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Diuner Mello - Paraty Estudante
Diuner Mello - Paraty Estudante
Diagramação e Capa
Cláudio Marcelus Teixeira
Márcio Franco - (Sócio IHAP): Reconstituição do sinete da vila em cores
M46p
Mello, Diuner
Paraty Estudante/ Diuner Mello; Instituto Histórico e Artísti
co de Paraty e Valle Sul Construtora Ltda.; Guaratinguetá, SP; Frei Galvão Gráfica
e Editora, 2006
75 p. il.
l. História do Brasil
2. Paraty, RJ: História
I - Título
CDD 981.532 pa
1ª Edição: Agosto/2006
Índice:
Apresentação
Prefácio
Dados Gerais __________________________________ 01
Símbolos Municipais ____________________________ 11
Breve Histórico ________________________________ 15
Cronologia Histórica ____________________________ 24
Monumentos Religiosos _________________________ 29
Monumentos Civis e Militares ____________________ 36
Vultos Ilustres _________________________________ 47
Lendas _______________________________________ 49
Festas Religiosas e Populares _____________________ 52
Danças Folclóricas _____________________________ 59
Artesanato ____________________________________ 62
Culinária _____________________________________ 65
Bairros da Cidade e Outras Localidades _____________ 66
Toponímia ____________________________________ 77
Bibliografia ___________________________________ 79
Publicações Sobre Paraty ________________________ 81
Apresentação
Agradecemos especialmente a:
DADOS GERAIS
Aspectos físicos
Extensão Territorial: 930,7 Km²
Limites: ao Norte com Angra dos Reis (RJ)
ao Sul com Ubatuba (SP)
a Leste com o Oceano Atlântico
a Oeste com Cunha (SP)
Coordenadas: Latitude Sul: 23º56’26’’
Longitude Oeste: 46º19’47’’
Altitude da sede : 2 metros acima do nível do mar
Clima: tropical, quente e úmido
Temperaturas: Máxima 38º; Mínima 12º e Média anual 27º.
Índice pluviométrico anual: 2.384 mm.
População: Urbana: 14.066 hab.
Rural: 15.478 hab.
Total: 29.544 hab.(Censo 2000/IBGE)
Baía de Paraty: Parte integrante da Baía da Ilha Grande, abriga inúmeras praias e
ilhas. Dentre as praias mais importantes por sua beleza ou extensão podemos citar:
Batangüera, Tarituba, São Gonçalo, Prainha da Praia Grande, Jabaquara, Pontal,
Paraty Mirim, Praia Grande e Pouso da Cajaíba, Sono, Antigos e as da Trindade:
Cepilho, de Fora, do Meio e do Caixadaço. As mais importantes ilhas são: do Araújo,
do Algodão, da Cotia, do Cedro, Deserta, Sapeca, Mantimento e das Bexigas.
Aspecto Administrativo
O Município divide-se em três distritos:
Primeiro: a Sede: Paraty, que tem por limite ao Norte o Rio Taquari e ao
Sul o Rio dos Meros;
Segundo: Paraty Mirim, limitado pelo Rio dos Meros e a
divisa com Ubatuba;
Terceiro: Tarituba, que compreende a área entre o Rio Taquari e a divisa
com Angra dos Reis.
O Município é administrado por um Prefeito, eleito a cada quatro anos, possui
Câmara de Vereadores, composta por 9 vereadores, também eleitos a cada quatro
anos. O Poder Executivo subdivide-se em várias Secretarias e Departamentos.
É Comarca de 1ª Entrância, com Vara Cível, Criminal, Promotoria e Defensoria
Públicas, Juizado de Pequenas Causas.
Educação e Cultura
A rede de ensino no município conta com 46 unidades escolares, assim
distribuídas:
Ensino Fundamental: 33 escolas municipais
4 escolas estaduais
5 escolas particulares
Ensino Médio: 2 escolas estaduais
2 escolas particulares
Curso Profissionalizante: 1 escola estadual
1 escola particular
Bibliotecas Escolares: 2 estaduais
1 municipal
Biblioteca Pública: Biblioteca Municipal Fabio
Villaboim
Museu de Arte Sacra -federal
Museu de Mineralogia - particular
Centro de Artes e Tradições Populares - federal
Pinacoteca Marino Gouveia - IHAP
Muitas organizações e entidades não governamentais dedicam suas
atividades à cultura. Dentre elas destacam-se: o Instituto Histórico e Artístico de
Paraty, mantenedor da Biblioteca Municipal, do Arquivo Histórico do município e da
Pinacoteca Marino Gouveia, que exibe valioso e importante acervo de artes plásticas;
a Associação Paraty Cultural, administradora da Casa da Cultura; a Associação Casa
Azul, organizadora da Festa Literária Internacional de Paraty; o Grupo Contadores de
História, proprietário do Teatro Espaço com espetáculos de teatro de bonecos e o Sítio
Ecológico Caminho do Ouro; O Silo Cultural José Kleber e a Associação Nhandeva.
Saúde:
O serviço público de saúde possui:
1 Hospital c/ 50 leitos (antiga Santa Casa de Misericórdia)
com Clínica Médica, Pediátrica, Obstétrica e Cirúrgica.
1 Centro de Saúde - CIS
1 Centro de Atendimento Psico-social - CAPS
1 Centro de Especialidades Odontológicas - CEO
7 Módulos da Estratégia de Saúde da Família
10 Sub Postos de Saúde
1 Laboratório de Análises Clínicas
1 Departamento de Vigilância em Saúde com Vigilância
Sanitária, Epidemiológica e Ambiental.
Vários consultórios médicos e odontológicos, laboratórios de análises clínicas, além
de uma clínica médica particular estão em funcionamento atualmente. Conta também
o município com farmácias e drogarias.
