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INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE

COORDENADORIA DE ENGENHARIA CIVIL


HUMANIDADES E CIDADANIA

RESUMO TEXTUAL

FREYRE, Gilberto; Homens, Engenharias e Rumos Sociais; Capitulo 1 – Em


torno das três engenharias – a física, a humana, a social – e de suas
projeções sobre o futuro humano, em geral, e brasileiro, em particular.
São Paulo: É Realizações, 2010.

O texto aborda diversos aspectos de como a engenharia engloba um


conjunto de problemas extras, em paralelo com seu objetivo inicial, e demanda
uma serie de soluções para superar estes desafios de construir, inovar e criar
novos produtos sem que haja desperdício, ou que seja minimizado o
desperdício de recursos (financeiros e humanos). Com isso notamos a atuação
de três tipos da engenharia, com característica e funções distintas. São elas, a
engenharia física, a engenharia social e a engenharia humana, onde a
engenharia humana atua como ligação entre a engenharia física e social.
A engenharia humana é quem faz o ajustamento da biologia, da
fisiologia, da forma do corpo do homem ou, mais precisamente das variações
dos tipos de homem (segundo sexos, etnias, idades, constituições, classe
social, etc). Portanto tanto as engenharias físicas como a social precisam atuar
conforme as diretrizes da engenharia humana.
A engenharia humana insiste em demonstrar que não se tem apenas
um tipo de homem médio, ou seja, um padrão que se possa adotar por média
global. Assim mostra que existem variados tipos de homens médios que devem
ser levados em consideração na execução das atividades inerentes as
engenharias, como ao construir escadas de edifícios, ou mesmo ao adaptar
equipamentos e condições de trabalho a mãos, pés, troncos, braços dos seres
humanos.
No Brasil, podemos citar a construção dos automóveis, onde essa
engenharia acompanha o desenvolvimento de novos produtos. Nota-se que
maioria das vezes ainda não se leva em consideração a diversidade dos
biótipos humanos da nossa sociedade, focando principalmente em aspectos do
ambiente como as nossas condições de estradas, clima, economia de
combustível, entre outros aspectos técnicos, ou seja, aspectos não humanos.

10 de março 2019

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Espera-se que no Brasil aconteça um aumento no número de
engenheiros. Esse aumento corresponde à expansão das “indústrias
cientificas”.
A expansão das indústrias dependeu do aumento de pesquisas em
laboratórios, juntando-se a figura do engenheiro pratico com o engenheiro
pesquisador. Assim foi com a busca da solução dos problemas da indústria que
a figura do engenheiro humano começou a surgir com seu moderno contorno.
Desde o século XIX, socialistas franceses já se preocupavam em
humanizar condições de trabalho, portanto podemos compreender que eles já
se aproximavam muito do conceito da engenharia humana, buscando adaptar o
esforço humano e o ambiente de trabalho aos atributos físicos, sociais
perceptivos.
O autor ressalta ainda que o conhecimento cientifica, obtido através de
pesquisa em laboratórios e, levado aos locais de trabalho para experimentação
e confirmação é muito eficaz para o aumento do conforto do operário, sua
qualidade de vida, aumenta a qualidade sua capacidade mental e emocional,
gerando melhor índice também de saúde.
O conflito de interesses entre essas três engenharias é inevitável, nem
sempre elas se conciliam. Ao se depara com um projeto inovador e novos
problemas, cada uma dessas engenharias irá propor ideais e concepções ou
incógnitas diferentes.
Na concepção de determinado produto, por exemplo, a engenharia
física vai se preocupar em algo inovador, pioneiro, que substitua o que se tem
no mercado por algo mais rápido, mais produtivo, mais eficiente;
A engenharia social, por sua vez, irá preocupar-se com o lado
econômico, levando em conta o poder aquisitivo do individuo em relação a
esse produto.
Já a engenharia humana enfatiza que tipos de vantagens, riscos e
transtornos tal produto pode trazer ao homem e a natureza.
Ainda sobre essa humanização da engenharia, podemos vislumbrar
aspectos gerais ‘versus’ aspectos regionais de determinado local. Este aspeto
pode citar o fator climático deste local, aspectos naturais, biológicos e vegetais,
etc.
Por exemplo, supondo que se deseja construir uma indústria a região
Norte brasileira, o pesquisador precisa dá atenção aos aspectos geográficos
(locomoção e transporte), climáticos (chuvas constantes, calor e umidade que
interferem no bem-estar e produtividade do trabalhador, caso ele seja de outras
regiões de clima adverso), entre outros. .

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O autor também faz, um posicionamento sobre os métodos de ensino
das faculdades no Brasil, citando outros autores, lembra que ao lado da
engenharia humana e social fica um tanto esquecida. Assim talentos de jovens
superdotados estariam se perdendo por falta de oportunidade de acesso à
universidade. Enquanto outros jovens com poder econômico estão acessando
esses cursos superiores sem o menor talento para tal.
Desse modo, teremos uma sociedade com diplomas de nível superior,
porém sem realmente está apta, sem o domínio de fato, de tal profissão. Logo
correndo o risco de deixar de criar um profissional de capacidade socialmente
completa, para criar um profissional “mecanizado” no tocante ao atendimento
ao homem.
Países como França, Alemanha e Espanha já correm em busca desses
talentos, desses gênios formando equipes de descobridores com que os
apoiem e incentivem.
No entanto analisando por outro lado, no Brasil a tolerância social é
muito mais democrática. Segundo o autor, não tivemos a influência da
sociedade calvinista onde a pobreza era uma condição mal vista. Ou seja, a
pobreza não é condição degradante, pelo contrário, em sua religiosidade,
chegam a ignorar barreiras de raças ou classes nos cultos, nas
comemorações, etc.
Desde o começo da sociedade brasileira, a miscigenação foi um fator
democratizante nessa sociedade, em meio aos processos preconceituosos.
Conclui-se assim que a temática social e humana, segundo Gilberto, é
um campo muito extenso, no que diz respeito às suas causa-origens, suas
posições, soluções de seus problemas. Portanto nota-se que o grande desafio
dessas três engenharias para a realidade da sociedade brasileira está muito
além de questões econômicas ou técnicas, abrangendo questões socais e
culturais muito diversas e complexas, que variam de região para região e entre
os diversos grupos de pessoas que compõem a população desse país. Assim
se faz necessário que ocorra a conscientização dos governos, da iniciativa
privada e das diversas camadas da sociedade, para se chegar a definições de
como e onde atuar para reduzir e modificar concepções já consolidadas no
âmbito social, visando o desenvolvimento de uma sociedade voltada mais para
a valorização e desenvolvimento do lado humano, ao invés do técnico e
econômico, e é nesse sentindo que a engenharia humana está inserida.

10 de março 2019

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