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INSTITUTO PORTUGUÊS DE PSICOLOGIA e

outras CIÊNCIAS

HISTÓRIA CLÍNICA, ANÁLISE


FUNCIONAL, FORMULAÇÃO DE
CASO, PLANEAMENTO DA
INTERVENÇÃO E PROGNÓSTICO
Sílvia Ribeiro
silviarocharibeiro@gmail.com
 EXPLORAÇÃO
Estabelecimento da relação terapêutica com o cliente.
Encorajamento para que conte as suas histórias, explorar os seus
pensamentos sentimentos e emoções.
Aprender acerca do cliente segundo a sua perspetiva.
 INSIGHT
O terapeuta trabalha com o cliente no sentido de novos insights e
perceções.
Encorajamento do cliente na determinação do seu papel nos seus
pensamentos, sentimentos e ações (na sua compreensão).
 AÇÃO
O terapeuta encoraja o cliente a construir e explorar novos
comportamentos, a agir baseando-se na exploração e insight
realizados anteriormente.
Providencia-lhe feedback acerca das mudanças realizadas.
 Importância do primeiro contato com o
cliente

 Preparação
Espaço físico limpo e confortável
Estamos preparados?
 Principais objetivos:
- Construir a relação (empatia, aceitação,
apoio, confiança, …)
Quem é o/a cliente?

- Descrição do problema/pedido

- Estabelecimento do contrato
 Principaisdificuldades:
- Escuta e atendimento inadequados.

- Fazer muitas perguntas fechadas, falar


demasiado e não permitir momentos de
silêncio.

- Dar demasiados (ou prematuros)


conselhos/sugestões.
 Competências básicas de atendimento e de
escuta:
-contato ocular
-sorriso
-distância/proximidade física
-paralinguagem
-linguagem corporal
 Pôr o cliente à vontade
- Reconhecer e ler os sinais
(territoriais, comportamental, emocional,
verbal)
- Responder aos sinais
 Identificar o sofrimento – demonstrar ser
sensível ao sofrimento
- Avaliar o sofrimento
- Responder com empatia
 Avaliaro nível de consciência
- Grau de consciência
(Plena consciência, consciência parcial,
ausência de consciência)
- Separar a parte desadaptativa do cliente
- Estabelecer objetivos terapêuticos
 Demonstrar competência
- Fazer sentir ao cliente que ele não é o único
com este problema
- Comunicar ao cliente que o terapeuta está
familiarizado com o problema
- Lidar com as dúvidas do cliente
- Instigar esperança acerca do futuro
 Gestão de papéis
- Ouvinte empático
Põe o cliente à vontade, é sensível ao
sofrimento e expressa compaixão.
- Perito
“mais do que querer ajudar, é o poder e saber
ajudar”
 Os papéis do cliente
- Portador de uma doença
- Sofredor
- VIC

 Interação de papéis
 Queixas: para pacientes colaborantes que
descrevem abertamente os seus
problemas
 Resistência: para pacientes que
dissimulam, escondem os seus problemas.
 Defesas: para pacientes que
inconscientemente distorcem as
percepções de si mesmo e dos outros
 Técnicas de abertura: elicitar todas as queixas
 Técnicas de clarificação: traduzir as queixas em
sintomas, padrões de comportamento ou
problemas
- Especificação
- Generalização
- Procura de sintoma
- Perguntas indutoras
- Indagar
- Interrelação
RESISTÊNCIA
-Recusa
-Distração/Evasão