Saneamento Básico
O serviço de abastecimento d´água é de competência municipal e
atende a cidade e bairros limítrofes com água somente clorada; algumas localidades
rurais contam com pequenas represas junto a cachoeiras e rios, sem qualquer
tratamento.
Não existe tratamento sanitário de esgoto: as águas servidas são
despejadas nos rios sem qualquer tratamento.
Serviço de Comunicação
O Município dispõe de correio e telégrafo, telefonia fixa e celular, duas
emissoras de rádio, 2 jornais impressos e um via internet e provedores de internet.
Serviços Diversos
O Município conta com Delegacia de Polícia Civil, DPO da Polícia
Militar, Corpo de Bombeiros, Coletoria Estadual, Defesa Civil, Agência da
Capitania dos Portos, Bancos e
Escritórios do IBAMA, do DETRAN, do Instituto Estadual de Florestas, do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, do SEBRAE, da EMATER, da OAB e
da concessionária de energia elétrica, além de Fórum e Cartórios de Registro Civil,
Notarial, de Imóveis e Eleitoral.
As comunidades, tanto rurais como urbanas, têm associações de
moradores que lutam por melhorias em suas localidades e se unem no Conselho
Municipal de Associação de Moradores de Paraty - COMAMP e o Fórum de
Desenvolvimento Integrado e Sustentado - DLIS.
Transporte
As únicas rodovias que atendem o município são a Rodovia Mario
Covas (BR 101- Rio/Santos) e a Paraty-Cunha. A primeira pavimentada e de tráfego
permanente e a segunda pavimentada em parte e que por este motivo fica intransitável
por ocasião de fortes chuvas. Várias empresas são concessionárias deste serviço e
linhas de ônibus servem o município, ligando internamente seus povoados e às
cidades de Guaratinguetá, Ubatuba, Angra dos Reis, Rio de Janeiro e São Paulo.
Existe um pequeno aeroporto que permite o pouso de pequenas aeronaves, sem porém
existir linha de transporte diário e sim vôos charter.
Reservas Indígenas
Existem no Município duas Reservas Indígenas: a aldeia Araponga, na
localidade do Patrimônio e a Aldeia do Paraty Mirim. São índios oriundos do sul do
país, da etnia tupi-guarani , que aqui chegaram há pouco mais de 20 anos; pertencem
ao grupo Mbyá e se auto denominam “Nhandeva”, que quer dizer: “gente nossa” ou
“verdadeiro guarani”. Apesar das limitações físico-geográficas buscam preservar a
identidade e a cultura de suas nações e produzem rico e variado artesanato em cipós,
madeira , contas e sementes, que comercializam nas ruas da cidade.
Aspectos Sócio-econômicos
Paraty origina-se de um povoamento português junto a uma aldeia dos
índios guaianá, por volta do final do Século XVII. Sua população é conhecida
genericamente como caiçara - habitante do litoral sul do estado do Rio de Janeiro e
norte do Paraná - fruto da miscigenação de índios e brancos à qual se agregaram
depois a raça e a cultura dos negros africanos.
Vários foram os ciclos econômicos do município que, por ordem podem
assim ser definidos:
Ciclo Portuário 1600/1880;
Ciclo do Ouro 1700/1750;
Ciclo da Cana-de-açúcar 1700/1900;
Ciclo do Café 1800/1900;
Ciclo do Turismo 1960 até hoje.
O período compreendido entre 1900 e 1960 caracterizou-se por acentuada decadência,
uma vez que o porto de Paraty deixou de ser utilizado para a exportação do café e
outros produtos produzidos no Vale do Paraíba, os quais passaram a ser transportados
para o porto do Rio de Janeiro, através da estrada de ferro. Neste tempo o município
viveu da produção de café, milho, feijão, aves, ovos, farinha de mandioca, banana,
aguardente, peixe e camarões secos, tamancos e esteiras, vendidos nas cidades
vizinhas.
O Ciclo do Turismo iniciou-se com a construção da Estrada Paraty-
Cunha pela qual os paulistas vinham veranear e consolidou-se com a Estrada Mario
Covas - BR 101 (Rio/Santos) que transformou o turismo sazonal em diário. Hoje
Paraty é o 18º destino turístico do País e o 5º na demanda de franceses e ingleses. Em
razão deste movimento implantaram-se aqui mais de duas centenas de hotéis e
pousadas, cerca de 50 restaurantes, mais de uma dezena de agências de turismo, cerca
de 100 embarcações destinadas exclusivamente ao turismo náutico, além da
exploração dos atrativos culturais e naturais, das trilhas centenárias ou não e das festas
religiosas e populares.
Em razão da fama de excepcional qualidade de sua aguardente, a
produção deste destilado tomou novo alento com mais de sete engenhos que seguem a
tradicional técnica de fabricação.
O artesanato local, que compreende cestaria, colcha de retalhos e
trabalhos em madeira, se qualificou e melhorou sua produção, agregando-lhes maior
valor, qualidade e beleza. A localidade do Mamanguá despontou como centro
produtor de miniatura de barcos em caixeta, remos e outros produtos em madeira,
além de covos (armadilha para peixes) e tapitis ou tipitis (cesto para prensar
mandioca) e esteiras.
A produção de farinha de mandioca, típica da região, foi ampliada
sensivelmente, existindo hoje mais de 50 casas-de-farinha. É a farinha mais usada na
culinária local, seja em residências ou em restaurantes.
Recentemente Paraty passou a ser considerada pólo gastronômico em
razão de seus inúmeros restaurantes e pela diversidade de sua culinária. Existem
restaurantes de típica cozinha caiçara, francesa, italiana, tailandesa, japonesa, indiana
e vegetariana. À qualidade alia-se a generosa quantidade servida. Tal é a fama de sua
gastronomia que aqui se realiza, anualmente, a Folia Gastronômica com a presença de
chefs famosos do Brasil criando iguarias com os produtos locais.
