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de Física
Orientador:
Prof. Dr. Carlos Emidio Sampaio Nogueira
Juazeiro do Norte – CE
Janeiro – 2018
0
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da
Universidade Regional do Cariri - URCA no Curso de Mestrado Profissional de
Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Mestre em Ensino de Física
Banca Examinadora
________________________________________________
Prof. Dr. Makarius Oliveira Tahim – UECE
Examinador Externo
____________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Magno Rodrigues
Examinador Interno – URCA
___________________________________________
___________________________________________
Prof. Dr. Carlos Emidio Sampaio Nogueira
Orientador - URCA
Juazeiro do Norte
Janeiro – 2018
1
FICHA CATALOGRÁFICA
CDD:530
2
Aos meus pais, FRANCISCO ODILON e MARIA FELIZARDO, por sempre
acreditarem no poder transformador da educação.
DEDICO
A minha noiva FABÍOLA por tornar meus dias especiais e por ser fonte da minha
força e dedicação.
OFEREÇO
3
AGRADECIMENTOS
4
RESUMO
ABSTRACT
5
1
1. INTRODUÇÃO 9
2. OBJETIVOS 12
2.1 Objetivo Geral 12
2.2 Objetivos Específicos 12
5. METODOLOGIA 36
5.1 Sequência de ensino 37
5.2 Descrição do jogo 40
5.2.1 Primeira Fase 41
5.2.2 Segunda Fase 48
5.2.3 Terceira Fase 49
6. INTERVENÇÃO 51
6.1 Aplicação na primeira turma 51
6.1.1 Primeiro encontro 51
6.1.2 Segundo encontro 52
6.1.3 Terceiro encontro 53
6.1.4 Quarto encontro 53
6.1.5 Quinto encontro 54
6
6.2 Aplicação na segunda turma (B) 55
6.2.1 Primeiro encontro 55
6.2.2 Segundo Encontro 55
6.2.3 Terceiro encontro 56
8. CONCLUSÃO 76
APÊNDICES 81
APÊNDICE 1: Questionário de avaliação de satisfação do aluno com a metodologia aplicada 82
APÊNDICE 2: Aventuras Radiológicas: MANUAL RÁPIDO 83
APÊNDICE 3: MAPA DO JOGO 86
APÊNDICE 3: Tutorial do jogo 87
APÊNDICE 4: Sequência de Ensino 96
CAPÍTULO 1 9
CAPÍTULO 2 12
CAPÍTULO 3 13
CAPÍTULO 4 27
CAPÍTULO 5 36
CAPÍTULO 6 51
CAPÍTULO 7 57
CAPÍTULO 8 76
7
R
REFERÊNCIAS 78
8
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
9
compreensão do conjunto de equipamentos e procedimentos técnicos ou
tecnológicos do cotidiano doméstico, social e profissional.
10
radiológicos ou mesmo por exposição necessária, como no caso de exames
médicos e tratamentos de enfermidades.
Para isso, o trabalho consistiu na elaboração de um jogo que mostra, na
aventura do personagem, diversas formas de exposição às radiações bem como os
efeitos biológicos provocados por estas: tanto efeitos danosos como efeitos
benéficos; como também formas de proteção contra as mesmas, apresentando uma
forma inovadora que envolve o processo de ensino-aprendizagem em uma área
muito importante da Física. Neste trabalho buscamos aplicar inovações pedagógicas
no Ensino de Física, com particular ênfase no Ensino Fundamental. É sabido que,
para os alunos, a Física é uma das disciplinas com maior grau de dificuldade, fato
que pode ser verificado observando-se o índice de reprovação usualmente ligado à
disciplina.
Existe, assim, uma urgente necessidade de reverter esse quadro que se
repete constantemente no ambiente escolar, partindo do princípio de que o problema
não está na disciplina, mas, sim, em como a mesma está sendo ministrada e
incluída no universo dos alunos.
É nosso propósito formular um conjunto de medidas a serem aplicadas no
ambiente escolar envolvendo o conteúdo das Radiações Eletromagnéticas e
Corpusculares, tentando diferenciar dos métodos comumente utilizados em outros
conteúdos da Física. Para isto, é muitas vezes necessário se distanciar do
formalismo matemático do ensino tradicional, buscando atividades que resultem na
argumentação e elevação do senso crítico, abordando o tema de forma mais
conceitual.
11
CAPÍTULO 2
2. OBJETIVOS
12
CAPÍTULO 3
13
como um instrumento de análise do processo de transformação do conhecimento.
Através dele é possível estabelecer uma argumentação para entender as diferentes
formas do saber (ALVES FILHO 2000).
Segundo Alves Filho (2000), é necessário destacar que a Transposição
Didática não significa uma rasa simplificação ou mesmo uma trivialização formal dos
objetos complexos que formam o repertório do conhecimento para facilitar sua
chegada à sala de aula. Esta forma de pensar é equivocada e gera interpretações
de duplo sentido nas relações escolares, pois mostra o desconhecimento de um
processo complexo do saber.
A Transposição Didática produz um novo saber, denominado de escolar.
Esse novo saber de Física a “Física escolar” tem ligação direta com o saber
produzido nas pesquisas, o chamado saber sábio ou de referência, porém é
totalmente adaptado ao ambiente de ensino nas escolas (OFUGI,2001). O saber
sábio e o escolar se inserem em diferentes grupos epistemológicos, tendo assim,
fundamentos de valor distintos. As abordagens das diversas leis, teorias e conceitos
se modificam para a adaptação ao contexto escolar. Como exemplo, podemos citar
as diferenças na linguagem, e até mesmo na sequência dos conteúdos bem como
na escolha metodológica. Em relação à escolha metodológica, é importante que ela
englobe e valorize as características históricas e filosóficas, a contextualização, a
visão crítica, a atualização do conhecimento e por fim rigor conceitual. A partir disto,
segundo Chevallard (1991, p. 16), a Transposição Didática é para o professor:
14
No entanto as adaptações do saber até sua transformação em saber
escolar devem ser baseadas nas necessidades do grupo atendido. Dessa forma
ainda se discute o que deve ser modificado e como estas alterações devem ser
trabalhadas a fim de atender as exigências do processo de ensino e aprendizagem.
