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PRODUÇÃO
Agnaldo Guolo
Wanderson Paris
Superintendente Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor Prof. José Pio Martins
Pró-Reitor Acadêmico Prof. Carlos Longo
Coordenadora Editorial Profa. Manoela Pierina Tagliaferro
Coordenadora Pedagógica Profa. Adriana Pelizzari
Autoria Prof. Agnaldo Luís Guolo
e Prof. Wanderson S. Paris
Supervisão Editorial Fabieli Campos Higashiyama
e Josiane Cristina Rabac Stahl
Análise de Conteúdo Francine Ozaki
Análise de Qualidade Betina Dias Ferreira
Edição de Texto Caroline Chaves de França, Chisato Watanabe
e Climene de Moraes Favero
Design Instrucional Wagner Gonçalves da Silva
Estágio de Design Instrucional Cezar Vinicius Joukovski e Letícia Beatriz Chibior
Design de Atividades Ana Carolina Ciampi e Lucelí de Souza Fabro
Layout de Capa Valdir de Oliveira
Imagem de Capa Juliano Henrique
Edição de Arte Denis Kaio Tanaami
Diagramação Ana Luiza Fernandes Marques e Regiane Rosa
Design Gráfico Ana Luiza Fernandes Marques,
Carlos Henrique Stabile e Juliano Henrique
Estágio de Design Gráfico Guilherme Rufatto, Larissa Pires e Rafael Crosewski
Revisão Ana Raquel Cruz, Elizabeth Pinheiro
e Joanice de Moura Andrade
* Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados aos autores, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá
ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela
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Ícones
Afirmação Curiosidade
Assista
Dicas
Biografia
Esclarecimento
Conceito
Contexto Exemplo
Sumário
Apresentação ..................................................................................................................11
Os autores .......................................................................................................................12
Capítulo 1
Introdução à Gestão da Produção ..................................................................................15
1.1 Conceitos e estratégias dos processos de transformação ........................................17
1.1.1 Principais tipos de sistemas ................................................................................................................................. 18
1.1.2 Evolução dos sistemas produtivos ....................................................................................................................... 19
1.1.3 Características e aplicação .................................................................................................................................... 21
1.2 Conceitos fundamentais ...........................................................................................22
1.2.1 Vantagens e desvantagens ................................................................................................................................... 24
1.2.2 Aplicação dos sistemas produtivos ...................................................................................................................... 25
1.2.3 Custos.................................................................................................................................................................... 26
1.3 Manufatura e serviços ..............................................................................................29
1.3.1 Conceitos básicos .................................................................................................................................................. 30
1.3.2 Aplicabilidade ....................................................................................................................................................... 30
1.3.3 Modelos de aplicação ........................................................................................................................................... 33
1.4 Responsabilidades da função ...................................................................................34
1.4.1 Hierarquia de introdução ...................................................................................................................................... 34
Referências ......................................................................................................................36
Capítulo 2
Estratégia nas decisões gerenciais .................................................................................37
2.1 Estratégia corporativa ...............................................................................................40
2.1.1 Objetivos ............................................................................................................................................................... 41
2.1.2 Conceitos e estrutura ............................................................................................................................................ 42
2.1.3 Modelos e estratégias........................................................................................................................................... 43
2.2 Estratégia do negócio ...............................................................................................46
2.2.1 Características de negócios .................................................................................................................................. 47
2.2.2 Tipos de estratégias .............................................................................................................................................. 49
2.2.3 Modelos de negócios ........................................................................................................................................... 50
2.3 Estratégias funcionais ...............................................................................................51
2.3.1 Características funcionais ..................................................................................................................................... 52
2.3.2 Tipos de estratégias funcionais............................................................................................................................. 53
2.3.3 Modelos funcionais .............................................................................................................................................. 55
2.4 Estratégias de produção ...........................................................................................56
2.4.1 Modelos de estratégias ........................................................................................................................................ 57
2.4.2 Conceitos estratégicos .......................................................................................................................................... 58
2.4.3 Custos de aplicação .............................................................................................................................................. 59
Referências ......................................................................................................................61
Capítulo 3
Gestão de fluxo operacional ...........................................................................................63
3.1 Introdução aos ambientes de demanda ..................................................................63
3.1.1 Conceitos iniciais................................................................................................................................................... 64
3.1.2 Características da relação cliente-fornecedor ...................................................................................................... 67
3.1.3 Diferentes modelos do ambiente de demanda ................................................................................................... 68
3.2 MRP (Material Requirement Planning)
e MRP II (Manufacturing Resource Planning) ................................................................70
3.2.1 Objetivos ............................................................................................................................................................... 71
3.2.2 Como funciona ..................................................................................................................................................... 73
3.2.3 Uso do MRP II ....................................................................................................................................................... 74
3.3. JIT (Just in Time) e o kanban da produção enxuta ..................................................76
3.3.1 Filosofia e pressupostos........................................................................................................................................ 77
3.3.2 Como funciona ..................................................................................................................................................... 78
3.3.3 Uso do JIT.............................................................................................................................................................. 80
3.4. TOC (Theory of Constraints) e OPT (Optimized Production Technology) ..................81
3.4.1 Filosofia e pressupostos........................................................................................................................................ 81
3.4.2 Como funciona ..................................................................................................................................................... 84
3.4.3 Uso do OPT ........................................................................................................................................................... 85
Referências ......................................................................................................................88
Capítulo 4
Projeto nas operações produtivas...................................................................................89
4.1 Projeto do produto....................................................................................................89
4.1.1 Criação do conceito............................................................................................................................................... 90
4.1.2 Projeto preliminar ................................................................................................................................................. 91
4.1.3 Avaliação e melhoria do projeto .......................................................................................................................... 92
4.1.4 Prototipagem e projeto final ................................................................................................................................ 93
4.2 Projeto do processo...................................................................................................94
4.2.1 Projeto de redes produtivas .................................................................................................................................. 96
4.2.2 Arranjo físico ......................................................................................................................................................... 97
4.2.3 Tecnologia de processo ....................................................................................................................................... 100
4.3 Projeto de organização do trabalho ...................................................................... 102
4.3.1 Projeto do trabalho ............................................................................................................................................. 103
4.3.2 Divisão do trabalho............................................................................................................................................. 104
4.3.3 Ergonomia .......................................................................................................................................................... 105
4.3.4 Elemento comportamental no trabalho ............................................................................................................ 108
Referências ................................................................................................................... 110
Capítulo 5
Planejamento da produção ......................................................................................... 111
5.1 Fundamentos do planejamento e controle........................................................... 111
5.1.1 O que é planejamento e controle? ..................................................................................................................... 111
5.1.2 Natureza do fornecimento.................................................................................................................................. 113
5.1.3 Tarefa de planejamento e controle ..................................................................................................................... 114
5.2 Previsão de demanda X Pedidos em carteira........................................................ 115
5.2.1 Perfil de demanda .............................................................................................................................................. 115
5.2.2 Estratégias de atuação ........................................................................................................................................ 116
5.3 Programação da produção .................................................................................... 117
5.3.1 Programa-mestre de produção .......................................................................................................................... 118
5.3.2 Gerenciamento dos estoques ............................................................................................................................. 120
5.3.3 Planejamento e controle da capacidade ............................................................................................................ 123
5.3.4 Sequenciamento de ordens ............................................................................................................................... 126
5.4 Acompanhamento e controle da produção .......................................................... 127
5.4.1 Funções do acompanhamento e controle ......................................................................................................... 127
5.4.2 Controle com a gestão da qualidade ................................................................................................................. 128
Referências ................................................................................................................... 131
Capítulo 6
Gestão da qualidade e melhorias ................................................................................ 133
6.1 Fundamentos da qualidade................................................................................... 133
6.1.1 Introdução........................................................................................................................................................... 133
6.1.2 Construção do conceito ...................................................................................................................................... 134
6.1.3 Aspectos evolutivos da qualidade...................................................................................................................... 135
6.2 A qualidade total como ponto de partida............................................................. 139
6.2.1 Qualidade no enfoque normativo ...................................................................................................................... 140
6.2.2 Trilogia de Juran e cultura do planejamento, controle e garantia ..................................................................... 140
6.2.3 Sua implantação e benefícios ............................................................................................................................ 141
6.2.4 Aspectos ferramentais ........................................................................................................................................ 142
6.3 Elementos de suporte à gestão da qualidade....................................................... 145
6.3.1 Liderança ............................................................................................................................................................ 145
6.3.2 Cultura da inovação ............................................................................................................................................ 147
6.3.3 Aprendizagem em um cenário globalizado ...................................................................................................... 149
6.3.4 Custos da qualidade ........................................................................................................................................... 151
6.4 Gerenciamento dos processos ............................................................................... 152
6.4.1 Abordagem por processos.................................................................................................................................. 153
6.4.2 Objetivos e benefícios......................................................................................................................................... 155
6.4.3 Mapeamento de processos ................................................................................................................................ 156
Referências ................................................................................................................... 160
Capítulo 7
Desempenho operacional ........................................................................................... 161
7.1 Noções de tempos e métodos ............................................................................... 161
7.1.1 Estudo dos tempos ............................................................................................................................................. 168
7.1.2 Tempos planejados X cronometrados ................................................................................................................ 170
7.1.3 Métodos e amostragem do trabalho ................................................................................................................. 171
7.2 Indicadores e suas aplicações ................................................................................ 174
7.2.1 Administração por objetivos .............................................................................................................................. 174
7.2.2 Classificação dos indicadores ............................................................................................................................. 175
7.2.3 Indicadores-chave de performance .................................................................................................................... 176
7.2.4 Indicadores-chave de processos ........................................................................................................................ 179
7.3 Elaboração de um sistema de indicadores da produção ...................................... 179
7.3.1 Fatores críticos de sucesso do sistema de indicadores....................................................................................... 180
7.3.2 Seleção de indicadores ....................................................................................................................................... 180
Referências ................................................................................................................... 182
Capítulo 8
Perspectivas futuras da produção................................................................................ 183
8.1 Globalização .......................................................................................................... 184
8.1.1 A Globalização e seus efeitos nas operações ..................................................................................................... 186
8.2 Responsabilidade empresarial .............................................................................. 187
8.2.1 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) ....................................................................................................... 188
8.2.2 Responsabilidade ambiental.............................................................................................................................. 190
8.2.3 Certificações........................................................................................................................................................ 195
8.3 Tecnologia .............................................................................................................. 196
8.4 Gestão e criação do conhecimento ....................................................................... 199
8.4.1 Administração da produção e gestão do conhecimento ................................................................................... 201
8.4.2 Conhecimento explícito e conhecimento implícito ........................................................................................... 202
Referências ................................................................................................................... 204
Apresentação
Gestão da Produção é uma atividade dinâmica, cujo crescimento tem sido ali-
mentado por desafios e demandas de manufatura, governo e organizações de servi-
ços. É também uma profissão, cujo futuro depende da habilidade dos praticantes para
reagir às mudanças operacionais e organizacionais e facilitá-las e, mais importante, da
sua capacidade de antecipar e promover o próprio processo de mudança.
Os eventos históricos que levaram ao surgimento da Gestão da Produção forne-
ceram contextos significativos que ainda afetam a atividade, mas muitos desenvolvi-
mentos conceituais e tecnológicos que atualmente dão forma à prática da profissão
tiveram sua origem na segunda metade do século XX.
O objetivo deste material é introduzir conceitos básicos da Gestão da Produção,
permitindo que o leitor tenha uma visão abrangente dos processos de gestão e suas
relações com os sistemas e projetos de bens e serviços.
Os autores
é Mestre em Engenharia Mecânica (2005) pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Especialista em Indústria Automotiva
(1998) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Graduado em Engenharia
Mecânica (1992) nesta mesma instituição. É coordenador dos cursos de Tecnologia
em Gestão da Produção Industrial e Tecnologia em Manutenção Industrial do Centro
Tecnológico da Universidade Positivo. Tem grande experiência profissional nas
áreas de Manufatura, Manutenção, Engenharia de Produto em empresas de desta-
que do mercado industrial. Tem vivência profissional como engenheiro nos EUA e
Alemanha, desenvolvendo projetos de implantação de fábricas, transferência de tec-
nologia e otimização de processos industriais.
