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Atualidades em Psicologia Da Saúde
Atualidades em Psicologia Da Saúde
Atualidades em psicologia
da saúde. São Paulo: Thomson, 2004. 185 p. ISBN 852210428X.
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Vários autores
Bibiliografia
ISBN 85-221-0428-X
04-0535 CDD-155.916
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THOMSON
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Impresso no Brasil.
Printed in Brazil.
1 234 06 05 04
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser
reproduzida sejam quais forem os meios empregados sem a permissão, por
escrito, da Editora. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos
102, 104, 106 e 107 da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 85-221-0428-X
1. Angerami — Camon,
Valdemar Augusto.
04-0535
CDD-1 55.916
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Apresentação
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Os Autores
Gildo Angelotti
Psicólogo Clínico, Docente da Universidade São Marcos e da Pós-graduação
em Medicina Comportamental do Depto. de Psicobiologia da
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Sumário
Capítulo 1 - 1
Capítulo 2 - 29
Preservação da Saúde Mental do Psicólogo Hospitalar
Aidyl M.de Queiroz Pérez-Ramos
Capítulo 3 - 61
E o Tratamento se Inicia na Sala de Espera...
Silvia Martins lvancko
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Capítulo 4 - 85
A Dor no Estágio Avançado das Doenças
Maria Margarida Mi. de Carvalho— Magui
Capítulo 5 - 103
Tratamento Cognitivo-Comportamental do Alcoolismo
Gildo Angelotti
Capítulo 6 -135
A Racionalidade Médica Ocidental e a Negação da Morte, do Riso, do
Demasiadamente Humano
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Capítulo 1
Introdução
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fórum privilegiado de discussão. É um trabalho que se soma a outros, escritos
igualmente sobre psicologia da saúde, que procura traçar novas perspectivas
de desdobramentos de atuação nessa área que se descortina como sendo a
psicologia do século XXI.
Breve Reflexão
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de intervenção reflexivas. Também é necessário que enfatizemos quantas
vezes forem necessárias que a nossa preocupação conceitual é com a
concepção de uma psicologia eminentemente brasileira e que possa, assim,
contemplar as nossas necessidades socioculturais. Respeitamos as reflexões
feitas por colegas de outros países, principalmente aquelas efetivadas em
países latino-americanos, mas queremos, antes de qualquer outro balizamento,
o estabelecimento de parâmetros que sejam inerentes à nossa realidade.
Desse modo, divergências e excludência conceitual serão tidas, simplesmente,
como meras digressões teóricas que se excluem diante de nossa realidade. O
nosso olhar é totalmente direcionado para a realidade do homem brasileiro, do
excluído das teorizações realizadas no Primeiro Mundo. Falamos de um
homem desesperançado, que a cada eleição presidencial perde um pouco de
sua esperança de uma vida digna e sem o aviltamento das elites
socioeconômicas. De um homem que sofre na pele a sina de ser brasileiro, de
ser alguém que sofre com os desígnios da opulência e do arbítrio dos
banqueiros. Uma gente que assiste à miséria se espraiando por todos os
cantos sem ter quem a defenda desse estado de coisas.
outros países nada mais são do que uma conversão que fazemos para o
interior da nossa própria realidade conceitual. E sem demérito a quem quer que
seja estamos construindo uma conceituação teórica sobre a nossa realidade
por mais que possa desagradar a um sem- número de estudiosos que vivem
debruçados sobre teorias construídas em outras realidades que sequer
tangenciam a nossa condição sociocultural. Uma conceituação que possa
considerar o ranger de dentes da nossa precariedade existencial, na qual todos
os nossos esforços de construção teórico-filosófica esbarram em nossa própria
pobreza sociocultural, que, embora apresente em alguns segmentos requintes
semelhantes àqueles encontrados nos países de Primeiro Mundo, na maioria
dos casos são revestidos de uma quase total falta de embasamento de
condições mínimas necessárias para reversão desse quadro tão desolador. O
que assistimos praticamente sem alternância é o apego dos nossos
profissionais a teorizações que sequer consideram a nossa especificidade.
Desse modo, encontraremos desde concepções teóricas estanques diante de
nossas mudanças estruturais até devaneios que impregnam a tudo e a todos
de um psicologismo simplista. É dizer que a cada dia necessitamos de uma
nova reestruturação de nossos postulados teóricos para não corrermos o risco
de ficar à margem de nossa própria história.
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Sempre é bom lembrar que o século XX apresentou, desde sua metade até o
final, um teor de desenvolvimento tecnológico que supera todos os períodos da
história. Assim, qualquer previsão que se faça sobre o novo século que
estamos vivendo é, no mínimo, ingênua, pois a velocidade com que as
transformações e avanços tecnológicos se sucedem superam as mais otimistas
das expectativas. E, no campo do conhecimento envolvendo o comportamento
humano, as novas descobertas da fisiologia estão deixando muitas das
teorizações efetivadas na tentativa de compreensão do homem
contemporâneo. E, de maneira estonteante, assistimos, igualmente, a uma
sucessão indescritível de necessidades que são impostas e que de alguma
maneira acabam se transformando em instrumento de pressão gerador de
muito estresse emocional. Ou é possível negar-se o sofrimento gerado pelo
consumismo de nossa sociedade em nossos adolescentes? Ou ainda a
necessidade que se estabelece de consumos intermitentes dos mais diferentes
objetos impostos pela tecnologia moderna? Basta se considerar, por exemplo,
o paradoxo existente em nossa sociedade, na qual, ao lado de automóveis e
celulares importados, assistimos a um sem-número de pessoas lançadas na
sarjeta sem teto ou qualquer tipo de proteção. Falamos em uma nova
sociedade e convivemos com
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Somos uma realidade que se mostra cada vez mais frágil e cada vez mais
dependente de modelos teóricos importados de outros centros acadêmicos.
Não temos como construir uma nova realidade teórica enquanto não voltarmos
as nossas preocupações unicamente para a nossa historicidade e para a
peculiaridade de nossa população.
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A psicologia hospitalar tem seu início em uma data que se configura até
mesmo como precedente do próprio reconhecimento da
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ruas em busca de abrigo para o frio e a chuva; ao mesmo tempo que a mais
avançada tecnologia permite que nos comuniquemos com diversas pessoas
simultaneamente, nos mais diferentes lugares, assistimos igualmente ao
espetáculo deprimente de crianças fazendo malabarismo do mais rudimentar
nos semáforos em busca de míseras moedas; paralelamente à existência de
requintadas mansões nos bairros nobres das nossas principais cidades, existe
um amontoado interminável de barracos compondo favelas da mais triste
configuração arquitetônica. E a psicologia também traz em seu bojo o reflexo
dessas contradições, pois ao mesmo tempo que se propõe a ser libertária,
apresenta-se com modelos estanques de compreensão da condição humana.
Nesse sentido, até práticas que se propõem a ser libertárias como a ―psicologia
comunitária‖, a ―psicologia hospitalar‖ etc. estão, muitas vezes, solidificadas em
embasamentos teóricos distantes de maneira abismosa de nossa realidade
social. É dizer que até mesmo quando buscamos a libertação de nossa
condição de estrangulamento socioemocional vamos ao encontra de um
instrumental teórico que perde sua eficácia diante de nossas peculiaridades. A
psicologia, assim, se alinha com outras áreas do saber que, igualmente, estão
sedimentadas em outras realidades sociais e se distancia das especificidades
brasileiras. É cada vez mais importante trazer-se à tona das discussões sobre
a eficácia de abrangência da intervenção psicológica o célebre pensamento de
Maslow, segundo o qual somente após realizar suas necessidades básicas de
sobrevivência é que o homem pode pensar em quesitos como autocrescimento
e autoconhecimento. O que não significa necessariamente afirmar-se que
alguém que vive
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que digam respeito apenas ressaltar nesse ponto que não somos contrários
aos avanços obtidos pela psicologia nos mais diferentes segmentos sociais,
apenas queremos enfatizar ser preciso que essas conquistas representem uma
nova dinâmica no quesito de necessidades de intervenção psicológica, e não
apenas um mero acoplamento determinado pelas nossas necessidades
mercadológicas. É na psicologia que se depositam as esperanças de
construção de uma sociedade mais saudável do ponto de vista emocional,
derivando daí, inclusive, uma nova configuração da saúde física em sua
totalidade.
