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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Instituto Multidisciplinar
Curso de História – Disciplina História do Brasil I
Professora Mônica Ribeiro

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UNIDADE II: PESQUISA E HISTORIOGRAFIA DA COLONIZAÇÃO

ABREU, Capistrano de. Capítulos de História Colonial. São Paulo: Publifolha, 2000, pp.
31- 58.
1. Antecedentes indígenas
- Capistrano de Abreu descreve, com detalhes, a geografia do Brasil, destacando as
montanhas, os rios, a faixa marítima, a região amazônica, e a fauna.
- Ao se remeter à fauna, o autor afirma que os animais não pareceram próprios aos
indígenas para colaborar na evolução social, dando leite, fornecendo vestimenta ou
auxiliando o transporte. De caça e pesca era composta sua alimentação animal.
- O autor começa então a focar nos indígenas, e logo destaca a questão das guerras,
que ferviam contínuas. Fala também da antropofagia, que não despertava
repugnância.
- Os indígenas viviam em pequenas comunidades. Capistrano diz que pouco trabalho
dava fincar uns paus e estender folhas por cima, por isso andavam em contínuas
mudanças.
- Os chefes indígenas apenas possuíam autoridade nominal, maior força cabia ao poder
espiritual.
- O autor afirma que os índios tinham os sentidos mais apurados, e intensidade de
observação da natureza inconcebível para o homem civilizado. Não lhes faltava
talento artístico, revelado em produtos cerâmicos, pinturas de cuia, máscaras,
adornos, danças e músicas.
- Ao falar da influência do meio sobre esses povos naturais, Capistrano diz que não
se afigura a indolência a sua principal característica. Afirma que o indígena era, sem
dúvida, indolente, mas que também era capaz de grandes esforços.
- Abreu diz que o indígena tinha ausência de cooperação, incapacidade de ação
incorporada e inteligente, limitada apenas pela divisão do trabalho e suas
consequências.

2. Fatores exóticos
- Ao começar o século XVI, Portugal labutava na transição da Idade Média para a era
moderna. O Estado reconhecia e acatava as leis da Igreja. A Igreja dominava
soberana pelo batismo, pelo casamento, pelos sacramentos, pela excomunhão, pelo
interdito, e pelo ensino.
- Apesar de tudo, ocorriam frequentes atritos entre a Igreja e o Estado, aquela
disposta a abrir o menos possível mão de suas atribuições antigas, este
conquistando ou assumindo novas faculdades.
- Como o papa, cabeça da sociedade religiosa, o rei tornara-se o sujeito jurídico da
sociedade civil.
- Abaixo do rei estava a nobreza, numerosa em famílias como nas distinções que
separavam umas das outras.
- Abaixo da nobreza estava o povo, a grande massa da nação, sem direitos pessoais.
- Abaixo do terceiro estado havia ainda os servos, escravos, etc., cujo direito único
cifrava-se em poderem, dadas as circunstâncias favoráveis, passar à classe
imediatamente superior.
- Capistrano de Abreu destaca que Portugal tinha uma população exígua, logo, a
opção para povoar o mundo era recorrer à mestiçagem.
- Nesse sentido, o autor introduz o negro no capítulo, afirmando que, assim como o
português estranho ao continente, juntava-se o negro, igualmente alienígena.
- A importação de negros começou desde o estabelecimento das capitanias e se
intensificou nos séculos seguintes.
- Segundo o autor, os negros tinham resistência ao trabalho, eram indicados para
rudes labutas que o indígena não tolerava. Destinados para a lavoura, penetravam
na vida doméstica dos senhores pela ama de leite e pela mucama.
- A mestiçagem com o elemento africano, ao contrário da mestiçagem com o
americano, era vista com certa aversão, e inabilitava para certos postos. Os mulatos
não podiam receber as ordens sacras, por exemplo.
- Capistrano diz que o negro trouxe uma nota alegre, ao lado do português taciturno
e do índio sorumbático.

3. Os descobridores
- A posição geográfica de Portugal destinava-o à vida marítima. A expedição contra
Ceuta, em 1415, reuniu já centenas de embarcações e milhares de marinheiros.
- Depois de tomada esta cidade aos mouros, atiraram-se os conquistadores para
terras africanas.
- Entre a morte de D. Henrique e o reinado de D. Afonso V (1460-1481), se não se
arrefeceu o movimento descobridor, prosseguiu com muito menos brilho: a
elevação de D. João II ao trono deu-lhe vida e calor.
- A chegada de Vasco da Gama com as embarcações carregadas de produtos
indianos mostrou a sabedoria e a previdência de D. João II, preferindo a qualquer
outro o caminho indicado pelo cabo da Boa Esperança.
- Temos, pois, duas correntes históricas bem definidas, originárias ambas no Brasil.
Seguindo a corrente ocidental, apenas procuraram baixas latitudes, os espanhóis
cortaram a linha e alcançaram o hemisfério sul. Seguindo a corrente do sul, os
portugueses, à procura de ventos mais francos para dobrar o cabo, vieram dar no
hemisfério ocidental. Ambos os casos ocorreram no mesmo ano.
- Capistrano diz que o interessa mais a corrente dos portugueses, e passa a detalhar
a armada de Pedro Álvares Cabral.
- O autor explica então, detalhadamente, a chegada ao Brasil, e fala da vantagem da
situação geográfica da nova terra para as navegações da Índia.
- Em meados do ano seguinte (1501), partiu de Portugal uma armada de três navios
a explorar a nova ilha da Cruz ou Vera Cruz. Depois de voltar esta armada, a Coroa
resolveu arrendar a terra por um triênio; os arrendatários comprometeram-se a
mandar anualmente seis navios a descobrir trezentas léguas e a fazer e sustentar
uma fortaleza.
- Anos mais tarde (1511), pensou-se em dar liberdade aos que quisessem vir tentar
fortuna, pagando apenas um quinto dos gêneros levados.
- Para facilitar os carregamentos, estabeleceram-se feitorias, de preferência em ilhas.
- Pau-brasil, papagaios, escravos, mestiços condensam a obra das primeiras décadas,
de acordo com Capistrano de Abreu.
- Da parte das índias, a mestiçagem se explica pela ambição de terem filhos
pertencentes à raça superior, segundo o autor.
- Da parte dos alienígenas (portugueses), devia influir, sobretudo, a escassez, se não
ausência de mulheres de seu sangue.
- Estes primeiros colonos que ficaram no Brasil, degredados, desertores, náufragos,
subordinam-se a dois tipos extremos, conforme visão do autor: uns sucumbiram ao
meio, ao ponto de furar lábios e orelhas; outros insurgiram-se contra ele e
impuseram sua vontade.

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