Currículo Lattes:
<http://lattes.cnpq.br/5792214948229303>
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<http://lattes.cnpq.br/8210085825815139>
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Eliminar desperdícios tem sido um dos principais desafios da Gestão da Produção.
Conceitos e sistemas são aplicados em todos os tipos de processos produtivos, e a
estabilidade das atividades, dos processos e das operações exige uma padronização e
consequentemente um nivelamento da cadeia produtiva.
A principal característica da Administração da Produção é gerenciar e controlar
as operações físicas de uma organização. O termo pode ser empregado em diferentes
tipos de atividades e tarefas aplicadas ao processo fabril bem como em prestação de
serviços, sempre com foco em aumentar a produtividade do homem e melhorar a efi-
ciência da máquina.
Sistemas de produção são um conjunto de elementos inseridos na produção de
um bem ou serviço que, relacionados entre si, chegam ao resultado final de acordo
com especificações preestabelecidas no início do projeto. Existe uma relação a respei-
to da definição do tipo de processo utilizado em manufatura de produtos e serviços,
considerando características distintas de volume e variedade. Processos cujo resultado
é um bem são chamados processos de transformação, pois alteram a estrutura, forma
ou composição inicial da matéria-prima. Os de serviço são processos de transferência,
pois há transmissão de conhecimento ou tecnologia.
Os processos são geralmente divididos em dois tipos de recursos: os transforma-
dores e os de transformação. Os recursos processados são materiais, informações e
consumidores. Os recursos de transformação são ativos imobilizados (prédios, equipa-
mentos, tecnologia) e colaboradores que operam as instalações. Esses processos apre-
sentam a estrutura conforme demonstrada na figura a seguir.
A entrada de um produto é chamada input – insumos que são recursos a serem
transformados (recursos transformadores) diretamente em produtos. Essa transfor-
mação ocorre por meio de uma entrada por um projeto que se transforma em um VSM
(Value Stream Mapping – mapeamento de fluxo de valor). Em seguida, desenha o esta-
do futuro VSD (Value Stream Design – projeto do fluxo de valor). Após o input, o próxi-
mo passo da cadeia produtiva é o processo – local em que estão alocados os insumos
GESTÃO DA PRODUÇÃO 16
primários, necessários para realizar o processo produtivo, por exemplo: recursos físi-
cos – máquinas, equipamentos, matérias-primas; recursos energéticos; recursos huma-
nos, econômicos e financeiros. Por fim, nas saídas output há basicamente duas fases:
fabricação ou manufatura de produtos, quando se trata de produto físico, que pode ser
armazenado ou fornecido, e geração ou prestação de serviço, quando o produto não
pode ser armazenado e deve ser fornecido paralelamente à sua execução. Todo esse
processo é sustentado pela metodologia dos VSM/VSD.
Modelo de gestão
Input Processo Output
VSM (Value Stream Mapping – mapeamento de fluxo de valor) e VSD (Value Stream
Design – projeto do fluxo de valor) refletem o sistema de produção e a melhoria contí-
nua, visando à integração das áreas para agregar valor ao processo do início ao fim.
O objetivo das organizações deve focar uma produção puxada de porta a porta,
desde o cliente até o fornecedor, com colaboradores comprometidos e vivenciando a
melhoria contínua de maneira integrada ao modelo de negócio da empresa.
As atividades dos processos principais são apoiadas pelo processo de recursos huma-
-
Esses conceitos são a forma de visualizar como está sendo gerido o sistema de
gestão em cada processo ou linha de produção, a saber, conforme a figura a seguir,
utilizada na gestão de produção, na qual o tópico Diagrama de Takt (1) é a demanda
do cliente, ou seja, o tempo em que o cliente solicita uma peça. No tópico gráfi-
co Hora-hora (2) é realizado o controle de peças produzidas a cada hora em um de-
terminado processo, para verificar se será possível atender a demanda do cliente. O
indicador de OEE (3) irá demonstrar a eficiência, qualidade e disponibilidade dos equi-
pamentos de um determinado processo, já o gráfico Pareto de Paradas (4) demonstra
as principais perdas do processo ou máquina. Para encontrar ações para a causa raiz de
um problema, utiliza-se a metodologia de Solução de Problema (5), que tem como ob-
jetivo analisar e priorizar ações para solucionar os problemas detectados no Pareto de
Paradas e, por fim, o PDCA (6) é o gráfico que demonstra a evolução do indicador no
processo, bem como as ações planejadas para atingir o KPI ou KPR do processo.
5 1
PDCA
4 2
3
Ferramentas gerenciais utilizadas na gestão de produção.
“A estratégia competitiva, então, não só responde ao meio ambiente, mas também tenta
modelar este meio ambiente em favor de uma empresa.” (PORTER, 1989, p. 2).
Reunião de Organização
Execução Análise e aprovação dos resultados
abertura do workshop
1.2.3 Custos
As empresas buscam otimizar seus pro-
cessos e criar um sistema de gestão robus-
to para minimizar custos. Mas, o que é esse
custo? Custo é um fator que impacta diretamen-
te no lucro. O custo pode ser considerado o con-
sumo de recursos, tais como materiais, utilidades,
máquinas, mão de obra entre outros componentes que
não agregam valor ao produto ou ao serviço em si, mas
são fundamentais para o processo.
É certo que todos buscam uma maneira mais racio-
nal de conduzir o processo de produção, visando maior lu-
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cratividade, porém nem sempre as pessoas responsáveis
por orientar e conduzir esse processo têm o conhecimento
sobre quanto custa sua operação, pois não possuem uma visão sistêmica de suas ativi-
dades. Para reduzir o custo, os líderes envolvidos no sistema devem conhecer e domi-
nar detalhadamente a composição do custo da produção como um todo.
Existem fatores estratégicos que não podem nem devem ser divulgados, obvia-
mente. Nesses casos, os elementos do custo podem ser divulgados para as lideranças
de maneira educacional, objetivando redução de desperdícios. Por exemplo, ao aden-
trar em um ambiente da fábrica, ter a percepção da iluminação sem necessidade; ao
analisar um dos processos, perceber quantos EPIs (equipamentos de proteção indivi-
dual) em condição de uso estão sendo descartados, quantas peças estão armazenadas
como estoque ocupando áreas no chão de fábrica, a quantidade de peças que cada co-
laborador produz por um determinado tempo, produtividade etc.
No chão de fábrica, assim como a segurança dos colaboradores, a qualidade do
produto, a manutenção das máquinas, a produtividade e o custo devem ser prioridade
no controle dos gestores em todos os níveis.
Em um sistema competitivo, um bom controle é uma realidade, pois todos são
envolvidos e conscientizados da importância de controlar o custo nos mínimos deta-
lhes e, ainda, buscar sua redução por meio de eliminação de desperdícios.
Para otimizar processos e reduzir custos de produção, é uma premissa básica mo-
dificar ou implantar um novo layout de produção para dinamizar o chão de fábrica.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 27
processados.
Todas essas diretrizes são preceitos que vão ao encontro dos objetivos da manufa-
tura enxuta. Dessa forma, utilizar a técnica JIT associada a manufaturas de layout é uma
estratégia interessante, capaz de trazer ganhos de produtividade para as indústrias.
A figura a seguir demonstra que, para obter uma maximização da produção, de-
ve-se realizar um excelente planejamento do tempo, considerar as perdas planejadas
ou não planejadas, pois por meio delas obtém-se o POT (Planned Operation Time), ou
seja, o tempo de operação planejado e consequentemente a quantidade que pode ser
produzida durante determinado tempo, com um custo estipulado.
Perdas de qualidade
Perdas técnicas
Perdas de setup
3 Perdas de performance
(24 horas) ( = ) POT = Tempo de produção
Se 2 planejado
(18 horas) ( = )100% OEE
1.3.2 Aplicabilidade
Com a competitividade e a globaliza-
ção, a aplicação de um conceito de gestão
de produção eficiente torna-se imprescin-
dível para a sobrevivência das empresas.
Consequentemente, a capacitação e a me-
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Ainda existem muitas dúvidas sobre por onde começar a implementação. Não há solução
mágica ou trajetória única. Porém, há alguns aspectos comuns que podem ser destaca-
dos. Cada empresa efetivamente requer uma estratégia particular já que os problemas e
as necessidades dos negócios são distintos, os processos com frequência são específicos,
as demandas dos clientes variam consideravelmente dependendo dos tipos de mercados
e da competição, e o sistema de gestão é único.
A maioria das implementações ocorre por meio dos times de melhorias contínuas
ou times de kaizens que a maioria das empresas cria para focar e aprimorar seus proces-
sos. Quando os primeiros resultados surgem, normalmente são resultados excelentes
que se tornam motivadores para novos projetos, porém com escopo mais amplo.
Para iniciar essas atividades, a ferramenta de mapeamento de fluxo de valor do
estado atual é primordial para encontrar as possíveis fontes de desperdícios do pro-
cesso, tendo um foco mais abrangente e direcionado para a real necessidade da orga-
nização. Após essa análise detalhada, pode-se definir a ferramenta mais apropriada
para dar continuidade ao processo de implementação. O desenvolvimento de pessoas
é essencial, com novo conjunto de habilidades, comportamentos, qualificações e expe-
riências. O papel da liderança é central. Os diretores devem se envolver diretamente,
acompanhar e apoiar a implementação para entender de onde virão os bons resulta-
dos. Os gerentes devem ter foco maior no gemba (chão de fábrica) e entender que a
gestão não é algo mais a se fazer, mas a maneira como poderão desenvolver melhor
suas atividades. Os líderes dos processos, importantes por conhecimento e atitude,
ajudam a mudar o comportamento dos outros. Os supervisores próximos dos colabo-
radores têm um papel fundamental.
Não se deve negligenciar a importância de obter o conhecimento necessário. Mas
o foco inicial deve ser nas metas e nos objetivos.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 36
Referências
COUTINHO, L.; FERRAZ, J. C. Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira.
Campinas: Papirus, 1994.
DEMING, W. E. A Nova Economia: para a indústria, o governo e a educação. Rio de
Janeiro: Qualitimark, 1997.
FEIGENBAUM, A. V. Controle da Qualidade Total. São Paulo: Makron Books, 1994.
FERRO, J. R. Por onde começar a implementação? Lean Institute Brasil. jul. 2007.
Disponível em: <http://www.lean.org.br/leanmail/26/por-onde-comecar-a-implemen-
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MARTINS, P. G.; MARTINS; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.
OHNO, T. Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala. Porto
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PORTER, M. E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da con-
corrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
______. Vantagem Competitiva: Rio de Janeiro: Campus, 1989.
SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção: do ponto de vista da engenharia de pro-
dução. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2. ed.
8. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008.
SLACK, N. Vantagem Competitiva em Manufatura: atingindo competitividade nas
operações de indústrias. São Paulo: Atlas, 1993.
SOARES, I. S. Gestão Estratégica de Custos. Rio de Janeiro: Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2003.
TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção: teoria e prática. São Paulo:
Atlas, 2007.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T.; ROOS, D. A Máquina que Mudou o Mundo. 3. ed. Rio
de Janeiro: Campus, 1992.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas: elimine o desper-
dício e crie riquezas. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
2 Estratégia nas decisões gerenciais
Falhas na administração estratégica da
organização, seja na elaboração do plane-
jamento estratégico, seja na execução das
ações planejadas, podem gerar graves pro-
blemas. Esse fato, em muitos casos, acaba
provocando a substituição do gestor res-
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ponsável. Entenda este último como sendo
o (CEO) de uma gran-
de corporação ou o gestor da produção de
uma unidade de negócios, dependendo do
nível estratégico que gerou a falha.
As atividades que envolvem a tomada de controle (takeovers), e que provocam
mudança no controle acionário da empresa ou mesmo substituição de um único gestor
local depois de um erro estratégico, promovem valiosos ensinamentos, como:
• Promover o planejamento estratégico focado somente nas questões operacio-
nais ou financeiras sem considerar o ambiente competitivo em que está inseri-
do pode facilitar o esquecimento de que a competitividade deve ser abordada
de maneira mais contundente.
• Não atentar para a formulação de um cenário futuro realístico pode gerar mui-
tas perdas em função de uma “burocracia estratégica” que não gera resultados
significativos para o negócio.