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A rapidez com que as informações circulam pela Internet, exigindo que todos
aqueles que minimamente tenham algum compromisso acadêmico estejam
continuamente ligados a essa rede, é indício da necessidade da constante
atualização exigida na realidade contemporânea. Basta se comparar, por
exemplo, que apenas há uma década para se fazer uma pesquisa acadêmica
era necessário uma série de visitas
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hoje, uma plenitude de produção teórica e acadêmica que lhe assegura lugar
de destaque na proeminência das ciências contemporâneas. E, ao contrário de
outras áreas nas quais se buscam o consenso e a uniformidade teórica, temos
na psicologia um universo cada vez mais amplo de ideias e teorizações que,
debatidas, geram inúmeras outras abordagens nesse fascínio e mistério que é
a tentativa de compreensão da condição humana.
A psicologia da saúde, de outra parte, ganha espaços cada vez mais
significativos no rol das teorizações contemporâneas. E seguramente desde as
nossas primeiras publicações, quando tartamudeávamos as nossas primeiras
criações teóricas e práticas, certamente os nossos universos e perspectivas de
atuação se expandiram de modo absolutamente alvissareiro. Um exemplo
desse panorama são justamente os encontros e simpósios realizados na
tentativa de discussão das atividades empreitadas nessa área. Desde o início
dos anos 1980 são realizados os Encontros Nacionais de Psicólogos da Área
Hospitalar, aos quais se somaram também os Congressos Brasileiros de
Psicologia Hospitalar. Trata-se de encontros dos quais participam elementos de
todas as áreas do País, não apenas para se atualizarem sobre os avanços
ocorridos na área, mas também para efetivarem presença naqueles que são os
mais significativos eventos da área. Em 2001, surge o 1 Congresso Brasileiro
de Psicologia da Saúde e Psicossomática, ao qual se somou também o 1
Simpósio Brasileiro de Psiconeuroimunologia. Esse congresso marcou o início
de uma junção de diferentes áreas que se acoplavam ao escopo da Psicologia
da Saúde. Igualmente, o encontro de muitos colegas dos mais diferentes
cantos do País em busca de diferentes matizes que pudessem embasar suas
práticas clínicas. No Quadro 1 podemos observar os diversos segmentos que
se fizeram presentes nesse congresso. Em 2003, ocorre o II Congresso
Brasileiro de Psicologia da Saúde e Psicossomática e novamente agregando o
II Simpósio Brasileiro de Psiconeuroimunologia. Novamente, colegas de todos
os cantos do País comparecem ao evento, fazendo com que ele passe a fazer
parte do calendário dos principais eventos ocorridos em âmbito nacional. E, o
que é mais importante, contemplando os mais diferentes matizes teóricos em
uma perfeita complementaridade. No Quadro 2, podemos observar o perfil do
evento e a sua abrangência conceitual. E,
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que lhes dão chancela. Assim, esses hospitais possuem um trabalho de alto
esmero sem a necessidade de contratação, pois o serviço de psicologia é
praticamente desenvolvido pelos alunos sob a supervisão de alguns poucos
profissionais contratados. Frise-se ainda que alguns hospitais sequer
apresentam profissionais contratados, pois a respectiva coordenação e
supervisão são feitos por profissionais pertencentes às instituições acadêmicas
que, no afã de ministrarem cursos de psicologia hospitalar, fazem convênio
com esses hospitais para que seus alunos possam efetivar o respectivo
estágio. Ocorre que dessa maneira temos a efetivação do estágio pelo estágio,
pois esses alunos, ao adquirirem seus certificados de conclusão, não possuem
campo efetivo de atuação, na medida em que a maioria dos hospitais sensíveis
à atuação do psicólogo já possui serviços de psicologia hospitalar estruturados
a partir de estágios não remunerados. E é evidente que a empresa hospitalar
não pretende modificar essa estrutura na medida em que tem um trabalho
altamente especializado e totalmente sem ônus. As unidades hospitalares que
geralmente possuem psicólogos contratados são aquelas pertencentes à rede
pública de saúde e também aquelas que fazem parte da estrutura acadêmica
de algumas universidades. Ainda assim, no entanto, vamos encontrar, mesmo
nesse segmento, hospitais que têm sua estrutura de funcionamento de
psicologia hospitalar totalmente estruturada nos cursos de especialização em
psicologia hospitalar mantidos por essas instituições. Entretanto, é necessário
que se ressalte ainda que essa estrutura de estágios que praticamente viabiliza
uma mão-de-obra especializada sem nenhuma remuneração não é ―privilégio‖
apenas da psicologia hospitalar. Vamos encontrar, dessa maneira, em quase
todos os segmentos universitários esse mesmo tipo de exploração sem que
nenhum organismo competente tome alguma providência para inibir esse
abuso.
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estágios é contrária ao que ocorria décadas atrás, quando o estágio era uma
passagem de experiência para uma possível efetivação contratual da empresa.
Hoje, infelizmente, o novo panorama solidifica, como vimos anteriormente, o
estágio pelo estágio, sem nenhum compromisso por parte da empresa que não
seja apenas abrir seu espaço para que o acadêmico possa, então, adquirir
experiência em um ambiente profissional. Evidentemente que a mudança
desse estado de coisas irá depender de uma ação conjunta dos acadêmicos e
das universidades às quais pertençam.
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intensa reflexão dos instrumentos de intervenção da Psicologia e estão, cada
vez mais, disponíveis e a serviço da população necessitada. É que,
concomitante ao aumento do número de profissionais de houve também uma
preocupação qualitativa sobre os desígnios da psicologia e seu real
comprometimento para construção de uma sociedade libertária na qual os
verdadeiros anseios da população sejam considerados em toda a sua
dimensão. E maneira bastante promissora teremos no século XXI, ao menos é
que se descortina nesses momentos iniciais, uma psicologia que esteja
preocupada apenas e tão-somente com as questões que permeiam a realidade
de nossa elite socioeconômica.
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hospitalar surgia na década de 1980 como uma das possibilidades que tirariam
a psicologia da situação autofágica, ou seja, algo que vive de si mesmo, que
come a si próprio. Tentou-se ampliar o leque de possibilidades de intervenção
do psicólogo, mas acabou-se lançando- o nas garras de outros psicólogos que,
de maneira ladina, souberam explorar de modo ardiloso seu afã em busca
dessa nova perspectiva de atuação.
necessário que tais questionamentos sejam refletidos de modo amplo para que
se estabeleçam, então, novas diretrizes nessa área.
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das no final do século XIX, pois esse modo de agir é por demais dogmático e
está a exigir uma completa revisão de posturas e atitudes.
Referências Bibliográficas
ANGERAMI, V. A. (org.). Psicologia da Saúde. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003.
______________________ O Doente, a Psicologia e o Hospital. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003.
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Capítulo 2
Apenas por uma visão sumária do que se tem escrito sobre os profissionais
que trabalham nas instituições hospitalares, pode-se deduzir que o eixo das
atenções à sua saúde mental vem sendo dirigido aos médicos e ao corpo de
enfermeiros, embora existam nesse contexto psicólogos, assistentes sociais e
educadores, entre outros. Temas de natureza psicológica constituem assuntos
frequentemente referidos na bibliografia especializada, não só em relação à
clientela em atendimento, mas também aos profissionais citados. Com respeito
a estes últimos, são priorizados o seu relacionamento com o usuário e com
demais funcionários, os valores éticos em sua defesa e os cuidados com sua
saúde mental, incluindo o desgaste que lhes causa o trabalho no hospital, em
atenção especial o burnout (estado de exaustão), a que estão sujeitos, entre
outros fatores que podem estender-se também aos demais membros da equipe
clínica.
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A situação de violência, conforme reitera o autor referido, tem sido mais intensa
nos grandes hospitais, onde é livre a movimentação das pessoas, há grande
volume de população a ser atendida, com extensas filas de espera,
frequentemente com insuficiente dotação de pessoal, entre outras
circunstâncias que colocam os funcionários e os assistidos em estado de
tensão e de perigo iminente, aumentando, por conseguinte, a interferência de
outros agentes estressantes.
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CONFRONTO
CATEGORIAS ITENS
(1) Raciocínio lógico Tentativas cognitivas para compreender e preparar-se
mentalmente para enfrentar essa situação
Esforços cognitivas de construir ou reestruturar
(2) Reavaliação positiva mentalmente uma situação estressante aceitando sua
realidade positivamente
(3) Orientação/apoio Ações comportamentais para a busca de informações
orientação ou ajuda.
(4) Tomada de decisão Ações comportamentais para tomar decisões e atuar
diretamente na situações estressante
EVASÃO
(5) Racionalização evasiva Esforços cognitivos para evitar pensamentos
realísticos sobre a situação estressante.
