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FERRAMENTAS
DA QUALIDADE
Série gestão
FERRAMENTAS
DA QUALIDADE
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
FERRAMENTAS
DA QUALIDADE
© 2015. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
_____________________________________________________________________________
S491f
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Ferramentas da qualidade / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2015.
107 p. : il. (Série Gestão).
ISBN 978-85-7519-922-0
CDU: 658.56
_____________________________________________________________________________
SENAI Sede
2 Histórico.............................................................................................................................................................................11
2.1 Histórico da qualidade...............................................................................................................................12
2.2 Conceitos e origens da qualidade..........................................................................................................16
2.2.1 Evolução das abordagens da qualidade............................................................................21
2.2.2 Auditoria dos sistemas de gestão da qualidade.............................................................24
2.2.3 Modelo japonês de administração......................................................................................25
3 Ferramentas da Qualidade..........................................................................................................................................31
3.1 Ferramentas clássicas da qualidade......................................................................................................32
3.1.1 Diagrama de Pareto..................................................................................................................32
3.1.2 Diagrama de causa e efeito....................................................................................................34
3.1.3 Histograma...................................................................................................................................35
3.1.4 Diagrama de dispersão............................................................................................................36
3.1.5 Estratificação................................................................................................................................38
3.1.6 Folha de verificação..................................................................................................................39
3.1.7 Ciclo PDCA....................................................................................................................................41
3.1.8 Brainstorming..............................................................................................................................43
3.1.9 Método 5W1H (3Q1POC)........................................................................................................45
3.1.10 O fluxograma............................................................................................................................46
3.1.11 Gráfico de controle.................................................................................................................47
4 Programa 5S......................................................................................................................................................................51
4.1 Desenvolvimento do programa 5S........................................................................................................52
4.2 Origem e finalidade do Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke.................................................53
4.3 Planejamento para aplicação dos conceitos do 5S..........................................................................55
4.4 Desenvolvimento de Qualidade com 5S.............................................................................................63
4.4.1 Instruções para preenchimento do plano de ação........................................................66
4.4.2 Comprometimento da alta administração quando da implantação do
programa 5S...........................................................................................................................................67
4.4.3 Forma de treinamento.............................................................................................................67
4.4.4 Divulgação do programa 5S..................................................................................................69
4.4.5 Registro da realidade dos locais de trabalho...................................................................70
4.4.6 Cronograma de implantação do programa 5S...............................................................70
4.4.7 Lançamento do programa 5S................................................................................................71
4.4.8 O Dia 5S.........................................................................................................................................71
4.5 Planejamento de auditoria de 5S...........................................................................................................73
4.5.1 Manutenção e melhoria do programa 5S.........................................................................74
4.5.2 Checklist do programa 5S........................................................................................................79
5 Escolha da Ferramenta Adequada............................................................................................................................87
5.1 Processos nas organizações.....................................................................................................................88
5.2 Tipos de processos.......................................................................................................................................89
5.3 Usando a gestão por processos..............................................................................................................90
5.4 Etapas da gestão dos processos.............................................................................................................90
5.4.1 Modelar os processos...............................................................................................................91
5.4.2 Padronizar e executar...............................................................................................................94
5.4.3 Analisar..........................................................................................................................................94
5.4.4 Implementar ações corretivas...............................................................................................96
Referências......................................................................................................................................................................... 109
Índice................................................................................................................................................................................... 115
Introdução
A preocupação com a qualidade de bens e serviços não é recente. Desde a década de 20,
até os dias de hoje, vários modelos de gestão pela qualidade foram concebidos e utilizados
pela maioria das organizações. Cada modelo gerou consideráveis melhorias nas formas de ge-
renciamento das organizações. O certo é que, atualmente, em qualquer atividade humana, a
qualidade tornou-se consenso.
Os primeiros movimentos em busca da qualidade surgiram e foram consolidados no Japão
depois do fim da II Guerra Mundial, sendo difundida nos países ocidentais, a partir da década
de 70. O Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial, apresenta-se ao mundo literalmente des-
truído, e precisando iniciar seu processo de reconstrução. William Edwards Deming, um estatís-
tico norte americano,foi convidado pela Japanese Union of Scientists and Engineers (JUSE) para
proferir palestras e capacitar empresários e industriais sobre controle estatístico de processo e
sobre gestão da qualidade. O Japão inicia, então, sua revolução gerencial que proporcionou ao
país o sucesso de que desfruta até hoje como potência mundial.
Ao final do estudo deste capítulo, você estará apto a:
a) definir o que é Qualidade;
b) compreender o funcionamento da Gestão da Qualidade;
c) conhecer metodologias e ferramentas aplicáveis na gestão da Qualidade.
Você irá iniciar seus estudos conhecendo o histórico da qualidade. Acompanhe!
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
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Para dar início aos estudos sobre Ferramentas da Qualidade, você precisa em primeiro lugar fazer um
breve passeio pela história da qualidade, para aprimorar os seus conhecimentos sobre os conceitos, ori-
gens, e definições de qualidade e suas ferramentas.
A preocupação com aspectos relacionados com a qualidade confunde-se com a própria história da
humanidade.
O registro mais antigo de uma atividade de controle da qualidade data de 1450 A.C. Trata-se de um
painel mostrando uma figura humana medindo as dimensões de uma peça, conforme figura a seguir:
Portanto, a história da qualidade é algo que se perde no tempo, podendo-se dizer que os antigos arte-
sões, por serem responsáveis por todas as fases que fazem parte do ciclo produtivo (identificação das ne-
cessidades do cliente, projeto do produto, seleção das matérias primas, produção, verificação da qualidade
do produto acabado etc.), desempenhavam e controlavam a qualidade dos seus produtos.
A ampliação do volume de produção favoreceu a existência da divisão de tarefas em pequenos grupos,
nascendo assim a divisão do trabalho, sendo cada trabalhador responsável pela realização de trabalhos
específicos, impossibilitando-os de compartilharem a confecção e conhecerem os procedimentos do pro-
duto por inteiro. Dessa forma, apareceu, a figura do inspetor da qualidade que coordenava e inter-relacio-
nava os procedimentos e controles entre as várias tarefas, com o objetivo de garantir a conformidade do
produto acabado.
2 Histórico
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Em meados de 1900, o controle da qualidade era sinônimo de inspeção que era o ato de separar os bons
dos maus produtos. O interesse fundamental do homem era, então, diagnosticar, por meio de métodos
comparativos e ajustes, os problemas que aconteciam decorrentes da falta de uniformidade na matéria
prima, no produto ou em um serviço.
Com o surgimento das pesquisas de Taylor, ou seja, com a crença de que havia “uma maneira melhor de
fazer as coisas” (‘The Best Way”), os estudiosos da produtividade industrial constataram que esta atitude de
inspecionar poderia ser melhorada, e ter custos reduzidos, considerando que esta atividade exigia grande
esforço, consumindo tempo e dinheiro. Portanto, os princípios da Qualidade Total estão fundamentados
na Administração Científica de Frederick Taylor. O aparecimento de grandes conjuntos de pessoas, aumen-
to da oferta e diversificação de produtos, induziu a produção em escala, especializando o trabalho ainda
mais, passando o trabalhador agora a responsabilizar-se por parcelas ainda menores na elaboração de
um produto. Surge, neste contexto, a figura do supervisor de qualidade que coordenava as atividades de
controle de qualidade. Nascia então, a necessidade de unir formalmente controle de qualidade com inspe-
ção. A partir disso, distingui-se controle de qualidade (Taylor), do controle da qualidade (Radford) que não
falava de um controle que tinha qualidade, e sim, de um controle “DA” qualidade como independente, e
com responsabilidade gerencial definida. Radford legitimou a função do inspetor tendo a responsabilida-
de pela Qualidade dos produtos.
SAIBA Para conhecer mais sobre a forma de administrar de Frederick W Taylor pesquise seu
MAIS famoso livro Princípios da Administração Científica.
Resumidamente, poder-se-ia dizer que, desde que a atividade produtiva assumiu um caráter sistemati-
zado, o controle da qualidade foi considerado como um aspecto inerente ao sistema.
O controle da qualidade, assim como no passado, tem, ainda hoje, como atribuição básica garantir que
um produto seja preparado corretamente. Além disso, também deve medir o grau de correção em relação
ao que foi especificado. A maneira de avaliar a qualidade de um produto sofreu, entretanto, profundas
transformações respondendo à evolução do setor produtivo.
Quando o produto era preparado somente por um artesão, este inspecionava todos os parâmetros que
faziam parte do produto e, por fim, todas as unidades elaboradas. Concretizava assim o que se chamava de
inspeção 100%. Com o aumento do volume de produção, a inspeção 100% torna-se irrealizável, passando-
-se a adotar a modalidade de inspeção por amostragem.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
14
moodboard ([20--?])
É importante destacar que mesmo a inspeção 100% não garante que o conjunto dos itens não confor-
mes seja identificado, e isto se deve principalmente ao:
• cansaço do operário em uma atividade geralmente repetitiva e monótona;
• desregulagem do equipamento de medição.
Acredita-se que a eficiência da inspeção 100% seja de aproximadamente 85% a 95%. Além disto, a
necessidade de ensaios que causam danos ao produto inspecionado (ensaios destrutivos) inviabiliza, ob-
viamente, a inspeção 100%.
Em 1931, W. A. Shewart, um dos integrantes do Centro Cativo de Pesquisa e Desenvolvimento Bell Te-
lephone (USA), escreveu o livro clássico: “Controle Econômico da Qualidade do Produto Manufaturado”. A
forma de abordar o assunto estava sendo modificada, da ênfase nas tarefas (Taylor) para ênfase na estru-
tura (Fayol, Weber e outros).
Shewart foi um dos primeiros a perceber que a variabilidade era fenômeno intrínseco ao processo,
decorrendo de causas normais e anormais de variação, que podiam ser detectadas e compreendidas uti-
lizando-se princípios de estatística e probabilidade. Estabeleceram-se, assim, as bases do controle estatís-
tico, utilizando os gráficos (ou cartas) de controle. Entretanto, foi outro americano, Deming, quem mais se
projetou por aplicar esta ferramenta de controle estatístico.
Com a chegada da 2ª Guerra Mundial, as indústrias de todo o mundo empregaram seus recursos pro-
dutivos na confecção de artefatos bélicos, o que ocasionou, ao final da guerra, uma demanda de bens de
consumo muito grande que não podia ser atendida. Aliado a esse fato, houve também um grande aumen-
to do poder aquisitivo, o que originou a necessidade da organização do setor produtivo quanto o volume
de produção e o atendimento dos prazos de entrega.
No transcorrer da referida guerra, a necessidade de intercambiar peças ou itens bélicos entre os países
aliados acelerou a publicação dos primeiros padrões na área da qualidade.
Por outro lado, o Japão encontrava-se, após a 2ª Guerra Mundial, numa situação de caos total, e, assim
como as indústrias ocidentais, tinha que transformar a produção de armamentos em produção de bens de
consumo civis, a única opção de reconstrução era disponibilizar seus produtos no mercado internacional.
Entretanto, ressalta-se que esses produtos eram reconhecidos internacionalmente pela sua péssima qua-
lidade.
Buccelli (1991) explica que, com o intuito de conhecer como os outros países obtinham altos níveis de
qualidade, várias equipes japonesas foram enviadas em missões a países e empresas ocidentais.
Vários especialistas em qualidade, em particular o Dr. Joseph M. Juran, de 1954 a 1964, e Deming, em
1951, introduziram no Japão os conceitos de controle estatístico do processo. Dessa forma, com o reco-
nhecimento em âmbito internacional na década de 60 e 70, os produtos japoneses aumentaram expressi-
vamente sua participação no mercado internacional, especialmente, no mercado americano.
Portanto, a adoção da abordagem da qualidade proposta por Deming, sobre controle estatístico da
qualidade, juntamente com a ação da JUSE (entidade que congrega engenheiros japoneses) foram de
importância vital para o sucesso japonês.
Por sua vez, Juran, com seu enfoque de qualidade como um fator gerencial, e não uma atividade res-
trita ao chão de fábrica, também revolucionou o gerenciamento, primeiro no Japão, e depois em todo o
mundo. Dessa forma, a influência do gerenciamento da qualidade passa a ser uma condição para que se
alcancem melhorias da qualidade.
Surge assim o Total Quality Control (TQC), que institui quais procedimentos, voltados para alcançar e
manter altos níveis de qualidade devem nortear a organização analisada globalmente. Tudo isto gerou o
que se conhece, hoje, como Garantia da Qualidade.
A Norma ISO Série 9000 (1990, p. 2) define garantia da qualidade como: “Todas as ações planejadas e
sistemáticas necessárias para prover confiança adequada de que um produto ou serviço atenda aos requi-
sitos definidos da qualidade”.
Agora que você já conheceu o histórico da qualidade, na sequência você vai conhecer os conceitos e
origens da qualidade. Confira!
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
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A etimologia da palavra “qualidade” tem origem em “qualitas” ou “qualitatem” do latim, que significa
propriedade ou condição natural das pessoas ou coisas pela qual se distinguem de outras, que constitui a
sua essência, a maneira de ser.
Portanto, essa origem nos remete à característica de genuinidade, de diferenciação, de virtude e pro-
priedade que em seu nível mais elevado nos conduz a excelência. (GUARAGNA, 2014).
Uma definição bastante usual de qualidade é obtida de acordo com as especificações de um produto
ou serviço. Mas, quem define as especificações? Quais são as características de um produto ou serviço que
lhe conferem qualidade? Você acha que é a cor ou a agilidade no atendimento de um serviço ou a entrega
no prazo estabelecido?
_ba_ ([20--?])
Pode-se perceber com base nas questões levantadas que existem vários critérios para definir confor-
midade às especificações, cada um aplicável a determinados contextos. Ou seja, qualidade é um conceito
multidimensional, pois são os clientes que definem os requisitos de qualidade e os níveis de satisfação dos
serviços e produtos por eles adquiridos.
Existem outros conceitos sobre qualidade além dos que foram estudados até agora. A seguir, serão
apresentados mais alguns conceitos de qualidade segundo os estudiosos da área. Acompanhe!
• Qualidade é a inspeção por plano de amostragem, com o uso de Cartas de Controle. Shewart (1931) é
considerado o pai do Controle Estatístico da Qualidade.
• Qualidade é uma determinação do consumidor e não do engenheiro, da área comercial ou da admi-
nistração de uma empresa. É um conjunto de características do produto ou serviço em uso, as quais
satisfazem as expectativas do cliente. (FEIGENBAUM, 2003 apud MAY 2013).
• Qualidade é a adequação ao uso; qualidade é a ausência de falhas. (JURAN,1992).
• Os níveis da variação da qualidade podem ser reduzidos se geridos por meio do controle estatístico.
(DEMING, 1985).
• Qualidade deve fazer parte de toda a empresa: qualidade do serviço; qualidade do trabalho; qualidade
da informação; qualidade do processo; qualidade do departamento, qualidade do operário, qualida-
de do engenheiro, qualidade do administrador; qualidade das pessoas; qualidade da própria empre-
sa, de sua diretriz. Qualidade coloca o consumidor em 1º lugar. (ISHIKAWA, 1987).
• Qualidade é a conformidade com as especificações. Esta definição é voltada inteiramente para o clien-
te, enfatizando que a qualidade é tangível, gerenciável podendo ser medida. (CROSBY, 1996).