Chevallard faz a tipificação do saber em três: Saber Sábio, Saber a
Ensinar e Saber Ensinado. Esses três saberes sofrem pressões quando passam por
diversos grupos que realizam as modificações e adequações do saber. Cada grupo,
sejam de pesquisadores, educadores ou professores, defendem seus interesses
específicos, formando o que chamamos de noosfera (Chevallard1991), e funciona
como uma forma de seleção de mudanças que devem ser manipuladas no saber.
Chevallard define a noosfera como sendo o centro operacional do processo de
transposição, traduzindo os fatos e levando respostas ao desequilíbrio criado por
pesquisadores, professores e pais. É na noosfera que se produz todo conflito entre o
sistema e o entorno.
Esse conflito, citado na noosfera, é o embate entre os interesses dos
grupos de indivíduos envolvidos no processo de transposição didática. E é por meio
deste conjunto de ideias que o conhecimento inicial vai se tronando mais acessível
ao contexto escolar. A noosfera é formada pelo ambiente escolar, o chamado
sistema didático. Para Chevallard (1991, p.27) o sistema de didático consiste em:
Como já se sabe, o saber que de fato chaga ao aluno passa por uma
sequência de alterações e adequações que vai do nível da pesquisa até o saber
ensinado. É a noosfera determina o que deve ser colocado durante estas
15
transformações. Chevallard afirma que o Saber a Ensinar necessita de algumas
particularidades para se tornar em saber ensinado. A primeira é que ele deve ter um
senso comum, não havendo dúvidas em relação ao seu padrão de verdades, ou
seja, o professor jamais poderá ensinar o que não seja consenso na comunidade
cientifica em relação a sua veracidade.
O conhecimento deverá ter atualidade moral que significa importância
reconhecida, não podendo ter se tornado ultrapassado e nem banalizado, chegando
ao ponto de ser ensinado em casa pelos pais, sem que a ajuda da escola seja
importante. Além da atualidade moral, o conhecimento deve ter atualidade biológica,
no qual o conhecimento jamais deve está pautado em definições superadas, as
quais só poderão ser utilizadas numa abordagem histórica (SIQUEIRA e
PIETROCOLA, 2006, p. 6).
Segundo Siqueira e Pietrocola (2006), a operacionalidade é mais uma
característica importante que o Saber a Ensinar deve ter. A operacionalidade é a
capacidade que o tema possui de gerar atividades relacionadas aos seus conceitos,
pois essas atividades facilitarão o processo de avaliação. Caso não haja a
possibilidade de se converter o tema abordado em exercícios que ajudem na
avaliação do seu aprendizado dificilmente será transmitido, pois eles não se
adaptam às ferramentas do Saber Ensinado. O saber, para ser transformado, deve
conter criações didáticas, que consiste na elaboração de atividades para o ensino
que não se relacionam, necessariamente, com o Saber Sábio. E mesmo que tenham
relação com o Saber Sábio estas atividades são apenas ferramentas que também
estão inseridas no contexto escolar.
Astolfi (1997) criou cinco regras básicas para serem seguidas no processo
de Transposição Didática, as quais serão descritas seguir:
16
indispensável que os especialistas, nas diferentes disciplinas, atualizem seus
conteúdos para promover a aproximação com os conhecimentos acadêmicos.
17
Regra IV. Transformar um saber em exercícios e problemas.
18
O conhecimento jamais é resultado de uma verdade completa. O
conhecimento é sempre mutável ou mesmo questionável pela comunidade científica
a qualquer momento. Porém, enquanto essas mudanças e/ou questionamentos não
ocorrem haverá um consenso geral sobre sua definição. O novo conhecimento vem,
normalmente, a partir da incoerência do antigo na explicação das novas situações
apresentadas, o que não descarta completamente a importância deste antigo
conhecimento, pois este ainda terá grande importância no aspecto histórico ou para
servir de embasamento para a produção do novo. Portanto, a articulação entre os
conceitos novos e os antigos, que se enquadra na regra III de Astolfi, torna a
atividade didática mais significativa para o aluno, apresentando observação mais
ampla do desenvolvimento do conhecimento e das metodologias da ciência.
O estudo das Radiações é um conhecimento atual, e por isso a sua
inserção no currículo do ensino de Ciências resulta em uma atualização e
modernização do saber, englobando as regras I e II de Astolfi. Tem importância
garantida para o meio científico e não é um conhecimento trivial que possa ser
ensinado sem a ajuda da escola. Além disso, seu embasamento conceitual é
explicado a partir de dados obtidos experimentalmente a partir dos seus efeitos na
natureza. Com tudo isso, o tema de Radiações confere atualidade moral e biológica.
Durante o processo de transposição, o tema de Radiações mostra uma
operacionalidade importante na capacidade de gerar exercícios e atividades, o que
consta na regra IV de Astolfi, esta forma de prática dos conhecimentos tem resultado
direto sobre os modos de avaliação, ponto importante no processo de ensino e
aprendizagem, já que são responsáveis por dimensionar o grau de aprendizagem
dos conceitos e por fim qualificar o modo de ensino. É claro que a criatividade
didática necessita ser aplicada para que se atinjam os níveis satisfatórios de
aplicabilidade do tema no cotidiano dos alunos.
Concluímos então que, mesmo com todas as dificuldades encontradas
pelo Ensino de Física, onde muitos dos exercícios são pobres de contextualização,
fatos históricos, fidelidade ao conceito e muitas vezes têm características
meramente matemáticas, devemos formular um conjunto de medidas para que se
possa aplicar no ambiente escolar o conteúdo das Radiações Eletromagnéticas e
Corpusculares, tentando diferenciar dos métodos comumente utilizados em outros
conteúdos da Física, minimizando a inserção de um tema que se torne sem
importância no cotidiano do aluno. É necessário se distanciar do formalismo
19
matemático do ensino tradicional buscando atividades que resulte na argumentação
e criação do senso crítico, abordando o lado mais conceitual do tema.
20
pontos importantes para serem utilizados como referência para a abordagem
científica e também como apoio para a aprendizagem de novos conhecimentos.
A falta da relação entre o que se traz previamente de conhecimento e o
que se pretende aprender em sala de aula leva o aluno a buscar apenas uma
memorização de informações, e essa simples memorização é excluída do cérebro
após pouco tempo, sem deixar conhecimentos importantes.
