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Minimalismo 2.

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Como simplificar sua vida no século XXI (e diminuir seu impacto
no meio ambiente)

Izzy Müller
Sumário
Minimalismo 2.0

O que não é minimalismo

O que é minimalismo

Benefícios de uma vida mais minimalista

O real custo das coisas na sua vida (e no mundo)

Pegada de carbono

Minimalismo, fast-fashion e o consumo consciente

Passo a passo: transformando seu guarda-roupa em minimalista

Mantendo o guarda-roupa minimalista

A arte de carregar menos coisas

Seu minimalismo no seu dia a dia


O que não é minimalismo

É fácil encontrar, perdidos por todos os cantos da internet, relatos incisivos


sobre o que é o minimalismo, como se existisse uma regra que deve ser
seguida a risca.

É comum também encontrar relatos que falam mal do movimento


minimalista, por acharem extremistas ou radicais.

No final das contas, muitas pessoas acabam acreditando que minimalismo é:

Ter uma casa vazia;

Ter um armário muito pequeno;

Viajar somente com uma mochila nas costas.

Não que estes não sejam exemplos de minimalismo, mas são apenas algumas
formas (às vezes meio radicais) de enxergá-lo.

É importante entender que o minimalismo não é apenas uma forma de viver


ou de encarar os bens que se possui; é descobrir o que é melhor para si, sendo
responsável pelo que você tem, pelo que você compra, pelo que você faz, e
pela pegada que você deixa no mundo. É entender que sua felicidade não está
no que você possui em casa, no armário, na mesa, enfim, mas sim em
encontrá-la no significado das coisas, que você deve ter por um propósito.
O que é minimalismo

Minimalismo é usar somente o essencial. É remover os excessos. É não usar


de menos, nem de mais.

O conceito nasceu na arte, na década de 1960, quando os artistas usavam de


uma economia de meios para criar suas obras. Nos dias de hoje, podemos
perceber tendências minimalistas não somente na arte, mas também na
decoração, na moda e, especialmente, como filosofia de vida.

As pessoas que adotam o minimalismo como filosofia de vida acreditam que,


vivendo somente com o essencial, será necessário se preocupar menos com o
que se possui e, assim, tem-se mais tempo para ter experiências e viver. É
valorizar mais o “ser” do que o “ter”.

Existem basicamente dois conceitos de ouro do minimalismo:

Qualidade é muito mais importante do que quantidade


e

Ter somente o que é necessário, nada mais, nada menos


Podemos ver muitas vezes pessoas que seguem a risca o minimalismo, se
livram de tudo o que possuem – alguns adotam guarda-roupas minimalistas
de 30 peças, incluindo roupa íntima. Para muitos (provavelmente para você
também) isso pode parecer um exagero. Porém, cada pessoa precisa se

adaptar a sua forma de minimalismo. O que é essencial para um, pode não ser
essencial para outra, lembre-se disso.

Minimalismo é para simplificar, não para atrapalhar.

Se o minimalismo está lhe dando trabalho em vez de simplificar, você está

fazendo isso errado.


Benefícios de uma vida mais
minimalista
Já reparou como, na vida moderna, as pessoas vivem recitando mantras
pessimistas? Em geral, reclamações disfarçadas de desculpas.

A boa notícia é que, para muitas destas frases insistentemente repetidas, o


minimalismo pode ser uma solução ou, no mínimo, um auxílio.

O minimalismo pode lhe ajudar a parar de repetir estas famosas frases:

“ Não tenho tempo!”

O seu tempo livre é sempre inversamente proporcional a sua quantidade de


tarefas. Mais tarefas sempre vai significar menos tempo livre para curtir
outras coisas – como família, passear, ler, ver um bom filme. As tarefas que
consomem seu tempo podem ser facilitadas, simplificadas ou, até mesmo,
deletadas da sua agenda.

“ Estou sempre sem dinheiro!”

Assim como a relação entre tempo e tarefas, o valor da sua conta bancária é
inversamente proporcional a quantidade de coisas em que você investe –
muitas vezes sem perceber, fazendo compras por impulso.

“ É muita coisa para organizar/limpar!”


A regra é clara: quanto mais coisas se tem em uma casa ou um local de
trabalho, mais trabalho se tem para organizar e limpar. Quanto tempo você
gasta para tirar o pó de todos os pequenos objetos das suas prateleiras? Estes
objetos todos precisariam realmente estar ali?