Razões:
- o paciente quer manter uma
imagem
- medo ou incerteza quanto à
reação do terapeuta
Estratégias para lidar com a RESISTÊNCIA
- Expressão de aceitação: encorajar, dizer que compreende o
paciente.
- Confrontação: focar a atenção do cliente na resistência.
- Confrontação com as consequências: quando um cliente quer
muito algo e se recusa a colaborar.
- Mudar de assunto: abordar o problema de outra forma.
- Exagerar: pode ajudar a relativizar, o que pode ser útil com
pacientes ansiosos, por exemplo.
- Induzir à vaidade: pode ser útil com clientes com comportamentos
anti-sociais ou tendências sociopatas – encoraja a que o paciente
ultrapasse o medo da reação do terapeuta e encoraja a que
descreva mais o episódio.
Estratégias para lidar com a RESISTÊNCIA (cont.)
. Devemos dar oportunidades de auto-ajuda a clientes com
alta resistência.
. Devemos aumentar a utilização relativa de estratégias
não diretivas.
. Clientes com alta resistência tendem a responder melhor
a intervenções paradoxais.
. Podemos adaptar-nos desenfatizando estratégias
diretivas.
. Clientes pouco resistentes respondem bem à autoridade
do terapeuta.
MECANISMOS DE DEFESA
- Três componentes:
. Um comportamento observável: frequentemente, um
sintoma.
. Um impulso ou intenção: não aceitáveis para o paciente
e que constitui um conflito emocional ou um stressor.
. Um processo que liga (relaciona): o comportamento ou
sintoma observável com a intenção não aceite.
Lidar com os MECANISMOS DE DEFESA
. “Deixar andar”.
. Confiança/suporte: dá a sensação ao cliente de que o terapeuta é
um aliado.
. Distração: Para pacientes com humor anormal como mania,
depressão severa ou intoxicação, com quem não se podem trabalhar
os mecanismos de defesa.
. Confrontação: canalizar a atenção do paciente para um
comportamento específico na tentativa de que ele o identifique e
corrija durante a sessão.
. Interpretação: explicitação de que o terapeuta compreende o
mecanismo de defesa do cliente (Encerra riscos). Mais útil para
clientes com dificuldade em expressar pensamentos e sentimentos.
 Abertas e abrangentes  Fechadas e circunscritas
-Alta genuinidade: produzem -Baixa genuinidade: conduzem
formulações espontâneas o paciente
-Baixa segurança: podem -Alta segurança: foco restrito,
levar a respostas pouco mas podem sugerir respostas
produtivas -Alta precisão: a intenção da
-Baixa precisão: a intenção questão é clara
da pergunta é vaga -Alta eficácia de tempo:
-Baixa eficácia do tempo: podem convidar a respostas
elaborações circunstanciais do tipo “sim” ou “não”
 Abertas e abrangentes  Fechadas e circunscritas
-Baixa relevância para o -Alta relevância para o
estabelecimento/ estabelecimento/
diferenciação do diferenciação do
diagnóstico: o paciente diagnóstico: o entrevistador
escolhe o assunto escolhe o tópico
-Em termos de aceitação, -Em termos de aceitação,
varia: a maioria dos varia: alguns clientes
pacientes prefere gostam de questões curtas e
expressar-se livremente. directas. Outros detestam
Outros ficam acanhados e ser pressionados a “sim” ou
sentem-se inseguros “não”
 Adequadamente estimulador; apoia e
ajuda o sujeito a “crescer”.
 Transmitir ao sujeito um modelo através
do qual este pode compreender o seu
problema.
 Envolver o sujeito no processo de
resolução do problema.
 Bom ouvinte e bom observador.
 Abstém-se de fazer interpretações.
 ≠interação social
(2 papéis bem definidos; centra-se no
entrevistado; com objetivo definido)
 ≠história
(para obtenção de informação digna de crédito, o
entrevistador deve dirigir o sujeito para uma
área de informação estreitamente associada ao
seu pensamento atual)
 ≠questionário
(a entrevista toma sentido para além e fora
daquilo que a pessoa diz).
 ≠terapia
 Obter informação sobre o sujeito e o seu
problema.
 Estabelecer uma relação com o sujeito; Aliança
com o cliente.
 Fornecer ao sujeito uma compreensão da sua
situação problemática; Formulação psicológica
do problema.
 Apoiar e dirigir o sujeito no processo de
resolução do problema.
 Diagnóstico.
 Planeamento do tratamento
 Abertura
Apresentação dos intervenientes, investigação do pedido.
 Reconhecimento
Investigação de quem é o cliente no contexto do seu meio
sociocultural e da sua história pessoal.
 Finalização
O psicólogo apresenta um sumário das suas impressões; uma
avaliação da adequação dos serviços à problemática do
cliente, incluindo um plano de intervenção e considerações
de prognóstico; facilita a exploração de expetativas,
questões e reações por parte do cliente.
 1. Acolhimento e abordagem do problema
 2. Seguimento das primeiras impressões
 3. História clínica
 4. Diagnóstico
 5. Prognóstico e contrato de tratamento
 RELAÇÃO
 1. Pôr o cliente à vontade, estabelecer
limites, empatia, ouvinte atento e
compassivo
 2. Tornar-se um aliado, abordar diferentes
assuntos