(6) Aceitação resignada Tentativas cognitivas para aceitar, com resignação a
situação estressante.
(7) Alternativas compensatórias Ações comportamentais para criar, em substituição,
novas fontes de satisfação.
Esforços comportamentais para reduzir a situação
(8) Extravasamento emocional estressante mediante a expressão de emoções
intensas e depreciativas.
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Para avaliação dos resultados obtidos pela prova, relacionam-se os dados
obtidos em ambos os blocos, cuja pertinência foi comprovada na pesquisa de
Cunha (2000).
Considerações Gerais
Nesses cursos são também propícios temas sobre a análise das condições do
ambiente hospitalar que possam compensar a influência negativa dos agentes
estressores existentes, como seriam a valorização das funções do psicólogo na
equipe clínica, o acolhimento do mesmo nesse contexto, a consideração que
possa receber de seus companheiros de trabalho e a clara identificação do seu
rol profissional, entre outros.
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Instruções
Início da imagem
Fim da imagem
Fim da descrição
Nota-se que foi circundado o item 4 (frequentemente), porque a pessoa que
respondeu esse item percebeu que a citada preocupação é sentida
frequentemente (4).
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1.1 Idade
1.( )até 20 anos
2.( )de 21 a 25anos
3.( )de 26 a 30 anos
4.( )de 31 a 35 anos
5.( )de 36 a 40 anos
6.( )de 41 a 45 anos
7.( )de 46 a 50 anos
8.( )de 51 a 55 anos
9.( )de 56 a 60 anos
10.( ) mais de 60 anos
1.2 Sexo
1. ( ) masculino
2. ( ) feminino
1.4 Filhos
0.( )nenhum
1.( )1 filho
2.( )2filhos
3.( )3filhos
4.( )4filhos
5. ( ) 5 filhos ou mais
1.( )de6al0anos
2.( )dellal5anos
3.( )del6a2oanos
4.( )de2la25anos
5.( )de26a3oanos
6.( ) mais de3l anos
1.7 Tempo de serviço (instituição atual)
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7. Sinto-me aborrecido (a) com o desinteresse dos outros profissionais pelo
meu desempenho,
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11. Fico confuso (a) no meu trabalho porque verifico que minhas funções estão
insuficientemente definidas.
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13. Sinto-me perdido (a) no meu trabalho por não estar seguro(a) de minha
posição na estrutura da instituição
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14. Meu prestígio profissional fica prejudicado com a imagem negativa que os
outros têm da instituição em que atuo.
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17. A natureza dos serviços que são prestados pela instituição cria-me
nervosismo e desgaste nas minhas atividades profissionais.
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18. A falta de linhas de supervisão bem definidas atrapalha minha rotina de
trabalho.
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33. Fico nervoso (a) com os conflitos, de relacionamento entre as pessoas que
são atendidas na instituição e os profissionais desta.
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35. Sinto-me tenso (a) com o excesso de atendimentos que impedem o bom
relacionamento com os atendidos.
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36. Quando me destaco no desempenho de meu trabalho os meus colegas se
distanciam de mim.
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37. Fico preocupado (a) porque certos colegas transgridem os princípios éticos
no trabalho.
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38. A falta de lealdade e cooperação dos meus colegas para comigo incide
negativamente no meu trabalho.
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44. Fico desanimado (a) ao verificar que as condições de minha instituição não
oferecem melhores possibilidades de crescimento profissional.
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45. Vejo-me obrigado (a) a continuar no meu trabalho atual pela falta de outras
oportunidades de emprego.
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46. E conflitante para mim sentir que a estrutura de minha organização não
oferece oportunidades de promoção.
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48. Sinto que não sou considerado (a) nas decisões de importância para meu
trabalho.
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50. É frustrante o fato de que a instituição em que trabalho não facilite a minha
participação em eventos que visem ao crescimento profissional.
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Comentários:
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Referências Bibliográficas
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De um aniversário.
Trinta e um anos de muita luz
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Capítulo 3
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A cirurgia vai dar certo? Será que vou retirar os pontos? E o dreno? Terei que
fazer novos exames? Será que estou curado? E se tiver uma recidiva?
Metástase? Por que a quimioterapia? Terei que fazer radioterapia?
Vou me curar? E se não der certo? Que medo!‖
É bem verdade que este fato ainda ocorre, com muito menos freqüência do que
há poucos anos, mas no momento em que se ouve o diagnóstico, estes
―fantasmas‖ nos invadem sem nos pedir licença.
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O clima fica tenso e constrangedor, mas quem poderia esperar outra coisa
diante dessa situação?
A espera é um dos momentos mais difíceis para o paciente, inclusive para seu
acompanhante e familiares. É o momento de ―suspensão‖ quando não há um
caminho para dar vazão às emoções. Não há direção para se prepara todas as
possibilidades são viáveis e o paciente imagina tudo o que pode acontecer,
mas não pode agir.
Morte? Dor? Perda dos cabelos? Perda do emprego? Como fica a família?
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―E se, de repente
A gente não sentisse
A dor que a gente finge
E sente
Se, de repente
A gente distraísse
O ferro do suplício
Ao som de uma canção
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A partir desses depoimentos foi feita, por meio de uma metodologia qualitativa
proposta por Fernando Lefêvre (2000), a classificação do ―Discurso do Sujeito
Coletivo‖ de acordo com as seguintes palavras-chave:
Tempo, Catarse, Esclarecimento Comparação, Amizade, Avaliação da Sessão
do Dia, Mudanças de Atitude, Expectativas de Continuidade da Sala de Espera
e Equipe de Atendimento do Hospital, em um total de nove grupos.
Após a divisão dos discursos nas nove categorias, foi feito um único relato de
cada categoria representativa dos pacientes em questão.
Na categoria Tempo, foram colocados os discursos que relacionam a Sala de
Espera ao fato de o tempo passar mais rápido.
―.. Quando a gente conversa passa o tempo rápido; calado, o tempo demora a
passar, aqui as horas passam e você nem vê... para mim sala de espera é
aquela lá fora onde o tempo não passa, essa aqui não; aqui o tempo passa
rápido. É melhor do que lá fora porque aqui o tempo passa e a gente nem num
vê, num é verdade? Enquanto esperamos, é melhor ficar conversando, ajuda a
hora passar.‖
―A gente expõe o que a gente sente, se está triste ou se está alegre... a gente
põe para fora a tristeza, é bom, falar é bom e poder colocar para fora o
sentimento de cada um é muito bom. Ficar se distraindo, ouvindo as emoções
das pessoas, você se sente bem e ficar calada esperando você junta um
problema com o outro e só atordoa a cabeça da gente. Aqui não enche a
cabeça, até esvazia, tira o stress... Se não tivesse isso aqui, a gente não
suportava o problema da gente, porque aqui a gente amadurece, a gente
cresce, com o problema de cada um e a gente suporta carregar a cruz da gente
com mais facilidade. É diferente da
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outra sala, porque, às vezes, na outra sala alguém te conta um problema e
você não desabafa com ninguém e vai segurando o problema de um, o
problema de outro e chega uma hora que você fica pior do que já estava, e
aqui já é um outro modo... dá pra desabafar, ajuda muito nessa parte de medo,
a gente conversa, descarrega um pouco os problemas... ajuda. Ficar calado
assim é neurótico, a gente desabafa, a pessoa desabafa, eu acho muito
importante falar tudo o que está acontecendo..., o desabafo faz bem! Eu vou
pensar em mais alguma coisa e confessar mais algumas outras; por exemplo,
que nem da outra vez que eu vim, tinha umas pessoas que estavam muito
impressionadas, um nervoso, até falando palavrão e no fim ele estava
totalmente tranquilo, e se sentiu bem no final da reunião, as pessoas têm medo
e o medo é pior do que a doença...‖
―Se tiver alguma dúvida, a gente pergunta e lá fora não; a pessoa fala do
problema dela e você do seu e fica na mesma ou até pior, né? Aqui se tem um
esclarecimento maior, a gente fica mais preparada, depois de ter passado aqui
pelas reuniões. Eu me senti mais segura, mais confiante, eu sei o que nós
devemos fazer e estamos fazendo. Agora eu estou mais preparada para
enfrentar, não sou mais aquela pessoa nervosa, que ficava ansiosa. A gente
fica ciente de muitas palavras, de muitos conselhos, de muitas explicações,
muitas coisas que falaram, eu não sabia e aprendi hoje... Sobre reclamar, eu
não sabia... é um direito meu!...‖
―Às vezes, a gente fica meio oprimido, achando que está sendo vítima, e
conversando aqui, a gente nota que tem pessoas que estão passando por
situação ainda pior do que a da gente; então é muito reconfortante. Tem gente
que não tem nem um real para tomar condução para vir aqui, então a gente se
sente numa condição privilegiada. A gente se emociona também com a
emoção dos outros, você pensa na situação dos outros... a dele está pior do
que a minha ou a minha está pior do que a
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―... Aqui a gente também fica amigo dos outros, conta o seu problema, ouve o
problema dos outros, fica conhecendo muita gente... as pessoas são amigas
que ajudam a gente a segurar a mesma barra... eu converso com o pessoal, é
bom ver as pessoas.‖
―Eu venho nessa reunião e eu gostei, aqui dá pra gente aquela força, aquela
liberdade; é um trabalho maravilhoso, eu acho vir aqui bom à beça... se ainda
me for possível vir aqui da próxima vez... eu acho que vale a pena... foi ótimo
hoje... É muito importante o trabalho que vocês fazem porque descontrai e
ajuda muito as pessoas, então eu acho que esse trabalho que vocês fazem é
magnífico, eu gostei muito.‖
―Agora eu estou rindo, mas eu cheguei nos nervos para falar com o médico,
que eu pensei: vou me embora, mas agora eu já mudei de atitude, vou falar
mais alegre com o homem... Eu tô me sentindo melhor agora, eu não tô tão
inseguro, né, quanto tava, realmente ajudou, agora eu tenho confiança, eu me
trancava muito e sofria muito, mas depois que eu passei a vir na sala de espera
eu melhorei muito, hoje eu consigo falar, antes eu não conseguia...‖
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―A reunião de vocês é muito boa, espero que vocês continuem porque é muito
importante! Eu espero que vocês levem esse projeto adiante... e que Deus
ajude que vocês possam levar esse trabalho em todas as outras áreas.‖
Também foram incluídos trechos de discursos de caráter catártico, nos quais
os pacientes, ao serem inquiridos sobre a avaliação da Sala de Espera, não
responderam a questão, mas aproveitaram o momento para falar de seus
medos, insatisfações, inseguranças e problemas que estavam sendo vividos,
muitas vezes ditos pela primeira vez.