• Concentrar-se no ambiente endógeno para elaboração de suas estratégias fa-
vorece a perda da visão do todo, ou seja, como se posicionar em um ambien-
te exógeno (ambiente externo à organização onde as variáveis não podem ser
facilmente controladas) com tantas variáveis que influenciam diretamente seu
negócio.
• Quando se trata de uma empresa de uma só pessoa, aquele que formula a es-
tratégia é o mesmo que a implanta, fato que agiliza e favorece a rápida imple-
mentação de inovações estratégicas. Porém, na maioria dos casos, em grandes
corporações, aqueles que geralmente inovam estão muito distantes daqueles
que implantam as estratégias. Assim, mudanças acontecem de forma mais len-
ta, podendo ocasionar perda de competitividade.
Esses são apenas alguns exemplos dos inúmeros ensinamentos que os erros es-
tratégicos podem promover nas organizações. Porém, não é preciso cometer uma fa-
lha para perceber a importância da estratégia nas decisões gerenciais.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 38
Visão de
Visão de longo prazo
Determinar a Analisar o
Preparar uma
Desenvolver uma alocação de ambiente externo
criteriosa análise
corporativas de recursos internos e (oportunidades
interna (forças,
empresarial. longo prazo. compilar um plano e ameaças) e as
fraquezas).
de ação. tendências.
1 2 32 42 5
6 7 8 9 10
GESTÃO DA PRODUÇÃO 39
Produção
Unidade de
Marketing
negócios 1
Financeiro
Grupo
corporativo
Marketing
Unidade de
negócios 2
Administrativo
Financeiro
Estratégias
corporativas
Ana Luiza Fernandes Marques
2.1.1 Objetivos
Estratégias corporativas devem consolidar diferentes estratégias competitivas
rumo à missão corporativa. É necessário que a diversificação garanta a convergência
para um sentido comum entre os diferentes negócios e o crescimento sustentável da
organização. Os custos que envolvem a diversificação podem inviabilizar ou restringir
a expansão.
Uma das formas de se destacar diante da concorrência é a capacidade de detec-
tar e cultivar competências essenciais da organização e fazer bom uso delas. As com-
petências essenciais devem alavancar a entrada em novos mercados. Logo, faz-se
necessária uma revisão conceitual da corporação em si e de seus modelos de gestão. É
preciso repensar sempre, pois esse fato pode ser crucial para o triunfo do negócio.
A seleção dos gestores que atuam nas unidades de negócio é fator crítico para o
sucesso corporativo. Administradores com mais experiência, competência e entendi-
mento dos processos mais complexos da corporação, da diversidade dos mercados e
das atividades da concorrência têm mais capacidade de êxito. A relação dos diretores
(ou gerentes de planta) das unidades de negócio com gestores corporativos deve ser
bem trabalhada. As estratégias corporativas devem modelar o formato desse relacio-
namento para assegurar os resultados esperados.
essenciais da corporação
Selecionar as áreas de
negócios que a formarão
Comparti-
Gerência de Transferência
Reestruturação lhamento de
carteira de habilidades
atividades
Uso de sistemas
O foco está Gestores são
em comum
nas constantes substituídos, novas
Existe a troca de visando à redução
aquisições não tecnologias são
valores entre a de custos e ao
muito estudadas. implementadas
empresa adquirida incremento da
Nas empresas mais e estratégias
e a corporação.
complexas, muitas são revisadas e
Muito utilizada apenas quando a
vezes se perde o reformuladas
quando se entra estratégia favorece
controle e acaba- para garantir o
em novo mercado. a colaboração
se optando pela fortalecimento da
entre as unidades
venda. organização.
de negócio.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 44
Para verificar a agregação de valor para uma organização que diversifica seus ne-
gócios, pode-se trabalhar com três testes essenciais:
Teste de custo
O custo total para a entrada não
de entrada
pode consumir todo o lucro.
no setor
Estudar as forças e as
Elaborar os Avaliar o ambiente fraquezas da empresa,
procedimentos e exógeno e suas utilizando-se de
variáveis, o lema é técnicas formalizadas
corporativas. prever e preparar. ou check lists e tabelas
mais simples.
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isqueiros. Os mercados para esses produtos são
bastante diferentes e a BIC enfrenta um conjunto
diferente de concorrentes em cada mercado. Por
exemplo, Swedish Match no mercado mais leve e
Gillette no mercado de barbear.
Apesar dessas diferenças, existem fortes
semelhanças na natureza das tecnologias e ha-
-
GESTÃO DA PRODUÇÃO 47
Estratégias corporativas
Estratégias competitivas
Função 1
Função 2
Função 3
•
mercado atual ou no mercado futuro?
distinta, uma vez que é uma aplicação focada em qualquer liderança de custo ou estraté-
gia de diferenciação para um nicho de mercado ou de uma combinação de ambos.
De acordo com o conceito de Porter (2004), a gestão de uma empresa deve de-
dicar-se a apenas uma das estratégias competitivas genéricas para gerar uma vanta-
gem competitiva sustentável. Isso é chamado hipótese de inconsistência. Uma empresa
nessa posição tem baixo retorno sobre o investimento. Uma explicação comum para a
hipótese de inconsistência é que a criação de uma PUV para estabelecer uma estraté-
gia de diferenciação aumenta os custos, que são um obstáculo para alcançar o objetivo
estratégico de liderança de custo para praticar custos mais baixos que os de todos os
concorrentes.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 50
Maturidade
Crescimento
Concorrência
Declínio
Embrionária
Tempo
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-
tatuto como um dispositivo de tempo de manutenção
simples. A Swatch enfatizou o fator moda e incentivou o
cliente a repetir as compras desse acessório.
Ambos os casos indicam como os atributos percebidos do produto podem
transformar uma indústria e proporcionar grandes oportunidades para as empresas.
Características
funcionais
Estratégias
Estratégias Estratégias
de recursos
de marketing tecnológicas
humanos
Estratégias
funcionais
Estratégias
Estratégias Estratégias
de recursos
de marketing tecnológicas
humanos
A estratégia de produção
ção (pontos fortes) e a utilização destes como instrumento competitivo para atingir os
objetivos estratégicos da empresa ou unidade de negócios.
análises de riscos potenciais e seus impactos nos lucros, considerando a variada gama de
organização.
As estratégias de tecnologia
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rotativos e estacionários, além de grandes
estoques, modelos da demanda mudando
continuamente, entre outros, conclui-se que na tomada de decisões um contexto de pro-
com uma ampla gama de fatores internos e externos. Deve-se lembrar, também, que a
maioria das estratégias de produção é software.
A principal missão de estratégias de produção está no planejamento do cronogra-
ma de produção dentro das limitações orçamentárias e de tempo. Isso é feito por meio
da análise de pessoal, da planta, de recursos e de capital para selecionar a melhor ma-
neira de atender à cota de produção. Estratégias de produção devem determinar (mui-
tas vezes utilizando fórmulas matemáticas) quais máquinas serão utilizadas, se novas
máquinas precisam ser adquiridas, se mudanças são necessárias e qual a sequência de
produção. Deve-se monitorar o andamento da produção para se certificar de que ele
permanece no cronograma e corrigir quaisquer problemas que surjam.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 57
de médio porte instruiu seus gerentes a reduzir o estoque a um terço. Porém, es-
queceu-se de analisar as consequências para o serviço ao cliente. Investigações pos-
teriores revelaram que os estoques poderiam, de fato, ser reduzidos sem sacrificar o
serviço, mas não a um terço.
Claramente, para recomendar corretamente um modelo de gerenciamento de
inventário ou planejamento de produção e cronograma de execução, é preciso saber
mais do que apenas o ramo em que a empresa opera. É de vital importância entender a
atitude da alta gerência em relação a essas questões e estar preparado para estabele-
cer a mudança e a magnitude dos benefícios.
As histórias recentes de sucesso de negócio incluem muitas empresas para
as quais a gestão da produção é uma arma competitiva estratégica. O Walmart, por
exemplo, cortou o inventário do armazém ao mínimo, permitindo que os fornecedo-
res gerenciem o inventário de prateleira no nível da loja. Não é difícil entender por que
muitos concorrentes fecharam as portas.
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reengenharia de processos (Business
Process Reengineering), redução de pes-
soal (Downsizing) e gestão da qualidade to-
tal (Total Quality Management – TQM) são
exemplos de conceitos estratégicos mais amplos que afetam diferentes funções na or-
ganização. Geralmente são acompanhados por um conjunto específico de ferramentas
para implementar a estratégia. Para ser bem-sucedido com essas estratégias, várias
funções de negócios devem trabalhar juntas para realizar uma implementação eficaz.
A produção enxuta é uma metodologia de linha de montagem desenvolvida ori-
ginalmente para a Toyota. Também é conhecida como sistema Toyota de produção ou
produção Just in Time. Princípios da produção enxuta são também referidos como ges-
tão enxuta ou pensamento enxuto. Ao engenheiro Taiichi Ohno é creditado o desen-
volvimento dos princípios da produção enxuta após a Segunda Guerra Mundial. Sua
filosofia incidiu sobre a eliminação de perdas, capacitação dos trabalhadores, redução
de estoques e melhoria da produtividade.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 59
CP = CT + CM + CI
por exemplo, trabalhadores pagos para manter todas as instalações utilizadas para a
produção de bens e serviços.
madeira etc.
Componentes e subconjuntos – elementos comprados e incorporados no produto.
Material em processo – conjuntos e produtos semiacabados que incorporam
matérias-primas e/ou subconjuntos.
Materiais consumíveis – utilizados na operação da fábrica e durante a produção,
mas não aparecem no produto detergentes, por exemplo.
Materiais de manutenção – usados na manutenção de máquinas, edifícios e veículos,
Referências
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e serviços. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
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selva do planejamento estratégico. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
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Subsidiária Brasileira e Matriz de uma Companhia Multinacional na Indústria Automo-
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THOMPSON JR., A. A.; STRICKLAND III, A. J. Planejamento Estratégico: elaboração,
implementação e execução. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2004.
TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção: teoria e prática. São Paulo:
Atlas, 2007.
3 Gestão de fluxo operacional
Diante do acentuado volume de infor-
mações envolvendo as atividades das em-
presas, em grande parte motivado pela
globalização e pelo acirramento da con-
corrência, a gestão do fluxo operacional
tornou-se elemento fundamental nos pro-
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cessos produtivos. Esse fluxo é fortemente
influenciado pelo tipo de negócio da em-
presa, ou seja, pelo ambiente em que seu
negócio está inserido.
dos clientes. Essa estratégia requer alto nível de agilidade em função da urgên-
cia de fornecimento e investimento inventário, tendo em vista que geralmente o
produto só pode ser faturado após sua utilização na linha de montagem.
A figura a seguir ilustra a relação entre níveis de estoque e cada tipo de estraté-
gia de inventário citado anteriormente. Assim, percebe-se que, quando se produz para
estoque (PPE), o inventário é muito maior do que quando se produz sob encomenda
(PSE) e, quando se produz sob projeto (PSP), não existe inventário, porém, quando se
fornece direto na linha do cliente (FDL), o inventário é máximo.
Fabricação
Material Montagem Montagem
Projeto de Embarque
comprado do produto do cliente
componentes
TEMPO
PSP CAPACIDADE
PROJ.
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3. variedade de produtos;
4. tipo de cliente;
5. tamanho de lotes.
3.2.1 Objetivos
O fluxo operacional está inserido no planejamento da produção que, por sua vez,
é parte do planejamento de negócios. Portanto, os objetivos almejados na gestão do
fluxo operacional devem estar alinhados com as metas globais da empresa. Os empre-
sários e as partes interessadas externas, muitas vezes, medem o sucesso de uma em-
presa em termos de retorno que recebem pelo dinheiro investido:
Rentabilidade = desempenho/custo
rentabilidade, isto é, o custo. Derivado do princípio econômico, seu objetivo geral é tra-
tar as informações necessárias para tomar decisões de modo que determinado desem-
penho esperado seja obtido com um custo mínimo.
Para o planejamento de produção operacional, uma série de categorias de custos já
está -
ciados por decisões de planejamento (custos relevantes para a decisão), que incluem:
GESTÃO DA PRODUÇÃO 72
inventário).
Planejamento e controle baseados em custo são, muitas vezes, difíceis, pois os da-
dos completos e atualizados de custos nem sempre estão disponíveis. Por isso, é comum
focar objetivos substitutos, que se presume ter impacto direto ou indireto no custo.