Na década de 60 David Ausubel apresentou o conceito de aprendizagem
significativa para o ensino. Já no década de 80 recebeu importantes contribuições
de Joseph Donald Novak e Helen Hanesian. Esta teoria descrita por Ausubel foi
denominada Teoria da Aprendizagem Significativa. Joseph Donald Novak e Helen
Hanesian (1980, p. 05) relatam dificuldades encontradas na busca da aprendizagem
(1980, p. 5):
21
conhecimentos prévios de forma organizada e não-literal, fazendo com que o aluno
aprenda de forma mais eficaz.
A organização dos novos conhecimentos com os conhecimentos prévios
deve ocorrer a partir de pontos relevantes e relacionados com a estrutura cognitiva
do aluno, ou seja, o novo conhecimento deve trazer importância para o cotidiano do
aluno gerando significados. Estes conhecimentos prévios são chamados de
subsunçores, que são pontes para se desenvolver o novo conhecimento. Moreira
(2012, p.4), define subsunçor como:
22
do aluno é o significado. Portando a diferença entre a aprendizagem mecânica e a
significativa é o nível de relação entre o novo conhecimento e o conhecimento prévio
do aluno. A aprendizagem será mecânica caso esta relação esteja fixada na
arbitrariedade e literalidade.
Aprendizagem significativa é chamada de receptiva quando tema a ser
aprendido é apresentado na sua forma final. Esta recepção não significa uma
simples acumulação de conceitos. Assim o aluno precisa fazer relação com o que é
apresentado de forma substantiva com os conceitos já existentes em sua estrutura
cognitiva. É necessário que haja conteúdo potencialmente significativo para que os
significados sejam gerados.
Já na aprendizagem por descoberta o aluno não recebe a informação na
sua fase final, sendo assim necessário passar pelos processos de descobertas, para
em seguida ocorrerem às mesmas etapas que ocorrem na recepção. A principal
importância deste processo está na utilização de métodos científicos.
Existe também a aprendizagem significativa por meio de uma
subordinação, superordenação ou combinação de conceitos. Na subordinação o
novo conhecimento é hierarquicamente subordinado ao conhecimento prévio do
aluno, assim o novo conhecimento forma significados a partir da interação com o
conhecimento prévio. A superordenação é mais importante para a construção de
conceitos. Com ela o novo conhecimento é mais generalista e inclusivo do que os
conhecimentos prévios, passando a subordiná-los e assimilá-los. Já na
aprendizagem combinatória não há relação de subordinação com novo
conhecimento e os conhecimentos prévios. Neste caso, os significados do
aprendizado são resultados da combinação com os conhecimentos existentes e
relevantes, não havendo hierarquia entre o novo conhecimento e o pré-existente
(David Ausubel, 1980).
Moreira (2012) destaca que a aprendizagem significativa nem sempre
significa a aprendizagem correta, sendo possível a associação de significados não
muito aceitos pela comunidade científica a um determinado conteúdo. Esta forma de
aprendizagem significativa é denominada de concepções alternativas, que podem
trazer dificuldades de serem revertidas em sala de aula, devido à estabilidade
produzida por esta aprendizagem significativa.
Para a sua desconstrução e posterior reconstrução devem ser
estabelecidas novas relações com o conhecimento pré-existente, normalmente
23
necessitando ser reformulado para absolver o novo conhecimento, agora de forma
correta, gerando os significados realmente pretendidos.
Embora possamos acreditar que na aprendizagem significativa o novo
conhecimento jamais será esquecido, isso não é verdade. É possível que o aluno
possa esquecer conceitos aprendidos de forma significativa, no entanto,
diferentemente da aprendizagem mecânica, quando o aluno se deparar novamente
com o conhecimento não recomeçará o processo de aprendizagem do zero
facilitando o reaprender que possivelmente foi esquecido, pois já existe uma
estrutura cognitiva bem determinada pela aprendizagem significativa.
Brougère (1998) afirma que foi no início do século XX que foi criada a
expressão “jogo educativo”. Na época, a expressão foi usada para promover o
aprendizado de forma disfarçada a um grupo de crianças.
24
De acordo com Marcelo Luiz Fardo (2013), a aplicação de games como
método transformador nos processos de ensino e aprendizagem possui a intenção
de aproximar o cotidiano do jogador aos fenômenos contidos no jogo.
Para esta aprendizagem ser satisfatória alguns fatores devem ser
considerados para que se busque uma aproximação com o que ocorre nos games e
com o modo como os indivíduos inseridos nessa cultura estão mais acostumados a
interagir com os problemas e com suas aprendizagens. (SIMÕES et al., 2012):
Oferecer diferentes caminhos para chegar a uma solução, contribuindo para a
experiência educativa de cada um;
Apresentar em períodos menores os indícios de aprendizado, estimulando
mais rapidamente as mudanças de estratégias caso os resultados não
estejam dentro do esperado;
Aumentar os desafios no decorrer dos jogos de modo a proporcionar vários
níveis de dificuldades, estimulando o senso de crescimento pessoal e fazendo
com que cada aluno siga seu próprio ritmo de aprendizagem;
Realizar tarefas complexas em etapas menores e mais fáceis, assim o aluno
constrói o conhecimento de forma gradual, resolvendo partes do problema
para que se chegue a resolução do problema como um todo;
Inserir o erro no processo de aprendizagem, estimulando a reflexão das
causas desses erros, fazendo o aluno buscar soluções corretas;
Incorporar motivos para as ações dos personagens, fornecendo razões para
que os alunos se empenhem na busca do aprendizado;
Promover competições e colaborações entre os indivíduos. Podendo haver
competições entre grupos, estimulando a interação e cooperação na busca
dos objetivos;
Considerar sempre a diversão, pois sempre os melhores jogos são divertidos
e devemos tornar o processo de ensino e aprendizagem também como algo
estimulante, melhorando as experiências em ambientes de aprendizagem.
Marcelo Luiz Fardo (2013) ressalta que não há uma única forma para
aplicação de um jogo, pois os games possuem vários elementos e, sendo assim,
várias são as possibilidades de aplicação, de modo que vários podem ser os
resultados finais obtidos.