 3. Mostrar competência, interesse e
motivar para o uso de testes
 4.Aceitação do diagnóstico
 5. Assumir o papel de liderança e
assegurar cooperação
 TÉCNICA
 1. Seleccionar perguntas produtivas e de
exploração
 2. Mudar de assuntos, passar de questões abertas
para questões fechadas
 3. Mudar de assuntos, lidar com os mecanismos
de defesa, clarificar, seguimento de pistas
 4. Explicar as perturbações e as opções de
tratamento
 5. Discutir o contrato de tratamento
 ESTADO MENTAL
 1. Observar a aparência, funções psicomotoras,
discurso, pensamento, afeto, orientação,
memória, explorar o humor, grau de consciência
e julgamento
 2. Avaliar o pensamento, tendências suicidas
 3. Avaliar o julgamento, memória, estado mental
e QI
 4. Discutir os domínios que merecem atenção
clínica, explorar a cooperação
 5. Fazer inferências acerca do grau de
consciência, julgamento e cooperação
 DIAGNÓSTICO
 1. Atender a pistas, classificar a queixa
principal, avaliar os sintomas, severidade, curso,
stressores, estabelecer diagnósticos diferenciais.
 2. Verificar ou excluir diagnósticos
 3.Avaliar a evolução da perturbação, impacto na
vida social, história familiar e médica
 4. Estabelecer o diagnóstico em eixos
 5. Estabelecer um prognóstico e prever os
efeitos do tratamento
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Relação
Técnicas
Estado Mental
Diagnóstico
Abertura Reconhecimento Finalização
 No início…
Cumprimentar e apresentar-se.
Dados (já obtidos?): nome, sexo, idade,
morada, razão da entrevista, existência
de registos prévios.
Apresentar um pequeno sumário do que o
cliente pode esperar durante a sessão ou
iniciar com uma questão ou afirmação
geral.
 Ansiedade inicial
- Ansiedade de rotina: por norma ignorar e
prosseguir pois tem tendência a diminuir
espontaneamente.
- Ansiedade elevada: reconhecimento pelo
psicólogo.
-medo de estar maluca
-está sob grande pressão
-está com medo da sua avaliação
-está bastante perturbada
 1. Razão do Pedido
Esclarecer o pedido
Significado para o cliente
Investigar a razão principal (completa e
detalhada)
.perguntas abertas
.afirmações empáticas
 2.História do Problema
Quando
Quando piorou ou melhorou
Quem
O que acontece depois
O que significa para o cliente
Tentativas para lidar com o problema
.timing
.temas delicados
 3. Avaliação de Perigo Imediato
- Suicídio
- Homicídio
- Toxicodependência
- Delinquência
 4. Outros Problemas
- Questionar se para além do problema
principal que estivemos a investigar, se
existem outros problemas adicionais.
 5.Condições de Vida
Com quem vive
Onde vive
Tipo de emprego (satisfação)
Vida social
Aspirações
Objetivos educacionais
Curso (aproveitamento)
Vida de lazer, …
 6. História Pessoal e do
Desenvolvimento
Investigar de modo cronológico os marcos
fundamentais da vida do cliente
(conteúdo e processo)
-Nascimento
-Desenvolvimento pré-escolar
-Experiência escolar
-Adolescência
-História adulta
 7. História Psiquiátrica
Investigar antecedentes de perturbações
psiquiátricas, tratamentos psiquiátricos e
hospitalizações (medicação)
 8. História Médica e Psiquiátrica
Familiar
Investigar se algum dos parentes em
primeiro grau do cliente teve ou tem
perturbação psiquiátrica, tratamentos
psiquiátricos e hospitalizações.
Tentativas de suicídio
Depressão, esquizofrenia, alcoolismo
Doenças orgânicas
 9. História Médica
Investigar factos e reações do cliente a
doenças médicas importantes, medicações e
hospitalizações
Uso e abuso de medicação, cafeína, nicotina
Doenças da infância, neurológicas, episódios
epiléticos
 10. Questões do Cliente
Cinco a dez minutos para questões que tenham
surgido durante a entrevista e permitir ao
cliente que verifique a sua “lista” de
questões
 11. Sumário e Conclusões
Parcial: incidir sobre o processo ou fases da
avaliação
Final: sumário das impressões recolhidas
Se existe a compreensão inicial do problema:
Plano terapêutico: planos específicos
 11. Sumário e Conclusões (cont.)
- Consideração final por parte do técnico
(sumário).
- Prescrição para a ação (depende do
momento)
- A separação física
 Análisedo Processo
Observação dos aspectos processuais da
comunicação (Mental Status Exam), reação
ao entrevistador e as próprias reações do
psicólogo ao cliente
 A)Observação
Aparência
Consciência
Comportamento
 B) Conversação
Atenção e concentração
Discurso
Pensamento
Orientação
Memória
Afeto
 C) Exploração
Humor
Nível de energia
Perceção
Conteúdo do pensamento
Sintomas somáticos inexplicáveis em termos
médicos
Conversão
Dissociação
Julgamento crítico
 Erros de comunicação: perguntas que
podem ser respondidas com um “sim” ou
um “não”
 Perguntas sugestivas
 Silêncio embaraçoso
 Tranquilizações apressadas
 Provocar atitudes de defesa no sujeito
 Assumir que o sujeito compreendeu
 Interrupção da entrevista
 Grelhade Avaliação da Entrevista Clínica
(McIntyre, 1995)

