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09.

TESTE DE AVALIAÇÃO
Nome:_______________________________________ N.O: _______ Turma: _______ Data: ________

GRUPO I

Leia, agora, este conjunto de estâncias, pertencentes ao canto VI.

95 98

Por meio destes hórridos1 perigos, E com forçar o rosto, que se enfia,

Destes trabalhos graves e temores, A parecer seguro, ledo, inteiro,

Alcançam os que são de fama amigos Pera o pelouro7 ardente que assovia

As honras imortais e graus maiores; E leva a perna ou braço ao companheiro.

Não encostados sempre nos antigos Destarte o peito um calo honroso cria,

Troncos nobres de seus antecessores; Desprezador das honras e dinheiro,

Não nos leitos dourados, entre os finos Das honras e dinheiro que a ventura

Animais de Moscóvia2 zibelinos3; Forjou, e não virtude8 justa e dura.

96 99

Não cos manjares novos e esquisitos, Destarte se esclarece o entendimento,

Não cos passeios moles e ouciosos, Que experiências fazem repousado9,

Não cos vários deleites e infinitos4, E fica vendo, como de alto assento,

Que afeminam os peitos generosos; O baxo trato humano embaraçado.

Não cos nunca vencidos apetitos, Este, onde tiver força o regimento

Que a Fortuna tem5 sempre tão mimosos, Direito e não de afeitos10 ocupado,

Que não sofre a nenhum que o passo mude Subirá (como deve) a ilustre mando,

Pera algũa obra heróica de virtude; Contra vontade sua, e não rogando.

97

Mas com buscar, co seu forçoso braço, Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas

de A. J. Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa, Instituto Camões –


As honras que ele chame próprias suas;
Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000.
Vigiando e vestindo o forjado aço,

Sofrendo tempestades e ondas cruas,

Vencendo os torpes6 frios no regaço


1
Do Sul, e regiões de abrigo nuas, horríveis; 2 Rússia do Norte; 3 martas, animais das regiões
frias, cujas peles são caríssimas; 4 vários e infinitos deleites; 5
Engolindo o corrupto mantimento conserva; 6 que entorpecem; 7 bala de metal para arma de
fogo; 8 valor; 9 refletido; 10 afeições
Temperado com um árduo sofrimento;

Responda de forma completa aos itens seguintes.

1. Segmente a reflexão do poeta em quatro partes, considerando o conteúdo temático e a pontuação.

2. Identifique o recurso expressivo presente nos três primeiros versos da estância 96, referindo a sua
funcionalidade.

3. Relacione a reflexão do poeta no canto I com o conteúdo dos quatro primeiros versos da estância
97.
B

Leia o vilancete seguinte, cuja autoria é atribuída a Luís de Camões.

a este moto:

Descalça vai pera a fonte


Lianor pela verdura;
vai fermosa e não segura.

Leva na cabeça o pote,


o testo nas mãos de prata,
cinta de fina escarlata,
saínho de chamalote;
5 traz a vasquinha de cote,
mais branca que a neve pura;
vai fermosa, e não segura.

Descobre a touca a garganta,


cabelos d’ouro o trançado,
10 fita de cor d’encarnado,
tão linda que o mundo espanta;
chove nela graça tanta
que dá graça à fermosura;
vai fermosa, e não segura.

Luís de Camões, Rimas. Texto estabelecido e prefaciado


por Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005 [1994], pp 55-56.

Responda de forma completa às questões que se seguem.

4. Indique o assunto do texto e o modo como se desenvolve.

5. Proceda ao levantamento de dois recursos expressivos e dê conta do seu valor significativo.

GRUPO II

Leia o seguinte texto.