Hoje portanto, a economia paratiense pode ser assim distribuída: 75%
direta e indiretamente do turismo; 15% da pesca; 10% da indústria de aguardente e
agricultura.
O Nome “Paraty”
O nome Paraty, segundo Teodoro Sampaio, ilustre geógrafo e historiador brasileiro,
em “O Tupi na Geografia Nacional”, significa: jazida do mar, o golfo, lagamar e
informa ainda, não confundir com Pirati: peixe da família das tainhas muito comum
na região. Alguns historiadores porém acreditam e informam que o nome da cidade se
originaria do nome do peixe, outros que seria “viveiro de peixes”. Melhor a definição
de Teodoro Sampaio.
Outra dúvida atual é a grafia correta do nome do Município e cidade, se com “y” ou
com “i”. O governo municipal adota a grafia Paraty. Originalmente, no Séc. XVI ,
escrevia-se “Paratii”, isto para informar que a palavra era oxítona. Ao longo do Século
XVIII começaram a aparecer em documentos diversas formas gráficas: Paratii, Paraty,
Parathy e até mesmo Pirati, porém a forma mais usual era a grafia com Y, letra então
recém-adotada pelo alfabeto português. Essa grafia ficou sendo utilizada até a reforma
ortográfica de 1943, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
resolveu alterar a grafia antiga e consagrada. E fez isto contrariando o Vocabulário
Ortográfico Oficial, aprovado pela Academia Brasileira de Letras que diz: “os
topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua grafia,
quando esteja já consagrado pelo consenso diuturno dos brasileiros. Sirva de exemplo
o topônimo “Bahia” que conservará esta forma quando se aplicar em referência ao
Estado e à cidade que tem esse nome”. A grafia Paraty era, àquela época e ainda hoje,
mais que secular, portanto o município está cumprindo a legislação.
Para se cumprir a citada legislação, Paratiense se escreve com “i”.
SÍMBOLOS MUNICIPAIS
O Brasão
A Bandeira
O Hino Oficial
Exaltação a Paraty
A Bela Adormecida
Vida!
Como é boa para a gente viver
Amo!
Como é bom a gente amar aqui
Na praça, no cais, na praia...
Tudo isso é Paraty
É Paraty, é Paraty!
BREVE HISTÓRICO
CRONOLOGIA HISTÓRICA
Século XVI
Século VII
Século XVIII
1767 -Inauguração oficial do novo caminho entre Rio e Minas pela Serra dos Órgãos,
que encurtava em muitos dias aquele, via Paraty.
1778 - Paraty já possuía 70 engenhos de destilação e produziu naquele ano 1554 pipas
de 470 litros cada uma (730.380 litros) de aguardente de primeira linha.
1781 - Uma sumaca parte de Paraty para Buenos Aires com aguardente e escravos.
1790 - Havia 92 engenhos de aguardente em funcionamento em Paraty e a população
era de 6.672 homens livres e escravos (sem contar mulheres e crianças), sendo 69% de
origem rural.
1799 - Funcionam na província do Rio de Janeiro 616 engenhos de açucar e 213 de
aguardente, sendo 100 em Paraty e a população da Vila é de 8.025 habitantes.
Século XIX
Século XX
MONUMENTOS RELIGIOSOS
Originalmente uma torre ao lado desta igreja pertencia à Câmara Municipal, que a
mandou construir em 1844 como torre sineira da Câmara. Esta torre, comum a todas
as casas de Câmara e Cadeia da época, destinava-se a convocar o povo para ouvir a
leitura de editais e proclamas e dar alarme por ocasião de desastres naturais como
enchentes, incêndios ou possíveis ataques e invasões. A atual torre lateral, em
alvenaria, data de 1852, conforme solicitação da Irmandade, registrada no Livro de
Atas da Câmara Municipal. O costume de soar o sino para avisos de alarme
permaneceu até bem pouco tempo.
Passos da Paixão
As Irmandades Religiosas
MONUMENTOS CIVIS E
MILITARES
Câmara Municipal
Casa da Cultura
Chafariz de Mármore
Apesar da beleza de sua fachada é uma das últimas construções do Séc. XIX. Nela já
se notam elementos que caracterizam o estilo “Belle Epoque”, como as volutas das
colunas,o gradil das sacadas e os batentes de granito em seus dois pavimentos. Sobre
a platibanda, que arremata a cimalha de telhas de louça pintada, existiam cinco
estátuas, provavelmente representando os cincos continentes, que foram vendidas na
década de 1930.
Fortes e Fortalezas
O Portão de Ferro
O Cais do Porto
Banca do Pescado
Ruas e Praças
A Malha Urbana
Antigas Fazendas
Das centenas de fazendas aqui existentes poucas restaram e, dentre
estas, sobressaem a Fazenda da Itatinga, do Bom Retiro, do Bananal e da Boa Vista.
Nesta última, que se situa em frente à cidade, viveu até seus oito anos, Julia da Silva
Bruhns, mãe do escritor alemão Thomas Mann, prêmio Nobel de Literatura. Júlia
nasceu em Paraty, filha de pai alemão, Johan Ludwig Herman Bruhns, e mãe
brasileira, Maria Senhorinha da Silva, na região da Graúna e rio Pequeno em 14 de
agosto de 1851. Após a morte de sua mãe foi levada por seu pai para a Alemanha e lá
se casou com o Senador Alemão Thomas J. Heirinch Mann.
Quase todas as fazendas destinavam-se ao plantio de cana-de-açúcar e à
produção de aguardente e farinha de mandioca. Grande era a quantidade e excelente a
qualidade da aguardente aqui produzida que acabou adotando o nome da cidade. Até
meados do século passado pedia-se nos bares uma Paraty e não uma cachaça. No
Século XIX muitas fazendas substituíram o plantio de cana por café, então
comercialmente mais rendoso.