• Nas Normas Técnicas International Standard Organization (ISO), a definição de qualidade resume-se
especificamente a cliente, produto e processo.
Segundo a referida norma ISO 8402 (1995), qualidade é o conjunto das características de uma entidade
que lhe atribui a habilidade de satisfazer as necessidades explícitas e implícitas. Isto deve ser entendi-
do genericamente como a conformidade com as exigências ou satisfação do cliente. Outras formulações
descrevem somente algumas facetas desse conceito. A qualidade não é um valor em si: as características
da qualidade especificadas ou exatamente definidas por pré-requisitos devem ser atendidas dentro dos
valores e limite estabelecidos.
Para Campos (1999), um produto ou serviço de qualidade é aquele que vai ao encontro das necessida-
des e expectativas dos clientes, de forma confiável, acessível, segura e no tempo determinado.
Isso justifica porque o termo “qualidade total” tem em seu conceito, seis dimensões básicas que lhe
conferem características de totalidade, como observa Campos (1999), que são: qualidade intrínseca, custo,
atendimento, moral, segurança e ética, todas descritas a seguir:
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
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Dimensão Descrição
A dimensão custo tem, em si, dois focos: custo para a organização do serviço prestado e o seu preço
Custo
para o cliente.
É uma dimensão que contém vários parâmetros: local, prazo, presteza, tempo de espera, cordialida-
Atendimento de, que por si só demonstram a sua importância na produção de bens e na prestação de serviços de
excelência.
Em um sentido restrito, tem a ver com a segurança física dos clientes e, em um sentido mais amplo,
Segurança
com o impacto sobre o meio ambiente.
É a dimensão que trata da motivação dos funcionários, responsáveis pela execução do serviço ou
Moral
fabricação do produto.
É representada pelos códigos ou regras de conduta e valores que têm que permear todas as pessoas e
Ética
todos os processos das organizações.
Cada dimensão demonstra uma característica da qualidade e, por isso, o termo qualidade representa a
busca da satisfação, não só do cliente, mas de todos os grupos de relações ou partes interessadas, que de
alguma forma são significativas na existência da organização. Abrange o gerenciamento do grau de eficá-
cia e de eficiência em todos os elementos internos e externos à empresa, impactados pela sua existência,
incluindo os serviços de atendimento pós-venda e as políticas de responsabilidade socioambientais defen-
didas e adotadas pela organização.
Vale lembrar que, eficácia e eficiência são conceitos relacionados, pois enquanto eficácia é fazer bem
feito a coisa certa, realizar aquilo que dever ser feito ou selecionar e executar a melhor opção; a eficiência
diz respeito a fazer essas atividades minimizando os recursos utilizados e evitando perdas e/ou desperdí-
cios, nas quantidades certas e no tempo previsto. Eficácia trata do O QUE fazer: selecionar as melhores
estratégias, as melhores decisões, as melhores ações. Eficiência trata de COMO fazer: fazer aquilo que se
propõe a fazer sem erros, ou produzir mais com menos recursos.
Para Garvin (1992) da Harvard Business School, as definições de qualidade estão fundamentadas nas
seguintes classificações:
• transcendentais: qualidade é aquilo que é entendido por intuição, mas que é difícil de ser comunica-
do, como beleza e amor;
2 Histórico
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Utilidade do produto.
Produto Público tecnicamente esclarecido Supérfluos
Atendimento das necessidades.
Apelo do produto.
Usuário Público majoritário Conhecimento do mercado. O que escapa à visão majoritária
Custo.
Valor Público economicamente esclarecido Itens que valorizam sem onerar. Supérfluos
Alguns autores separam qualidade considerando 2 (dois) aspectos: qualidade técnica e qualidade hu-
mana. A qualidade técnica está em satisfazer exigências e expectativas concretas (padrões, tempo, custos,
taxa de defeitos, funcionalidade, durabilidade, segurança e garantia). A qualidade humana diz respeito à
satisfação de expectativas e desejos emocionais. Estes podem ser classificados em: atitude, comprometi-
mento, atenção, credibilidade, consistência e lealdade.
Além disso, a qualidade pode ser classificada em cinco tipos: pessoal, departamental, de produtos, de
serviços e da empresa.
Outros, em vez de conceituar qualidade, preferem medir a qualidade de produtos ou serviços por meio
de indicadores que refletem as cinco dimensões da qualidade.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
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Dimensões da qualidade
Sobrevivência da empresa
Qualidade Entrega ou
Custo Segurança
intrínseca atendimento
Moral / motivação
Qualidade total
Qualidade Atendimento
intrínseca ou entrega
O que é Qualidade?
“Um produto ou serviço de “qualidade” é
aquele que atende perfeitamente, de
forma con ável, de forma acessível, de
modo seguro e no tempo certo às
necessidades dos clientes”
(Campos, 1992).
Custo
• Qualidade intrínseca: é medida por meio das características da qualidade dos produtos ou serviços
finais ou ainda intermediários da Organização. A qualidade intrínseca é um processo amplo, de res-
ponsabilidade de todos na organização.
• Custo: é medido segundo todos os custos incorporados no produto ou serviço (custos finais e inter-
mediários). Busca-se um custo que o cliente possa pagar.
• Moral: esta é uma dimensão que mede o nível médio de satisfação de um grupo de pessoas, envolvi-
das no processo de elaboração do produto ou serviço.
• Segurança: sob esta dimensão avalia-se a segurança dos funcionários e a segurança dos usuários do
produto ou serviço, levando segurança ao cliente.
• Prazo/entrega: sob esta dimensão da Qualidade Total são medidas as condições de entrega dos pro-
dutos ou serviços finais e intermediários.
• Atendimento: sob esta dimensão avalia-se a postura, cortesia e clareza de informações repassadas
aos clientes.
2 Histórico
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A conclusão que se chega com base nas questões aqui levantadas é que existem vários critérios para
definir conformidade às especificações, cada um aplicável a determinados contextos. Qualidade é um
conceito multidimensional, pois são os clientes que definem os requisitos de qualidade e os níveis de sa-
tisfação dos serviços e produtos por eles adquiridos. Como disse Feigenbaum (2003), qualidade é aquilo
que o cliente diz que é.
Segundo Maximiano (2007), a escola da qualidade surgiu em meados do século XX, juntou-se a ou-
tras ideias e tornou-se uma disciplina de envergadura sistêmica. Assim, ao mesmo tempo em que há uma
evolução do seu conceito, há concomitante o surgimento dos métodos e técnicas para consolidá-la como
prática de gestão, como você verá a seguir.
No início do século XX, devido à produção em massa, muitas peças, como por exemplo os parafusos,
eram fabricados de acordo com as especificações dos técnicos. Para evitar que peças defeituosas fossem
disponibilizadas ao mercado, a qualidade era controlada por meio da inspeção dos produtos. Assim, como
observa Maximiano (2007), a qualidade estava atrelada às técnicas de inspeção do produto final realizada
pelos supervisores, não produzindo assim qualidade, apenas encontrando produtos defeituosos na razão
direta da intensidade da inspeção.
Como era impossível inspecionar milhões de peças produzidas, devido a vários motivos técnicos, eco-
nômicos, de prazos ou mesmo quantitativos, aplicou-se o controle estatístico desenvolvido por Walter A.
Shewhart, traduzindo-se na introdução de técnicas de amostragem e de outros procedimentos de base
estatística, como recurso de controle de qualidade.
O uso de técnicas de amostragem propiciou um grande avanço nos processos de qualidade, uma vez
que, a realização de inspeções completas em todos os produtos fabricados era impraticável. Assim, a
amostragem passou a ser utilizada, tornando-se um método confiável quando da aplicação de conceitos
estatísticos, e em outros procedimentos associados. Em termos organizacionais, surgiu o setor de controle
de qualidade.
Segundo Paladini (1995), a partir da década de 50, a abordagem da qualidade foi ampliada. Era por volta
do ano de 1950 quando Edwards Deming, especialista americano em qualidade, foi ao Japão, a convite da
JUSE, proferir palestras para líderes industriais, considerando o foco de reconstruir aquele país destruído
na Segunda Guerra Mundial. Era preciso conquistar novos mercados e melhorar a reputação dos produtos
japoneses.
Para descrever sua filosofia pela qualidade, Deming definiu 14 pontos principais, dando ênfase em
aspectos como:
• comprometimento da liderança como promotora da qualidade;
• envolvimento das pessoas, eliminando o medo e as represálias aos trabalhadores e criando condições
de trabalho a fim de otimizar os esforços das equipes;
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
22
A
(Action) P
(Plan)
De nir
as metas
Atuar De nir
corretivamente os métodos
que permitirão
atingir as metas
propostas
Educar
Veri car os e treinar
resultados da
tarefa executada Executar
a tarefa
C (coletar
Diego Fernandes (2015)
(Check) dados) D
(Do)
fornecedores. Por extensão, outros fatores relacionados ao processo produtivo, como retrabalho, refugo,
devoluções, manutenção, vendas imagem, passaram a ser considerados.
A Gestão da Qualidade Total (GQT) tem como pontos básicos:
• foco no cliente;
• trabalho em equipe permeando toda a organização;
• decisões baseadas em fatos e dados;
• a busca da prevenção e solução de problemas e diminuição de erros;
• valorização do ser humano;
• melhoria dos processos;
• gestão participativa.
É uma nova filosofia gerencial que exige mudanças de atitudes e de comportamento, visando o com-
prometimento com o desempenho por todas as pessoas envolvidas com um processo de trabalho.
A abordagem da garantia da qualidade, consolidada por volta da década de 70, tem em Ishikawa um
dos seus principais proponentes e visa prover confiança no atendimento aos requisitos da qualidade,por
meio de sistemas integrados de gestão da qualidade e outras técnicas (PALADINI, 1995). A garantia da
qualidade é a própria essência do controle de qualidade.
Preocupado com a garantia da qualidade, Ishikawa (1997) propõe ferramentas gráficas de controle de
processos, dentre elas a que mais se destaca é o Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como
Espinha de Peixe.
O diagrama permite estruturar hierarquicamente as causas de determinado problema, bem como, seus
efeitos sobre a qualidade dos produtos e/ou serviços. As possíveis causas podem ser analisadas com a uti-
lização de Folhas de Verificação¹, e quantificadas em um Gráfico de Pareto, para um entendimento em qual
delas deve-se atuar primeiro. Folhas de Verificação e Diagrama de Pareto², ambas são ferramentas de con-
trole de qualidade criadas por Ishikawa.
Ishikawa (1997) também foi o criador dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ). Maximiano (2007)
explica que, os CCQs consistem em um grupo voluntário de funcionários, pertencentes ou não à mesma
área de trabalho, treinados na mesma filosofia e com os mesmos objetivos: melhorar o desempenho, re-
duzir os custos, aumentar a eficiência, especialmente no que se refere à qualidade dos seus produtos ou
de seu trabalho.
1 É uma ferramenta da qualidade, constituída de uma planilha para a coleta de dados, visando a facilitar a coleta de informa-
ções pertinentes às causas de um problema.
2 É outra ferramenta da qualidade, constituída de um diagrama de barra que ordena as ocorrências das causas da maior para a
menor, visando priorizar as mais vitais.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
24
Segundo Paladini (1995), foi na década de 70 que, além dos conceitos de controle de qualidade, toda a
empresa baseada nos padrões Ishikawa e Feigenbaum pretendia proporcionar confiança aos seus clientes,
fazendo com que os fabricantes realizassem ações de diagnóstico de seus sistemas da qualidade por meio
de auditorias, enfatizando o envolvimento dos trabalhadores da empresa no esforço pela qualidade.
As normas ISO 9000 e ISO 14000 formam os principais conjuntos de diretrizes internacionais para siste-
mas de gestão da qualidade. As normalizações, principais componentes dos sistemas da qualidade, contri-
buem para assegurar que qualquer pessoa dentro da organização, não esteja apenas fazendo seu trabalho
segundo suas próprias ideias e, que exista um mínimo de ordem na forma como a organização opera.
O sistema de gestão da qualidade é o conjunto de princípios, diretrizes, métodos e normas que fornece
à organização um modelo para seguir visando preparar e operar o seu sistema de gestão com a finalidade
de conquistar certificações (MELLO et al, 2002). O objetivo final, além de fidelizar seus clientes e as partes
interessadas, é ganhar credibilidade nos seus processos, serviços e produtos, assegurando sua competiti-
vidade no mercado.
No Brasil, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) é um órgão que realiza anualmente o ciclo de avalia-
ção do Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ), o qual reconhece as organizações que praticam a excelência
em gestão. No Brasil, o Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ) reconhece empresas de classe mundial. As
avaliações são realizadas com base em critérios definidos pela própria instituição.
O PNQ tem como referência o Modelo de Excelência da Gestão (MEG), que apresenta uma caracterís-
tica importante que é a de ser um modelo sistêmico; ou seja, busca a estruturação e o alinhamento dos
componentes da gestão das organizações com a visão de um sistema. Tem por missão disseminar os fun-
damentos da Excelência em Gestão, visando o aumento da competitividade das organizações e do Brasil.
SAIBA Para saber mais sobre a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), acesse o site
MAIS <www.fnq.org.br>.
2 Histórico
25
Maximiano (2007) observa que, o modelo japonês de administração (também conhecido como Sistema
Toyota de Produção, ou produção enxuta) se confunde com a história da qualidade total. Isso porque o pri-
meiro é uma combinação dos princípios do segundo, e ambos originam-se da administração científica e da
teoria clássica da administração, tendo alguns pontos em comum, principalmente a oposição ao modelo
de produção americano como você verá a seguir.
Como você viu anteriormente, no tópico Histórico da Qualidade, o sistema de administração japonês,
tal como é estruturado atualmente, surgiu depois da Segunda Guerra Mundial e consolidou-se notavel-
mente na fábrica dos automóveis Toyota. Naquela época, a indústria japonesa tinha uma produtividade
muito baixa e sofria com a falta de recursos, o que a impedia de adotar o modelo da produção em massa,
modelo este que fundamentou as teorias de Taylor e Fayol no início do século XX.
Conforme Chiavenato (2011), a escola clássica de administração cujas bases estavam ancoradas na pro-
dução em massa, defendia a redução dos custos unitários dos produtos pela produção em larga escala, es-
pecialização e divisão do trabalho. Entretanto, o modelo americano tratava-se de um sistema que operava
com estoques e lotes de produção elevados, condições impossíveis ao Japão.
Todavia no Japão pós-guerra, e especificamente na empresa Toyota, os lotes de produção eram peque-
nos, os trabalhadores multifuncionais, e a base do trabalho era a eliminação do desperdício e preocupação
com a qualidade, muito embora os estudos de tempos e movimentos iniciados por Taylor estejam mais
presentes do que nunca.
Nesse sentido, desenvolveram seu próprio sistema, com base nos princípios da qualidade e, até hoje,
os pilares necessários à sustentação do sistema japonês são diversas técnicas simples, porém eficientes.
Ferreira, Reis e Pereira (2002) citam algumas delas.
• Just-in-time - sincronização do fluxo de produção com fornecedores para produzir somente em fun-
ção da demanda. É um sistema que procura manter somente os materiais, equipamentos e pessoas
necessários a cada tarefa.
• Kanban - sistema de informação visual, originalmente realizado por meio de cartões, que aciona e
controla produção.
• Kaizen - busca de melhoramento contínuo.
