.
“O que ela quer dizer com Caminhos Abertos, o que abre ca-
minhos?”
Kethen olha para fora, vira o corpo para a prateleira sem
olhar, esticando o braço reto para as costas e sente a energia, o
livro ser selecionado na prateleira ao longe e um vir a sua mão.
Quando ela olha a capa se depara com Demon Tranca Rua,
lembra que sua forma de enxergar as coisas, era diferente dos de-
mais, Demônios vem de seres de inteligência, não de seres maléfi-
cos, o problema é o caminho, olha o livro, não era o clássico de des-
crição de Demons e sim dos caminhos que se abriam, falava de ca-
minhos que antes abriam lentamente, agora aceleradamente,
quando se chegou a 7 bilhões de habitantes, em almas desenvolvi-
das, os campos de Eon se esvaziavam rápido pelos nascimentos,
mas assim como eles esvaziavam e enchiam rapidamente, com
guerras que dispunham de milhares por vezes, além das mortes
naturais, alguns espíritos evoluíam rapidamente, mas nem todos
tinham a calma de esperar a volta, queriam atalhar, quanto mais
evoluído, pior o descanso nos mares de almas.

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Ela olha as descrições e fica na indagação de que existiam
motivos fúteis, motivos bons e a caridade, o grande problema eram
os motivos fúteis, o livro falava que não existe mal nisto, e sim, mo-
tivos fúteis, e que o simplificar dos motivos fúteis por maldade, era
um erro que muitos cometiam.
Kethen olha para a porta e olha bem ao fundo parar um carro
da policia, lá vinha o problema, o rapaz sai do carro olhando em
volta, ela olha aquele rapaz entrando e pensa se mais uma vez se
metera em problema.
O delegado Sergio chega e toca a campainha, Kethen levanta
e guarda o livro, olha em volta, ainda não sentia nada vindo a ela.
Chega a porta e olha o delegado.
— Problemas Delegado? – Kethen pensando se chamaria Car-
los, amigo e advogado.
— Não entendi alguns acontecimentos, e a única pessoa que
sei que domina algumas coisas referente a isto nesta cidade é você
moça.
— Algumas coisas?
— Houve uma serie de eventos estranhos na Universidade,
no centro, mas todos os investigadores que mandei para lá, volta-
ram grogues, falando estranho, falando barbaridades, mas sem
nexo nenhum.
Kethen estranha e pergunta.
— Veio pedir ajuda?
— Sim, vim pedir ajuda, não entendi, eles parecem drogados,
como se estivessem com as cordas vocais presas, como se tivessem
com uma batata na boca, e olhando para baixo, como se tivesse
algo errado.
Kethen olha o senhor e fala.
— Posso tentar ajudar, mas estranho algo assim.
Os dois saem dali no sentido da capital, estavam na região
metropolitana, chegam ao centro de Curitiba, edifício de Humanas,
ela olha o delegado e fala.
— O que o fez mandar algo para cá?
— Gente falando, brigando, sentindo-se mal, a policia federal
primeiro nos de deixou fora, mas parece que tem policiais federais

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ai também, que parecem estranhos. Alguns pularam para a morte
para o pátio da reitoria e não conseguimos tirar.
Kethen olha para ele e fala.
— Grava de longe, as vezes não vemos a verdade, não na ho-
ra.
Kethen sai do carro e olha em volta, sente o local, estranha,
um gosto de mato a boca, cheiro de mato ao ar, se abaixa calma-
mente e olha aqueles seres em forma de caveira na entrada alta das
escadas do local, ela não entendia muito destes, mas olha em volta
e sente algo a tocar as costas.
— Não tem permissão para entrar.
Ela olha sobre os ombros, ainda abaixada tocando o chão.
— Não pedi para entrar, apenas vendo que o atalhar por aqui
não é uma boa ideia. – Olhando o ser com correntes a boca, sentin-
do o local, sentiu a energia a volta e pergunta.
— O que é você?
Sergio no carro via a moça falando sozinha, abaixada a rua e
começa a filmar, olha alguns estudantes saindo do local assustados,
mas Kethen, ele a conhecia por Raiska, apenas abaixada e olhando
para trás, como se tivesse algo ali.
O ser que segurava o ombro de Kethen olha para ela e fala.
— Não pode abrir um caminho de saída.
— Não abri nada. – Kethen olhando o ser, Sergio viu o ser
surgir a calçada, tão escuro que mal se via os contornos, não era um
ser negro, era um ser que absorvia energia, pois mal saia na filma-
gem.
— Acha que pode me desafiar.
Ketlen sente outros saindo pela porta, tanto da lanchonete a
frente como do prédio de Humanas, e vindo no sentido dela, alguns
chamavam estes de Falanges, os guardiões do caminho aberto, mas
tenta lembrar que não eram do mal, o ser estranha, pois ele pensa-
va em destruir a moça e sente o pensamento.
— Não vou relevar por não me olhar como um adversário.
— Acha mesmo senhor, que você é meu adversários?
As pessoas começam a sair pela parte baixa da escada, olhan-
do os seres irem todos no sentido de Kethen, nem viam ela ali, Ser-
gio não consegue a enxergar, pois eles a cercam, ele evita se mexer
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muito, mas viu que mais de 20 seres semelhantes se apresentam,
mas Kethen parecia ainda esperar, e segurava a mão ao chão, até
ver aquele ser, vestido de tecidos verdes, com vestes parecidas com
um vestido, se via as marcas de cipós, viu que o tridente que tinha a
mão, tinha pingentes que brilhavam como estrelas, ela tenta olhar
para o ser, desviando os olhos do pingente, sentia que até a falange
desvia os olhos, ele se aproxima, com os seres se aproximando.
— Quem vem para minha falange de defesa?
Kethen olha o ser, todos se afastavam, não entendia o sair
das pessoas ao fundo, pareciam fugir de seus pensamentos, o ser
olha para a moça, ignorando a saída dos demais, mas parecia que
todos estavam incomodados com a moça.
— Não sou um escravo Tranca-Ruas.
— Acha que não tomo os que desejo?
Ketlen sente o ser tocar sua cabeça, ela ainda segurava o
chão, o ser toca sua cabeça e sente ela crescer, ele tenta tirar a
mão, mas Kethen não mudou de posição, apenas olha o chão sen-
tindo seus pensamentos e fala.
— Não és um inimigo, mas não entendo o que queria ali. –
Kethen tira os olhos do chão e olham nos olhos profundos do ser
que olha ela na forma de Demons Pemba, com todas os seus mús-
culos, todos as suas tatuagens, e seu grande machado e sua barba
trançada e imensa.
A falange a volta recua, eles parecem se assustar, o ser que
estava com uma mão em seu ombro a tira, ficando apenas a mão
sobre sua cabeça, ela encara o ser, sente aquela magia sair de suas
mãos e a envolver.
O sorriso de Pemba fez o ser pensar, para ele, um ser de me-
nor poder, então pensa no que estava acontecendo.
— Não pode me desafiar.
— Não desafiei, apenas toquei o chão, fora do seu caminho,
não existe enfrentamento, sei meu lugar, mas não quer dizer que
acredite que o verdadeiro Tranca-Ruas perderia tempo no espaço
tempo humano.
O ser encara Pemba, e ri forte, parecia sentir graça, mas
Kethen dentro de Pemba, sente a contradição, sente o desviar do
assunto pela rizada, uma forma de desviar e pensar na resposta, e
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sorri também, mas menos efusivo, bem menos visível, talvez a dife-
rença de personalidade.
Sente o prédio vazio ao fundo e fala alto.
— Prédio Vazio Delegado, isola a área.
O ser olha a moça voltar a seu tamanho normal, a sua roupa
normal e olha em volta sem entender, sente os policiais ao fundo
isolando a área e afastando todos e olha serio.
— Agora não vai poder negar o enfrentamento.
— Sempre me disseram, que somente os Kiumbas se pren-
dem a enfrentamentos, seres pagãos de baixo poder, mesmo com
todos esta falange, este seu comportamento – Kethen se ergue, a
mão do ser ainda estava em sua cabeça, os olhos fixos no ser, que
sente as energias da moça, afastarem sua mão – é de um ser de
baixo poder, não entendi ainda, quem esta sendo velado ao fundo,
mas pode ter certeza, este prédio, não é mais parte de uma área
aberta a Kiumbas.
— Se achando moça?
Kethen brilha e as estrelas que acompanhavam o ser, brilho-
sas, mudam para uma frequência bem mais baixa, e o ser olha em
volta, a falange saia de seu comando, e estas foram sumindo e o ser
olha serio.
— Pode dizer que não é um desafio, mas esta enfrentando.
— Não sou o inimigo Kiumba, sou apenas uma menina que
estava passando.
O ser olha em volta, via a região não o deixar recuar, não para
dentro do prédio, não entendeu o que aconteceu, sentiu como se
saísse por vontade própria no sentido da moça.
O ser tenta chegar perto, ele queria uma saída, e parecia não
conhecer o poder a frente.
— Mas ele me deve a vida.
— Se ele lhe devia a vida, e morreu, não lhe deve mais nada.
— Me prometeu a alma.
— Almas não são presas, apenas se deixam iludir, as almas
mesmos quando acham que conseguem atalhar caminho, acabam
apenas mais ao fundo na fila de almas de Eon.
— E não tem medo de perder tempo lá?

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— Ter boas vivencias aqui, me servirão mais lá, do que ter es-
cravos aqui, pois são as boas lembranças, boas na minha interpreta-
ção, não dos demais, algo que me fez feliz ou bem, que manterá
minha lucidez diante do mar de almas de Eon.
O ser observava a moça, não entendia, parecia alguém nor-
mal, alguém sem sentimentos, fria por dentro, e fala antes de sumir.
— Ainda nos veremos moça.
O ser some a frente e Kethen olha em volta, gente ao longe,
ela caminha calmamente ao carro da policia e olha Sergio.
— Apenas um Kiumba, mas ainda não entendi o que ele que-
ria, algo referente a alguém sendo velada na capela local.
Sergio olha para Kethen e fala.
— Juro que as vezes sinto medo, o que é um Kiumba?
— Um ser que não chegou a ser divino, mas adquiriu algum
poder, e através deste poder, conquistou adeptos, para evitar ir aos
campos de Eon esperando o renascimento, e crescendo através do
pensar em suas ideias, deixar claro que os especiais crescem, 99%
das pessoas, esquecem vivencias, mas o pouco que evolui, nos for-
nece o crescimento eterno das almas em geral.
Kethen vai a calçada e começa a entrar no prédio e foi a cape-
la, Sergio olha ela e começa a entrar junto, as pessoas se manti-
nham longe, talvez a confusão ainda estivesse na mente das pesso-
as tentando entender aquilo.
Chegam ao funeral, nesta hora apenas um corpo deitado ao
caixão, ninguém a volta, Kethen olha em volta procurando alguém e
vê que ao fundo, chegava ao local um rapaz novamente.
— Saberia quem é a moça que faleceu?
— Minha mãe não explicava muito as coisas que vivia, mas
ela teve um ataque cardíaco na noite anterior, não entendi o pro-
blema, mas ela pareceu sentir uma dor, e apenas foi a Eon.
Kethen recebe o olhar de Sergio, pois a moça no caixão, não
aparentava 40 anos, o rapaz, tinha uns 30, não aparentava possível,
e o delegado Sergio pergunta.
— Quantos anos sua mãe tinha?
— Nunca soube senhor, eu tenho 32, ela, não sei, tenho um
irmão de 84.
— Nunca soube? – Sergio.
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— Tem de entender que certidão de Nascimento dos pais, os
filhos raramente tem a mão, o documento que saiu a pouco, diz que
ela teria 102 anos, mas nunca a olhei procurando a data de nasci-
mento.
— Ela morreu onde? – Kethen.
— Em casa, ela sentiu algo, ela estava sorridente no almoço,
dizendo que sentia-se pronta a continuar seu caminho, e no fim da
tarde, estava já deitada ao IML, que deu a causa morte, ataque ful-
minante do coração.
Sergio olha Kethen chegar ao lado do caixão, tocar as mãos da
falecida, não sabia o que ela estava fazendo, mas fica ali um tempo
parada, apenas quieta, ela olha o rapaz e fala.
— Todos dizemos estar prontos para a morte, mas nem todos
estamos.
Kethen olha para o delegado e começa a sair, o delegado não
entendeu, mas olha para a moça sair e chegar até o carro.
— Não entendi. – Sergio.
— Sei disto, o ser não estava visível delegado, tem de enten-
der, nem tudo é o que aparenta, mas preciso pensar, me levaria de
volta?
— Não entendi o problema?
— Consegue descobrir quem é esta Maria Fermina Alcântara?
— Por quê?
Kethen senta-se ao banco, olha para frente, as pessoas perdi-
das, meio estranhas.
— Quando se invoca algo para proteção do local, alguém o
invocou, prometendo algo, uma entrada, um agrado, mas corpos
sem alma não são passiveis de ser o acordo, então todos entraram
no pacote, um prédio lotado de estudantes.
— O que quer dizer com isto? E quem faria o pedido, porque?
— Delegado auras são coisas que não se explica, mas sei que
deve saber que existem seres especiais, a aura mostra um ser espe-
cial, aura de uma criança, em um ser adulto..
— Mais especial, não entendi?
— Ele tem aura de alguém de uns 10 anos.
— E acha que tudo passa pelo corpo morto?

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— Delegado, uma coisa eu aprendi nesta cidade, todos a rua,
se distraem e olham algo, acabam acreditando naquilo, e isto gera o
problema maior, crenças por que todos viram, mas nem eu ainda sei
o que vi, o que senti, o que aconteceu Delegado, mas podemos co-
meçar pelo saber quem era a senhora, depois, porque eles estão
fazendo o funeral aqui, por último, quem se passava por uma enti-
dade, mas não tinha força de entidade.
— E porque ele não teria força.
— Delegado, o dia que eu me deparar com uma verdadeira
entidade, espero que ele respeite a vida, pois se não, pode ser meu
ultimo dia nesta vida.
— Certo, eles teriam mais força que você, mas lhe deixo em
casa, mas não poderia me ajudar no caso?
— Eu entro e saio de casos assim desde minha infância Dele-
gado, o que acha que a maioria viu hoje?
— O que eu vi.
— Não sei como, mas você vê mais do que o normal, estranho
este seu cheiro de Eon, não sei ao certo o seu passado delegado,
mas sei que caminhou em vida pelo Eon.
Sergio não declara nada, apenas liga o carro e a deixa em ca-
sa.

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O delegado chega a oitava DP, olha
os demais e pergunta a Rui, um dos rapa-
zes.
— Agora me explica.
— O que fez Delegado, agora con-
sigo administrar meus pensamentos, pa-
recia que eles estavam tentando fugir
sempre, me colocando com ideias estra-
nhas a mente.
— Estranhas?
— Ódio da minha vida, ódio do meu estado pessoal, ódio de
todos a volta, estranho pois meu eu tentava se colocar e ideias as-
sim vinham o tempo inteiro.
— Preciso de uma posição pessoal Rui, de cada um que esta-
va lá, primeiro, o que viram, segundo, quem é Maria Fermina Alcân-
tara e por ultimo, um especialista que me determine, o que é um
Tranca Rua?
— Verifico senhor. – O investigador anotando o nome e sain-
do pela porta, o Delegado olha para o escritório e pensa no proble-
ma, mais um caso estranho que não se estabelecia conexão com
nada, ele anota o que viu, e pensa na ação dos demais, eles olha-
vam para cima, e olham para como se algo estivesse acontecendo
de grave, o que eles viam que ele não via.
Ele estava pesquisando algumas coisas quando olha a porta a
assistente falar.
— O delegado Santos quer lhe falar.
— No telefone?
— Na entrada.
— Manda ele entrar.
Sergio olha para o senhor da homicídio entrar pela porta.
— Como está delegado? – Os dois apertam a mão.
— Tentando entender esta cidade de malucos?
— Sabe o que estava acontecendo na Reitoria?
— Tentando entender ainda, mas o que quer perguntar?

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— O que fez 3 estudantes pularem para a morte, na reitoria,
sei que foi lá, me disseram que os investigadores estavam confusos,
quando você e uma moça chegaram lá.
Sergio olha para o senhor e fala.
— Não sei o que eles estavam sofrendo ainda, mas aquelas
coisas que não vão ao relatório, sabe do que falo.
— Dizem que um grupo de pessoas vestidas de negro, cerca-
ram uma moça que estava com você.
— Teria como me narrar o que eles viram, pois sei que minha
forma de olhar pode estar errada.
— Não entendi, eles estavam xingando para cima, absurdos, e
o primeiro pulou, isto não os calou, começam a xingar mais e mais,
não entendi, quando já com os três ao chão, o meu investigador diz
que viu uma moça chegar na parte alta da escadaria, alguns que
estavam dentre os que gritavam, vestidos de predo, foram indo no
sentido da moça, os ao prédio, pareceram se controlar e voltam
para dentro, saindo da sacada que dava para parte externa, no de-
cimo primeiro andar. O investigador Plinio diz que mais seres que
estavam espalhados, entre o pátio e o prédio, mais de 20, cercam a
moça, um rapaz sai de dentro e olha para ela, que estava agachada
e tocando o chão, o que saíra do prédio toca a cabeça da moça,
nesta hora que não entendi nada.
— O que não entendeu Delegado Silva?
— O investigador disse que sabia que tinha algo ali, mas não
via além de uma mancha negra, que tocou a cabeça da moça, forma
de um rapaz, mas o investigador não conseguiu fazer uma descrição
que não seja, forma de um rapaz, mas uma sombra negra.
— E depois disto? – Sergio.
— Algo brilhava ao lado do ser, que o investigador não conse-
guiu manter a vista no pessoal, vendo todos a volta confusos,
olhando assustados os 3 mortos ao chão, e quando olhou a moça
novamente, se ouviu o bombeiro chegando ao fundo, e o carro do
IML, mas o ser não estava mais lá.
Sergio explica sua versão das coisas e Santos fala.
— Quem era a moça?
— Kethen Souza.
— Não conheço. – Delegado Santos.
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— O pessoal na cidade a conhece por Raiska, embora duvide
que 100 pessoas a reconhecessem nesta cidade inteira.
—Raiska, entendi, foi atrás de alguém que entendesse.
— Estava com 4 investigadores na região interna, que man-
damos para lá para verificar porque as pessoas que entravam não
saiam, porque ficavam confusas, o Carvalho da Policia Federal me
ligou pessoalmente para dar uma olhada.
— E entendeu algo?
Sergio mostra uma foto para o delegado e fala.
— A única coisa ainda anormal na região é o velório desta se-
nhora.
O delegado olha a imagem e fala.
— Mas o que isto teria de extraordinário?
— Não sabemos ainda Delegado, mas esta da foto, pela certi-
dão de nascimento, tem 102 anos.
O delegado olha a imagem e fala.
— Trocaram o corpo?
— Não, ela tem um filho de 84 anos, então a pergunta, quem
é esta senhora, que parece não ter 40, mas tem um filho de 84, que
não sei quem é, mas morreu e não está em um lugar padrão de
velório, e o que atraiu até aquele lugar uma entidade que gerava
confusão mental.
— E acredita que o caminho é por ai?
— Não sabemos, temos de estudar o problema, mas a sensa-
ção de algo muito errado que sentia naquele prédio, era bem estra-
nho.
— E os seres de negro, prendeu alguém?
— Meus investigadores falaram delegado Santos, que eles
apenas sumiram de lá, mas pode ter sido um truque de luz.
— Sabe que não acredito em truque de luz nesta cidade.
— Sei que no papel é o que vai constar. – Sergio.
Santos olha para a porta e o investigador Rui voltava.
— Descobriu algo?
Ele olha para o delegado e fala.
— Sim, o nome é de casada.
— Não entendi? – Sergio.
Ele olha o chão e pensa em como falar, olha Santos e fala.
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— Delegado Sergio, você conhece um dos filhos da Senhora.
Sergio olha para o rapaz, ele não queria falar, mas precisava
saber.
— Algo grave?
— Guarás senhor, guarás. – O investigador sem tentar falar
de mais, ele alcança a Sergio um papel com uma anotação e o dele-
gado Sergio fala serio.
— Me chama o Delegado Coelho, diz que preciso falar com
ele, mas sinal que estamos em um problema maior.
— Sim.
— Tem ideia de quanto tempo vive um Guará? – Sergio.
— Nem ideia Delgado. – Rui.
— Até 3 vezes a media humana. – Sergio.
— Certo, mas ela parecia jovem.
— Sim, isto que estranhamos, pois se ela iria viver 300, aos
100 ela apareceria como? – Sergio tentando trocar uma ideia.
— Vocês estão falando do que? – Santos.
Sergio olha o investigador e fala.
— Vai, mas descobre o que é aquele Tranca Rua.
— Certo, vou continuar verificando.
O rapaz sai e Sergio olha Santos e fala.
— Como dizem, eu mecho com coisas que não são aceitas,
não são documentadas, mas quando se ouvir o termo Moroi, você
verá a representação dos Vampiros e Lobisomens na Europa, quan-
do você ouvir o termo Guarás a interpretação vale para as Américas.
— Está falando serio?
— Eu sempre duvido delegado, mas se for isto, temos alguém
de uma família grande, quando falaram em filho de 84 anos, não
liguei ao Reitor da Universidade Federal, estava tentando entender
o que vi, e talvez tenha ai a resposta.
— Cuidado com estes, tem influencia.
— Algo está errado, e não sei ainda o que é o problema.