Paciente 1 — ―Neste mês, eu contei segundo por segundo para chegar a hora
da consulta porque isso (mostra o local do câncer) está me incomodando
muito..., dói... e me irrita muito a burocracia, faz seis meses que estou tentando
curar isso só na espera de falar com o médico. Porque o pobre é tratado de
qualquer jeito, é um problema político, o brasileiro não sabe reclamar nada‘
Paciente 2 — ―Estou muito preocupada por ter aparecido este outro tumor, não
contei para ninguém lá em casa (começa a chorar) ...‖
Paciente 3 — ―Esperei meu filho até as 6 horas da manhã, ele não apareceu e
então eu vim sozinha de ônibus... é difícil para mim, pois tenho muitas dores na
perna e às vezes ela endurece e não consigo andar. Minha vida é muito
sofrida, moro sozinha, sou separada desde muito tempo e tenho só um filho.
Durante alguns anos, morei junto com ele e minha nora, mas ela me tratava tão
mal, que precisei ir embora de lá. Vocês acreditam, que meu prato e os meus
talheres ela separava dos outros da casa? Depois que eu tomava banho, ela
entrava no banheiro e ficava desinfetando, como se esta doença fosse
contagiosa.‖
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Paciente 4 — ―Faz tempo que eu venho aqui e nada é resolvido, este tumor
vaza e faz uma fedentina horrível, tem dia que chego a trocar quatro vezes de
camisa.‖
Paciente 6 — ―Pra mim é difícil estar aqui para fazer este tipo de consulta, eu
jogava futebol como amador, e tive que parar o esporte... quando saio na rua,
às vezes, minha perna fica endurecida e os amigos me chamam de saci...
estou oprimido, não posso mais jogar bola, não posso fazer mais nada,
enquanto estiver com este tumor, quero que seja feito aqui o melhor, quero ser
operado logo para retirar ele daqui... às vezes, tenho vontade de rasgar isso
com uma faca.., foi bom estar aqui porque pude desabafar a história do saci,
nunca contei isso a ninguém, só para vocês:‘
Paciente 8 — ―Fiz a biópsia, porém não pude ser operado, pois o médico me
disse que a chance de morrer na cirurgia é grande, sinto muita dor, estou mal,
não estou gostando desta situação (da doença), na verdade eu tenho ódio do
mundo por estar assim. Sei que estou na clínica de hematologia, prefiro não
saber o que tenho...‖
Paciente 10 — ―... Mas tem o seguinte, comentar aqui é uma coisa, para quem
sabe do nosso problema, fora daqui são poucas as pessoas que sabem que
tenho câncer, pois as pessoas são preconceituosas e temem que esta doença
seja contagiosa.‖
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Ferreira Santos (1999) afirma que o apoio vindo do terapeuta produz o alívio da
sensação de o paciente sentir-se absolutamente só e desamparado. Além
disso, a participação ativa do paciente no processo de tomada de decisão em
relação ao tratamento facilita sua cooperação com as intervenções propostas,
assim como a adesão ao tratamento.
A Sala de Espera
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Ao iniciar meu trabalho nessa clínica, notava certa curiosidade por parte dos
funcionários e alguns médicos não estavam bem certos do benefício que a
atuação na sala de espera pudesse trazer, mas aguardaram os resultados.
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dar atenção, para falar comigo? Que bom! Que medo! Essas foram algumas
das frases que ouvi, tempos depois, de alguns pacientes.
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Após iniciar a Sala de Espera, poucas pessoas levantam-se para saber sobre
tempo de espera, e ao serem chamadas, às vezes com muito atraso, dizem:
―Já sou eu?‖ Outras vezes chegam a não escutar seu nome ao serem
chamadas, algumas pessoas chegam mesmo a retornar à Sala de Espera após
a consulta para ficar mais um pouco ou para completar um depoimento com o
resultado de sua consulta.
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―Doutor, o senhor deu o mesmo diagnóstico do outro médico, mas vou fazer a
cirurgia com o senhor, por dois motivos: gostei do senhor e gostei do trabalho
na Sala de Espera‖ (dito a um médico).
―Eu vim ontem trazer minha mãe para a quimioterapia e fiquei ouvindo o
trabalho da Sala de Espera, hoje trouxe minha mãe novamente para a quimio,
mas também trouxe minha avó e minha tia para participarem da Sala de
Espera‖ (acompanhante de paciente de quimioterapia na sala de espera).
―Eu fiz cirurgia com o doutor..., e digo que você pode ficar tranquila porque está
em boas mãos‖ (paciente na Sala de Espera para outra paciente).
Ao que se refere à equipe médica, à Sala de Espera e ao atendimento, também
temos opiniões semelhantes às do primeiro estudo. Não há avaliação em
relação à continuidade da Sala de Espera, pois não se trata de um projeto
experimental, como foi no anterior; também não há exatamente uma ―avaliação
da sessão do dia‖, pois não é pedido como anteriormente, mas, mesmo assim,
alguns pacientes avaliam como muito positivo, onde aprenderam algo, e vêem
como um diferencial do Instituto: ―Não vi esse trabalho em lugar nenhum! É
muito bom!‖
―Ë que naquela época eu estava precisando receber; hoje, eu tenho para dar!‖
(resposta da referida paciente)
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―Na primeira vez que eu estive aqui, só chorava... Hoje, estou muito ansiosa,
nervosa, mas não estou chorando! Quem sabe da próxima vez vou estar mais
calma!‖
Eu sou mais forte e melhor que essa parte minha que está doente; por que vou
deixar que o menor e mais fraco me vença?
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Se enjoar, sei que vai passar, pois é só uma reação, e quando passar, vida
normal!
Se eu tiver que fazer radioterapia, vou todos os dias, é rápido; depois tenho o
dia todo, e o fim de semana para viver a vida normalmente.
Se a pessoa acredita que vai ser curada por alguma coisa, como cogumelos,
xamãs, u por um placebo, ela realmente pode se autocurar, através da
modulação do sistema imunológico pela mente. Até mesmo o efeito pós-
cirúrgico de uma operação complexa e radical pode ser afetado, em última
análise, pelas reações psíquicas do paciente, como relata Dr. Bernie Siegel
(1989).
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Essas descobertas nos mostram que existe uma relação estreita entre mente e
doença. Quanto mais saudáveis formos, do ponto de vista emocional e
psíquico, melhor será para nossa saúde orgânica.