E você vai parar de focar no que você não tem. O minimalismo faz entender
que, se você não tem necessidade física de possuir algum bem material – por
exemplo, uma roupa nova -, então você não precisa ter. Só pelo fato de você
estar lendo este livro já tenho certeza de que você tem mais do que a maioria
das pessoas no mundo. Isso, mesmo que você abra mão de algumas coisas.
Ainda assim você tem muito.

Mas lembre-se: o minimalismo não faz milagre: você não vai mudar da água
para o vinho de uma noite para outra por passar a ter menos coisas; é um
processo gradual, mas que ajuda as pessoas e as faz mudar para melhor.
O real custo das coisas na sua vida
(e no mundo)
Frequentemente pensamos em diminuir a quantidade de compras, geralmente
porque estamos pensando no nosso bolso, especialmente nos tempos de crise.
Mas o que quase nunca paramos para pensar é que o valor das coisas que
compramos não está somente no preço da etiqueta.

O custo de comprar um item é apenas a ponta do iceberg. Quando


compramos algo, levamos esta compra para nossas casas, nossas vidas, e
estamos colocando mais um objeto no mundo.

Este objeto não simplesmente nasceu em uma prateleira de loja. Ele nasceu
das florestas (se feito de madeira), de minas (se feito de ferro), das
profundezas do mundo (se for feito de plástico e outros materiais sintéticos,
derivados do petróleo), ou talvez seja uma combinação destas três opções.
Este objeto nasceu de um recurso natural, então foi desenvolvido em uma
fábrica – que polui. Então ele é desenvolvido e então enviado para vários
centros de distribuição e, finalmente, para a loja. Mas este não é o final.

A vida deste objeto apenas começou a entrar em nossas vidas, embora já


tenhamos pago pela destruição que ele causou, apenas para tê-lo.

Após comprá-lo, é necessário transportar para casa: de carro, fazendo mais


uma viagem que polui, ou pagando o frete, que além de contribuir com a
poluição, custa dinheiro e tempo.
Após todos os gastos – de dinheiro, tempo e recursos -, o novo objeto agora
ocupa espaço em nossas casas ou escritórios, um espaço que poderia ser
utilizado para outras finalidades ou, ainda, não precisaria nem existir: não
havendo necessidade de mais objetos, seria possível habitar um espaço menor
– o que pouparia dinheiro, muito dinheiro. Ainda assim, este é só o começo
do ciclo do novo objeto. Se for eletrônico, ele requer energia, por exemplo.
Além disso, necessita manutenção, limpeza, configuração. Isso requer tempo
e recursos físicos.

Ao adquirir novos objetos, lembre-se do caminho que ele fez até chegar às
suas mãos.

Pegada de carbono
Além do óbvio benefício no bolso, no espaço e no custo para o planeta, ao
consumir menos coisas e na simplificação da vida, como já falamos aqui,
precisamos lembrar da diminuição da sua pegada de carbono.

O carbon footprint, ou pegada de carbono, é uma espécie de marca ambiental


que deixamos no mundo - diretamente relacionada ao ciclo que um produto
faz no mundo para chegar à sua casa, como acabamos de refletir. Ela mede a
quantidade de dióxido de carbono que produzimos, direta ou indiretamente, e
como essa emissão de gases influenciam no meio ambiente. Produzimos este
dióxido de carbono diariamente, com nossas atividades do dia a dia, e este
gás é libertado na atmosfera. É ele o principal responsável pelo efeito estufa e
aquecimento global.

A quantidade de dióxido de carbono – ou tamanho da pegada - produzida por


cada indivíduo varia, dependendo basicamente do estilo de vida. Os estudos
mostram que, na média mundial, cada cidadão produz quatro toneladas do
gás anualmente, e este valor oscila muito de um país para outro – por
exemplo, nos EUA, cada pessoa produz até 20 toneladas de dióxido de
carbono por ano!

Para ter uma ideia de quanto você produz de dióxido de carbono, acesse a
calculadora do iniciativaverde.org:

http://www.iniciativaverde.org.br/calculadora/index.php

A diminuição desta pegada de carbono pela parte de todas as pessoas soma-se


à lista de benefícios que podemos ter com o minimalismo.