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Carlos chega a chácara e olha
Kethen terminando uma imensa escultu-
ra, haviam seres mais velhos e altos no
fundo, seres mais jovens a frente, ela
esculpia em cera, sabia bem o que ela
faria, as famosas estatuas de Raiska,
Kethen sempre assinou a sua parte artís-
tica como Raiska, embora Carlos sabia
que este apelido veio de uma época ante-
rior. Tenta não atrapalhar, ela estava esculpindo a vigésima segunda
face, Carlos a olhava, ele sabia qual era esta família da cidade, a dos
Coelho, tinham de Delegado a Reitor, de Deputado a Boa Vida, mas
viu ela terminar a parte alta, e viu ela começar a fazer a parte baixa
dos corpos, os corpos que na parte de cima eram humanos, na par-
te baixa, lobos, eretos mais lobos.
Ele viu ela olhar ele e falar.
— Tudo bem Carlos?
— Problemas pelo jeito?
— Não entendi, a visão que me veio é a que vai a escultura,
humanos, lobos, mas quando chegar aos pés estarão todos afun-
dando em um lodo.
— Sabe que alguns falam que os Coelhos poderiam ser Lobos.
— Não entendi?
— Uma ideia antiga, bem antiga, diziam que o velho, o pri-
meiro a vir as cidades, tinha bom humor, e ouviu um ditado em uma
igreja, Lobos em pele de Coelho, eles cresciam e não tinham docu-
mentos, e vindos do interior, sem documentos, em um acordo de
regularização do século 19, eles se denominaram de Coelho, “Lobos
em pele de Coelho”. – Carlos sorriu sem graça.
— Se nem você consegue rir disto, imagina eu Carlos.
— Mas qual o problema?
— Não sei, algo que transpassa da família ao meio, mas que
vem da raiz da família, não sei o que ainda Carlos.
— Por quê?

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— Porque a família Coelho da cidade, existem os normais e os
descendentes de Guarás, eu sei que eu não me meto nestas coisas
de criaturas desta existência, não entendo destas coisas, e nem
fazem parte da minha arvore, mesmo parte das crenças de meu avô
eu não consigo acompanhar, então eu não entendo eles, mas quan-
do um destes, faz um acordo de poder, com uma entidade tida co-
mo coroada, não confundir com o prospecto de reis, é apenas para
dizer, está acima, no trono superior, no ponto acima, eu me envol-
vo, mas não entendo porque não consigo dizer não para aquele
Delegado Sergio, ele tem cheiro de Eon, não entendo aquele dele-
gado.
Carlos olha a moça, como no dia que conheceu, esculpindo
algo para dar vida a uma visão, ela levanta aquela imensa escultura
e mergulha ela em um tanque, na ponta, coloca gesso e agua, mis-
tura e esta começa encher o tanque, que enquanto enche, ela colo-
ca hastes na parte alta, deixando a escultura de ponta cabeça, mas
com estacas de estruturação, e o grande objeto começa a vibrar.
Ela para e olha Carlos.
— O problema é que todos vão me gerar problemas, eu não
queria entrar na discussão Carlos, mas quando vejo todos com estes
rostos bravos, mas somente a senhora, morta, em paz, sei que eles
devem querer algo, e não vão conseguir.
— E não desconfia o que?
— Nem ideia.

18
O delegado Sergio Fuck olha para
fora e para o delegado Coelho entrando
as costas.
— O que pensa que está fazendo
Delegado. – Coelho.
Sergio olha para o senhor e fala.
— Fazendo?
— Levantando a historia da minha
família.
— Algo que tenha de esconder Coelho, pois tivemos 3 mortes
na reitoria, no velório de sua mãe, não entendi ainda o que aconte-
ceu, mas não perderia meus rapazes lá apenas para não me envol-
ver, quem deveria ter o feito era você, mas pelo jeito, fez de conta
que nada estava acontecendo.
— Não sei do que está falando.
— Não? – Sergio encarando o delegado substituto da quinta
delegacia.
— Não se mete Delegado. – Coelho.
— Então controla os seus Delegado, chamam a atenção e de-
pois querem que não olhemos, e se foi uma ameaça, não tenho
medo de cara feia Delegado.
Coelho olha para o delegado Sergio e fala.
— Tudo por 3 estudantes inúteis.
Sergio o encara, o senhor sabia e realmente não estava preo-
cupado se teriam mortes.
— Sei que não entende delegado Sergio, mas colocar-se nisto,
é muito além do que domina.
— Eu não quero dominar nada Delegado, ou segura os seus, e
isto quer dizer, deixa os seus longe destas coisas de Eon, Exus, e
coisas do gênero, ou vou ter de olhar, pode falar alto, mas não é
minha culpa, pessoas morreram pois alguém de sua família atraiu a
um funeral algo, que desconheço ainda o que queria, mas com cer-
teza, a morte de muito mais do que 3 pessoas, quer falar alto, me-
lhor conter os seus.

19
O delegado Coelho olha para o delegado Sergio, sabia que ele
era quem colocavam nos casos que tinha algo estranho na cidade,
ele continha sempre as informações e sabia dispor de contra ata-
ques que ele não entendia.
O delegado viu que não teria a posição que queria, nenhum
dos dois a teria, então Coelho sai batendo a porta.
Coelho chega ao carro e olha para o filho e pergunta.
— Porque não estamos conseguindo chegar perto do funeral
de minha mãe, sua avó filho?
— Não entendi, mas seu irmão mais novo, estava lá, apenas
isolou a região, não entendi, ele convocou algo que gerava total
desiquilíbrio nas pessoas, ódios, medos, inferioridades, ódios tanto
pessoais como aos demais.
— Ele está atraindo sobre ele a policia local, que trata disto,
mas nem entendi o que este delegado fez?
— Dizem que se aliou a neta daquele Lauro Souza.
— E o que esta menina fez, pois as mortes pararam?
— Não sei, não conheço, apenas falaram por ai que Raiska
chegou lá e acalmou as coisas?
— Raiska é neta de Lauro Souza?
— Sim, conhece a moça?
— Um dia tentaram a envolver como autora de crimes e to-
dos que o tentaram, morreram, não entendo o que aquela menina
é, mas de uma arvore podre não iria sair uma fruta boa.
O delegado olha para o filho e fala.
— Observa de longe o funeral, não sei o que está acontecen-
do ainda.
O rapaz concorda e sai pela porta do carro do pai, olha para a
esquina e outro carro parou, entrou e foi no sentido da Reitoria da
UFPR.

20
Paulo Coelho, um rapaz jovem,
olha a mãe ao caixão e fala como se que-
rendo paz.
— Não entendo seus pedidos finais
mãe, mas sou de enfrentar, sei que não
confiava em todos, mas ainda está isola-
da, não entendi ainda a sua ideia.
Ele pega nas mãos da mãe e olha
em volta e sente a presença.
“Ela me prometeu almas, quando ela vai cumprir?”
Paulo olha aquele ser parado a frente, chifres que pareciam
galhos, pele que parecia absorver toda a luz, de tão escuro, não se
identificava além dos olhos num visual de frente, mas como estava
meio lateral, via os contornos do nariz e boca, mas apenas contor-
nos.
— Não sei o que ela lhe prometeu, na verdade nem sei o que
você é, mas ela sempre foi de cumprir suas promessas.
“Se ela não cumprir, não voltará dos campos de Eon, não sei o
que ela queria fazer lá, mas não admito traições.”
— Pelo jeito não falou toda verdade a minha mãe, pois al-
guém isolou o local.
Paulo sente aquela nevoa vir sobre ele e cai ao chão, desa-
cordando.
O ser tenta se materializar para se apoderar da alma caída ao
chão e sente o chão o sugar e olha para o prédio de fora, não en-
tendia o que estava acontecendo.
Olha em volta e seus seguidores estavam todos ali, mas nem
as pessoas chegavam muito perto, viu aquele rapaz ao fundo entrar
e olhar em volta, todos os demais pareciam não passar bem quando
chegavam perto, ele entra e caminha até a capela, olha Paulo ao
chão e ajuda ele a sentar e Paulo assustado olha Andrei e pergunta.
— O que aconteceu?
— Não sei tio, estava caído ao chão.
Paulo olha para o corpo de sua mãe, ele tenta entender o que
aconteceu, e fala.
21
— Não entendo o acordo que a sua avó fez, não entendo de
crenças antigas, ela seguia uma vertente que vinha da África, mas
que teve adeptos nos Indígenas, então não entendo, mas sinto esta
força quando se aproxima.
Andrei chega até o caixão e toca a mão da avó e fala.
— Sempre é triste a morte de uma matriarca tio, ouvi um dia
destes que estamos perdendo o controle, pois estamos deixando as
moças ao longe, nos apegando ao patriarcado da sociedade a volta,
não sei o que entende disto?
— Que a mãe dizia que o poder está no complexo das dife-
renças, não do matriarcado ou patriarcado, é no complexo, no con-
vívio, na disposição a enfrentar diferenças, enfrentar dores, perdas,
para se ter ganhos na vida e pós vida.
— Mas o que está acontecendo então aqui, pois parece que
estão isolados, do convívio, dos ganhos, não entendi.
— Também não sobrinho, mas vejo que poucos se mantive-
ram próximos, não entendi, vi um delegado e uma moça chegar
aqui, eles não perguntaram muito, mas antes parecia que até eu
não conseguia me manter perto, era ter ódio até dela deitada ao
caixão, mas agora parece que embora sinta que algo ainda quer
chegar perto, parece isolado agora.
— Meu pai pediu para observar de longe, ele ficou preocupa-
do com os acontecimentos.
— O lugar estava estranho, mas devemos as 3 da tarde, co-
meçar o cortejo do enterro para os cemitério municipal.
— Acha que as coisas se resolvem?
— Nem ideia.

22
Kethen sai no sentido do Shopping
Mueller, ela precisava entender algumas
coisas, e sabia que não queria estar em
casa quando todos tentam achar alguém
para culpar.
Atravessa da região Sul para o cen-
tro, e olha para a cidade calma, ela sem-
pre dizia que quando as pessoas, mesmo
inconscientes, ficam em casa, algo acon-
tece.
Ela para o carro na região da Reitoria, olha em volta, parecia
tentar entender o que estava acontecendo, olha aquele rapaz a
olhar, ele estava no alto da Escada quase na entrada do bloco de
humanas, olhando para o pátio.
Ele olha os demais, olha as reações, ela achava que a energia
andaria dali para algum lugar, ela olha para cima, as janelas quebra-
das por onde os estudantes tiveram acesso ao beiral da sacada para
pular, ela sente aquela energia, e sente aquele rapaz olhar para ela,
e vir caminhando até ela.
— Deve ser a tal de Raiska, que todos falam.
— Kethen para os desconhecidos.
— O que tanto olha?
— Tentando entender, alguém quer despertar, alguém quer
voltar a esta existência, mas não entendo quase nada desta coisa de
anjos, e este cheiro de local limpo, parece coisa de anjos caídos.
— Anjos caídos.
— Deixar claro que não existem anjos caídos nas minhas
crenças, mas é que as pessoas as vezes compram uma ideia, e não
olham para o lado, para ver realmente quem é o inimigo, as vezes
temo mais pelos falsos sorrisos do que esta casa de cachorro mo-
lhado dos Guarás como você.
Andrei olhou a moça intrigado e perguntou.
— E como difere quem é quem?

23
— Poderia dizer que auras, mas isto é inadmissível para vo-
cês, poderia dizer atitude, mas a verdade, todos Guarás cheiram a
Guarás.
Kethen olhava o local e sente aquela energia tentando entrar
no prédio novamente e fala.
— Seja o que for, parece apenas tentar achar um caminho, e
parece que achou um rastro de energia.
— Rastro?
A moça olha para o rapaz e disca para o Delegado Sergio.
— Delegado, poderíamos trocar uma ideia?
— Fala.
— Aparece no Shopping Mueller ai pelas 20 horas e conver-
sarmos.
— Onde vai estar?
— Onde você estiver, mas quero tentar achar alguém e nem
sei se esta pessoa estará por lá.
— Desconfia de algo?
— Tem cheiro de anjo caído Sergio, eu não entendo quase
nada de anjos caídos, e tudo que me passa a mente, não parece
fazer sentido.
Kethen olhou cada rosto que estava a volta, cada movimento,
mas pareciam apenas estudantes assustados, e tentando ainda não
chegar muito perto.
Kethen começa a se afastar olhando em volta, sentia a ener-
gia, e sabia que parte do problema, iria ser ou no Mueller ou em
frente, pois é a visão que não estava na estatua das pessoas furio-
sas, mas em sua mente, o fundo era a fachada do Shopping.
Ela vai caminhando no sentido da energia, e por mais que
desviasse as vezes para cá, as vezes para lá, atravessou o Passeio
Publico e saiu pelo portal dos Cães, estava indo direto ao Shopping.

24
Os familiares começam a chegar a
reitoria, e Kethen já não estava lá, carro
funeral, parentes discretos, e que não
passavam de 100 pessoas, era próximo
das 18 horas quando o cortejo no sentido
do Cemitério São Francisco, começa.
As pessoas foram seguindo o carro
fúnebre, a energia que gerava o local,
pareceu sair totalmente dele, dois investigadores a pedido do Dele-
gado Sergio, acompanhavam o cortejo e os acontecimentos.
O entrar pela frente do cemitério, do cortejo, empurrando o
carro da senhora, parecia quase uma despedida por obrigação, os
investigadores estranham a frieza daquele pessoal, mas viu que
todos, quando passaram pela entrada do cemitério, sentem suas
cabeças mudar, os dois param um pouco, eles ficaram violentos,
começam a uivar, seus rosto foram para cães, suas patas, eles co-
meçam a falar coisas que os dois investigadores não entenderam,
viram a raiva deles estarem ali, alguns que pelo jeito eram apenas
conhecidos, se afastam um pouco, e os seres conduzem aquele cai-
xão até o mausoléu da família Coelho, os seres estavam parecendo
discutir, e estranhamente, quando colocaram a senhora na gaveta
do mausoléu e um deles fechou a porta superior, todos voltam a
seus rostos, se ajeitam em seus ternos e os investigadores passam a
imagem para Sergio, que olha aquilo e vai no sentido do Shopping,
sabia que se Kethen marcou lá, ela esperava que algo acontecesse
lá, e nem sempre era como ela pensava.
O caminhar de Kethen seguindo a energia, não subiu para o
cemitério, parou a esquina do Shopping, ela sentia a energia a toda
volta, estranho aquela região aparentemente vazia, para quem co-
nhece a região, era como se quem podia, não tivesse saído de casa.
Olha parada na esquina da Rua Mateus Leme aquele pessoal
bem vestido descendo pela Rua Barão de Antonina, viu os olhos
furiosos de um senhor a frente, ela não fizera nada para eles, mas
era evidente que algo estava querendo se por contra ela.
25
— Acha que temos medo de você Bruxa? – Delegado Coelho.
Kethen olha em volta e outros pareciam acompanhar aquela
raiva, ela sorri e fala.
— O que fiz para você Delegado, para me acusar em publico?
— Você é uma bruxa.
Kethen sorriu novamente e falou sentindo a energia a volta,
era de ódio, de raiva, de desprezo.
— Se me acha uma bruxa Delegado Coelho, o que está espe-
rando para proteger as proles, ou apenas as mulheres desta sua
espécie são realmente guerreiras.
Os olhos de raiva a faziam sorrir, e como eles atravessaram a
rua e a cercaram, Kethen olha para a câmera a esquina e fala.
— Não é um bom lugar Delegado, quer fazer algo, não deixe
gravado algo que os bonzinhos da cidade, o detonam.
— Eles não o fariam.
— Sabe que eles tem medo, mas não lhe dei motivo para
ódio.
— Mas está em nosso caminho.
— Não, estou apenas em uma esquina, esperando o materia-
lizar de algo, não entendi ainda o que acontece hoje, mas é hoje
que começa ou acaba um problema, mas não tenho ciência do que
ainda.
Os rapazes a cercando era apenas para intimidar, ela sente
aquela energia se locomover para dentro do shopping, não sabia o
que ela queria, mas era algo ali.
Com o sair da energia no sentido do shopping o pessoal pare-
ceu acalmar os ânimos, Kethen olha para Paulo ao fundo e fala.
— Espero que tenham deixado indicações para quando ela
acordar.
Paulo olha a moça e começa a abrir espaço e caminhar para o
shopping, ela olha para a entrada da Mateus Leme a frente e acima
no topo da escada pequena que dava para a entrada, estava Sergio
apenas observando.
— Problemas com eles?
— Não entendi, como disse, quando não se sabe o que está
causando, não se entende o que temos de fazer.