• Poka-Yoke - é um dispositivo a prova de erros, visando evitar a ocorrência de defeitos em processos
de fabricação e/ou na utilização de produtos, pela paralisação do processo até que a condição causa-
dora do defeito tenha sido corrigida.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
26
FIQUE Essa não pretende ser uma lista exaustiva das técnicas japonesas, muitas outras
foram criadas e são adotadas. Estão sendo destacadas somente algumas para fins
ALERTA explicativos do contexto socioeconômico e cultural japonês.
Segundo Maximiano (2007), os resultados alcançados pela indústria japonesa a partir de 1970, prin-
cipalmente por empresas como Toyota, Honda, Nissan, Sony, Mitsubishi, intensificaram o interesse das
empresas ocidentais nas práticas japonesas de gestão.
Segundo esse autor, a administração japonesa é baseada em três princípios básicos:
Eliminação de desperdício
Administração participativa
A eliminação do desperdício foi conquistada pela racionalização da força de trabalho, pela diminuição
dos estoques com o processo just in time e com a introdução da produção flexível para a melhor distribui-
ção do tempo.
A fabricação com qualidade visava a corrigir e eliminar os defeitos e os desperdícios. Para atingir este
objetivo, criaram-se técnicas de correção de erros, de fazer certo da primeira vez, de atribuição de maior au-
tonomia aos operários, responsabilizando-os pelo próprio trabalho e, ainda, de criação de círculos da qua-
lidade, no qual os operários e gerentes se reuniam para analisarem o conjunto de tarefas que realizavam.
E, por fim, a administração participativa criou as condições para que os trabalhadores japoneses se tor-
nassem afetivamente ligados e comprometidos com a organização na qual trabalhavam.
Acompanhe no Casos e Relatos que segue, o case da empresa CCM Montagens Industriais.
CASOS E RELATOS
No recapitulando a seguir, você poderá relembrar os principais assuntos que foram estudados neste
capítulo. Confira!
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
28
Recapitulando
Neste capítulo você estudou os fundamentos básicos da qualidade e a busca do homem por apri-
morar suas competências, conhecimentos, habilidades e atitudes que lhe permitam melhorar suas
práticas de gestão nas empresas e na vida pessoal.
Conheceu também as principais metodologias e ferramentas aplicáveis na gestão da qualidade
adotadas pelas organizações, tal como as competências requeridas dos gestores para dar conta
dessas práticas. Aliás, elas mudam constantemente, pois o ser humano está sempre buscando me-
lhores formas de compreender e atuar sobre a realidade.
A seguir você vai conhecer mais sobre a implantação de uma metodologia de gerenciamento de
processos que precisa ser suportada por ferramentas, sem as quais a organização pode não conse-
guir realizar a etapa da metodologia com a qualidade necessária.
2 Histórico
29
Anotações:
Ferramentas da Qualidade
Neste capítulo você estudará os principais modelos de gestão que têm como objetivo a
qualidade e a busca de certificações das melhores práticas de gestão. Tais práticas são adotadas
em todo o mundo, porém receberam considerável influência da administração japonesa. Você
poderá observar como cada modelo ainda hoje continua promovendo significativas melhorias
nas formas de gerenciamento das organizações.
Conhecerá também detalhadamente as ferramentas da qualidade, para que você possa ter
um conjunto de métodos e técnicas objetivando auxiliar a solução de problemas e a aplicação
dos diversos “métodos e técnicas de qualidade” que são divulgados como únicos e verdadeiros
pelos consultores.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) compreender a importância do uso das ferramentas da qualidade no contexto das orga-
nizações;
b) conhecer metodologias e instrumentos aplicáveis às ferramentas da qualidade;
c) identificar quais os tipos de ferramentas ajudam a empresa na implantação da gestão da
qualidade.
Você irá iniciar seus estudos conhecendo as ferramentas clássicas da qualidade. Acompa-
nhe!
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
32
“Um dos melhores caminhos para resolver problemas é quando se têm da-
CURIOSIDADES dos, e a maioria dos problemas que acontece nas áreas produtivas cai nesta
categoria.” (ISHIKAWA 1990, p.137).
As ferramentas estatísticas propostas se constituem em uma forma bastante eficiente de levantar, tratar
e analisar dados buscando a solução de problemas.
Confira cada uma dessas ferramentas na sequência.
Diagrama de Pareto
140 100%
Pouco
120 vitais 81%
75%
100
Número de erros
80
Muito 50%
60 triviais
40 25%
20
0 0%
E B C F D A H I
Tipos de erros
Cliente Vendas
20%
80%
Diego Fernandes (2015)
Elemento Efeito
Você conheceu neste tópico as características e em que circunstâncias é utilizado o Diagrama de Pareto.
Na sequência, você irá conhecer outra ferramenta da qualidade, o diagrama de causa e efeito. Confira!
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
34
Neste diagrama buscam-se as causas que podem estar originando algum tipo de efeito.
Para você entender melhor, essas causas são identificadas pesquisando-se os seguintes grupos: mão de
obra, máquina, matéria-prima, método, meio ambiente, manutenção, medida, marketing, management e
money.
Este diagrama é também chamado de diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe.
O Diagrama de Causa e Efeito de Ishikawa (Espinha de Peixe) é uma ferramenta utilizada para expor a
relação que existe entre o problema a ser solucionado (efeito) e os fatores (causas) do processo que podem
influenciar na ocorrência do problema. A espinha de peixe além de tornar claras as possíveis causas do
problema, também facilita a identificação da causa essencial da ocorrência do problema, admitindo que se
possa fazer um plano de ação para eliminar a causa principal que induz ao efeito indesejável.
Diagrama de causa e efeito – Espinha de peixe Diagrama de causa e efeito / Espinha de peixe / Ishikawa
ou Ishikawa áreas administrativas = 4p
Efeito Efeito
Causas Causas
O referido diagrama é formado por seis braços (seis M - método, mão de obra, matéria-prima, máquina,
meio ambiente e medida) que servem para facilitar a busca das causas, não sendo necessário o preenchi-
mento de todas as causas.
Em serviços e processos transacionais, utilizam-se como categorias básicas: procedimentos, pessoas,
ponto, políticas, medição e meio ambiente.
3.1.3 Histograma
Histograma é a distribuição de frequência para uma massa de dados analisada e colocada sob a forma
de gráfico de barras.
Duas medidas muito importantes estão associadas ao Histograma: a medida de posição (média, media-
na e moda) e a medida de dispersão (amplitude e desvio padrão). Estas duas medidas aliadas ao histogra-
ma são muito úteis para avaliar o grau de eficiência de uma medida corretiva - mostra o antes e o depois.
A forma típica do Histograma também é muito útil quando se procura identificar o modelo de probabi-
lidade descrito pela massa de dados.
O Histograma é uma representação gráfica que nos permite visualizar a distribuição característica de
um fenômeno ou processo. Desde então ele vem sendo utilizado para descrever os dados nas mais diver-
sas áreas, visando obter uma visão geral do conjunto de dados.
Medida Frequência %
Histograma de 0 a 2 3 7%
2 a 3,07 4 10%
3,07 a 4,14 7 17%
4,14 a 5,21 12 29%
5,21 a 6,28 7 17%
6,28 a 7,35 1 2%
12
7,35 a 8,42 6 14%
10 Acima 8,42 2 5%
4
Diego Fernandes (2015)
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Figura 7 - Histograma
Fonte: Adaptado de May (2014)
Para construção do Histograma é preciso: coletar os dados; determinar a amplitude; determinar a clas-
se; determinar o intervalo e o limite da classe; definir a média de cada classe; determinar a frequência e
construir o gráfico.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
36
O Histograma é um gráfico de barras no qual o eixo horizontal, subdividido em vários pequenos inter-
valos, apresenta os valores assumidos por uma variável de interesse.
Para cada um destes intervalos é construída uma barra vertical, cuja área deve ser proporcional ao nú-
mero de observações na amostra cujos valores pertencem ao intervalo correspondente.
Conheça na sequência o diagrama de dispersão, uma ferramenta da qualidade utilizada para avaliar a
correlação entre duas variáveis.
O diagrama de dispersão é um método gráfico usado para avaliar se há correlação entre duas variáveis.
Esta ferramenta permite a identificação do possível relacionamento entre variáveis consideradas em
uma análise.
Consiste num aglomerado de pontos, distribuídos sobre um plano estabelecido por um par de eixos
ortogonais X e Y.
O diagrama de dispersão é ideal quando há interesse em visualizar o relacionamento entre duas variáveis.
3 Ferramentas da qualidade
37
140
120
Quilogramas por minuto
100
80
60
40
20
0
0 2 4 6 8 10 12
Quantidade de funcionários
y y y
y y Legenda
3.1.5 Estratificação
A Estratificação é um método usado, como o próprio nome diz, para estratificar, ou seja, classificar a
massa de dados em categorias que ofereçam características semelhantes, sendo uma ferramenta de aná-
lise na qual pretende-se buscar possíveis origens do problema. Também permite realizar a análise dos
dados coletados a partir da busca das causas.
Essa ferramenta consiste no agrupamento da informação (dados) sob vários pontos de vista, de modo
a focalizar a ação.
São exemplos de subgrupos: (a) tempo; (b) tipo; (c) local; (d) sintoma; (e) outros fatores.
Para estratificar você precisa desdobrar em estratos mais específicos, o que facilita a identificação do
problema, por que em escalas menores o erro se torna mais visível, facilitando a correção.
Figura 9 - Estratificação
Fonte: Adaptado de May (2014)
A seguir, você irá conhecer outra ferramenta da qualidade, a Folha de Verificação, uma ferramenta uti-
lizada para tornar mais fácil a coleta e análise dos dados. Acompanhe!
3 Ferramentas da qualidade
39
Esta ferramenta é empregada para a apresentação dos dados de maneira clara e sucinta, o que é muito
útil para diminuir erros e confusões na hora da coleta dos dados. Ela é bastante confiável para a tomada
de decisões.
As Folhas de Verificação podem ser divididas em 4 tipos:
• para distribuição do processo de produto, com o objetivo de conhecer a variação nas dimensões da
peça;
• de itens defeituosos, para saber quais os defeitos mais frequentes, número de vezes e motivo;
• para localização do defeito, visando a encontrar defeitos externos (tais como: manchas, riscos e ou-
tros), importante ferramenta para análise do processo;
• de causas de defeito, para investigar as causas do defeito, após a análise da estratificação ou do dia-
grama de dispersão.
O objetivo desta ferramenta é gerar um quadro com dados claros, que representem a realidade dos
acontecimentos promovendo sua análise e o tratamento posterior. Estes dados precisam ser a base da
discussão e das ações de projetos de melhoria, revelando assim, a importância de se planejar com muita
atenção o tipo de formulário que deverá ser utilizado na coleta dos dados, devendo ser adaptado a cada
situação.
Para tanto, é necessário que os dados obtidos correspondam à necessidade da empresa, como por
exemplo, a análise de um processo de corte.
A coleta de dados não segue nenhum padrão preestabelecido e pode ser adaptada de acordo com as
particularidades do processo fabril da sua própria empresa.
É de suma importância que cada empresa desenvolva o seu formulário de registro de dados que per-
mita, também que sejam registrados os responsáveis pelas medições e registros, quando e como estas
medições ocorreram.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
40
Veri cações
Desvio Frequência
5 10 15 20
-7
-6
Especi c. -5
-4 X 1
-3 X X X 3
-2 X X X X X X 6
-1 X X X X X X X X X 9
8.300 0 X X X X X X X X X X X 11
1 X X X X X X X X 8
2 X X X X X X X 7
3 X X X 3
4 X X 2
Especi c. 5 X 1
Diego Fernandes (2015)
6
7
Total: 51
A seguir você vai conhecer umas das ferramentas gerenciais mais utilizadas para análise, planejamento
e tomada de decisões, o Ciclo PDCA.
O Ciclo PDCA origina-se das palavras em inglês: Plan, Do, Check, Action, sendo uma das ferramentas
gerenciais usadas para análise no planejamento e na tomada de decisões.
Foi criado por Walter Shewhart como um ciclo de análise e melhoria, em meados da década de 20, e
seu uso foi anunciado por Deming como uma sequência lógica de quatro etapas repetitivas utilizadas na
melhoria e na aprendizagem contínuas (roda de Deming ou como a espiral contínua da melhoria).
Você sabia que o ciclo PDCA quer dizer: Planejamento, Execução das Tare-
fas, Verificação, Atuação Corretiva, sendo um ciclo de ações que precisa ser
CURIOSIDADES seguido conscientemente para atingir com sucesso o objetivo proposto?
Trata-se de um método gerencial de tomada de decisões visando a garantir
o alcance dos objetivos definidos.
“Action” A “Plan”
P
(agir) (planejar)
De nir
metas
Agir em função
dos resultados
De nir
métodos
Educar
e treinar
Veri car os
resultados
Executar
“Check” “Do”
Diego Fernandes (2015)
C
(veri car) D (executar)
Figura 11 - PDCA
Fonte: Adaptado de May (2014)
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
42
Campos (1996), explica que o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action) tem as seguintes etapas:
Para que você entenda melhor, o Ciclo PDCA é uma espiral contínua da melhoria, em cada aplicação
(giro do PDCA), deve-se melhorar (evoluir), lembrando que se deve ter o cuidado de colocar sistemas “an-
tirrecuo”, que irão prevenir a volta ao estado anterior, evoluindo assim como uma espiral ascendente.
Um ponto muito importante sobre o PDCA é que o mesmo tem pontos de início diferentes conforme
a situação apresentada. Quando se tem uma situação nova, o ciclo será o PDCA, que inicia pelo plane-
jamento e a definição das metas e os objetivos a serem alcançados. Já, quando se está analisando um
processo, ou rotina em execução, o ciclo será CAPD. Neste caso o ciclo deverá iniciar pela análise do que
está acontecendo, o “C”, onde você irá verificar os resultados obtidos e com base nesses resultados, agir
para padronizar os procedimentos se os resultados são os esperados. Deve-se agir corretivamente para
implantar as modificações necessárias quando os resultados obtidos não são os esperados ou quando os
mesmos devem ser melhorados.
O PDCA é aplicado para alcançar resultados no contexto de um sistema de gestão e pode ser empre-
gado em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios, independentemente da área de
atuação. Já a previsibilidade dos resultados em uma organização acontece quando a sua rotina diária está
sistematizada e gerenciada. Ressalta-se que para gerenciar a rotina aplica-se o SDCA.
Campos (2007), costuma alertar as pessoas quando essas declaram que já conhecem
FIQUE o desenho do PDCA. Ele costuma dizer que as pessoas podem saber fazer o desenho,
mas fazer uso dele no dia a dia é mais complexo. Ele destaca ainda que não dá para
ALERTA usar bem o PDCA (melhoria da operação) sem o SDCA (boa operação), pois é difícil
melhorar o que é aleatório.
necessário monitorar os resultados para constatar a estabilidade dos resultados dos processos. Quem pre-
cisa realizar a correção dos desvios é a própria equipe que desenvolve a atividade, atingir este resultado é
o auge de um bom SDCA.
Você sabia que uma empresa com um bom SDCA é a verdadeira “Empresa
CURIOSIDADES que Aprende” (learning organization)?
Uma adaptação que merece destaque do ciclo PDCA foi introduzida com a explicitação da visão de De-
ming de aprendizado e melhoria empregando o Ciclo PDCA, assim o mesmo passa ser nominado de PDCL,
em que o “L” vem de learning – aprendizado. Esta definição é utilizada no MEG (Modelo de Excelência de
Gestão) da Fundação Nacional de Qualidade e nas mais recentes versões da Norma ISO 9000.
