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Resumo do artigo: Economia circular na cadeia produtiva do vinho

Aluno: Antônio Matsumura Severino

Introdução
Os autores argumentam que existe um interesse por parte de vários interessados na
sustentabilidade da gestão da cadeia de abastecimento de alimentos e bebidas. Entretanto,
não existem muitos estudos sobre o tema na área de gestão de produção e operações. Isso
motivou os autores a realizar um estudo para preencher as lacunas na literatura que estão
associadas com a apresentação e discussão de casos representativos que demonstram como
a economia circular pode ser operacionalizada nas empresas.
No Brasil, a economia circular ainda está em seus estágios iniciais, com poucos
estudos. Soma-se a isso a recomendação dada por muitos autores, no sentido de
desenvolver novos estudos visando entender as especificidades da operacionalização da
economia circular no contexto de um país emergente fez emergir a seguinte pergunta de
pesquisa: Como os estágios de maturidade da adoção de práticas de economia circular se
relacionam com os modelos de negócios de economia circular?
O estudo compartilha uma visão combinada de três aspectos principais: práticas de
economia circular; modelos de negócios e níveis de maturidade. Além disso, salienta a
importância do suporte das partes interessadas, que trabalham com cadeia de produção, na
implementação do conceito de economia circular de larga escala.
A economia circular pode se beneficiar do lean production, pois o lean production
visa reduzir os desperdícios tanto na manufatura quanto no comércio. A tipologia ReSOLVE
também pode contribuir com a economia circular. Essa tipologia envolve um conjunto de
estratégias para melhorar a eficiência, a regeneração, optimização, troca, virtualização, ciclo
e o compartilhamento de materiais.

Objetivo
O objetivo do estudo é analisar os estágios de maturidade da adoção das práticas da
economia circular se relacionam com os modelos de negócio da economia circular.

Revisão bibliográfica
Segundo os autores, a economia circular é apresentada como uma solução para um
número de desafios, tais como geração de resíduos, escassez de recursos e benefícios
econômicos sustentáveis. Ela usa conceitos que já não são novos, como reuso, remanufatura
e reciclagem nas suas práticas.
Nos modelos de negócios circulares, os negócios são feitos de maneira a manter o
produtos e materiais em uso, pelo maior tempo possível, de forma a extrair seu valor
máximo. Eles podem ser classificados de diversas maneiras. Wolde (2016) apresentou uma
classificação dividida em seis categorias: ciclo curto, ciclo longo, cascata, ciclos puros,
digitalização e produção sob demanda. Lewandowski (2016) afirma que o framework do
ReSOLVE sintetiza a maioria dos modelos de negócios circulares. As ações do ReSOLVE são
compatíveis com os princípios que definem a economia circular: 1) preservar e aumentar o
capital natural; 2) otimizar a eficiência dos recursos, circulando produtos, componentes e
materiais ao mais alto nível de utilidade e valor em todos os momentos dentro dos ciclos
técnicos e biológicos; 3) promover a eficácia do sistema, revelando e projetando
externalidades negativas.
O estudo pretende testar as seguintes proposições: 1) os níveis de maturidade e o
tempo de adoção das práticas da economia circular estão positivamente relacionados; 2)
modelos de negócios de economia circular e níveis de maturidade estão positivamente
relacionados; 3) o nível de educação do gestor e a sofisticação das práticas da economia
circular adotadas estão positivamente relacionados; 4) um portfólio de produtos
manufaturados e as práticas da economia circular estão positivamente relacionados; 5) um
portfólio de produtos produzidos por vinícolas e os níveis de maturidade estão
positivamente relacionados.

Métodos
Os autores consultaram várias bases de dados científicos, tais como Scopus, Science
Direct, Ebsco, Wiley Online Library, Elsevier, etc., que mostraram não haver estudos que
integravam modelos de negócios circulares, estágios de engajamento com a economia
circular e níveis de maturidade. Isso indicava uma oportunidade para conduzir estudos
inovadores e de qualidade, estudos de caso e estudos exploratórios. Nesse sentido os
autores decidiram por um estudo de caso que investigasse a Associação Catarinense dos
Produtores de Vinhos Finos de Altitude (ACAVITS). A justificativa para a escolha se baseou no
fato de 92,4% dos estabelecimentos dedicados à produção de uva para vinhos e sucos
estarem localizados na região da Associação e também pelo seu volume de vendas e a
concordância em participar. A pesquisa selecionou como unidades de análise, as 10 maiores
vinícolas associadas, em termos de faturamento. Foram feitas entrevistas por telefone. Essas
entrevistas foram gravadas com a autorização dos entrevistados e depois transcritas e
codificadas. Também foram feitas consultas a web sites, periódicos da área, relatórios
técnicos, entre outros.

Resultados
Os principais resultados do estudo mostraram que, de maneira geral, o modelo
conceitual proposto é válido. Entretanto, algumas proposições não foram validadas em
todas as unidades de análise. O estudo também mostrou que não existe uma correlação
positiva direta entre tempo, nível de maturidade e adoção das práticas de economia circular.
Entretanto, existe evidência suficiente de que o nível de maturidade e tempo de adoção da
economia circular estão relacionados positivamente. Os modelos de negócios da economia
circular e os níveis de maturidade estão relacionados positivamente, validando a proposição
2. A proposição 3 também foi validada. E por último, as proposições 4 e 5 foram
parcialmente validadas. Essas proposições foram combinados em um único framework e em
seguida analisados empiricamente no contexto das unidades de análise do vinho. Outro
resultado importante sugere que o avanço da economia circular no setor vitivinícola pode
estar associado à propensão a unir inovações, novas práticas, a se reinventar como modelo
de negócio do vinho, ao ecossistema colaborativo e à logística reversa.

Conclusões
A principal contribuição do estudo é apresentar uma estrutura abrangente de
modelos de negócios circulares e níveis de maturidade conforme são aplicados ao contexto
do vinho do Brasil. Foram investigadas cinco proposições que relacionam os constructos dos
modelos de negócios circulares, as práticas de economia circular, os níveis de maturidade, a
escolaridade e o tempo de atuação no setor vitivinícola. As implicações dos resultados da
pesquisa para os gestores de negócios são: necessidade de compreender sistematicamente a
relação entre os modelos de negócios e as diferentes práticas de gestão adotadas no
contexto da fabricação de vinhos e existência da necessidade de prestar mais atenção à
medição e controle de indicadores da fabricação de vinhos.

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