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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA
CURSO TÉCNICO EM MECÂNICA

Cálculo Simplificado de Parafusos

Prof. Eng. Mec. Norberto Moro


Téc. Em Mec. Charles Aguiar May

FLORIANÓPOLIS – junho de 2017


SUMÁRIO
1. PARAFUSO .................................................................................................. 4
1.1 ROSCAS................................................................................................... 6
1.1.1 PASSO DA ROSCA ........................................................................... 7
1.1.2 ENTRADAS DAS ROSCAS................................................................ 7
1.1.3 DIREÇÂO DA ROSCA........................................................................ 7
1.2 DIMENSIONAMENTO DO PARAFUSO ................................................... 8
1.2.1 CÁLCULO SIMPLIFICADO ................................................................ 8
2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 22

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SIMBOLOGIA

A Área
F Força
M Momento
R Reação
Sg Coeficiente de Segurança
σ Tensão Normal
σadm Tensão admissível
σe Tensão de escoamento
∑ Somatório
Ø Diâmetro

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1. PARAFUSO
O que é: O parafuso é um elemento de ligação
formada por um corpo cilíndrico, sendo cabeça (há
parafusos sem) e rosca (há alguns com parte da
haste sem rosca).

Emprego: É empregado para fixação de peças


variadas, de forma não permanente e que podem ser
facilmente montadas e desmontadas.

Classificação: Existem quatro grandes grupos de


parafusos
- Passantes, não passantes, de pressão e prisioneiros.

Fabricação: são fabricados por conformação plástica


(prensagem ou rolagem em matrizes abertas) ou por
usinagem (torneamento ou fresamento).

Passante: atravessam as peças e são


fixos com porcas.

Não passante: a fixação da rosca é


feita numa das peças, sem a
necessidade de porca.

Pressão: a pressão é exercida pelas


pontas dos parafusos contra a peça a
ser fixada.

Prisioneiros: são parafusos sem


cabeça roscados em ambas pontas,
para peças que exigem montagem e
desmontagem frequentes.

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Tipos: Ver tabela abaixo.

Aplicações:
Cabeça sextavada: usado com ou sem rosca, é
aplicado para uniões que necessitam forte aperto (com
chave de boca).
Sextavado interno (Allen): é utilizado em uniões que
necessitam forte aperto em locais com pouco espaço
para manuseio de ferramentas.
Sem cabeça e fenda/sextavado interno: é utilizado para
travar elementos de máquinas não deixando saliências
externas.

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Cabeça escareada chata com fenda: é usado em
montagens que não sofrem grandes esforços e cuja
cabeça não pode exceder a superfície.
Cabeça redonda com fenda: usado em montagens que
não sofrem grandes esforços, proporcionando bom
acabamento superficial.
Cabeça cilíndrica com fenda: usado na fixação de
elementos nos quais existe a possibilidade de se fazer
um encaixe profundo para a cabeça do parafuso e bom
acabamento superficial.
Cabeça escareada boleada com fenda: usado na
fixação de elementos com pouca espessura ficando a
cabeça embutida.
Rosca soberba (vários tipos de cabeça): usado em
madeira e em peças de alvenaria (junto com buchas
plásticas).

1.1 ROSCAS
O tipo de rosca usada num parafuso irá determinar a sua aplicação.
Veja os tipos na tabela abaixo.
Parafusos e porcas de fixação na
união de peças (ex.: peças e
máquinas em geral).

Fusos que transmitem movimento


suave e uniforme (ex.: máquinas
operatrizes).

Parafusos de grandes diâmetros


sujeitos a grandes esforços (ex.:
equipamentos ferroviários).

Fusos que sofrem grandes


esforços e choques (ex.: prensas
e morsas).

Fusos que exercem grandes


esforços num só sentido (ex.:
macacos de catraca).

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1.1.1 PASSO DA ROSCA

O passo da rosca é a distância entre dois pontos de um filete ao


correspondente do seu sucessor, ou seja, a cada uma volta do parafuso na
porca, ele se desloca a distância em milímetros correspondente ao passo da
roca. Exemplo: passo 1,25. A cada uma volta do parafuso na porca, ele se
desloca 1,25mm. É definido a partir da aplicação do parafuso. Ele será:

• Grosso ou grande: quando necessitar-se de deslocamento com


velocidade e/ou quando sob esforços muito significativos atuantes
sobre o parafuso;
• Fino ou pequeno: quando necessitar-se de um deslocamento com
precisão, ou seja, baixa velocidade e/ou quando sob esforços
muito baixos atuantes sobre o parafuso.

Os valores de passo para ser 1,5 ou 1,25 entre outros, estão amarrados ao
diâmetro do parafuso, ou seja, são valores tabelados. Feito o cálculo do
diâmetro, procura-se uma tabela e se verifica o passo a ser aplicado ao
parafuso.

1.1.2 ENTRADAS DAS ROSCAS

Existe roscas com mais de uma entrada para os filetes. Há parafusos de


uma, duas e três entradas.