26
Kethen sente que o pessoal estava começando a vir naquele
sentido, e entra no Shopping, Sergio a seguiu, ela olha em volta,
olha para os dois lados e para cima, ela tentava entender aquela
energia.
— Não sei o que é isto Delegado, mas um shopping, cheio de
gente, mesmo que com poucas hoje, não é um lugar para uma bata-
lha de seres de Demon, ou de Exu, ou do Eon, todos campos lado a
lado, mas onde cada qual desenvolve suas crenças, mas anjos caí-
dos, são seres que por algum motivo, não gostam do outro lado, e
que o planeta os serve de fonte de energia.
— E o que sentiu?
— O que for, desperta ódio, quer as pessoas se odiando, mas
tem algo errado neste lugar.
— Por quê?
— Porque de algum modo, algo está segurando as energias
do lugar no positivo, olha que nunca senti algo tão para o amor as-
sim nesta cidade.
Os dois passam pelo corredor alto, depois vão para o piso
Candido de Abreu, Sergio ia ao lado, tentava entender o que estava
acontecendo.
Estavam caminhando quando ela olha para a livraria Curitiba,
pensou que ela iria comprar um livro, e entra logo atrás, mas os
olhos dela pararam no fundo, e por um momento, Sergio sentiu
uma paz.
Os dois olham para uma moça se levantar ao fundo, era o
lançamento de um livro, e os dois sobem a escada olhando para a
moça, Kethen olhava em volta, procurando a energia negativa, esta-
va ali, mas algo segurava toda aquela energia.

27
Elizabet agora com 28, está no lan-
çamento de seu livro, levanta-se e come-
ça a falar sobre aquela historia, que des-
de os 10 anos tentava terminar, sente o
prazer de contar com todos os amigos,
inimigos, dissidências, para o lançamento
de seu livro, o que lhe tomou a vida nos
últimos 18 anos, desde o ano da morte de
seus pais, desde que sua mãe, antes de
viajar lhe contou o inicio dela.
A mesa estava a capa estilizada da “Menina de Olhos Azuis”, a
fila do autografo se formou,.
Kethen olha em volta tentando achar alguém conhecido, ti-
nha pessoas que o eram, mas a maioria, apenas normal, sentia
aquela energia naquela moça de véu a frente.
Ao fundo da fila de autógrafos estavam Denize e Baltazar
quando viram a escritora levantar e beijar uma moça que chegara a
ela com o livro para autografar. A moça olha em volta e olha os
olhos de Kethen a medir cada pessoa presente.
Denize, estudante de Letras, olha em volta, sente orgulho da
amiga que como ela agora estava formada, mas como todo escritor,
mesmo os mais desconhecidos, sente as energias mudarem a toda
volta e o olhar de felicidade de Elizabet contrastavam com os preo-
cupados de Amanda, a moça que Elizabet beijara ardentemente,
contradições da felicidade de alguém criado para ser feliz, e seu
criador, os pensamentos de Denize foram ao que preocupava
Amanda. Porque Raiska estava ali, quem ela trouxera com ela, e
porque na parte baixa, sentia-se aquele cheiro de cães entrando.
Olha a parede e vê aquele espetro de pessoa, algo que não parecia
estar a vista dos demais, por um momento sentiu as pernas bam-
bas.
Baltazar segura a mão de Denise, que pareceu sentir o meio,
estranha, quando segurou sua mão, vê aquele espectro de mulher,
olhos cinzas, sobre eles, olha em volta e sente que era uma visão e
apenas fala baixo.
28
— O que está acontecendo amor? – Baltazar.
A moça não sabia, mas sentia que Elizabet estava distraída,
mas sentiu aqueles olhos azuis da moça que havia beijado a escrito-
ra virem sobre o dela, sente os olhos Azuis lhe lerem a mente e o
que era um imenso e pacifico olhar azul, se transforma em um ne-
gro olhar, mas não menos feliz, Denise sente como se seus pensa-
mentos passassem para aquela moça, não aparentava mais de 19
anos. O tempo passara apenas para Elizabet nos últimos 10 anos.
Poucos notaram, mas Denise olha para o rapaz ao lado de
Kethen, olha para Kethen, que se fosse narrar sua aura, diria gelada,
esta olha para ela, olha para a moça agora com olhos azuis, a fila
continuava, pois a felicidade de Elizabet não a permitia ver o risco.
Angélica, ao lado de Elizabet, apenas sorri, talvez somente
neste momento Elizabet olha os olhos de Angélica e olha temerosa
a volta e ouve aquela voz macia, decisiva.
— Calma, sabe que temos de conversar.
— Vai sair?! Já?
— Não, mas alguém chegou, alguém que ouvi falar, não vi.
— Conhece a Raiska, dizem ser uma artista plástica famosa.
Angélica sorriu e falou.
— Se você pudesse ler o coração daquela moça, congelaria
seu coração amor! – Fala Angélica sentindo o poder da palavra
“Amor”, quando ao lado de Elizabet.
Angélica olha para Elizabet e sorri.
— Tem de atender seus fãs, vou estar ao fundo, o dia é seu,
não meu.
Elizabet viu os olhos de Angélica voltarem ao azul e ela cami-
nhar até a moça a frente, sentiu ciúmes, controla seus sentimentos
lembrando que ela poderia não estar ali, olha em volta, pergunta o
nome da moça a frente e faz mais um autografo.
— As vezes até eu duvido das historias desta cidade Sergio? –
Kethen, ao lado do delegado.
— Qual a historia que não acredita Raiska? – Sergio usando o
apelido que ela era conhecida.
— Tenho de acostumar, a terra que os anjos tocam o planeta,
as vezes me assusta o poder desta terra, pois ela é toda oculta, mas

29
os olhos azuis que vem ai, se chama Angélica, e a moça aos fundos,
talvez o alvo do que estamos enfrentando na Reitoria.
— Quem seria Angélica? – Sergio.
— Uma historia contada pela autora ali ao fundo, Denize Ter-
noski, mas muitos não entendem, a cidade que materializou Joa-
quim Jose, a cidade que materializou Henry Cristo, a cidade que
materializou o pequeno João Ninguém, que vê as ruas aquele malu-
co do Francisco Pombo, que tem como empresário uma criança
chamada Pedro, cidade onde os poetas, escritores, convivem com
suas criações. – Kethen.
Angélica andava no sentido dos dois, e Denize ao fundo viu
que a historia estava complicada e olha em volta e fala para Balta-
zar.
— Fica atento, algo vai acontecer, e sei que minhas palavras
foram quase eternas, então é hoje o que acontece, talvez minha
interpretação de ultima página, estivesse ao ar, pois parecia que
algo aconteceria, mas a frase que me veio naquele dia foi, “Nunca
mais teriam de se separar de novo”.
Baltazar olha para o lugar, apenas pessoas que estavam em
um lançamento de livros, olha em volta, algo teria de estar fora do
lugar, as vezes uma peça, mas tinham muitas ali.
Angélica olha para Kethen e pergunta.
— O que é você? Como pode alguém ter um coração gelado
assim?
— Apenas não descuida, algo esta procurando energia, não
sei o que a moça ao fundo viu, mas ela parece assustada, e não sei,
se sentir o cheiro, existem Guarás entrando.
Angélica sente os olhos sobre as duas, apenas os que chega-
vam e duas outras pessoas, e fala.
— Seres angelicais, tentam nos impor medo pelos pensamen-
tos, mesmo distantes.
— Desculpa a descrença. – Kethen.
— Sei que não faz por mal, mas tenho de analisar o porque
está aqui?
— Um ser se passou por uma entidade, se passou por Exu
Tranca Ruas, mas na intensão de provocar mortes, atrair agouro,
ódios, estabelecer brigas que durem vidas. – Kethen.
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— O que isto tem haver com nós, com esta lugar?
Kethen olha Denize e pergunta meio gritado.
— O que viu? Quem era?
Denize olha Kethen e não responde com som, apenas pro-
nuncia lentamente “Ágata”, Angélica olha em volta e sente a ener-
gia.
— Mas ela estava presa em Eon.
— O problema moça, é que Eon, fica ao mesmo nível de inte-
ração, dos campos de Orun, a mesma altura dos campos dos julga-
dos, aqueles que oram para a grande pedra, mas sair de lá, poderia
mesmo ser mais difícil, eles só nos complicam.
O delegado Coelho chega com dois investigadores e fala.
— Vai defender esta dai?
— Que saiba delegado, quem deu showzinho hoje na porta
do cemitério não foi ela.
Kethen olha Angélica e fala.
— Protege a moça, ela é frágil, mas tem um coração imenso,
mas antes de ser presa, sem provas novamente, deixa eu perguntar
uma coisa ao casal da fila.
Angélica olha para a amada e volta a se focar nela, sentia que
algo estava errado, mas sabia que diante de Elizabet ela sentia-se
mais feliz.
Como dizia sempre Denize, existem coisas que temos de es-
clarecer, mas que as vezes, tomaríamos mais tempo explicando do
que contando nossas historias. Então Kethen chega ao lado de Deni-
ze, olha a capa do livro e pergunta para Baltazar apontando a capa.

31
— Porque por trás das asas de Angélica, colocou dois olhos a
observando e abaixo do “menina”, parte do símbolo do Exu Brasa?
Baltazar tinha feito a capa, mas nunca entendera muito os
símbolos ao fundo, e apenas olha para Raiska.
— Acha que foi um anuncio?
— Protege ele Denize, estes homens de hoje, são mais frágeis
que as mulheres, mas isto os permite ver além.
Ketlen olha para o local e olha mais pessoas com cheiro es-
tranho entrando, ela não conhecia os iniciados, então para ela,
eram todos inimigos, mas ficou obvio quando uma moça deu um
grito na parte baixa, que todos estavam tensos.
Angélica se aproxima de Elizabet, os demais olharam para
onde Angélica olhava e viram aquele ser, corpo de mulher, rosto de
ódio, olhos cinzentos, subir flutuando pela escada.
O delegado Coelho sabia que algo estava errado, pois embora
não pudesse ser, era o rosto de sua mãe, olha para aquele ser que
olha ele com ódio, não como sua mãe sempre olhou-o.
O delegado olha o ser e fala.
— Quem é você?
Ela olha o senhor e fala.
— Um cãozinho deveria seguir sua líder, sem contestar, não
me dirigir o olhar, e sim, matar todos eles.
Coelho sente a energia e seus olhos por um segundo foram
ao cinza.
Os olhos de Kethen tentavam não ficar sobre o ser, ele era
uma representação, não a ameaça.
Sergio olha os dois investigadores chegarem a ele, subiam a
escada, varias pessoas muito bem vestidas para uma livraria, mas
todas atrás daquele ser que flutuava, não andava, escada acima.
— As coisas estão bem estranhas delegado.
— Imagino, o que registraram no cemitério?
— É difícil as vezes delegado, se deparar com o que todos fa-
lam, que existe uma família de lobos na cidade, mas porque eles no
lugar de dispersar ao fim, vieram todos para esta sentido.
— Não entendi, mas a moça que flutua está chamando muita
atenção.
Elizabet olha os olhos de Ágata e fala.
32
— Não cansa de tentar me matar?
— Você é meu desafio, todos os alados falam, que você veio
ao mundo para me deter, sabe que não vai escapar.
Angélica ao lado, parecia querer que Elizabet não falasse, mas
em si, tende a entender, o amor era a prova, não o desafio físico, e
aquela aura de ódio vinda do ser, não era agradável a ninguém.
Mas os olhos de Kethen acha o que queria, uma moça que
olhava apenas para Elizabet, não para a senhora flutuando, para
onde todos os demais olhares tendiam, olha para os olhos de Eliza-
bet que pareceu sentir o sentimento, olha para alguém que a muito
dividiu casa, Meg, Angélica acompanha os olhares, parecia a distra-
ção, Kethen aproxima-se pelas costas, a moça avançava, olhando
nos olhos de Elizabet, ergue a mão, onde tinha uma pequena faca,
os olhos de todos continuavam na moça a entrada, alguém morre-
ria, e todos não veriam, pois estavam todos distraídos com a ence-
nação de entrada.
Elizabet se assusta, Angélica que estava voltada para Ágata
sente que algo rum iria acontecer, se vira para trás e ouve Kethen.
— Não se distrai.
Meg olha assustada para trás e sente alguém segurando sua
mão, com a faca, tenta se mexer, mas a força de Kethen era muito
maior.
Ágata avança rápido e levanta Angélica pelo pescoço, ela
olhava nos olhos azuis de Angélica que se mantiveram e ri.
— Não entende o quanto é frágil pequena Anja.
Elizabet sorri, as cartas estavam a mesa, e tudo a volta, em
seu lançamento de livro. Sentiu medo por Angélica, mas todos ou-
vem o grito de Meg, que sente o choque atravessar seu corpo e cai
desacordada e os olhos de Ágata vieram sobre Kethen, que fala.
— Não entendes nada para falar que a pequena Angélica não
o entende, o que um ser que para renascer, vinha através do corpo
de uma líder dos Guarás, e não entendia a própria força quando ali
estava, a ponto de a deixar morrer, pode dizer que entende de algo.
— O que é você?
Kethen sorri, Angélica se solta da mão da moça fazendo força
e recua tentando proteger Elizabet, olhando a moça desacordada ao

33
chão, começar a apodrecer e Ágata tentar caminhar no sentido de
Kethen.
O sentir das energias, todas a volta, faziam as pessoas senti-
rem ódio e amor, sentirem coisas estranhas.
Kethen sem desviar os olhos de Ágata, começa a crescer em
tamanho, em musculo, em força, tira seu prendedor de cabeço, com
o corpo mudando para um masculino, musculoso, com muitas tatu-
agens, o prendedor crescendo a mão, para um imenso machado,
indo a forma do Demon Pemba, com a barba crescendo, em tran-
ças, seu cabelo assim como a barba indo a cor avermelhada.
— Paulo, ajuda sua mãe no tumulo. – Kethen sem olhar o ra-
paz, o delegado não entendeu, mas viu o irmão mais novo começar
a sair, e Ágata fala.
— Acha que pode comigo?
— Cuidado, a alma do ser que tinha este rosto, já não é seu
escravo, quem és tu de verdade Ágata? – Kethen na forma de De-
mon Pemba, todos recuando, se antes olhavam para um, agora
tinha um ser imenso, com um machado dourado a mão.
Angélica olha o receio nos olhos de Ágata, estava em terra
vendo uma demonstração de força, que poucos no shopping a volta
veriam, mas os a sala viam, os a baixo viam o tumultuo, mas com os
membros da família Coelho a escada, não conseguiam subir, Paulo
com dificuldade desce e sai.
O delegado Sergio faz sinal para os seus investigadores ajuda-
rem o rapaz.
Denize via a sua criação diante da criação de outro ser, que
não estava ali, e quando ela pensa nisto, viu os olhos de Ágata sobre
os dela.
— Quem domina este ser?
Denize sentiu medo, e Elizabet ao fundo fala.
— Pensei que eu fosse a fraca aqui, Ágata.
Ágata olha o corpo ao chão, de Meg, que em minutos, estava
quase em pó, o corpo onde estava presa a alma do corpo que toma-
ra para ter como ir e vir.
Não teria como recuar, ela avança e tenta segurar o pescoço
de Pemba, sente o mesmo passar a machadinha no ar, ela se desfaz

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do espectro para deixar a mesma passar, sente o ser segurar seu
espectro pelo pescoço, e a erguer.
Ágata volta a segurar o pescoço de Pemba e sente seus pen-
samentos, sempre impondo medo e ódios, como arma, começa a
sentir o frio do ser a frente, uma alma gelada, tenta puxar a mão e
não conseguia, os sentimentos de ódio, sendo substituídos pela
ausência de sentimentos, pelo frio de uma existência sem amor,
sem ódio, sem sentimentos.
O estar um segurando o pescoço do outro, fez os demais se
afastarem um pouco, Julia ao fundo olhava o corpo da amiga em pó
ao chão, não entendera.
Elizabet estava as costas de Angélica, o que era uma fila de
autógrafos, era uma disposição de pessoas em linha, mais encosta-
das ao livros ao fundo.
Denize olha para Baltazar e fala.
— As vezes, o maior inimigo de nossas próprias criações, é o
que os fazem fortes.
— Não entendi.
— As brechas que deixamos em aberto, como origem, moti-
vos, poder, Ágata está tentando fugir.
Baltazar não entendeu a frase, pois parecia que as duas ape-
nas se seguravam, mas isto era apenas o que os demais sentiam.
Os olhos de Ágata foram do cinza ao branco, e sente Pemba a
soltar e começar a voltar a sua forma, Kethen ajeita o cabelo vol-
tando a por o pingente para segurar o cabelo.
Os olhos perdidos, como se não existisse mais sentimento de
ódio ali, como se não existisse mais sentimentos, fez o ser olhar em
volta, como se não conhecesse ninguém, e desaparecer recuando
ao fundo pela parede.
Sergio chega a Kethen e lhe cobre com seu paletó e fala.
— Como está?
Kethen sente o ódio ainda dentro dela e fala.
— Preciso sair um pouco.
Os demais abriram caminho e ela desce e Sergio fala.
— Boa encenação de lançamento.
Coelho olha o delegado Sergio e fala.
— O que aconteceu?
35
— Para de fazer show por hoje Delegado! – Fala Sergio
olhando o delegado aos olhos.
Denize olha Baltazar e fala.
— Um enfrentamento de sentimentos, nunca havia pensado,
que a ausência de sentimentos, tinha tamanho poder.
— Não entendi. – Baltazar.
— Um símbolo de amor a frente, lançando um livro, que fala
de amor, seja este entre qualquer espécie, o entrar de Ágata, o ódio
em pessoa, não ausência de amor, ódio como essência de compor-
tamento e existência, e a moça saindo ao fundo, ausência de senti-
mentos, um coração tão frio, que apagou os ódios de um coração
angelical, eu não gostaria de ser algo com aquele ser. – Denize.
Amanda olha os olhos de Elizabet e pergunta se estava bem,
ela sorri e lhe abraça.
As pessoas pareceram ouvir apenas o que queriam, e o sair
dos demais, alguns juraram ser uma encenação, Elizabet volta a dar
autógrafos, mas estava agora meio tensa, parecia que as coisas não
estavam tão normais.
Alguns que não haviam comprado o livro, e viram de longe o
enfrentamento, compram o mesmo, e estranhamente, poucos olha-
ram o pó ao chão, talvez apenas Julia olhasse como se procurando a
amiga de anos, enquanto mais pessoas entravam na fila, para com-
prar o livro.