Para alguns produtos em específico, por serem tão presentes no nosso dia a
dia, pode ser bastante difícil diminuir esta pegada de carbono, pois desde
sempre estamos acostumados a consumir sem pensar nas consequências. O
melhor exemplo é a moda e nosso guarda-roupa, assunto do próximo
capítulo.
Minimalismo, fast-fashion e o
consumo consciente
Itens que consideramos baratos - para nossa realidade brasileira - estão
sempre à disposição, em qualquer centro de compras que formos. Estão aos
montes nas araras de lojas gigantes, comumente encontradas em shopping
centers no Brasil e no mundo. São as redes que chamamos de fast fashion,
que você certamente conhece - e já frequentou - várias. Você pode
reconhecê-las por ter inúmeras peças ao alcance das mãos e sempre com
todos os tamanhos disponíveis, divididas em várias seções.

Estas lojas em especial chamam a atenção pelo valor e facilidade de entrar,


escolher seus (vários) itens novos e mais baratos do que uma loja
especializada em roupas e acessórios de marcas e se dirigir diretamente ao
caixa. Sendo tão barato comprar coisas novas, de roupas e calçados a
acessórios, nos acostumamos a não pensar muito sobre a qualidade do
produto que estamos adquirindo e pensamos menos ainda sobre como
poderíamos simplesmente não comprar algo novo e, em vez disso, consertar
algo que já temos no armário.

Mas, além do nosso querido minimalismo, há outras razões para pensarmos


em comprar menos e ter menos: o meio ambiente. Comprar (e, naturalmente,
descartar) roupas e acessórios em demasiado não é uma atitude sustentável.
Apenas um exemplo: a maior parte dos itens de vestuário contém algodão,
cuja produção envolve o uso de muitos químicos e pesticidas - de fato,
segundo o Elephant Journal, a produção de algodão emprega de 11% a 12%
de todo pesticida usado no mundo. Além disso, não apenas a produção de
matéria-prima pode ser um problema para o meio ambiente, como também o
descarte destas peças: você já parou para pensar em onde vão parar as
camisetas, calças, sapatos que você não quer mais? Você provavelmente vai
dizer que doa suas peças usadas para quem precisa, mas estas pessoas que
receberam as doações, eventualmente, também vão precisar descartar. Este
descarte todo vai acabar virando lixo, que sabemos que não há um lugar certo
para ir e, no Brasil, temos exemplos assombrosos de lixões a céu aberto de
material que o país não tem capacidade para reciclar.

E, ainda, se formos falar em específico sobre algumas redes de fast fashion,


que já se envolveram em verdadeiros escândalos, temos ainda mais motivos
para nos preocuparmos com o super consumismo de vestuário: o trabalho
infantil ou escravo. Algumas redes (não todas, claro), mantém fábricas nos
países onde a mão de obra é mais barata do que sua nação-sede. Até aí, tudo
relativamente ok. O problema é que já foram descobertas crianças
trabalhando nestas fábricas e trabalhadores trabalhando por mais horas do
que a legislação permitiria ou ganhando abaixo do piso local. Isso é
praticamente trabalho escravo.

Tudo para manter a sede do ser humano de ter mais do que realmente precisa.

E é aí que voltamos ao minimalismo. Um armário limitado, afinal de contas,


tem mais de uma função: ser ecologicamente e humanamente mais correto,
aliviar o seu bolso e facilitar sua vida na hora de se vestir.

Nós, criaturas nascidas e criadas no capitalismo com a cultura do


consumismo, fomos ensinados pelos meios televisivos, através de muita
influência de filmes e seriados, que precisamos ter sempre muitas opções de
roupa ("Deus me livre de me verem duas vezes com a mesma camisa!"), que
vão nos achar estranhos se nos virem com a mesma roupa duas vezes. Mas
pode apostar: ninguém vai perceber ou muito menos se importar se você
aparecer várias vezes no trabalho, na faculdade, no passeio ou nas saídas de
lazer com as mesmas roupas, desde que haja um pouco de variedade e, claro,
as suas roupas estejam limpas e decentes.

Faça o teste: use uma camisa no trabalho segunda-feira e repita-a na sexta ou


na próxima segunda. A não ser que seja uma cor extremamente chamativa,
uma estampa muito marcante ou que você tenha esquecido de lavá-la (por
favor não faça isso!), ninguém vai perceber ou achar ruim a sua repetição -
afinal, qual o problema?