Com a decadência do município no final dos oitocentos e início dos
novecentos, as fazendas e os engenhos foram sendo abandonados, porém restaram na
região moradores que deram origem a pequenos povoados como Mamanguá, Pedras
Azuis, Corisco, Penhas e Graúna, entre tantos outros.
VULTOS ILUSTRES
Algumas personalidades destacaram-se na história de Paraty. Eis
algumas delas:
Francisco do Amaral Gurgel. Nasceu no Rio de Janeiro. Em 1710, quando era Capitão
Mor em Paraty, conduziu 580 homens armados, municiados e pagos para defender a
cidade do Rio de Janeiro invadida pelo corsário francês Duguay Trouin.
Manuel Eufrázio dos Santos Dias. Nasceu em Paraty a 8 de Junho de 1840 e faleceu
em 2 de outubro de 1915. Participou da
Guerra do Paraguai onde se sobressaiu por sua valentia e coragem. Recebeu a
patente de Marechal de Campo. Era Cavaleiro da Ordem de São Bento, Cavaleiro
Oficial da Ordem da Rosa, Oficial da Ordem de Avis e recebeu a Medalha de Ouro
por Mérito Militar.
Maria Jácome de Mello. Não se conhece o local nem data de seu nascimento e morte.
O historiador Alípio Mendes situa seu nascimento em Angra dos Reis, no início de
1600 e sua morte no final daquela centúria. Doou as terras entre os Rios Perequê Açu
e Patitiba, que faziam parte de sua sesmaria, para a construção do povoado de Paraty.
A Serpente da Matriz
Conta que uma criança, filha de um relacionamento extraconjugal foi
enterrada viva sob os pés de imagem de Nossa Senhora dos Remédios. Por
encantamento esta criança transformou-se em uma grande serpente, cuja cabeça fica
sob os pés de imagem da Virgem e o corpo se estende ao longo do Rio Perequê-açu.
Se algum dia tirarem a imagem do lugar, a serpente, livre, se movimentará e destruirá
a cidade. Outra versão diz que o encantamento se quebrará se a criança-serpente for
amamentada por uma virgem.
O Tesouro da Trindade
Diz-se que na região da Trindade foi enterrado por piratas ingleses um
fabuloso tesouro, fruto de saque à Catedral de Lima, no Peru e que sua localização
estaria indicada em estranhas inscrições nas pedras junto à praia do Caixadaço. No
século passado, muitas pessoas, munidas de mapas e informações orais, vasculharam
a região à procura deste tesouro, não conseguindo encontrá-lo. Encontraram somente
restos de móveis e muitas ossadas humanas que, transportadas para a praia deram
origem ao cemitério local. Dizem os antigos paratienses, que este tesouro teria sido
encontrado pelo armador naval Roque José da Silva, razão de sua imensa fortuna, que
após sua morte foi herança de sua filha Geralda Maria da Silva. Parte desta riqueza
teria sido aplicada nas obras de construção da nova Igreja Matriz.
A Mãe do Ouro
Conta-se que a Mãe do Ouro, um encantamento, dona de um grande
tesouro em ouro, tem três moradas na região: na toca do Ouro, no Pico do Frade e no
Morro do Cairuçu. A cada sete anos ela muda de moradia e quem estiver no local em
que ela chegar e ver onde guarda seu tesouro passará a ser dono da imensa fortuna.
FESTAS RELIGIOSAS
E POPULARES
Outras Festas
A festa de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira da cidade, é somente uma festa
religiosa, com ladainhas, missas e procissões. Celebra-se de 30 de agosto a 8 de
setembro.
A festa de Santa Rita é realizada em sua igreja, no terceiro domingo de
julho, e consta, também, de ladainhas, missa e procissão.
A Festa de São Pedro, padroeiro dos pescadores, acontece na Ilha do
Araújo com novena preparatória e uma belíssima procissão marítima que sai do cais
de Paraty até a ilha. É uma festa móvel que se realiza no domingo mais próximo ao
dia 29 de Junho, dia do santo.
No Bairro da Ilha das Cobras, celebra-se em 1º de Maio a Festa de São
José Operário, com grande participação popular, shows musicais e diversões.
Realizam-se na zona rural e litorânea muitas outras festividades
religiosas em homenagem aos padroeiros e padroeiras das comunidades lá existentes.
Todas as festa aqui costumam terminar com leilão de prendas, apresentações musicais
e fogos de artifícios.
Por ocasião de algumas festas religiosas, é comum a colocação, junto à
igreja, de um mastro votivo, pintado nas cores dedicadas ao santo, encimado por um
quadro com o registro do santo festeja, tanto na cidade como em todo o município.
Na cidade, algumas famílias ainda conservam a tradição de rezar
ladainhas aos seus tradicionais santos, como São João Batista, Santa Ana, Santa Cruz,
São Bom Jesus e São Pedro. São festas domésticas e particulares com a participação
de parentes e amigos.
Não mais se realizam as festas de Santo Antonio, com distribuição de
pão bento; de São Roque, quando se distribuíam fitas medidas no santo e usadas
contra as enfermidades epidêmicas e o Setenário de Nossa Senhora das Dores.
Sobrevive a de Santa Terezinha, com a distribuição de rosas bentas, por uma devota.
Carnaval:
A originalidade do carnaval paratiense está na presença dos mascarados, que
começam a aparecer logo depois do Dia de Reis. Caracterizam-se eles por vestirem
roupas enormes que lhes cobrem todo o corpo e usam máscaras feitas de papel machê.
Andam em grupos ou solitários, não falam, emitem ruídos e assustam os transeuntes,
especialmente as crianças. As máscaras mais comuns são as de caveira, de chifres e as
horrorosas e deformadas. São feitas por camadas superpostas de tiras de papel,
coladas com cola de trigo, sobre uma forma de barro. Não raro são feitas pelos
próprios brincantes para evitar que sejam reconhecidos. O tríduo carnavalesco é
animado por blocos e baterias e pela banda de música que percorrem o centro
histórico arrastando multidões, à moda dos trios elétricos. Destacam-se por sua
beleza, originalidade ou criatividade os blocos da Lama e os Assombrosos do Morro.