25
João Bittencourt e Lucia Girafa (2003) afirmam que um jogo não deve ser
analisado apenas sob a perspectiva do seu conteúdo, mas sim por meio das
múltiplas inteligências. Para Fortuna (2000) atividades lúdicas vão além dos
conteúdos educativos inseridos no jogo, pois o jogo por si só exercita as funções
cognitivas de modo geral, desenvolvendo imaginação e criatividade. Fortuna (2000)
afirma que o jogo ensina a aprender.
Para Friedman (1996) o jogo pode ser um meio para se atingir
determinados objetivos, como a busca de ludicidade em ambientes educacionais,
usando o jogo para se atingir objetivos preestabelecidos, ou pode ter um fim em si
mesmo, caso a finalidade do jogo seja a diversão de forma espontânea.
26
CAPÍTULO 4
27
Essas diferenças do número de massas dos elementos representam
diferentes estabilidades. Um núcleo atômico com quantidades específicas de prótons
e nêutrons é denominado de nuclídeo, os núcleos radioativos são denominados de
radionuclídeos e átomos que possuem esses núcleos são denominados de
radioisótopos (BROWN, LEMAY, BURSTEN, 2005).
Os radionuclídeos são instáveis na natureza e a emissão espontânea de
partículas e radiação eletromagnética torna-os núcleos mais estáveis com menos
energia. Como exemplo tem-se o urânio-238, que é radioativo, e dessa forma sofre
uma reação nuclear, emitindo espontaneamente núcleos de hélio-4. Os núcleos de
hélio-4 são classificados como partículas alfa e a radiação alfa seria um feixe dessas
partículas. O número atômico do urânio-238 é 92, dessa forma ao emitir uma
partícula alfa resta um fragmento de tório-234, o qual possui número atômico 90. A
reação pode ser representada pela equação nuclear:
238 234
92𝑈 → 90𝑇ℎ + 42𝐻𝑒 (Eq. 1.0)
28
𝑑𝑁
− 𝑑𝑡 = 𝜆𝑁 (Eq. 2)
𝑑𝑁
= −𝜆𝑑𝑡 (Eq. 3)
𝑁
𝑁 𝑑𝑁 𝑡
∫𝑁 = −𝜆 ∫𝑡 𝑑𝑡 ou ln 𝑁 − 𝑙𝑛𝑁0 = −𝜆(𝑡 − 𝑡0 ) (Eq. 4)
0 𝑁 0
adotando 𝑡0 = 0:
𝑁
ln 𝑁 = −𝜆𝑡 (Eq. 5)
0
𝑁
= 𝑒 −𝜆𝑡 ou 𝑁 = 𝑁0 𝑒 −𝜆𝑡 (Eq. 6)
𝑁0
29
deriva-se a equação anterior em relação ao tempo para determinação da taxa
de decaimento (𝑅):
𝑑𝑁
𝑅 = − 𝑑𝑡 = 𝜆𝑁0 𝑒 −𝜆𝑡 ou 𝑅 = 𝑅0 𝑒 −𝜆𝑡 (Eq. 7)
𝑑𝑁
= −𝜆𝑑𝑡 (Eq. 8)
𝑁
em termos de 𝑅:
𝑅 = 𝜆𝑁 (Eq. 10)
1
𝑅
2 0
= 𝑅0 𝑒 −𝜆𝑇1⁄2 (Eq. 11)
30
aplicando o logaritmo natural em ambos os membros temos:
𝑙𝑛2
𝑇1⁄2 = (Eq. 12)
𝜆
31
Cardoso (2017) define decaimento beta como uma reação nuclear de
transformação onde um determinado núcleo radioativo emite um elétron ou um
pósitron (partícula de carga positiva e mesma massa do elétron) e assim como no
decaimento alfa, o decaimento beta pode ser classificado por um processo
estatístico descrito na secção 4.2 deste trabalho.
Halliday & Resnick (2014) diferenciam o decaimento beta em dois tipos, o
decaimento beta menos (𝛽 − ), onde um núcleo radioativo emite um elétron, e o
decaimento beta mais (𝛽 + ), onde um pósitron é emitido pelo núcleo radioativo. Para
representar um decaimento 𝛽 − e 𝛽 + , podemos usar as seguintes reações
respectivamente:
32 32 0
15𝑃 → 16𝑆 + −1𝑒 + 𝜈 (Eq. 13)
64 64 0
29𝐶𝑢 → 28𝑁𝑖 + +1𝑒 + 𝜈 (Eq. 14)
32
Assim como os raios gama, os raios X são radiações de natureza
eletromagnética com comprimentos de ondas extremamente pequenos, no entanto
ainda maior que os raios Gama. Os raios X são originados a partir da desaceleração
de partículas carregadas ou pela transição nas camadas eletrônicas dos elétrons
nos átomos e interagem com a matéria de modo a ionizá-las, devido à sua elevada
energia. Um tipo de equipamento usado para produzir raios X é conhecido como
tubo de Coolidge, e dentro do tubo evacuado há a presença de um cátodo
incandescente atraindo um fluxo de elétrons que são acelerados por uma alta tensão
elétrica entre o cátodo e um ânodo metálico. A presença do vácuo internamente no
tubo é para evitar o enfraquecimento ou o desvio de elétrons do feixe emitido. O
ânodo, normalmente, é confeccionado de Tungstênio, devido ao seu elevado ponto
de fusão (CARDOSO, 2017).
33
4.5 Efeitos biológicos das radiações
34
dotado de energia cinética que é adquirida neste processo, podendo dissipar essa
energia através da interação com elétrons e núcleos de outros átomos. Assim, novos
íons podem surgir na matéria. Posteriormente os elétrons são capturados por
moléculas do meio. Este processo recebe o nome de ionização (YANNICK
NOUAILHETAS, 2009).
A radiação ionizante inclui os raios-X e raios gama, que são ondas
eletromagnéticas com comprimentos de onda curtos e elevada frequência. Temos
também como radiação ionizante as partículas alfa e beta, possuindo energia capaz
de afetar a estrutura normal, devido a sua interação com átomos, moléculas, células,
tecidos, órgãos e que finalmente pode comprometer o funcionamento do organismo
(CRUZ, 2013).
Raios-X e raios gama são as principais radiações eletromagnéticas
empregadas no campo da medicina com intuito de diagnosticar através de imagens
ou para tratamentos diversos. Estas radiações, contudo, podem causar diversos
problemas, sendo mais preocupante em mulheres grávidas, pois o embrião em
formação é mais sensível à radiação, pelo qual é mais suscetível a sofrer alterações
no seu genoma significativamente mais agravantes do que as que ocorrem em um
adulto, pelo fato das células, com alta taxa de proliferação, serem mais sensíveis
aos efeitos das radiações ionizantes (YOSHIMURA, 2013).