36
Paulo chega ao cemitério, tenta
subornar o rapaz e o rapaz não se dispôs
a isto, os investigadores chegam na se-
quencia e entraram, mostrando as identi-
ficações de policial, e caminham até o
tumulo, Paulo ouve a batida vinda da
parte de dentro, com ajuda dos dois poli-
ciais abrem o tumulo e Maria Fermina
olha o filho e pergunta.
— Porque não segurou meu enterrar filho?
— Sou o mais novo, o menos influente, e depois que algo co-
meçou a atrair ódios e mortes para a reitoria, quando deu uma pau-
sa todos os demais quiseram se livrar de você mãe.
Ela olha as mãos e fala.
— Mas não entendi, o que aconteceu?
Paulo olha para a mãe e fala.
— Não sei, nunca nos explicou o que aconteceu mãe, mas um
enfrentamento se fez aqui próximo, e uma moça que não conheço,
mandou vir e lhe ajudar, ela sabia que você voltaria ao corpo.
— Mas quem era esta moça, Ágata?
— Quem é Ágata? – O investigador.
A senhora olha os investigadores e pergunta para o filho.
— Quem são estes?
— Teria de ter autorização para estar aqui mãe, e os policiais
ajudaram a entrar.
Ela olha para o rapaz que perguntou e falou.
— Não é de seu interesse esta informação, mas filho, pode-
mos sair daqui?
— Vamos para casa, não entendi porque você nos deixou
mãe, não estava velha, doente, porque?
— Um atalho para o paraíso, não se discute, apenas se segue,
mas se estou de volta, alguém não cumpriu o acordo.

37
— Aquele espirito na Reitoria falava que você a devia algo,
que se não fornecesse, não retornaria ao corpo e nem conquistaria
seu espaço.
— Ainda não sei bem como me envolvi com isto filho, mas
vamos sair daqui.
O grupo sai e o rapaz estranha, não vira aquela senhora en-
trar, mas viu eles saírem e ouviu aquele estrondo, algo para a frente
deles, os investigadores viram o chão a frente congelando, e o ser
olhar Maria Fermina e falar.
— Onde estou, quem é você?
Maria Fermina olha o ser e fala.
— Nunca se apresentou de verdade, apenas disse que tinha
uma função, destruir quem a destruiria, que poderia me dar um
espaço ao Paraiso, quebrando a regra que Cães não vão ao paraíso,
mas quem você é, não sei.
— Não lembro porque eu queria destruir algo, não lembro de
muita coisa, mas me deve um corpo.
— Não vim ao corpo por interferência sua, pelo jeito, foi atra-
ída para onde eu estaria, mas algo congelou algo em você ser, o que
não sei.
Ágata toma a forma de uma entidade, pareceu um rapaz, ga-
lhos lhe formavam dos chifres, cabelos compridos, cor esverdeada e
se aproxima dela, e lhe toca a cabeça, os demais se afastam, viram a
o ser sumir a frente e olhar para o filho e falar.
— Vamos, não sei porque parece que precisa me contar algo
filho?
Paulo olha para a mãe, estranha, ela a poucos minutos pare-
cia mais nova, agora, mais velha, uns 30 anos a mais.
Os investigadores ficaram ao fundo e viram mãe e filho saí-
rem, e registraram tudo e vão a delegacia, Sergio olhava para fora e
fala vendo Rui entrar.
— O que aconteceu?
— Coisas estranhas, a senhora estava a bater na parede da
gaveta que fora enterrada, na saída, algo voltou a entrar nela, não
sei o que, mas algo que me parece com aquela descrição que você
pediu Delegado.
— Não entendi. – Sergio cansado.
38
— Descrição do Exu Tranca-Ruas, das Almas, Exu Coroado,
muito solicitado pelos terreiros antes de começar as sessões. Guar-
da as porteiras dos terreiros com sua falange, contra os quiumbas e
também os recintos onde se pratica a Alta Magia, ser do natural,
das Matas, na crença negra, um negro bem vestido, com chifres de
marfim, na crença local, chifres de galhos, sua cor, não é o negro, é
ausência de cor, vemos as formas apenas de lado, frontalmente
identificamos apenas os olhos. – Rui.
— Mas um protetor de locais, não seria o problema.
— A senhora falou algo sobre Ágata.
Sergio lembra que Kethen sentiu isto, pois a chamou na for-
ma de Pemba de Ágata, o que estava acontecendo.
— Algo de anormal?
Rui olha o delegado e fala.
— Nada de normal, o senhor quer dizer?
— Não, o que não vimos, pois todo o enfrentamento, tem
consequências.
Sergio pega o telefone e fala.
— Carlos, é o delegado Fucks, onde esta Raisca?
— Não sei, iria se encontrar com você.
— Ela é o alvo agora, temos de a achar.
— Porque seria ela?
— Quando os Coelhos não sabem quem os ataca, se reúnem
e atacam, sem sentir remorso.
— Tento a achar.
— Acha e me liga.
Sergio olha os dois e os dispensa, pega a viatura e vai para ca-
sa, olha a esposa, ele estava cansado, mas sabia que algo estava
errado, beija os filhos e olha Carla o abraçar.
— O que o aflige?
— Eu coloquei alguém num problema, e sinto que ela vai en-
frentar um grande problema, e não sei como a localizar.
— E qual a importância disto amor?
— Eu não gosto de sentir culpa. – Sergio.
Carla o abraça e olha aquela luz do lado de fora, sente a ener-
gia e fala.
— Pelo jeito é serio.
39
Sergio olha para fora, aquela luz azulada, sabia o que era, al-
guns chamavam de Nemahiah, Sergio o chamava apenas de João,
alguns o conheceram como João Ninguém, sua esposa como amigo,
irmão, Arcanjo Nemahiah.
Sergio sai pela porta, olha o menino lhe olhar, ele não falava,
mas ele chega perto, Sergio se abaixa, olhando o chão, e sente o
pequeno João lhe tocar a cabeça e falar na mente, pois sabia o que
aconteceria se falasse de verdade, os vidros a toda volta explodiri-
am.
“Na praça das Desgraças da Cidade”
Sergio não olhou o menino, apenas agradeceu e quando er-
gueu os olhos o pequeno anjo não estava mais lá, olha a porta e
ouve.
— Vai, se João acha que deve ir, não arriscar esta vida, vai. –
Carla a porta com os dois filhos ao lado.
Sergio pega o telefone e passa mensagem para os rapazes,
Praça Nossa Senhora Salete, rápido.
Sergio entra no carro, põem o giroflex e sai dali para o Centro
Cívico, para qualquer outro, seria a praça entre os três poderes da
cidade, praça onde estava o palácio do Governo, a câmera Estadual,
o Poder Judiciário do Estado, mas para Sergio, Nossa Senhora de
Salete, nunca anunciou algo bom, dar o nome daquela Nossa Se-
nhora para aquela praça, transformava em praça das Desgraças,
Nossa Senhora de Salete, nunca anunciou algo bom em suas apari-
ções.

40
Ketlen sai a andar, estava sentido
ódios, e precisava organizar seus senti-
mentos, alguém feito de ausência de sen-
timentos, estranhava sentir algo, mas
sabia que estava saindo dela, mas sentiu
o peso do toque, talvez o toque mais
negativo que tivesse sofrido, estranho
como corações podem conter tamanho
ódio, pior, ódios sem sentido, apenas ódio por ódio.
Kethen caminha pela Candido de Abreu, sentia que deveria se
afastar, olha para a praça a frente, sente a presença das energias,
apenas senta-se a grama, não importava se os demais olhavam para
ela, era os seus sentimentos que estavam confusos, ela deixa as
energias fluírem e não percebe o tempo passar.
Mas sente quando algo lhe toca o ombro e ouve.
— Não gostamos de bruxas.
Kethen não queria brigar agora, sabia as consequências, ela
não amava, não odiava, mas sempre cobrava os demais atos, isto
para ela não precisava de amor ou ódio, era apenas energia.
Kethen abre os olhos e muitos dos que estavam na escultura
estavam a volta, mas faltava alguém ainda, olha o delegado, o rei-
tor, os jovens Guarás, mas poucas fêmeas, sente aquele ser gelado
aproximar-se e ao seu lado Paulo.
Os olhos foram a Paulo, não a senhora ao lado.
— Que merda sua mãe fez Paulo?
Paulo olha a moça e fala.
— Ela me explicou que é o nosso caminho ao paraíso, não nos
negamos a tentar nosso lugar ao lado do eterno.
Kethen gargalhou, levanta-se e a senhora a olha.
— Acho que não entendeu moça, você é agora nossa inimiga,
pois nos desafiou, depois vou tentar novamente atrair aquela que
vamos destruir desta vez. – Maria Fermina.
Kethen olha os demais começarem a mostrar seus rostos de
lobos, para parecerem mais perigosos, ela sorri e fala.
41
— Posso apenas perguntar, como? Ágata, um anjo caído, po-
de lhe oferecer um local ao paraíso, se ela lá é prisioneira, sei que
ela usou uma imagem que conheço como um Coroado, eu tenho em
minha representação de parede, ele como o Demon Tranca Ruas, a
carta de proteção das magias, mas desculpa, se fosse o verdadeiro,
seria um ser coroado, não precisaria de oferendas, todos os que
pedem oferendas, são Quiumbas, lhes oferecem o paraíso e entre-
gam suas almas nos campos de almas, um mar de almas esperando
ou o fim dos tempos ou o renascer, encostadas umas as outras por
uma eternidade de tempo.
Os olhos de Kethen estavam em Paulo, mas a explicação era a
todos a volta, que se mostravam diante da câmera de controle da
cidade, numa praça publica, e para Sergio que chegava ao fundo.
— Como um acordo assim senhora Maria Fermina, tem de
entender, você teve sua alma presa a um corpo escravo, deste ser
que agora está novamente dentro de você, mas este ser, não tem
como lhe oferecer o que não tem, não pode lhe oferecer o caminho
de Eon, ou de Orun, ou Paraiso, pois lá é presa, aqui morta, pois
abandonou seu corpo, para uma vitória a oito anos, tem de enten-
der Maria, você que tem de escolher o caminho de Orun, pois o de
Eon, não é para seres evoluídos, e sim, prometido aos seguidores
dos anjos, aos humanos.
Um rapaz ao fundo, segura o ombro de Raiska, e fala.
— Acha que viemos conversar?
— Quer apanhar diante dos amigos, Andrei Coelho, pois sozi-
nho, não me desafiou, o que mudou das 6 da tarde para agora?
Kethen não olhou o rapaz, seu olhar estava ainda em Paulo,
mas sabia que todos a volta, pareciam a odiar, então tinha uma
entidade a mais querendo voltar, ou atalhar, aquela praça, sempre
lhe trouxeram divagações, mas talvez algo realmente fosse aconte-
cer ali.
O ser a frente começa a crescer, Paulo olha para a mãe e ou-
ve.
— Presta atenção cãozinho.
Paulo olha em volta e olha o corpo ao fundo de sua mãe, cai-
do, quase sem força, olha o ser crescer e falar.
— Uma protegida desta terra, mas não tem força moça.
42
Kethen olha para o ser e fala.
— Porque não se mostra de verdade, não cheira a Tranca Ru-
as, cheia ao que é.
Kethen olha o ser gelado, o chão congelando e fala.
— Quem sabe eu comece a acreditar em sorte.
— Não teve graça. – O ser crescendo mais, ele estava com
mais de 5 metros, e Kethen ali, inerte.
— Deve ser algo que esconde, o medo.
— Não entende, eu tenho meu caminho traçado, desafiar
meu caminho, é uma escolha de vocês, não minha, a família em
volta, tem de escolher, pois o ódio deles, pesara contra eles, não
contra mim, mas a pergunta, tá muito gelado Exu Brasa?
O ser olha para ela e pergunta.
— Como pode saber, nem eu me sinto, e sabes?
— Como se diz, você escolheu o caminho, mas eu sou inferi-
or, um dia a muito, minha mãe me disse, podes tomar um caminho,
ou vários, mas como algo nascido no cheiro, tendia a ser apenas o
Cheiro, quando não desafiada.
O ser crescia, o ser segura Kethen e os demais viram o ser
sorrir e falar.
— Não vai nem reagir?
Kethen sente os braços apertados, sente o que parecia um
braço, virar um cipó e lhe prender bem firme e lhe erguer, até a
altura do ser, que já deveria ter 7 metros.
— Não lhe desafiei.
— Vais morrer. – Sorri o ser parecendo confiante.
— Nasci, vou morrer quando for a hora.
Kethen sente o abraço, sente as energias e fala.
— As vezes, queria as pessoas espertas, os espíritos espertos,
mas Sergio, afasta os que estão chegando, para longe.
O delegado com seu rosto ainda de lobo olha Sergio bem ao
fundo e este olha para duas moças caminhando ao longe e fala.
— Tem certeza?
— Porque duvida?
— Um pequeno arcanjo me mandou para a praça das desgra-
ças.
Kethen olha para onde Sergio estava, sente a energia e fala.
43
— E que nome teria este pequeno arcanjo?
— Alguns na cidade o chamavam de João Ninguém.
Kethen sorri e olha para o ser e fala.
— Vai me matar de uma vez, está ficando chato.
O ser a apertava e sente aquele olhar e fala.
— Não vai reagir mesmo?
— Se acha que vou lhe dar um choque, energia, ou qualquer
coisa para sair deste estado que está, congelando, não me conhece,
eu morro por uma ideia.
Os olhos de raiva dos seres a volta, começam a mudar, mas
Sergio olha para o ser começar a congelar tudo, e os mais próximos
não conseguiam mais tirar os pês do chão, recua, os dois investiga-
dores dele recuam e o delegado Coelho tenta recuar e vê que aquilo
começava a subir por sua perna, presos ao chão da praça.
Os rostos voltando ao humano, e talvez somente nesta hora o
delegado Coelho viu que não era a moça o problema.
— Vai nos matar? – O delegado ao ser.
— Cala boca oferenda, já tens dono, não fale.
Todos viram o gelo subir e cercar o senhor, o apertando, e
outros tentam sair, mas estavam presos.
A calma de Kethen fazia o ser olhar para ela, apenas para ela
e falar.
— Tem de reagir.
— Não entendes nada, eles morrendo agora, antes de você
dispor de energia, renascem nos campos de Orun, pois eles são
aguardados lá, não vejo problema nisto.
— Estas mentindo.
— Somente um ser que nunca foi a Orun, diria isto, só con-
firmando, nem um Brasa chega a ser, apenas um quiunbas tentando
ser algo, não entende nada ser.
— E os veria morrer?
— O delegado que agora olha assustado, veio me enfrentar,
me agredir e ainda prender no fim, estas poupando eles e não en-
tende, mas como está em uma forma, que não é sua, com um cora-
ção gelado, que não é seu, é meu, crescendo pois o gelo nos faz
crescer, antes de explodir, o que posso fazer, não sei com quem
falo.
44
O ser olha serio Kethen.
— Sabe quem sou, falou meu nome.
— Ágata?! Não seja cômica, você nunca foi Ágata, isto é lenda
dos últimos 100 anos humanos, gerada por um ser que pode ter
sido consequência, mas es anterior a isto, por isto quero saber,
quem vai me matar, e morrer após?
O ser olha em volta, tinha dúvidas, via seu congelar avançar,
sentia que apenas a mão junto a Kethen não congelava, mas era
inerente a moça aquele gelo interno, e fala.
— Historias não precisam ser contadas.
— Se nem historia sobrará, de que adianta tudo isto ser?
— Um dia, me chamaram de a mais bela Yabás-Mi, mas tudo
desandou quando os meios de divinizar minha estada em Orun,
precisava de um corpo, e escolhi alguém em um campo, como o
destino foi que construiu isto, sigo as designações dos Orixás.
Kethen olha o ser e fala. Os pensamentos foram a uma gran-
de duvida, pois acaso, seria algo muito mais divino do que qualquer
outra coisa, seria como se o momento tivesse tomado outro rumo,
seus pensamentos voaram, rápido, mesmo inerte naquela mão.
— E onde, abandonou sua Yabás-Mi, pois as feiticeiras deve-
riam ser mais fortes que um simples Quiumbas, que é a força que
está fazendo “Ser”.
— Não entendo sua calma.
— Eu vivo, pois me é permitido, caminharei até o dia que me
chamarem, eu não desafio as leis dos que você chama de Orixás, eu
chamo de Demons, demônios por escolha, de ir pela inteligência,
mesmo sabendo das imperfeiçoes, estanho como os universos se
ajeitam, mas as crenças, se somam, não diminuem, a ideia que mais
matou Deus, foi o tornar só, fora do tempo, do espaço, da historia,
pois um Deus, que soubesse tudo, não criaria, pois isto seria futuro
e passado para ele, alguns cientistas até tentaram provar que está-
vamos em uma grande holografia, se eles não estivessem errados,
seria a prova da existência deste Deus falho, mas é que ao contrario,
Deus é ação, é imperfeição, é repetição por erro, é sexual, é não
trino, mas duo, ele é dois seres, o homem e a mulher, o cão e a ca-
dela, o convívio das diferenças, a imperfeição gera o pensamento,

45
então é no impossível, que encontramos Deus verdadeiro, não na
matemática exata.
— E não vai reagir?
— Se estivesse me machucando, talvez meu corpo reagisse,
mas talvez seja uma representação a ser ajudada, não destruída.
— Não quero ajuda.
Kethen olha o ser e fala.
— Então o que está esperando para me machucar de verda-
de, pois me apertar, apenas me dilacera o corpo, mas ainda não
tenho nem um osso quebrado, para cobrar uma divida.
Kethen olha os olhos do ser começarem a dilatar, o gelo co-
meçava o inchar por dentro, e sente aquela energia.
— Vai mesmo pelo lado irracional?
O ser olha Kethen e começa a soltar os galhos, que lhe pren-
diam e fala.
— Como não morreu?
— Se um dia foi uma Yabás-Mi, deveria saber, não se escolhe
um caminho para baixo, para ir acima, as obrigações acima, nos
fazem o que somos, não as conquistas a baixo.
— Mas não iria assim aos campos do paraíso.
Kethen sente os braços soltos, toca o chão, o ser estava ten-
tando não explodir por dentro, e apertar algo que o gelava a alma,
pareceu não ser o caminho.
Kethen olha em volta se abaixando, sente o meio, as caras de
ódio ainda estavam para ela, mas agora também para o ser.
Ela sente a senhora ao fundo, Paulo a afastara, sente a ener-
gia dela voltando.
Olha para Angélica e fala voltando a olhar o ser.
— O problema ser, é que cada um escolhe um sentido, você
não sabe nem mais quem é, não duvido que em parte ache que é
Ágata, não duvido que em parte se ache um Brasa, em parte uma
antiga Yabás-Mi, saiba, em parte foi tudo isto, mas precisa de ajuda,
mas quem tem de escolher ser ajudada é você.
— Minhas lembranças só me trazem os ódios.
— Sinal que regrediu muito, esquecendo de olhar acima, pior,
trouxe seguidores para baixo, na escala, se cercando de perdedores,
não se consegue subir andando para baixo, você não está andando,
46
pulou no buraco, e quer subir, mas tem de entender, o buraco de
uma existência, é infinito, como o universo a volta, você pode esco-
lher ser um ser de luz, nascendo um ser rastejante, ou ser um ser
rastejante, nascendo um de luz, mas as escolhas, nos levam a cima e
a baixo, e em nenhum deles, subindo ou descendo, conheci alguém
que tivesse apenas sentimentos e ações em um sentido, mesmo em
meu coração congelado, inerte, existe tardes de sol, então ache os
seus amores do passado, não os ódios.
O ser olha para Kethen, aos poucos, com o soltar dela, o ser
para de congelar tudo a volta, alguns mais distantes começam a
ajudar discretamente os as costas a sair do gelo.
Amanda ouvia e pergunta.
— E quem é você moça? – Perguntando para Kethen que sorri
e fala sem graça.
— O cheiro de morte, para os inimigos, o de podridão aos
amigos.
O ser ao fundo, olha Kethen e sente um pouco sua energia, o
ser iria fugir, mas era hora de o deixar pensar.
Kethen sente a energia e fala olhando o delegado Sergio.
— Ajuda a recolher o pó que se formou daquela moça da Li-
vraria, ajuda o rapaz a tirar a mãe ao fundo, e conduz as duas para
casa, em segurança.
— O que está acontecendo?
— Pensa em um ser, em escala, que tinha um caminho de
gloria, e uma frase mudou seu caminho.
— Uma frase? – Angélica.
— Você está em escala Angelical, se preparando para ser co-
roada um ser maior, e ouve uma frase, “Surgirá um ser que lhe de-
safiara a recuar, se não recuar, este ser vai determinar sua derroca-
da.”
O ser ao fundo ouve, olha os olhares irem a moça, sente sua
aura de interação e como uma sombra, corre pelas ruas se afastan-
do.
— Ela vai fugir. – Elizabet.
— Ninguém foge do futuro, das desgraças, se não as enfren-
tar. – Kethen.

