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MÓDULO 04

Logística da produção de grãos


MÓDULO 04 | Pós-Colheita de Grãos

De nada adiantaria produzir se não conseguíssemos entregar os produtos aos processadores e ao


mercado consumidor final, não é mesmo? E para fazer essa entrega, precisamos de um sistema lo-
gístico.restibus.

O sistema logístico, ou logística, é responsável por garantir o bom funcionamento da cadeia produ-
tiva de grãos.

No agronegócio, a logística é o processo de planejar e controlar o


transporte e a armazenagem dos produtos agropecuários de forma
eficiente e economicamente viável, desde a produção rural, passando
pelas agroindústrias e chegando até o varejo, onde está o
mercado consumidor.

Independentemente do elo da cadeia em que a empresa esteja, ela depende desse sistema, afinal,
um produtor precisa escoar sua produção do campo para o cerealista, ou trader, e a agroindústria
necessita distribuir seus produtos no varejo.

As atividades de logística são consideradas parte da pós-colheita e, sem elas, a cadeia produtiva iria
simplesmente parar. Portanto, as atividades de uma propriedade rural não se limitam ao plantio ou
à colheita de grãos, elas vão além, e demandam do produtor conhecimento sobre o caminho que
o produto percorrerá, desde os insumos até a mesa do consumidor. Por isso entender a logística é
tão importante.

Objetivos
Até o final deste módulo, você vai:

• Entender a importância da logística na cadeia produtiva de grãos.

• Compreender o impacto das dificuldades de logística sobre a cadeia


produtiva de grãos.

• Identificar os métodos de transporte de grãos.

• Identificar as potencialidades logísticas no escoamento de grãos.

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AULA 1
Importância da logística na cadeia de grãos

As atividades de uma propriedade rural vão além do plantio e da colheita de grãos. O produtor rural,
além das atividades diárias, deve realizar uma série de esforços para que seu produto chegue até o
consumidor final mantendo a melhor qualidade possível. Isso exige conhecimento sobre o caminho
que o produto percorrerá desde os insumos até a mesa do consumidor – a cadeia logística.

A logística atua desde os pontos de fornecimento até os pontos consumidores e envolve:

Estruturas de armazenagem

Plantas de pré-beneficiamento,

beneficiamento ou transformação

Estações de transbordo

Modais de transporte

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Meios de comunicação

Além disso, também é necessário conhecer quem está nesse caminho. A propriedade rural está inse-
rida em uma cadeia produtiva que é a união de empresas e outras organizações que interagem no
processo produtivo, desde os insumos, passando pelo produtor até chegar à mesa do consumidor.
Veja a seguir.

fonte:
Adaptado de: Embrapa
(apud Sebrae, 2014)

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Um sistema logístico tem a função de unir e manter a ligação entre todos


os elos da cadeia produtiva de grãos.

Conhecer todos os elos inseridos na cadeia produtiva, desde a compra de insumos até o cliente final,
permite que você compreenda quem são os seus parceiros logísticos. Com isso, é possível identificar
melhorias para que o produto chegue ao destino em seu melhor estado.

Mas você sabe como os grãos percorrem esse caminho até chegar ao seu destino?

Os grãos normalmente são movimentados a granel, por transportadores rodoviários autônomos que,
na maior parte dos casos, são agregados a empresas de transporte rodoviário e utilizam predomi-
nantemente carretas rodoviárias com capacidade de 27 toneladas. Mais recentemente começaram
a utilizar também os bitrens com capacidade de transporte superior a 40 toneladas.

O transporte entre o produtor e a indústria de esmagamento ou entre


o produtor e o armazenamento do produto pode representar um custo
elevado em nosso país, por causa das estradas rurais não pavimenta-
das. Isso faz com que o deslocamento seja mais lento, que pode ainda
ser delongado por períodos de interrupção pelas chuvas, além de impli-
car custos mais elevados de manutenção do caminhão.

O transporte do grão armazenado para a indústria de processamento, armazéns ou indústrias de


exportação com destino ao mercado externo, normalmente ocorre em rodovias pavimentadas, não
necessariamente em boas condições. Os principais portos de escoamento de grãos do Brasil têm sido
o de Santos (São Paulo), Paranaguá (Paraná), Rio Grande (Rio Grande do Sul) e São Francisco do Sul
(Santa Catarina).