Você estudou neste último tópico o Ciclo PDCA. Na sequência você irá entender o que é o brainstor-
ming. Acompanhe!
3.1.8 Brainstorming
Segundo a Sociedade Latino-americana para a Qualidade, a “chuva de ideias” ou Brainstorming foi cria-
da em 1941, por Alex Osborne, como uma técnica de grupo para gerar ideias.
O brainstorming é utilizado para:
• expor e buscar ideias do grupo;
• buscar novas ideias visando solução de problemas.
Quando você tem uma grande ideia durante um brainstorming é necessário ter alguns cuidados. Con-
fira a seguir alguns deles.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
44
eternalcreative ([20--?])
Não debata e não ridicularize as ideias; não admita monopólio de sugestões; permita que os chefes e
líderes ou secretários, enfim quem estiver liderando o brainstorming, exponham suas ideias por último.
Inicie sempre a solicitação de sugestões pela direita ou pela esquerda do chefe, de forma que ele seja o
último a falar, pois isto permite que ele improvise uma análise de todas as ideias expostas antes de colocar
suas próprias ideias, ao mesmo tempo em que não inibe os empregados em função do chefe já ter exposto
sua visão do assunto. Defina um tempo limite para geração de ideias.
Você deve escrever cada ideia como apresentada; registrar de modo visual a todos; consentir que cada
pessoa exponha uma ideia de cada vez ou que as registre por escrito; circular a solicitação de ideias; redis-
cutir com base nas ideias apresentadas.
Existe 2 (duas) fases envolvidas no brainstorming segundo Banas (2004), a fase de geração e a fase de
esclarecimento.
Conheça cada uma delas a seguir.
Fase de geração
Fase de esclarecimento
Nesta fase, a equipe avalia a lista de ideias para assegurar que todos as tenham entendido. A avaliação
das ideias será feita assim que terminar a sessão de brainstorming.
Portanto, o brainstorming é um método que deve ser utilizado em conjunto com outros métodos,
para provocar a iniciativa, a criatividade e a busca de causas dos problemas.
A seguir, você vai estudar um método de análise de problemas visando a demonstrar o uso do brains-
torming.
O mais antigo registro deste método está no “Tratado sobre Oratória”, escrito por Quintilianus entre os
anos 30 e 100 D.C. Trata-se de um tratado de obras discursivas, de crítica literária e ensinamentos morais,
os quais para se obter a compreensão do público sobre qualquer tema era necessário o uso do hexágono
de perguntas (e respostas):
O QUE, QUEM, QUANDO, ONDE, POR QUÊ e COMO.
O 5W1H se transforma em 5W2H, quando inclui-se o “quanto custa”, ou seja, how much.
Dependendo do uso do 5W2H, é feito apenas um ajuste na forma de perguntar para que os problemas
sejam primeiramente avaliados. Em seguida, devem ser propostas soluções.
Na aplicação do 5W2H
A resposta do “Quem?” deve ser sempre um nome, um responsável; alguém que irá
assumir a responsabilidade pela implantação da solução ou pela apresentação do
problema. Nunca se deve usar expressões como: Grupo de trabalho, área “tal”, todos
FIQUE etc. Quando você necessitar referenciar uma área, deve citar o responsável e a área,
ALERTA exemplo: João, Divisão Compras.
O “Quando?” precisará determinar um tempo preciso que torne claro a ocasião da
ocorrência, o período ou o início do problema. Para uma solução ou plano de ação, o
prazo final para conclusão será o início da implantação (dia/mês/ano). Não use nun-
ca expressões como: semana que vem, imediatamente etc.
Agora que você já conheceu os métodos 5W1H e 5W2H, confira a seguir outra importante ferramenta
utilizada para o estudo de processos, o fluxograma.
3.1.10 O fluxograma
O fluxograma é uma das importantes ferramentas a se utilizar quando se quer estudar um de-
terminado processo. É um diagrama sistemático que visa representar de uma forma bem simples,
ordenada e de fácil compreensão as etapas de qualquer procedimento, processo de fabricação,
funcionamento de sistemas ou equipamentos, dentre outros, bem como, sua relação de depen-
dência entre elas. Os referidos diagramas são estruturados por passos sequenciais de ação, deci-
são, cada um, representado por simbologia própria que facilita a compreensão da sua natureza:
início, ação, decisão. O emprego de fluxogramas facilita a identificação de possíveis causas e ori-
gens de problemas que aparecem na linha de produção, contribuindo também, para, identificar
passos desnecessários no processo e efetuar nele simplificações significativas. Nos fluxogramas
dos processos, o controle de qualidade encontra-se associado aos pontos de decisão.
A seguir você irá conhecer o gráfico de controle. Acompanhe!
3 Ferramentas da qualidade
47
Os gráficos de controle foram apresentados pela primeira vez em 1924 pelo estatístico da Bell Telepho-
ne Laboratories, Dr. Walter A. Schewart, como sendo um método a ser utilizado para a análise e ajuste da
variação de um processo em função do tempo. É importante destacar que todos os processos apresentam
variabilidade.
De acordo com Toledo (1987), os gráficos de controle caracterizam uma das técnicas estatísticas que
são utilizadas de apoio ao controle da qualidade de um processo, apresentando detalhes de suas variações
tanto de caráter aleatório quanto de caráter determinável. Os referidos gráficos, permitem a tomada de
decisão no processo de maneira preventiva, corrigindo assim, possíveis desvios de qualidade, em tempo
real, no momento em que eles estão acontecendo, não permitindo que a situação de possibilidade de
ocorrência de não conformidade perdure e acabe com uma possível reprovação do lote final de um pro-
duto ou serviço.
Quando se produz um bem ou serviço, suas características vão apresentar uma variação inevitável, pelo
fato das variações sofridas pelos agentes que compõem o processo produtivo. Essas variações podem ser
ocasionadas por diferenças entre máquinas, mudanças de condições ambientais, variações entre lotes de
matéria-prima, entre fornecedores, etc.
90
Causas especiais
80 (fora dos limites)
Limite superior
70
60
50
Média
40
30 Causas comuns
(dentro dos limites)
Diego Fernandes (2015)
20
Limite inferior
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Cabe destacar que mesmo existindo um esforço para controlar a variabilidade em cada um desses fa-
tores, sempre haverá a variabilidade no produto acabado de cada processo em uma empresa. Nesse caso,
é importante que essa variabilidade também seja controlada, para que se consiga obter produtos de boa
qualidade.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
48
Confira a seguir no Casos e Relatos, como as ferramentas da qualidade estudadas até aqui são funda-
mentais para a resolução de problemas dentro das organizações.
CASOS E RELATOS
Agora chegou o momento de relembrar tudo que você estudou neste capítulo. Para isso, leia o recapi-
tulando a seguir.
Recapitulando
Como você viu até aqui que várias são as etapas necessárias para conseguir uma empresa geradora
de resultados expressivos. Bons projetos, planejamento e a escolha da ferramenta de qualidade cer-
ta são fundamentais para se alcançar tal objetivo. Vale lembrar que qualidade é impingir ao produto
e a toda a cadeia de valor que o produz os atributos desejáveis pelo cliente.
Conheceu ainda, as principais ferramentas da qualidade que são: folha de verificação; diagrama
de Pareto; diagrama de causa e efeito; diagrama de dispersão; histograma; fluxograma; gráfico de
controle; brainstorming e 5W1H.
Para finalizar, você viu que em todos os níveis da organização e em todas as atividades diárias,
deve-se ter uma preocupação constante com a qualidade, seja para produzi-la ou para assegurar a
satisfação do cliente. E que o simples ato de controlar nada significa se não for um fato gerador para
decisões que levem à solução dos problemas encontrados.
Programa 5S
Neste capítulo você vai estudar o 5S que é uma filosofia de trabalho que busca promover
a disciplina na organização por meio da consciência e responsabilidade de todos, de forma a
tornar o ambiente de trabalho agradável, seguro e produtivo. Porém, para que isso aconteça é
necessário o comprometimento de todos, gerentes e empregados, para a consolidação do Pro-
grama. Um programa 5S bem conduzido deixa a organização em condições para o trabalho em
grupo, porque desperta o zelo pelas coisas bem feitas e a vontade de melhorar sempre mais.
Ao final do estudo deste capítulo, você será capaz de:
a) compreender o funcionamento programa 5S;
b) identificar as ações e os resultados da aplicação do programa 5S dentro de uma organi-
zação;
c) aplicar a conscientização ambiental desenvolvida a partir da ferramenta 5S.
Você iniciará seus estudos conhecendo um pouco da história do 5S. Acompanhe!
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
52
Após a Segunda Guerra Mundial o Japão viveu uma grande crise econômica, em decorrência das duas
bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Sua ascensão e reconstrução foi com muito tra-
balho e empenho pelo que na época se chamou de Kaizen “a grande mudança para o melhor” que focava,
sobretudo nos princípios da Qualidade Total.
O 5S tinha o objetivo de combater a sujeira das fábricas, no período de guerra, configurando-se num
método em que os pais japoneses ensinavam seus filhos, os princípios do 5S com aspecto educacional.
Estes princípios eram materializados estendendo-se até a fase adulta, sendo aplicados na sociedade e no
meio profissional.
A qualidade, por sua vez, não era aplicada apenas na limpeza das fábricas, mas também, era utilizada
no meio ambiente, na mão de obra, no método, no sistema de medição, na matéria-prima, na máquina e
principalmente na satisfação do cliente. Essa foi a arrancada inicial e a base para implantação da qualidade
total, ou seja, o programa 5S. Ele é assim denominado em razão das 5 palavras japonesas que compõem
o conceito iniciarem com a letra S. São elas: Seiri (utilização), Seiton (arrumação), Seisou (limpeza), Seiketsu
(normalizar) e Shitsuke (disciplina). No Brasil, este método também é chamado de Programa dos “Cinco
Sensos”.
O programa 5S é um instrumento poderoso, e faz parte do gerenciamento do crescimento do ser huma-
no. Visa modificar o modo de pensar das pessoas resultando em um comportamento melhor para o resto
de sua vida. O programa 5S não é apenas um episódico de limpeza, mas um novo jeito de administrar a
empresa com ganhos efetivos de produtividade. (CAMPOS, 1999).
Portanto, o 5S é um conjunto de cinco conceitos simples que, ao serem praticados, proporcionam me-
lhorias consideráveis no ambiente de trabalho, sendo à base da implantação dos sistemas de qualidade
que recuperaram a economia japonesa e deram aos seus produtos o padrão de qualidade que possuem
atualmente.
No Brasil, foi formalmente lançado em 1991 por meio da Fundação Christiano Ottoni. (FERREIRA, 2002
apud MAY, 2013).
O programa 5S fundamenta-se na melhoria da qualidade dos ambientes, aliado a possíveis mudanças
no comportamento e nas atitudes das pessoas, propiciando um ambiente favorável à obtenção da quali-
dade. Nele é considerado que o ambiente é um fator principal no processo e na satisfação das pessoas (que
realizam os processos) e, consequentemente no produto. (SILVA, 2001).
Considerando que a organização é um processo vivo e dinâmico, à medida que a situação muda, tam-
bém mudam suas necessidades. Não importam as adaptações e mudanças, os princípios básicos de or-
ganização e do 5S permanecerão os mesmos. As organizações estão em constante crescimento e para
manter uma permanente ampliação da zona de conforto no exercício das faculdades humanas é funda-
mental: pensar, sentir e agir. Isto é, permitir as pessoas pensar criativamente, sentir prazer no trabalho e
agir visando alcançar sempre os melhores resultados. (SILVA, 2001).
4 Programa 5S
53
As organizações estão tomando consciência que seus produtos e serviços são o resultado do trabalho
humano, e que o objetivo de qualquer organização deve ser a satisfação das necessidades dos indivíduos
e da sociedade. Atingindo este objetivo, o lucro será uma consequência.
Quando as organizações implantam um programa da qualidade, elas buscam que no seu ambiente
deixe de ter apenas momentos de qualidade, ou seja, que a qualidade deixe de acontecer de forma espo-
rádica e seja sim efetiva.
Muitas pessoas falam que têm qualidade, que fazem seu trabalho com qualidade, mas a busca
não é apenas por pessoas que trabalham individualmente com qualidade e sim, organizações que
trabalham com qualidade, que conheçam e atendam as necessidades das pessoas afetadas pela
organização.
Silva (1994, p.56) comenta sobre as empresas japonesas: “somente quando os empregados se sentirem
orgulhosos por terem construído um local de trabalho digno e se dispuserem a melhorá-lo continuamen-
te, ter-se-á compreendido a verdadeira essência do 5S”.
Neste tópico você estudou sobre a implantação do programa 5S e da sua importância no contexto or-
ganizacional. Conheceu também sua história e atuação. A seguir você irá estudar a origem e finalidade do
Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke. Acompanhe!
Conforme você viu anteriormente, o programa 5S vem de cinco palavras japonesas que iniciam com a
letra “S”. Para o português, é utilizada a tradução de Sensos, pois é a mais adequada à filosofia do programa
5S. Isso por que atinge os sentidos, os sentimentos, o sentir e o influir na realidade do local de trabalho e
na sua qualidade de vida.
Senso é a faculdade de apreciar, de julgar, significa também “entendimento, tino, juízo.” Portanto, nun-
ca se “implanta” um senso, mas se “planta” e se “cultiva” num processo educacional que exige lideranças
competentes, pacientes e persistentes, em um trabalho em longo prazo.
Segundo Araújo (2004) “Senso de” significa “exercitar a capacidade de apreciar, julgar e entender”.
Com o desenvolvimento do senso de utilização, decreta-se guerra ao desperdício de inteligência, tem-
po e matéria-prima. O combate ao estresse é auxiliado pelos sensos de ordenação, limpeza e saúde. Neste
último, destaca-se a necessidade da autoestima, talvez o fator mais relevante para uma revolução de na-
tureza interior. O contínuo desenvolvimento da autodisciplina promove o crescimento do ser humano em
iniciativa, criatividade e respeito.
Mais qual o significado dos 5S? A tradução dos termos japoneses Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke
é feita de forma diferente, dependendo da consultoria ou da empresa que os utiliza, mas o que realmente
importa é entender a filosofia do programa 5S, que traz os seguintes significados:
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
54
Ribeiro (1995), em seu livro “5S para Crianças” utiliza a seguinte definição: Saber Usar, Saber Arrumar,
Saber Zelar, Saber cuidar da Saúde, e Saber Respeitar.
Segundo Silva (1996), o 5S é profundo, considerando que pode mudar a percepção das pessoas em
relação ao sentido do trabalho e do que significa qualidade de vida. É um grande mobilizador do potencial
humano nas organizações.
O maior objetivo do 5S é proporcionar um ambiente de trabalho limpo e organizado, sem o qual será
impossível diagnosticar e solucionar problemas a fim de possibilitar a melhoria das condições de trabalho,
bem como, dos bens e serviços oferecidos pela organização.
Quando o programa 5S é iniciado nas organizações, é comum ouvir das pessoas comentários como:
“Muitas vezes eu quis parar um tempo para organizar a minha mesa, os meus armários, mas quando come-
çava a fazer isso, eu era visto como alguém que não tinha o que fazer. Então me davam mais serviço e eu
não conseguia terminar de arrumar minhas coisas”.