47
Angélica olha estranho para Kethen, pois para ela, o ser era
apenas um anjo afastado do paraíso.
— O que acha que Ágata é, pois você parece acreditar que ela
não é Ágata.
— Não sei como a definir em minha crença Angélica, pois pa-
ra mim, o universo é feito de almas em existência, ela tem duas
chances, escolher evoluir, ou se manter como estão, raramente
vemos uma alma recuar, mas aquele ser, tem seu tempo, tem o
mesmo cheiro seu em tempo, as duas tem cheiro de interação, e
nem todos entendem o que é isto.
— Cheiro de inteiração.
— Vocês para vir a um mundo, este corpo que carrega, é de
um ser que nasceu, bem no fundo, o ser ainda está ai, mas pensa se
no lugar de você ter escolhido este ser, tivesse escolhido ao campo
uma senhora sozinha, aparentemente inocente demais, e somente
depois da escolha, descobre que escolheu uma Matriarca Guará,
que nestas terras, representam o poder das Aves e dos Lobos, e na
primeira volta, descobre que nasceu um humano, que tem em seu
cheiro, você em seu caminho, e este ser, ama incondicionalmente,
primeira rebelião, no lugar de resultar na morte do ser, resulta na
expulsão do Paraiso.
— Mas como ela se envolveria no problema com o que ouvi,
Yabás-Mi, Brasa, Tranca Rua.
— Tem de considerar que o seu corpo, quando vais ao local
superior, fica inerte, esperando sua volta, mas isto não acontece
com Guarás, seres em vida, com energia de criação, pois se acha
que uma transmutação de humano para lobo não toma energia, não
está olhando certo, são seres em si, poderosos, o apreender de
Ágata, faz alguém ficar sumida por quase 6 anos, ela caminhou pe-
las florestas, tentando achar seus eu, e nisto, teve contato com as
divindades da Terra, mas nenhuma entidade, é de toda ruim, e nem
de todo boa, então o que determina o caminho é a frase, que em
nada tinha de negativo, era um aviso, aprende a recuar, e não sofre-
ra uma Derrocada, mas ao contrario, ela desenvolveu o ódio, este
tomou a sua existência, e não conseguia mais ver além do ódio, do
objetivo, morte pela frente.
— Mas onde Meg entra nisto?
48
— Amor quando não correspondido, gera ciúmes, alguém se
propôs a ajudar a afastar um amor de alguém, as linhas estão escri-
tas, e nisto, tem o contato com uma entidade, de baixo poder, que
quer ser um Exu Brasa, mas ainda era um Quiumba, gente que brin-
ca com poderes que não conhecem, acabam sendo oferendas, estes
que nos olham, me odeiam, apenas por não saber ter diante de
mim, outra atitude.
Sergio deu as instruções e enquanto os demais ajudavam aos
demais se soltarem, olha Kethen sair caminhando pela avenida.
Ele olha o relógio, olha um carro a esquina, Carlos, ele para e
ela entra saindo dali.

49
Os investigadores chegam a livra-
ria, pedem para isolar onde estava aquele
pó, parecia um sal, e o rapaz estranha.
— Não sei o que é aquilo, mas to-
dos que tentaram chegar perto, não con-
seguiram.
Rui chega perto e olha em volta,
sente as energias do local e apenas se
afasta.
O gerente da livraria olha aquele pó começar a ganhar cor,
brilho, forma, e quando a moça acorda ao chão, todos olhavam
assustados para ela.
Ela olha para eles sem entender o que havia acontecido.
Sergio estava voltando a delegacia e retorna ao Centro Cívico,
olha aquela moça sentada e pergunta.
— Boa noite moça, lembra de onde está?
— Estranho saber que estava no lançamento do livro de Eli-
zabet, e agora não sei, realmente não sei o que aconteceu.
— Vamos a conduzir para casa, tudo bem? – Sergio.
— Agradeço.
Os investigadores saem e o gerente assustado pergunta.
— Que bruxaria foi esta?
— Algo que poucos viram, mas mais do que deveria.
— Não vai explicar? – O senhor.
— O dia que entender o que todos veem senhor, tem de ver
que se falar que aconteceu, eles me afastam, se narrar o que acon-
teceu aqui nesta sala, sabe que ninguém acreditaria.
— E sabia que ela voltaria?
— As vezes, não nos prendemos a estes detalhes, mas no
meio de um enfrentamento mais a frente, referente ao que aconte-
ceu aqui, uma moça me disse, isola os restos da moça, sinal que era
uma das possibilidades.
Sergio sai e olha o delegado Coelho lhe cercar com outros 3
carros e um rapaz lhe aponta a arma e fala.
50
— Melhor não resistir Delegado. – O policial civil.
— Não estou nem armado – Sergio olha para Coelho e fala –
se é assim que agradece, da próxima vez nem vou lá ajudar.
— Não fez nada.
Os rapazes chegam e revistam o delegado que é conduzido a
5ª DP, era próximo das 10 da noite, parecia que os acontecimento
não cabiam nas duas horas que se passaram, mas sabia que o dele-
gado Coelho iria lhes pressionar e apenas olha o rapaz do ministério
publico na entrada, pressão politica.
Ele estava sentado quando Kethen entra algemada e olha pa-
ra Sergio.
— Ainda tenho de dizer não quando pede ajuda Sergio.
— Chega de conversinha, conduzam ela as detenções, depois
quero ver se ela é tão perigosa assim.
Kethen gargalha e olha para o rapaz do ministério publico e
fala.
— Se ele tem medo de mim rapaz, não pode ser Delegado.
Os rapazes a conduzem a cela, Kethen olha para as celas, sen-
ta-se junto a porta de entrada, celas apertadas e lotadas.
Sergio olha para o rapaz do ministério publico e pergunta.
— Poderia apenas me esclarecer uma coisas rapaz, do que
sou acusado?
— Conspirar contra a segurança da cidade com aquela moça?
— Conspirar contra quem? – Sergio.
— Contra o delegado Coelho.
— Desculpa, eu sou da delegacia, ele é o substituto, o que eu
conspirar contra um substituto, fora ser seu parente, irmão de um
deputado, e coisas podres do gênero, é contra a cidade cãozinho
com cara de Coelho? – Sergio foi ao ataque, e o rapaz soube que
Sergio não estava gostando.
Sergio olha Coelho e fala.
— E você, era a favor daquilo, que quase lhe matou, lhe cha-
mou de oferenda, e vem contra mim, pode até me afastar, prender
a moça ali Delegado, mas saiba, se eu e ela estiver nesta delegacia
pela manha, melhor por todos seus lobinhos para correr, pois se é
assim que você retribui, deixou de ser um Guará para virar um cão
sarnento.
51
— Me ameaçando? – Delegado Coelho.
— Avisando, invisibilidade é para vocês, quer mesmo me jo-
gar nos inimigos Delegado Coelho? – Sergio firme.
— Você se juntou com esta bruxa.
— Quer mesmo jogar assim, vou ver queimarem sua família
inteira Coelho, ela tem direito a credo, e garanto, ela não invocou
um ser que ainda terei de enfrentar, que matou 3 pessoas na reito-
ria, e vocês, fizeram vistas grossas.
— Não tem como provar isto. – O rapaz do Ministério Publico.
— Não, da próxima vez, fico na minha delegacia, e espero to-
dos os seus mortos, para me mexer, e a escolha é agora, se vão que
querer como inimigos Delegado, quer descontar sua frustração, é
cômico, tá pensando no dinheiro, e vem me falar em leis.
— Do que está falando? – O rapaz do ministério Publico.
— A droga que deram para a senhora Maria Fermina Alcânta-
ra, para a enterrar, ela acordou, agora estes filhinhos, vão ter de
esperar ela morrer de novo, para se apoderar dos bens, disto que
estou falando, vocês podem me acusar, mas saibam, eu devolvo
cada acusação, mas com provas, querem mesmo este caminho?
Sergio deu dois motivos para os dois recuarem.
— Você posso até soltar mas a moça não soltarei. – Delegado
Coelho.
— Sem problemas, fico, espero a corregedoria, não é meio
acordo covarde, ou é todo, ou nada, e sabe, me deve os três mortos
na reitoria, agora, este enfrentamento, e deveria estar agradecendo
a moça por não ter morrido, pensei que era um delegado, não um
cãozinho raivoso.
— Tomando as dores daquela puta.
Sergio riu e falou.
— Espero a corregedoria, não está pensando, tá ai tentando
mostrar aos demais, que manda algo, e pode ter certeza, amanhece,
vai ter policial a porta afastado por me apontar uma arma, você vai
ser substituto do substituto do fim da fila. – Sergio senta-se e olha o
senhor, teriam de fazer algo, eles pareciam querer se fazer de va-
lentes, mas eram todos cumplices.

52
Os dois saíram e Sergio encosta na cadeira cansado. Estranho
ter ficado mais tempo sentado inerte ali, do que as duas horas entre
as oito e as dez da noite.
Ele fecha os olhos, não queria problemas maiores, sente uma
paz a toda volta, ouve a porta abrir, estava quieto, tentando des-
cansar um pouco e ouve.
— Me ofendeu delegado, como pomos uma pedra nisto. - De-
legado Coelho.
— Me aponta uma arma, manda deter, mobiliza os irmãozi-
nhos para me parar, e eu que lhe ofendi Delegado?
— Odeio aquela moça.
— Se trata, ela é uma artista plástica, que tem um escritório
de advocacia, dos mais respeitados da cidade, e sei, que se ela não
quisesse ser presa, não teria sido delegado, mas não daria corda a
covardes ingratos.
— Continua me ofendendo?
— Certo, como você definiria um homem, que manda pren-
der alguém do tamanho dela, que enfrentou o ser que vocês solta-
ram, e que queria a sua morte, de valente e grato?
Coelho sabia que não tinha nada contra a moça, sabia que o
advogado dela deveria estar prestes a conseguir um habeas corpus
para a moça, e conseguira se queimar com Sergio.
— Some daqui Sergio. – Coelho.
Sergio olha para ele e não sai, apenas fica sentado.
— Não vai sair?
— Não, tem de entender Delegado, tem de pensar antes, se
eu aliviar, você não vai pensar de novo, e vai fazer merda.
— Mas...
— Esta delegacia é minha, você pode ter feito uma operação,
se feito de delegado, mas eu quero retratação por escrito, pedido
de desculpas, comprometimento com a lei, para você entender
Delegado Coelho, que você é apenas um delegado, não a lei.
O rapaz do ministério publico entra e olha o delegado.
— O que está fazendo Delegado Substituto?
— Eu tenho uma acusação seria.
— Provas, ali tem palavras bonitas senhor Coelho, se apre-
sente pela manha na corregedoria, eles vão querer sua posição.
53
O rapaz de nome Silveira olha para o outro rapaz do ministé-
rio publico e fala.
— Quero sua carta de afastamento junto com suas desculpas
na minha mesa amanha cedo, se não estiver, vai ser além de exone-
rado, processado criminalmente rapaz.
Coelho viu que Sergio não iria pegar leve, sai pela porta e olha
para o policial a porta e fala.
— Me traz Kethen Souza.
Ele olha para os dois policiais a entrada e fala.
— Melhor amanha cedo, estar o pedido de transferência dos
dois para outra delegacia, e pode ter certeza, se não estiver na mi-
nha mesa, eu mesmo os transfiro para bem longe.
Os dois viram que agora tinha gente da delegacia que foram
tirados da cama chegando, tinha o Desembargador Silveira do Mi-
nistério Publico ali, e quando Kethen chega a mesa do delegado
apenas ouve.
— Podemos conversar Raiska?
— Acho que estou em pedaços ainda Delegado, estava pen-
sando em descansar um pouco.
— Sei disto, estou quebrado, estas coisas deixam os nervos
tensos, mas porque a moça voltou a vida na livraria?
— Bom saber que ela voltou, sinal de redistribuição de almas,
eu diria que algo não foi como narrei, mas tenho de considerar que
não entendo de algumas coisas.
— Quais? Pois sabes mais do que 99% das pessoas que co-
nheço.
— Conhece alguém que sabe mais, isto é interessante.
— Kethen, tudo que estes seres falam ser divino, para mim,
no meu entender, é apenas entre mundos, mundos para evolução.
— E porque teria esta certeza.
— Digamos que somente quem andou em Eon, sabe que os
seres ali, não tem cheiro de quem o fez. – Sergio sem entrar em
detalhes, recebe um sorriso e ouve.
— Sempre este seu cheiro de Eon, que não me deixa dizer
não quando me pede algo Delegado, mas falou em Nemahiah?
— Em outras palavras. – Sergio.
— Certo, mas o que quer saber?
54
— Porque senti paz, odeio sentir paz. – Sergio.
Kethen sorriu, outro maluco como ela, e fala.
— Tem coisas que temos de tentar entender Sergio, aquele
ser, absorvia existências, as tomando, o ser em si, quando me aper-
tou em suas mãos, me contou parte de sua historia, mas ali, tinha 5
historias paralelas, uma da senhora Alcântara, parte de uma Yabás-
Mi de nome Yolum, tinha ali as experiências de Margarida Soares, a
Meg, duas divindades sem sobrenome, Ágata e Brasa, todos no
mesmo ser, mas todos, estavam apenas pelo lado negativo, pelos
ódios, quando libertados devem começar a sentir os demais senti-
mentos, não apenas os ódios, mas tiramos dois seres daquela unifi-
cação estranha, mas temos de tentar os manter separados e ao
mesmo tempo, descobrir como separar os demais.
— Está dizendo que não é um ser, é uma soma de seres?
— Na verdade temos de saber qual dos três que estão lá, que
arquitetou contra os demais, pois é um ser, mas com sua existência
e a de 4 outros seres.
— E o que falou que tem certeza?
— Que nada, que é divino, se prende apenas a um ato, todos
sem exceção tem seu lado bom e seu lado ruim.
— Poderia ter um ser a mais? – Sergio.
— Tem de entender Delegado, pessoas frias, fazem seguido-
res, pessoas quentes, fazem seguidores, mesmo os inertes, podem
fazer seguidores, então as vezes, não é o ser, é os seguidores, rara-
mente um seguidor chega a oferecer sua própria alma a uma enti-
dade, então raramente verá um ser com 5 existências, pois é mais
pratico ter seguidores.
— Certo, quer dizer que podem existir seguidores.
— Sim, é nítido que os Coelho ainda estão sobre influencia,
mas não esquece, aquela escritora Curitibana teve aquela visão de
que Elizabet a partir de hoje, ela e Angélica nunca mais teriam de se
separar, mas o escrito é a partir do lançamento do livro, então já
tínhamos entrado neste dia, e a frase, é bem imprecisa.
— Dia Angelical? – Sergio.
— Sim, até o por do ultimo raio de Sol do dia que vai começar
a frente.
— Um dia interminável?
55
— Sim, um dia que pode nos tirar os ódios, ou ampliar os
ódios sobre nós, então como digo Delegado, apenas um dia a mais
na minha vida.
Ele a dispensa e Carlos vinha pelo estacionamento, e sorri de
a ver solta, sinal que algo mudara.
Os dois saem no sentido do sitio da moça.

56
Angélica olha para Elizabet e fala.
— Você está bem?
— Estranho como você voltando,
parece que tudo volta a acontecer, pensei
que não voltaria?
Angélica a abraça e fala.
— As vezes temo lhe perder.
— Não entendi o que aconteceu?
— Eu ainda penso sobre isto Elizabet, pois você viu aquilo, vi
uma moça de nada se transmutar a um ser superior, toda a dinâmi-
ca de um enfrentamento entre um ser que nos perseguia, e alguém
que normalmente não estaria ali.
— Corremos perigo?
— Não sei, e não vou abandonar você aqui para descobrir, da
ultima vez tive problemas em lhe proteger aqui, por curiosidade e
receito de aqui ficar.
— E quem estava ali.
— Duas pessoas que estranhei além do ser que nós definimos
por Ágata, mas nitidamente era algo maior, mas não sei, como pode
existir um coração que reage ao meio, com amor, com ódio, mas no
fundo, é gelado, sem um sentimento próprio.
— Acha que a moça não sente nada?
— Algo interno, ela estabelece um controle, que víamos ao
longe, todos a volta, congelando e ela apenas se mantendo, o ser
não tinha força para a atacar, então ele segurou pensando em gerar
uma reação, mas algo dentro da moça, não sentia o perigo, ao con-
trario da Livraria que ela se colocou com alvo, pois todos nós saímos
de lá fácil, porque ela se posicionou ali, como um escudo, não como
um ataque, mais a frente ela apenas deixou os eventos se manifes-
tarem.
— Não sabe quem o que é a moça, dizem ser uma artista
plástica da cidade. – Elizabet.