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Saiba mais
Acesse www.embrapa.br/en/macrologistica/caminhos-da-safra e veja
em detalhes, no mapa elaborado pela Embrapa, as principais rodovias,
ferrovias e hidrovias responsáveis pelo escoamento de grãos das dife-
rentes regiões produtoras.

É comum a situação em que o agricultor arca com os custos de transporte, mas com a agroindústria
ou trading representando-o nas negociações. Normalmente, os ofertantes de transporte são toma-
dores de preços nesse mercado. A vantagem desse sistema é a administração de logística fornecida
por esses grandes compradores de commodities, que proporcionam menor volatilidade do mercado
de frete e o uso de um menor número de veículos, além da possibilidade de utilização de outras
modalidades de transporte, o que seria ainda pouco viável aos agricultores.

Com relação à produtividade dos veículos, percebe-se que é possível a obtenção de carga nos dois
sentidos dos principais eixos de escoamento da safra de soja. Por outro lado, o fato de que o veí-
culo é carregado na unidade agrícola restringe a velocidade de operação da carga, com uma alta
probabilidade de surgirem contratempos, que normalmente ocorrem por causa de más condições
climáticas e de restrições no funcionamento das máquinas que efetuam a colheita.

Muitos contratempos são motivados pela falta de armazéns disponí-


veis nas propriedades. Essa é uma característica das propriedades bra-
sileiras que obriga que o caminhão seja carregado dentro da própria
lavoura.

Para que o produtor rural faça um bom planejamento, é necessário que ele tenha uma visão ampla
e clara de como se dá o processo logístico de grãos de acordo com as características da região e que
analise os itens a seguir.

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Envolve a localidade em que a propriedade rural está. O local influencia


o recebimento de insumos e a distribuição dos produtos agropecuários.
Localização das
instalações Nessa etapa, o produtor rural deve avaliar as oportunidades e dificul-
dades oferecidas na região em que a propriedade rural está instalada,
tendo em vista o transporte, a armazenagem e a distribuição.

Os sistemas de informação têm grande importância para uma correta


gestão da cadeia produtiva e logística.
Sistema de
informação Com o uso de programas de computadores e de dispositivos tecnológi-
cos, o produtor pode monitorar e automatizar o processo logístico.

Envolve uma parte de grande relevância: a estocagem dos insumos,


como sementes, fertilizantes e demais matérias-primas.
Suprimentos
Dentro desse processo, o produtor rural definirá o que estocar, quando
estocar e em que condições estocar..

Um dos grandes problemas na cadeia produtiva de grãos são os arma-


zéns, que são poucos, considerando os recordes recentes de produtivida-
de alcançados no Brasil.
Armazenagem
Essa etapa auxilia o produtor rural a lidar com as incertezas que podem
ocorrer, definindo os melhores locais de armazenagem e a manutenção
dos produtos estocados.

A escolha do modal de transporte (ferroviário, rodoviário ou fluvial) tem


grande importância para a logística.

Transporte Nessa etapa, o produtor rural analisará o custo, a velocidade e a confia-


bilidade de cada modal, decidindo-se pelo que mais se adaptar às suas
necessidades.

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AULA 2
Perfil logístico na produção de grãos

O armazenamento de grãos apresenta diversas vantagens, entre elas o escalonamento do esco-


amento da produção e a comercialização no melhor momento do mercado. Porém, uma série de
práticas devem ser observadas para que não se perca parte da produção ou a sua qualidade durante
a armazenagem, o que gera prejuízos diretos ou indiretos ao produtor.

Dividir ou dispor em um período de tempo.

A falta de infraestrutura logística é uma ameaça à competitividade do agronegócio brasileiro, que


ainda necessita de alterações estruturais para atingir um patamar adequado e sustentável.

Perante tantos desafios, no último ranking divulgado pelo Banco Mundial, em 2014 o Brasil caiu 20
posições no quesito logística, isto é, 65 países estão à frente do Brasil quando o assunto é qualidade
da infraestrutura, pontualidade e competência logística. Como resultado, o Brasil está atrás de paí-
ses emergentes, como África do Sul, China, Índia, Argentina e México.