Os antigos já diziam que o bom humor afasta as doenças, ―Quem canta seus
males espanta‖, ―Mens sana in corpore sano‖, e isso é uma verdade, agora
sabem os cientistas.
―...o que impede que o sistema imunológico de uma pessoa, num determinado
momento, reconheça e destrua células anormais, permitindo, assim, que elas
cresçam e se convertam num tumor que ameaça a vida?‖
Para respondê-la precisamos considerar os aspectos mentais e emocionais da
saúde, percebendo que a doença é um estado de desequilíbrio ou desarmonia
gerado pelo stress prolongado.
Página 81
Página 82
Referências Bibliográficas
Página 83
HASSED, C. How humour keeps you well. Aust Fam Physician 2001, 30(1):25-
8.
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TAKAHASHI, K.; IWASE, M.; YAMASHITA, K.; TATSUMOTO, Y.; UE, H.;
KURATSUNE, H.; SHIMIZU, A.; TAKEDA, M. The elevation of natural killer cell
activity induced bylaughter in a crossover designed study. IntJMol Med, 2001,
8(6):645-50.
Capítulo 4
Introdução
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O cuidar desses pacientes exige uma equipe especializada em dor total, uma
equipe multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermagem, psicólogos,
assistentes sociais, amparo espiritual. Esses cuidados são oferecidos dentro do
que é hoje denominado cuidados paliativos. Esta é uma área, segundo Kovács
(1999), de
Para que estes objetivos sejam alcançados, o atendimento à dor total vem
como necessidade básica.
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Sobre a Dor
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Em resumo, cada dor é a dor de uma pessoa, com sua história, sua etnia,
personalidade contexto, momento. A mesma dor, em diferentes situações,
pode nem ser percebida ou ser muito forte, em decorrência da distração ou
atenção oferecidas a ela. Para tratá-la, portanto, é necessária a compreensão
da complexidade e da realidade de todas as dores para quem a sente
(Carvalho, 1994).
Ainda citando Erickson (1992), a dor pode estar servindo certos objetivos úteis
para a pessoa. Ela é um aviso persistente da necessidade de ajuda. Traz
restrições físicas à atividade, mas frequentemente beneficia o sofredor.
Portanto, a dor não é apenas uma sensação indesejável a ser abolida, mas
uma experiência a ser cuidada de forma que o sofre- dor obtenha benefícios.
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Dor Total
O conceito de dor total foi elaborado por Cicely Saunders, na década de 1960,
na Inglaterra. De formação multiprofissional — enfermeira, médica e assistente
social —, Cicely Saunders dedicou sua vida aos doentes fora de possibilidade
de cura. Para ela, quando não era mais possível curar, era possível cuidar. E
com o objetivo de permitir que o paciente e sua família pudessem viver tão
plena e dignamente quanto possível a doença, a morte e o luto, fundou o
Hospice São Cristóvão, santo padroeiro dos viajantes, em 1967.
A palavra hospice significa abrigo, albergue. Sua origem vem da Idade Média,
quando, nas longas peregrinações aos lugares santos, os viajantes aí
encontravam hospedagem, alívio e apoio para os seus males. Cansados e
doentes, os viajantes muitas vezes morriam nos hospices, terminando sua
árdua caminhada nesses albergues.
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insegurança, incerteza, desespero, depressão); dor social (isolamento,
rejeição, abandono, mudança de papéis, dependência, inutilidade); dor
espiritual (falta de sentido na vida e na morte, medo do pós- morte, do
submeter-se, das culpas perante Deus, busca de fé, de conforto espiritual).
Atendimento Domiciliar
O atendimento da dor total nos cuidados paliativos pode ocorrer nos hospitais,
nos hospices e no atendimento paliativo domiciliar. Este é considerado a
melhor forma de atendimento, quando a família tem condições de cuidar do
paciente com o auxílio da equipe especializada do hospital ou do hospice. O
doente prefere sua casa, sua cama, a presença da família, do calor humano e
do afeto, em seus últimos momentos de vida. A presença regular da equipe de
cuidados paliativos é fundamental na manutenção da qualidade de vida do
paciente, que deve ser monitorado nas suas dores, no seu conforto, seu
sofrimento.
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à doença, e oferecer soluções, segurança, apoio, conforto; individualizar as
queixas e reconhecer sinais de emergência; examinar as dores expressas por
diferentes formas e com diversos significados; considerar que as metas de
trabalho são curtas e que a intenção não é prolongar a vida, mas, sim, não
prolongar a morte.
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Segundo Gimenes (2003), para que uma pessoa possa vivenciar e aceitar a
morte sem medo é necessário que haja a manutenção de um vínculo entre a
sua alma e o Eu Superior, no momento da morte do corpo físico. E a crença de
que a vida é contínua e eterna.
/pois a doença vivida pelo paciente é impregnada pelo significado que ele
atribui a ela, pelas perdas que sofreu em decorrência da doença, pelo
impedimento de retornar às atividades anteriores, pelo futuro interrompido e
suspenso, pela autoimagem e autoestima alteradas (p. 141).
O paciente na fase de cuidados paliativos pode estar no estágio de aceitação
do final da vida e aproximação da morte, estágio este denominado ―a entrega‖
por Gimenes (2001). Nesta fase, o paciente
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sabe que vai morrer e aceita em paz esta realidade. A família, entretanto, pode
estar ainda revoltada, culpada por possíveis omissões ou erros de conduta,
triste, desamparada, perdedora.
Página 96
sabe-se que o processo de luto não começa com a morte e sim com as
relações existentes antes da morte, que serão o determinante crucial na
qualidade do processo de luto. As vicissitudes da terminalidade colocam a
unidade de cuidados (paciente e família) diante de decisões, lembranças,
revivências, que poderão trazer aspectos dificultadores ao processo em si,
merecendo, portanto, atenção por parte dos profissionais envolvidos (p. 188).
As dores do luto acabam por se confundir com as dores físicas e todas elas
interagem no processo de sofrimento.
Este quadro acaba muitas vezes levando a um desejo de acabar com a própria
vida, com um suicídio (Carvalho, 1996). O psicólogo que atende ao paciente
manifestando este desejo deve estar preparado para interpretar o seu apelo.
Na maioria das vezes, a ideia de suicídio é um pedido de ajuda, de socorro, de
alívio do sofrimento da dor total. E este pedido pode ser revertido com o
atendimento às suas necessidades. Segundo Viorst (1990), nos ―casos
terminais há um interesse crescente na ideia de suicídio‖ O desejo de não
sofrer, de manter o controle, de ser lembrado pelas pessoas que amam como
eram antes, tudo isso motiva algumas pessoas a escolher a hora da própria
morte... Mas, acrescenta a autora,
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Cuidando do Cuidador
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Referências Bibliográficas
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Capítulo 5
Tratamento Cognitivo-Comportamental do Alcoolismo
Gildo Angelottí
Conceituação do Alcoolismo
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Pithecantropus erectus há 250 mil anos havia se encantado com o sabor da
bebida alcoólica, com a ingestão de sucos de frutas maduras, que, ao caírem
no solo, eram fermentadas pela exposição ao calor proporcionado pelas luzes
solares. Tal reação se dava pela presença do açúcar da fruta e da água, sendo
fermentada pelo calor.
O alcoolismo passou a ser considerado como uma doença crônica por Magnus
Huss, em 1849, em sua obra Alcoolismo Crônico, descrita em termos da
desorganização de estruturas e funções orgânicas, que não é muito diferente
do que se sabe hoje em dia (Bertolote, 1997).
Página 105
D. Os sintomas não se devem a uma condição médica geral nem são melhor
explicados por outro transtorno mental.
(3) insônia
(4) náuseas ou vômitos
(5) alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias
(6) agitação psicomotora
(7) ansiedade
(6) convulsões de grande mal
D. Os sintomas não se devem a uma condição médica geral nem são melhor
explicados por outro transtorno mental.
Especificar se:
Com perturbações perceptuais
Existem outros transtornos induzidos por álcool, mas vou apenas citá-los, sem
tecer comentários: delirium por intoxicação com álcool; delirium por abstinência
de álcool; demência persistente induzida por álcool; transtorno amnéstico
persistente induzido por álcool; transtorno psicótico induzido por álcool;
transtorno do humor induzido por álcool; transtorno de ansiedade induzido por
álcool; disfunção sexual induzida por álcool e transtorno do sono induzido por
álcool.