Objetivos substitutos podem ser metas de tempo ou metas de quantidade. Metas
de tempo incluem:
• minimizar o lead time do pedido;
• minimizar tempos de espera;
• maximizar a utilização das capacidades de produção;
• minimizar o tempo ocioso de capacidades de produção;
• minimizar atrasos no prazo.
As metas de quantidade no planejamento devem se concentrar nos níveis de es-
toque porque o inventário pode ser influenciado por decisões tomadas no planejamen-
to do fluxo operacional. Outras variáveis, como quantidades totais de produtos finais a
serem produzidos, já são predeterminadas pelo planejamento de vendas. Os objetivos
de quantidade incluem:
• minimizar o estoque de matérias-primas, intermediários e finais; produtos em
transporte, controle de qualidade etc.;
• minimizar paradas de produção (ou seja, falta de material).
GESTÃO DA PRODUÇÃO 73
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ção (MPS), arquivos de projeto de lista de
materiais (BOM – Bill of Material) dos pro-
dutos finais e relatórios de inventário de
vários materiais, componentes, peças, sub-
conjuntos e produtos finais.
O MPS é uma programação de necessidades do produto compilado com base nos
pedidos dos clientes e/ou nas previsões de demanda. É uma lista de demanda para os
-
mento. Dado o MPS, os requisitos dos componentes e as peças de nível inferior podem
ser derivados usando informações contidas nos vários arquivos de BOM. Essas necessi-
dades de material de nível mais baixo são, então, programadas para trás nos períodos de
O corpo é a parte principal de roteiro. Consiste nas operações necessárias para fa-
bricação da peça. Informação importante associada a uma operação inclui facilidade
de operação no local de trabalho, tempo de processamento e tempo de instalação. Um
registro de operação típica contém:
• número de operação;
• descrição da operação;
• referência de desenhos adicionais se for o caso;
• habilidades necessárias ao operador quando aplicável;
• facilidade de operação ou local de trabalho;
• tempo de preparação;
• tempo de processamento por unidade.
Uma das principais figuras no desenvolvimento de MRP II foi Oliver Wight, que
desenvolveu um sistema de classificação simples para medir a eficácia de MRP II.
Pesquisas sugerem que apenas uma proporção muito pequena (< 10%) alcançou o mais
alto grau no sistema de classificação, classe A. Ao mesmo tempo, o sucesso espetacu-
lar de empresas de manufatura japonesas foi se tornando evidente no Ocidente.
Esses fatores levaram a uma reavaliação de MRP II e suas suposições subjacen-
tes. O próximo item trata de algumas das técnicas de gestão de produção que se origi-
naram no Japão e, mais especificamente, na Toyota. Essas ideias são conhecidas como
Just in Time (JIT).
GESTÃO DA PRODUÇÃO 76
Alguns autores têm caracterizado JIT em termos dos chamados “cinco zeros”,
conforme a figura a seguir. JIT é frequentemente considerado uma técnica de redução
de estoque e não há dúvida de que as empresas japonesas, muitas vezes, operam com
baixos níveis de inventário para os padrões ocidentais.
Estoque Defeitos
Papel
Atraso
Paradas
O kanban é um meio muito simples, mas muito eficiente no controle. Há, no en-
tanto, uma série de pré-requisitos a serem observados antes do uso do kanban como
único meio de controle:
Layout de máquinas. O kanban não deve ser usado em um arranjo físico funcional.
tiva total (TPM) e a gestão da qualidade total (TQM) são consideradas fundamen-
tais para JIT.
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A filosofia que envolve a teoria das
restrições está baseada em cinco princí-
pios para alcançar um processo de melho-
ria contínua:
• identificar a restrição do sistema;
• decidir como explorar a restrição do sistema;
• subordinar qualquer outra coisa à decisão anterior;
• elevar a restrição do sistema;
• se em qualquer um dos passos anteriores uma restrição for quebrada, então se
deve voltar à primeira etapa.
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e se não forem mantidos outros recursos poderão parar.
Os efeitos da restrição são o bloqueio dos recursos que pre-
cedem os de restrição (resultando em uma fila) e a falta de mate-
rial nos recursos posteriores. Se o recurso que se suspeita ser o
gargalo não apresentar esses efeitos, ele não é a restrição.
Volte ao passo 1
Eventualmente, você vai quebrar aquela restrição e uma nova restrição vai apare-
á-la de forma contínua e quebrar as
restrições. Lembre-se: as regras de ontem tornaram-se os constrangimentos de hoje.
-
terna. O segundo passo requer o programador para desenvolver um planejamento para
-
é necessário voltar à etapa 1.
A TOC foi desenvolvida com base em uma teoria de gestão poderosa e versátil,
como um conjunto de quadros teóricos, metodologias, técnicas e ferramentas. A teo-
ria das restrições pode ser resumida como uma solução para a melhoria contínua, in-
cluindo ferramentas de estratégias de operações, sistemas de medição de desempenho
e ferramentas de processo de pensamento. As ferramentas de estratégia de operações
-
mento de produção (gerenciamento de , dosagem e análi-
se do mix de produtos), gestão de distribuição e gerenciamento de projetos.
Sistemas de medição de desempenho da TOC são baseados nos princípios da con-
tabilidade de ganhos incorporados por meio da implementação de conceitos como pro-
dutividade, estoque, despesa operacional e de inventário. A aplicação da TOC foi iniciada
em planejamento e programação da produção. Com base nessa perspectiva, o objetivo
objetivo, os princípios e as regras de TOC sejam claros, as pessoas usam as próprias hipó-
teses para analisar cada caso prático. A maioria das publicações está apresentando casos
muito simples que não são adequados para problemas reais de trabalho. Agendamento
de operação em sistemas job-shop é geralmente complicado, pois é um sistema dinâmi-
co baseado em pontos de estrangulamento. Em outras palavras, o papel de um proces-
so de afunilamento pode ser alterado com um processo de gargalo para um processo de
não gargalo e vice-versa, enquanto todo o sistema está funcionando.
O lote de transferência, na maioria das vezes, não deve ser igual ao lote
de processamento.
Referências
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TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção: teoria e prática. São Paulo:
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ZANDIN, K. B. Maynard’s Industrial Engineering Handbook. 5. ed. New York:
McGraw-Hill, 2001.
4 Projeto nas operações produtivas
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O objetivo do projeto nas operações produtivas é iniciar os conhecimentos relativos
ao ambiente endógeno da organização, ou seja, inicia-se a operacionalização do projeto
Marketing
necessários para o desenvolvimento do produto. Com o resultado das pesquisas
de mercado, o departamento de marketing emite o documento PDP (Processo
de Desenvolvimento de Produto), registrando os requisitos necessários para
esse desenvolvimento, bem como as normas vigentes a serem observadas.
Engenharia:
necessárias para o atendimento dos requisitos de mercado, bem como
Produção
estabelecidos.
Benchmarking é o processo pelo qual as empresas avaliam os pontos fortes existentes no mer-
cado, bem como os concorrentes, utilizando esses dados para melhorar seus processos.
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4.1.2 Projeto preliminar
O objetivo dessa etapa do processo é disponibilizar a primeira versão do que será
incluído no produto ou nos componentes, na sequência e na quantidade necessária.
Como os processos receberão os insumos para realizar a transformação da matéria-
-prima em produto acabado com as especificações solicitadas pelo cliente, é neces-
sário realizar a padronização e a documentação da forma de processamento de um
determinado produto, a fim de minimizar os desvios. Essa sistemática visa mostrar
o fluxo de materiais, pessoas ou informações por meio da operação produtiva, bem
como identificar as diferentes atividades que ocorrem durante o processo.
Para obter um resultado mais satisfatório são utilizadas algumas ferramentas que
facilitam as atividades:
GESTÃO DA PRODUÇÃO 92
produto ou processo é -
nar custos que não contribuam para o valor e o desempenho do produto. Essas atividades
-
nanceiros, que estudam a função e o custo dos processos e operações e tentam substituí-
-los por outros de menor custo com a mesma função, por meio de redução do número de
componentes, uso de materiais mais econômicos e otimização do processo.
Para aplicar o conceito de melhoria, é necessário realizar um controle, uma ava-
liação, uma comparação entre um resultado e um padrão, algo que deve ser adotado
como referência para servir como fonte de decisão, boa ou ruim, em um limite de es-
pecificações estabelecidas. Diante desse contexto pode-se definir a melhoria de um
GESTÃO DA PRODUÇÃO 93
produto ou de um projeto, considerando que sua qualidade está relacionada aos as-
pectos de planejamento, garantia e controle de qualidade. Os padrões para cada
projeto são determinados no planejamento de qualidade. Além desse aspecto, são es-
tabelecidas as formas e os conceitos para o controle do projeto, considerando as en-
tradas e saídas específicas de cada processo ou produto.
Os recursos humanos são parte primordial para uma organização obter um resul-
tado de melhoria, controle e avaliação satisfatório, além dos clientes e dos produtos.
O aspecto tecnologia também é um fator importante no tópico produtividade, mas,
sem dúvida, as pessoas são o elo mais importante da corrente. O sucesso dos projetos
é fortemente influenciado pelas atitudes profissionais de cada colaborador da empre-
sa. Um desafio para os líderes de projeto é mensurar, planejar e gerenciar os recursos
humanos direcionados ao projeto, pois, normalmente, esses recursos são escassos nas
organizações.
Tecnicamente a melhoria do projeto está correlacionada a quanto as pessoas en-
volvidas no projeto estão dispostas a melhorar. Não existe melhoria de projeto antes
de focar a melhoria de pessoas, mudanças de atitudes, conceitos e quebra de paradig-
mas. Faz-se necessária a existência de indivíduos focados em identificar e, posterior-
mente, solucionar desvios e problemas encontrados nas fases do projeto ou produto,
ou seja, as melhorias dependem da qualificação, do envolvimento, do desejo de cada
colaborador em fazer diferente.
Volume
Baixo Alto
Alta
Projeto
Jobbing
Lote ou bateladas
Variedade
Em massa
Contínuo
Baixa
Fonte: AMARAL, 2010. (Adaptado).
FORNECEDOR CLIENTE
E A A B D
A C
D
C C E E
C E E
D B
FIXO FUNCIONAL/PROCESSO
A B C D E
B C E D F
PRODUTO/LINHA
Fonte: AMARAL, 2010. (Adaptado).
Essa tecnologia é uma ferramenta cujo objetivo é melhorar o processo produtivo © xmagics / / Fotolia
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aplicada em seu processo ou produto;
• melhorar continuamente essas tecnologias;
• definir substituição para tecnologias obsoletas.
Os gestores de manufatura ou produção necessitam conhecer os princípios bási-
cos envolvidos nas tecnologias aplicadas em seu processo produtivo ou no produto por
ele fabricado. Isso é necessário para realizar pareceres técnicos, debater tecnicamente
com especialistas do assunto, sugerir melhorias e evitar problemas de qualidade no
produto final.
Essas tecnologias diferem em seus níveis de flexibilidade, desempenho econômi-
co, custos, produtividade, agilidade, manutenção e treinamento, portanto cada uma
vai ser apropriada para diferentes partes do processo.
Nos processos novos, a automação é uma estratégica importante de produção,
cuja principal finalidade é a integração de várias e novas tecnologias para produzir
quaisquer produtos em quaisquer processos produtivos. Certamente os benefícios ex-
traídos da aplicação desses conceitos são facilmente visualizados nos âmbitos econô-
mico e social.
O domínio de nova tecnologia resulta em vantagens competitivas para quem uti-
lizá-la, pois é cada vez maior o nível de exigência do cliente referente à qualidade, ao
custo e à entrega.
A automação é o caminho para que se estabeleçam padrões de qualidade mais rí-
gidos em relação aos produtos com o intuito de fidelizar o cliente, ao mesmo tempo
GESTÃO DA PRODUÇÃO 102
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Com a busca frequente de melhoria e
eliminação dos desperdícios, as empresas
passam por adaptações e evoluções cons-
tantes. Dessa forma, o projeto de trabalho também passou por diversas mudanças,
como a divisão do trabalho, administração científica e lógica, ergonomia, abordagem
comportamental das pessoas, empowerment e trabalho de equipe.