A capacidade da onda eletromagnética de afetar o normal funcionamento
do organismo é o que mais preocupa o clínico, perante uma grávida, tendo em conta
que doses pequenas de radiação podem causar efeitos devastadores no feto em
formação (VELUDO, 2011).
35
CAPÍTULO 5
5. METODOLOGIA
36
O objetivo deste trabalho consiste na elaboração de uma estratégia
didática, que pretende introduzir uma inovação no ensino de Física, de modo a
favorecer o domínio do campo conceitual na área radiobiológica, associado à
necessidade científica por parte dos professores e dos alunos de Ciências,
englobando as disciplinas de Física, Química e Biologia, dando ênfase à
multidisciplinaridade do tema.
No desenvolvimento da pesquisa foi programado um jogo virtual, onde o
personagem, comandado pelo aluno, percorre vários cenários, sendo exposto a
diversas formas de radiações eletromagnéticas e corpusculares do cotidiano, como:
raios UV, radiações alfa, beta, raios X e radiação gama, mostrando seus efeitos no
organismo, sejam eles benéficos ou não. O personagem comandado pelo aluno tem
uma sequência de missões, onde seus conhecimentos a respeito das radiações
serão fixados e avaliados, de acordo com o estágio do jogo alcançado.
O jogo é utilizado após a abordagem teórica do tema de Radiações
Eletromagnéticas e Corpusculares, que no ensino fundamental é ministrada na
disciplina de Ciências, normalmente estudada no oitavo ou nono ano do Ensino
Fundamental II.
Acompanhado da elaboração do jogo, foi desenvolvida uma sequência de
ensino para auxiliar o professor a introduzir, de maneira mais eficaz, esse importante
tema para alunos do Ensino Fundamental. O jogo está disponibilizado para
download no site do MNPEF da URCA na área de produtos, como uma das
ferramentas de ensino.
37
para o tipo de abordagem utilizada que não deve ser uma extensão do ensino
tradicional. Para Alves Filho (2000, p. 218):
38
pontos que se mostraram mais obscuros no primeiro momento, como os erros
cometidos devido ao senso comum. Nesta etapa se demanda uma carga horária de
duas aulas (100 min)
- Terceira Etapa: Aula expositiva. Nesta etapa o professor expõe os
conceitos importantes a respeito da radioatividade, diferenciando e exemplificando
as radiações eletromagnéticas e corpusculares. Aqui se deve mostrar a importância
das radiações, bem como os seus possíveis danos à saúde. Mostrar a origem de
cada radiação e suas fontes é ponto importante desta etapa, além de mostrar formas
seguras de proteção das mesmas e especificar os danos relacionados a cada
radiação. Para o terceiro momento se utiliza uma carga horária de duas aulas (100
min).
- Quarta Etapa: Aplicação do jogo. Neste quarto momento de aplicação
do tema das radiações e seus efeitos biológicos, os alunos são levados para o
laboratório de informática onde todos os computadores já estarão com o jogo das
Aventurais Radiológicas instalado. Será feita uma exposição rápida dos objetivos
das fases e funcionalidade do jogo e cada aluno terá oportunidade de jogar.
Enquanto os alunos jogam o professor observa e auxilia os que estejam com
dificuldades.
Nessa etapa, com a desenvoltura dos alunos, bem como observando as
dificuldades apresentadas, o professor busca perceber indícios da aprendizagem
significativa.
Ao final desta etapa os alunos devem produzir um texto expondo suas
conclusões a respeito da importância das fases do jogo em seu aprendizado e
interesse para o estudo do tema. Para esta etapa é necessário o tempo de duas
horas-aula (100 min).
- Quinta Etapa: Aplicação de avaliação para confirmar os indícios da
aprendizagem significativa. A avaliação é desenvolvida de forma qualitativa, pois
nesta etapa é feito um novo debate para verificação e comparação com os primeiros
debates realizados, porém neste debate o professor será mais participativo,
interferindo sempre que for preciso corrigir algo ou mesmo acrescentar pontos
importantes esquecidos. Além de se debater a cerca dos conteúdos abordados o
professor questiona os alunos sobre os conceitos de ciência que estão presentes no
jogo aplicado na quarta etapa, a fim de perceber se a aplicação é pertinente ao
conhecimento. Nesta etapa toma-se um tempo de uma hora aula (50 min).
39
As atividades realizadas têm por objetivo tirar o aluno do modo passivo e
integrá-lo ao processo de ensino-aprendizagem na busca de aprendizagem
significativa. Por gerarem grandes intercâmbios de relações, estas atividades são
difíceis de serem implementadas em turmas numerosas, por isso a escolha da
turma, para a aplicação metodológica, é aquela com menor número de alunos.
40
Figura 2: informações sobre o jogo
41
Figura 3: início do jogo
42
Figura 5: personagem sem proteção por colete
43
Figura 7: caixa de papelão
44
Figura 9: colete de alumínio
45
Figura 11: radiação gama
46
Figura 13: caixa de chumbo
47
O objetivo dessa fase é concluir o recolhimento dos materiais sem morrer,
para isso, devem-se utilizar as proteções de maneira adequada, além de usar
estratégias adequadas para o processo. Concluída a primeira fase com sucesso
passa-se à segunda fase.
48
5.2.3 Terceira Fase
49
O objetivo desta fase é abordar conceitos específicos de radiações que
foram previamente abordados em aula, estimulando o estudo prévio, bem como a
pesquisa em busca do conhecimento.
Para a conclusão de todas as fases o aluno deverá atingir o nível
satisfatório mínimo de aprendizado.
50
CAPÍTULO 6
6. INTERVENÇÃO
51
Neste primeiro encontro, com duração de uma aula (50min), houve a
análise do conhecimento prévio dos alunos. As observações importantes deste
conhecimento prévio foram anotadas e serviram para orientar as ações dos demais
encontros.
52
riscos ou benefícios das radiações? E por fim foi recomentado aos alunos que
pesquisassem em casa sobre a utilização das usinas nucleares no Brasil e sobre a
mineração de Urânio que existe no Ceará.
