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Alimentos Funcionais

Os alimentos funcionais e a
prevenção das doenças
cardiovasculares
Os ácidos biliares
• Sintetizados pelo fígado
• Conjugação possível
– glicina
(NH3+CH2COO-)
– taurina
(NH3+(CH2)2SO3-)

O H HO
- COOH COOH
C N C COO cholesterol OH
H H
R
glycine conjugates

O H H
C N C C SO3-
H H H HO OH
R HO OH
taurine conjugates cholic acid
chenodeoxycholic acid

conjugation w ith glycine or taurine

glycochenodeoxycholic acid glycocholic acid


taurochenodeoxycholic acid taurocholic acid
Os ácidos biliares
• Sintetizados pelo fígado
• Conjugação possível
– glicina
(NH3+CH2COO-)
– taurina
(NH3+(CH2)2SO3-)

• Desidroxilações
possíveis por enzimas
bacterianas

• Adição possível de um
grupo sulfato

• Certos ácidos biliares são


desconjugados no cólon
As células sintetizam
o colesterol a partir
de acetato

Nos vertebrados, a maior


parte do colesterol é
sintetizado no fígado
As células sintetizam
o colesterol a partir
de acetato

Conversão – 3 Fosf.de ATP


Nos vertebrados, a maior
parte do colesterol é
sintetizado no fígado

Polimerização – 6 isop.

Ciclização
Usos do colesterol hepático:

1. Uma parte é integrada nas membranas das células hepáticas

Diminui fluidez e
aumenta a estabilidade.

2. Uma parte é usada na síntese dos sais biliares


 Derivados polares do colesterol que atuam como detergentes;
 Armaz. na vesícula biliar;
 Secretados no duodeno;
 Reabsorvido no intestino (circulação enterohepática).
Usos do colesterol hepático:

3. Uma parte é secretada sob forma de colesterol livre na bílis

4. Uma grande parte é exportada na forma de ésteres de colesterol


para os tecidos periféricos

Acil-CoA CoA-SH

Acil-CoA:colesterol
aciltransferase (ACAT)

O colesterol exportado é utilizado para :


- a síntese das membranas
- a síntese dos hormônios esteroidianos
- a síntese da vitamina D
No sangue, o colesterol e
outros lipídeos são
transportados na forma de
lipoproteínas plasmáticas

Exemplo de um LDL:

Complexos moleculares de
PTNs transportadoras
específicas

Combinações variadas:
Região
hidrofílica

Região
hidrofóbica
As lipoproteínas se distinguem pela sua composição
tamanho e densidade

Cada classe de lipoproteínas tem uma função


específica determinada pelo:
- seu sítio de síntese;
- sua composição lipídica;
- sua composição em apoproteínas.
50-200 nm 28-70 nm

20-25 nm 8-11 nm
As apoproteínas são sinais :
- para a orientação das lipoproteínas quando se deslocam na
direção dos tecidos alvo;
- na ativação de enzimas ativas sobre as lipoproteínas.
Lipoproteínas e transporte dos lipídeos

Qtd de AG
na dieta é Rica em colesterol e
elevada... em ésteres de
colesterol, apoB-100

apoE

apoE
apoC-II

apoC-II
Lipoproteínas e
transporte dos
lipídeos
apoB-48
apoE (reconhecimento de um receptor
hepático => endocitose)

apoB-48 (único para os quilomícrons)


apoC-II (ativador de LPL)
apoE
apoB-100 (reconhecimento de um
receptor dos tecidos que necessitam de
colesterol => endocitose)

apoB-100
apoC-I
apoC-II
apoC-III
apoE

Lipoproteínas e
transporte dos
lipídeos
Endocitose dos
LDL nos tecidos
periféricos
(através da
fixação sobre
um receptor
para a apoB-
100)

Os LDL são
também
endocitados
pelo fígado
O Colesterol no sangue

1- O colesterol forma um 2- Nesta interação, a LDL pode


complexo com os lipídeos e acabar sendo oxidada por
proteínas, chamado radicais livres presentes na
lipoproteína. A forma que célula.
realmente apresenta malefício,
quando em excesso, é a LDL.
O Colesterol no sangue