A Banda de Música Santa Cecília anima as ruas com suas marchinhas carnavalescas
tradicionais.
Como em todas as cidades do interior, as bandas de músicas animam todas as festas,
sejam religiosas, cívicas ou populares. Em Paraty sempre existiram bandas; as mais
conhecidas foram a Lira da Juventude e a Vinte e Cinco de Dezembro. A Sociedade
Musical Santa Cecília, atualmente participa das festas na cidade, na zona rural e
litorânea, e é composta por diversas pessoas da comunidade, das mais diversas
profissões.
Festival da Pinga:
Foi criado em 1982 pela Associação Comercial e Industrial de Paraty com a
finalidade de divulgar a tradicional aguardente local. A data escolhida, o terceiro final
de semana de agosto, tem a intenção de atrair turistas em um mês considerado de
baixa estação. Consta de stands dos engenhos produtores e shows musicais. A
produção de aguardente em Paraty data do séc. XVII e de tão famosa incorporou o
nome da cidade : Paraty é sinônimo de pinga. Em sua fabricação se destila o caldo de
cana fermentado e não o já fervido para apurar o açúcar.
DANÇAS FOLCLÓRICAS
Danças de Salão
O primeiro grupo é formado pelas danças que toda a população
conhece e participa; constituem um baile que antigamente chamava-se Chiba e hoje é
vulgarmente conhecido como Ciranda:
- Ciranda - Dança de roda, cavalheiros por fora e damas por dentro, que desenvolve
sua evolução na marcação do cantador. É costume que os músicos fiquem dentro da
roda para melhor organizar a dança. Durante o canto marcam-se as evoluções:
Balanceia, volta e meia volta, trocar de par, continuar com o mesmo par, Olha a
chuva, olha a cobra, é mentira, etc. Homens e mulheres postados em volta da roda de
dançadores aguardam o tumulto e a confusão criada pelos comandos “ troca de par e
mesmo par” para se misturarem e lhes roubar o par.
- Cana-verde-de-mão: Dança de origem portuguesa com características próprias no
Brasil, o que a diferencia. Formam-se grupos de dois pares que, ao som da música,
fazem evoluções: os homens dão uma volta em torno de sua dama tomando-a pela
mão e em seguida se dirigem à dama do outro par e fazem a mesma evolução em
sentido contrário. Lembra em muito o “grand chaine”, ou “garranchê” das quadrilhas
juninas. Dependendo da habilidade dos pares, as evoluções podem ser mais
aceleradas, mais lentas ou mesmo evoluir sem se tocar e a grandes distâncias.
- Cana-verde-valsada: Os pares dançam abraçados fazendo evoluções normais a uma
valsa.
- Canoa: música valsada na qual os pares dançam juntos por todo o tempo.
- Arara: É a mesma dança da canoa na qual um dançador, sozinho e de chapéu na
cabeça passeia entre os pares e à marcação do cantador: Olha o arara, olha o arara,
passa pra outro que o arara vai ficar, coloca o chapéu na cabeça de um rapaz e passa
a dançar com sua dama. Assim vai se repetindo e o último a ficar com o chapéu e sem
dama é o arara, ou seja o bobo.
- Marca de lenço: É igual a dança do arara, só que desta vez é uma mulher que fica
sem par e leva sobre seus ombros um lenço. Ao canto de estribilho coloca o lenço
sobre o ombro de outra mulher e lhe toma o par para dançar.
- Felipe: É uma dança em que os pares evoluem pelo salão abraçados até que ao
canto do refrão: Quá, quá, quá, quá, quá, namora Felipe que não faz má, os pares se
separam e a dama segurando a mão do par, gira em volta de si mesma e torna a se
abraçar com seu par.
- Caranguejo: Dança de roda na qual os pares dão-se as mãos, alternando-se homem e
mulher, rodando pelo salão. E obedecendo à marcação do cantador batem os pés e as
mãos, se enlaçam e rodam e os homens passam adiantam-se para dançar com a dama à
sua frente. Durante a evolução, os dançadores evoluem para o centro e para fora da
roda à marcação de Olha a onda.
Danças de Grupo:
ARTESANATO
Durante a festa do Divino Espírito Santo, em Paraty temos também a figura do Boi e
do Cavalinho.
Patitiba :
É um dos mais antigos bairros da cidade. Citações sobre este logradouro
são encontradas em documentos do Século XVIII. Seu nome - Patitiba - é um nome
indígena, tupi, e significa “lugar de muito pati”. O pati é uma palmeira que produz um
palmito amargo. Desdobrando a palavra : pati = palmeira de palmito amargo + tiba =
muito. Um rio, o Patitiba, era o seu limite ao sul e ao norte limitava-se com um
estreito canal, que se situava onde é hoje a Rua Jango Pádua. Na margem direita do
Rio da Patitiba, no final da Rua da Fortaleza, hoje chamada de Abel de Oliveira, foi
construída no início do Século XVIII uma fortaleza, que integrava o sistema defensivo
do porto de Paraty.
Documentos do Século XVIII informam que o acesso a este bairro se
fazia ao final da Rua do Comércio, chamada naquele tempo de Rua da Patitiba, no
lugar conhecido como “Buraco Quente”. O Dr. Samuel Costa, em seus artigos
publicados no jornal “A Razão” , com o título de “Paraty no anno da independência”,
informa que este era o bairro preferido dos tropeiros e marinheiros. Era conhecido por
suas arruaças domingueiras que, não raras vezes, levava a Milícia da Vila a intervir e
prender os arruaceiros. Era portanto, um lugar habitado por pescadores e pessoas
pobres e malvistas.