Página 111
A princípio, uma pessoa que começa a beber pesadamente pode ampliar seu
repertório e a variedade de estímulos que a predispõem a beber. Conforme a
dependência avança, os estímulos relacionam-se crescentemente ao alívio ou
evitação da abstinência do álcool, e seu repertório pessoal de beber torna-se
cada vez mais restrito. O adicto começa a beber a mesma quantidade nos dias
de trabalho, finais de semana ou mesmo em feriados; a natureza da companhia
ou seu próprio humor não alteram a ordem dos fatores, ou seja, fazem cada
vez menos diferença.
Página 112
O clínico deve estar atento aos significados das palavras que fazem parte do
repertório verbal de cada paciente, mas, de forma geral, refletem a cultura em
que aprendeu a beber e as contingências que mantêm o comportamento de
ingestão de álcool. A possibilidade de compreensão muitas vezes será
destruída se termos convencionais como a compulsão ou a perda de controle
forem introduzidos prematuramente.
Epidemiologia do Alcoolismo
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Por meio dos dados citados na Tabela 1, podemos ter uma noção dos estudos
realizados no Brasil e, em razão da carência de recursos financeiros, torna-se
impossível conduzir pesquisas que envolvam estudos longitudinais, de modo
que fica quase impossível organizar e executar uma política de saúde voltada
ao estudo do álcool.
Políticas do Álcool
Por se tratar de uma questão que atinge toda ou grande parte da população
mundial, políticas de saúde desenvolvidas em países desenvolvidos e em
desenvolvimento, ao longo do espaço e tempo históricos e dentro do contexto
de sistemas de valores determinados cultural- mente, de fórmulas
administrativas e de crenças quanto à natureza fundamental das questões-
alvo, estes problemas deram origem a uma diversidade de respostas políticas.
Algumas políticas incluem: proibições quanto ao uso; racionamento e
monopólios estatais; impostos cobrados sobre a venda de bebidas alcoólicas;
leis dirigidas ao licenciamento a distribuidores; horários de consumo ou
definição da idade legal para fazer uso do álcool; campanhas de informação,
educação e, para finalizar, as crenças desenvolvidas quanto ao consumo de
álcool e comportamentos em geral, entre outras (Edwards, 1998).
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Tratamento Cognitivo-Comportamental
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manutenção é árdua e bem mais complexa. A dificuldade não está no parar de
beber, mas, sim, em manter-se em abstinência.
Por se tratar de uma abordagem focal, a TCC deve ser ativa, diretiva e
estruturada, caracterizada pela aplicação de procedimentos clínicos como
introspecção, insight, teste de realidade e aprendizagem, visando aperfeiçoar
discriminações e corrigir concepções equivocadas, tais como comportamentos,
sentimentos e atitudes perturbadoras. O foco principal é ajudar o paciente a
examinar o modo
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e Rollníck, 1991). Não faz parte do papel do terapeuta ser autoritário, muito
menos utilizar-se de confrontos com o cliente, mas conduzi-lo à mudança,
criando urna base positiva. A meta a ser estabelecida é aumentar a motivação
do paciente, deixando-o com a responsabilidade de efetuar a própria mudança,
visto que a busca pela terapia é metade do caminho que deverá ser percorrido.
Avaliação
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Conclusão
O amplo conhecimento a respeito da conceituação, etiologia e epidemiologia
ajuda-nos a compreender melhor o (ab)uso do álcool, não só como uma
substância psicoativa, mas todas as consequências devastadoras que ele
provoca. Sua etiologia ainda desconhecida, mas com teorias que buscam
sustentação, favorece uma gama de hipóteses, que intrigam a maestria das
maiores autoridades no tratamento de adictos. Por sua vez, ajudam a
esclarecer fatos intimamente ligados à sintomatologia e ao estudo de diversas
culturas relacionadas ao comportamento de beber.
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Referências Bibliográficas
AGARWAL, D. P. e GOEDDE, H. W. Alcohol metabolism, alcohol in tolerance
and alcoholism, biochemical and pharmacogenetic aspects. Berlim: Springer-
Verlag, 1990.
Página 126
HOBBS, W. R.; RALL, T. W. e VERDOON, T. A. Hypnotics and sedatives,
thanol. In: HARDMAN, J. G. e LIMBERD, L. E. Goodman and Gilman‘s The
Pharmacological Basis of Therapeutics. Nova York: McGraw-Hill, 1996, 346-6
1.
Página 127
Página 129
De um sorriso doce...
Para Cacheadinha...
SERRA DA CANTAREIRA
Eu quero da vida o teu sorriso doce... o mesmo que você exibe quando te
estreito em meus braços... quero passear pelo teu corpo do mesmo modo
como caminho pela serra nas manhãs e madrugadas... sentindo cada detalhe
da caminhada com um prazer que nunca se exaure... e sempre se renova...
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JOÃO PESSOA
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• Capítulo 6
A Racionalidade Médica Ocidental e a Negação da Morte, do Riso, do
Demasiadamente Humano
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ponta de um dedo a expressão ―Merry Christmas‖ no peito do paciente. Este
compreende a mensagem, acena com sua cabeça que compreendeu e, em
sua mente, grita de felicidade e agradece comovido à enfermeira.
A junta de médicos e militares lhe diz que ―infelizmente, isso não é possível‖.
Ele retruca que, se é assim, se não vão permitir que ele saia, ele prefere que o
matem e repete insistentemente: ―matem-me, matem-me‖. Eles saem e o de
patente superior determina que o ocorrido não seja divulgado a quem quer que
seja.
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um estágio alarmante que beira a insanidade. Hoje fica cada vez mais evidente
que o paradigma cartesiano encontra-se obsoleto.
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―Eu só queria que tivesse alguém para segurar minha mão, talvez fosse menos
difícil morrer.‖
Camus (1989) nos colocou que uma forma cômoda de travar conhecimentos
sobre uma cidade é procurar saber como se ama e como se morre. Como
lidamos com o morrer, como se porta o homem diante da morte, nos desvenda
quem é esse homem, como é a sociedade que ele criou, em que valores ela se
assenta. Podemos dizer que a concepção de morte revela a concepção de
vida. Uma sociedade que nega a morte, para a qual a morte não tem sentido, é
também uma sociedade, como dizia Weber, que perdeu o sentido da vida.
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De acordo com Martins (1985), não sabemos lidar com a morte porque
transformamos a doença e a morte em um problema técnico, e para isso
criamos as empresas, os técnicos mais qualificados, os equipamentos mais
sofisticados, capazes de prolongar a agonia de um homem durante meses,
anos, mas incapazes de devolver-lhe a vida, a vida verdadeira, a vida com
sentido.
O início dessa fantasia tem sua marca nas aulas de Anatomia, mediante o
estudo de um sem-número de cadáveres, destituídos de subjetividade. A
dissecação é fruto do Renascimento, tempo em que a separação corpo/alma
tornou o corpo e a morte objetos de estudo.
Nessa mesma direção, Zaidhaft (1990) nos convida à reflexão, dizendo: Por
seu desamparo e passividade, o cadáver permite aos alunos experimentar a
sensação de poder absoluto. A relação mantida com o
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cadáver é registrada e se torna a relação ideal, que será buscada anos depois
no encontro com os pacientes (p. 143).
Cabe salientar que esse fato talvez possa ser considerado a coroação do ritual
de iniciação na racionalidade médica, sendo o seu processo permeado por um
constante aprendizado de negação da morte, da dor, da capacidade de
envolver-se, de vincular-se; emoções incompatíveis com a racionalidade
tecnológica.
―Não se envolva com o paciente‖; ―é preciso ter sangue frio‖; ―para aprender é
assim mesmo‖; ―são apenas corpos‖; ―se você ficar sofrendo a cada morte de
paciente, você não aguenta e larga a medicina‖
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Embora se fale hoje que a equipe de saúde deve estar atenta aos aspectos
emocionais do paciente, nem sempre reconhecemos com a mesma ênfase que
o emocional da equipe é parte fundamental nessa relação. Pouco é dito sobre
o cuidado com o cuidador, que é atingido pelo sofrimento do seu paciente. É
imprescindível cuidar do cuidador. Estamos falando em formação acadêmica,
em medidas profiláticas, se quisermos caminhar em direção a um atendimento
mais humanitário, de maior qualidade; se quisermos caminhar para uma
racionalidade que priorize o agir terapêutico, que resgate o papel da relação
médico (profissional de saúde) /paciente; em que o paciente possa ser
reconhecido como sujeito em toda sua subjetividade, que valorize a arte de
curar e, principalmente, a tarefa maior da humanidade que, segundo
Kierkegaard, é o cuidado. Uma medicina que promova o encontro entre as
pessoas.