57
— Você pode ser muitas coisas, boa, má, escritora, professo-
ra, amada e amante, as escolhas são suas, mas esta Kethen falou
algo que me deixou preocupada.
— O que preocuparia você?
Amanda olha a forma carinhosa que Elizabet a olhou.
— Sua segurança é sempre algo que me preocupa, mas ela
tem razão em dizer, que nenhum ser, é de todo ruim, todo tem
bons lados e lados negativos.
— E porque ela diria isto?
— Porque para ser apenas um lado negativo, o ser teria de
não ter vivido, não em carne, sem mães, pais, existência, a existên-
cia nos dá as boas sensações, e para um ser como uma Guará ser
dominada por algo a ponto de lhe apagar suas boas recordações, a
ação do ser diante de quem seriam os filhos da senhora, foi de des-
prezo e ódio, ele teria de ter uma força tremenda para isto.
— E o que tem algo assim, como algo pode dominar outros
seres e não ter nenhum sentimento bom?
— Acredito que isto que a moça quer descobrir, e obvio,
quando se estabelece uma ligação de amor e ódio, com ausência de
sentimentos próprios, um enfrentamento simples pode se tornar
eterno, mas as vezes o inverso acontece.
As duas se abraçam, algo que era um reencontro, depois de
anos, um amor impossível, entre Angélica, o anjo(a) de Elizabet, que
por ela se apaixona. Uma historia que estava desde o inicio atraves-
sada pelo alerta a um outro Anjo(a), de nome Ágata.

58
Carlos olha para Kethen e pergun-
ta:
— Onde?
— Centro Cívico.
Carlos dirige para o local, madru-
gada, Kethen sai do carro e olha para a
rua, toca o chão, sabia que algo estava
solto, que tinha coisas que não entende-
ra, uma coisa era dizer, sentir, saber que as coisas não estavam cer-
tas, mas o que?
Carlos a olha e pergunta.
— O que aconteceu?
— Eu não sei que energia é esta, eu não sou o seu desafio, e
não entendo a estrutura de tudo, mas algo que não conhece a cida-
de, não conhece as regras locais, mas tem um poder de domínio,
talvez o cheiro na reitoria, inicial, aquilo que não entendi, um anjo
caído, mas um sem existência, um sem estrutura física viva, mas que
domina o todo.
— Não entendi nada?
— Carlos, este lugar teve um enfrentamento, se eu tocasse o
chão e fosse uma entidade, eu a sentiria, se fosse algo físico, deixa-
ria marcas, mas nem a grama o gelo queimou, se fosse energético,
poderia ter me matado, mas está naquilo que falo, algo está disfar-
çado, e este disfarce, pode estar ao lado.
— E como seria o disfarce?
— Não sei, não estava neste lugar.
Kethen olhando em volta, sentido o todo e sabendo que algo
dominara os demais e não deixara rastro, os pensamentos dela iam
ao que vivera, ao que sabia, e lembra das palavras da sua mãe.
“sinto como se algo grande estivesse na cidade, não sei o que
foi aberto... Caminhos abertos... mudança de foco, as vezes eles
usam algo para abrir uma mente, para dispor de um caminho todo
diferente”

59
Ela olha em volta e começa a olhar os dados, em sua mente, e
Carlos se afasta, sente ela mudar de forma, aquela forma não pare-
cia ela, mas ele a reconhecia na forma de Demons Pemba, ela olha
ele e gira o grande machado, acima da cabeça, Carlos olha a ima-
gem das coisas voltarem.
Pemba toca o ser e olha em volta e olha a energia a volta, a
grande energia não vinha do ser, vinha da praça, da negatividade da
praça, quando se sabe o que se deve fazer, lembra da confiança de
estar no caminho correto, quando alguém falou em Nemahiah, o
andar que ela acreditar ser o único de Deus, mandou a proteger, e
esta certeza a fez acreditar em estar no caminho certo, o ser pare-
ceu se perder, sem entender.
Carlos olha toda a ação e quando ela volta ao tamanho dela,
ele pergunta.
— Porque a senhora saiu sem se preocupar com os filhos?
Kethen olha para Carlos e olha para onde a senhora estava
caída, caminha até lá e os dois viram a marca de onde ela caiu, olha
a marca e abaixa-se.
Sente a energia, sente as existências e aquela energia, não
conhecia aquela, mas sabia que era aquilo que dominava, ou indica-
va o caminho, as vezes descobrir o inimigo é mais importante do
que entender o inimigo. Lembrou da sensação de que ele não era
um inimigo, o tempo inteiro, porque sentia isto quando o ser lhe
atacava, porque parecia que não entendera o que acontecia.
Aquela energia lhe dá uma paz, ela não gostava de paz, isto
que não fazia sentido, e olha para Carlos e pergunta.
— O que viu?
— Quase nada, parece algo para você, ou para iludir, ou para
a acalmar, não entendi.
Ela olha em volta e pensa no que estava acontecendo, olha
para Carlos e fala.
— O que entende disto Carlos?
— Sabe que sou apenas a parte legal.
— Quem dera fosse apenas isto, mas é algo que não percebi,
é algo que não consigo agredir, estranho pois me sinto estranha
diante de um ser que deveria me portar diferente.
— Porque acha que não percebeu algo?
60
— Quando eu cheguei a reitoria, eu parei no limite de ener-
gia, sem a sentir, mas quando toquei o chão, senti toda aquela
energia que cobria tudo, mas...
Kethen olha para Carlos e pega o celular e disca.
— Problemas Raiska? – Sergio ainda na delegacia, tentando
entender o que acontecera.
— Uma pergunta que não havia me feito, existe algo especial
entre as pessoas que pularam?
— Como especial?
— Eu lembro que entramos e saímos da reitoria, e eu não
olhei para onde os corpos estavam, não sei você Delegado.
— Acha que era para não olharmos?
— Todos vieram para mim, eles me deram atenção, ou era eu
ou você que não poderia ver quem morreu, cortinas de fumaça, e
aquele Paulo, filho da senhora, o que ele é?
— Acha que pode ter algo a mais?
— Entramos, algo havia invocado aquilo, mas lembra, ela
morreu em casa, e o evento era na reitoria, algo invocou aquilo e
não era a senhora, pois ela poderia ter deixado as instruções, mas
para quem ela deixou as instruções, porque morta ela não teria
como fazer a invocação.
— Tem certeza que não?
— Não, mas algo me passa paz, algo me parece invocado, al-
go me parece errado, e ao mesmo tempo, é uma energia que pare-
ce estar dentro da senhora, não entendi, preciso falar com alguém,
em não consigo pensar em alguém delegado.
— Acha que seu vô saberia de algo? – Sergio.
— Acho que não, pelo menos não vejo isto atravessando so-
nhos, ou realidades paralelas.
— E porque quer falar comigo?
— Paz, isto me remete a Anjos, e não entendo de Anjos, Ága-
ta é um conto sobre anjos caídos, não sobre entidades, porque não
consigo atacar o ser, porque sinto como se a melhor forma de en-
frentar fosse não fazer nada, e ao mesmo tempo, quantos teriam
morrido se não tivesse lá?
— E pensou nos mortos?

61
— Eliminando possibilidades, já que não vou conseguir dor-
mir, e preciso saber o que me liga a isto, você me colocou nisto Ser-
gio, você é ligação com o que?
Sergio viu os investigadores chegando, ele passaria as ordens,
e fala.
— Anjos.
— E porque pensou em mim, não somos íntimos, não sou a
pessoa que geralmente indicam para estes casos, tem aquele Fran-
cisco.
— Francisco foi ao Rio de Janeiro e está a procura de um ami-
go, não entendi, algo sobre Joaquim Moreira ter sumido.
— E sobrou só eu?
— Indicaria quem?
— Aquele João Gomes, Tudor de Buzau, Pedro Rosa, o Reta-
lhador, qualquer um, esta cidade tem gente para todo lado, tem até
aquele Jeferson.
— Acho que não tinha como conversar certas coisas, e não
entendi porque aceitou.
— Se me chamam a algo, eu me pergunto sobre o porque, e
tem haver com os Guarás, pois sonhei com eles todos bravos comi-
go, mas está onde Delegado.
— Ainda na 5ª.
— Me espera e vamos ver se temos algo.
Kethen olha para Carlos e pergunta.
— Acha que alguém na cidade entenderia de Anjos, que não
fizesse perguntas bobas?
— Sabe como eu, eu sempre falo, quer discutir anjos, o Dele-
gado é o caminho. – Carlos.
Kethen olha Carlos e vão no sentido da 5ªDP.
Sergio olha em volta e pensa em quem poderia ajudar e olha
para o investigador olhar a porta.
— Algo que nos dê um caminho?
— Não sei se é um caminho, mas como é coisa estranha, é um
caminho a pensar. – Rui.
— O que lhe fez pensar.

62
— Lembra o acidente a dois anos, na reitoria, que gerou a re-
forma, e a modernização da mesma, quando um avião entrou no
prédio, não lembro quantos mortos tiveram naquele dia.
— Lembro, mas o que tem haver?
— Tivemos 5 pessoas sobreviventes naquele dia apenas no
prédio de humanas, muitos morreram, mas das 5, uma é a moça
que virou pó e voltou a vida, 3 delas são os mortos a reitoria, que
pularam, se considerar que a quinta sobrevivente era uma estudan-
te de Historia, de nome Kethen Silva, pode ser um caminho.
Sergio olha os dados e fala.
— Tenta falar com o professor Carlos Pinheiro, sei que é uma
aposta fora do combinado, mas a direção da reitoria deve saber
como falo com ele, e se puder que ele colabore, sei que ele descon-
fia de todos, mas tenta.
— Quem é este?
— Apenas um professor de Matemática.
— E o que tem ele haver com isto?
— Apenas faz isto.
O investigador sai e olha para Kethen chegando com o advo-
gado, a secretaria anuncia os dois que entram na sala do Delegado.
Sergio olhava os dados e ouve.
— Temos de ter gente que nos dê um caminho Delegado.
— Estava pensando.
— Algo lhe fez pensar. – Kethen olhando a aura do delegado.
— Você que é a especialista nisto, o que estabelece o nascer
deu um Orixá?
— Deixar claro que chamo de Demon, mas porque quer sa-
ber?
— Estou tentando entender o problema, e como disse, não
existem seres apenas de uma tendência, todos tem o bom e o mal,
o que faria existir algo somente no mal? O que forçaria o nascer ou
surgir de um Demon como você fala?
Kethen estranha a pergunta.
— Acha que é algo assim que está acontecendo, mas não ou-
ve mortes suficientes, dizem precisar de mais de mil mortes, muita
dor, desestruturação, destruição, ou criação, ou nascimentos imen-
sos de algo para determinar isto.
63
— Mil humanos seria suficiente? – Sergio.
— O que está pensando?
— Trocando uma ideia, mas talvez eu a tenha colocado em
perigo, e não vou me ocultar Kethen.
— Eu em perigo? – Kethen sem querer esnobou.
Sergio pensa, não era uma certeza, mas um caminho.
— Tem de ver que estou tentando ligar peças, e sabe como
eu, que somente 5 pessoas escaparam da entrada a dois anos, do
avião no prédio da Reitoria, lembra disto?
Kethen foi a lembrança, muitas mortes, aquele avião entran-
do na parte alta, o instinto a fez recuar, alguns ficaram e viu amigos
morrerem com aquela gasolina caindo, ela queimou apenas o braço
enquanto saia rápido, e aquilo explodia as costas.
— Mas o que aquilo teria com isto?
— Não sei, mas dizem que almas que morrem em quantida-
de, tragicamente, ficam presas a estrutura que as matou, não sei se
isto é real.
— Muitas renascem, mas sim, algumas ficam.
— Onde foi o evento inicial desta vez, porque com tantos na
parte alta, apenas 3 dos sobreviventes, dos 5, caíram do prédio e
morreram, porque a moça que virou sal é voltou a vida, é a quinta
pessoa que sobrevive, e sem sentir, lhe atrai para lá, unindo todas
as peças no local?
Kethen entendeu onde estava a desconfiança do delegado,
fazia muito pouco sentido, ela tenta achar algo que não fosse nas
palavras, mas mesmo ela tentando negar, sabia que fazia sentido, e
pergunta.
— Mas o que o ser queria?
— Quem indicou o caminho para o Shopping foi você Kethen,
isto que o ser queria, ele não sentia a cidade, ele usou você como
canalizador, se alguém tem um lado todo bom, e um lado todo ne-
gativo, você precisa de um neutro para lhe mostrar o caminho, e
provavelmente o alvo é a moça ou aquela Angélica.
Kethen olha o delegado e fala.
— Vai com calma delegado, sem conclusões rápidas, elas po-
dem nos levar a caminhos difíceis.
— Certo, mas acha que não foi isto?
64
— Se estamos falando dos sobreviventes da Reitoria de dois
anos atrás, estamos falando de um evento que não sei quantos
morreram, não me parecia ter mil pessoas naquele prédio.
— Não foram pessoas apenas ao prédio, foram pessoas em
toda região, a faculdade que existia na rua paralela baixa, foram
mais de 250 mortos, no prédio da esquina, 178, na reitoria, 495, nas
casas a volta 175, no RU 47, 185 no avião, tem dados que não levan-
tei, mas os jornais locais falavam em mais de mil e duzentos mortos,
eu cheguei a 1332.
— Certo, o evento foi grande, só não teve tanta repercussão
porque pois houve outras quedas, outras coisas, mas seria um mar
de sangue, sabe que eu escapei porque dizem que nunca tive nin-
guém, eu apenas sai e subi a rua.
— Não é uma questão de julgar Kethen, é de acha o ponto de
ligação, sei que poucas pessoas saíram vivas dali.
— E pelo jeito acha que é o caminho.
— Sei que estou pedindo de mais, mas precisava de colabora-
ção Kethen.
— O que precisa?
— Que acompanhe dois investigadores na casa daquela Meg.
— Verifico.
Kethen olha o investigador Rui chegar e falar.
— Problemas delegado.
— Fala.
— Temos um comunicado dos vizinhos de Margarida Soares,
as poucas horas que deixamos ela em casa, eles reclamam de gritos,
de coisas assim e os policiais chegaram lá a pouco, dizem que aquilo
pode ser qualquer coisa, menos uma casa de gente normal.
O delegado olha o investigador e fala.
— Acompanha Kethen ate lá, tenta registar tudo, e manda
segurança para a região da casa de Elizabet.
— Já mandamos, mas parece tudo calmo lá.
Kethen sai e Sergio olha pouco depois aquele rapaz entrar e
olhar para Sergio e falar.
— No que posso ajudar Delegado.
— As vezes pode não ser nada, mas preciso saber, você con-
duziu pessoas para fora naquele dia, a dois anos, na reitoria – Sergio
65
olha em volta, ele não sabia como perguntar – sei que parece malu-
quice falar disto dois anos depois – Sergio olha o senhor serio, anota
um nome e fala - ...sei que estou enrolando senhor Carlos, mas viu
algo de anormal, naquele lugar, naquele dia, sei que é pedir muito,
pois deveria estar querendo sobreviver.
Carlos Pinheiros olha o delegado, estranhou ser conduzido a
delegacia, ele sempre achava que se metia em encrenca sem fazer
esforço, mas olha o senhor e pergunta.
— O que não consegue perguntar Delegado, pois não é uma
assunto para uma condução.
— Sei que não foi uma condução, eu preciso de colaboração e
as vezes realmente a folga nos faz os trazer a nós, mas é que esta
delegacia, que já foi a sexta, hoje é a oitava e tem dois delegados,
um cuida de assuntos normais, e eu, sempre por aqui, me metendo
em historias mal contadas. Mas você e o grupo por você induzido,
foram os únicos a sobreviver naquele acidente, e não sei se teria
noção do que seriam Eventos tipo Raiska, para a policia local.
Carlos se ajeita a mesa e olha em volta.
— Está achando que algo tipo Raiska pode surgir ali derivado
de algo que aconteceu no passado.
— A 2 dias, algo muito estranho aconteceu no prédio de hu-
manas, e sobre influencia de algo, 3 pessoas pularam pela janela.
Sergio olha para o senhor abrir a pasta ao lado e puxar um
computador pessoal e perguntar.
— E quem foram os mortos?
O delegado estranhou, mas olha para o rapaz e fala.
— Matias Silva Junior, Odete Richard e Paula Carla Romero.
Carlos coloca os nomes, sabia que Matinas Silva Junior, ti-
nham muitos, mas pergunta.
— O Matias estudava o que?
— Ciências Sociais, quer a identidade?
— Só um momento Delegado. – Sergio fica olhando Carlos
que olha para o computador e começa a rastrear os nomes na cida-
de, e chega as mortes, e aos documentos e as analises que cada um
delas tinha, mesmo ignorando que um dia eles foram analisados.
Carlos olha para o delegado e pergunta.
— Acha que é um evento tipo Raiska delegado.
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— Acabei de pedir para Raiska em pessoa olhar se um dos so-
breviventes, já que só sobreviveram 5 pessoas que estavam no pré-
dio, três morreram, uma é a própria Raiska e a ultima, tem algo que
não entendo, vi e não entendo.
Carlos olha Sergio e pergunta serio.
— Se Sergio Fuck não entende, que entenderia?
— Eu vi uma moça tentar agredir alguém, quando proibida,
ela se desmancha em sal, e quando ninguém estava olhando, ela
voltou a vida.
— Saberia o nome da moça?
— Margarida Soares, formada em Letras na Federal, uma das
sobreviventes do dia do fogo.
Carlos coloca no sistema o nome de Margarida e fala.
— Pelo jeito esta moça é parte do problema senhor Sergio.
— Porque?
— Nos registros federais, não existe uma estudante de Letras
de nome Margarida Soares, não em Curitiba.
— E como pode ter certeza disto?
— A dois anos, passamos uns perrengues em Brasília, mas sou
em parte um adendo do SNI, então temos acesso, mas alguém que
se passa por uma estudante de Letras, que não está no sistema, é
bom saber o que é, pior, ela passa como sobrevivente, e continua
ao lado, estranho.
— Me acompanharia a uma diligencia?
— Pelo jeito acha que é grave?
— Eu nunca sei, mas as vezes é deter casos neste ponto, onde
poucos perceberam algo, a melhor forma.
— Nisto concordo, mas não lembro muito daquele, eu tinha
perdido muito sangue, e sobrevivi por teimosia.
Os dois saem dali.
Kethen chega a casa, os policias olha a casa e a imprensa ao
longe, a fez pegar um boné, com Carlos, o advogado e olhar para o
policial e falar.
— Isola a região, as vezes é apenas falsa impressão.
Kethen chega a porte, os rapazes haviam arrombado, o baru-
lho não estava mais lá, mas os vizinhos falavam que estava uma
bagunça até eles chegarem.
67
Kethen olha para Rui e fala.
— Liga para o IML, mas sem fazer estardalhaço.
— Mas...
— Isto é um cemitério Rui.
Kethen olha Carlos, o advogado e fala.
— Me autoriza a entrar, mas se mantem longe?
— Não quer ajuda? Autoriza?
— Autoriza?
— Sim, mas... – ele ia falar algo e ouve com ela colocando a
mão na sua boca e falando.
— Sei que poderia me ajudar, mas tenta achar tudo que pu-
der sobre esta Margarida Soares.
— Desconfia de...?
— Que ela não tinha este nome e que algo está muito errado.
Carlos saiu, e olha o delegado chegando ao fundo, ele vinha
com um rapaz e Rui chega ao delegado.
— Não entendi, ela pediu para chamar o IML antes de en-
trarmos, e não vimos nada ainda.
— Como dizem, ela sente isto, mas chama e nos ajuda, algo
parece errado na historia.
O rapaz olha Kethen e pergunta.
— Esta é Raiska?
— Todos os documentos apontam apenas para Kethen Souza.
O rapaz chega a entrada e olha para dentro, e olha para
Kethen e pergunta.
— Carlos, e você?
— Kethen, quem é que o delegado lhe colocou nisto?
— Deve ser dificuldade por Francisco Pombo estar longe, Pe-
dro Rosa, longe, João Jorge Gomes, em uma viagem, acho que ele
não queria me por aqui.
— E o que acha que pode ajudar.
— Todos os registros apontam para que Margarida Soares
nunca foi o nome da moça.
— Acho que isso em si, já desconfiava.
— O que espera?