Passo a passo: transformando seu guarda-roupa em


minimalista
● Reconheça que tem coisas demais.

● Vá às compras no seu próprio armário

1. Coloque todas as peças para fora, categoria por categoria: pode começar
com camisas, calças, casacos, o que preferir.....
2. Selecione inicialmente as peças preferidas - aquela camisa que você
adora ou aquela blusa que você não viveria sem....

3. Agora analise todas as peças e pense 'se eu fosse ao shopping hoje, eu


compraria esta peça?'

4. Caso a resposta seja 'talvez' e você fique inseguro de descartar a peça, a


dica é adquirir uma caixa grande e colocar as peças que você ficou na
dúvida, com uma etiqueta com a data que ela foi parar lá, e então dê um
prazo àquele item: se você não precisou dele por, digamos, 6 meses, é
sinal de que não precisará mais. Mas atenção: não vale colocar todas as
peças do seu armário nesta categoria, ou você nunca irá conseguir
descartar o que não precisa.

5. As peças que você decidiu que não quer ou não precisa mais, você
deve descartar.

● Aprenda a viver somente com os itens que sobraram após o descarte do


desnecessário. Apenas após se acostumar ao novo guarda-roupa, permita-se
listar o que falta e adquirir. Lembre-se: você deve comprar apenas o que sente
falta, e não aquela peça “oh mas está com 40% de desconto, acho que posso
usá-la em algum dia da minha vida, está tão barata”.

Agora, sobre os itens que serão descartados: organize e separe tudo em caixas
ou sacolas e descubra o que fazer com elas: a grande maioria dos itens que
estavam em seu armário supõe-se que estão em bom estado de uso, e neste
caso, pesquise perto de você onde poderia doar estes itens. Pense na seguinte
ideia: não é porque não servem para você - por não serem mais seu estilo,
terem ficado pequenas ou simplesmente porque você esqueceu que tinha e
nunca mais usou - que não irão servir para outras pessoas.

Se você ficar com receio de doar todas as roupas (ou se estiver precisando de
dinheiro extra), considere levar a um brechó as peças que considerar que
valem a pena serem vendidas. Além de simplificar o seu guarda-roupa e fazer
uma graninha, você estará também:

1. Facilitando para que outras pessoas possam comprar roupas mais


baratas (por serem usadas)

2. Dando uma nova chance às suas roupas de terem novos donos que
realmente as usarão - e não as deixarão jogadas no armário por
meses

3. Estimulará e economia local, visto que a grande maioria dos brechós


no país são mantidos por comerciantes locais

Na hora de escolher se doa ou se vai até um brechó, lembre-se também que


existem os brechós beneficentes, que arrecadam fundos para causas sociais.
Uma boa pedida, se possível.
Mantendo o guarda-roupa
minimalista
Após livrar-se do desnecessário, claro, é preciso manter seu guarda-roupa
enxuto. Para isso, além de não sair comprando tudo o que se vê pela frente,
há alguns segredos que podem ser seguidos para conseguir manter um
guarda-roupa eficiente, minimalista e, se você se esforçar, muito econômico.

O primeiro passo é evitar algumas coisas.

Primeiro de tudo, combater o vício de ir às compras como hobby. Comece


evitando a ideia de que ir passear e voltar para casa cheio de sacolas é um
bom programa para o sábado à tarde. Sem problemas ir à lugares comerciais
como shopping centers ou áreas comerciais com os amigos - afinal nestes
locais também há outras atrações, como gastronomia e cultural -, mas você
não deve comprar itens por impulso. Lembre-se do conceito do minimalismo:
apenas o necessário, nem mais nem menos. Compre apenas o que precisa e
quando precisa.

Se for difícil para você resistir à “tentação” das vitrines cheias de luzes e
chamadas apelativas, use a técnica de sair de casa apenas com o dinheiro
necessário para a programação que irá fazer. Se o plano for tomar um café
com amigos, ir ao cinema e voltar para casa de táxi, calcule o valor que
precisa para pagar por isso e leve apenas este dinheiro. Caso fique inseguro,
leve um percentual a mais ou um cartão que use apenas para emergências.
(Observe que roupas, sapatos, acessórios e itens que vão para seu armário ou
decoração da sua casa não entram na categoria “emergências”!)