Juntamente com a Chácara é um dos primeiros bairros que surgiram,
exatamente, em razão do crescimento da vila e da valorização dos imóveis do centro,
o que expulsou os mais pobres para a periferia, isto ainda nos anos 1700. Porém, com
a decadência do município no final do século passado, seus moradores abandonaram
suas propriedades, que ruíram em grande parte.
Na metade deste século somente existiam neste bairro umas 3 ou 4
casas, todas na Rua da Patitiba, hoje chamada Dr. Derly Ellena. Neste tempo então,
com a abertura da Estrada Paraty-Cunha, que permitiu a vinda dos primeiros paulistas,
- os turistas - é que o bairro tornou a ser ocupado por maior número de moradias. A
especulação imobiliária levou os mais pobres a venderem suas propriedades no Centro
Histórico e passaram a construir e morar na Patitiba.
Hoje é um bairro que conta com boa infra-estrutura : serviço de coleta
de lixo, abastecimento d’água, limpeza das vias públicas, rede de iluminação pública e
residencial, ruas calçadas e asfaltadas. Não é só residencial, como também oferece
pousadas e hotéis e desenvolve pequeno comércio: farmácias, lanchonetes, bares,
supermercado e prestadores de serviço como locadoras de vídeo, dentistas, barbeiros,
etc.
Chácara :
É o primeiro bairro a surgir na cidade, ainda no Século XVIII e resulta
da expansão da vila, ao longo da Rua do Rocio, hoje Presidente Pedreira, que era o
acesso natural ao caminho da serra que ligava Paraty a São Paulo e às Minas Gerais.
Às margens desta rua, surgiram então as primeiras casas residenciais e comerciais.
Com a decadência do município, no final do Século XIX, muitas moradias ruíram,
restando apenas três do lado esquerdo e umas doze do lado direito. Os fundos das
casas desta rua eram ocupados por algumas chácaras, daí o nome do bairro. Estas
chácaras eram conhecidas pelos seguintes nomes:
• Chácara do Pe. Hélio Pires - terras do atual loteamento Parque Imperial;
• Chácara da Dona “Maroca” Gama - terras que ficam entre a Av. Roberto da Silveira e
a Chácara da Saudade, entre a Rua da Floresta e a Rua Alfredo Sertã;
• Chácara da Saudade, de propriedade do Sr. João da Silva Miranda - terras situadas
entre a Av. Roberto da Silveira e o Rio Mateus Nunes e a Rua da Floresta e a chácara
do “Seu Niquinho”;
• Chácara do Portão de Ferro - Desde a Av. Roberto da Silveira até o Rio Perequê-
açu e desde a Rua Oséas Martins de Almeida até onde está hoje a rua de acesso à
Ponte Hilton Silva, que liga o bairro ao Caborê.
• Chácara do “Seu Niquinho” de propriedade do Sr. Antonio Mello, daí a chácara ter
seu apelido - “Niquinho”. - terras que ficavam entre a Av. Roberto da Silveira e o
Rio Mateus Numes e onde está hoje a rua de acesso ao aeroporto e a Chácara da
Saudade.
O bairro está centrado na Av. Roberto da Silveira, sua principal via de comunicação e
acesso ao Centro Histórico. Constitui-se o bairro de inúmeras casas residenciais, de
comércio e serviços. Está classificado como Zona Mista no Plano Diretor do
Município. Neste bairro existe um lugar conhecido como “matadouro”, assim
chamado desde quando para lá foi transferido o matadouro municipal, que hoje não
existe mais..
Pontal :
Juntamente com os bairros da Patitiba e Chácara, é um dos mais
antigos da cidade. No princípio era composto por duas grandes propriedades. De uma
delas, em 1822, desmembrou-se uma parte para a construção da Santa Casa de
Misericórdia de Paraty. Limita-se este bairro com o mar, o Rio Perequê-açu, o Rio da
Jabaquara e terras do Caborê.
Sua ocupação foi, durante muitos séculos, esparsa e pouca. Mais
tarde, evitando a proximidade do hospital e a possibilidade de se contrair doenças
incuráveis, algumas construções começaram a surgir junto à ponte do citado rio.
Somente no século passado intensificou-se a construção naquele bairro, quando a
Colônia de Pesca Z 17 adquiriu uma área fronteira ao mar e nela permitiu o
assentamento de pescadores. Mais tarde a Municipalidade deu algumas áreas
marginais ao rio para paulistas e mineiros, que nelas construíram casas de veraneio.
Hoje, parte do Morro do Forte se acha construída e também a área que faz limite com
o bairro do Caborê.
Possui este bairro todas as melhorias que os outros e nele se situam
dois importantes monumentos históricos: a Santa Casa da Misericórdia, hoje Hospital
Municipal e o Forte Defensor Perpétuo. O primeiro data de 1822 e o segundo de 1703.
Nele também se situa o Cemitério Público Municipal, desde 1850, quando foi
transferido da Praça da Matriz por causa da epidemia de cólera que havia na cidade.
Sempre foi residencial, pouco é o comércio lá existente. Os seus
principais atrativos são a praia e a área junto ao Rio Perequê-açu, usada para a prática
de futebol e eventos.
Seu nome vem de sua conformação geográfica inicial: A praia
avançava muitos metros sobre o mar, formando uma ponta, daí - Pontal; O nome
original é “Pontal do Caborê”.
Jabaquara:
Na verdade este local só há pouco tempo passou a se chamar bairro da
Jabaquara; antes era praticamente, zona rural, devido ao seu isolamento do centro
urbano. Estranhamente em Paraty chama-se - A Jabaquara - e não - O Jabaquara -
como em São Paulo. Limita-se este bairro com o Rio Jabaquara, o mar, e a Estrada
Rio-Santos, nos fundos e em um de seus lados.