 Fichade Auto-Monitorização de Avaliação na


Entrevista Clínica (Universidade do Minho,
2002/2003)
 Análise E-O-R-C
- Avaliação do estímulo: avaliação dos estímulos
antecedentes; descrição dos cenários onde
ocorrem os comportamentos, as cognições e as
emoções.
- Avaliação do organismo: avaliar as diferenças
individuais que o cliente traz para a consulta
(genéticas, fisiológicas, história de
aprendizagens)
- Avaliação da resposta: motoras, cognitivas,
emocionais e fisiológicas.
- Avaliação das consequências: aquilo que
acontece contingencialmente e que influencia a
frequência, duração e intensidade da resposta.
E-O-R-C
Estímulos Organismo Respostas Consequências

Comportamentais
Fisiológicas
Internos Emoções Internas
Atribuições Cognições
de
significados Frequência
Externos Duração Externas
Intensidade
 Visão global
 Critérios de diagnóstico : Este diagnóstico
explica bem o funcionamento do
paciente?
 Diagnóstico provisório
 Informação em falta
 Atualização constante ao longo do
processo: de acordo com informação
recebida (estes dados confirmam,
desconfirmam, ou acrescentam alguns
dados novos ao diagnóstico?)
 Eixo I – Perturbações Clínicas
Outras condições que podem ser foco de
atenção clínica
 Eixo II – Perturbações da Personalidade
e Atraso Mental
 Eixo III – Condições Médicas Gerais
 Eixo IV – Problemas Psicossociais e
Ambientais
 Eixo V – Avaliação Global do
Funcionamento
 16 classes de diagnóstico
1. Perturbações normalmente
diagnosticadas na infância ou
adolescência
2. Delírio, demência, amnésia ou outras
perturbações cognitivas
3. Perturbações mentais devido a condição
médica geral não classificadas em outro
lugar
4. Perturbações de uso de substâncias
5.Esquizofrenia e outras perturbações
psicóticas
6. Perturbações de humor
7. Perturbações de ansiedade
8. Perturbações somatoformes
9. Perturbações factitious
10. Perturbações dissociativas
11. Perturbações sexuais e de identidade do
género
12. Perturbações alimentares
13. Perturbações de sono
14. Perturbações de controlo de impulsos não
classificadas em outros locais
15. Perturbações de ajustamento
16. Perturbações da personalidade
 Verifique e especifique:
-Problemas com grupo de suporte primário
-Problemas relacionados com o meio social
-Problemas educacionais
-Problemas económicos
-Problemas de acesso aos serviços de
cuidados de saúde
-Problemas ligados com a interacção com os
sistemas legais/crime
-Outros problemas psicossociais ou
ambientais
 Escala de avaliação do funcionamento
global
 1. Lista de Problemas: elaboração
exaustiva das dificuldades do cliente –
incluindo problemas aparentemente de
origem não psicológica
 2. Crenças Centrais: exploração das
perspecivas (relatadas ou inferidas) do
cliente sobre si próprio, os outros e o
mundo, bem como das crenças de
pessoas significativas que poderão estar
na origem ou na manutenção dos
problemas.
 3. Situações Ativadoras e
Precipitantes: especificação dos
acontecimentos e situações que ativam
as crenças centrais da pessoa que
produzem os sintomas/problemas ou
que funcionam como
estímulos/reforços.
 4. Hipótese de Trabalho:
estabelecimento de uma hipótese que
relacione os problemas, as crenças
centrais que os originam e mantêm, e
as situações ativadoras e precipitantes
de tais crenças.
 5. Origens: exploração do modo como
acontecimentos ou circunstâncias da
história precoce do cliente contribuíram
para a aprendizagem das crenças
centrais.
 6. Plano de Tratamento: planeamento
e delineação de objetivos e estratégias
terapêuticas para os atingir.
 7.Obstáculos Esperados: elaboração de
previsões acerca de possíveis
dificuldades na relação terapêutica e
no próprio tratamento.
 1. Descrever (1+2)
- Definição: descrição do comportamento
em termos da sua frequência e
intensidade.
- Pergunta/Raciocínio tipo: Como é? O
que se passa? O que está a acontecer?
- Objeto/Unidade de análise: Indivíduo
- Material/Instrumento de apoio:
DSM/ICD; perceber até que ponto os
sintomas/comportamentos se
organizam em determinada
configuração.
 2. Explorar (3)
- Definição: explorar os fatores que acompanharam e