Por isso é necessária à realização do Dia do 5S, pois com todas as pessoas mobilizadas, fazendo a orga-
nização de seus locais de trabalho, cria-se uma sinergia e um ambiente propício para a mudança, onde as
pessoas se permitem sentar no chão e organizar suas gavetas e armários. É esse o clima que acontece no
Dia do 5S, é um momento de descontração.
4 Programa 5S
55
Os resultados vão refletir na própria vida das pessoas, que passam a apreciar a ordem e a limpeza, com
benefícios para a saúde física e mental, estimulando o melhor uso das ideias, dos métodos e comporta-
mento humano. Todos passam a sentir-se melhor nas suas funções, pois o ambiente de trabalho fica mais
agradável, saudável e produtivo.
É importante você saber que, o entusiasmo que o 5S desperta é tal, que é muito comum às pessoas
o levarem para dentro de suas próprias casas, onde o gosto pelas coisas organizadas, pela limpeza e por
um ambiente saudável é passado para a família, num efeito multiplicador de extremo valor e altamente
necessário ao nosso país.
Grandes empresas no Brasil e no mundo, estão utilizando esta prática, como recurso fundamental na
preparação do ambiente para a implantação da qualidade total. Atualmente o programa deixou de ser
visto como uma ferramenta direcionada exclusivamente para melhoria de determinados ambientes, e está
sendo implantado também em áreas administrativas e empresas de serviço.
“O 5S deve integrar o TQC (Controle de Qualidade Total) nas organizações porque muda a forma
de pensar, devemos esperar não resultados tangíveis, mas mudanças no pensar”.
Programa 5S
Senso de Chave Saber
Utilização Desapego Usar
Ordenação Criatividade Arrumar
Diego Fernandes (2015)
Agora que você já conheceu a origem e finalidade do programa 5S, confira na sequência como deve
ocorrer o planejamento para aplicação desses conceitos.
Para que você tenha um melhor entendimento, na sequência serão analisados cada um dos sensos
apresentados.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
56
Essa análise será feita, destacando quatro aspectos fundamentais, pois a implementação do 5S requer
um comitê para gerenciar os trabalhadores na organização (HO et al, 1999). Destaca-se que o grau de en-
volvimento dos empregados é a mais importante diferença entre as abordagens japonesa e ocidental para
a implementação do 5S. Utilizando-se a proposta de Silva(1994):
• princípios básicos: entendimento de cada um dos sensos em particular;
• benefícios esperados: que benefícios à aplicação do senso trazem para o nosso serviço;
• aplicação do senso: como cada senso pode ser realizado em seu local de trabalho;
• pontos para refletir: pontos importantes sobre os quais você deverá refletir.
Acompanhe na sequência a análise de cada um dos cinco sensos.
Desenvolver o Senso de Utilização implica decretar guerra contra todos os tipos de desperdícios.
Princípios Básicos:
• distinguir o necessário do desnecessário e eliminar o desnecessário;
• manter somente os recursos e dados estritamente necessários no local de trabalho a partir de critérios
estabelecidos;
• utilizar os recursos disponíveis, com bom senso e equilíbrio, evitando ociosidade e carências;
• identificar, classificar e remanejar os recursos que não são úteis aos fins desejados;
• eliminar tarefas desnecessárias, excesso de burocracia e desperdícios em geral.
Benefícios Esperados:
• liberação de espaços físicos;
• redução de custos;
• reaproveitamento de recursos;
• combate à burocracia.
Aplicação do Senso:
Uma boa maneira de separar o que é realmente necessário, dentre tudo o que você guarda em gavetas
e armários, é a seguinte:
• retirar todo material do seu interior;
• selecionar o que realmente é útil para o seu trabalho;
• limpar as gavetas e armários;
• recolocar neles apenas os materiais e objetos que realmente foram considerados úteis;
• se algum objeto ou material puder ser útil a outra área da organização, encaminhe a eles;
• classificar o material a ser descartado e providenciar seu transporte para o local de descarte.
4 Programa 5S
57
• dialogar com seus clientes e fornecedores sobre as informações, dados e relatórios para saber os que
podem ser eliminados ou simplificados;
• identificar tarefas que não acrescentam valor ao seu trabalho e a sua área, e analisá-las com o seu ge-
rente a fim de eliminá-las;
• reduzir todo excesso de burocracia.
Pontos para Refletir:
• cuidado para, não descartar materiais reaproveitáveis, documentos importantes ou históricos;
• pratique o conceito de “um é melhor”, ou seja: uma máquina, um arquivo, uma cópia de cada docu-
mento, um original de cada documento;
• confira se os avisos nos murais são de eventos atuais ou já realizados;
• verifique a temporalidade dos documentos. (SILVA, 1994).
A aplicação do Senso de Organização visa a diminuir o cansaço físico, e também a economia de tempo
e facilidade de acesso à documentação e aos materiais.
Princípios Básicos:
• dispor os objetos e dados de forma sistemática, estabelecendo um sistema eficiente de comunicação
visual para facilitar o acesso;
• adequar o “layout” do ambiente de trabalho às necessidades das pessoas e das atividades desenvol-
vidas;
• estabelecer um lugar para cada coisa e manter cada coisa em seu lugar;
• diminuir o cansaço físico, aumentar a satisfação de trabalhar em um ambiente agradável e economizar
tempo;
• organizar é uma habilidade que pode ser aprendida por qualquer um.
Benefícios Esperados:
• facilidade na localização e identificação de documentos, dados, materiais, informações e itens neces-
sários ao trabalho;
• melhoria para a circulação de pessoas, equipamentos e materiais;
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
58
Frequência
Grau de Necessidade Método de Estocagem
de Uso
Coisas que não foram usadas no ano passado. Eliminar (repassar a quem possa utilizar ou descartar).
BAIXO Coisas que foram usadas apenas uma vez nos
Estocá-las em local afastado.
últimos 6 a 12 meses.
Coisas usadas uma vez por semana. Estocar próximo ao local de trabalho.
• estabelecer um sistema eficiente de comunicação visual, colocando os objetos, livros, pastas e gavetas
dispostos de forma que qualquer pessoa possa localizá-los facilmente;
• usar rótulos e etiquetas com cores para identificar os itens;
• estabelecer um sistema de identificação visual das salas e ambientes de trabalho de sua organização
para que qualquer cliente possa se localizar quando vier procurá-lo. (MAY, 2013).
Pontos para Refletir:
• A facilidade de acesso aos objetos é proporcional à sua frequência de uso?
• A identificação e sinalização dos locais e objetos são facilmente compreendidas por um leigo?
• Todos os objetos estão identificados?
• Você sabe onde estão os materiais e equipamentos necessários para realizar o seu trabalho?
4 Programa 5S
59
• Você sabe onde estão ou como obter peças de reposição, cargas de tinta, folhas em branco etc. e ou-
tros materiais necessários ao seu trabalho?
• Os arquivos e programas guardados nos computadores foram analisados e ordenados?
• Sobre as mesas é mantido somente o material necessário para a atividade que está sendo desenvol-
vida?
Sempre que é implantado um programa 5S em uma organização, a grande preocupação é com o pos-
sível descarte de documentos importantes, motivo pelo qual as pessoas envolvidas no processo sempre
comentam que estão contaminadas com a doença da “copiarreia”, ou seja, antes de descartarem os docu-
mentos elas tiram fotocópias de tudo.
O Senso de Autodisciplina diz que você deve ser responsável pela qualidade de seu trabalho e de sua vida!
Princípios Básicos:
• argumentar até o último momento, mas, assim que a decisão é tomada, executar o que foi combinado,
utilizando sua autodisciplinada;
• seguir padrões éticos, técnicos e morais da organização;
• buscar a melhoria contínua em nível pessoal e organizacional, aplicar o Kaisen;
• coroar os esforços de educação e desenvolvimento que levam em consideração a complexidade do
ser humano.
Benefícios Esperados:
• mudança de comportamentos e hábitos para melhor;
• melhoria das relações humanas, do ambiente de trabalho e da qualidade dos produtos / serviços;
• melhoria contínua no nível pessoal e organizacional;
• responsabilidade individual;
• previsibilidade de resultados.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
62
Aplicação do Senso:
• compartilhar a missão, visão e os princípios da empresa;
• educar para a criatividade;
• melhorar as comunicações interpessoais e empresariais;
• atribuir responsabilidades e delegar autoridade;
• criar um clima de confiança, solidariedade e participação. (MAY, 2013).
Pontos para Refletir:
• Você procura seu autodesenvolvimento?
• Você é um agente de mudanças e aperfeiçoamento coletivo?
• Você procura ser o melhor no que faz?
• Você é pontual em seus compromissos?
• Você tem realizado periodicamente as avaliações do nível de progresso do programa 5S?
• Você tem buscado solucionar as pendências das fichas de avaliação do programa 5S?
• Você aplica o método de gerenciamento da rotina nos seus processos?
• Você pratica os quatro primeiros sensos?
É importante você saber que apesar de estudar os cinco sensos de forma independente, quando o 5S
é aplicado, os cinco sensos estão intimamente ligados e sua interligação e interdependência acontece
naturalmente, portanto, estudá-los separadamente foi apenas uma forma de facilitar a sua compreensão.
Você deve buscar sempre evoluir por degraus, aplicando o primeiro senso, o segundo e após, o terceiro.
Depois buscar a sua qualidade de vida, através do senso de saúde, e a sua realização pessoal, por meiodo
senso de autodisciplina.
Visão sistêmica
dos 5 sensos
Utilização
Saúde
Nesta etapa você teve conhecimento dosconceitos importantes aplicados no desenvolvimento do pro-
grama educacional 5S: Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke. (MAY, 2013).
Como pode ser percebido, o 5S é um programa sistêmico. Um exemplo de sistema que pode ser citado
é o de Silva (1996), o qual mostra que em uma orquestra não é necessário que cada músico seja o melhor
do mundo, mas que atue em harmonia com os outros membros. E o maestro que lidera é o único que não
toca nenhum instrumento.
Como foi possível perceber no parágrafo anterior, o 5S trata-se de um programa simples. Os primeiros
resultados obtidos com a implantação dos três sensos iniciais impressionam, mas a sua manutenção e
melhoria em longo prazo é extremamente difícil. É necessário o comprometimento de todos, gerentes e
empregados, para a consolidação do Programa.
Um programa 5S bem conduzido deixa a organização em condições para o trabalho em grupo, pois
desperta o zelo pelas coisas bem feitas e a vontade de melhorar sempre mais.
FIQUE Estão implícitos nos cinco sensos os seguintes atributos da natureza humana: humil-
ALERTA dade, confiança, humor, respeito e solidariedade.
Na sequência você vai estudar como ocorre o desenvolvimento de qualidade com o 5S. Acompanhe!
Para iniciar a organização, primeiramente você deve dividir seu local de trabalho em seções: a mesa, os
armários, o computador e seus arquivos. Comece pelas seções mais distantes de você, porque provavel-
mente nelas estão os itens mais velhos, sendo, portanto, mais fácil tomar decisões sobre o que fazer com
eles.
Miyauchi, citado por Silva (1994), recomenda que deve-se começar a implantação do programa 5S fa-
zendo uma grande faxina no sentido físico e mental. Ele recomenda que a auditoria de qualidade numa
empresa comece sempre pelo banheiro dos operários, que se não estiver em condições de ser utilizado por
qualquer um, pode-se concluir que a empresa não preza a qualidade.
Toda mudança é emocionalmente difícil, o medo e bloqueios mentais são considerados normais, pois
a implantação dos 5S exige uma mudança de comportamento e uma ruptura na atitude das pessoas en-
volvidas no processo. Confira a seguir, os três bloqueios mentais mais comuns durante esse processo de
mudança.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
64
2º
FIQUE Tornar-se organizado e desfazer-se de coisas é um processo que pode ser repleto de
ALERTA incertezas. Não deixe que o medo das mudanças o impeçam de progredir e evoluir.
FIQUE É importante você saber que seu sistema de arquivamento deve ser simples, fácil e
ALERTA gerenciável.
Depois de planejar e executar o programa 5S, você deve ter algumas atitudes que podem ajudar na
manutenção da organização.
1º Ao final de cada dia, reserve 15 minutos para organizar sua mesa.
2º Toda sexta-feira limpe sua mesa para poder iniciar uma nova semana livre de coisas desnecessárias.
Você deve estar fazendo o seguinte questionamento: se o programa 5S se concretizou no Japão, qual é
a contribuição desse programa para as empresas nacionais?
É claro que existe impactos para a implantação do programa 5S, considerando nossa realidade brasilei-
ra, nossa cultura, nosso nível educacional, tecnológico e de gestão.
No Brasil, o programa começou a ser implantado em meados de 1991, principalmente no ramo empre-
sarial, com o objetivo de otimizar custos com a redução de desperdícios e aumentar a produtividade.
4 Programa 5S
65
Para que o programa 5S seja implantado nas organizações, devem ser seguidos alguns passos.
1º Ser iniciado de cima para baixo, onde a decisão pela adoção do programa deve ser primeiro da alta
direção.
2º Ser definido o gestor desse processo, que coordenará toda a metodologia de implantação do referi-
do programa.
3º Ter treinamento (simples, com exemplos práticos e num enfoque sistêmico).
4º Desenvolvimento de um plano de trabalho (objetivos, etapas de implantação, responsabilidades e
promoção).
5º Formação de um comitê que possa garantir o apoio ao programa.
6º Realização de um momento ou momentos planejados para aplicação dos três primeiros sensos (uti-
lização, ordenação e limpeza).
7º Sensibilização e execução das ações.
Para se obter os resultados esperados faz-se necessário:
a) tomar como referência a realidade atual;
b) envolver todas as pessoas;
c) trabalhar inicialmente com as pessoas dispostas;
d) escolher o representante.
É tarefa das equipes multidisciplinares mapear os problemas, os desperdícios e os riscos, criando planos
de ação e procedimentos para manter o 5S em um ciclo de melhoria contínua, por meio de:
a) mobilizar para implantar;
b) definir e registrar itens de controle;
c) treinar todos os colaboradores;
d) realizar dia da grande limpeza;
e) estabelecer sistema de ação;
f) implantar ações corretivas.
São atribuições do representante do programa 5S:
• comprometer-se com o programa 5S;
• estimular a participação de todos os colaboradores no programa 5S;
• facilitar e viabilizar recursos para a implantação e manutenção do programa 5S;
• organizar o lançamento do programa 5S;
• organizar um comitê 5S para dar sustentação ao programa;
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
66
SAIBA Para saber mais sobre a implantação do programa 5S nas organizações, leia o livro
“O Ambiente da Qualidade na Prática” de Silva (1996). Ele traz diversos exemplos de
MAIS planos de implantação do 5S nas organizações.
O plano de ação deve ser preenchido pelo representante 5S juntamente com um grupo de apoio. Esse
registro, sendo cumprido na íntegra, facilita o controle do programa, envolve pessoas, divide responsabili-
dades e gera um maior comprometimento de todos.
4 Programa 5S
67
De acordo com Silva (1994), a qualidade de uma organização é o reflexo da qualidade de sua alta admi-
nistração. A alta administração não deve somente permitir que o programa aconteça, deve participar e es-
tar comprometida com ele. Sem isto, será muito mais difícil obter sucesso na implantação do programa 5S.
A seguir conheça as três propostas de treinamento que podem ser utilizadas para implantação do pro-
grama 5S.