Sua ocupação era umas duas casas de pescadores, junto à praia e lá
existia um imenso caixetal. Somente em 1955, quando a empresa S. A Paraty
Industrial adquiriu esta propriedade e nela projetou um loteamento é que se
intensificou sua ocupação. Os lotes deste empreendimento imobiliário foram quase
todos vendidos a moradores das cidades do alto Vale do Paraíba, (Guaratinguetá,
Lorena, Cruzeiro e Piquete) que aqui queriam ter casas de veraneio. Infelizmente o
empreendimento não se implantou de imediato, ficando os lotes abandonados por
muitos anos; alguns foram invadidos e ocupados. Depois da construção da Estrada
Rio-Santos, o novo proprietário resolveu ativar o
loteamento, complementando a venda dos lotes restantes. A partir daí aceleram-se as
construções, possuindo o bairro, hoje, boas casas residenciais e pousadas. É servido
de rede de iluminação pública e residencial, bem como de água.
Possui dois atrativos interessantes: a praia, cuja areia preta serve de
pintura corporal ao “Bloco da Lama” no carnaval, e a Toca do Cassumunga, antiga
morada indígena, e valioso sambaqui arqueológico.
Jabaquara, na língua tupi quer dizer : o esconderijo ou refúgio de
fujões. Talvez se refira à própria Toca do Cassununga. E “cassununga”, também em
tupi, significa vespa zumbidora ou ruidosa; talvez seja o nome indígena para a
mamangava, que hoje chamamos de “furão”, comum naquela região nos meses de
verão.
Ilha das Cobras
A área onde está situado este bairro é resultado da abertura de um novo leito para o
Rio Patitiba, já então conhecido como Matheus Nunes, leito este aberto por ordem do
Padre Hélio Bernardo Pires, no meados do Século XX. Era, inicialmente, uma área
alagadiça onde as cobras, trazidas pelas freqüentes enchentes ficavam. Tinha por
limites, de um lado o novo leito do Rio Matheus Nunes, de outro o mar e nos outros
dois um canal que partia do Rio Mateus Nunes, em diagonal, para o mar. Daí o seu
nome de “Ilha”, pois ficava realmente separada do continente.
Seus primeiros habitantes foram o Sr. Augusto “Cobrinha”, o Sr. Estevão “Abóbora”,
o Sr. João Neves Martins e o Sr. Reinaldo de Souza Fontes. Com a abertura da
Estrada Paraty-Cunha, na década de 1950, e o início do que se chama “Ciclo do
Turismo”, muitas famílias começaram a vir da zona rural e costeira para a cidade à
procura de emprego e renda. Não tendo onde morar, instalaram-se nesta área, então
sem proprietário conhecido. Tempos depois, surgiu o Dr. Felipe Tortorella com título
de propriedade da área, já então razoavelmente povoada. A disputa entre os
posseiros/moradores e o proprietário durou alguns anos e resultou na aquisição da
citada área por parte da Prefeitura Municipal, que assim regularizou aquela situação
de conflito.
Com a construção da Estrada Rio-Santos, na década de 1970, muitas
propriedades rurais e costeiras foram cortadas pela rodovia, devendo seus
proprietários receber a respectiva indenização. Aconteceu que a maioria dos
moradores ocupava as terras rurais e costeiras sem qualquer título legal de
propriedade e assim, não podendo provar o domínio da terra, não podiam receber o
pagamento pelas terras desapropriadas. Sem ter onde morar ou plantar, vieram para a
cidade e passaram a residir naquele local, em casas miseráveis, construindo uma
verdadeira favela. Na área junto ao mar se instalaram os oriundos da região costeira
do município, que tinham na pesca seu principal trabalho e estavam mais
acostumados a conviver com o mar, suas enchentes e marés. Lá continuaram suas
atividades pesqueiras, a construção de canoas caiçaras e instalaram estaleiros para a
construção e reformas de pequenas embarcações.
Com o crescimento da população, o canal que separava a ilha da terra firme foi
sendo aterrado por seus moradores e pela municipalidade, resultando não ser mais
hoje uma ilha, guardando somente o seu nome de origem.
É hoje um bairro populoso, no qual não resta mais o aspecto de favela,
possuindo boas residências, pousadas, escola, comércio intenso e variado. Quase
todas as ruas têm pavimentação, iluminação pública, coleta de lixo e é atendida por
abastecimento d’água. Nele concentra-se um grande número de templos evangélicos e
uma igreja católica.
Alguns atribuem o seu nome “Ilha das Cobras” ao apelido de seu primeiro
morador, o Sr. Augusto “Cobrinha”, outros às cobras que se refugiavam na ilha
durante as enchentes do rio e lá ficavam.
Parque da Mangueira:
É a continuação natural da expansão do bairro da Ilha das Cobras,
mesmo antes de ser aterrado o canal que os separava. Limita-se de um lado com a
Ilha das Cobras, na Rua Central, e de outro com loteamento Portão de Ferro, com o
campo de pouso e o Rio Matheus Nunes.
A intensa ocupação deste bairro aconteceu pelas mesmas razões que na
Ilha das Cobras e deviam, na verdade, formar um só bairro. É hoje, provavelmente, o
bairro mais populoso da cidade, possuindo excelente comércio e serviços, ruas
pavimentadas, rede de iluminação elétrica e água. Nele está situada a maior e mais
importante escola municipal - a Escola da Mangueira.