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GESTÃO DA PRODUÇÃO 105
4.3.3 Ergonomia
Ergonomia é a ciência que procu-
ra adaptar o posto e as condições de tra-
balho ao homem, buscando conforto e
produtividade. A adaptação ocorre de
maneira dinâmica, por isso as medidas
de padronização de ativos ou de siste-
mas não são suficientes, devendo todo o
desconforto ergonômico ser analisado o
mais breve possível em uma situação real
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Referências
AMARAL, F. G. Administração da Produção. Curitiba: FAE, 2010.
BALLESTERO, M. E. Manual de Organização e Sistemas e Métodos. São Paulo:
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SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção: do ponto de vista da engenharia de pro-
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SLACK, N. et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2002.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.
TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção: teoria e prática. São Paulo:
Atlas, 2007.
5 Planejamento da produção
O processo de transformação da matéria-prima em produto acabado conta com
a participação de diferentes departamentos, e a eficiência da interação entre eles é fa-
tor de extrema importância para a produção. Essa interação é fundamental para o pro-
cesso de planejamento e controle da produção. Após realizar uma projeção da futura
demanda do mercado e definir o mix (quantidades por tipo), é feito o planejamento da
produção, com antecedência, para estabelecer o roteiro de cada item e liberar ordens
necessárias para iniciar as atividades.
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Embora pareça óbvio que uma infraestru-
tura compatível com a missão de produção
seja essencial para melhores resultados,
um número significativo de instalações fa-
bris acaba sendo prejudicado por infraestruturas inadequadas, especialmente no que
diz respeito às suas funções de planejamento e o controle de produção.
O planejamento e o controle da produção abrangem um conjunto de funções de
logística que estão ligadas ao tratamento oportuno e eficaz das operações de pro-
dução. Esse modelo aplica-se a uma vasta gama de ambientes de fabricação. O pro-
grama-mestre da produção (MPS – Master Production Schedule ) e o planejamento de
necessidades de material (MRP – Material Requeriments Planning ) podem ser baseados
na fabricação discreta ou na produção repetitiva.
O uso da tecnologia, em especial os computadores, gerou profundas transfor-
mações em toda a indústria. E graças à tecnologia da informação, o planejamento e
o controle da produção também têm acompanhado essas modificações. Os sistemas
GESTÃO DA PRODUÇÃO 112
O plano não deve ser desenvolvido somente pelo planejador/engenheiro, ele precisa
contar com o envolvimento de todos que irão utilizar, gerenciar e ser afetados pelo
equipamento a ser utilizado.
? de mudança?
GESTÃO DA PRODUÇÃO 114
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dução sempre com base nos pedidos em
carteira, o planejamento ocorre de forma
mais precisa e, consequentemente, os cus-
tos envolvidos são reduzidos.
de demanda. Os itens seguintes mostram uma perspectiva geral de alguns métodos tí-
picos de dimensionamento de lote MRP. A eficácia comparativa dessas regras em ter-
mos de custo total do inventário anual também é descrita.
O algoritmo de menor custo total (LTC – Least Total Cost) também é baseado na
lógica EOQ. Ele pode demonstrar que o mínimo de custos correspondente à dimensão
ótima ocorre no ponto onde os custos da ordem e os custos contábeis anuais são iguais
um ao outro. O algoritmo LTC analisa as necessidades brutas ao longo de um planeja-
árias quantidades de pedidos são avaliadas.
O algoritmo de balanceamento de peça por período (PPB – Part Period Balancing)
é muito similar à abordagem LTC para dimensionamento de lotes. A principal diferença
entre os dois métodos é uma rotina de ajuste. Esse recurso evita o inventário destinado a
cobrir períodos de pico de demanda.
O algoritmo Silver-Meal (SM) é computacionalmente mais robusto que os méto-
dos descritos anteriormente. O método baseia-se na seleção da quantidade da ordem
que vai minimizar o custo por unidade de tempo, ao longo dos períodos de tempo du-
rante o qual a quantidade da ordem dura. Essa é uma pesquisa sobre uma variável de
tempo definida sobre a quantidade da ordem sob o pressuposto de que todo inven-
tário necessário durante um período deve estar disponível no início do período. Esse
pressuposto da disponibilidade de estoque também é válido para heurísticas e todos
os algoritmos descritos anteriormente.
O algoritmo Wagner-Whitin (WW) usa um procedimento de otimização que se ba-
seia em um modelo de programação dinâmica. Ele avalia todas as possíveis combinações
de ordens para cobrir as necessidades em cada período do horizonte de planejamento.
Seu objetivo é chegar a uma estratégia de melhor ordenação para o agendamento. O al-
goritmo minimiza o custo total de instalação e inventário de transporte, mas apenas no
nível de montagem da peça que está sendo considerada. O algoritmo tem a desvanta-
gem de elevada carga computacional, em virtude da complexidade matemática.
Programa-mestre
Carteira de Previsão de
de produção
pedidos vendas
(MPS)
Planejamento das
Listas de Registro de
necessidades de
materiais estoque
materiais (MRP)
Na produção, nas vendas e/ou nos planos de operações, que consideram os pro-
dutos organizados em famílias ou linhas de produtos e um horizonte de longo prazo, o
MPS transforma a informação, desagregando os planos em programas detalhados, de-
finidos individualmente para cada produto final. Ele é geralmente escrito em períodos
de tempo semanais e/ou mensais. Em outras palavras, o planejamento tático da produ-
ção processa o desdobramento das metas estabelecidas pelo planejamento agregado.
No caso de fabricação, o planejamento tático desagrega grupos de recursos em má-
quinas ou linhas de produção, ano em meses e meses em semanas se for o caso.
Em geral, as empresas de manufatura devem ter estes objetivos em mente: ma-
ximizar o serviço ao cliente e a utilização de recursos e minimizar os níveis de estoque.
Idealmente, isso significa operar a planta sobre os níveis de produção ao lado da ca-
pacidade disponível durante todo o tempo com os níveis de estoque próximos a zero,
além de nível de serviço máximo. O desafio é planejar a produção para operá-la em
ritmo constante e confortável, com geração de estoque mínimo e levando em consi-
deração os custos causados por uma mudança nas taxas de produção e realização de
inventário. Mas sabe-se que elas são medidas objetivas conflitantes.
Se alguém tenta minimizar o nível de estoques, por exemplo, pode não ter produ-
tos suficientes para atender às encomendas inesperadas, fato que acaba provocando a
degradação dos níveis de serviço. O contrário é verdadeiro: ter inventário é aceitável, a
fim de atender à demanda do cliente, no entanto, isso também irá aumentar os custos.
O planejamento de produção, MPS, especialmente, deve levar em consideração todas
essas questões e também que a produção é geralmente um processo multitarefa (dife-
rentes operações) distribuído em um horizonte discreto multiperíodo.
Cavalcanti e Moraes (1998) mostram uma abordagem para o processo de progra-
mação-mestre de produção com a intenção de preencher uma lacuna nas publicações
científicas da área, que consideram apenas superficialmente a real complexidade en-
volvida em tal processo. Nesse sentido, é facilmente visto que a literatura acaba fazen-
do muitas simplificações que escondem a verdadeira dificuldade inerente à criação do
MPS. Algumas dessas simplificações são:
• Não considera que a capacidade de produção é limitada.
• Muitas vezes, o tempo de troca ou de preparação (setup time) não é considera-
do. Esse tempo geralmente não é desprezível e varia de produto para produto
e de sua sequência de produção. Nesses casos, o processo de MPS deve consi-
derar uma matriz de transição.
• Prevenção para a flexibilidade, isto é, não existe apenas um recurso de produ-
ção que pode produzir o produto. Essa flexibilidade de roteamento aumenta a
complexidade no processo de MPS.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 120
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As empresas não podem mais se dar ao luxo de trabalhar com estoques excessi-
vos ou “estoques de segurança“ se quiserem ser competitivas nos mercados globais.
Assim, manter algum estoque pode ser necessário, mas controlá-lo de forma eficaz
tornou-se alta prioridade. O inventário pode ser um mal necessário, mas tem custo
muito alto. E inventário excessivo é custo adicional, um desperdício, um disfarce para o
mau planejamento.
O inventário precisa atender a três fatores: incerteza da procura, variabilidade do
processo e tempo de ciclo do processo. Três tipos de variabilidade ou incerteza podem
requerer inventário: demanda, produção e suprimentos, fatores importantes no plane-
jamento, no controle e na gestão de estoque.
Demanda dos clientes. Dependendo do ambiente da indústria e da fabricação,
alguns estoques de produtos acabados são necessários para atender aos pedidos dos
clientes em tempo hábil. A quantidade ou o tipo de inventário é ditada pela necessida-
de de atender ou superar o prazo de entrega. Outro fator considerado é a incerteza da
demanda do cliente. Por isso, algum estoque de segurança de produtos acabados pode
ser planejado para antecipar variações razoáveis na demanda dos clientes. Quanto me-
lhor o planejamento e a previsão de demanda por produtos acabados, menos estoque
será necessário para a incerteza ou variabilidade de demanda.
Produção. O processo de produção pode ter variação ou incerteza em virtude de
problemas de qualidade, confiabilidade do processo, ferramentaria e disponibilidade
de recursos. Um inventário de material em processo fornece um estoque de seguran-
ça contra as incertezas que podem prejudicar o processo de produção. O inventário do
tipo Work in Process (WIP) garante a eficiência das operações internas da empresa. É
importante lembrar que quanto melhor o planejamento e a programação e quanto me-
nor o tempo de ciclo, menos estoque é necessário para cobrir a incerteza ou variabili-
dade da produção.
Cadeia de suprimentos. O estoque também é necessário para o bom funciona-
mento da cadeia de abastecimento (fornecedor para fornecedor). Estoques de maté-
ria-prima podem proteger a empresa de incertezas de abastecimento ou variabilidade
e de problemas com fornecedores e transporte e possibilitar fornecimento regular de
matérias-primas e peças. Quanto melhor as relações com os fornecedores e com os es-
toques de materiais, menos material é necessário para transpor a incerteza ou a varia-
bilidade na cadeia de abastecimento.
Larissa Pires
Cadeia de suprimentos
GESTÃO DA PRODUÇÃO 122
disso são as matérias-primas básicas para começar o processo de produção (por exemplo:
minério de ferro, petróleo bruto e madeira serrada) ou materiais processados para uso
geral (por exemplo: aço, madeira, produtos químicos). Esses materiais são destinados a
operações principais, e esse inventário está lá para proteger a empresa contra a variação
da oferta.
da variabilidade. Outra categoria que pode ser considerada parte do presente inventário
é muitas vezes referida como peças acabadas, ou seja, são partes ou componentes
Todos esses estoques devem ser gerenciados, para que tenham o material dispo-
nível, o que minimizará o investimento para que se alcance a máxima eficiência em to-
das as áreas do processo de negócio.
horizonte de planejamento;
previsão de demanda.
Demanda de mercado
Quanto custa
Capacidade
Qual tipo
Quando Tempo
Fonte: LAPERRIÈRE; REINHART, 2014. (Adaptado).
Planejamento da capacidade.
Esses modelos podem ser utilizados em conjunto. Por exemplo, um modelo híbri-
do frequentemente utilizado combina SPT e EDD para alcançar o processamento efi-
ciente de postos de trabalho, respeitando os requisitos de data de vencimento.
Referências
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2006, Cap.8, p. 117-134.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 132
6.1.1 Introdução
Em um cenário globalizado com a internacionalização dos mercados surgem no-
vas formas de competição. Esse fato, aliado à necessidade de desenvolvimento de
modelos eficientes de gestão da qualidade e garantia de resultados econômicos, tem
provocado alterações profundas na gestão estratégica das organizações.
Três fatores básicos posicionam a qualidade como fator crítico de sucesso para as
organizações, gerando a necessidade de tratamento estratégico em sua gestão:
GESTÃO DA PRODUÇÃO 134
Qualidade
Como a qualidade é conceito central de nossos estudos, tratamos a conceituação
de diferentes autores, em épocas distintas, para obter melhor compreensão do termo.