Podem ser utilizadas, basicamente, três propostas para o treinamento, são elas:
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
68
2. Através da
1. Através de uma 3. Através de utilização
participação direta das
equipe de facilitadores de instrutor externo
che as no treinamento
É treinada uma equipe de Os Diretores são treinados e É contratado um instrutor
facilitadores e estes repassam o após, treinam seus externo para ministrar os
Para a divulgação do programa 5S podem ser utilizados informativos internos, cartazes para motivação
e mensagens destinadas às partes interessadas, (clientes, sociedade, fornecedores) contendo as informa-
ções do que será realizado e seu objetivo.
EMBRAED (2014)
Sugere-se buscar o auxílio da área de marketing da organização, que possibilita a utilização de vários
instrumentos como:
• informativos para divulgação inicial do programa 5S;
• cartazes para motivação e divulgação do programa 5S;
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
70
Devem ser previstos três momentos em que serão realizados registros da realidade do momento da
organização: antes, durante e após o dia 5S, tendo o cuidado de registrar somente o local de trabalho, as
mesas, gavetas e armários, e não as pessoas.
Os registros do ambiente de trabalho antes do Dia 5S têm por objetivo manter a memória de como era
a organização, pois após um período de tempo, as pessoas não mais se recordam com clareza, de como
era o seu ambiente de trabalho. As fotos serão utilizadas para divulgação do evento e para criar painéis
onde aparecem imagens do antes e do depois do Dia 5S, como forma de motivação para a manutenção
das melhorias obtidas. (MAY, 2013).
Agora que você pôde compreender a importância do registro de realidade dos locais de trabalho, na
sequência você vai aprender como elaborar um cronograma de implantação do programa 5S.
1. PREPARAÇÃO DO MATERIAL
== ===
• Mensagem de Lançamento
== ==
• Cronograma de Implantação
== ====
• Cartazes Promocionais
== ==
• Cartilha
===== ========
• Apostila
=====
• Orientação Técnica para Implantação
3. Lançamento do programa 5S ==
5. DIA do 5S ==
Para a cerimônia de lançamento do programa 5S, a organização deve enfatizar a visão de que o programa
5S foi desenvolvido para ser um programa interno visando à organização, e voltado para os empregados.
Essa cerimônia pode ser realizada antes do início dos treinamentos, sendo uma oportunidade das lideran-
ças demonstrarem a sua preocupação com a qualidade de vida dos empregados da organização.
A referida cerimônia deve ser um evento que reúna o maior número de empregados possível. Deverá
ser um momento em que sejam apresentados os conceitos básicos do programa 5S, e o cronograma de
ações para sua implantação. As organizações têm utilizado palestras e vídeos motivacionais na cerimônia
de lançamento, como motivadores e elucidadores dos objetivos do programa 5S.
Você aprendeu até aqui sobre o planejamento do programa 5S. Na sequência, irá estudar sobre o Dia
5S. Confira!
4.4.8 O Dia 5S
Necessitam-se, também, definir as áreas de descarte global e local, tomando-se os seguintes cuidados:
analisar a planta dos locais, verificar os locais próximos à área de descarte, evitar áreas de circulação, evitar
gastos com transporte, separar papéis, patrimônios, lixo etc. (MAY, 2013).
Você sabia que o Dia do 5S pode ser chamado de “dia da saudade”? Isso
porque ao realizar o 5S nas gavetas e armários você vai encontrar coisas
CURIOSIDADES que trazem recordações. É um momento muito especial que motiva e con-
tagia a todos.
Como o Dia 5S e o programa 5S afetam a organização, são necessários cuidados especiais durante a sua
realização. Deve-se dar atenção especial a:
• temporalidade documental: tomar cuidado na análise dos documentos a serem descartados, pois
existem alguns documentos, principalmente da área de recursos humanos, que devem ser arquiva-
dos por até 30 anos. Antes da realização do Dia 5S deve ser feita uma discussão sobre a temporalidade
dos documentos da organização;
• documentos históricos: na aplicação do senso de utilização serão encontrados muitos materiais que
contam ou atestam a história da organização. A estes deve ser dada uma atenção especial e encami-
nhando-os a um arquivo ou museu;
O programa 5S
Etiquetas de identi cação
Sucata Lixo
Materiais recicláveis
Papéis, jornais, revistas, etc.
Origem: _________
• imagem perante o público: alertar aos clientes, com antecedência, para que não procurem a orga-
nização no Dia do 5S, permitindo que os empregados possam se dedicar integralmente ao processo;
• traje adequado para o Dia 5S: as pessoas devem vir com roupas confortáveis, de forma que possam
realizar o senso de utilização. (MAY,2013);
4 Programa 5S
73
Para alcançar o objetivo final da implantação do programa 5S, começa-se a aplicação do último sen-
so, que é o de autodisciplina. Dessa forma, por meio do uso de documentos e de uma auditoria interna,
espera-se garantir a normatização e a perpetuação do 5S.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
74
O conceito de auditoria segundo a ISO 19011 (2012, p.25) “Auditoria é um processo sistemático,
documento e independente para obter evidência de auditoria e avaliá-los, objetivamente, para determinar
a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos”.
Na sequência confira como acontece a manutenção e as melhorias do programa 5S.
É na etapa de manutenção que devem ser constituídos auditores que terão como responsabilidade a
avaliação da aplicação dos sensos 5S, a devida divulgação dos resultados obtidos, bem como realização de
ações de melhoria.
A evolução normalmente se dará de forma desigual, com algumas áreas evoluindo mais rapidamente
do que outras. Assim, são necessárias providências para que o que foi proposto inicialmente não se perca
ou haja estagnação ou regressão do processo.
O instrumento mais utilizado na manutenção e melhoria do 5S é a avaliação periódica do nível de im-
plantação e dos resultados do referido programa.
A avaliação tem as seguintes finalidades:
• promover a integração e comunicação entre as pessoas;
• gerar um clima de ajuda mútua;
• identificar possibilidades de melhoria;
• divulgar as realizações das pessoas;
• gerar um ambiente de competição sadia;
• dar sustentação ao programa 5S;
• ser um instrumento gerencial.
A manutenção do programa 5S na organização visa tornar a sua aplicação uma tarefa atrativa e interes-
sante. Aqui são apresentados os procedimentos tanto para a autoavaliação do ambiente de trabalho de
cada empregado como para o acompanhamento do progresso que cada um experimenta à medida que se
aprimora no uso dos princípios do 5S. (MAY, 2013).
O processo de avaliação, diagnóstico, verificação ou auditoria estão relacionados ao “C” do PDCA. Den-
tro do verdadeiro espírito do programa 5S, uma das melhores práticas de avaliação é a autoavaliação, que
permite e estimula a aumento da maturidade dos empregados da organização. Pode-se iniciar com um
processo de autoavaliação, no qual pessoas escolhidas pelos colegas da própria área realizam a avaliação.
Depois poderão ser convidadas pessoas de outras áreas para realizar a avaliação, e somente depois da
consolidação do programa e da cultura do 5S, será utilizada uma avaliação por profissionais.
Algumas organizações preferem iniciar por um processo de avaliação formal por pessoas externas a
área, resultando muitas vezes no fracasso do programa. Porém, se todos os cuidados forem tomados, e se
for bem conduzido, tendo respeito pelas pessoas, o programa terá êxito.
4 Programa 5S
75
As avaliações são aplicadas com maior frequência no início do programa 5S. Para avaliação, devem ser
utilizados instrumentos que sejam de conhecimento de todos. Um exemplo de instrumento são as listas
de verificação.
A realização da avaliação é fundamental para que o programa 5S persista dentro da organização. Essa
avaliação representa a participação do principal agente de transformação – o ser humano, – no processo.
Sem as avaliações, não haverá melhorias, degrau indispensável para se alcançar o “status” de organização
com qualidade.
O processo de Avaliação e Acompanhamento do programa 5S divide-se em três fases:
Durante a avaliação é importante que se tenha alguns cuidados básicos. São eles:
• as pessoas tem o direito de ter espaços privativos, que devem estar identificados, afinal elas passam
muito tempo dentro das organizações e é muito importante poder manter nossa individualidade;
• durante o período de trabalho é normal certa desorganização nos ambientes durante a realização das
atividades;
• as características pessoais das pessoas devem ser respeitadas;
• muitas das atividades têm peculiaridades na sua realização, e devem ser respeitadas.
Programa 5 S’s
Diego Fernandes (2015)
Avaliação
SENSO DE UTILIZAÇÃO I R B E
SENSO DE ORDENAÇÃO
06 Os objetos e materiais utilizados com maior frequência têm acesso mais fácil e rápido?
09 Os acessos e locais onde possam ocorrer acidentes estão todos bem sinalizados?
SENSO DE LIMPEZA
SENSO DE SAÚDE
Existe espírito de equipe e boa vontade para colaborar em suas áreas e com as
17
outras?
SENSO DE AUTODISCIPLINA
24 Existe o hábito de fazer e seguir planos de ação para o que deve ser feito?
Verso da Folha:
LISTA DE PENDÊNCIAS
Item Por que não está Excelente? (Causa) Quem resolverá? Até Quando? OK
Os resultados obtidos são, em seguida, colocados em um gráfico do tipo “radar”, de acordo com o
exemplo a seguir:
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
78
00
05
Autodisciplina Seleção
10
15
00 00
05 20 05
10 10
15 15
25 O
20 20
H 25 25 r
i 30 30 d
g e
Nota
i n
5S
e 30 30 a
n 25 25 ç
e ã
20 20
o
15 15
10 10
05 05
00 00
Excelente
4
Bom
3
Regular
2
Diego Fernandes (2015)
Indesejável
1
J F M A M J J A S O N D
4 Programa 5S
79
Depois de compreender e refletir sobre o significado e a filosofia de cada um dos cincos sensos do 5S,
deve ser realizado um diagnóstico sobre a situação atual em que se encontra a empresa, e sugerir um mo-
delo de Listas de Verificação. (OLIVEIRA, 2012).
Estas Listas de Verificação devem ser respondidas com muito critério revelando a situação atual da
empresa.
Ressalta-se que o referido programa tem como objetivo mobilizar, motivar e conscientizar toda a em-
presa para a Qualidade Total, por meio da organização e da disciplina no local de trabalho. Para facilitar a
organização utiliza-se o checklist, conforme você pode ver a seguir.
Checklist é uma palavra em inglês, que quer dizer lista de verificações. Esta palavra é a junção de check
(verificar) e list (lista). Portanto um checklist é um instrumento de controle, composto por um conjunto de
condutas, nomes, itens ou tarefas que devem ser lembradas e/ou seguidas.
CHECKLIST programa 5S
AUDITOR (ES):
Itens a avaliar 1 2 3 4 NA
Total →
Média da Pontuação →
Itens a avaliar 1 2 3 4 NA
Total →
Média da Pontuação →
Itens a avaliar 1 2 3 4 NA
Total →
Média da Pontuação →
4º S SEIKETSU – SAÚDE Nota →
Itens a avaliar 1 2 3 4 NA
• acima de 80 pontos: você pode melhorar sozinho, pois é consciente da própria história.
• entre 70 e 80 pontos: você está no caminho certo, mas pode melhorar.
• entre 50 e 70 pontos: você precisa se esforçar mais.
• abaixo de 50 pontos: você precisa de um 5S.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
82
Após a avaliação detalhada utilizando o checklist é necessário realizar a somatória dos pontos obtidos
em cada item para chegar a avaliação final e pontuação correspondente, conforme o quadro a seguir:
A área serve de exemplo para as outras nesta questão. É impecável! Não há um item contrariando
Excelente 100
a questão. Atende 100% ao que foi questionado.
Pequenos detalhes irrelevantes foram verificados. 90% dos questionamentos foram atendidos e
90
10% contém não conformidades leves.
Ótimo
Pequenos detalhes irrelevantes foram verificados. 80% dos questionamentos foram atendidos e
80
20% contém não conformidades leves.
Algumas não conformidades foram observadas. 70% dos questionamentos foram atendidos, há
70
10% de não conformidades graves e 20% de não conformidades leves.
Bom
Algumas não conformidades foram observadas. 60% dos questionamentos foram atendidos, há
60
20% de não conformidades graves e 20% de não conformidades leves.
Não conformidades primárias em relação ao senso foram encontradas, somente 50% dos questio-
50 namentos foram atendidos. Há 30% de não conformidades graves e 20% de não conformidades
leves.
Regular
Não conformidades primárias em relação ao senso foram encontradas, somente 40% dos questio-
40 namentos foram atendidos. Há 40% de não conformidades graves e 20% de não conformidades
leves.
Somente 30% dos questionamentos foram atendidos. Há 50% de não conformidades graves e
30
20% de não conformidades leves. Algumas evidências indicam que o grupo trabalhou no 5S.
Fraco
Somente 20% dos questionamentos foram atendidos. Há 60% de não conformidades graves e
20
20% de não conformidades leves. Algumas evidências indicam que o grupo trabalhou no 5S.
4 Programa 5S
83
10 Quase não há evidências da prática do 5S. Somente 10% dos questionamentos foram atendidos.
Ruim
Tudo o que foi questionado não foi atendido. A impressão deixada é a que o grupo nunca praticou
0
o 5S.
Godoy, Belinazo e Pedrazzi (2001) realizaram uma pesquisa em que defendem que o programa 5S é um
procedimento de trabalho que permite desenvolver um planejamento de classificação, ordem e limpeza,
permitindo, de imediato, maior rendimento, segurança, clima organizacional, motivação dos funcionários
e, como consequência, uma melhoria na empresa, ajudando até mesmo na competição do mercado de
que ela participa.
Alguns dos principais benefícios da metodologia 5S são:
• redução de despesas e melhor aproveitamento de materiais;
• menos acidentes no trabalho;
• maior satisfação das pessoas com o trabalho.
É importante destacar que para o programa 5S dar certo, deve existir um monitoramento permanen-
te, e as ações devem sempre ser estabelecidas e seguidas de acordo com o planejamento. Isso por que é
comum empresas, iniciarem o programa e, com o passar do tempo, deixá-lo de lado, correndo o risco de
os empregados começarem a perder o interesse, e os próprios administradores passarem a esquecer o
programa em “uma gaveta”.
Como exemplo de empresas que adotaram a metodologia do 5S e apresentaram bons resultados, po-
de-se citar o Centro de Suporte da Hewlett-Packard, marca conhecida como HP (PETERSON E SMITH, 1998).
Algumas das melhorias apresentadas pela empresa depois de utilizarem a metodologia do 5S foram:
a) melhora nos níveis de qualidade da comunicação e nas trocas de informações;
b) redução do ciclo de treinamento para novos empregados;
c) redução do tempo de atendimento por cliente;
d) redução de reclamações.
Muitas outras empresas, de pequeno a grande porte, também aderiram ao programa 5S, cada uma im-
plantando o programa de acordo com sua responsabilidade de gestão e área de interesse.
Para uma efetiva implantação do programa 5S é necessário a criação de uma estrutura organizacional.
Ela não precisa ser grande e complexa, deve ter tamanho o suficiente para atender e organizar o processo.
O indicado seria criar um “comitê de implantação”, ou seja, uma equipe responsável pelo programa 5S.