68
— A técnica, pois policia é muito boa em arrombar a porta,
deixar as marcas por todo caminho do corredor, e dizer que não
acharam nada e fizeram o trabalho deles.
Carlos olha o investigador Plinio, da outra divisão da oitava
chegar a eles e falar.
— O que acha que temos Raiska?
— Se não estou enganada, as marcas no chão, são sangue, se
não estou maluca, o cheiro, é para disfarçar, pois está encobrindo o
verdadeiro cheiro, uma casa térrea que parece que as tabuas de
madeira tem muito intervalo entre elas, passa luz.
— Isto não prova nada.
— Eu não entrei pois depois dizem que matei alguém. –
Kethen olhando o rapaz.
Ele começa a entrar, eles isolam e o rapaz viu que a tabua era
sobreposta a outra, e que conseguia as tirar, ele olha para a parte
abaixo da escada e afasta uma tabua, e começa a tirar calmamente
as tabuas e sentiu o cheiro vindo da parte de baixo.
Olha para baixo, e põem a mão no nariz e olha o rapaz do IML
chegar, pensou que era tirar um corpo, mas eram muitos, e com
calma ele olha a casa, não tinha geladeira, não tinha fogão, apenas
um chuveiro ao fundo, olha para a pia, passa a mão e tinha poeira
na mesma, um quarto com uma cama arrumada, olha para o fundo,
não tinha terreno, apenas um recuo de um e meio de começava um
sobrado, parte de baixo isolada, e tudo a volta, não diria que al-
guém morava ali.
Rui olha Plinio olhar para ele e perguntar.
— Perguntou aos vizinhos se ela morava aqui mesmo?
— Sim, morava, saia sedo e voltava tarde, mas sempre bem
discreta, apenas esta manha ela estava impossível.
— Não entendi nada. – Plinio.
Plinio caminha até a parte onde o delegado Sergio estava e o
delegado Santos, e fala.
— O que temos aqui Sergio, aquilo parece qualquer coisa,
menos uma casa, pelo pouco que consegui ver, tem mais de 20 cor-
pos ali, não sei quantos tem ao todo, mas ninguém mora em uma
casa que não tem gás, não tem geladeira e fogão, e mesmo a cama,
parece arrumada de mais, e com restos de poeira sobre a cama.
69
Carlos Pinheiro sai da porta e olha para o delegado.
— Isto parece um serial killer, não um problema tipo Raiska.
Sergio olha para Kethen, ela falava ao telefone, não sabia com
quem, ele pensava, um Serial Killer feminino, era algo que nunca
encontrara na cidade, Kethen desliga o celular e olhar para ele que
olha Carlos e fala.
— Preciso de uma confirmação da própria, para afirmar isto
rapaz, alguém vivia ali, saia, matava e voltava, poucos viam pessoas
estranhas na casa, e preciso saber, onde está esta pessoa.
Kethen olha para Rui e pergunta.
— Quem é este Carlos?
— Não entendi, Carlos Pinheiro, não sei quem é, professor de
Calculo, da UFPR.
Kethen busca na memoria quem ele era, certo, “Homem Inte-
ligência” a sua frente, ela toca o chão e olha em volta, Rui que esta-
va próximo sentiu aquilo lhe atravessar, olhando em volta, Kethen
de olhos fechados, ele sente aquele mal estar, era uma energia ne-
gativa demais, e quando ela abre os olhos Rui fala.
— Sentiu como isto?
— Um mal estar, uma sensação de vazio, de que todos ti-
nham de pagar, não sei, pensamentos bem ruins, sensações ruins,
tudo muito estranho.
Kethen não parou para falar com o delegado, ela começa a
descer a rua, o investigador a acompanhou e Carlos olha para o
delegado.
— Acha que ela consegue fazer algo, parece frágil. – Carlos
Pinheiro.
Sergio não respondeu, fez sinal para um carro seguir ao longe
a moça e Rui e olha para o Delegado Santos.
— Não sei o que se tem nesta casa, mas estamos levantando
os documentos da moradora e parecem ser falsos, se tivermos uma
assassina em serie, temos de saber quem ela é ao certo.
— E como chegou a este local?
— Vamos por nos relatórios, mas algo esta acontecendo, dei-
xa eu andar.
Carlos acompanha, ele não parecia acreditar que aquela moça
era Raiska.
70
Talvez as definições de inteligência e de violência da moça,
além das de força e o destaque em atividades criativas, pareciam
não encaixar naquela moça, não para Carlos Pinheiro.
Sergio entra na viatura e enquanto os corpos começavam a
sair da casa, Raiska caminha no sentido da reitoria, Raiska tinha
descido no sentido da reitoria e olha para o local onde vira os seres
a cercar, ela olha em volta e fala.
— Eles não me queriam vendo os mortos.
— Acha que tem relação?
— Quem nos segue, tirou até o reitor daqui, então quando se
fala que só sobrou 5, estão falando do prédio de humanas, o avião
entrou direto e a gasolina altamente inflamável já caiu explodindo e
queimando todos.
— E como você saiu.
— Se fosse fácil me matar já estaria morta.
Ela olha em volta e Rui para e fala.
— Algo me barrou.
Raiska não ouviu, pois acabara de entrar em uma bolha de
energia, mas viu o rapaz parado, como se algo o detivesse.
Ela sente a energia, dois rapazes chegam e tocam aquilo, es-
tava bem ao centro do pátio da reitoria, ela olha para Rui e faz sinal
para ele afastar os demais.
“Chegou o primeiro alvo!”
Kethen olha a moça a frente e fala.
— Alvo, vai atirar em mim?
“Vou lhe estraçalhar!” – Fala o ser bradando, não se ouvia,
mas era obvio que aquele dilatar da energia, que começava a ficar
visível mesmo de dia, era algo estranho.
— Se é apenas isto que quer, está esperando o que?
“Eu quero gente assistindo eu destruir a lenda.”
— Lenda, não entende o que é ser lenda.
A moça começa a mudar de forma crescendo, indo para a
forma de um ser grande, sem cor, absorvia a luz em todo, mas se via
o contorno dele, contrastando com o fundo.
Ao fundo chegava Sergio e Rui falou que algo a isolou, e Car-
los olha o ser dentro, tenta sentir o lugar, e tenta calcular na mente
o que era aquela interação, faltava dados, mas ele olha para a moça
71
e pensa que esta não iria durar muito. Ele senta-se ao fundo e fica a
olhar para o evento, viu Sergio chegar perto e os olhos de Kethen
foram aos dele e ela fala lentamente.
“Tira Carlos Daqui, agora! Angélica.”
Carlos olha para o delegado, ele entendera e fala.
— Porque?
— Não sei, vamos.
— Mas...
— A hora que um Tranca Rua for problemas para ela, não se-
ria Raiska.
O ser solta umas raízes da mesma matéria que ele, e estas
avançam no sentido de Kethen que sente o ser lhe tocar e apenas
não reage imediatamente, obvio que era um enfrentamento, as
pessoas a janela olhavam aquilo, os policiais isolavam o local e o ser
olha a moça sumir em seus galhos, agora ele só a sentia ali, ele ten-
tava apertar ela, mas Kethen não reagiu.
Kethen cercada por aquilo, tenta entender a energia que a
cercava, parecia algo intangível, não havia força, apenas intensão de
absorção, mas ela não iria por este caminho desta vez, se fecha em
si, os braços estavam apertados e sente aqueles galhos lhe levanta-
rem e olha a parte alta dos galhos saírem de sua cabeça e olha o ser
a frente.
“Pensei que fosse mesmo forte” – O ser.
O delegado sai dali com dois o seguindo no sentido da casa da
moça, estavam a meia quadra e o carro parece entortar a frente,
parado como se batendo em uma pedra, os dois seguros pelos cin-
tos, saem assustados, e olham para a casa ao fundo, e Sergio olha
em volta e fala.
— Como ajudamos?
— Um momento. – Carlos que bate os dedos como se con-
tando e calculando e toca a cúpula e faz um sinal nela e o delegado
sente a mesma passar por eles, e os dois estavam para dentro, não
se ouvia o som do lado de fora.
Sergio olha para o lado oposto e viu o delegado Guto chegar e
olhar para eles, ele queria entrar, mas não conseguia.
O delegado entra por uma porta e Carlos ao lado de fora olha
em volta e pensa no tempo e bate no dedo, sente tudo parado e
72
entra na peça, ele olha as pessoas amarradas e um rapaz com uma
faca a mão, eles iriam cortar as duas, mas não entendeu o que era o
ser ao lado da moça, ele apenas pega a cadeira da primeira e leva
para fora, encosta na proteção, depois volta e pega a segunda e faz
o mesmo, e quando ele bate no dedo, vê Guto, olhar para ele, ele
faz um sinal e as duas saem da proteção e ele apenas pensa, pois
teria de voltar.
Ele bate no dedo e volta para dentro e olha para o delegado a
ponta e duas pessoas estranhas.
O bater no dedo fez vir o som do Delegado falando.
— Todos parados.
Todos olham para Sergio e um ao fundo olha para Carlos, es-
tranho como o som os trouxe para o lado oposto e não para as duas
pessoas presas que haviam sumido.
O ser estranho olha Carlos e fala.
“Me deve 300 almas além da sua!”
Carlos sorriu e falou.
— Algo que possa pagar, isto está além do meu poder.
Sergio estava com a arma apontada e um deles faz um gesto
com a mão e Sergio foi jogado a parede, e obvio, dois tiros saíram e
foram a parede ao fundo, como se os atravessou sem sentir.
Carlos olha para o ser e fala.
— Um ser se achando grande coisa, mas o que é você?
O ser vez o gesto, que jogara Sergio a parede e apenas olha o
rapaz mudar de lado, na peça, e aquilo acertar com força a parede
oposta, e olha para Carlos olhando ele de outro ponto.
“Acha que não vai me servir escravo!”
— Teria de entender, eu já sou escravo, não posso ter dois
donos senhor sem nome!
Ele olha o ser ir para o rosto da senhora Maria Firmina, ele
não a conhecia, mas aquela aura, ele conhecia, e não era algo nor-
mal algo ir do etéreo para o físico assim.
Matemáticos as vezes se perdem nos cálculos, tentando pen-
sar algo, mas a moça chega rápido e lhe ergue pelo pescoço e fala.
— Acho que não entendeu, eu mato outros donos.
Carlos sorriu, pois ele achava improvável isto, e olha a senho-
ra e fala.
73
— Sabe que já não é isto, você abriu mão de ser a líder de
uma matilha por algo, mas o que quer com nós?
Ela olha em volta, iria dizer que ele não era o alvo, e o olhar
aos demais foi de pergunta de onde elas foram parar, e olha Carlos.
— O que fez com meus alvos.
— Não sei quem é você para você achar que algo é seu, eu sei
não ser, pelo pouco que entendi, você não tem nem chance de ga-
nhar, pois estaríamos com intervenções maiores.
O ser com aquele rosto olha a porta e viu o delegado entrar
apontando a arma, Delegado Guto, Carlos não conhecia, mas ao
lado dele estava um rapaz, que olha a moça e fala.
— Em nome de quem você acha que fala moça? – Evandro.
O ser parece mudar de forma, e olhar em volta e fala.
— Acho que não sabem, você são vermes.
A moça arremessa Carlos a parede e ele bate ao dedo, e o
tempo para, ele não sabia o que ela iria fazer, mas chega ao canto e
ajuda o delegado Sergio e ele apenas bate no dedo de novo e viu o
ser lançar um ataque sobre o rapaz, que apenas cresce, e se viu as
correntes do rapaz a cercar o ser que fala sem sentir.
— Desculpa Ogun, não sabia que eram seus.
As correntes apertam o ser, ele olha como se pedindo cle-
mencia, Evandro amolece as correntes e os dois seres as costas e a
moça agora com chifres e com uma cor esverdeada somem.
Carlos olha para Evandro sair sem falar nada e olha para Ser-
gio sem entender.
— Temos de as proteger. – Augusto dos Anjos.
— Quem é você? – Carlos.
— Seus cálculos chamariam de infinito.
— Mas o infinito não teria tamanho.
— Ele não o tem, mas o que eram estes seres? – Sergio.
Guto sai e olha para Evandro olhando para a proteção e ape-
nas dilata as correntes que a tocam em todos os sentidos e absorve
aquela energia.
Angélica olha o rapaz e olha o delegado.
— O que esta acontecendo?
— Não sabemos, mas na casa de Meg, o delegado Silva já ti-
rou mais de 40 corpos até agora.
74
— Mas como, ela era legal. – Elizabete.
Na reitoria, o ser sente o chegar dos demais, entrando na
proteção e a moça olha para o ser e fala.
— Porque não a destruiu ainda?
— Ela não me ataca.
— Mas ela não precisa lhe atacar para você a destruir.
Ele solta os galhos e Kethen cai de pé, olha os três a mais ali,
muita gente olhando em volta e a policia tentando manter longe.
Kethen sente o ser na forma de uma moça, verde de chifres,
lhe olhar e correr para ela, o que eram braços se tornam estacas e
Kethen apenas fala.
“Que seja o que o eterno quer!”
A moça tenta fincar lateralmente as duas estacas, sente as
mesmas quebrarem pelo choque violento e olha Kethen a olhando.
— O que fiz de mal a você Meg?
— Me tornou sal.
— Não seja boba. Aquilo nem lhe aranhou.
— Você é parte do que não morreu, eu parte do que desper-
tou com as mortes, você será minha, assim como aquele Carlos, e
quando tudo estiver no lugar, vou conquistar a paz, através da alma
de Elizabete, e você não vai me deter.
O ser abraçava com todos os galhos que cresciam a volta,
Kethen olha para os demais, as vezes temia não estar no caminho
certo, mas olha uma moça do lado de fora, não conhecia, ela apenas
olha para cima e enquanto poucos a olhavam, ela toca a proteção e
sente a energia correr a toda volta e fala.
— Acho que estão atrapalhando outros.
— O que esta moça acha que é? – O ser que prendera Kethen
e parecia frustrado por não conseguir a agredir e sente a energia e
puxa a moça para dentro, e a mesma olha para Kethen.
— Esta bem moça? – Amanda.
— Eles não precisam de mais força moça, sei que me parece
conhecida, mas acho que não é hora de os dar força.
— Tem de entender de mortos moça, estes ai, não tem como
absorver a força dos mortos, pois isto, os mataria.
Kethen não entendeu, e a volta de Carlos e Sergio, e ao lado
Angélica e Elizabete, estabelecia que algo acontecera.
75
O ser que puxara Amanda para dentro começa a soltar os ga-
lhos negros e olha para a moça olhar os galhos, os medir e o que era
uma moça, sacode a cabeça e fogo surgiu sobre sua cabeça, sobre
seus ossos, naquela caveira incandescente, os braços estalaram e
correntes se formaram e o ser que achava que a moça não sabia o
que estava fazendo, o puxa para perto, ela em fogo, ele em ausên-
cia de energia, o ser queria absorver o calor do fogo, a força das
correntes e olha para Kethen e fala.
— Um dia isto teve utilidade?
O ser achava estar absorvendo a energia de Amanda, agora
na forma do Motoqueiro de fogo, com seus braços de correntes
incendiarias, mas a energia era dos mortos, a força dele era dos
mortos, então ele começa a sentir a cor mudar, ele foi adquirindo
cor e quando ele chega ao branco, muito claro, explode.
A energia se espalha na bolha e aquilo fica visível, aquela cú-
pula, agora branca.
Um dos seres sente que a bolha agora pertencia a moça e fa-
la.
— Não serei escravo na vida.
Kethen olha Amanda voltando ao seu tamanho, e dar um pas-
so ao fundo, saindo da bolha, todos viram o delegado Sergio a cobrir
com seu paletó.
Kethen olha os três seres, um o abraçava, achando ser mortal,
e apenas sente agora fora dos olhos, Kethen ir a forma de Demon
Pemba, o ser mesmo sem sentir, com o crescer de Kethen, agora
como Demon Pemba, o soltou, e os demais tentam recuar, e ela
pega o machado e atravessa a moça de cima para baixo a dividindo
em dois, os dois seres olham assustados e um fala.
— Não pode nos matar, é pela vida.
— Eu não tenho como matar uma alma.
Os dois viram ela tocar na energia as costas, e a puxar violen-
tamente e viram o bolha encolher, todos externamente a bolha,
viram a mesma passar por algo e surgir ali, Demon Pemba em carne
e osso a beira do que era uma bolha, Carlos olha para Evandro che-
gar ao local onde ficou aquele pequeno globo branco, e com suas
correntes o levanta e aparta, e os demais viram a bolha sumir e
olham em volta, e ele olha parar Kethen, mudando de forma.
76
— Sabe que eles eram escravos.
— Sim, mas não sinto quem os comanda?
A tarde avançava, e Evandro olha ela e fala.
— Quem é não sei, mas está chegando.
Sergio viu um carro grande parar ao fundo e um senhor ser ti-
rado de cadeira de rodas do lugar, Kethen olha Roberto, ele olha em
volta, não parecia interessado em outra pessoa, Kethen deixa o
corpo voltar ao normal e ela surge em pelos na reitoria.
Roberto a mede e fala.
— Acha que desisto assim?
Todos sentem a energia a volta e olha para todos, e sorri.
Ele se levanta da cadeira crescendo, Roberto a olha e fala.
— Se não a terei, ninguém a terá Raiska. - Evandro recua de
costas, deixando as suas costas Elizabete e Angélica, ele olha para o
céu e olha para Sergio.
— Falta quase uma hora para escurecer ainda.
Carlos olhava a moça agora nua ao centro, vira ela com aque-
la forma masculina, e agora via um senhor que nitidamente tivera o
corpo queimado pela metade, tomar o tamanho de um demônio,
alguns o chamavam de Exu Encruzilhada. As costas de Kethen, Car-
los Silvio, o advogado e amigo, a toca os ombros, ela sem o olhar,
olha o vestido a mão dele, o coloca e olha para Roberto.
— Acho que está sempre escolhendo os aliados errados. –
Roberto olhando em volta.
Angélica sente aquela presença negativa, Roberto sorri e olha
para aquele ser surgir em nevoa.
Kethen fez cara de quem não estava feliz, Angélica as costas
de Evandro fala.
— Ágata, ela não vai desistir.
A nevoa surge a frente de Kethen que olha em volta e sente
Carlos, o advogado tocar seu ombro e olha em volta, o carro ao
fundo, ainda tinha alguém, os olhos de Kethen foram aos de Sergio,
que olha para o carro ao fundo, Carlos Pinheiro recuava, e Amanda
olha para onde o delegado olhou, pois ela não sentia mortes a fren-
te, e sim as costas, e olha para o carro, ela com calma sobe as esca-
das do prédio ao fundo, de costas, dando a impressão de que saia
de campo.
77
Kethen olha o ser em nevoa e olha para ele e fala alto.
— Sabe o que estranho Ágata?
O ser em nevoa olha para Kethen.
— Agora quer conversar?
— Eu não sei você, mas acho cômico estes humanos, que
acham que conseguem fazer os Kiumbas fazerem o que eles que-
rem, não entendo.
— E acha que sou um Kiumbas, não entende nada.
Roberto, andava para frente, indo de encontro de Kethen, ela
ainda estava na forma da moça que lhe encantara, ele sabia que ela
não se revelava fácil, que teria de judiar muito para ela se mostrar,
mas o ciúmes de ver Carlos ali, parecia o tirar toda a ciência de que
tinha uma missão.
— Acha que vou lhe deixar com este dai?
A nevoa negra toma a forma de Ágata, ao lado de Roberto
naquela forma.
— Não vai chamar a esposa para a farra? – Kethen olhando o
senhor naquela forma de Encruzilhada.
Ele olha o carro, era obvio que tinha algo ali, Kethen e seu in-
crível nariz para perfumes, sejam os bons ou ruins.
As costas de Evandro, ele vê aquela moça, Luana, ele se dis-
trai, talvez ele não entendesse o poder de alguns, e quando ele atra-
ído pelo som da conversa a frente, olha para os dois seres cercando
Kethen, ouve um grito de não, de Elizabete, ele não entendeu até
sentir a faca lhe atravessando, e os olhos assustados de Elizabete e
o sumir dali de Luana, traições, isto que os seres ao cento pareciam
despertar, as lagrimas de Evandro caindo, sentindo o coração parar,
lembrando do pequeno João, de Jessica, ele fecha os olhos, sente a
luz o cercar e todos, mesmo a senhora no carro, olho o ser que pa-
recia uma representação que ela diria do mal, ser abraçado por uma
luz tão forte, que mesmo no fim daquele dia, ficou muito visível.
O delegado chega ao lado, e olha para os dois seres avança-
rem no sentido de Kethen, Amanda vendo o professor de calculo
cair, chega ao carro, toca com as correntes e viu duas pessoas sain-
do dele, que começa a pegar fogo, olha aquela senhora, Angelica
entendeu de onde vinha o rosto que conhecia de Ágata, a senhora
não era jovem, deveria ter uns 60 anos, mas as marcas da vida e do
78
tempo estavam ali, ele olhava Kethen com ódio, e olha Amanda com
raiva andando de costas.
O carro pega fogo e os olhos de Ágata vão a Amanda, e ela
recua indo no sentido da senhora, como se precisasse a proteger e
olha Amanda, e fala.
— Acho que não entendeu o problema de nos enfrentar.
— Acho que você não entendeu moça.
— Eu não posso ser morta, eu já morri moça.
Ágata olha como se fosse uma grande coisa, e todos olham
aquele chão vermelho correr e Angélica olha o espectro olhar para o
chão e assustada e falar.
— Não é justo.
A cor vermelha corre cobrindo Ágata e todos veem o brilhar e
sumir a o ar daquele ser, os olhos de Amanda vão a senhora que
começa a recuar. Aline ao fundo, olha para Amanda que evita sorrir,
alguém que estava a frente do DCE, do outro lado da rua, apenas se
passando por curiosa.
Roberto como Exu Encruzilhada, olha Kethen, vendo que ela
se mantinha, mas ela esperava ele atacar, e no lugar de atacar
Kethen ele ergue pelo pescoço Carlos, o ser não sentia a esposa
recuando, mas olha para os olhos de Carlos, mudarem, ele não en-
tendeu até sentir o ser por as garras de unhas cumpridas, no seu
braço, olhando ele com aqueles olhos de caveira, de cima para bai-
xo crescendo e olhando para ele serio.
— Não o autorizei a se manifestar Encruzilhada.
O ser olha assustado, o delegado ao fundo nunca vira Carlos
reagir, nunca vira ele como ele estava, chama uma ambulância, mas
quando o paramédico atendia Roberto olha em volta, não acha o
carro, não acha a esposa, olha-se sozinho, sente a falta de força e o
ser lhe ergue e coloca na cadeira.
— A próxima vez, não terá a chance de sair Encruzilhada. –
Carlos naquela forma que nem Roberto havia visto.
Ele vê o medo naqueles olhos e a ambulância saindo ao fun-
do, era os custos de coisas assim, as vezes as pessoas vem ajudar e
acabam se dando mal.
Carlos Pinheiro olha para Sergio e fala.