Paladini (2002) conceitua a qualidade com base em duas componentes:
Inspeção
Com a divulgação dos trabalhos de Frederick W. Taylor, referentes à divisão do
trabalho no fim do século XIX, surge a sistematização do conceito de produtividade. A
busca desenfreada por melhores métodos de trabalho e processos produtivos objetiva-
va maior índice de produção com minimização dos custos envolvidos. A produção em
massa ampliou os tamanhos de lotes e, consequentemente, o aumento das necessida-
des de matéria-prima. Além disso, a divisão do trabalho dificultava o controle de todo
o processo produtivo e a inspeção formal tornava-se necessária.
Em 1919, um sistema sofisticado no Springfield Armory conferia uma nova visão
à inspeção, com a produção de rifles semiautomáticos. Inspeções antes executadas a
“olho nu” foram substituídas por um processo mais objetivo. Com o amadurecimento
desse sistema norte-americano de produção, as medições tornaram-se mais refinadas
e a inspeção passou a ser mais importante.
O controle de qualidade como disciplina teve sua origem nos Estados Unidos
na década de 1920 e limitava-se a controlar a produção de itens defeituosos nos pro-
cessos de manufatura industrial. A determinação de um ritmo de trabalho acelerado
e o desenvolvimento contínuo de seus métodos, aliados à necessidade de índices de
produção altíssimos, provocaram uma degradação substancial nos níveis de qualida-
de. Com vistas à minimização desses efeitos, foram criados os setores de controle de
qualidade que passaram a agrupar todos os inspetores de qualidade que antes traba-
lhavam nas várias áreas produtivas e internalizavam uma postura funcional inerente-
mente corretiva. Suas atividades eram restritas à contagem de produtos, separação
dos produtos ruins e segregação dos defeituosos.
Controle estatístico da qualidade
Em 1931, Shewhart publicou a obra Economic Control of Quality Manufactured
Product, na qual é apresentada grande parte do controle de qualidade hoje existen-
te. Ele definiu de forma precisa o controle de fabricação, criando poderosas técnicas
de acompanhamento e avaliação da produção diária e propondo diversas maneiras de
melhorar a qualidade. Foi o primeiro a estudar e conceituar a variabilidade no processo
industrial e provou que poderia ser tratada com técnicas estatísticas. A inspeção pas-
sou a adotá-las como instrumento poderoso para controlar não conformidades na pro-
dução, dando início a uma nova fase: controle estatístico da qualidade.
Com a redução dos custos de inspeção e a melhoria da qualidade, que geravam
menor número de defeitos a serem corrigidos, os trabalhadores tornaram-se mais pro-
dutivos. Todavia, só com a Segunda Guerra Mundial e a necessidade de alta produção
de armamentos os conceitos de controle estatístico da qualidade ganharam maior no-
toriedade, não permitindo mais a limitação das funções do controle da qualidade ape-
nas à separação dos produtos bons dos ruins.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 137
custos da qualidade;
Segundo Carvalho et al. (2005), em 1951, Juran publica as obras Quality Control
Handbook, fortalecendo e divulgando os conceitos associados à engenharia da qua-
lidade, e Planning and Practices in Quality Control, apresentando uma nova visão dos
custos da qualidade, divididos em custos evitáveis e custos inevitáveis. Focou seus es-
tudos nos custos evitáveis, representados por aqueles oriundos dos defeitos e das fa-
lhas dos produtos, pois percebeu que, ao investir em melhoria da qualidade, esses
custos poderiam ser drasticamente reduzidos.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 138
Ainda em 1951, no Japão, foi criado o Prêmio Deming em sua homenagem para
ser concedido à empresa que demonstrasse maior evidência na área da qualidade em
cada ano.
A obra Controle de Qualidade Total inicia a expansão de novo conceito: controle
total da qualidade (FEIGENBAUM,1994). A qualidade ultrapassa os limites do chão de
fábrica e a responsabilidade desta passa a ser compartilhada por toda a organização,
influenciando a necessidade de gerenciamento mais amplo sobre as diversas funções
da organização.
Na década de 1950 é desenvolvida a engenharia da confiabilidade com base na
teoria da probabilidade e na estatística, voltada aos sistemas complexos. Tal discipli-
na provocava a redução dos custos da falha do produto enquanto estes ainda estavam
no estágio de projeto. Nessa época também se iniciam os programas de “zero defeito”
com base nas teorias de Philip Crosby (1999).
No fim dos anos de 1960, Mizuno e Akao (1994) propõem novo método para tra-
duzir as necessidades e expectativas dos clientes: desdobramento da função qua-
lidade (QFD – Quality Function Deployment). No mesmo sentido, Taguchi (2004)
desenvolveu a engenharia robusta objetivando as atividades de projeto. Akao tam-
bém desenvolveu o desdobramento de diretrizes (Hoshin Kanri ou Strategic Policy
Deployment), visando ao alinhamento entre as estratégias da qualidade e as estraté-
gias do negócio.
Todavia, trabalhar a qualidade somente com vistas a um sistema já não bastava.
Era necessário oferecer algo mais ao cliente e esse sentimento marca o início de uma
nova era: gestão da qualidade total.
• Provar a necessidade.
• Estabelecer a infraestrutura.
•
ramento.
Melhoramento
da qualidade • Estabelecer equipes dos pro-
jetos.
• Prover equipes com recursos,
treinamento e motivação para
diagnosticar as causas e esti-
mular os remédios.
• Estabelecer controles para man-
ter os ganhos.
Fonte: JURAN, 1992, p. 16. (Adaptado).
6.3.1 Liderança
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Teorias sobre liderança geralmente argumentam que quando os líderes são ca-
pazes de exibir o estilo de liderança adequado para a situação ou o contexto em
que estão, eles obtêm alto desempenho e funcionários satisfeitos em seu trabalho.
Recentemente, tem havido interesse renovado na liderança.
Liderança é regra fundamental para a adoção bem-sucedida da gestão da quali-
Total Quality Management). A liderança emerge como um impor-
tante tema na literatura de gestão da qualidade. Uma variedade de características de
liderança está em destaque na literatura, incluindo a capacidade de resposta, integri-
dade, coragem e paixão, a capacidade de mudança e a adoção de uma abordagem co-
laborativa para ganhar o apoio necessário para as iniciativas de gestão da qualidade.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 146
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uma vez que uma ideia é gerada, ela preci-
sa de uma organização para ser desenvol-
vida e implementada).
O impacto cultural decorre do fato de que lidar com diferentes situações está as-
sociado a dois processos opostos: tradição e inovação. Algumas culturas têm grande
experiência acumulada e preferem o antigo ao novo, enquanto outras optam pelo se-
gundo. Em outras palavras, a abertura para novas experiências varia em diferentes cul-
turas. Além disso, esse não é um dilema simples, pois as outras crenças culturalmente
enraizadas (ou seja, a compreensão do papel dos indivíduos e das organizações) de-
sempenham papel importante em definir se, fundamentalmente, uma nova ideia po-
deria ser introduzida neste ou naquele caso.
A cultura é aprendida e tem impacto duradouro na mente de cada pessoa ao lon-
go da vida. Uma compreensão de nossa cultura ajuda a prever o comportamento dos
seus membros em situações normais, podendo explicar alguns fatores não quantificá-
veis e intangíveis, por meio dos quais todas as sociedades se regem. A cultura tem uma
dupla função: por um lado, mantém a sociedade coesa e, por outro, ajuda um indivíduo
na tomada de decisões. Logo, ela é fundamental para o processo de implementação
de inovações.
O avanço tecnológico é preponderante para o processo de propagação de ino-
vações. Esse fator ultrapassa os limites da organização, interagindo com o mercado e
afetando todo o sistema produtivo. As relações cooperativas entre organizações asso-
ciadas a um ambiente institucional propício à absorção do avanço tecnológico são fa-
tores determinantes para o sucesso na implantação de estratégias inovadoras.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 148
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GESTÃO DA PRODUÇÃO 149
A P
S D
Fonte: DEMING, 1997. (Adaptado).
O ciclo desenvolvido por Shewhart foi adaptado por Deming para ser usado duran-
te os processos de melhoria contínua nas organizações. PDCA é a base da gestão da qua-
lidade total, e essa adaptação se deu apenas com a troca do S (Study) pelo C (Check).
Refugo
Fernandes Marques
Retrabalho – quando é possível recuperar o componente, porém gera transtornos
e gastos maiores para processá-lo novamente.
para corrigir um problema no cliente. Esse defeito pode requerer apenas um reparo no
qual o gasto será representado pela substituição de componentes defeituosos e pela as-
sistência técnica autorizada que deverá promover a correção. Por outro lado, pode-se
exigir a troca do produto completo, envolvendo custos relativos à substituição do produ-
to, logística e tempo para sua reposição. As falhas externas podem gerar outro custo di-
fícil de ser mensurável: aquele caracterizado pelo dano à imagem da organização.
As três categorizações têm forte grau de interdependência. Quanto maiores os in-
vestimentos em prevenção, menores serão os gastos associados à detecção e às falhas,
resultando em redução dos custos da qualidade. Um sistema de controle de custos da
apenas a utilização de outro tipo de indicador quantitativo, pois, para implantar uma ca-
tegoria de custo, há necessidade de evidência da forma de mensuração. Os custos da
qualidade não devem superar o montante de 5% do faturamento da empresa.
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Sentimento de orgulho
Muitos funcionários trabalham e entendem o que fazem (sua história).
Eles levam uma espécie de satisfação pessoal ao transformar o processo
e torná-lo algo mais. Alguns têm a sorte de realmente interagir com os
clientes e ver o efeito. Mas muitos veem apenas a entrada e a saída de
seu processo direto.
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Identificação do processo
Sabemos intuitivamente o que é um processo. Achamos que sabemos os pontos
inicial e final, onde o processo reside e quem são os proprietários. E pensamos que sa-
bemos o que é importante e o que não é. No entanto, até que se encontrem essas res-
postas, estamos apenas nos enganando.
O roteirista pensa no enredo. No entanto, os personagens têm as próprias ideias.
À medida que a história se desenvolve, o bom escritor permite que os personagens de-
terminem um resultado fiel ao seu espírito. Esse roteiro final não se parece nada com a
ideia original, mas é um roteiro melhor, porque é verdade para os personagens.
Para promover um paralelo, o analista deve sentar-se com as pessoas que sabem
exatamente como os processos são para aprender a história. Mas o analista precisa
fazer mais do que apenas obter sua história. Ele precisa ajudá-las a começar a enten-
der que sua história é apenas uma das partes do filme. Assim como um bom escritor
deve pensar no público, um bom analista deve pensar no cliente. Isso significa fazer
uma viagem através dos olhos desse cliente, identificando os elementos que intera-
gem com ele.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 158
Coleta de informações
Ao avançar no processo, devemos compreender a informação disponível. Essa in-
formação pode ser em relatórios estatísticos, exigir entrevistas com pessoas especí-
ficas, significando, simplesmente, descrever o que o processo faz. Mas se saltarmos
para mapeamento de processos, sem todas as informações necessárias, podemos fa-
cilmente perder o que é importante.
Para um mapeamento de processos, a informação baseada em fatos é a chave
para manter a credibilidade. O analista deve ter os fatos em questão e ser capaz de
usá-los. Isso vai mantê-lo focado nas entradas importantes e também ajudá-lo a com-
preender a informação transmitida pelo mapeamento. Finalmente, e talvez o mais im-
portante, dará credibilidade ao analista.
Entrevistas e geração de mapas
Uma vez que a informação básica está disponível, o analista realmente começa a
fazer o mapa, mas esse processo não é feito de forma isolada. Cada entrevistado co-
nhece suas entradas e, quando quer, tem oportunidade de participar da construção do
mapa. Cada entrevistador é um dos artistas que constroem o produto final.
O storyboard fornece meios para traduzir a história do referido filme. Mas o di-
retor, o produtor e os atores têm ideias, ou seja, cada pessoa tem uma ideia de como
o processo se parece. Eles sabem suas histórias e esperam que elas combinem com as
de todos os outros. O mapa e as entrevistas ajudam a construir essas histórias até um
produto final que pode não coincidir com o mapa ou as histórias originais, pois estes
não representam necessariamente o processo real.