Dados levantados pelo Sebrae (2014) indicam a caracterização dos principais modais de transporte
de grãos no Brasil.

Estradas e rodovias

O Brasil possui 1,7 milhão de quilômetros de estradas, porém apenas 10%


estão pavimentadas.

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Ferrovias

São 29 mil quilômetros de ferrovias, dos quais cerca de 10 mil foram


construídos no século XIX (1800). Com isso, somente 29% da produção do
agronegócio é transportada por esse modal.

Hidrovias

Dos 42 mil quilômetros de rios com potencial navegável, 20 mil são


utilizados para transportar cargas.

Entenda melhor como funciona cada um dos principais tipos de transporte do sistema logístico para
a cadeia produtiva de grãos.

O transporte rodoviário é o mais utilizado por empresas de todos os portes. Em


vista do grande número de rodovias estaduais e federais, oferece maior flexibili-
Rodoviário dade de horários e rotas e a possibilidade de efetuar o transporte sem a necessi-
dade de transbordo, ou seja, integralização de diferentes sistemas modais (aéreo,
fluvial, etc.).

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O transporte ferroviário, que tem como maior característica a grande capacidade


de carga em relação ao seu custo operacional, é utilizado principalmente para
Ferroviário o deslocamento de grãos, os quais são realocados em caminhões em parte do
trajeto. Com 1 litro de óleo diesel, um caminhão pode deslocar 30 toneladas por
1 km, enquanto um trem movimenta 125 toneladas por 1 km.

O transporte aquaviário, composto por rios, lagos, mares ou oceanos, tem sido
utilizado em escala significativa para a movimentação de grãos, especialmente
quando se trata de exportação. Porém ainda carece de infraestrutura em algu-
mas regiões e depende muito dos fatores climáticos. O transporte hidroviário ain-
Aquaviário da é pouco utilizado no Brasil, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos.
(fluvial) É muito econômico, embora leve mais tempo. Cada silo de transporte de uma
barcaça transporta 1.100 toneladas de carga, ou seja, o equivalente a 24 cami-
nhões bitrens de 25 metros. Considerando que uma barcaça tem em média oito
silos, isso dá uma capacidade de carga de 8.800 toneladas, a mesma quantidade
que caberia em 192 caminhões bitrens.

O Brasil é um país com uma grande extensão territorial. Por um lado, isso proporciona a possibili-
dade de uso de diferentes modais para o escoamento da produção. Alguns podem ser melhor apro-
veitados que outros, dependendo das características geográficas de cada região. Por outro lado, um
território com grandes dimensões pode, por exemplo, dificultar a manutenção e o aproveitamento
dos caminhos que os grãos podem percorrer em nosso país.

Esse é um dos desafios da logística brasileira. Vamos ver quais são os outros? Acompanhe.

Desafios para a logística de grãos brasileira


O setor do agronegócio deverá superar alguns desafios relacionados com o setor de armazenagem,
transporte e políticas públicas.

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Armazenagem
Existe a necessidade de ampliar a capacidade de armazenamento estático, com a construção de
armazéns de qualidade e bem localizados, objetivando garantir a guarda e a conservação
dos produtos.

A disponibilização de mais unidades armazenadoras tende a minimizar a deficiência na infraestrutura


do escoamento no pico da safra.

A disponibilização de mais unidades armazenadoras tende a minimizar a deficiência na infraestrutura


do escoamento no pico da safra.

Políticas públicas

Para aumentar a competitividade da logística brasileira, o desafio é criar políticas públicas de investi-
mento com o objetivo de solucionar de forma integrada diversos desafios existentes, especialmente:

• estradas não pavimentadas ou mal conservadas;

• malha ferroviária insuficiente e mal conservada;

• falta de infraestrutura para intermodalidade (conexão entre diferentes modais);

• má qualidade dos acessos terrestres aos portos;

• rios sem investimentos em infraestrutura para navegação;

• insuficiência da infraestrutura de armazenagem dentro das pro priedades rurais;

• alto custo do transporte rodoviário.

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Transporte

A criação de condições para substituir o transporte rodoviário na movimentação de grandes volumes


de cargas na longa distância é fundamental. Além disso, é essencial eliminar as ineficiências operacio-
nais, com planejamento e implantação de programas de infraestrutura de transportes visando privile-
giar os corredores logísticos.

