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Universidade Estadual Paulista – Campus Guaratinguetá

Departamento de Materiais e Tecnologia

Ensaio Jominy

Gabriel Knopp de Macedo – 181323486


Guilherme Guerato - 181324415
Juan Martinez Mendes Nóbrega Rocha – 181324423

Propriedades Mecânicas dos Materiais – 342L

Resumo: O ensaio de jominy consiste em testar a tempera de um corpo de prova


padronizado, com o intuito de verificar suas propriedades de microestrutura,
comparações de fases, e comparações com estruturas já tabeladas dos materiais, assim
reafirmando se determinado ensaio ou processo se enquadra adequadamente ao que
se pede.

Palavras-chave: ensaio jominy, aço 1045, dureza, tempera, resfriamento.

1. INTRODUÇÃO
Para se ter certo contexto e poder entender melhor o ensaio jominy, se precisa
entender um pouco mais sobre tratamentos térmicos, que seriam um conjunto de
operações que têm por objetivo modificar as propriedades dos aços e de outros
materiais através de um conjunto de operações que incluem o aquecimento e o
resfriamento em condições controladas. Podendo ser dividido em duas formas, os
tratamentos que visam modificar as propriedades mecânicas ligas ou aliviar tensões e
reestabelecer a estrutura cristalina normal e os tratamentos que visam endurecimento
superficial, pela alteração da composição química da camada superficial do material,
até uma determinada profundidade.
Alguns tratamentos térmicos conhecidos seriam Recozimento, Normalização,
Têmpera, Revenimento, Cementação, Nitretação.
Sabendo desses tratamentos, pode-se comentar sobre o ensaio Jominy, que se
destina ao teste da temperabilidade de aços, provenientes dos tratamentos citados
anteriormente. O ensaio consiste em um corpo de prova padronizado de aço, sendo
aquecido até a temperatura de têmpera e resfriado bruscamente em uma face frontal,
em um dispositivo, por meio de um jato d’água ascendente. Nas superfícies de ensaio
retificadas em paralelo e o eixo do corpo de prova mede-se a dureza em distâncias
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determinadas, iniciando na face frontal resfriada bruscamente.


Quando analisados os resultados as curvas do ensaio Jominy para um determinado
material pode-se verificar que existe uma faixa de dureza. Essa faixa é devido a
dispersão dos resultados dos ensaios executados para a realização da norma. A
dispersão dos resultados para um mesmo material ocorre por algumas razões como às
diferenças na estrutura dos aços (tamanho de grão, inclusões, etc.) e nas composições
químicas. Além de ser utilizado para a verificação de novas ligas metálicas em alguns
trabalhos acadêmicos, provando alguns essenciais para esses projetos como:
microestrutura mais resistente: o ensaio verifica a profundidade de formação da
microestrutura martensítica no interior de uma peça metálica em aço, especialmente os
de baixa liga; condição ideal dos produtos: como controle de qualidade, o ensaio de
temperabilidade jominy busca evidenciar as condições reais de saída de um processo
produtivo, especialmente a têmpera dos aços; comparações entre fases: por fim, o
registro de resultado de um ensaio Jominy permite a comparação entre os
procedimentos utilizados na têmpera do aço.
Algumas das normas que devem ser seguidas seriam: ASME VIII Div.1;
AWSD1.1; ASTM A 255; SAE J 406; DIN 50191; ASTM E 18.
Na questão de aplicação deste método, deve ser utilizado um forno provido de
atmosfera controlada neutra e equipado com um controlador de temperatura capaz de
trabalhar na faixa de 800 °C a 950 °C com desvio de apenas ± 5 °C.

Na falta de atmosfera controlada neutra no forno, pode-se recorrer a um tubo


protetor do corpo de prova, fechado em uma das extremidades e com um flange na
outra, medindo: 26 mm de diâmetro interno; 105 mm de profundidade; 70 mm de aresta
de um flange quadrado, além de outras especificações na questão da entrada e saída
de água, dimensões para que ainda seja considerado um ensaio dentro dos padrões
aceitáveis.

2. OBJETIVOS
• Realizar o ensaio de temperabilidade (ou endurecibilidade) JOMINY em
dois aços, sendo um aço de médio teor de carbono (0,2% < %C < 0,5%)
e o outro de alto teor de carbono (%C >0,5%) e alta liga (S % dos
elementos de liga > 8%).
• Determinar as curvas de temperabilidade para os dois aços.
• Avaliar o efeito do teor de carbono sobre a dureza máxima obtida e o
efeito dos elementos de liga sobre a temperabilidade dos aços.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
• Aço SAE 1045 equivalente ao aço ASTM 1045, composto por 0,45 %C e
0,75 %Mn;
• Aço VC 131 equivalente ao aço ASTM D6, composto por 2,10 %C, 0,30
%Mn, 11,50 %Cr, 0,70 %W e 0,20 %V;
• Forno;
• Dispositivo Jominy

Possuindo as seguintes dimensões:

Figura 1 - Forma e dimensão (mm) dos corpos de prova utilizados para determinar a temperabilidade

dos aços pelo método Jominy (ABNT MB-381).

De acordo com a tabela abaixo os corpos de prova deverão ser austenitizados,


assim como o resfriamento será em água no dispositivo Jominy.

Figura 2 - Faixa de temperatura e tempo de austenitização dos aços SAE 1045 e VC 131.