Assim, a lógica é simples: sem dinheiro, sem compras desnecessárias.

Após absorvida a ideia de comprar apenas o que é necessário, avalie onde


comprar o que precisa.

Basicamente, indo a algum shopping center de qualquer cidade minimamente


grande o suficiente para comportar um centro de compras em um prédio,
você terá duas opções de compras: os fast-fashion, já citados acima, e as lojas
com marcas específicas.

Não é possível generalizar, porém muitas vezes itens de fast-fashion tem


qualidade inferior aos itens lojas de marca própria. Isso reflete no preço:
observe as vitrines - é comum encontrar por exemplo calça jeans da moda
cujo valor nas grande magazines chega a ser metade ou um terço menor do
que em outras lojas menores. O menor preço pode refletir matéria prima de
menor qualidade, mão de obra mais barata, mais agilidade na confecção, etc.

Não há nada de errado em comprar nas lojas tipo fast-fashion, porém a


qualidade e durabilidade do item precisa ser observada e avaliada.

Se for de baixa qualidade, que pode estragar ou ficar feio com pouco tempo
de uso, a sugestão é evitá-lo e partir para um produto com qualidade superior,
mesmo que mais caro. A razão disso: sustentabilidade e economia.
Sustentabilidade e economia? Mas vou estar gastando mais! Como
assim?

Em primeiro lugar, um item de baixa qualidade corre o risco de ser


descartado logo. Se está ruim ou estragado, não pode ser doado ou vendido,
então ele virará lixo - aquele lixo que o planeta já está cheio, que ninguém
sabe mais o que fazer. Sabe a pegada de carbono que falamos
anteriormente? Esta mesma: você só aumenta sua pegada de lixo no planeta
investido em produtos de baixa qualidade.

Em segundo lugar, investir em itens de maior qualidade e mais duráveis, é


sim econômico. A matemática é simples. Veja exemplos de três peças que
formam um traje completo no seu dia a dia:

*Entenda “Durabilidade” como um conjunto de qualidade, cuidado

(materiais com custo menor tendem a estragar mais fácil, até mesmo serem

mais sensíveis à máquina de lavar roupa) e também sua vontade de usar:

acredite, sua consciência de que investiu em uma peça mais cara lhe fará

usá-la mais tempo e não esquecê-la tão facilmente no fundo do armário.


Calça jeans

Item de qualidade: R$ 300

Durabilidade: 10 anos ou até mais.

Preço por ano: R$ 300 / 10 anos = R$ 30

Item de menor preço: R$ 120

Durabilidade: 3 anos em média.

Preço por ano: R$ 120 / 3 anos = R$ 40

Camisa social

Item de qualidade: R$ 160

Durabilidade: 6 anos ou até mais.

Preço por ano: R$ 160 / 6 anos = R$ 26,66

Item de menor preço: R$ 89,90

Durabilidade: até 2 anos em média.

Preço por ano: R$ 89,90 / 2 anos = R$ 44,95


Sapato social

Item de qualidade: R$ 250

Durabilidade: 5 anos ou até mais.

Preço por ano: R$ 250 / 5 anos = R$ 50,00

Item de menor preço: R$ 149,90

Durabilidade: até 3 anos em média.

Preço por ano: R$ 149,90 / 3 anos = R$ 49,96

Custo do traje completo por ano:

Item de qualidade: R$ 101,61

Item de menor preço: R$ 134,91

Diferença em dinheiro: R$ 33,30

Esta diferença de R$ 33,30 por ano pode não parecer muito grande à primeira
vista, mas considere estes fatos:
São R$ 33,30 por ano para cada traje semelhante a este do exemplo.
Considere que você com certeza terá mais do que estes três itens no
armário - nem mesmo o mais minimalista dos minimalistas
conseguiria viver apenas com isso. Multiplique pela quantidade de
roupas que você julga necessário ter no seu armário. Seriam três
trajes assim, mais outros itens como camisetas, blusas, roupas de
esporte, tênis? A diferença irá se multiplicando e tornando a
economia anual cada vez mais interessante.

Além do valor, considere que, adquirindo itens de melhor


qualidade, além de economizar pela durabilidade dos mesmos, você
irá gerar menos lixo ao final do período de vida útil dos produtos.
Considere também seu tempo: maior durabilidade significa que
você terá que ir menos vezes às compras e pesquisar pelos
melhores produtos.