As 7 coisas mais originais que apareceram, em Lisboa e no Porto, em 2014

Um pedaço de rio devolvido à cidade


O calor e os turistas em calção e biquíni já lá vão, agora é o sol de inverno que convida ao passeio
ou a ficar a contemplar o rio. Removida a camada de esquecimento que cobriu a Ribeira das Naus
durante décadas e concluídas as obras de requalificação em julho passado, Lisboa ganhou mais um
5 troço de passeio ribeirinho e não demorou muito para que tanto os lisboetas, como os estrangeiros
que visitam a cidade, se apropriassem deste pedaço à beira do Tejo, entre o Cais do Sodré e o bonito
Terreiro do Paço. Se é agora uma Ribeira das Naus da qual podemos desfrutar, é também um
lugar cheio de história que foi devolvido à cidade, evocada pelos dois relvados em ligeiro declive a
lembrar as rampas para os barcos, e pela recuperação da antiga Doca Seca, posta a descoberto, e da
10 Doca da Caldeirinha, destinada à reparação de embarcações, que hoje se atravessa por um passadiço
em madeira.
[…]
O Porto é uma tela
O ano de 2014 vai ficar marcado a tinta. A figura de D. Quixote de La Mancha, acompanhado pelo
inseparável e fiel escudeiro Sancho Pança, desenhada e pintada por três artistas do Coletivo RU+A,
15 deixou de ser símbolo de uma utopia para se tornar um caso bem real. Um ano depois do licenciamento
do primeiro mural legal da cidade, no cruzamento entre as ruas de Diogo Brandão e Miguel
Bombarda, o Porto vive agora tempos menos cinzentos. A honra de abrir o caminho para uma liberdade
nunca antes vista na arte urbana coube a Mesk, Fedor e Mots, os autores da pintura, mas o
que se seguiu foi uma explosão de criatividade e cor. Hoje são vários os edifícios e as paredes que
20 a autarquia permitiu transformar em tela gigante, como o parque de estacionamento da estação de
metro da Trindade, assinado por Mr. Dheo e Hazul Luzah, dois dos mais conhecidos graffiters nacionais.
Entre os vários momentos altos do ano, esteve, também, a exposição de dezenas de artistas
no edifício AXA, que se estendeu a outras ruas da cidade (incluindo a Avenida dos Aliados, com as
velhinhas, e cada vez menos usadas, cabinas telefónicas a ganharem nova e colorida roupagem),
25 e o festival Push Porto, realizado pela organização cultural CIRCUS e que contou com workshops,
palestras, conferências e exposições de pinturas do melhor que a cidade tem para oferecer.

Visão, edição online, 31 de dezembro de 2014 (consultado em janeiro de 2015, adaptado).

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta.

1.1. O texto dá conta


(A) dos locais mais visitados no ano de 2014.
(B) de mudanças nas duas cidades mais visitadas.
(C) dos pontos turísticos mais apreciados no verão.
(D) da reestruturação das cidades do Porto e de Lisboa.

1.2. As referências temporais no primeiro segmento textual


(A) são pouco concretas.
(B) são algo imprecisas.
(C) são bastante concretas.
(D) percorrem todo o segmento.

1.3. O título do segundo segmento textual


(A) é confirmado no corpo do texto.
(B) está em total desacordo com o conteúdo.
(C) é pouco apropriado, atendendo ao conteúdo.
(D) é pouco sugestivo e inadequado.

1.4. O constituinte sublinhado em “que convida ao passeio” (l. 2) desempenha a função sintática de
(A) complemento direto.
(B) sujeito.
(C) complemento oblíquo.
(D) predicativo do sujeito.
1.5. O segmento sublinhado em “se apropriassem deste pedaço à beira do Tejo” (l. 6) corresponde ao
(A) complemento direto.
(B) complemento indireto.
(C) modificador.
(D) complemento oblíquo.

1.6. A palavra “desfrutar” (l. 7) foi obtida pelo recurso à


(A) composição morfológica.
(B) parassíntese.
(C) prefixação e sufixação.
(D) composição morfossintática.

1.7. O termo sublinhado em “primeiro mural legal da cidade” (l. 16) é um


(A) quantificador numeral.
(B) artigo indefinido.
(C) adjetivo qualificativo.
(D) adjetivo numeral.

2. Responda aos itens a seguir apresentados.

2.1. Classifique a oração “que a autarquia permitiu transformar em tela gigante” (ll. 19-20).

2.2. Identifique o processo irregular de formação configurado no vocábulo “graffiters” (l. 21).

2.3. Indique a função sintática do grupo sublinhado em “Entre os vários momentos altos do ano,
esteve, também, a exposição de dezenas de artistas no edifício AXA” (ll. 22-23).

GRUPO III

Os Descobrimentos portugueses foram de importância capital para o desenvolvimento de conhecimentos


a vários níveis.

Num texto expositivo, entre 150 a 180 palavras, refira-se à importância das descobertas portuguesas
para o alargamento do conhecimento ao nível da geografia, das técnicas e instrumentos de navegação,
bem como da fauna e da flora de diferentes regiões do globo.

Atente nos aspetos que deverá abordar:

Introdução
− justificação para a expansão marítima.