Análise do mapa
Ainda utilizando o mesmo paralelo, a edição do filme começa quando o script
está sendo escrito. O roteirista apresenta um primeiro esboço. As alterações são feitas
durante o processo de escrita, de negociação, de filmagem e, mais importante, de edi-
ção. Na verdade, o processo de edição é o que realmente une todas as histórias; esse
é o lugar onde o storyboard final é trazido para o cinema, onde o produto final é real-
mente concluído, pronto para o mundo ver.
A análise acontece ao longo do desenvolvimento dos mapas, mas só no final o
efeito completo pode ser visto. O analista pode olhar para a imagem inteira, vendo as
GESTÃO DA PRODUÇÃO 159
Referências
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Qualidade e Garantia da Qualidade: terminologia. Rio de Janeiro, 1994.
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TAGUCHI G.; CHOWDHURY S.; WU Y. Taguchi’s Quality Engineering Handbook. Hoboken:
John Wiley & Sons, Inc., 2004.
7 Desempenho operacional
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Nas empresas, um diferencial essencial para minimizar as perdas e aumentar a
produtividade é o controle das áreas operacionais e de administração da empresa, que
fundamenta a existência de processos de acompanhamento da performance dos gesto-
res. Neste capítulo, apresentamos o desempenho operacional, ferramenta que ajuda a
visualizar as perdas da cadeia produtiva.
Tradicional Futuro
• Há pouca ou nenhuma
• Padronizar todas as tarefas.
padronização.
• Executa as tarefas de diferentes •
maneiras. todas as tarefas.
• Tempo das tarefas de diferentes • Permitir o balanceamento de
maneiras. linhas e manter o tempo de ciclo.
• Falta de material para • Dispor de material de
treinamento. treinamento padronizado.
• Falta de possibilidade de
• Medir desvios e melhorias.
controle visual.
Características
Padronização
Padronizar processos, métodos e máquinas testados e aprovados. Empregar de
modo consciente as soluções comprovadas. Padrões orientam-se pela “excelência”
e não são estáticos, isto é, evoluem constantemente. A padronização é um requisito
para processos dominados e flexíveis.
Características
Melhoria contínua
Trabalhar segundo o lema “Não há nada que não possa ser melhorado”. Padrões
já alcançados devem ser o ponto de partida para novas melhorias. Por meio da melho-
ria contínua e prevenção de desperdício é possível alcançar e assegurar o controle dos
processos.
Características
Responsabilidade própria
Significa que responsabilidade e competência devem ser atribuídas diretamente
no nível do processo. Isso cria a liberdade necessária e as oportunidades para a qua-
lificação. Os grupos de trabalho auto-organizados devem fortalecer ainda mais a res-
ponsabilidade própria. Com isso se devem aproveitar a criatividade e o know-how dos
funcionários. As áreas de responsabilidade devem ser claras e conhecidas. Cada um
deve conhecer sua contribuição para o sucesso total e sentir-se motivado para partici-
par do processo de melhoria.
Característica
• Os funcionários devem ter tanto responsabilidade como competência na sua
área para produzir avanços nos seus processos.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 166
Exigência de tempo
Determina o quanto deve ser produzido em determinado tempo. A determina-
ção do tempo-padrão manual é realizada por um departamento especializado (enge-
nharia de processos e métodos industriais) por meio dos métodos MTM (Methods-Time
Measurement), que é um sistema de tempos predeterminados desenvolvido por H.
B. Maynard, G. J. Stegemerten e J. L. Schwab, em 1948. Tem como base o estudo de
tempos e movimentos para melhorar as operações em uma linha de produção.
Conteúdo do tempo
Estabelece a quantidade de tempo gasto para realizar determinada atividade na
etapa de cada processo. Para a otimização do conteúdo do tempo é aplicado o princí-
pio da transparência, que é uma premissa para o alcance das metas e a melhoria con-
tínua, possibilitando uma visão clara do processo atual. Os processos de negócio e
fluxos produtivos devem ser de fácil entendimento e os desvios do planejado devem
ser percebidos imediatamente. Transparência também significa que cada um deve co-
nhecer suas tarefas e metas, facilitando a orientação rápida em todas as áreas e me-
lhorando a compreensão geral.
Ritmo de trabalho
É a frequência com que um colaborador realiza determinada operação. Quando
isso está direcionado à velocidade podemos dizer que a cadência está sendo influen-
ciada, porém, quando essa frequência está direcionada à qualidade das atividades, isso
é ritmo de trabalho. Esse ritmo pode ser de autonomia do colaborador (ex.: atividades
manuais) ou determinado quando a máquina impõe esse ritmo (ex.: esteira de linhas
de montagem). Para um ritmo de trabalho uniforme, a produção deve ser orientada
pelo princípio de puxar, em um ritmo determinado pelo cliente. O transporte de mate-
rial deve ser acionado pelo consumo no processo subsequente. O material acabado de
um processo deve permanecer no processo anterior até que o processo subsequente
realize um consumo e desencadeie um transporte.
Os estoques devem ser visíveis, para os limites superior e inferior serem percebi-
dos facilmente. O controle deve ser simples e transparente e os sinais dados por meio
de cartão kanban, princípio de dois recipientes ou sistemas Andon. O fornecimento
deve ser direto do processo anterior ao processo seguinte sem estoque intermediário.
O sistema Andon refere-se a uma gestão visual para analisar a cadeia produtiva. Ex.: quadro
que indica a quantidade de produção.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 167
Estudo de Determinação de
Taylor
Tempos Tempos-padrão
Fernandes Marques
Estudo de Melhoria de
Gilbreth
Movimentos método de trabalho
Local de trabalho
Produto
Meios de medição
Ser humano
Conhecimentos, exigências,
expectativas, habilidades
Organização do
trabalho
Unidade de tempo
Os valores de tempo desta TMU s min h
tabela correspondem a um TMU 1 0,036 0,0006 0,00001
rendimento de 100% confor- s 27,8 1 0,0167 0,00028
me sistema LMS min 1.666,70 60 1 0,0167
h 100.000 3600 60 1
Fonte: BARNES, 1977. (Adaptado).
tb
tu: máquina
te Separar os
VT tempos
tg
tu
TEB é o tempo total gasto pelo operador na máquina e para a distribuição das pe-
ças para a próxima máquina. Esse valor é importante para calcular a capacidade produ-
tiva de uma máquina ou linha de produção. A figura “MTM” demonstra a aplicação da
estrutura para a elaboração cronoanálise REFA ou MTM.
MTM PT
MTM.
As principais termologias para realizar uma correta cronoanálise são:
Tempo-padrão
apto e treinado, que trabalha em ritmo normal e sujeito a demora e
1. Desempenho operacional
• Melhoria contínua da qualidade PDCA: processos com menos desvios ope-
racionais evitam retrabalhos, geram menos pendências e fazem com que o
fluxo produtivo seja contínuo, não ocorrendo parada ou perdas na linha de
produção.
• Melhoria contínua da produtividade: o aperfeiçoamento dos processos exi-
ge produzir mais com mesmos recursos, reduzindo, assim, os custos, que no
caso da produtividade, estão diretamente relacionados aos custos da mão de
obra direta.
2. Nível de serviço
• Processos com melhor eficiência relacionados à qualidade e produtividade
permitem que seja oferecido um nível de serviço mais elevado, além de favo-
recer uma aplicação de níveis mais elevados de atendimento e de serviços di-
ferenciados ao cliente final.
Dessa forma, a melhoria contínua da eficiência operacional e a melhoria do nível
de atendimento à demanda dos clientes são formas pelas quais é possível atuar para
atingir as metas preestabelecidas no planejamento estratégico da organização.
O sistema de indicadores de desempenho deve ser capaz de mensurar a cadeia
produtiva de forma que seja possível, por meio da análise e formatação dos resultados
obtidos, verificar e melhorar, se necessário, os resultados de determinados tópicos da
linha de produção. Essa ferramenta é parte integrante da gestão de produção e nor-
teia a tomada de decisões.
Perdas
Tempo planejado de produção planejadas
Perdas dispo-
Tempo de operação nibilidade
Perdas de-
Tempo de operação líquido sempenho OEE
Perdas
Tempo produtivo qualidade
Fonte: HANSEN, 2008. (Adaptado).
1. Quebra/falha
3. Perdas/engenharia
4. Pequenas paradas
OEE Performance
5. Queda de velocidade
6. Refugo
Qualidade
7. Retrabalho
Perdas do OEE.
Uma das razões que ajudaram o OEE a ser difundido é que ele demonstra, de for-
ma simples e direta, o quanto efetivamente um equipamento foi utilizado, comparan-
do com sua capacidade projetada, ou seja, a real capacidade do equipamento.
Exemplo:
Peças boas produzidas no turno: 6.000 peças.
Peças boas que o equipamento tem capacidade de produzir no turno: 10.000 peças.
OEE = 6 000/10 000 * 100% = 60%.
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Os fatores críticos de sucesso são atividades, conhecimentos ou competências
em que a organização precisa desenvolver ou ter um bom desempenho e que serve de
base para fundamentar e balizar a estratégia aplicada pela empresa e que irá traçar
o caminho para alcançar os objetivos estratégicos definidos. Normalmente são esco-
lhidos poucos fatores, mas que desenvolvem papel fundamental para a organização,
tornando-a mais competitiva. São fatores importantes para a empresa, decisivos para
seu sucesso. Considerando que o planejamento estratégico foi adotado para nortear a
operação e para atingir os objetivos definidos, é essencial que as demandas realizadas
pelos clientes internos ou externos sejam entregues no momento correto e no mix soli-
citado pelo cliente com o menor custo possível.
Referências
BARNES, R. M. Estudo de Movimento e de Tempos. 6. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
1977.
BOUDON, R.; BOURRICAUD, F. Dicionário Critico de Sociologia. Tradução de Maria
Leticia Guedes Alcoforado. São Paulo: Ática, 1993.
CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 3. ed. São Paulo: Makron
Books, 2000.
DEMING, W. E. A Nova Economia: para a Indústria, o Governo e a Educação. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 1997.
FEIGENBAUM, A. V. Controle da Qualidade Total. São Paulo: Makron Books, 1994.
HANSEN, ROBERT C. Eficiência Global dos Equipamentos. 1. ed. São Paulo:
Bookmann, 2008.
JURAN, J. M. A Qualidade desde o Projeto: novos passos para o planejamento da
qualidade em produtos e serviços. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 1992.
MARQUESINI, A. G. Estudo do Processo de Implantação de Sistemas da Qualidade
Normalizados no Setor Industrial Brasileiro. Dissertação de Mestrado. São Paulo:
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1995.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2005.
OLIVEIRA, E. F. de. Otimização do Tempo de Teste Funcional de Placa de Circuito
Impresso Montada para Computador Pessoal. Dissertação de Mestrado, ITEC, 2012.
OLIVEIRA, O. J. (Org.). Gestão da Qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2004.
PALADINI, E. P. Avaliação Estratégica da Qualidade. São Paulo: Atlas, 2002.
REFA. Associação para o Estudo do Trabalho e a Organização Empresarial. Simpósio
sobre Produtividade Empresarial. São Paulo – Brasil, 1985.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
8 Perspectivas futuras da produção
Cada vez mais o gestor de produ-
ção precisa se preocupar não somente
em gerenciar suas tarefas rotineiras, mas
principalmente em estar atento aos de-
safios atuais e futuros impostos às orga-
nizações, para garantir a continuidade e
o sucesso das operações. Esses desafios
surgem em função das mudanças contí-
contrastwerkstatt / / Fotolia
nuas ocorridas no mercado, na sociedade
e no mundo como um todo.
A seguir listamos os desafios estra-
tégicos mais relevantes e as questões-
-chave em cada uma das áreas. É importante que o gestor de produção considere
todos esses desafios na definição e avaliação contínua das estratégias das empresas.
Gestão do
conhecimento
8.1 Globalização
O Fundo Monetário Internacional (FMI) define a globalização como sendo a in-
terdependência econômica crescente entre países, por meio do aumento do volume e
variedade de transações de bens e serviços entre fronteiras, fluxos livres de capital in-
ternacional e mais rápida e ampla difusão de tecnologias.