O desenvolvimento do Corredor Norte como alternativa do escoamento da safra, além de desafogar


os portos das regiões Sul e Sudeste, possibilitará reduzir o custo logístico da movimentação do pro-
duto (da porteira ao porto de embarque). Isso beneficiaria os produtores situados na região Centro-O-
este, que estão a mais de 2 mil quilômetros dos portos mais utilizados para escoamento: Santos (São
Paulo) e Paranaguá (Paraná).

Atualmente, na matriz de transportes brasileira, o modal rodoviário representa em torno de 60% do


total, segundo a Confederação Nacional dos Transportes. A histórica opção por rodovias e a ausência
de ligações intermodais mais dinâmicas geram prejuízos de até R$ 9,6 bilhões anuais. Um estudo da
Logistics Index Performance evidenciou que o Brasil gasta 12,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em
custos com logística. Para se ter ideia, os Estados Unidos da América, tomados como referência, gas-
tam apenas 8%.

Esse gasto onera os produtos brasileiros em US$ 36 bilhões por ano, impedindo a conquista de novos
mercados e reduzindo a competitividade da cadeia de produção de grãos brasileira.

Essa defasagem competitiva nacional pode ser evidenciada com a involução do investimento público
federal em infraestrutura de transporte. Quantificados com base na proporção do PIB, esses investi-
mentos caíram de 1,84%, em 1975, para 0,29% em 2012 (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2015). Para
comparar, podemos tomar os dados de outros países emergentes, como a China, que investe em trans-
porte por ano 4% do PIB; a Rússia, que investe 5%; e a Índia, 3%.

E quando você pensa na sua região, esses desafios também são uma realidade?

No estado de Goiás, importantes avanços na logística de grãos do Es-


tado podem ser alcançados a partir de estudos e investimentos para a
finalização da Ferrovia Norte-Sul, que corta Goiás, e a viabilidade da
Hidrovia do Araguaia, além de investimentos no porto fluvial de São
Simão, no sul do Estado.

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Hora da revisão!
Muito bem, agora você conhece melhor o sistema logístico da produção de grãos e os grandes desa-
fios de um grande país para escoar sua produção, que não são poucos, não é mesmo?

Muito bem, agora você conhece melhor o sistema logístico da produção de grãos e os grandes

desafios de um grande país para escoar sua produção, que não são poucos, não é mesmo?

Então, antes de seguir em frente, acesse o vídeo do Módulo 4 do ambiente de


estudos para ver os principais pontos do que você estudou neste módulo.

Com o assunto logística fresquinho na cabeça, chegou a hora de ver como anda o seu aprendizado.
Siga em frente para a atividade de aprendizagem.

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Atividade de aprendizagem

Lembre-se de que as respostas devem ser informadas no AVA para liberar o


próximo módulo do curso.

1. A logística tem uma importância vital para a cadeia produtiva de grãos, pois sem ela o abaste-
cimento do mercado ficaria paralisado. Sabendo disso, analise as afirmativas a seguir e marque a
correta.

a) O abastecimento do comércio com produtos derivados da produção de grãos é realizado


independentemente da logística.

b) A logística garante o fornecimento de insumos para o cultivo de lavouras de grãos e o trans-


porte dessa produção desde a propriedade rural, passando pelas agroindústrias até o varejo,
onde se encontra o mercado consumidor.

c) O produtor rural deve implantar as lavouras de grãos em qualquer localidade, sem se preo-
cupar com a logística da produção.

d) A escolha do modal de transporte não interfere na logística de grãos, pois até o transporte
de tração animal garante o suprimento das agroindústrias e do mercado consumidor, de forma
competitiva.

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2. A produção de grãos possui um perfil logístico específico, com características e desafios próprios.
Analise as seguintes afirmativas e marque a correta:

a) O modal rodoviário é o principal meio de transporte da produção de grãos brasileira.

b) O Brasil é o país que mais investe em infraestrutura no mundo, o que o deixa bem à frente de
outros países emergentes na competitividade da logística de grãos.

c) A capacidade de carga de um caminhão bitrem é cerca de 25 vezes maior do que a de um


navio.

d) Considerando as características do solo e do clima de Goiás, não é possível construir ferrovias


no Estado para escoamento da produção de grãos.

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