Desenvolvimento
− evolução da arte de marear, de instrumentos de navegação e da construção naval;
− conhecimento de novos fenómenos naturais, novos territórios, novas faunas e floras, novos hábitos
ou culturas.

Conclusão
− aproximação entre povos e territórios graças à expansão marítima.
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 9 (pp. 69-72)

GRUPO I

1. Esta reflexão do poeta pode segmentar-se do modo seguinte: a primeira parte corresponde aos quatro
primeiros versos, uma vez que aí se configura uma espécie de introdução à forma de alcançar “As
honras imortais...” (v. 4); contudo, a partir do verso cinco da primeira estância até ao fim da estância
96, são enumerados todos os aspetos que não conduzem ao mérito ou à glória, pelo que poderão
constituir a segunda parte; a terceira parte inicia no verso um da estância 97, que abre com a conjunção
adversativa “Mas”, de modo a introduzir uma oposição, elencando-se as formas conducentes ao
alcance da glória e da honra. Por fim, e correspondendo a uma quarta parte, surge a última estância,
ilustrativa da conclusão, aliás confirmada pela vocábulo “Destarte”, sinónimo de “Deste modo” ou
“Assim”.

2. Nos três primeiros versos destacam-se a anáfora e uma enumeração, dado que aí se elenca aquilo que
não pode nem deve ser usado para se obter honras e glórias.

3. No canto I refere-se a fragilidade do ser humano, o tal “bicho da terra tão pequeno”, que está sujeito a
vários perigos, tanto na terra como no mar. Ora, na estância selecionada, também há referência aos
sacrifícios por que os Homens terão de passar, quer na terra quer no mar, para alcançarem as honras e a
glória merecidas. Portanto, o espírito de sacrifício é referido quer na passagem textual selecionada quer
nas reflexões do poeta do primeiro canto.

4. O vilancete selecionado apresenta o assunto no mote. Por este se percebe que se irá traçar o retrato de
‘Lianor’ e a ação que esta vai levar a cabo. Por isso, nos dois primeiros versos da primeira estrofe, refere-
se o objeto que leva na cabeça. Mas, a partir do terceiro verso, predomina a descrição da indumentária
que a donzela está a usar, enquanto na segunda estrofe se destacam os seus traços físicos, como a cor dos
cabelos, e aquilo que os decora, a sua beleza e formosura, que contribuem para lhe dar ainda mais graça.

Ambas as estrofes terminam com a repetição do mesmo monóstico - refrão (“Vai fermosa, e não
segura”) que permite acentuar a formosura e a insegurança da donzela.

5. No texto destaca-se a adjetivação, ao serviço da caracterização da donzela (“fermosa”, no mote, “mais


branca que a neve pura”, v. 6, – expressão exemplificativa da comparação) e a metáfora em “mãos de
prata” (v. 2) e “cabelos d’ouro” (v. 9). Estes recursos expressivos tornam o retrato mais impressivo e
sugestivo.

GRUPO II

1.1. (B); 1.2. (C); 1.3. (A); 1.4. (B); 1.5. (D); 1.6. (B);

1.7. (D)

2.1. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

2.2. Empréstimo.

2.3. Sujeito.

GRUPO III
Introdução:

A situação geográfica de Portugal era propícia à navegação, mas o mais importante era sair da crise e da
dependência em que a nação se encontrava. Além disso, dominar as rotas comerciais e,
preferencialmente, controlar os locais de produção transformara-se numa prioridade.

Desenvolvimento:

Assim, a necessidade e o espírito aventureiro dos portugueses impelia-os para novas paragens. Contudo,
para tal, eram necessários progressos ao nível da construção naval e dos instrumentos de navegação.
Graças ao desenvolvimento de novas técnicas, as naus substituíram as caravelas, permitindo avançar com
ventos contrários.

Mas, nessas navegações, os portugueses confrontaram-se com fenómenos naturais e com situações
adversas, como se narra em Os Lusíadas, corrigindo-se, deste modo, realidades erradamente descritas em
livros e enfatizando-se o conhecimento experiencial.

Além disso, as navegações determinaram o contacto com outras regiões, habitadas por espécies animais e
botânicas diferentes, e por povos cujas culturas ou hábitos se opunham às dos povos ocidentais.

Conclusão:

Pelo exposto, facilmente se conclui que os Descobrimentos não só unificaram o mundo como o dotaram
de mais conhecimentos, fazendo com que a humanidade desenvolvesse outras capacidades. (176 palavras)

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