• Uma entrada: o avanço é igual ao passo.


• Duas entradas: o avanço é duas vezes o passo
• Três entradas: o avanço é três vezes o passo.

1.1.3 DIREÇÂO DA ROSCA

As roscas podem ser fabricadas para dar aperto e soltura em dois


sentidos, direita e esquerda. A rosca esquerda, a qual afrouxa-se para o sentido
horário é empregada quando o elemento fixado tem uma alta vibração e gira no

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sentido contrário ao aperto. Dito isso, opta-se por utilizar uma rosca invertida
para que ao invés de afrouxar, apertar o parafuso ou elemento de fixação.

1.2 DIMENSIONAMENTO DO PARAFUSO

Para dimensionar um parafuso é necessário tomar conhecimento de duas


coisas:

1ª. Saber qual o material dos parafusos a ser usado, e o respectivo coeficiente
de segurança;

2ª. Ter conhecimento das forças (perpendiculares – tração) atuantes no


parafuso.

1.2.1 CÁLCULO SIMPLIFICADO

FPA(N)
𝐹𝐶𝑃 = , sendo:
NºP

FPC: força que atua em cada parafuso;

FPA: força na placa “a”;

NºP: número de parafusos.

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2-EXEMPLOS RESOLVIDOS

2.1Exemplo 1:

Calcular o diâmetro dos parafusos que sustentarão as placas. Considerar


material Aço ABNT 1020 LQ e SG=2.

Ra=Rb=1t
Tensão admissível:
𝜎𝑒 210
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = = 105𝑀𝑃𝑎
𝑆𝑔 2

Placa A:
FPA(N) 10000
𝐹𝐶𝑃 = = = 5000𝑁
NºP 2

𝐹𝐶𝑃(𝑁) 5000 5000


𝜎𝑎𝑑𝑚 = 2
= 105 = =𝐴= = 47,6𝑚𝑚²
𝐴(𝑚𝑚 ) 𝐴 105

4 47,6 ∗ 4
Ø = √𝐴(𝑚𝑚2 ) ∗ =√ = 7,7𝑚𝑚
𝜋 𝜋

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Placa B:
FPB(N) 10000
𝐹𝐶𝑃 = = = 2500𝑁
NºP 4

𝐹𝐶𝑃(𝑁) 2500 2500


𝜎𝑎𝑑𝑚 = 2
= 105 = =𝐴= = 23,8𝑚𝑚²
𝐴(𝑚𝑚 ) 𝐴 105

4 23,8 ∗ 4
Ø = √𝐴(𝑚𝑚2 ) ∗ =√ = 5,63𝑚𝑚
𝜋 𝜋

Comercialmente utilizara-se parafusos M8 porque a diferença de preço


entre os diâmetros calculados é mínima e sendo a favor da segurança e
facilitar a manutenção.

Dá-se a nomenclatura do parafuso por M8, onde:


M: rosca métrica
8: diâmetro externo do parafuso em milímetro
Sendo ela, quando não especificada, rosca triangular de passo x.

2.2 Exemplo 2:

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Calcular o diâmetro dos parafusos que sustentarão as placas. Considerar
material Aço ABNT 1020 LQ e SG=2.

∑ Fy= 0 RA+RB-4t= 0
∑ Fy= 0 RA+RB= 4t
∑ Ma=0 4.2 – RB.6 =0
∑ Ma=0 8 – RB6= 0
∑Ma=0 RB6= 8
8
∑Ma=0 RB= 6 = 1,33𝑡

∑ Fy= 0 RA+1,33= 4t
∑ Fy= 0 RA=4t – 1,33t
∑ Fy= 0 RA= 2,67t

Tensão admissível:
𝜎𝑒 210
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = = 105𝑀𝑃𝑎
𝑆𝑔 2

Placa A:
FPA(N) 26700
𝐹𝐶𝑃 = = = 6675𝑁
NºP 4

𝐹𝐶𝑃(𝑁) 6675 6675


𝜎𝑎𝑑𝑚 = = 105 = = 𝐴 = = 63,57𝑚𝑚²
𝐴(𝑚𝑚2 ) 𝐴 105

4 63,57 ∗ 4
Ø = √𝐴(𝑚𝑚2 ) ∗ =√ ≈ 9𝑚𝑚
𝜋 𝜋

Placa B:
FPB(N) 13300
𝐹𝐶𝑃 = = = 6650𝑁
NºP 2

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𝐹𝐶𝑃(𝑁) 6650 6650
𝜎𝑎𝑑𝑚 = 2
= 105 = =𝐴= = 63,33𝑚𝑚²
𝐴(𝑚𝑚 ) 𝐴 105

4 63,33 ∗ 4
Ø = √𝐴(𝑚𝑚2 ) ∗ =√ ≈ 9𝑚𝑚
𝜋 𝜋

2.3Exemplo 3:

Calcular o diâmetro dos parafusos que sustentarão as placas. Considerar


material Aço ABNT 1020 LQ e SG=2.