53
da aula foram apresentados aos alunos os objetivos, a dinâmica e as funções para
manuseio do jogo. Em seguida os alunos começaram a jogar. O professor ficou
circulando no laboratório para sanar possíveis dúvidas. Nesta etapa foram anotados
os seguintes dados:
- A quantidade de alunos com dificuldade de entender o objetivo do jogo.
- A quantidade de alunos com dificuldade de manusear o jogo.
- O tempo médio para conclusão de cada fase.
- A quantidade de alunos que conseguiram finalizar o jogo.
Para esta etapa foram utilizadas duas aulas (100 min). Após a conclusão
do jogo foi recomendado aos alunos produzirem um texto expondo sua experiência
com o jogo e a nova metodologia.
54
- Você se sentiu envolvido e teve participação ativa durante o processo de ensino e
aprendizagem?
- O processo de avaliação utilizado permitiu o reconhecimento de suas dificuldades e
lhe deu oportunidade de superá-las?
- Você sugeriria a outro professor de Física o método que foi empregado durante
aplicação para que ele utilizasse em suas aulas?
Para cada pergunta o aluno poderia marcar as opções 1 (discordo
totalmente), 2 (discordo parcialmente), 3 (indiferente), 4 (concordo parcialmente) e 5
(concordo totalmente).
E por fim foi sugerido ao aluno deixar uma crítica, elogio e/ou uma
sugestão.
55
visto que houve menos tempo para leitura e análise. Neste segundo encontro foram
utilizadas duas aulas (100 min), sendo 50 min para os vídeos, leitura do texto e os
debates. Nos outros 50 min o professor apresentou aula expositiva sobre as
radiações eletromagnéticas diferenciando as ionizantes e não-ionizantes. As
radiações corpusculares ficaram pra o próximo encontro. Nesta etapa também foi
sugerida a mesma pesquisa da segunda etapa da turma A.
56
CAPÍTULO 7
Quais as radiações
Raios-X, micro-ondas, radiações de telefonia, radiações solares
mais comuns?
Prejudiciais Prejudiciais
As radiações são Prejudiciais Benéficas Prejudiciais Benéficas
e Benéficas e Benéficas
prejudiciais ou
benéficas? 12 3 9 10 3 7
57
A partir daí, o professor pediu para que os alunos comentassem suas
respostas. O grupo de alunos que afirmou haver sim radiações no nosso cotidiano
citou a radiação solar como exemplo. Em particular, a aluna L. A. da turma A
colocou: “E os raios do sol, não nos atingem? Então temos radiações.” Já a aluna P.
S., também da turma A, contrapondo a existência de radiações no dia-a-dia,
manifestou-se: “Se a gente tivesse radiações ‘direto’ (sic) a gente já tinha morrido.” É
claro que essa resposta está em desacordo com o conhecimento científico, mas não
é menos importante que a resposta correta a respeito da existência de radiações.
Moreira (2012) define o subsunçor como parte importante para uma aprendizagem
significativa, mesmo que o conceito não esteja correto por completo.
- Segundo questionamento: As radiações são prejudiciais ou benéficas?
A partir do questionamento surgiram três possíveis respostas: “são prejudiciais”, “são
benéficas” e “depende da exposição”. Na turma A, obteve-se a seguinte proporção
de respostas: 50% dos alunos afirmaram que as radiações eram prejudiciais, 12,5%
disseram ser benéficas e 37,5% disseram que, dependendo da exposição, pode ser
prejudicial ou benéfica. Na turma B os números foram: 50% disseram ser
prejudiciais, 15% disseram que eram benéficas e 35% afirmaram que pode ser
prejudicial ou benéfica, dependendo da exposição.
Neste questionamento, percebe-se a semelhança na proporção de cada
tipo de respostas em ambas as turmas. De acordo com o senso comum, para
aqueles alunos que acreditam que as radiações são prejudiciais, as radiações estão
ligadas ao desenvolvimento do câncer (foi citado câncer de pele, por exemplo). Um
dos alunos, justificando sua posição, disse que assistiu a uma reportagem que
falava do envenenamento por radiação, e por isso acreditava que a radiação pode
matar. Já para os alunos que afirmaram que as radiações são benéficas, foi citado o
fato de os “raios do sol serem essenciais” - palavras ditas pelo aluno R. C.
Foi interessante ver surgir uma terceira resposta, na qual os alunos
afirmaram que as radiações podem ser prejudiciais ou benéficas dependendo da
forma de exposição, o que aproxima esses alunos de um conceito mais correto
acerca do tema. Interpretando as respostas anteriores, esse grupo de alunos disse
que o sol é essencial, mas se “ficar muito tempo haverá queimaduras e pode levar a
um câncer de pele.”
- Terceiro questionamento: Quais as radiações mais comuns?
58
Chegando à metade do tempo estipulado para o debate, esta pergunta gerou uma
surpresa positiva, pois os alunos mostraram conhecer, mesmo que superficialmente,
um bom leque de radiações. Eles citaram: raios-X, a radiação do forno micro-ondas,
radiações do telefone celular e algumas radiações solares, como ultravioleta e a
própria luz visível. Este conhecimento prévio da existência destas radiações foi
importante para o aprofundamento do seu estudo nos encontros que se seguiram.
- Quarto questionamento: Vocês têm medo da exposição às radiações?
Para esta pergunta, 75% dos alunos da turma A afirmaram ter medo sim
da exposição às radiações e 25% afirmaram não ter medo, resultado que foi repetido
de maneira idêntica na turma B.
Dentro do grupo de alunos que afirmaram ter medo da exposição às
radiações, o comentário mais comum foi o de não poderem ficar muito tempo
expostos ao sol. Já o principal comentário relatado pelo grupo menor, aqueles que
afirmaram não ter medo da exposição, foi que não havia motivos pra ter medo, pois
era só usar filtro solar, e também que essas radiações não eram “tão perigosas
assim”.
Todas as respostas e comentários foram muito importantes para o
desenvolvimento das etapas seguintes, pois fizeram com que o professor
identificasse os principais pontos de falha dos alunos, podendo assim direcionar as
próximas aulas para a correção e aprofundamento do tema.
60
7.4 Análise do quarto encontro na turma A
61
12,5% dos alunos não conseguiram concluir a primeira fase.