79
— Eu estava enganado, era um evento Raiska, mas não en-
tendi, o que aconteceu com o rapaz.
— A moça disse que uma outra moça que ela não conhece o
esfaqueou pelas costas.
— Risco?
— Sim, de uma criança crescer sem pai.
Roberto volta a seu tamanho, com dificuldades, senta-se a
cadeira, ali, sozinho, vendo os demais olharem ele.
Kethen olha para Carlos voltar ao seu tamanho e falar.
— O que está errado?
— Não vi tudo para opinar.
Kethen olha a senhora bem ao fundo entrar em um taxi e su-
mir e chega a frente de Roberto, agora frágil na cadeira de rodas.
— Sei que não escolho meus aliados, mas não sou escravo de
um Kiumba qualquer.
Carlos ajeita a calça laceada e a camisa esfarrapada, olha no
que se tornou o terno e fala.
— Sacanagem, tinha de ter pego o mais barato hoje.
Kethen chega a Amanda e pergunta.
— Quem os alertou?
— Evandro, mas parece que alguém aproveitou a confusão e
o acertou.
— Como algo tão forte pode ser atingido tão facilmente.
— Não sabemos, mas espero que ele se recupere, pois muitos
estão se afastando, muitos enfrentamentos acabam gerando muitas
perseguições.
— Agradeço terem vindo. – Kethen.
Amanda sai dali, e Carlos Pinheiro a mede e olha um moto-
queiro parar ao fundo, ela subir e sumir dali.
Angélica sorri e abraça Elizabete, parecia ter acabado.

80
Uma semana e um dia após, estão
todos saindo de uma igreja, na região do
Alto Boqueirão, e a tristeza aos olhos de
Jessica a ponta, pareciam dar o clima,
Evandro fora enterrado a 7 dias, estavam
na saída da sua missa de sétimo dia,
Kethen ao fundo olha a moça sair, Carlos
ao seu lado.
— Uma guerreira sem seu coração, não sei o que falar?
— Poucos conhecem esta moça Kethen, mas ela está com
uma criança pequena a cuidar, não sei como as coisas vão caminhar.
Jessica sai da igreja, olha para os demais, pega o filho no colo
e apenas caminha a avenida, ela parecia querer ser forte, e sabia
que esta perda, lhe tirara as pernas.
A delegacia de homicídios tentava identificar os corpos acha-
dos na casa, os vestígios do enfrentamento, comparado a outros,
bem modestos, mas Carlos Pinheiro que acompanhava ao longe ao
lado do Delegado fala.
— É sempre assim?
— Foi bem calmo desta vez.
— Pior que estava pensando, as pessoas que enfrentam isto
na cidade, passariam desapercebidas, estranho como seres femini-
nos tão lindos podem ser a força da cidade.
— Não temos motivos de comemorar, todo enfrentamento,
gera mortes, todo caminho sendo traçado entre o bem e o mal, mas
perdemos um grande guerreiro as ruas nestas batalhas.
Carlos não conhecia o rapaz, vira pouco, mas fica pensando
no que não se via naquela cidade, ele que gostava de calcular as
coisas pelas frequências, olhava as pessoas ao longe.

81
Dois dias depois o delegado Santos,
estava fazendo o relatório dos corpos
encontrados naquela casa quando o in-
vestigador Plinio entra pela porta.
— Problemas?
— Não sei senhor, mas...
— Mas?
— A policia está fechando a Vicen-
te Machado, pois dizem que os mortos da casa se levantaram, e
saíram agredindo todos, eles estão os abalroando?
— Manda reforço, liga para Sergio, não sei, Mortos Vivos? – O
delegado tentando entender.
— Não sei.
Os mortos começam a sair a rua, a policia cerca eles, mas eles
avançavam lentamente, recebendo os tiros e continuando a andar.
Kethen chega ao local, ao longe olha os mortos, não eram
muitos, mas como eles avançavam, eles estavam mortos, algo os
estava induzindo, e olha em volta.
Kethen olha a toda volta, tentando entender o que estava
acontecendo, e sente a energia.
Ela pensa, e caminha pela rua no sentido oposto, dando a vol-
ta a rua, e aparece na parte oposta e fala alto.
— Me procurando?
Os policiais que estavam com os mortos quase neles, olham
os mesmos ouvirem a voz e se voltarem todos para Kethen, Sergio
que chegava a região, olha para os seres que embora não caíssem,
pareciam lentos, e andarem juntos, se virarem muito sincronica-
mente e olha para Rui.
— Quem os comanda?
Kethen se abaixa e toca o chão, estavam em plena tarde e ela
olha os policiais.
— Afasta os curiosos.
— Mas...

82
O policial viu aquela nevoa chegar ao local e ir no sentido dos
seres, o lixo a rua pareceu se juntar e ir no sentido deles, e um ser
em lixo, plástico, restos de folhas, se forma ao centro, um ser com
mais de 6 metros, e mesmo lentamente avança no sentido de
Kethen, que olha para o entorno e começa a andar no sentido do
ser, todos fugindo e aquela moça caminhando no sentido daquilo.
Ao fundo Carlos Pinheiro chega e apenas olha aquilo, ele para
a beira da policia e bate um dedo no outro, ele olha em volta, pois
algo estava errado, o tempo para e ele olha com calma, para todos
os lados.
Carlos olha ao fundo a moça da moto de dias antes, olha para
Kethen e olha para uma moça, tentava achar aquela moça na lem-
brança, sabia que conhecia, até achar a moça de negro na igreja.
Ele caminha até um prédio alto e bate no dedo novamente.
Na parte baixa Kethen caminhava no sentido do ser.
Kethen olha o ser e fala.
— Acha que sozinho pode comigo Roberto?
Sergio na entrada, estranha, mas olha o ser olhar em volta e
falar.
— Cada vez que colocamos alguém no seu caminho, reduzi-
mos o seu apoio, uma hora não terá alguém para lhe defender. –
Roberto olhando em volta, e se viu dois espectros a mais chegarem
ao lugar, e se viu algo parecido com Ágata, e algo parecido com um
dragão o lixo e coisa pareceram acelerar no sentido dos seres para
lhes formar um corpo, e os mortos a baixo caminhavam junto.
— Verdade, cuidem das costas pessoal. – Kethen falando para
todos olharem, mas principalmente para Roberto, naquela repre-
sentação que estava cada hora mais parecida com um Tranca Rua.
Na cabeça de Kethen vinha a pergunta, o que é isto a frente,
e olha para Sergio ao fundo, pega o celular e fala.
— Manda cuidar dos demais Sergio, tem algo errado.
— Quem?
— Não sei, tem mais alguma coisa estranha por perto, cuida-
do com as costas.
Kethen senta as energias e os cheiros e olha para um prédio
ao fundo e termina.

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— Alerta aquele Carlos Pinheiro, ele está no prédio que vai
surgir algo.
Kethen desliga e Sergio liga para Carlos e fala.
— Onde está Carlos.
— Olhando de cima do prédio da esquina.
— Ela alertou que algo vai surgir no prédio que está, não sei o
que, fica atento, pode ser algo perigoso.
Carlos olha em volta e olha aquela moça sentada e por um
segundo pensou em a alertar, mas ela estava a uns 20 metros, mais
para a ponta oposta que chegara ao teto, ela olha para ele e seus
olhos brilharam, e Carlos sente a energia e pensa no prédio abaixo
dele, bate o dedo no outro, e desce rápido, um prédio comercial,
ele chega em baixo e olha para o delegado e quando toca o dedo,
olha para traz e para o delegado de novo e sente a poeira subir,
com o prédio caindo, parte dos policias a rua são atingidos, o prédio
cai isolando os policias de um lado, das criaturas que avançavam no
outro sentido.
Kethen olha para aquela moça ainda acima, como se não esti-
vesse lá, e pensa no que era aquilo, ela derrubara um prédio para
isolar parte da resistência.
Kethen pensava, estava a poucos metros dos seres e começa
a mudar de forma para Demon Pemba, e olha 3 grandes bonecos
passarem por ela, e avançarem, chutando os mortos que vinham e
um segurou o dragão e dois tentaram barrar os dois seres a frente.
Um dos bonecos sente o Tranca Rua o segurar com força e
começar a esmagar o mesmo, Roberto dentro do Tranca Rua olha o
ser e fala.
— Acha que vou deixar vocês vivos?
O boneco se abaixa e dilata o corpo o afastando do ser, se
desprendendo e dando o primeiro golpe no Tranca Rua.
Um outro boneco paga o dragão e joga ele para cima, e a bai-
xa da calçada, aquelas correntes de fogo o fazem pegar fogo, o ser
em nevoa volta a puxar mais lixo e se refaz.
Amanda ao chão olha para o céu e dois dragões de fogo se
formaram e começam a cuspir fogo nos seres ao chão.
Kethen na forma de Demon Pemba sente aquela moça a fren-
te jogar o boneco para longe e a abraçar.
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A senhora olha para Demon Pemba com raiva e fala.
— A galinhazinha vai virar passado.
Kethen sente o ser lhe apertar e lhe esquentar, começando a
lhe passar calor em grande quantidade.
Kethen estava pensando em o que fazer, e sente aquele gelo
subindo em tudo, e olha em volta, não entendeu, mas o ser a frente
olha em volta e tenta achar quem lhes tentava congelar, já que via
dragões de fogo ao ar, via os grandes seres, ignorando serem ape-
nas bonecos.
— Não vou perder esta chance. – A senhora mudando de
forma, Kethen entendeu que eles não estavam em carne ali, então
não teriam como os atingir.
O pensamento de Kethen chega a Jessica ao fundo, ela ainda
estava apenas tocando o chão e afasta as mãos, e em meio a des-
troços, separa as pessoas e os restos, afastando os restos, e as pes-
soas feridas e no meio da poeira veem o prédio se erguer novamen-
te, voltando a posição, mas sem Jessica olhar em volta, apenas sen-
tido o meio, ela era alguém ao fundo.
Sente o ser que agora estava novamente sobre o prédio, que
se erguera, pois ele o tentara derrubar, olha para o meio e sente as
energias da moça entrarem em controle, estranho como algo como
aquilo tinha força.
“Eles tem de ver para controlar?” – Jessica perguntando para
Kethen, mas para seu interior também, e a resposta dupla foi sim, e
os olhos de Jessica olham as câmeras de um dos lados e elas estou-
ram, depois começa a olhar os prédios que não caíram, mas que
estavam por ali e viu sobre o prédio do IML um brilho, tenta não
olhar, mas continua a sentir o frio do chão, que começa a subir pe-
las paredes do prédio.
Roberto e a esposa olham o chão os segurar e ela grita.
— Não vou morrer.
O grito saiu por duas bocas, e Kethen entendeu onde a se-
nhora estava, mas ainda não sabia quem era, e quem era a moça
sobre o prédio.
A duvida foi a mente de Jessica que olha para o prédio e
aquela moça sobre ele olha para uma moça surgir ao seu lado, olha
seus olhos e fala.
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— A covarde.
Luana se assusta e fala.
— Se ele não seria meu, não seria seu nunca.
— Um dia, vai entender o que é amar, não hoje. – Jessica olha
a moça e a acerta um direto de direita, esta era a menina que con-
quistara muitos no sul da cidade, ela acertava suas diferenças no
braço, ela escolheu Evandro, e a moça o tirara dele, viu a moça cair
e sente o frio subir e nem olhou os dois seres dilatarem sobre o
prédio do IML.
Jessica olha para a moça pensando se a jogava dali, um ódio
que ela tentava não alimentar, olha para baixo para seus próprios
olhos, Kethen a frente sente o ser se desfazer, olha para a moça e
olha para os dragões, eles somem, os mortos vivos caem, as 3 pilhas
de lixo se formam, e aqueles imensos bonecos se desfazem em lati-
nhas de refrigerante, vazias, Kethen não via a moça dos bonecos,
mas deveria estar ali, Carlos ao longe olha a moça chegar ao fundo,
pegar uma roupa da mão de um rapaz e sair dali.
Amanda sobe na moto ainda na forma de uma caveira de fo-
go e dispara pela rua, Jessica abre uma porta ao ar, atravessa e pega
o pequeno João aos braços no apartamento pequeno e fala.
— Sei que tudo que faça, não tenho como o trazer de volta.
Sergio olha a bagunça, o prédio, os feridos, muitas coisas sem
explicação, mas os corpos estavam agora mortos de verdade.
Carlos Pinheiro chega ao lado dele e pergunta.
— Como se coloca algo assim nos relatórios?
— Não se coloca, se coloca que marginais invadiram o IML,
mataram alguns e saíram a atirar pela rua, alguém soltou poeira na
rua para atrapalhar a policia, e que muita gente passou mal com
isto, além de terem derrubado muito lixo na rua para atrapalhar o
avanço da policia.
— E eles aceitam?
— Acha que eles aceitariam que dois velhos sobre o telhado,
juntos com uma moça desacordada na cobertura, que você estava,
manipulavam seres especiais compostos de lixo, além de 30 corpos
de mortos, que matavam tudo que chegava a eles, e 3 moças, en-
frentaram isto e no fim sobrou só o lixo?

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— Vejo que o mais difícil é criar um relatório que os dois la-
dos aceitem.
Sergio sorriu e perguntou.
— Quem está lá encima?
— A moça que esfaqueou o rapaz na reitoria.
Sergio passa o recado e dois policiais sobem, mas aplicaram
um calmante na moça antes de a trazer em uma maca para baixo.
As noticias pareciam não caber no problema, e em meio a isto
tudo que era contra informação pareceu não fazer sentido, Kethen
chega na casa na região metropolitana e fala olhando para Carlos.
— Alguém acabou com este problema.
Kethen apontando para a escultura de Roberto e esposa, fei-
tas em cera, e agora derretidas ao chão, como se algo as tivessem
esquentado.
— Sabe que as vezes ficar oculto é melhor.
Kethen sorri, Carlos não gostou de sair da pele de cordeiro,
para de lobo, mas este era um dos custos de ser especial.

Aguardando novo enfrentamento.

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