Assim que o material atinge a temperatura indicada na figura 2 para seus


respectivos aços e colocado no dispositivo Jominy, com a água em contato do
material acontece o resfriamento em torno de 15 a 30 minutos. Em seguida, traça o
corpo de prova de 1/16 em 1 polegada depois de 1 polegada até 2 polegadas com
distanciamento de 1/8. Após o resfriamento, faz-se a medida da dureza ao longo do
eixo pelo sistema Rockwell A.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Através da realização do ensaio, obteve-se tanto os valores da dureza do
material em HRA e a distância do ensaio em polegadas, podendo-se relacionar
as duas medidas demonstrada nas tabelas abaixo:

Tabela 1 - Dureza HR A do aço SAE 1045 em função da distância Jominy, d (pol)

Tabela 2 - Dureza HR A do aço VC 131 em função da distância Jominy, d (pol)

Após todo o preenchimento das tabelas com os dados coletados, plotou-se a


curva Jominy de cada um dos materiais no intuito de analisar o comportamento
dos materiais durante o ensaio.

Gráfico 1 - Curva Jominy Aço SAE 1045

Analisando o gráfico 1, é possível perceber que o aço SAE 1045 apresenta


seu maior valor de dureza bem próximo da sua extremidade e decrescendo com
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aumento da distância Jominy. Esse fenômeno ocorre devido a taxa de resfriação


ocorrida no material ir se alterando, demonstrando que no começo do corpo de
prova, a alta taxa de resfriamento provoca a formação da martensita no material,
aumentando sua resistência e, consequentemente sua dureza. Durante todo o
ensaio, a taxa de resfriação vai diminuindo, provocando mais difusão do carbono
e maior concentração de perlita, abaixando consideravelmente sua dureza.

Gráfico 2 - Curva Jominy Aço VC 131

Através da análise do gráfico 2, é possível perceber que o aço VC 131


apresenta durezas osciláveis no começo, mas estável em distâncias maiores,
demonstrando assim uma boa temperabilidade em diferentes tamanhos de
espessuras. Tal fato é explicado através da influência da quantidade de carbono
na temperatura, uma vez que quanto maior a quantidade, mais fácil será a
obtenção da fase martensítica, aumentando assim sua temperabilidade. Logo,
como o aço VC 131 apresenta 2,1% de carbono, enquanto que o aço SAE 1045
apresenta 0,45%, o aço VC 131 apresentará maior temperabilidade,
comprovando-se também através das retas tendências dos dois materiais.
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Gráfico 3 - Curva Jominy de Comparação

Quando observada juntamente as duas curvas, comprova-se a influência


da quantidade de carbono, bem como a influência de elementos na liga, uma vez
que o aço VC 131 apresenta mais quantidade de carbono, além de apresentar
em sua estrutura elementos como cromo e molibdênio, aumentando a sua
temperabilidade, consequentemente apresentando valores de dureza maiores
que o aço SAE 1045.

Além dessas influências, pode-se notar que a microestrutura dos aços


também influencia a formação das fases martensíticas, uma vez que grãos
maiores favorecem tal formação.

5. CONCLUSÃO
Após toda a realização do ensaio Jominy, pode-se analisar a temperabilidade
dos dois materiais: aço SAE 1045 e aço VC 131. Sendo assim, concluiu-se que
a temperabilidade do aço VC 131 é maior que a temperabilidade do aço SAE
1045.
Notou-se também que a quantidade de carbonos na estrutura, a presença de
outros elementos e a microestrutura acabam favorecendo a formação de uma
fase martensítica, que apresenta como característica importante uma maior
dureza.
Além disso, percebeu-se que a taxa de resfriação também é uma importante
influência, na medida que quando há uma redução dessa taxa, começa a ocorrer
uma maior presença de fases como perlita, caracterizadas por uma baixa dureza.
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Bem como, a distância Jominy age na medida que quanto menor tal medida, o
fluído utilizado terá maior contato com corpo de prova, influenciando e agilizando
a fase martensítica, aumentando a dureza.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Callister, William. Ciência E Engenharia de Materiais: Uma Introdução.
Grupo Gen-LTC, 2000.

[2] VILLARES METALS. AÇO VC 131. Disponível em :<


https://www.villaresmetals.com.br/pt/Produtos/Acos-Ferramenta/Trabalho-a-
frio/VC131> Acessado em 28/01/2021

[3] AÇOESPECIAL. AÇO SAE 1045. Disponível em:<


https://www.acoespecial.com.br/aco-1045> Acessado em 28/01/2021

[4] TORK-laboratórios. TRATAMENTO TÉRMICO E ENSAIO JOMINY.


Disponível em:< https://laboratorios-tork.com.br/servicos/testes-em-
materiais/tratamento-termico-jominy/ > Acessado em 01/02/2021

[5] LABTESTE-laboratórios. ENSAIO DE TEMPERABILIDADE JOMINY.


Disponível em:< https://www.labteste.com.br/ensaio-temperabilidade-jominy >
Acessado em 01/02/2021

[6] Portal Bqualidade. ENSAIO DE TEMPERABILIDADE JOMINY.


Disponível em:< https://www.banasqualidade.com.br/noticias/2016/12/a-
qualidade-do-ensaio-jominy-em-aco.php > Acessado em 01/02/2021

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