Os alunos que não conseguiram finalizar a primeira fase em menos de 20 min
receberam ajuda para a conclusão.
- Terceira Fase (fase que apresenta oito perguntas de múltipla escolha, sendo que o
aluno conclui a fase com seis acertos):
Nenhum aluno conseguiu concluir a terceira etapa em menos de 5 min;
70,83% dos alunos concluíram a terceira fase com tempo entre 5 min e 10
min;
20,83% dos alunos concluíram a terceira fase com tempo entre 10 min e 15
min;
8,3% dos alunos não conseguiram concluir o mínimo de acertos.
Estes números mostram o tempo ideal que deve ser disponibilizado, no
caso do primeiro contato, para cada fase, e consequentemente para desenvolver de
todo o jogo. Para a primeira fase o tempo ideal para esta aplicação está entre 10 min
e 15 min, para a segunda fase o tempo ideal esta entre 5 min e 10 min e para a
terceira fase o tempo ideal para análise e conclusão está entre 5 min e 10 min. Com
isso, o tempo ideal para aplicação do jogo, com as condições apresentadas, vai de
um mínimo de 20 min a um máximo de 35 min.
O quarto e ultimo ponto da análise de aplicação do jogo mostrou a
quantidade de alunos que conseguiram concluir o jogo em tempo disponível. Na
primeira fase três alunos, 12,5% do total, não conseguiram passar sem ajuda. Na
segunda fase apenas um aluno não conseguiu concluir, porém, como este aluno
estava entre os três que não conseguiram passar da primeira fase, ele não foi
contabilizado como mais um aluno que não concluiu o jogo. Na terceira fase dois
alunos, 8,3% do total, não obtiveram o número mínimo de acertos para a conclusão
62
do jogo. Com isso, temos como resultado do quarto ponto de análise um número de
cinco alunos, 20,83% do total, que não conseguiram concluir o jogo, sendo que a
maioria destes tiveram dificuldades no manuseio das funções inerentes à
jogabilidade e consequentemente não conseguiram passar da primeira fase.
63
Já os principais pontos levantados pelos alunos que ficaram responsáveis em
defender os riscos das radiações foram:
A utilização militar das bombas atômicas;
O lixo radioativo gerado pelas usinas;
Os riscos de acidentes nucleares em usinas de geração de energia.
Nos 50 min finais, durante a aula expositiva, os alunos se mostraram
atentos e curiosos a cerca dos conceitos apresentados. Muitos deles, assim como
na turma A, se mostravam surpresos com alguns temas. Vale destacar aqui um
comentário feito pela aluna M. C., ela disse: “não sabia que tinham tantas radiações
e que muitas delas estão aqui”.
- Terceira Fase (fase que apresenta oito perguntas de múltipla escolha, sendo que o
aluno conclui a fase com seis acertos):
Nenhum aluno conseguiu concluir a terceira etapa em menos de 5 min;
55% dos alunos concluíram a terceira fase com tempo entre 5 min e 10 min;
20% dos alunos concluíram a terceira fase com tempo entre 10 min e 15 min;
25% dos alunos não conseguiram concluir o mínimo de acertos.
De modo geral a turma B apresentou maior dificuldade com o jogo
comparada a turma A, no entanto os resultados foram satisfatórios. Os tempos
ideias para a aplicação do jogo na turma B também foram parecidos com a turma A,
entre 20 min e 35 min, sendo esta nossa recomendação aos professores que
chegarem a aplicar o produto.
65
Tabela 2: Resultado das respostas dos alunos ao questionário de avaliação de satisfação à
metodologia aplicada
Turmas
I II III IV V I II III IV V
A sequência didática
utilizada durante os
- - 1 5 18 - - 2 4 14
encontros facilitou sua
aprendizagem?
A linguagem utilizada e o
grau de profundidade da
abordagem foram
- - - 5 19 - - - 5 15
adequados e suficientes
para a compreensão das
principais radiações?
O processo de avaliação
utilizado permitiu o
reconhecimento de suas
- - - 4 20 - - - 4 16
dificuldades e lhe deu
oportunidade de superá-
las?
66
Gráfico 1: Resposta ao questionamento“A sequência didática utilizada durante os encontros facilitou
sua aprendizagem?”na turma A
21%
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
75%
10%
Indiferente
20%
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
70%
67
método tradicional deva desaparecer, mas que seja complementado com
metodologias que torne o processo mais atrativo.
37%
Concordo parcialmete
Concordo totalmente
63%
68
Gráfico 4: Resposta ao questionamento “O jogo contribuiu de forma decisiva para sua
aprendizagem?” na turma B
30%
40% Indiferente
Concordo parcialmete
Concordo totalmente
30%
69
Gráfico 5: Resposta ao questionamento “A linguagem utilizada e o grau de profundidade da
abordagem foram adequados e suficientes para a compreensão das principais radiações?” na turma
A
21%
Concordo parcialmete
Concordo totalmente
79%
25%
Concordo parcialmete
Concordo totalmente
75%
70
Contudo o resultado deste terceiro questionamento mostra a satisfação
dos alunos com a linguagem utilizada ao longo de todo processo de aplicação do
produto educacional.
Vale ressaltar que a linguagem adequada para determinado público não
é, necessariamente, adequada a todos os públicos. Desta forma, fica o professor
responsável pelo planejamento prévio para determinação dos termos que devem ser
utilizados, bem como a escolha adequada dos textos e vídeos aplicados para
análise. Sempre na intenção de se ter materiais potencialmente significativos.
Gráfico 7: Resposta ao questionamento “Você se sentiu envolvido e teve participação ativa durante o
processo de ensino e aprendizagem?” na turma A
8%
Concordo parcialmete
Concordo totalmente
92%
71
Gráfico 8: Resposta ao questionamento “Você se sentiu envolvido e teve participação ativa durante o
processo de ensino e aprendizagem?” na turma B
10%
Concordo parcialmete
Concordo totalmente
90%
7.8.5.Quinto questionamento
72
Gráfico 9: Resposta ao questionamento “O processo de avaliaçãoutilizadopermitiu o reconhecimento
de suasdificuldades e lhedeuoportunidade de superá-las?” na turma A
17%
Concordo parcialmete
Discordo parcialmente
83%
20%
4 - Concordo parcialmete
5 - Concordo totalmente
80%
73
7.8.6 Sexto questionamento
Gráfico 11: Resposta ao questionamento “Você sugeriria a outro professor de Física o método que foi
empregado durante aplicação para que ele utilizasse em suas aulas?” na turma A
8%
13%
Indiferente
Concordo parcialmete
Concordo totalmente
79%
Gráfico 12: Resposta ao questionamento “Você sugeriria a outro professor de Física o método que foi
empregado durante aplicação para que ele utilizasse em suas aulas?” na turma B
15%
Indiferente
Concordo parcialmete
Concordo totalmente
80%
74
a outros profissionais o método aplicado reflete interesse dos alunos em novas
metodologias e alcança as expectativas prévias no desenvolvimento do produto
educacional.