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―A morte ilumina a vida‖. Ela pode nos iluminar para um novo ethos. Não
podemos negar o fato de que a morte define a vida como um campo limitado,
nos lembra que temos um tempo marcado (como nos alertou ―aquele‖ paciente
HIV positivo). A questão é, se exorcizamos a morte, negando-a, ou insistimos
em percebê-la como uma conselheira invisível, que nossa jornada alerta para
que não esperemos pelo amanhã, incita a fazer o que pudermos, queremos e
sonhamos para re-significar nossa vida pessoal e profissional. O carpe diem é
a reconciliação da vida com a morte.
Tudo isso para dizer que estou convencida de que pensar o lugar da morte nas
instituições de saúde pode contribuir para melhorar a
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―Há muito mais verdades entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia.‖
Hamlet
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A nossa recusa em girarmos nossas cabeças para o outro lado da bandeja faz
sentido dentro do percurso realizado pela medicina e por todos nós,
profissionais de saúde. Engolimos verdades absolutas e irrefutáveis, cobrimos
a nossa própria visão e continuamos famintos.
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conhecimento desvinculado de condicionamentos subjetivos, O
condicionamento racional puro manteve-se dissimulando o perspectivismo.
Este des-cobriu a imparcialidade de um conhecimento desinteressado, a
inexorabilidade das determinações históricas, sociais, culturais,
psicofisiológicas e linguísticas que condicionam o conhecer, o julgar e o agir
humanos.
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Possuímos, ainda que não tenhamos nos dado conta, uma profunda relação de
intimidade com nossos órgãos e sistemas e, a despeito de toda cisão a que
fomos expostos como indivíduos/objeto nestes últimos tempos, ainda assim
mantivemos uma relação muito estreita entre nossas emoções e seus
correspondentes biológicos (p. 29).
Júlio de Melo (1992), por sua vez, conceituando a psicossomática, assinala:
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O mesmo autor explica que tal abordagem tem implicações importantes para o
diagnóstico. Este pressupõe necessariamente uma anamnese biológica, que
significa estabelecer um diálogo não diretivo, interrogatório; dirigir a atenção
para perceber a demanda por trás da queixa (verdade feminina); e o terceiro
elemento, do qual depende o sucesso dos outros dois — a postura profissional
que favoreça a formação do vínculo interpessoal. Ele afirma:
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Conta-nos a lenda:
Deméter, deusa da fertilidade, tem uma filha que se chama Perséfone, a quem
ama muito. Hades, deus do reino dos infernos, rapta sua filha. A deusa sai à
procura da filha, mas não consegue encontrá-la, fecha-se em sua própria dor e
para de rir. Em razão da dor da deusa da fertilidade, interrompe-se na Terra o
crescimento das ervas e dos cereais. A serva Jamba faz um gesto obsceno e a
deusa ri. Com o riso da deusa a natureza volta a viver e sobre a Terra retorna a
primavera.
Um tempo capaz de iluminar o que ocorre quando o riso se faz presente diante
da solenidade da doença; a transgressão que ele pode representar na nossa
racionalidade científica, mas também de
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O riso da deusa restaura a vida em si e fertiliza a vida à sua volta, O riso dos
nossos pacientes, o riso presente nos corredores e enfermarias dos hospitais
fertiliza a dimensão da vida neles e em todos nós. É o motivo de existência da
UPI!, mais do que entretenimento, mudança.
Fernando Yamamoto
Coordenador do Projeto:
Gustavo Wanderley
Psicológica:
Geórgia Sibele Nogueira da Silva
Assessoria Médica:
Diana Dantas
Atores:
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Objetivo
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O riso, como recurso terapêutico, vem sendo discutido nas duas últimas
décadas. Doutores ―palhaços‖ surgem no mundo todo e inspiram os doutores
da UPI!. Não estamos inventando a roda, mas temos um objetivo claro de
como girar a roda, ou como girar a cabeça para o outro lado da bandeja — o
desejo de contaminar a racionalidade médica ocidental com os ensinamentos
dos doutores clowns. Os efeitos do riso nos falam de um benefício físico e
emocional dos pacientes. E nos falam também de outra maneira de enxergar e
praticar medicina — possibilitam a receita para uma autêntica medicina
psicossomática.
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jornalista americano curou-se de uma doença grave por meio do riso. Escreveu
sua história anos depois, lançando, em 1979, Anatomia de uma doença,
tornou-se símbolo da terapia do riso e inspirou pesquisas nessa direção.
Falar em cura pelo riso pode ser ainda uma interrogação, mas estou
convencida de que esta discussão pode contribuir para reafirmar a
impossibilidade da separação entre mente e corpo. A tentativa de entender e
intervir no processo saúde-doença, demonstrando que a alegria pode suscitar a
vontade de potência ou de saúde, como diria Nietzsche, pode aliar-se ao
tratamento, devolvendo a dimensão humana da alegria, apesar do momento de
dor.
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O doutor Clown sente que tem empatia pela dor de seu paciente, mas sabe
que sempre pode fazer algo, pode cuidar do sofrimento dele; ele se coloca à
disposição dele para lidar com sua dor e resgatar sua alegria. Ele enxerga
sempre a essência de uma criança que é a sua alegria e não a doença, o seu
prognóstico. Já em seu diagnóstico, está preocupado em como tocar nessa
dimensão da criança. Como acender sua Higéia, seu potencial interno de
saúde, vida, prazer.
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Ele nos diz ainda sobre o caminho que impregnou a racionalidade científica
ocidental:
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O MUNDO VERMELHO
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Refrão
UPI!
Assim como embaixo da lona do circo todos são envolvidos pelo riso, no
hospital, os cuidadores (equipe e família) também têm seus
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ganhos quando o riso cobre o dia-a-dia. Apesar de esta reflexão sobre a UPI!
enfatizar em primeiro plano os pacientes, são inegáveis os ruídos, e
aprendizados da equipe, bem como o contágio prazeroso das mães ou pais, ao
verem o sorriso de seus filhos ou eles próprios experimentarem tal dimensão
da vida.
Ranier (2001) pontua:
O clima antes era de apreensão. Com a UPI! elas [as crianças ficam mais
receptivas aos procedimentos. ―Os médicos da alegria‖ não só
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―F. nos chamou [doutor Sushi e eu, doutor Labrô] e disse que estava com medo
da biópsia que tinha de fazer no outro dia. Então, com a ajuda de P. [outro
paciente], fizemos a cirurgia um dia antes, tirando um pedaço da massa de
modelar [que seria a parte da biópsia], de manipular, brincar e depois deixamos
um adesivo no local para o médico substituir pelo ponto. Ficou bem tranquilo e
soubemos pelas enfermeiras na outra visita que ele foi bastante calmo e
confiante para a biópsia.‖
O relato de doutor Labrô ressalta que intervenções dessa natureza amenizam a
ansiedade e o estresse do paciente, e favorecem o bom andamento do exame.
Além do fato de que toda caricatura cômica feita para a realização da ―tal
cirurgia‖ rende muitos sorrisos.
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POSSIBILIDADE DE AUTONOMIA E ATIVIDADE NO COMPORTAMENTO
DOS PACIENTES
―(...) O fato de termos três ‗Zés‘ na enfermaria nos fez batizar a ‗enfermaria dos
Zés‘. Começamos, já que eram crianças um pouco mais velhas, a conversar
sobre o cotidiano do hospital, e por acaso acabou surgindo a questão do
comportamento dos médicos. Começamos a interagir com elas, simulando
como um médico deveria ou não cuidar de seus pacientes, desde a entrada
nas salas, o cumprimento, a abordagem às crianças, enfim, elas iam nos
dizendo como fazer, e nós íamos reproduzindo. Algumas vezes elas faziam, e
acabavam fazendo como os médicos fazem ao falar com elas. Muitas vezes
chegando sem cumprimentar e já perguntando: E aí? Fez cocô hoje? Fez xixi?
E nós, ao perguntarmos se elas [as crianças] não cumprimentavam os
médicos, muitos deles disseram que sim e elas nem respondem. Foi muito boa
a intervenção, todas se divertiram muito e se expressaram à vontade — uma
completava a outra ou tomava a vez. Disseram uma série de sensações e
desejos que têm, de como gostariam que fossem, como gostariam de ser
tratadas... Exageramos as falas, levamos as atitudes dos médicos ao extremo
e encenamos com elas bem alto (tipo:o médico chega e não cumprimenta, as
crianças, sob nossa orientação diziam:‘ Bom-dia, doutor!‘, ele não respondia se
virava e perguntava: ‗E aí? Cagou hoje? Mijou?‘), e as crianças se deleitavam
com isso! Em alguns momentos, as crianças devolviam a pergunta: ‗E o senhor
cagou? ‘O deleite era maior, maior. Haja catarse!‖
Nesse relato fica evidente que a presença dos doutores da UPI! também
espelha ruídos, que podem servir de luz para outros caminhos, para outras
formas de relação terapeuta-paciente, se puderem ser comunicados.