Recebeu o nome de Parque da Mangueira por causa de uma grande e
velha mangueira, até hoje preservada e bem cuidada por seus moradores. Há uma
história interessante, do início do século passado, a respeito de uma mangueira
naquela região.Não se sabe se é a mesma que ainda existe. Diz a história que a esposa
de um juiz, por sofrer de moléstia respiratória, foi aconselhada por seu médico a
caminhar pelos campos, ao alvorecer, para respirar ar puro e medicinal. Certa
madrugada, andando por aquelas bandas, ouviu o choro de uma criança. Procurou e
encontrou, debaixo da copa de uma mangueira, um recém-nascido. Pegou-o e o levou
para casa, dando-lhe conforto, alimento, assistência e carinho. Resolveu então adotar
aquela menina e deu-lhe um nome bastante estranho : Violante Aurora do Brasil
Mangueira. Violante porque seria fruto de um amor escuso, violado; Aurora do Brasil
por que foi achada ao alvorecer, no Brasil; e Mangueira, para lembrar o lugar onde
fora encontrada. Foi levada a seguir para o Rio de Janeiro, onde cresceu e foi educada.
Dizem que, anos depois, veio a Paraty, conhecer o lugar em que havia nascido, e era
muito rica. Se a história é verdadeira, não se sabe.
Caborê :
É o bairro mais recente de Paraty e é o resultado da implantação de um
loteamento feito pelos herdeiros do Sr. Octávio Gama, há pouco mais de vinte anos.
Foi sendo implantado muito devagar, em grandes lotes, que depois foram
desmembrados em lotes menores.
Seus limites são o Bairro do Pontal, na altura da antiga Delegacia de
Polícia, o Rio Perequê-açu, a Estrada Rio Santos, as terras da Jabaquara e o rio do
mesmo nome.
Neste bairro está concentrado o maior número de hotéis e pousadas de
Paraty, mas também é área residencial, tranqüila e sossegada, com casas de muito
bom gosto, em grandes áreas verdes.
Seu desenvolvimento e crescimento somente aconteceram
recentemente, com a construção da Av. Octávio Gama, que margeando o rio, liga o
bairro ao Pontal à cidade e da Ponte Hilton Silva, que liga o bairro à entrada da
cidade. Suas ruas receberam, por sugestão de seus moradores, somente nomes de
pássaros e árvores.
Há grande divergência quanto ao seu nome: o lugar sempre foi
conhecido pelo povo da cidade e por seus proprietários como “Camborê”; seus atuais
moradores, reunidos em associação, decidiram que o bairro devia chamar-se
“Caboré”, pois não encontraram o nome - Camborê - nos dicionários da língua tupi, e
sim Caboré, que é uma pequena coruja. O Cartório do Registro de Imóveis de Paraty
possui livros, nos quais, desde o início do século passado, aparece o nome desta
localidade como “Caborê”. Optou-se pela forma ortográfica mais antiga, a registrada
nos documentos cartorários.
Paraty Mirim
É a sede do Segundo Distrito do Município. Nesta região situava-se uma importante
fazenda de açúcar e era o porto natural para embarcar a produção das fazendas da
região. Foi um importante núcleo populacional a ponto de chamar-se “Pequeno
Paraty”. A Frequesia de São João Batista do Mamanguá, criada pela Lei nº 14, de 13
de abril de 1836, foi transferida para o Paraty Mirim em 14 de Outubro de 1853,
quando a igreja, alfaias, terrenos destinados a cemitério, casa de escola e residência do
pároco foram compradas de Manoel José de Souza, proprietário daquela fazenda, pelo
Governo Imperial. Recebeu por Orago Nossa Senhora da Conceição através do
Decreto nº 717, de 21 de Outubro de 1854, confirmada por Deliberação de 18 de
Janeiro de 1855. Em suas terras está situada a aldeia Nhandeva, dos índios Guaranis.
Possui belíssima praia, manguezais extensos e grandes ilhas em sua abrigada enseada.
A memória local registra a venda de escravos naquela praia.
Tarituba
Sede do Terceiro Distrito do Município. É um povoamento de pescadores e exibe a
vida mansa e pacata da gente afeita às lides do mar. As águas calmas de suas praias
atraem inúmeros visitantes durante todo o ano. Já serviu de cenário para filmes e
novelas. Seus moradores guardam com carinho e cultivam suas mais caras tradições
como as festas religiosas e principalmente suas danças. Somente lá se conservam
algumas das danças típicas de Paraty como o Cateretê e o Tira o Chapéu.
Trindade
Região litorânea ao sul do município teve sua ocupação iniciada em
princípios do Século XX por famílias vindas do norte do estado de São Paulo. Na
década de 70 daquele século, sofreu intensa e violenta ação por parte dos proprietários
da Fazenda Laranjeiras que queriam expulsar os moradores para lá construir um
condomínio de alto luxo. Resistiram bravamente a todas as tentativas de expulsão e
transformaram o lugar em importante pólo turístico em razão da beleza de suas praias,
mata e cachoeiras. Abriga hoje inúmeras pousadas e restaurante e é a localidade mais
visitada depois da cidade. Seus moradores costumam chamá-la de Vila da
Trindade.Esteve sempre presente no imaginário dos moradores de Paraty uma lenda
sobre a existência naquela região, de um rico tesouro, abandonado por piratas, e, não
raro foram os aventureiros que o buscaram, nada encontrando porém.
Mamanguá
O Saco do Mamanguá é uma extensa reentrância na costa que permite
a entrada do mar por cerca de 8 Km. Abriga grandes mangues, verdadeiro berçário
marinho de grande importância para o povoamento das águas da Baía da Ilha Grande.
Nos Séculos XVIII e XIX muitas fazendas distribuíam-se por aquela região e, conta a
lenda local, que lá eram vendidos clandestinamente, os escravos desembarcados na
região do Pouso da Cajaíba, após a proibição legal do tráfico negreiro. A comunidade
dedica-se à pesca e à produção de artesanato em madeira, especialmente as miniaturas
de barcos, gamelas, remos, esteiras, covos e tapitis.
TOPONÍMIA
Fontes:
• Câmara Municipal de Paraty
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE
• Instituto Histórico a artístico de Paraty
• Biblioteca Municipal Fábio Villaboim
• Secretaria Municipal de Educação de Paraty
• Secretaria Municipal de Saúde de Paraty
Romances e outros