75
CAPÍTULO 8
8. CONCLUSÃO
76
A aplicação deste método de ensino se mostrou mais eficiente com o maior
fracionamento dos encontros e maior quantidade de aulas. Os alunos da
turma A, os quais foram contemplados com oito aulas separadas em cinco
encontros, como apresentado na metodologia, mostraram maior desenvoltura
em todas as etapas comparadas aos alunos da turma B, que foram
contemplados com apenas cinco aulas separadas em três encontros;
O desenvolvimento e aplicação do jogo “Aventuras Radiológicas” teve
importante parcela de contribuição no processo de ensino em aprendizagem.
O que foi demonstrado pelo resultado de satisfação dos alunos, onde a
grande maioria concorda com a contribuição decisiva que o jogo teve na
fixação dos seus novos conhecimentos;
O jogo não teve pretensão de aplicar com rigor científico os conceitos sobre
as radiações em geral, mas a sua aplicação gerou grande expectativa aos
alunos, contribuindo com o aumento de interesse dos mesmos.
77
REFERÊNCIAS
78
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40142013000100014>. Acesso em: 30 set. 2017.
80
APÊNDICES
81
APÊNDICE 1
I - Discordo totalmente
II - Discordo parcialmente
III - Indiferente I II III IV V
IV - Concordo Parcialmente
V - Concordo totalmente
82
APÊNDICE 2
AVENTURAS
RADIOLÓGICAS
MANUAL
RÁPIDO
Em sua casa, verifique suas
1 mensagens no telefone
utilizando a tecla I.
83
Utilizando as caixas, colete os elementos radioativos. Cada tipo de caixa serve
7 para um elemento diferente.
Teclado:
84
APÊNDICE 3
MAPA DO JOGO
85
APÊNDICE 4
TUTORIAL DO JOGO
Primeira Fase
86
Porém, no recolhimento dos materiais radioativos espalhados pela cidade,
o jogador deverá identificar o tipo de radiação pelo raio de ação da mesma, tomando
as medidas corretas de proteção. O menor raio de ação indica um objeto que emite
radiação alfa (Figura 2), contra qual a proteção pode ser um simples colete de papel
(Figura 3), que é feito pelo próprio personagem e está disponível no laboratório
localizado em sua residência, e a caixa para recolhimento do material é uma caixa
feita de papelão (Figura 4).
Figura 2: representação da radiação alfa
87
Figura 4: caixa de papelão
88
Figura 6: colete de alumínio
89
Figura 8: radiação gama
90
Figura 10: caixa de chumbo
91
estratégias adequadas para o processo. Concluída a primeira fase com sucesso
passa-se à segunda fase.
92
Figura 12: quiz
Funções do teclado:
93
Tecla I: interage com os outro personagens do jogo e inspeciona as mensagens
existentes no início do jogo.
94
APÊNDICE 5
SEQUÊNCIA DE ENSINO
95
pontos que se mostraram mais obscuros no primeiro momento, como os erros
cometidos devido ao senso comum. Nesta etapa se demanda uma carga horária de
duas aulas (100 min)
- Terceira Etapa: Aula expositiva. Nesta etapa o professor expõe os
conceitos importantes a respeito da radioatividade, diferenciando e exemplificando
as radiações eletromagnéticas e corpusculares. Aqui se deve mostrar a importância
das radiações, bem como os seus possíveis danos à saúde. Mostrar a origem de
cada radiação e suas fontes é ponto importante desta etapa, além de mostrar formas
seguras de proteção das mesmas e especificar os danos relacionados a cada
radiação. Para o terceiro momento se utiliza uma carga horária de duas aulas (100
min).
- Quarta Etapa: Aplicação do jogo. Neste quarto momento de aplicação
do tema das radiações e seus efeitos biológicos, os alunos são levados para o
laboratório de informática onde todos os computadores já estarão com o jogo das
Aventurais Radiológicas instalado. Será feita uma exposição rápida dos objetivos
das fases e funcionalidade do jogo e cada aluno terá oportunidade de jogar.
Enquanto os alunos jogam o professor observa e auxilia os que estejam com
dificuldades.
Nessa etapa, com a desenvoltura dos alunos, bem como observando as
dificuldades apresentadas, o professor busca perceber indícios da aprendizagem
significativa.
Ao final desta etapa os alunos devem produzir um texto expondo suas
conclusões a respeito da importância das fases do jogo em seu aprendizado e
interesse para o estudo do tema. Para esta etapa é necessário o tempo de duas
horas-aula (100 min).
- Quinta Etapa: Aplicação de avaliação para confirmar os indícios da
aprendizagem significativa. A avaliação é desenvolvida de forma qualitativa, pois
nesta etapa é feito um novo debate para verificação e comparação com os primeiros
debates realizados, porém neste debate o professor será mais participativo,
interferindo sempre que for preciso corrigir algo ou mesmo acrescentar pontos
importantes esquecidos. Além de se debater a cerca dos conteúdos abordados o
professor questiona os alunos sobre os conceitos de ciência que estão presentes no
jogo aplicado na quarta etapa, a fim de perceber se a aplicação é pertinente ao
conhecimento. Nesta etapa toma-se um tempo de uma hora aula (50 min).
96
As atividades realizadas têm por objetivo tirar o aluno do modo passivo e
integrá-lo ao processo de ensino-aprendizagem na busca de aprendizagem
significativa. Por gerarem grandes intercâmbios de relações, estas atividades são
difíceis de serem implementadas em turmas numerosas, por isso a escolha da
turma, para a aplicação metodológica, é aquela com menor número de alunos.
97