caracterizaram o desenvolvimento do indivíduo e as
relações e dinâmicas.
- Pergunta/Raciocínio tipo: Como foi o desenvolvimento?
Como são as práticas parentais? O que aconteceu? O que
está a manter?
- Objeto/Unidade de análise: Contexto – relacional,
temporal, acontecimentos, qualidade das vivências,
fase de desenvolvimento, competências.
- Material/Instrumento de apoio: perceber os fatores
presentes/ausentes no percurso de vida do indivíduo;
Psicologia do desenvolvimento; Psicopatologia do
desenvolvimento.
 3. Compreender (4)
- Definição: compreender a relação existente entre
os fatores de desenvolvimento e a apresentação
de determinado sintoma/comportamento.
- Pergunta/Raciocínio tipo: Porque é que isto
acontece? Porque é que isto acontece neste
indivíduo e não noutro que tenha passado por um
percurso semelhante?
- Objeto/Unidade de análise: Relações entre o
individual e o contextual.
- Material/Instrumento de apoio: Teorias
(Psicanálise, Cognitivismo, Comportamentalismo,
entre outras).
 4. Intervir (5+6+7)
- Definição: selecionar as estratégias que irão contribuir para
a diminuição da frequência e intensidade dos sintomas, bem
como as que irão favorecer as mudanças das condições que
estão a manter o problema/sintoma/comportamento.
- Pergunta/Raciocínio tipo: O que pode diminuir os
sintomas/mudar os comportamentos? Como será o
funcionamento do cliente se não fizermos determinada
estratégia? Que estratégias cumprem o objetivo de mudar o
comportamento?
- Objeto/Unidade de análise: Relações entre as estratégias
desenvolvidas e a mudança dos comportamentos.
- Material/Instrumento de apoio: teorias e a investigação da
eficácia da psicoterapia e das estratégias terapêuticas para
determinadas condições/perturbações.
 Básicos
- Prognóstico
- Nível e intensidade do tratamento
- Redução do risco
 Princípios de Otimização
-Princípios de relação
-Princípios de exposição e extinção
-Princípios da sequência do tratamento
-Princípios de tratamento diferencial
PROGNÓSTICO
- A probabilidade de melhoria é uma função
positiva do suporte social e negativa da
perturbação funcional.
- O prognóstico é atenuado pela
complexidade/cronicidade. Um suporte
social facilitador melhora a probabilidade
de bons resultados com problemas
crónicos ou complexos.
NÍVEL E INTENSIDADE DO TRATAMENTO
- A medicação psicoativa exerce os seus
melhores efeitos nos pacientes com um
elevado nível de perturbação funcional e
alta complexidade ou cronicidade.
- A probabilidade e magnitude da melhoria
aumentam em pacientes com problemas
crónicos se aplicarmos terapia de grupo.
- Os benefícios relacionam-se com a
intensidade do tratamento em pacientes
com perturbação grave.
REDUÇÃO DO RISCO
- O risco é reduzido através de uma avaliação cuidadosa das
situações de risco no curso do estabelecimento de um
diagnóstico e história pessoal.
- Risco reduzido e adesão aumentada quando o tratamento
inclui intervenção familiar.
- O risco e a retenção dos pacientes são otimizados se o
paciente for realisticamente informado da duração
provável do tratamento e tem uma ideia clara dos papéis e
atividades que são esperadas durante o tratamento.
- O risco é reduzido se o clínico questiona por rotina os
pacientes acerca de sentimentos, intenção ou plano de
suicídio.
- Os princípios éticos e legais sugerem que a documentação
e consultadoria são aconselháveis.
PRINCÍPIOS DE RELAÇÃO
- A mudança terapêutica é maior quando o
terapeuta é hábil e fornece confiança,
aceitação, reconhecimento, colaboração
e respeito pelo cliente, num ambiente
que apoia o risco e fornece segurança
máxima.
- A mudança terapêutica é mais provável
quando os procedimentos terapêuticos
não provocam resistência por parte dos
clientes.
PRINCÍPIOS DA EXPOSIÇÃO E EXTINÇÃO
- A mudança terapêutica é mais provável
quando o cliente se expõe a objetos ou
alvos de evitamento comportamental ou
emocional.
- A mudança terapêutica é maior quando o
cliente experimenta ativação emocional,
num ambiente seguro, até que as
respostas problemáticas diminuam ou se
extingam.
PRINCÍPIOS DA SEQUÊNCIA DO TRATAMENTO

