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Ao final da festa mal estava acreditando no quanto tinha faturado em um único show; Que
achei ser de nível medíocre, meus olhos brilhavam, estava em choque.
- Por favor, Tiffy, não diga mais nada, chamem os “artistas” aqui agora, preciso convencê-los a
continuarem comigo.
- Eu te avisei antes, não quis analisar os fatos, eu disse que estavam fazendo o maior
burburinho no campus da Universidade.
- Eles já fecharam com o Brian? – me levanto exasperada, não podia perdê-los, muitos menos
para a concorrência.
- Ainda não, a notícia não se espalhou, mas logo o que mais vai ter é empresário querendo
gerenciar a carreira deles.
- Os chamem logo Tiffany, não posso perder mais tempo, esses garotos serão a porta para nós
tornar milionárias!
- Karem, você tem certeza que damos conta de agenciar uma banda nova dessas? Você sabe o
que se passa nos bastidores.
- Transformar fracassados em astros é o que a gente faz, não será uns adolescentes trevosos a
nos atrapalhar.
Fiz força para não levar a mão ao nariz, e voltei à expressão de simpatia.
A impressão era a que ficava, já que na primeira vez de verdade nem tive
a intenção de levá-los a sério. Pareciam mais um grupo de drogados.
- Você não é a empresária gostosa que mal olhou na nossa cara, e que
quis ficar com 40% do nosso cachê? – o baixista, que achei estar morto
no sofá, infelizmente, relembrou.
- Sou a empresária que vai fazê-los alcançar o estrelato, vamos
negociar? – sorridente, acenei para Tiffany correr com os papéis, não
queria deixá-los pensar muito nas opções. Pra ser sincera, eu mesma
estava sem elas.
- Aqui estão toda os papeis, burocracias bobas, mas, que garantem a minha equipe como
responsável por toda a agenda de vocês dentro e fora de Londres por um ano.
- Você conseguiria marcar shows fora do estado? – o líder estava animado, ao contrário do
resto, aparentava ser o deslumbrado com as possibilidades. Bingo, mina de ouro
encomendada!
- Ouviu isso James, vamos agitar até fora da cidade! – “James” estava sentado no chão, de
cabeça baixa, aparentemente, limpando uma guitarra com um pano velho. Cabelo loiro,
completamente bagunçado ao estilo largado, o tom era natural. Usava muitas pulseiras
metaleiras no pulso. O que analisei no show já deu para ter uma noção da dinâmica. Um
cantava/berrava e tocava guitarra apoio, outro era o guitarrista principal, um baixista, e claro,
o baterista.
Todos assinaram sem muito pensar, não pareciam ligar muito, nem acreditar num futuro
promissor. Talvez levassem a música apenas como hobby, o que ia ter que ser mudado com
urgência. Via em cada palavra sendo escrita na folha de papel meu futuro construído. Eu
finalmente deixaria de ser uma mera caça talentos, e poderia mostrar todo meu potencial para
chegar ao topo.
Não tinha interjeições, não depois de hoje. Deathkids seria a nova ascensão a
estar na mesma calçada de fama que grandes astros do rock, seria
questão de tempo e paciência.
- Esse mesmo.
- Ah compreendo, próximo?
- Talvez não desse apoio aos segmentos que ele quis ir.
- Verdade, triste mesmo para uma artista magnífica como a Ellie, cantora
de Jazz maravilhosa e injustiçada. Que mais?
- O mais velho é o que parece ter mais problemas com álcool, o que
chegou a vomitar.
- Sim.
Lidar com jovens rebeldes era uma tarefa difícil, não há um colega da
área que diga o contrário.
- Ah, mas não era assim que queria que você sonhasse comigo.
- Sim, quero vocês preparados, vai estar bem lotado – não havia nenhum
show marcado, ainda, mas eles precisam sempre estar treinando para
serem os melhores que pretendo que sejam.
- Cara, é nossa chance de fazer mais fãs, não vamos ter preguiça agora
que conseguimos um contrato.
- Feio que nem um cão como você só vai atrair as groupies – David o
provocou, levando a omelete de Tiffany a boca numa só garfada.
- Vai seu foder filho da puta, tu errou dois riffs ontem e vem querer falar
merda de mim.
Graças a Deus saiu vestido. Bem, notei, bonito, muito muito bonito,
realmente, e bem alto o senhor popular mudo de olhos azuis! Ele olha
pra mim ao sair como se olhasse pra um abacate podre. Tudo bem
garoto, já sei que me odiou, não precisa fazer esse cara de nojo.
Sentia que tinha acabado de ter tido quatro filhos, sem sequer parir,
apesar da idade não bater. Não tinha idade para ter filhos nessa faixa
etária, contudo, o tanto de bordoada que já tomei da vida me fizeram ter
exatamente a cabeça de uma mulher uns 20 anos a mais do que tenho
hoje. Sai do banheiro, e peguei em meu quarto os produtos que faltavam
para tomar um banho de verdade. Para começar o dia, que
provavelmente seria estressante, precisava primeiramente de um banho;
Em pensar que ainda tinha que resolver o almoço na casa da sogra.
Aprendi bastante como era uma relação de dependência com meus pais,
o tanto que minha mãe sofreu foi uma vida de humilhações. Se Klaus
não conseguisse compreender que tinha que viver viajando para
agenciar meus clientes, a gente teria que terminar, uma hora ou outra.
Não queria viver brigando, discutindo por causa disso.