Ressalta-se que a referida equipe tem por tarefa elaborar um plano de implantação utilizando o 5W2H,
que já foi explicado no início dessa UC, no qual deverão constar o objetivo do programa, os responsáveis,
a metodologia a ser utilizada, o cronograma e os custos previstos.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
84
É importante também citar que a equipe de implantação deve ter ou adquirir conhecimentos sobre
programas de qualidade e, principalmente, sobre Programas 5S, por meio de cursos, visitas técnicas, víde-
os, e outros meios.
A diretriz para implantação do programa 5S é a montagem de um plano que não entre em choque com
a cultura da organização, mas sim, que provoque a mudança a partir do que já existe. As experiências de
outras organizações não podem ser simplesmente copiadas, pois antes do processo ser aplicado, deve-se
compreender em que cultura e situação os mesmos foram implantados, entendendo as relações de causa
e efeito. Depois é necessário analisar os fatores impulsionadores e restritivos ao sucesso da implantação
do programa 5S na organização. Por isso não existe uma receita de implantação, mas somente, orientações
para sua implantação. (SILVA, 1994).
A implantação do programa segue o ciclo PDCA: planejar, executar, verificar os resultados e agir para
manutenção ou correção, também já explicado anteriormente nessa UC. Sendo que o plano de implanta-
ção deve seguir o 5W2H, sem nunca esquecer o último H (os custos).
Vale lembrar que, o ciclo PDCA (Planejamento, Execução das Tarefas, Verificação, Atuação Corretiva) é
um ciclo de ações que deve ser seguido conscientemente para atingir com sucesso qualquer objetivo. Ele
é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance dos objetivos definidos.
Confira no Casos e Relatos, a seguir, o caso de insucesso da empresa ALPHA.
CASOS E RELATOS
Porém, por ser um programa que demanda participação e envolvimento, o proprietário que ficou
responsável pela implantação e acompanhamento viu-se sobrecarregado de funções e não conse-
guiu mais incentivar e despertar colaboração do grupo. O projeto, diante disto, foi perdendo força,
as pessoas se desiludiram, pois não tiveram o retorno com o qual contavam, e foram se dispersando.
O Shitsuke, “Senso de Autodisciplina, de Educação ou de Compromisso”, não foi implantado, e com
o passar do tempo todo o processo de implantação precisou ser refeito.
Fonte: Adaptado de Figueira (2004).
Recapitulando
Neste capítulo você aprendeu que o programa 5S é o primeiro passo para alcançar a qualidade e
que ele foi formalmente lançado no Brasil em 1991, através da Fundação Christiano Ottoni. Apren-
deu ainda que ele é constituído por cinco palavras japonesas iniciadas pela letra S utilizadas para
criar um local de trabalho adequado ao controle visual e à produção enxuta.
Viu também que as auditorias de qualidade podem ser relativas ao sistema, processo ou produto,
sendo o sistema para avaliar a adequação a requisitos e a conformidade das atividades de um siste-
ma da qualidade; o processo para verificar se o respectivo procedimento é adequado e está sendo
cumprido, assim como se os operadores são qualificados e certificados para sua execução (se neces-
sário) e o produto para o exame completo de uma amostra de produto.
No próximo capítulo você irá estudar a escolha da ferramenta adequada. Siga em frente.
Escolha da
Ferramenta Adequada
Para que você tenha uma melhor compreensão sobre a escolha da melhor ferramenta, neste
capítulo serão apresentados os tipos de processos, a gestão por processos, e as etapas da ges-
tão dos processos nas organizações
Ao final do estudo deste capítulo, você será capaz de:
a) compreender a importância da aplicação da ferramenta adequada;
b) identificar as ações a serem desenvolvidas no contexto organizacional;
c) realizar processo de tomada de decisão.
Você iniciará seus estudos neste capítulo conhecendo os processos nas organizações. Acom-
panhe!
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
88
Muitos pesquisadores atribuem a Taylor o pioneirismo de se preocupar com a padronização dos pro-
cessos de trabalho. Enquanto organizava os processos de produção, Taylor estabeleceu os alicerces da
coordenação e do controle do trabalho pela padronização, desde as matérias-primas, até a programação
dos processos produtivos, enfatizando a questão da uniformidade dos produtos e das tarefas.
Segundo Cury (2000), foi no final da década de 80 que surgiu, de fato, a ideia de “processo” nos estudos
organizacionais.
Entretanto, a gestão dos processos nas organizações têm também muito das suas raízes no conceito
de Gestão pela Qualidade Total (GQT) ou Total Quality Managemente (TQM), para caracterizar uma filosofia
gerencial em que a qualidade é uma preocupação de toda a organização, abrangendo a relação dos pro-
cessos entre cliente e fornecedor, visando a satisfação total do cliente. Nessa abordagem, a organização
funciona e se estrutura por meio de uma série de interações, inclusive com seu ambiente externo cujas
demandas exigem soluções complexas, não evidenciadas no organograma: o cliente, o produto/serviço e
o fluxo do trabalho.
De maneira simplificada, para que você entenda melhor, processo é um conjunto definido de passos
para a realização de uma tarefa.
A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ³) define processo como um conjunto de atividades inter-rela-
cionadas ou interativas, que transformam insumos (entradas) em produtos e/ou serviços (saídas).
Na perspectiva de considerar o cliente como ator principal, o processo é um conjunto de atividades
com uma ou mais espécies de entrada, que cria uma saída de valor para o cliente.
Processo é a estrutura pela qual uma organização faz o necessário para produzir valor para seus clientes
(DAVENPORT,1994).
Outro motivo que justifica a gestão por processos é o fato de que a estrutura formal somente repre-
senta os aspectos básicos e seus componentes condicionados aos níveis da estrutura organizacional e da
definição das tarefas. Porém, a gestão de processos precisa estar relacionada com o funcionamento da
organização como um todo.
O organograma não diz nada sobre a forma com que as partes da organização influenciam-se entre si e
com o todo. Saber quais as funções que cada pessoa desempenha no interior da estrutura não tem muito
sentido se não há compreensão de como estas funções se relacionam umas com as outras.
Portanto, para possibilitar uma real avaliação do desempenho das organizações, muitos estudiosos or-
ganizacionais pregam que é preciso saber como as partes estão ligadas atingindo seus processos.
Assim, ganhou espaço nos estudos organizacionais a visão de que, a organização contemporânea deve
ser enfocada numa perspectiva horizontal, como correm os processos, e não somente numa abordagem
vertical, como uma hierarquia de funções.
3 Fundação Nacional da Qualidade: É uma entidade privada e sem fins lucrativos que foi criada em outubro de 1991, por repre-
sentantes de 39 organizações brasileiras dos setores público e privado. É um dos principais centros mundiais de estudo, debate e
irradiação de conhecimento sobre Excelência em Gestão.
5 Escolha da ferramenta adequada
89
Para facilitar o entendimento dessa mudança de gestão organizacional, Cury (2000) também coloca
ênfase na análise dos dois extremos organizacionais: o vertical, tradicional, de um lado, com ênfase nas
funções das empresas, e, de outro, o horizontal, sistêmico, fundamentado nos processos organizacionais.
Assim, para permitir ver a forma como o trabalho é realmente feito, o gestor precisa considerar os pro-
cessos que cortam as fronteiras organizacionais e mostrar os relacionamentos internos e externos entre
cliente-fornecedor. Portanto, a visão horizontal dos processos é uma maneira de identificar e aperfeiçoar
as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho que está sendo realizado e é transferido
de um departamento organizacional para outro. Nessas transferências é que normalmente ocorrem os
erros e a perda de tempo, logo, é preciso ter certeza de que a estrutura permitirá às unidades dar atenção
suficiente para manter essas ligações.
Todo trabalho realizado nas empresas faz parte de algum processo, e, embora existam muitas classifica-
ções, de diferentes perspectivas, a FNQ classifica os processos em três tipos:
• processo gerencial (ou processo de gestão): processo de natureza gerencial, não operacional. Ex.
aprovação de orçamento para desenvolvimento de um novo produto;
• processos de apoio: processos que sustentam os processos principais do negócio, fornecendo pro-
dutos e insumos, equipamentos, tecnologia, softwares, recursos humanos e informações. Viabilizam
o funcionamento dos vários subsistemas da organização e garantem o suporte adequado aos proces-
sos fins. Ex. processo de compras;
• processos principais do negócio (também conhecidos como processo fim ou processo primário,
ou macroprocesso): processos que agregam valor diretamente para os clientes. Estão envolvidos na
geração do produto e/ou serviço e na sua venda, bem como, na assistência pós-venda e disposição
final. Ex. processo de vendas.
Partindo desse ponto de vista, as organizações são uma coleção de processos de diversos tipos e que
desempenham funções diferentes.
Davenport (1994) atribui parte do sucesso das empresas japonesas, em relação à concorrência ameri-
cana, nas décadas de 80 e 90, ao fato delas terem considerado e implementado a gestão por processos.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
90
Segundo Oliveira (2006) a gestão de processos deve ser utilizada nas organizações, pois gera benefícios como:
• facilita a comunicação e o trabalho em todos os setores da organização;
• ajuda e facilita o planejamento, a liderança e o controle de tudo o que é feito na organização;
• é um instrumento eficaz na busca de satisfação do cliente;
• contribui para os sistemas de gestão à qualidade e, é um dos requisitos do prêmio nacional da qualidade.
Agora que você conheceu os benefícios da gestão por processos nas organizações, confira na sequên-
cia as etapas da gestão dos processos.
Gerir processos envolve a gestão de várias etapas que não se excluem, pelo contrário, relacionam-se
entre si e se completam, as quais são apresentadas na figura que segue.
Processo
A modelagem dos processos é a atividade de representação dos processos da organização que permite
o entendimento de como são realizadas as diversas atividades, gerando um fluxo, desde seu início até
alcançar seu objetivo final. Essa modelagem é realizada por meio das seguintes etapas: identificação dos
processos; mapeamento dos processos; observância da legislação do processo; definição dos clientes do
processo; explicitação do objetivo do processo; e definição do responsável pelo processo. A seguir você vai
conhecer cada uma dessas etapas. Acompanhe!
Relacionar os processos da organização, entender como funcionam e, quais são os tipos existentes é im-
portante para determinar como eles devem ser gerenciados, para obtenção de melhores resultados. Afinal,
cada tipo de processo tem características próprias e deve ser gerenciado de maneira específica.
Uma vez identificados e delineados os processos, o ponto inicial é conhecer os processos críticos cujos
critérios de seleção podem ser:
a) grau de disfunção - quais os processos que são mais problemáticos?
b) importância - quais processos exercem mais impacto sobre os clientes da empresa?
Os processos críticos são aqueles que receberão prioridade, pois apresentam os maiores problemas em
relação ao cumprimento de um determinado objetivo.
Depois de realizada a identificação de processos, é dado início ao mapeamento do processo para indi-
car a sequência de atividades desenvolvidas dentro de uma organização, representadas de forma gráfica,
utilizando-se a ferramenta conhecida como fluxograma.
Um fluxograma é uma apresentação do processo, por meio de um gráfico universal, cujo ob-
jetivo é facilitar a compreensão da exata tramitação de certo fluxo de trabalho, demonstrado
por símbolos representativos, além de textos elucidativos. Tanto os textos como os símbolos
são dispostos no esquema de acordo com certas regras de uso generalizado (CURY, 2000).
Conforme apresentado no quadro que segue, os símbolos utilizados no fluxograma têm por finalidade
colocar em evidência a origem, processamento e destino da informação.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
92
símbolo significado
- término.
Documentos
Diego Fernandes
Diego Fernandes
Serve para identificar o documento que entra no fluxo, deven-
Fatura do seu nome ou sua sigla ser colocado em seu interior.
(2015)
ou PIM
próprio.
Diego Fernandes
Ag.
Diego Fernandes
Decisão
Diego Fernandes
Diego Fernandes
material?
(2015)
Conector de página
Utilizado para transferir o fluxo para outra página. Deve-se
Diego Fernandes
Diego Fernandes
(2015)
Para a modelagem e o desenho de processos existem vários softwares disponíveis no mercado. Geral-
mente, utiliza-se um software e uma ou mais técnicas de modelagem. O workflow é um software genérico
bastante difundido que permite desenhar, consultar, atualizar pendências e revisar processos.
Principalmente para as organizações reguladas, deve-se verificar se existe legislação específica a ser
considerada na execução do processo.
Em cada processo é importante definir o cliente interno e externo à empresa, a quem é direcionado o
serviço e/ou produto gerado.
Cada processo tem o objetivo de produzir valor para seus clientes. Assim, um objetivo bem definido
considera as necessidades, perspectivas e requisitos dos clientes internos e externos. É preciso conhecê-los
para que o processo seja projetado de modo a produzir resultados que satisfaçam as necessidades deles.
Não existem departamentos ou divisões responsáveis pelo processo. Portanto, na estrutura de uma
organização por processos, a responsabilidade pelo processo fica sempre sob responsabilidade do for-
necedor, que tem por finalidade satisfazer o cliente. Entretanto, a gestão do processo como um todo,
fica nas mãos de uma pessoa previamente definida para assumir esta função, cujas atribuições essenciais
são: garantir o andamento adequado ao fluxo do processo; facilitar o relacionamento dos recursos apli-
cados ao processo; avaliar o funcionamento da empresa da perspectiva do processo; e aperfeiçoar o seu
funcionamento. Entretanto, por mais bem projetado que seja um processo, são as pessoas que o fazem
funcionar. Dessa forma, a empresa deve garantir que os processos sejam desenvolvidos com as pessoas
certas. Para conduzir as pessoas, cada empresa mantém seus departamentos de recursos humanos, cuja
função é desenvolver as competências em cada área de domínio técnico, necessário ao bom funcionamen-
to do processo.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
94
Somente com o processo validado junto aos seus executores é que se pode iniciar a padronização.
Padronizar é tomar os processos mapeados, os indicadores e metas, bem como as tarefas que foram defi-
nidas, transformando-os em um padrão de trabalho, proporcionando operacionalidade e bons resultados
ao processo e segurança nas ações.
A repetitividade das tarefas não é assegurada sem a existência de padrões operacionais a serem segui-
dos, constituindo-se em uma das etapas da busca de produtividade e da qualidade.
A adoção de padrões operacionais conduz para uma redução de erros, falhas e consequente eliminação
de desperdício, seja de tempo, energia ou materiais. Requer, porém, a capacitação das pessoas responsá-
veis pela execução dos fluxos de trabalho.
5.4.3 Analisar
Melhorar processos requer, um exame do modo como as várias etapas do processo se relacionam umas
com as outras, visando simplificar ou eliminar aquelas que não agregam valor e não contribuem para o seu
resultado.
O maior potencial de melhoria muitas vezes é encontrado nas interfaces das áreas funcionais e, por isso,
a análise do fluxo do processo desenhado deve retratar com clareza as relações entre as áreas funcionais
da organização.
A metodologia de Análise e Melhoria de Processos (AMP) deve pautar-se, na medida do possível, de
forma lógica (não necessariamente sequencial), nas fases e etapas definidas a seguir:
• identificação de problemas - a metodologia de AMP considera um problema como ponto de partida
para a melhoria de um processo. Os processos devem ser acompanhados, por intermédio do moni-
toramento, dos indicadores de desempenho definidos. Com a utilização de sistemas de informação
integrados aos processos, os indicadores podem ser monitorados em tempo real, possibilitando ao
responsável do processo adotar ações imediatas, para a solução de problemas que possam ocorrer.