- A mudança terapêutica é mais provável se o


foco inicial de esforço de mudança for
aquisição de novas competências e alteração
de sintomas perturbadores.
PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO DIFERENCIAL
- A mudança terapêutica é maior quando se
utilizam intervenções que favorecem a
aquisição de competências e mudança
sintomática em pacientes externalizadores
ou se utilizam estratégias que favorecem a
compreensão e são focados nas relações em
pacientes internalizadores.
Externalizadores Internalizadores

Tendem a ser problemas Auto-criticismo,


de controlo, sobrecontrolo
caracterizados por
excessos
A mudança terapêutica é maior quando o nível de
diretividade dos procedimentos é inversamente
relacionado com o nível de resistência dos pacientes.
MOTIVAÇÃO
. “Probabilidade de que uma pessoa inicie, dê
continuidade e permaneça num processo de
mudança específico” (Miller, 1985)
. Conceito dinâmico
. Apresenta flutuações ao longo do tempo
. Influenciada por acontecimentos específicos
. Depende do tipo de relação terapeuta-cliente
(motivação como interação social)
ENTREVISTA MOTIVACIONAL (Miller & Rollnick, 1991)
- Motivação para a mudança
- Ênfase na escolha individual e na responsabilidade
- Rejeição das técnicas confrontativas
- Importância da escuta atenta e da reformulação
enquanto meios de diminuir a resistência
- Terapeuta – catalisador da motivação
- Aumentar a consciencialização e ajudar na decisão para
a mudança
- Estilo de intervenção diretiva, centrada no cliente,
visando desencadear mudanças comportamentais,
através da ajuda ao indivíduo no sentido de explorar e
resolver a ambivalência
A probabilidade de mudança terapêutica é
maior quando o nível de stress emocional do cliente
é moderado, nem demasiado alto, nem demasiado
baixo.
 Terapia
Variáveis do Cliente e - Intensidade do
- Nível de comprometimentotratamento
funcional - Sintoma vs insight
- Modo de confronto
(internalização vs - Diretividade do
externalização) terapeuta
- Resistência

- Confrontação
- Nível de perturbação emocional vs suporte
emocional
 Atitude
 Conhecimento
 Estratégias Competência
 Técnicas
 Tempo
 Imaginação criativa
 Um processo terapêutico eficaz começa com
atitudes de respeito, otimismo acerca do
potencial de crescimento e mudança dos
clientes, sensibilidade empática, curiosidade e
auto-consciência
 Estas atitudes são os alicerces para as
competências interpessoais e de escuta que
constituem o núcleo de todas as intervenções
terapêuticas – por vezes chamados fatores
comuns
 Ter o conhecimento acerca dos princípios de
mudança acrescenta poder às atitudes terapêuticas
do clínico
 Para maximizar o efeito da terapia necessitamos de
ter um conhecimento claro dos princípios
fundamentais de mudança
A aplicação conhecedora de estratégias e técnicas
psicoterapêuticas constitui o nível de competência
do terapeuta
 Ter a competência terapêutica para implementar as
técnicas eficazes num ambiente terapêutico seguro
 Sersensível às exigências e utilização do tempo na
seleção das intervenções, retirando pressão,
fornecendo suporte e esperando a mudança
 Imaginação é a base criativa da flexibilidade
 Usar imaginação criativa para criar procedimentos
adequados a princípios de tratamento quando as
técnicas estabelecidas não estão disponíveis

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