Ao longo das últimas décadas, a integração mundial foi evoluindo da esfera dos paí-
Grande parte das operações impõe aos gestores muitos desafios para alcançarem
as metas de suas organizações. Nesse cenário, a globalização dos mercados contribui
com a inserção de muitas incertezas para o processo de definição de um plano estra-
tégico que garanta o sucesso do negócio em um horizonte futuro. No passado, antes
mesmo de o termo globalização tornar-se popular, apenas grandes empresas expan-
diam suas operações para outros países; hoje, pequenas e médias empresas também
atuam em vários países e regiões distantes de sua origem, tanto na oferta de produ-
tos, como de serviços.
A globalização também trouxe no-
vas opções de fornecedores. Fatores como
custos de produção mais baixos, legislação
ambiental mais branda, novas tecnologias
e maiores volumes de produção tornaram
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Possibilidade de
custos de produção
mais baixos
Possibilidade de leis
ambientais mais Globalização Maior concorrência
brandas
integração à
cultura local
Área de decisão
Projeto adaptado à cultura local.
Projeto do produto/serviço
Projeto que atende à legislação.
Remuneração e custo do trabalho.
Projeto do trabalho Adaptação aos requisitos culturais.
Disponibilidade de habilidades.
Planejamento e controle (MRP, Receptibilidade à cultura de planejamento.
JIT)
Sazonalidade e padrão da demanda.
Legislação trabalhista sobre a jornada de trabalho, horas extras e
Planejamento e controle da compensações.
capacidade
antes de tudo haja uma perfeita integração com a comunidade da qual fazem parte.
Elas devem promover o desenvolvimento social e econômico da comunidade a que
pertencem, além de participar da solução de seus problemas. Também é importante
a promoção do engajamento de seus colaboradores no negócio por meio de ambiente
de trabalho saudável no qual se valorizam o respeito, a ética e criam-se oportunidades
para os desenvolvimentos profissional e pessoal.
Por fim, a consciência da necessidade da preservação do meio ambiente já está
presente em todas as esferas das organizações e tornou-se uma questão de competi-
tividade das empresas, além, é claro, da questão de sobrevivência em um futuro cada
vez mais próximo do próprio ser humano.
Sociedade
Integração com a
comunidade local
Organização
Colaborador Grupos
Qualidade de vida Fortalecimento
das lideranças
De forma geral, a RSC pode ser encarada como aplicação de princípios éticos nas
decisões tomadas na organização. No que se refere à administração da produção, a
ética deve ser aplicada em todas as relações com os grupos internos e externos.
Os consumidores podem ter sua segurança afetada por uma decisão da produção,
por exemplo, pela não aplicação dos procedimentos corretos de montagem de cer-
to produto. Os funcionários, por sua vez, podem ter a segurança no trabalho afetada
por uma decisão de continuidade de produção sem as condições adequadas, tendo que
trabalhar com equipamentos em más condições de manutenção ou com jornadas de
trabalho excessivas para o cumprimento dos programas de produção.
O estresse deve ser evitado com uma comunicação transparente e honesta sobre
as decisões que afetam os funcionários; a relação com os fornecedores deve ser ética;
a pressão pela não interrupção da produção não deve chegar ao ponto de afetar a se-
gurança e o ambiente de trabalho dos colaboradores dos fornecedores e, da mesma
forma, todos os fornecedores devem ter as mesmas oportunidades de fornecimento
em uma concorrência aberta.
A comunidade é afetada pelas decisões de várias formas: a decisão sobre a de-
missão de colaboradores em função da sazonalidade da demanda deve levar em conta
o impacto sobre as famílias dos colaboradores e sobre a economia da sociedade local;
a adoção de medidas ambientais necessárias, mesmo que não exigidas pela legislação,
é uma decisão ética da organização com reflexo na comunidade.
ADMINISTRAÇÃO
DA PRODUÇÃO
ACIDENTES
AMBIENTAIS
IMPACTO
AMBIENTAL
mecânicos.
Gasto energético no transporte de reposição.
Planejamento e controle
Obsolescência e sobra.
de suprimentos (suply
chain, estoques) Gasto energético no transporte de distribuição interna de materiais. Ex.:
veículos elétricos.
Gerenciamento da disposição da sucata e do refugo de materiais.
Gerenciamento e controle Gerenciamento de não conformidades dos fornecedores, buscando sua
da qualidade redução.
Disseminação da cultura ambiental junto aos fornecedores e clientes.
Impacto ambiental da localização.
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tegridade do seu produto – da fábrica até o pon-
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-
sários vários tipos de materiais – tanto estrutu-
rais quanto para o acabamento (papelão, plástico
e tintas) –, elevando o custo do produto principal.
Uma vez no ponto de comercialização, os calçados e as respectivas caixas são armazenados em um
depósito. Para a divulgação do produto, porém, é usada apenas uma amostra de cada modelo de
calçado, que é exposta na vitrine da loja junto com as demais, para os consumidores avaliarem o
produto antes mesmo de entrarem na loja.
seleção de um calçado – é o próprio calçado, que vai ou não atrair a atenção de um consumidor em
potencial, principalmente em função das características visuais do produto. Demonstrado o interes-
se pelo produto, os próximos critérios a serem analisados são custo, material usado para a confec-
Este caso ilustra bem o conceito apresentado no parágrafo anterior, que diz que melhor que reciclar
é não gerar o resíduo.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 194
No caso dos sapatos, poderia ser ainda aplicado o conceito de logística reversa
como sistema de reaproveitamento das caixas de embalagem. A logística reversa ca-
racteriza-se pelo reaproveitamento de material nas operações modernas das empre-
sas ou mesmo para a correta destinação após o uso. Trata-se do retorno de produtos,
materiais e peças para a empresa, e os materiais ou as peças podem ter várias destina-
ções, conforme se enumeram a seguir com suas parcelas de participação relativa em
porcentagem:
• enviado a central de processamento (32%);
• destruído (19%);
• remanufaturado ou recondicionado (17%);
• reciclado (14%);
• reembalado e vendido como novo (6%);
• revendido diretamente (6%);
• vendido em mercado de segunda mão (4%);
• doado (2%).
Materiais novos
8.2.3 Certificações
A preocupação crescente da sociedade e dos governos com o meio ambiente nos
âmbitos nacional e internacional e a globalização dos mercados trazem uma nova de-
manda às empresas: a necessidade de uma política de gestão ambiental na organiza-
ção. A produção bem inserida nos programas de gestão ambiental leva a empresa a
ter uma vantagem competitiva importante em relação aos demais competidores, já
que tanto o consumidor final como as entidades civis e governamentais não avaliam
mais apenas o produto final ofertado, mas os impactos ambientais gerados na sua
produção.
Nesse contexto, as normas ambientais internacionais surgem para direcionar a
implantação de um sistema de gestão ambiental, cujas certificações servem como re-
ferência para a comparação entre as empresas.
Merece destaque a série de normas ISO 14000, que norteia a padronização de
princípios e procedimentos visando à garantia de uma qualidade ambiental mínima do
sistema de gestão reconhecido globalmente.
A norma tem requisitos baseados no ciclo PDCA (plan: planejar; do: executar;
check: verificar; action: agir).
A etapa de planejamento engloba a identificação e classificação dos aspectos
ambientais, o levantamento dos requisitos legais aplicáveis e a definição de objetivos e
metas ambientais (SCHWANKE, 2013).
A etapa de implantação compreende a nomeação dos responsáveis, estruturação
de treinamentos, elaboração de procedimentos operacionais e demais documentações
técnicas.
A etapa de verificação corresponde às ações de medição, comparando-se com os
resultados esperados no planejamento e também baseados na legislação ambiental.
Normalmente fazem-se auditorias em todo o sistema e sempre que necessário dispa-
ram-se ações de adequação, avalizadas pela alta direção da organização.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 196
Na etapa de ações, o sistema de gestão ambiental é aperfeiçoado com base nos re-
sultados das medições já feitas nas auditorias. O ciclo reinicia-se com a execução de um
novo planejamento das ações para a introdução das alterações na política ambiental.
Ciclo PDCA
Planejar
Onde estamos e para
onde queremos ir?
Agir
Ações de melhoria Executar
contínua Implantação
Como estamos
indo?
8.3 Tecnologia
Novas tecnologias surgem a todo momento e devem sempre ser objeto de aten-
ção dos gestores das operações tanto com o objetivo de implementarem seus resulta-
dos como o de se adequarem às tecnologias que se infiltram nos processos e precisam
ser absorvidas para a manutenção da competitividade. Apresentamos a seguir algu-
mas tecnologias implementadas nos vários processos das organizações.
Na área de desenvolvimento do produto, com o objetivo de redução do custo e do
tempo de desenvolvimento, utilizam-se protótipos virtuais, sistemas CAD interligados
com as bases de dados do ERP, além do maior envolvimento de fornecedores especialis-
tas como parceiros no desenvolvimento. No planejamento e controle da produção es-
Tag
Antena
Chip
Antena Leitor Computador
Pedidos,
Faturas
etc.
Recibos,
Invoices
etc.
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vezes até de sobrevivência em relação
aos concorrentes do mercado. Assim, a
empresa que tem seus processos princi-
pais construídos e geridos por meio de
conhecimentos de bom nível também poderá formar uma rede de assistência mais es-
truturada e oferecer produtos com melhor qualidade, mais adequados à demanda do
mercado, mais bem projetados e eficientes etc.
O conhecimento pode ser adquirido de fora da empresa, assim como desenvol-
vido internamente. Cada categoria tem suas peculiaridades: se por um lado o conhe-
cimento interno normalmente tem maior potencial para diferenciação da empresa,
por outro pode demandar mais tempo e recursos para seu desenvolvimento e aplica-
ção. Assim, muitas vezes a busca de conhecimentos de fontes externas é recomendá-
vel quando se necessita de retorno mais rápido e confiável. Há algumas décadas era
comum uma empresa ter alto nível de verticalização, produzindo as próprias matérias-
-primas e insumos em vez de adquiri-los de empresas externas, especialistas em cada
área e com know-how mais atualizado.
É importante também perceber a gestão do conhecimento como parte do
processo de inovação da organização. Normalmente, as inovações surgem do proces-
so de compartilhamento de conhecimento entre os colaboradores e parceiros, no qual
tanto maior será a qualidade da inovação obtida quanto mais intensas são as práticas e
tecnologias colaborativas aplicadas. Uma cultura colaborativa orientada a equipes não
gera benefícios se não existirem ferramentas adequadas que viabilizem a colaboração
(LAUDON, 2010).
Algumas ferramentas de uso comum nas organizações:
GESTÃO DA PRODUÇÃO 200
Agendamento de compromissos.
Mapa mental.
Quadro branco.
Flexibilidade de processo.
Planejamento e controle da
Compromisso entre critérios de desempenho.
capacidade
Sensibilidade de demanda.
Risco de falta de suprimento.
Grau de deterioração.
Planejamento e controle de Possibilidade de terceirização.
suprimentos (suply chain, es-
toques) Requerimentos de armazenamento.
Capacitação de fornecimento.
Requisitos de relacionamento.
Gerenciamento e controle da Requerimentos de qualidade.
qualidade Potencial de melhoramento dos processos.
Arranjo físico fabril Requerimento de recursos e espaço das instalações.
Fonte: SLACK, 2009. (Adaptado).
execução conjunta das tarefas pelo tempo necessário. Dessa forma, a organização
pode estrategicamente dispor desses conhecimentos, que não mais ficam limitados
a poucos colaboradores. Essa situação é comum em empresas muito especializadas,
onde existem, por exemplo, processos críticos com etapas manuais.
É importante ainda ressaltar a importância do gerente de produção na criação e
disseminação dos conhecimentos explícitos ou implícitos para o cumprimento dos com-
promissos com tranquilidade e o melhoramento contínuo dos processos. Para isso é
necessário que o gestor tenha, além da visão de atingimento de metas imediatas, um
planejamento estratégico que inclua a gestão do conhecimento com a prioridade devida.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 204
Referências
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Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice-Hall, 2005.
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operacionais. Rio de Janeiro: Centro de Estudos em Logística – COPPEAD – UFRJ,
2002.
LAUDON, K.; LAUDON J. Sistemas de Informação Gerenciais. 9. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2010.
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Fortaleza: XXVI ENEGEP, 9-11 out. 2006.
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 2009.
ROJAS, P. Introdução à Logística Portuária e Noções de Comércio Exterior. Porto
Alegre: Bookman, 2014.
SCHWANKE, C. Ambiente: tecnologias. Porto Alegre: Bookman, 2013.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.