3- Esta oxidação aciona o 4- Após algum tempo cria-se uma


mecanismo de defesa, placa (ateroma) no vaso
desencadeando um processo sanguíneo; sobre esta placa, pode
inflamatório com infiltração de ocorrer uma lenta deposição de
leucócitos. Moléculas cálcio, numa tentativa de isolar a
inflamatórias acabam por área afetada.
promover a formação de uma
capa de coágulos sobre o núcleo
lipídico.
O Colesterol no sangue

5- Isto pode interromper o fluxo sanguíneo normal (aterosclerose) e vir a


provocar inúmeras doenças cardíacas. De fato, a concentração elevada de
LDL no sangue é a principal causa de cardiopatias.
O Colesterol no sangue
1- Penetração de LDL e plaquetas
no endotélio  lesões;
2- Fatores de crescimento liberados
pelas plaquetas  proliferação;
3- Formação de células espumosas
 fosfolipídios, colesterol e cálcio.

Placa de ateroma
As desordens coronarianas são uns dos
problemas causados pelo acúmulo
de colesterol  alta taxa de
mortalidade no Brasil, Japão,
Inglaterra, Estados Unidos e outros
países.
A biossíntese do colesterol é fortemente regulada
O acúmulo de um excesso de colesterol nas células
do fígado é evitado através da redução da
velocidade :
- de sua síntese endógena
Regulação da HMG-CoA redutase pelo:
[colesterol]intracelular
- fator derivado do colesterol
# estimula sua proteólise
# inibe sua transcrição
glucagon (sob forma fosforilada inativa)
insulina (forma defosforilada ativa)
- da penetração celular
[colesterol]intracelular
 ativação de ACAT
 diminuição de transcrição
do gene do receptor do LDL
Influência dos ácidos graxos alimentares sobre o
desenvolvimento das DCV (doenças cardiovasculares)

Importância do comprimento da cadeia


Importância do grau de insaturação
Importância da forma geométrica do isômero

LDL-colesterol
! Efeitos sobre: Trigliceridemia
HDL-colesterol
Influência dos ácidos graxos alimentares sobre o
desenvolvimento das DCV

SFA C4-C10 =>


LDL-colesterol (fonte energética imediata)
SFA C12 =>
Trigliceridemia SFA C14 & C16 =>
SFA C18 =>
MUFA C18 =>
LDL-colesterol
PUFA n-6 =>
Trigliceridemia PUFA n-3 =>
(cuidado com o excesso de PUFA)
Relação entre o consumo de ácidos graxos
trans e o desenvolvimento das DCV ?

• Estudos epidemiológicas :
« Estudo das enfermeiras »

• Estudos experimentais sobre animais de laboratório e sobre o


Homem
Comparação com ácidos graxos insaturados cis ou ácidos graxos saturados
Ácidos graxos trans e DCV ?
« Estudo das enfermeiras »
(1980 - 1988 Willett e colaboradores)

• Acompanhamento de 85 000 mulheres durante oito anos


– Avaliação da ingestão de ácidos graxos trans
– Acompanhamento dos distúrbios cardiovasculares
ï O consumo de ácidos graxos trans aumenta o risco de
desenvolver uma DCV
MAS
ï A associação se baseia apenas sobre os ácidos graxos
trans de origem vegetal
ï Os ácidos graxos trans de origem animal não parecem ser
nefastos
Ácidos graxos trans e DCV ?
Estudos experimentais

• Comparação dos efeitos dos ácidos graxos insaturados trans e


cis sobre o colesterol sanguíneo

LDL- colesterol

HDL- colesterol

! Estudos realizados com


misturas de isômeros
! E o que dizer dos isômeros
de origem animal?
As DCV são essencialmente causadas por um
estreitamento das artérias =>
Ação possível a diferentes níveis :
1. Lipoproteínas circulantes
2. Trigliceridemia
3. Alteração da integridade dos vasos sanguíneos
4. Desequilíbrio do balanço trombogênico (propensão em formar um
coágulo)

5. Hipertensão (a hipertensão facilita a entrada das LDL mas diminui também o diâmetro
das artérias)

6. Hiper-homocisteinemia
!! Cuidado: apenas 50% dos casos de DCV são explicados pelos fatores de
risco conhecidos. Deve portanto ter outros fatores de risco e/ou
interações entre fatores ! Polimorfismo genético !!
A importância nutricional
dos ácidos graxos
poliinsaturados :
necessidade de
desenvolver alimentos
funcionais
Existem duas grandes famílias de ácidos graxos
poliinsaturados : w-6 e w-3