Se você é adepto à revenda de produtos usados à brechós ou até


mesmo direto a outras pessoas (ou mesmo trocar com os amigos
por outros itens que eles também estejam enjoados), os produtos de
melhor qualidade e durabilidade lhe trarão melhor retorno na hora
de negociar. Imagine usar uma calça de R$ 300 por 10 anos e
depois deste período revendê-la por R$ 50? Isso significa que ela
lhe custou apenas R$ 25,00 por ano e depois ainda foi útil à outra
pessoa.
É claro, estes valores são estimativas gerais - baseados em valores vistos em
2017 nas vitrines e também na experiência pessoal de quem escreve
observando a durabilidade de roupas, calçados e acessórios. Mas, atentando à
qualidade dos itens que você for avaliar nas lojas, aos poucos ficará mais
fácil compreender melhor o custo-benefício dos objetos. Basta pesquisar,
avaliar, literalmente sentir na pele.

Aplicando a outras áreas da vida


Os exemplos e argumentos citados logo acima, claro, não se aplicam apenas
ao seu armário. Itens que duram mais, mesmo que sejam um pouco mais
caros, são bons para o seu bolso e para o meio ambiente na maioria das vezes.

Sabe aquele impulso de trocar o celular todos os anos? Pois é. Você


realmente precisa o celular do ano no bolso? Não faria mais sentido comprar
um celular bom o suficiente para ficar com ele pelo menos dois anos?
Pesquise, compare, e faça as contas.

O mesmo vale para todos os eletrônicos que nos rodeiam. Aquela TV nova
que você tanto quer, o tablet recém-lançado, o som ultra-potente que faz você
babar nas vitrines (mesmo que more em apartamento e sabe que nunca vai
poder usar toda a potência oferecida pelo aparelho)…

Não só para eletrônicos, tampouco, esta lógica se aplica. Vale para cada
cantinho da sua casa. Seus móveis, seus acessórios, seus utensílios de
cozinha, tudo.
Tudo o que pensar em adquirir, pense:

Eu preciso mesmo?

Eu vou usar?

É o melhor uso para o meu dinheiro?

Este item vai ter uso por quanto tempo? Investindo um pouquinho a
mais consigo um item similar, mas que me dure muito mais tempo?

O que vou fazer com isso quando não servir mais para mim?
A arte de carregar menos coisas
Quanto você carrega por aí, todos os dias, em seus bolsos, bolsa e mochila?

Isso não é algo que pensemos muito - afinal é prático jogar todas as coisas
que achamos que precisamos em uma mochila -, mas cada objeto acaba sendo
um peso. Talvez não um peso físico, mas mais uma responsabilidade. Pensar
e cuidar de cada coisa que carregamos gera preocupações - sem falar que, se
pensarmos na questão peso físico, se você carregar muitas coisas isso pode
até mesmo causar problemas de coluna...

Carregar por aí apenas o que você precisa - nem mais, nem menos - também
é minimalismo. É uma forma de ser mais leve, ter menos preocupações e, por
que não?, ter mais segurança.

O que há agora em seus bolsos, na sua bolsa, pasta, mochila? Pense agora no
nos objetos que você está carregando consigo agora.

Alguns exemplos do que normalmente as pessoas carregam por aí:

Carteira, com dinheiro, vários cartões, cartões de fidelidade, fotos,


notas, etc.
Bolsa, com uma infinidade de itens como bloco de notas, canetas,
carteira, maquiagens, necessaire, lenços, etc.
Mochila ou pastas, com laptop, papéis, e mais cadernos e agendas.
Celular(es) e diversos acessórios para os mesmos (cabos,
carregadores, fones de ouvido, bateria extra, etc) Chaves
Relógio
Lanches
Livros
Farmácia ambulante (sempre temos remédios para dor de cabeça ou
curativo adesivo para emergências, não é mesmo?)

Quais destes itens você realmente precisa?

Teste. Preste atenção agora em todos os itens que você carrega. Você usou
todos ou irá usar, ainda hoje? Se usou ou vai usar, tudo bem. Se não,
considere que talvez estes objetos possas ficar em casa ou no trabalho - e só
sairem de lá quando você realmente precisar.