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É indiscutível também o efeito terapêutico da catarse realizada, bem como a
vivência ativa dos pacientes.
O Pequeno Jornalista
Frente:
Verso:
Chegando na oncologia, qual foi a minha surpresa, mesmo tendo tido uma
―meia informação‖ a respeito de M., ao ver que a mãe — e o pai, que eu nunca
tinha visto antes — estava na antessala, lavando as mãos, antes de
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entrar no espaço em si. Ela estava no isolamento, junto ao P., outra criança
muito especial para mim, cujo tumor se desenvolve na área de um dos olhos, e
que não reconheci de cara, por estar deitado para o outro lado. Enfim, voltando
a M., pude ver uma emoção muito grande nos olhos da mãe, também velha
conhecida, e do pai, com quem nunca havia encontrado (mas esse brilho
denunciou que ele já havia ouvido falar do doutor Labrô e do doutor Cem), uma
alegria em nos ver por lá. Foi muito forte!
Ao ver M. pela janela, numa enfermaria cujo acesso nos foi naquele momento
negado, me surpreendeu o seu estado debilitado, muito magra, mais frágil
ainda do que o normal, mas o seu sorriso — revelado depois pelos pais que
não acontecia há um certo tempo — e o esforço descomunal para levantar seu
braço e nos dar tchau, foi algo muito especial, confirmou uma relação muito
forte, apesar de ter sido construída devagar, com dificuldades. Como não
podíamos entrar, eu fazia mímica, tentava comunicar com o olhar, então
resolvemos mandar um cartão com uma dedicatória muito carinhosa,
verdadeira e do fundo do coração para ela. Avisamos que voltaríamos à janela
mais tarde, após passarmos pelas outras enfermarias, quando o fizemos, já no
final da visita, pude ver a cena maravilhosa de M., dormindo ao lado do cartão,
quase que um travesseiro, me pareceu ter sido muito especial
para ela. Pra mim com certeza foi... Poderia ser a última vez que a estaria
vendo assim de longe, sem poder tocá-la, trocar uma palavra com ela.
Doutor Sushi
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Um episódio foi especial. Com E., quando ele estava com medo de tomar a
injeção. Pedimos que ele nos dissesse uma música que gostava, e ele atacou
de funk. A enfermeira, que acredito é a legítima enfermeira do funk, nos
acompanhou, cantou, dançou. Fizemos uma coreografia que virou hit no
hospital, e o melhor — enquanto M. aplicava o remédio, o pequeno E. dava
gargalhadas, sem nem sentir a picada ou o líquido.
A versão criada pela enfermeira começava assim: ―Só uma injeçãozinha não
dói, uma injeçãozinha não dói‖. Todos os pacientes só querem receber injeção
acompanhada por música e show coreografado.
Doutor Labrô
Veia Bailarina
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Refrão
F. não conseguia controlar muito bem os movimentos dos braços, nem tinha
forças físicas para ficar em pé ou sentado, mas sua vontade de viver saltava
pelos seus olhos e dançava pelo quarto inteiro. Doutora Biela notou que ele
gostava de ler histórias em quadrinhos e conseguiu um canal de comunicação
pelos heróis das histórias, eu aproveitei para conversar com a mãe que, acabei
descobrindo, era do mesmo interior que eu havia visitado recentemente e
conhecia o mesmo senhor cuja casa eu havia me hospedado. Pronto, depois
de cinco minutos éramos velhos conhecidos e já
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combinávamos um café da tarde, quando doutora Biela chamou minha atenção
para o suco que havia sido deixado intacto na bandeja. F. logo disse que não
gostava de suco de acerola, mas que havia gostado muito do peixe servido no
jantar, era uma pena não haver mais. Na mesma hora nos olhamos e tomamos
uma decisão que não sabíamos quais as consequências, mas decidimos
assumir os riscos. Iríamos buscar mais peixe e trocar o suco de F. Saímos da
enfermaria e falamos com as enfermeiras e nutricionistas, perguntando como e
se poderíamos levar o jantar, que já havia se transformado no prato francês
para o sr. F. Depois da resposta positiva, fomos à cozinha e eu fiz questão de
repassar a homenagem ao cozinheiro que ficou muito feliz por seu peixe ter
sido bem aceito. Conseguimos trocar o suco de acerola por um de goiaba e
colocamos junto ao peixe em uma bandeja coberta, formando o prato especial
levado pelos doutores — garçons franceses. Quando chegamos na enfermaria
preparamos um ambiente digno do jantar francês do sr. F. e, quando a bandeja
foi descoberta, os olhos do nosso senhor de 12 anos ficaram mais azuis e no
meio de um sorriso ainda inédito na visita, ele disse: ―Agora vai ficar bom‘. E
sua mãe reforçou: ―meu filho, come, você logo vai ficar bom‖.
Doutor Labrô
Ele não ficou bom, mas alimentou-se na véspera de sua morte com um apetite
e felicidade como nos tempos de saúde. Houve intervenção terapêutica, porque
os doutores da UPI! acreditam que sempre é possível cuidar.
Naquele instante ele foi feliz, o tum-tum do tambor da vida bateu mais forte, e
mais uma vez inspirou doutor Amado a criar mais uma música para nossa UPI!.
Tambor da Vida
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O tum-tum do tambor da vida
K. e a Superação do Doutor
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(Clown), a essência da criança é a possibilidade do brincar e sua função é
resgatar essa energia.
Por trás dos Clowns está um ator que é tocado pela dor de seu paciente, por
sua aparência forte (ele não possuía os dois glóbulos oculares), mas esse
doutor é trabalhado para esse enfrentamento em sua supervisão, ele também é
cuidado.
Doutor Sushi
É o que diz a canção primeira da UPI! É o convite lançado por seus doutores,
diante de uma sociedade marcada pela negação da morte, que não reconhece
o prazer como fonte de saúde, que vive sob o signo da poderosa medicina
tecnológica, na qual qualquer ruído é atacado de forma que a ordem seja
estabelecida.
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Eles nos ensinam que o caos existente no interior de nossos sentimentos, que
o enfrentamento da morte, da dor e do delírio prazeroso, além de não nos
destruir, é a trilha possível para perceber a realidade. Um conhecer que junta
as três filhas do caos — arte, filosofia e ciência.
Penso que esse caminho só pode ser trilhado se o nosso pensamento praticar
o abraço, como nos seduz Almeida (1998). Saber praticar o abraço é promover
a dialógica entre a universalidade e a singularidade, é exercitar uma estrutura
mental aberta ao acolhimento e à hospitalidade, mas também às ruínas e à
desordem.
Será que podemos pensar em uma medicina com paixão, capaz de acolher,
como a um pássaro, o sofrimento do doente? Esta pergunta me desassossega.
Aquele paciente de HIV positivo faleceu grávido de um abraço de seu médico;
enquanto o personagem Johnny sentiu sua alma abraçada nos gestos
silenciosos da enfermeira.
―Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de
fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.‖
Clarice Lispector
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Referências Bibliográficas
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MASUR, J. O frio pode ser quente? 16. ed. São Paulo: Ática, 1999.
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O bom humor evita doenças. Revista VEJA, Edição 1.708. Editora Abril, ano
34, n 27, 11 de julho de 2001 (98-101).
Página 185
WINNCOTT, D. W. 0 brincar e a realidade. Tradução de José Octávio de
Aguiar Abreu e Vane de Nobre. Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda., 1975.
Textos selecionados: da pediatria à psicanálise. Tradução de Jane Russo.
4.ed. São Paulo: Francisco Alves, 1993.
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THOMSON
PSICOLOGIA DA SAÚDE
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A ÉTICA NA SAÚDE
assim, um grande avanço nos estudos que visam a uma melhor compreensão
do fenômeno da depressão. Trata-se de mais um lançamento da Editora
Pioneira Thomson Learnmg que se coloca, outra vez, na vanguarda das
discussões contemporâneas envolvendo temáticas tão presentes na condição
humana. Essa obra certamente é indispensável a todos que se debruçam para
um melhor entendimento da depressão e de suas sequelas na vida humana.