Interconversão impossível no reino animal superior (vertebrados)


ácidos graxos Fórmula posição Fontes alimentares/membranas celulares
ligações alvo
duplas
PUFA w-6

- ác. linoléico ou 18:2 w-6 9, 12 Maioria dos óleos vegetais / todas as


octadecadienóico (LLA) membranas salvo do cérebro e da retina
- ác. diomo-g-linolênico ou 20:3 w-6 8,11,13 Teor baixo em todas as membranas
eicosatrienóico
- ác. araquidônico ou 20:4 w-6 5, 8, 11, 14 Carnes, vísceras, ovos / todas as
eicosatetraenóico membranas
- ác. docosapentaenóico 22: 5 w-6 4, 7, 10, Membranas dos animais deficientes em
13, 16 PUFA w-3
PUFA w-3

- ác. a-linolênico ou 18:3 w-3 9, 12, 15 óleo de colza, linhaça, canola e de soja /
octadecatrienóico (LNA) ausência ou traços em todas as membranas
- ác. eicosapentanóico (EPA) 20:5 w-3 5, 8, 11, produtos do mar (peixes, moluscos) / teor
14, 17 baixo em todas as membranas; lipídios
circulantes
- ác. docosahexaenóico (DHA) 22:6 w-3 4, 7, 10, carnes, vísceras, ovos, produtos do mar /
13, 16, 19 todas as membranas mas principalmente do
cérebro e da retina
LLA e LNA são os precursores

Estas vias atingem uma minoria dos PUFA precursores


ingeridos, o resto sendo oxidado ou acumulado no tecido
adiposo
Principais fontes de PUFA ?
 Óleos vegetais : 30 – 40 % das contribuições diárias
 Exclusivamente os precursores LLA e LNA
 LLA presente no conjunto dos óleos
 LNA presente apenas em certos óleos (canola-8,5%, soja-
7%, sasha-inchi-45%, linhaça-55%,…)

 Produtos animais : precursores & derivados de cadeia longa


(w-6 e w-3)

 Peixes e frutos do mar : essencialmente EPA + DHA


Papeis gerais dos PUFA ?
 Constituintes dos fosfolipídeos membranares
Modulação da atividade das proteínas membranares através
de modificações físico-químicas
 Precursores dos eicosanóides
(20:3 n-6, 20:4 n-6, 20:5 n-3)
Funções de tipo hormonal
Efeitos muitas vezes diferenciados até antagônicos
 Precursores dos isoprostanas (AA) e neuroprostanas (DHA)
(cujos papeis começam a ser compreendidos: funções na elaboração das plaquetas,
proliferação celular,...)
(a partir de 20:4 n-6 e 22:6 n-3, respectivamente)
 Precursores de PUFA com 14 carbonos (oxidação peroxisomial)
(20:4 n-6, 20:5 n-3, 22:6 n-3)
Fixação covalente sobre proteínas membranares da retina
Porque é importante aumentar nosso consumo de
PUFA w-3 ?
 Influência positiva sobre as DCV :
 Diminuição da trigliceridemia post-prandial
 Proteção da integridade endotelial e arterial
 Redução da agregação plaquetária
 Redução da tensão arterial
 Intervenção positiva no controle do apetite :
A fluidificação das membranas dos neurônios potencializa
a ligação da leptina com seu receptor a nível do hipotálamo
=> promoção da ação anti-obesidade da leptina
=> prevenção da resistência a leptina
Porque é importante aumentar nosso consumo de
PUFA w-3 ?
 Correlação entre diminuição dos w-3 e desordens
psiquiátricas (esquizofrenia, depressão, …)
é sabido que a esquizofrenia é uma doença neurodesenvolvimental que tem suas raízes no
crescimento do indivíduo quando as funções cerebrais são instaladas e cujo sintomas só
aparecem no adolescente ou no adulto

 Importância do DHA na qualidade da visão


 O DHA está em concentração muito elevada nas
membranas da retina
 Experiências sobre animais
 Acuidade visual dos nenéns nutridos pelo leite materno
ou por leites de substituição
 Contribuição de DHA pré-formado ou de 18:3 n-3
(LNA)? Não se sabe por enquanto...

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