∑ Fx= 0 𝑅𝐴𝑥 − 𝑅𝐵𝑥 = 0


∑ Fx= 0 𝑅𝐴𝑥 = 𝑅𝐵𝑥
∑ Fx= 0 𝐶𝑜𝑠30° . 𝑅𝐴 = 𝐶𝑜𝑠60° . 𝑅𝐵
∑ Fx= 0 0,86 . 𝑅𝐴 = 0,5 . 𝑅𝐵
0,5𝑅𝐵
∑ Fx= 0 𝑅𝐴 = = 0,58𝑅𝐵
0,86

∑ Fy= 0 𝑅𝐴𝑦 + 𝑅𝐵𝑦 − 10𝑡 = 0


∑ Fy= 0 𝑅𝐴𝑦 + 𝑅𝐵𝑦 = 10𝑡
∑ Fy= 0 𝑆𝑒𝑛30°. 𝑅𝐴 + 𝑆𝑒𝑛60°. 𝑅𝐵 = 10𝑡
∑ Fy= 0 0,5. (0,58𝑅𝐵) + 0,86. 𝑅𝐵 = 10𝑡
∑ Fy= 0 0,29𝑅𝐵 + 0,86𝑅𝐵 = 10𝑡
∑ Fy= 0 1,15𝑅𝐵 = 10𝑡
10
∑ Fy= 0 𝑅𝐵 = 1,15 = 8,6t

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∑ Fy= 0 𝑅𝐴 = 0,58 . 8,6 = 4,9𝑡

𝑅𝐴𝑦(𝐹𝑃𝐴) = 𝑅𝐴 . 𝑆𝑒𝑛30°
𝑅𝐴𝑦(𝐹𝑃𝐴) = 4,9 .0,5 = 2,45𝑡
𝑅𝐵𝑦(𝐹𝑃𝐵) = 𝑅𝐵 . 𝑆𝑒𝑛60°
𝑅𝐵𝑦(𝐹𝑃𝐵) = 8,6 .0,86 = 7,39𝑡

Tensão admissível:
𝜎𝑒 210
𝜎𝑎𝑑𝑚 = = = 105𝑀𝑃𝑎
𝑆𝑔 2

Placa A:
FPA(N) 24500
𝐹𝐶𝑃 = = = 8166,66𝑁
NºP 3

𝐹𝐶𝑃(𝑁) 8166,66 8166,66


𝜎𝑎𝑑𝑚 = = 105 = = 𝐴 = = 77,77𝑚𝑚²
𝐴(𝑚𝑚2 ) 𝐴 105

4 77,77 ∗ 4
Ø = √𝐴(𝑚𝑚2 ) ∗ =√ ≈ 10𝑚𝑚
𝜋 𝜋

Placa B:
FPB(N) 73900
𝐹𝐶𝑃 = = = 18475𝑁
NºP 4

𝐹𝐶𝑃(𝑁) 18475 18475


𝜎𝑎𝑑𝑚 = = 105 = = 𝐴 = = 175,95𝑚𝑚²
𝐴(𝑚𝑚2 ) 𝐴 105

4 175,95 ∗ 4
Ø = √𝐴(𝑚𝑚2 ) ∗ =√ ≈ 15𝑚𝑚
𝜋 𝜋

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2.4Exemplo 4:

Calcular o diâmetro dos parafusos que sustentarão as placas. Considerar


material Aço ABNT 1020 LQ e SG=2.

Representação da força na placa B, fisicamente:

Placa B:
FPB(N) 100000
𝐹𝐶𝑃 = = = 50000𝑁
NºP 2

𝐹𝐶𝑃(𝑁) 50000 50000


𝜎𝑎𝑑𝑚 = = 105 = = 𝐴 = = 476,19𝑚𝑚²
𝐴(𝑚𝑚2 ) 𝐴 105

14
4 476,19 ∗ 4
Ø = √𝐴(𝑚𝑚2 ) ∗ =√ ≈ 25𝑚𝑚
𝜋 𝜋

Representação da força na placa A, fisicamente:

Placa A:
FPA(N) 50000
𝐹𝐶𝑃 = = = 16666,66𝑁
NºP 3

𝐹𝐶𝑃(𝑁) 16666,66 16666,66


𝜎𝑎𝑑𝑚 = 2
= 105 = =𝐴= = 158,73𝑚𝑚²
𝐴(𝑚𝑚 ) 𝐴 105

4 158,73 ∗ 4
Ø = √𝐴(𝑚𝑚2 ) ∗ =√ ≈ 15𝑚𝑚
𝜋 𝜋

3-EXERCICIOS

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Elementos de Máquinas. Parte II – Características dos Elementos. Eng. Mec.


Norberto Moro e Téc. Em Mec. André Paegle Auras. Santa Catarina: IFSC –
2006
www.sandvik.coromant.com/pt-pt/knowledge/threading/thread-turning/choice-of-
-application/how-to-apply

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