Um exemplo é a sua carteira:

Quantos documentos você carrega por aí? Se você tem carteira de


habilitação, não precisa andar com a carteira de identidade.
Quantos cartões, de crédito, débito e vouchers (os famosos vale-
refeição) você tem com você agora? Se seu plano é ir de casa para o
trabalho, e então para a academia ou happy hour e no final voltar
para casa, você realmente precisa de todos eles? Somente um ou
dois não são o suficiente para o dia a dia, se você não irá às
compras?
Que outros papéis você mantém dentro da carteira? Você precisa
daquelas fotos 3x4 sempre com você? O cartão fidelidade da
cafeteria que fica do outro lado da cidade e você só vai lá a cada
dois meses?
Pense que, além de se preocupar com menos coisas e ser mais leve, carregar
menos coisas também facilita se - esperamos que não! - você por acaso
perder sua carteira de alguma forma: são bem menos coisas para cancelar e
repor.

Faça esta análise em tudo o que você carrega no dia a dia e descubra se
algumas destas coisas não poderiam ficar em casa e só sair quando realmente
necessárias.

É surpreendentemente bom andar por aí com, literalmente, menos peso. Você


acaba se sentindo mais leve e livre, com menos distrações - e pode se focar
em coisas mais importantes do que se preocupar se não perdeu nenhum dos
100 objetos que você carrega por aí.
Seu minimalismo no seu dia a dia
A reflexão do capítulo anterior sobre o minimalismo não serve apenas para
analisar sua mochila ou sua bolsa; é uma reflexão para o seu dia a dia.

Vale para a sua mesa de trabalho;

Vale para os objetos na sua sala;

Vale para os seus armários da cozinha;

Vale para as suas gavetas;

Vale, obviamente, para o seu guarda-roupa, como já detalhado aqui.

Lembre-se de um dos dois grandes conceitos do minimalismo: ter o que


precisa, nem de mais, nem de menos.

Sua mesa de trabalho tem apenas o necessário? Tem certeza? E aquele porta-
canetas parado ali ocupando espaço, com seis canetas promocionais, duas
lapiseiras sem grafite, um lápis e um monte de clipes de papel no fundo, que
sempre que você precisa tem que tirar tudo e fazer a maior bagunça?

E aquele monte de decoração que já virou paisagem na sua sala, sem fazer
sentido nenhum, sem combinar com nada, como aquele bibelô que você
apenas deixou ali porque ganhou de algum colega uns cinco anos atrás no seu
aniversário e acabou esquecendo?
Nessa altura, o ponto já está claro: se não nos policiarmos, os excessos
acontecerão em todos os lugares possíveis. E excessos só significam mais
custo, mais bagunça e mais tempo perdido para lidar com eles.

Mude seus hábitos e ganhe mais tempo, menos bagunça e economize


dinheiro.

E a mudança mais difícil muitas vezes não é organizar a casa e diminuir os


pertences. É se conscientizar e permanecer assim. É perceber que, aquilo que
você descartou, realmente não é necessário. Portanto, você não precisa
comprar novamente. Não precisa comprar por impulso.

Geralmente é preciso lembrar diariamente que, mantendo tudo ao mínimo e


organizado, a vida se torna mais fácil. É menos tempo para arrumar, menos
tempo para limpar menos coisas, mais fácil de fazer algo saudável para você.

E é preciso entender que minimalismo não precisa se refletir apenas nos seus
bens materiais, estes que quando arruma a casa organiza tudo. Entender que
minimalismo de verdade se reflete também nos seus relacionamentos, no
trabalho, forma de pensar e de viver. Entender especialmente que você não
precisa fazer ou ter coisas demais, mas também não ter o que fazer coisa de
menos. É fazer e ter o necessário.

Minimalize-se.
Sobre o livro

Este é o segundo livro digital da autora sobre minimalismo, com uma


narrativa mais longa sobre o assunto. É um tema amplo, complexo, porém ao
mesmo tempo extremamente simples e apaixonante.

Vale lembrar que as sugestões aqui descritas são baseadas nas experiências
pessoais da autora, não tendo um fundo científico de comprovação, não
devendo ser levados como verdade absoluta. Cada um tem de ser livre para
inventar seu próprio minimalismo e simplicidade de viver.

Sobre a autora

Izzy Müller é jornalista, apaixonada pelas coisas simples da vida, como


escrever.

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