5 Escolha da ferramenta adequada
95
Problema é quando se reconhece que determinada meta definida para um indicador, isto é, uma si-
tuação “A” desejada não foi e, não está ou não será alcançada. O gap é a diferença entre o resultado
“A” planejado e o resultado “B” alcançado. Portanto, problema é toda diferença entre um resultado
alcançado e, uma meta planejada;
• análise das causas do problema - a avaliação dos indicadores poderá ser realizada utilizando o Dia-
grama de Ishikawa, também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito, ou Espinha-de-Peixe.
(MELLO et al, 2002). O diagrama de Ishikawa é uma ferramenta gráfica utilizada para o gerenciamento
de qualidade e em sua estrutura, as causas, podem ser classificados como sendo de seis tipos dife-
rentes, conforme mostra a figura diagrama de Ishikawa. O referido diagrama permite estruturar hie-
rarquicamente, as causas de determinado problema, bem como, seus efeitos sobre a qualidade dos
produtos e/ou serviços.
Resultado A
A explicação da relação causa e efeito simples: em tudo que ocorre existe um conjunto de causas que
inluenciam os efeitos. Portanto, as causas são os meios que levaram a acontecer os efeitos, os fins ou os
resultados. Isso pode ser representado pelo Diagrama de Causas ou Efeito, Diagrama de Espinha de Peixe
ou Diagrama de Ishikawa, demonstado na figura anterior. Esse diagrama foi desenvolvido no ano de 1943
pelo professor Kaoro Ishikawa, Tóquio.
As causas de um problema podem ser agrupadas, a partir do conceito dos 6M, como decorrentes de
falhas em: materiais, métodos, mão de obra, máquinas, meio ambiente, medidas. Muitas vezes, ao tentar
solucionar um problema, as pessoas agem nos seus efeitos, negligenciando as suas verdadeiras causas.
(MELLO et al, 2002).
Entretanto, antes de solucionar um problema é fundamental identificá-lo corretamente, conhecer suas
verdadeiras causas para somente depois implementar as mudanças necessárias. O diagrama é um impor-
tante instrumento a ser utilizado que visa a descobrir os efeitos indesejados e aplicar as correções neces-
sárias.
É uma ferramenta simples que possui um efeito visual de fácil assimilação, e que, sem dúvida, ajuda a
sistematizar e separar corretamente as causas dos efeitos.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
96
Analisar um processo significa, detectar quais foram os resultados não alcançados, compreendidos aqui
como problemas. Se os resultados não estão sendo atingidos como o planejado, a função do gestor é agir
corretivamente de modo a melhorar a capacidade do processo para atingir os resultados desejados, visan-
do prover confiança no atendimento aos requisitos dos clientes.
Todavia, anterior à implantação das ações corretivas, é necessário elaborar um plano de ação, para blo-
quear as causas fundamentais do problema, de forma definitiva.
Para isso, verifica-se quais as ações que devem ser implantadas e, que são adequadas para sanar as cau-
sas fundamentais dos problemas diagnosticados. (MELLO et al, 2002).
A elaboração do plano de ação consiste em uma discussão com todas as pessoas envolvidas no proces-
so, utilizando-se da técnica conhecida como “5W2H”, que significa realizar os seguintes passos:
Assim, o modelo dos processos organizacionais permite estruturar ordenadamente as várias etapas que
compõem a realização de um trabalho ou tarefa, detalhando seu fluxo, indicadores e diversas informações
de forma sistematizada e, apontando as causas dos problemas e oportunidades de melhoria, estruturadas
por meio dos planos de ação.
A seguir será apresentado o método Análise e Solução de Problemas. Acompanhe!
O Método de Análise e Solução de Problemas (MASP), é uma metodologia que pode ser utilizada para a
análise de problemas, defeitos ou anomalias, podendo até ser útil em melhoria de processos.
5 Escolha da ferramenta adequada
97
Fatores causais
São todos os fatores que podem afetar resultados, abrangendo aqueles que comprovadamente cau-
sam o fenômeno.
Causas
São aqueles fatores que são confirmados ou definidos como causadores, direta ou indiretamente, do
fenômeno que está sendo analisado.
Causa Raiz
A causa que, se for corrigida, prevenirá a reincidência desta ou de ocorrências parecidas. Você precisa
saber que a causa raiz não se aplica somente a ocorrência que está sendo analisada, mas tem resultados
comuns a um grupo extenso de prováveis acontecimentos, e este é o principal aspecto de que a causa
deva ser identificada e corrigida. Uma série de causas poderá ser identificada e podem estar interligadas
entre si, necessitando então serem examinadas até que a(s) causa(s) principal(is) seja(m) identificada(s) e
corrigida(s). (MAY, 2013).
É importante você saber que não existe uma única definição de consenso sobre Análise de Causa Raiz,
porém, para que você tenha uma melhor compreensão sobre ela, será adotada aqui a seguinte definição:
Análise de Causa Raiz é qualquer processo orientado por evidências que, no mínimo, revela
causas obscuras sobre vários acontecimentos ocorridos e, desta forma, apresenta possibilida-
des de melhoria contínua.
Se você perceber, na própria definição de Análise de Causa Raiz encontra-se uma das causas pela qual
ela nem sempre dá os resultados esperados em vários lugares onde é implantada, ou seja: todo o processo
deve ser orientado por evidências.
A análise de Causa Raiz nem sempre produzirá o resultado esperado, pois muitas pessoas fazem deste
processo uma rotina burocrática, ou seja, organizam reuniões de análise, elaboram “Brainstorming”, tam-
bém conhecido como “tempestade de ideias”, aplicam a técnica dos 5 porquês sem procurarem qualquer
evidência. Elas não investigam o local do incidente, não coletam amostras, não entrevistam testemunhas
e, na pior das hipóteses, nem analisam os ocorrências reais; apegam-se a suposições e a partir delas, tiram
suas conclusões.
FERRAMENTAS DA QUALIDADE
98
O processo de Análise de Causa Raiz adotado mundialmente pela ABB1 em seus contratos de Full Servi-
ce (serviço completo) é formado por 7 passos:
1º definir o problema;
2º se necessário, fazer Análise de Falhas;
3º identificar as possíveis causas;
4º verificar a(s) real(is) causa(s);
5º propor solução para o problema;
6º implantar a solução;
7º acompanhar os resultados.
Acompanhe a seguir a descrição de cada um dos passos.
Passo 1 - Definir o problema
Ao definir um problema é necessário entender que as pessoas têm visões distintas frente a um mesmo
problema. Existe porém, uma maneira para tentar resolver esta dificuldade e chegar numa definição de
concordância, fazendo os seguintes questionamentos:
Qual é o problema?
Quando aconteceu?
Diego Fernandes (2015)
Onde aconteceu?
Você sabia que Albert Einstein disse que, se tivesse apenas uma hora para
CURIOSIDADES salvar o mundo, ele gastaria 55 minutos para definir o problema e 5 minu-
tos para resolvê-lo?
5 Escolha da ferramenta adequada
99
No que se refere a equipamentos, este tipo de análise poderá também servir como ferramenta de trei-
namento para manutenção ou um guia para correção de problemas
Passo 5 - Propor solução para o problema
Nesta fase do processo as possíveis soluções são identificadas para cada causa individual encontrada
na análise citada anteriormente. É importante verificar se cada uma das soluções, além de prevenir a recor-
rência do problema, não cria novos problemas. É importante destacar que se deve avaliar a facilidade de
implantação da solução e o investimento necessário (análise de custo/benefício).
Passos 6 e 7 - Implantar a solução e acompanhar os resultados
Todo o processo desenvolvido anteriormente será completamente inútil se a implementação da solu-
ção não for concretizada. Aconselha-se, portanto que:
• seja organizado um plano completo com todas as ações previstas;
• este plano deve determinar prazos, recursos e responsáveis para todas as ações;
• as tarefas mais complexas precisarão serem divididas em ações menores;
• não se deve planejar muitas ações concomitantemente ou para um único responsável;
• uma ação corretamente implantada tem mais valor que dez ações previstas no plano;
• necessita-se verificar onde a falha identificada (ou problema) poderia acontecer de novo e a probabi-
lidade de estender a solução localizada.
O processo de análise da causa raiz objetiva a eliminação completa do problema evitando sua reinci-
dência.
Solução do Problema
Se o agente coordenador constatar que existem problemas, os mesmos precisam ser solucionados de
acordo com sua ordem de prioridade, ou seja, os problemas prioritários precisam ser analisados, estu-
dando detalhadamente as possíveis causas, como, por exemplo, ambiente, mão de obra, equipamento,
método e matéria-prima.
Aplicação da Metodologia
Trata-se de um método simplificado de solução de problemas, que utiliza o ciclo do PDCA como fer-
ramenta na solução de problemas simples que não exigem um tratamento mais elaborado de dados, ou
seja, é aplicado para resolver anomalias do dia a dia em que a solução envolve um número reduzido de
variáveis.
5 Escolha da ferramenta adequada
101
Ciclo de gerenciamento
(ciclo para atingir metas)
Identificação do problema
1
Conclusão 8 2 Análise de fenômeno
3 Análise de processo
Padronização 7
A P 4 Plano de ação
C D
Passo 7 Verificação.
Passo 8 Padronização.
Passo 9 Conclusão.
Quadro 13 - Passos para a utilização do MAF
Fonte: Adaptado de May (2013)
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA:
RESULTADO ESPERADO:
Método REI
É o grau de resultado que a alternativa É a facilidade que a alternativa É o custo da alternativa para
R x E x I = (P)
proporciona: tem de ser implantada: sua implantação:
Método GUT
Passo 8 - Padronização
Estando a causa fundamental bloqueada, estabelecer o novo procedimento operacional ou alterar o
antigo, se for necessário.
Utilizar o método 5W1H, agora como um planejamento do novo procedimento operacional: o que –
nome do procedimento, quem – responsável pela execução do procedimento, quando – prazo ou período
de execução, onde – local de execução do procedimento, como – forma de executar, e principalmente
“porque – deve ser realizado assim”, para as atividades ou procedimentos que efetivamente serão incluí-
dos ou alterados nos padrões já existentes.
Passo 9 - Conclusão
Fazer uma breve análise dos resultados obtidos. Se houve problemas remanescentes, relacionar os
itens pendentes e aspectos sobre a metodologia que precisam ser melhorados.
Você conheceu os nove passos para a utilização do MAF. Antes de finalizar os estudos deste capítulo, acom-
panhe o Casos e Relatos a seguir, que traz a história de quatro amigos que decidiram montar um negócio.
CASOS E RELATOS
Você chegou ao final do último capítulo desta Unidade Curricular. Para rever os conceitos estudados
aqui leia a seguir o recapitulando.
Recapitulando
Neste capítulo você estudou que o planejamento é necessário para que a empresa possa entender
qual é a sua missão e para identificar as ferramentas adequadas a serem aplicadas dentro da orga-
nização. Viu ainda que as estratégias podem variar na sua aplicabilidade, dependendo do tipo de
organização e dos objetivos do gestor. Aprendeu, também, que o processo decisório necessita de
análise, técnica e planejamento ou seja, devem-se observar as alternativas mais apropriadas e o
cenário que está envolvido no processo, e que a mudança pode ser entendida como diferencial se
for implantada de forma eficiente.
Espero que você tenha conseguido refletir sobre conceitos e os aspectos mais básicos da gestão
da qualidade, sua função e sua dinâmica e, ter uma dimensão da amplitude do processo de gerir
uma organização e da complexidade que constitui o desafio de entender, diagnosticar, selecionar
e adotar modelos de gestão apropriados ao contexto no qual cada gestor está inserido. (MELLO et
al, 2002).
Com o estudo deste capítulo, com certeza você enriqueceu ainda mais o seu desenvolvimento pro-
fissional.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, P. Empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2004.
BANAS. As Ferramentas da qualidade: aprendendo a aplicar para solucionar problemas. São
Paulo: EPSE Editora, 2004.
BISSIATO, Guilherme. Estudo de Caso: Comandante Fred. Disponível em: <https://www.
passeidireto.com/arquivo/3084744/estudo_de_caso_comandante_fred>. Acesso em: 10 jun.2015.
BUCCELLI, Daltn Oswaldo. Seminário Qualitech Brasil III: Conferência Nacional de Gestão da
Qualidade, Administração Participativa e Produtividade na Indústria e em Serviços. 1991.
CAMPOS, Vicente Falconi. TQC: gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. Belo Horizonte:
UFMG, Escola de Engenharia, 1996.
______. Gestão da Qualidade em Tempos de Mudança. 2. ed. São Paulo: Editora Alínea, 2007.
______. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte, MG: Fundação
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MINICURRÍCULO Da AUTORa
MAGDA CAMARGO LANGE RAMOS
Magda Camargo Lange Ramos é formada em Biblioteconomia e Documentação, Especialista em
Gestão Universitária, Mestre em Engenharia de Produção e Doutora em Engenharia e Gestão do
Conhecimento, todos os títulos obtidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atu-
almente desempenha suas funções profissionais como Bibliotecária na Biblioteca Universitária da
UFSC e Docente no SENAI/SC, São José e Palhoça, atuando nas áreas de Gestão do Conhecimento,
Metodologia para Elaboração de Projetos e orientação de TCC.
Índice
A
Atendimento, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 83, 96, 105, 115
B
Brainstorming, 7, 9, 43, 44, 45, 50, 97, 102, 103, 115
C
Ciclo Pdca, 5, 7, 22, 41, 42, 43, 84, 115
Controle De Qualidade, 13, 21, 22, 23, 24, 47, 110, 115
Custo, 17, 18, 19, 20, 32, 100, 104, 115
D
Diagrama de Causa e Efeito, 5, 7, 9, 23, 33, 34, 48, 50, 95, 115
Diagrama de Dispersão, 5, 7, 9, 36, 37, 39, 50, 115
E
Estratificação, 5, 7, 9, 37, 38, 39, 115
Ética, 17, 18, 27, 115
F
Ferramentas Qualidade, 115
Fluxograma, 7, 9, 46, 47, 50, 91, 115
Folhas de Verificação, 23, 39, 115
G
Garantia da Qualidade, 15, 23, 94, 115
Gráfico de Controle, 7, 46, 47, 48, 50, 115
Gráfico de Pareto, 9, 23, 32, 33, 48, 115
H
Histograma, 5, 7, 9, 35, 36, 50, 115
J
Just-In-Time, 25, 115
K
Kaizen, 25, 52, 115
Kanban, 25, 115
M
Método 5W1h, 5, 7, 45, 106, 116
Moral, 17, 18, 20, 73, 116
N
Norma Iso Série 9000, 15, 116
Normas, 17, 19, 24, 76, 116
P
Poka-Yoke, 25, 116
Programa 5S, 5, 6, 7, 51, 52, 53, 54, 55, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 77,
79, 80, 81, 83, 84, 85, 109, 110, 111, 116
Q
Qualidade intrínseca, 17, 18, 20, 116
S
Segurança, 17, 18, 19, 20, 60, 73, 76, 83, 94, 116
Seiketsu, 7, 52, 53, 60, 63, 81, 116
Seiri, 7, 52, 53, 56, 63, 80, 116
Seiso, 7, 116
Seiton, 7, 52, 53, 57, 63, 80, 116
Shitsuke, 7, 52, 53, 61, 63, 85, 116
Sistema de gestão da qualidade, 24, 27, 110, 116
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Waldemir Amaro
Gerente
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Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos
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Revisão Técnica
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